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Como Um Feixe de Juncos

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Como Um Feixe de Juncos

Como a União e a Responsabilidade Mútua

São a Necessidade do Momento

Laitman Kabbalah

Publishers

Michael Laitman, PhD

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Como Um Feixe de Juncos

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Como um Feixe de Juncos

Como a União e a Responsabilidade Mútua

São a Necessidade do Momento

Copyright © 2013 por Michael Laitman

Todos os Direitos Reservados

Publicado por Laitman Kabbalah Publishers

1057 Steeles Avenue West, Suite 532, Toronto, ON, M2R 3X1, Canada

2009 85th Street #51, Brooklyn, New York, 11214, USA

Impresso no Canadá

Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida por qualquer meio sem a permissão por

escrito da editora exceto no caso de citações breves em resenhas ou críticas de livros.

ISBN: 978-1-897448-82-3

Pesquisa: Norma Livne, Masha Shayovich, Sarin David, David Melnitchuk,

Christiane Reinstrom, Kristian Dawson, Dr. David Martino, Ciro Grossi

Tradução para o português: Bnei Baruch Portugal

Revisão: Bnei Baruch Brasil

Editor Executivo: Chaim Ratz

Pós Produção: Uri Laitman

Primeira Edição: JANEIRO 2014

Primeira Impressão

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Índice PREFÁCIO .............................................................................................................................. 5

........................................................................................................................ 9

CAPÍTULO 1 Uma Nação Nasce ........................................................................................... 14

CAPITULO 2 Quero, Logo Sou .............................................................................................. 21

CAPÍTULO 3 Correções através das Eras ............................................................................... 26

CAPÍTULO 4 Uma Nação numa Missão ................................................................................. 35

CAPÍTULO 5 Exilados ........................................................................................................... 43

CAPÍTULO 6 Dispensáveis .................................................................................................... 49

CAPÍTULO 7 Sinos Misturados .............................................................................................. 59

CAPITULO 8 Juntos Para Sempre .......................................................................................... 72

CAPÍTULO 9 Pluralmente Falando ......................................................................................... 78

CAPÍTULO 10 Viver num Mundo Integrado........................................................................... 89

POSFÁCIO ......................................................................................................................... 105

Notas .................................................................................................................................... 107

O Autor e Sua Obra............................................................................................................... 115

Informações para Contato ..................................................................................................... 119

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Como eu vim a escrever este livro

Nasci em Agosto de 1946 na cidade de Vitebsk, Bielorrússia. Era o segundo verão depois

do fim da Segunda Guerra Mundial, minha vida era preguiçosa, lentamente mancando

para trás em direção à afável monotonia da normalidade. Sendo o filho primogénito de

um pai dentista e uma mãe ginecologista, tive uma infância despreocupada,

convenientemente crescendo num bairro suburbano, não tendo preocupações materiais

que a maioria dos meus amigos de infância tinha.

E todavia, uma sombra me perseguia pela minha infância e até durante a minha

adolescência: o espectro do Holocausto, esse fantasma que muitos nunca escolhem

mencionar, embora esteja sempre lá. Nomes de familiares ou amigos que pereceram

foram mencionados num tom sombrio lhes dando uma presença estranha, como se ainda

estivessem conosco, embora soubesse que nunca estiveram.

E mais estranha ainda era o asco dos meus colegas Russos dos Judeus. Crianças com as

quais cresci odiavam Judeus simplesmente porque eram Judeus. Elas sabiam o que tinha

acontecido aos seus vizinhos Judeus há apenas um ano atrás, mas eram tão sarcásticas e

insensíveis como antes da guerra, o que me foi contado pelos mais idosos. Isto, eu não

conseguia entender. Porque eram eles tão odiados? Que mal imperdoável os Judeus

fizeram? E de onde tinham eles aprendido essas histórias de horror sobre as coisas que os

Judeus podiam fazer?

Como seria de esperar do filho de pais em profissões de medicina, eu, também, assumi a

profissão médica como minha carreira "de escolha." Estudei bio-cibernética, uma ciência

que explora os sistemas do corpo humano, e tornei-me um cientista, um investigador no

Instituto de Pesquisa do Sangue de São Petersburgo. E enquanto fantasiava comigo

mesmo radiando orgulho sobre o púlpito em Estocolmo na Suécia, vencedor de um

Prémio Nobel, uma paixão profunda que já nutria e que vinha à superfície da minha

consciência. "Eu quero compreender o sistema," comecei a pensar, "saber como tudo

funciona." Mas mais que tudo, comecei a ponderar porque tudo era da maneira que era.

Enquanto cientista de coração, comecei a pesquisar respostas cientificas que pudessem

explicar tudo, não só como calcular a massa de um objeto ou a aceleração de sua queda,

mas o que causava esse objeto a existir em primeiro lugar. E dado que não consegui achar

uma resposta na ciência, decidi avançar. Depois de ser um refusenik (Judeus soviéticos a

quem era negada permissão para emigrar para o estrangeiro) durante dois anos, finalmente

obtive a minha licença e parti para Israel em 1974.

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Em Israel, continuei a procurar o sentido e a razão por trás de tudo. Dois anos depois de

ter chegado a Israel, comecei a estudar Cabalá. Mas não foi até Fevereiro de 1979 que

encontrei o meu professor, o Rabash, o filho primogénito e sucessor do Rav Yehuda Leib

HaLevi Ashlag, conhecido como Baal HaSulam (Dono da Escada) pelo seu

comentário Sulam (Escada) sobre O Livro do Zohar.

Finalmente, minhas orações foram respondidas! Cada dia, cada hora, novas revelações

despertavam em mim. As peças do quebra cabeça da realidade caíram em seu lugar uma

de cada vez e uma imagem coerente do mundo começou a se formar perante mim, como

se o nevoeiro em si mesmo estivesse se formando diante de meus olhos atônitos.

Minha vida havia sido transformada e eu submergia a mim mesmo nos estudos e em

assistir o Rabash da maneira que conseguia. Era sortudo o suficiente para ser capaz de

suportar a minha família com apenas algumas horas de trabalho todos os dias e dedicava

o resto do meu tempo a absorver a sabedoria tanto e quão profundamente podia. Para

mim, vivia numa realidade de sonho. Tive uma maravilhosa família, vivia num país onde

me sentia realmente livre, tinha uma boa vida com facilidade e tinha encontrado as

respostas às minhas perguntas vitalícias.

Uma dessas perguntas persistentes era aquela sobre o ódio aos Judeus. Na Cabalá,

descobri porque acontece, porque é tão persistente e mais importante, o que deve ser feito

para o curar. Certamente, antissemitismo é uma ferida no coração da humanidade, um eco

de uma dor não curada que o mundo carrega há praticamente 4000 anos, desde Abraão,

nosso Patriarca, ter deixado a Babilônia.

A Cabalá ensinou-me que Abraão tinha proposto ao seu povo se unir e ser uma vez mais

de "uma língua e uma fala" (Génesis 11:1), e que Rei Nimrod, governante da Babilônia

nessa altura, tinha proibido Abraão de circular a sua ideia. Gradualmente, vi que o que o

mundo agora precisa é dessa mesma união, essa camaradagem e responsabilidade mútua

que Abraão havia desenvolvido com seu grupo e descendência e que Rei Nimrod o tinha

impedido de doar aos seus irmãos e irmãs Babilônios.

Em uma aula matinal, meu professor, o Rabash, ensinou-me a "Introdução ao Livro do

Zohar," de Baal HaSulam. No final dele, Baal HaSulam escreveu que a menos que os

Judeus doassem ao mundo o conhecimento e orientação para a união, as nações do mundo

desprezariam os Judeus, os humilhariam, os expulsariam para fora da terra de Israel e os

atormentariam onde quer que estivessem. Havia lido esse ensaio insondável

anteriormente, mas nessa manhã teve um impacto mais profundo em mim. Senti outra

fase no meu desenvolvimento a emergir por dentro.

Mais tarde nesse dia, fomos até Kfar Sába, uma pequena cidade perto de Telavive, a um

Kolel (seminário judaico) com o nome do meu estimado mentor. Na cave, o Rabash

mostrou-me uma caixa de cartão de tamanho médio cheia até à borda de pequenos

pedaços de papel. Ele perguntou-me se o levaria para o carro e o traria para a sua casa.

Coloquei a caixa na mala do carro e no caminho de volta perguntei-lhe o que eram esses

papeis na caixa. Sem a menor cerimónia ele murmurou, "Alguns velhos manuscritos de

Baal HaSulam." Eu olhei para ele, mas ele olhou diretamente para a estrada à frente e

manteve-se silencioso todo o caminho de volta.

Nessa noite, as luzes estavam acesas na cozinha de Baruch Ashlag toda a noite. Fiquei lá

e li meticulosamente cada pedaço de papel até que descobri um que não me deixaria

procurar mais. Era a peça do quebra cabeça que procurava sem sequer o saber. Era o

capeamento, o primeiro passo na marcha que estava prestes a tomar doravante.

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O papel que tinha encontrado, que é agora parte de "Os Escritos da Última Geração" de

Baal HaSulam," contava um conto de agonia e sede, amor e amizade, libertação e

compromisso. Aqui estão as palavras que descobri: "Há uma alegoria sobre amigos que

estavam perdidos no deserto, esfomeados e sedentos. Um deles havia encontrado um

acampamento abundantemente cheio de cada delicia. Ele lembrou-se dos seus pobres

irmãos, mas ele já se havia afastado deles e não sabia onde estavam. ...Ele começou a

gritar alto e a soprar o chifre, talvez seus pobres, amigos esfomeados escutassem sua voz,

se aproximassem e viessem a esse acampamento abundantemente cheio de cada delícia.

"Assim é a questão perante nós: nós nos perdemos no terrível deserto juntamente com

toda a humanidade e agora encontramos um grande e abundante tesouro, nomeadamente

os livros da Cabalá. Eles preenchem nossas ansiosas almas e nos preenchem

abundantemente com exuberância e acordo.

"Somos saciados e há mais, mas a memória dos nossos amigos deixados

desesperadamente no terrível deserto permanece fundo dentro dos nossos corações. A

distância é grande e palavras não conseguem abrir caminho entre nós. Por esta razão,

temos de montar esta trombeta para soprar com força para que nossos irmãos possam

escutar e se aproximar e serem tão felizes como nós.

"Saibam, nossos irmãos, nossa carne, que a essência da sabedoria da Cabalá consiste de

conhecimento de como o mundo desceu do seu lugar elevado e celestial ao nosso estado

ignóbil. ...É desta forma muito fácil descobrir na sabedoria da Cabalá todas as correções

futuras destinadas a vir dos mundos perfeitos que nos precedem. Através dela saberemos

como corrigir nossas maneiras doravante.

". . .Imaginem, por exemplo, que certo livro histórico fosse descoberto hoje, que descreve

as últimas gerações milhares de anos a frente, descrevendo o comportamento tanto dos

indivíduos como sociedade. Nossos líderes procurariam cada conselho para organizar a

vida aqui correspondentemente, e nós não chegaríamos às manifestações nas praças.

Corrupção e o terrível sofrimento cessariam e tudo chegaria pacificamente ao seu lugar.

“Agora, distintos leitores, este livro encontra-se aqui diante de vocês, em um armário.

Ele afirma explicitamente a inteira sabedoria do estadismo e as condutas da vida privada

e pública que virão a existir no fim dos dias. Eles são os livros da Cabalá, onde os mundos

corrigidos estão dispostos. Abram estes livros e encontrarão todos os bons

comportamentos que virão a aparecer no fim dos dias e encontrarão dentro deles as boas

lições pelas quais ordenar as questões mundanas hoje também.

“...Não consigo mais me conter. Resolvi divulgar as condutas da correção do nosso futuro

definitivo que descobri pela observação e pela leitura nestes livros. Decidi sair ao povo

do mundo com esta trombeta e acredito e estimo que ela será suficiente para reunir todos

aqueles que merecem começar a estudar e a mergulhar nos livros. Assim eles se

sentenciarão a si mesmos e ao mundo inteiro a uma escala de mérito. ”1

Cerca de um ano depois de descobrir estes artigos, publiquei os meus primeiros três livros

com a orientação e apoio do meu professor. Tenho publicado livros desde então e circulei

a Cabalá por numerosos outros meios, também.

A realidade de hoje é muito dura, e as pessoas frequentemente não têm paciência ou

desejo de mergulhar em livros, como Baal HaSulam imaginara. Mas a essência da

sabedoria, o amor, e a união que são as fundações da realidade e que a Cabalá instiga nos

seus praticantes, permanecem tão verdadeiras como sempre foram.

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Além do mais, desde o virar do século, o antissemitismo tem aumentado uma vez mais,

desta vez por todo o mundo. O espectro e o ódio aos Judeus enraizaram-se mundialmente.

Se espalhando furtiva e venenosamente, ele ameaça infestar nações inteiras com fobia de

judeus e repetir os horrores do passado.

Mas agora sabemos qual é a cura. Cada vez que os Judeus se unem, a serpente esconde

a sua cabeça. O espírito de camaradagem e responsabilidade mútua que sempre foram a

nossa "arma," nosso escudo contra a adversidade. Agora devemos reunir esse espírito,

nos vestirmos com ele e deixar que o seu calor curativo nos rodeie. E assim que o

tenhamos feito, devemos partilhar esse espírito com o resto do mundo, pois esta é a nossa

vocação, a essência do nosso ser "uma luz para as nações."

E assim, porque todos precisamos de respostas para as nossas perguntas mais profundas,

porque bem fundo todos os Judeus querem saber a cura para o antissemitismo e porque é

o legado do meu professor e de seu pai e grande professor. Decidi detalhar o que significa

ser um Judeu, o que significa ser comprometido e o que significa partilhar. Mas acima de

tudo, eles me ensinaram o que significa amar o Criador.

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“Se uma pessoa pegasse num feixe de juncos, ela não os conseguiria quebrar todos de

uma vez. Mas se pegasse um de cada vez, até uma criança os quebraria. Assim também,

Israel não será redimida até que todos sejam um feixe."

Durante a história do povo Judeu, união e garantia mútua (conhecida como

responsabilidade mútua) têm sido os emblemas de nossa nação. Inumeráveis sábios e

líderes espirituais escreveram sobre o significado destas duas marcas registradas, as

hasteando como o coração e alma da nossa nação, e declarando que salvação e redenção

podem chegar somente quando houver união em Israel.

Na realidade, o conceito de união tem sido tão proeminente que excedeu o da devoção ao

Criador e a observação dos mandamentos. Um número considerável de líderes espirituais

Judeus e escrituras sagradas durante as gerações sublinham a importância da união acima

de tudo. Masechet Dérech Eretz Zuta, escrito aproximadamente na mesma época do

Talmude, é uma das numerosas declarações escritas nesse espírito: "Mesmo quando Israel

adora ídolos e há paz entre o povo, o Senhor diz, 'Eu não tenho desejo de lhes fazer mal.'

...’Mas se eles são contestados, o que se diz sobre eles? 'Seu coração está dividido, agora

eles carregarão sua culpa’." 2

Depois da ruína do Segundo Templo, a proeminência da união e amor fraterno alcançaram

um pico. O Talmude Babilônico, entre muitas outras fontes, ensina-nos que a razão pela

qual o Segundo Templo foi arruinado foi ódio sem fundamento e a divisão dentro de

Israel. As fontes até declaram que ódio sem fundamento é tão prejudicial, que ele equivale

ao impacto dos três grandes males que causaram a ruína do Primeiro Templo, todos

juntos: idolatria, incesto e derramamento de sangue. Masechet Yomá ensina-nos essa lição

muito claramente: "O Segundo Templo... porque foi ele arruinado? Foi porque havia ódio

sem fundamento nele, ensinando-vos que ódio sem fundamento é igual a todas as três

transgressões, idolatria, incesto e derramamento de sangue, combinadas." 3

Evidentemente, união, fraternidade, e responsabilidade mútua não estão somente no ADN

da nossa nação, elas são a substância da linha da vida que nos poupou de aflições quando

as tivemos, e permitiu que aflições se revelassem quando não as tínhamos. Nestes tempos

difíceis de benefício próprio e narcisismo, precisamos de união mais que nunca, todavia

ela parece mais inacessível que em qualquer outro tempo na história.

Há cerca de quatrocentos séculos atrás, no sopé do Monte Sinai, nos encontramos como

um homem com um coração, e ao fazer isso nos tornamos uma nação. Deste então, a

união nos sustentou através da chuva e sol, como o reconhecido orador e escritor, Rabi

Kalonymus Kalman Halevi Epstein, descreve em sua aclamada composição, Maor va

Shemesh (Luz e Sol): “Embora a geração de Ahab fossem idolatras, eles se envolveram

em guerra e venceram porque havia união entre eles. É ainda mais quando há união em

Israel e eles se envolvem na Torá pelo Seu bem ... Com isso, eles subjugam todos aqueles

que estão contra eles, e a tudo o que eles dizem com suas bocas, o Senhor concede seus

desejos”. 4

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Seguindo Moisés, chegamos a Canaã, a conquistamos, e a tornamos A Terra de Israel,

então fomos exilados uma vez mais, desta vez para Babel. E assim que Mordecai nos uniu

em Babel, regressamos, embora com praticamente duas das doze tribos originais, e

estabelecemos o Segundo Templo. Enquanto mantivemos nossa união, também

mantivemos nossa soberania e o Templo. Mas assim que renunciamos ao amor fraterno,

fomos esmagados pelo inimigo e fomos exilados nos séculos que se seguiram.

Todavia, divisão e ódio sem fundamento, que causaram a ruína do Segundo Templo e o

exílio da nação da sua terra, não aprisionaram nosso desenvolvimento enquanto em exílio.

Através de muito dos últimos dois milénios e pouco, mantivemo-nos para nós mesmos,

mantendo relativa separação da vida cultural das nações nas quais residíamos.

Mas desde o Iluminismo, gradualmente adotamos uma cultura que hasteia distinção

pessoal e realização individual, e tolera a exploração dos fracos e necessitados. Nas

últimas várias décadas, sobressaímos tanto na cultura do interesse pessoal e do benefício

pessoal que nos tornamos o oposto completo da comunidade preocupada e humana que

nutríamos no começo de nossa nação.

No mundo de hoje, o tom e atmosfera predominantes são os do benefício pessoal e

egoísmo até ao ponto do narcisismo. No seu livro perspicaz, A Epidemia do Narcisismo:

Viver na Era do Benefício Pessoal, os psicólogos Jean M. Twenge e Keith Campbell

descrevem ao que se referem como “O crescimento incansável do narcisismo na nossa

cultura”, 5 e os problemas que causa.

Eles explicam que "Os Estados Unidos presentemente sofrem de uma epidemia de

narcisismo. …traços de personalidade narcisista aumentaram tão rápido como a

obesidade”.

Pior ainda, eles continuam, "O aumento no narcisismo está acelerando, com resultados

crescendo mais rápido nos anos 2000 que nas décadas anteriores. Em 2006, um de quatro

estudantes de liceu concordavam com a maioria dos itens numa medida padronizada de

traços narcisistas”. 6

E a maioria de nós Judeus, progenitores do princípio, "Ama teu próximo como a ti

mesmo," não só nos sentamos e vemos enquanto o egoísmo celebra, mas também nos

juntamos à festa, muitos de nós até liderando o grupo, tomando os espólios onde quer que

possamos. Abraçamos a máxima, "Quando em Roma, faça como os Romanos," com

entusiasmo espetacular, e ao fazer assim, muitos nomes Judeus se tornaram sinônimos de

riqueza e poder. Não há dúvida que não perseguimos riqueza e poder para apresentar

nossa herança como superior a dos outros. Contudo, quando os Judeus ganham

notoriedade pelas mencionadas duas distinções, eles são notados não só pelos seus

ganhos, mas também por sua herança.

Por muito injusto que possa parecer, Judeus e o estado Judeu não são vistos da mesma

maneira que são os outros países e nações. Eles são tratados como especiais, tanto positiva

como negativamente.

Mas há uma boa razão porque isto assim é. Quando Abraão descobriu a força singular

que conduz o mundo, aquele a que nos referimos como "o Criador," "Deus," "HaShem,

HaVaYaH (Yod-Hey-Vav-Hey, o “Senhor”), ele desejou contar ao mundo inteiro sobre

isso. Enquanto babilônio e de elevado estatuto social e espiritual, filho de um fazedor de

ídolos e estátuas, ele estava numa posição para ser escutado. Foi somente quando o Rei

Nimrod o tentou matar e mais tarde o expulsou da Babilônia que ele foi para outro lugar,

eventualmente chegando a Canaã.

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Todavia, Rav Moshé Ben Maimon (Maimônides) descreve a toda a hora a maneira como

ele continuava à procura de almas gémeas com quem partilhar sua descoberta: “Ele

começou a clamar ao mundo inteiro, para alertar que há um Deus para o mundo inteiro...

Ele clamava, vagando de cidade em cidade e de reino em reino, até que ele chegou à terra

de Canaã… E uma vez que eles [pessoas nos lugares onde ele vagava] se reuniam ao seu

redor e lhe perguntavam sobre suas palavras, ele ensinou todos…até que ele os trouxe de

volta ao caminho da verdade. Finalmente, milhares e dezenas de milhares se reuniram ao

seu redor, e eles são o povo de 'a casa de Abraão.' Ele plantou seu princípio nos seus

corações, compôs livros sobre isso, e ensinou seu filho, Isaac. E Isaac se sentou, e ensinou,

alertou, e informou Jacob, e o nomeou professor, para sentar e ensinar... E Jacob o

Patriarca ensinou todos seus filhos, e separou Levi e o nomeou a cabeça, e o fez sentar e

aprender o caminho de Deus”…7

De Jacob em diante, narra a reconhecida composição, O Kozari, “Divindade é revelada

numa assembleia, e desde então é a contagem pela qual contamos os anos dos

antepassados, de acordo com o que foi dado na lei de Moisés [Torá], e sabemos o que se

desdobrou desde Moisés até este dia”. 8

Assim, a união se tornou uma condição para alcançar a percepção de Deus, ou o Criador,

como os Cabalistas frequentemente se referem a Ele (por razões que não descreveremos

aqui, pois isso está além da amplitude deste livro). Sem união, a realização era

simplesmente impossível. Aqueles que foram capazes de se unir, se tornaram o povo de

Israel e alcançaram o Criador, a força singular que cria, governa, e conduz o todo da

realidade. Aqueles que não foram capazes de fazê-lo permaneceram sem essa percepção,

todavia com uma sensação de que os Israelitas sabiam algo que eles não, e tinham algo

que lhes pertencia, também, mas que eles não podiam ter.

Esta é a raiz do ódio a Israel, que mais tarde se tornou antissemitismo. É uma sensação

de que os Judeus têm algo que não estão compartilham com o mundo, mas que têm que

compartilhar.

Certamente, os Judeus devem partilhá-lo com o mundo. Tal como Abraão tentou partilhar

sua descoberta com todos os seus semelhantes babilônios, os Judeus, seus descendentes,

devem fazer o mesmo. Este é o significado de ser "Uma luz para as nações”.

Esta é a obrigação para a qual o grande Rav Kook, o primeiro Rabino Chefe de Israel se

referiu no seu estilo eloquente e poético quando escreveu, “O movimento genuíno da

alma Israelita na sua grandiosidade é expresso somente pela sua força sagrada e eterna,

que flui de dentro de seu espírito. Foi isso que a fez, a faz, e a fará ainda uma nação que

se encontra como uma luz para as nações, como redenção e salvação para o mundo inteiro

para seu próprio propósito especifico, e pelos propósitos globais, que estão interligados.

”9

Este compromisso também é ao que Rav Yehuda Leib Arie Altar se referiu com suas

palavras, “Os filhos de Israel são fiadores no sentido que eles receberam a Torá em prol

de corrigir o mundo inteiro, as nações, também”. 10

E o que é que estamos obrigados a transmitir as nações exatamente? É a união, que um

descobre a força única, singular e criadora da vida, o Senhor, ou Deus.

Nas palavras de Rabi Shmuel Bornstein, autor de Shem MiShmuel [Um Nome A Partir de

Samuel], “A meta da Criação foi para que todos fossem uma associação ... Mas devido ao

pecado, a matéria tornou-se tão estragada que até os melhores nessas gerações foram

incapazes de se unirem juntos para servir o Senhor, mas foram somente uns poucos. ”11

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Por esta razão, continua Rabi Bornstein, somente aqueles que se podiam unir o fizeram,

enquanto o resto os abandonou até que fossem capazes de se juntar à união. Nas suas

palavras, “A correção começou ao fazer uma reunião e associação de pessoas para servir

o Criador, começando com Abraão o Patriarca e seus descendentes, para que eles fossem

uma comunidade consolidada pela obra de Deus. Sua ideia [do Criador] em separar os

povos foi que primeiro Ele causou separação na raça humana, no tempo da Babilônia, e

todos os malfeitores foram dispersados. ...Subsequentemente começou a reunião em prol

de servir do Criador, à medida que Abraão o Patriarca foi e clamou pelo nome do Senhor

até que uma grande comunidade se reuniu na sua direção, que havia sido chamada 'o povo

da casa de Abraão.' A matéria continuou a crescer até que se tornou a assembleia da

congregação de Israel ... e o fim da correção será no futuro, quando todos se tornem uma

associação em prol de fazer Vossa vontade com todo o coração. ”12

Considerando as presentes circunstâncias globais, parece urgente que todos saibam sobre

o conceito de união como um meio para alcançar o Criador. Assim que todos nós

saibamos e aceitemos esse princípio, paz e fraternidade naturalmente prevalecerão.

Na realidade, de acordo com o reconhecido Cabalista, Rav Yehuda Ashlag, conhecido

como Baal HaSulam [Dono da Escada] pelo seu comentário Sulam [Escada] sobre O

Livro do Zohar, a necessidade de conhecer o Criador tem sido urgente há praticamente

um século até agora. Em "Paz no Mundo," um ensaio que data do princípio dos anos 30,

Baal HaSulam explica que porque somos todos interdependentes, devemos aplicar as leis

de responsabilidade mútua ao mundo inteiro. Enquanto o termo, "globalização," não era

ubíquo em tratados do seu tempo, suas palavras claramente ilustram sua necessidade

urgente de tornar o mundo uma única unidade solidificada.

Aqui está a descrição de globalização e interdependência de Baal HaSulam: “Não fique

surpreso se eu misturar juntos o bem-estar de um coletivo particular com o bem-estar do

mundo inteiro, porque certamente, já chegamos a tal grau que o mundo inteiro é

considerado um coletivo e uma sociedade. Isto é, porque cada pessoa no mundo extrai

sua essência e vivacidade da vida de todas as pessoas no mundo, um é coagido a servir e

cuidar do bem-estar do mundo inteiro.

“...Desta forma, a possibilidade de levar condutas boas, felizes e pacificas num país é

inconcebível quando não é assim em todos os países no mundo, e vice-versa. No nosso

tempo, os países estão todos ligados na satisfação de suas necessidades da vida, como os

indivíduos estavam nas suas famílias em tempos anteriores. Desta forma, não podemos

mais falar ou lidar somente com condutas que garantam o bem-estar de um país ou uma

nação, mas somente com o bem-estar do mundo inteiro porque o benefício ou dano de

toda e cada pessoa no mundo depende e é medido pelo benefício de todas as pessoas no

mundo. ”13

Contudo, para o mundo alcançar essa união, essa garantia mútua, ele precisa de um

modelo exemplar, um grupo ou coletividade que possa implementar a união, alcançar o

Criador, e através de exemplo pessoal, pavimentar o caminho para o resto da humanidade.

Porque nós Judeus já estivemos nesse ponto, e o mundo sente isso subconscientemente,

é nosso dever reacender esse amor fraterno entre nós, alcançar essa força singular, e

passar ambos o método de união e a realização do Criador ao resto do mundo. Este é o

papel dos Judeus: trazer a luz do Criador para o mundo, ser uma luz para as nações.

Em “O Amor a Deus e o Amor ao Homem”, Baal HaSulam descreve claramente esse

modus operandi: “A nação Israelita já foi estabelecida como uma transição. À mesma

medida que os próprios Israel são purificados ao manter a Torá [a lei (de união), que

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dissemos na introdução ser uma condição prévia para a realização do Criador], eles

transmitem seu poder ao resto das nações. E quando o resto das nações também

sentenciam a si mesmas a uma escala de mérito [se unem e alcançam o Criador], o

Messias [a força que nos puxa para fora do egoísmo] será revelado. ”14

Rav Yehuda Altar similarmente descreve o papel dos Judeus em respeito ao resto das

nações: “Pareceria que os filhos de Israel, os recipientes da Torá, são os mutuários e não

os fiadores, exceto que os filhos de Israel se tornaram responsáveis pela correção do

mundo inteiro através do poder da Torá. É por isso que lhes foi dito, ‘E vós sereis para

Mim um reino de sacerdotes e uma nação sagrada’. ...E foi a isso que eles responderam,

‘Isso que o Senhor disse, nós faremos’, corrigir o todo da Criação. ...Na verdade, tudo

depende dos filhos de Israel. Tanto quanto eles se corrigem a si mesmos, todas as criações

os seguem. Como os estudantes seguem o Rav [professor] que corrige a si mesmo ... em

semelhança, o todo da Criação segue os filhos de Israel. ”15

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CAPÍTULO 1

Uma Nação Nasce O Nascimento do Povo de Israel

Antes de mergulharmos no significado e posição do povo de Israel no mundo, precisamos

olhar para a razão pela qual a nação Israelita se formou, e como essa formação se revelou.

Vamos, por um momento, viajar praticamente seis mil milhas para o leste, e praticamente

quatro mil anos no passado, para a antiga Mesopotâmia, o coração do Crescente Fértil, o

berço da civilização. Situada dentro de um vasto e exuberante trecho de terra entre os rios

Tigre e Eufrates, no que hoje é o Iraque, a cidade-estado Babilônia representava-se

anfitriã para uma civilização florescente. Explodindo com vida e ação, ela era o centro de

comércio do mundo antigo.

Babilônia, o coração dessa civilização dinâmica, era uma panela de pressão, um substrato

ideal sobre o qual uma miríade de sistemas de crença e ensinamentos cresceram e

floresceram. Os Babilônios praticavam muitos tipos de idolatria. O Sefer HaYashar [O

Livro do Justo] descreve a vida dos Babilônios nessa altura, e como eles adoravam:

“Todas as pessoas da terra fizeram, cada uma, seu próprio deus nesses dias, deuses de

madeira e pedra. Eles os adoravam, e se tornaram deuses para eles. Nesses dias, o rei e

todos seus servos, e Terah [pai de Abraão] e seu inteiro agregado, foram os primeiros

entre os adoradores de madeira e pedra. ... [Terah] os adoraria e se dobraria a eles, e assim

fez o todo dessa geração. Todavia, eles haviam abandonado o Senhor, que os havia criado,

e não havia um único homem em toda a terra que conhecesse o Senhor”... 16

Ainda assim, o filho de Terah, Abraão, que então ainda era chamado pelo nome de Abrão,

possuía uma certa qualidade que fazia dele único: ele era invulgarmente perceptivo, com

um zelo cientifico pela verdade. Abraão era também uma pessoa preocupada, que reparou

que o povo da sua cidade estava tornando-se crescentemente infeliz. Quando ele refletiu

sobre isso, descobriu que a causa da sua infelicidade era o crescente egoísmo e alienação

que se apoderavam deles. Dentro de um período de tempo relativamente curto, eles

declinaram a união e preocupação mútua, tendo sido “De uma língua e uma fala” (Génesis

11:1), para a vaidade e alienação, dizendo “Vinde, construamos uma cidade, e uma torre,

com seu topo nos céus, e façamos para nós mesmos um nome” (Génesis, 11:4).

Na realidade, eles estavam tão preocupados em construir sua torre de orgulho que se

esqueceram completamente das pessoas que lhes eram em tempos parentes. A

composição, Pirkey de Rabi Eliezer (Capítulos de Rabi Eliezer), um dos Midrashim

(comentários) sobre a Torá (Pentateuco), oferece uma descrição vivida não só da vaidade

dos Babilônios mas também da alienação com a qual eles se consideravam uns aos outros.

O livro escreve, “Nimrod disse a seu povo, ‘Construamos uma grande cidade e moremos

nela, caso contrário ficaremos dispersos pela terra como os primeiros, e construamos uma

grande torre dentro dela, subindo em direção aos céus ... e façamos para nós um grande

nome na terra...’

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15

“Eles a construíram alta ... aqueles que trariam os tijolos a subiam pelo seu lado oriental,

e aqueles que desciam dela, desciam pelo seu lado ocidental. Se uma pessoa caísse e

morresse, eles não se preocupariam com ela. Mas se um tijolo caísse, eles se sentariam e

chorariam e diriam, ‘Quando virá outro em seu lugar’. ”17

A atitude dos conterrâneos de Abraão uns para com os outros o incomodava, e ele iria até

lá e observaria a conduta dos construtores. Pirkey de Rabi Eliezer continua a descrever

suas observações da sua animosidade de uns para os outros: “Abraão, filho de Terah,

passou e os viu construir a cidade e a torre”. Ele tentou falar com eles e lhes contar sobre

o Criador, a força governante da união que ele havia descoberto, para atestar que as coisas

seriam ótimas somente se eles seguissem a lei da união, também. “Mas eles abominaram

suas palavras”, o livro descreve. Em vez disso, “Eles desejaram falar a língua uns dos

outros”, como antes, quando ainda eram de uma língua, “Mas eles não sabiam a língua

uns dos outros. Que fizeram eles? Cada um deles pegou sua espada e lutou com o outro

até à morte. Certamente, metade do mundo morreu ali pela espada. ”18

À luz da grave situação do seu povo, Abraão decidiu espalhar o princípio que ele havia

encontrado, independentemente dos riscos.

Na sua composição, HaYad HaChazakah (A Mão Poderosa), também conhecida como

Mishné Torá (Repetição da Torá), o reconhecido acadêmico do século XII, Maimonides

(o RAMBAM), descreve a determinação de Abraão e esforços para descobrir as verdades

da vida: “Desde que este firme foi desmamado, ele começou a questionar. ...Ele começou

a ponderar dia e noite, e ele questionava-se como era possível que esta roda sempre

rodasse sem um condutor? Quem a roda, pois ela não se pode rodar a si mesma? Ele não

tinha nem professor nem tutor. Em vez disso, ele foi cunhado em Ur dos Caldeus entre os

idolatras iletrados, com sua mãe e pai, e todas as pessoas que adoravam as estrelas, e ele,

adorava com eles. ”19

Na sua busca, Abraão descobriu a união, a unicidade da realidade, essa força singular

criativa que cria, sustenta e conduz toda a realidade para a sua meta. Nas palavras de

Maimonides, “[Abraão] alcançou o caminho da verdade ... com sua sabedoria correta, e

sabia que havia um Deus que conduz… que Ele criou tudo, e que em tudo o que há, não

há outro Deus senão Ele. ”20

Para compreender precisamente o que é que Abraão alcançou, mantenha em mente que

quando os Cabalistas falam de Deus, eles não se referem a um ser todo-poderoso ou a

uma força que você deve adorar, agradar e apaziguar, que em retorno recompensa os

devotos adoradores com saúde, riqueza, longa vida e outros benefícios terrenos. Em vez

disso os Cabalistas identificam Deus com a Natureza, o todo da Natureza.

Rav Yehuda Ashlag, conhecido como Baal HaSulam (Dono da Escada), fez várias

afirmações inequívocas sobre o sentido do termo, “Deus”. Sucintamente, ele explica que

Deus é sinônimo de Natureza. No ensaio, “A Paz”, Baal HaSulam escreve (num excerto

ligeiramente editado), “Para evitar de ter que usar ambas as línguas daqui em diante,

‘Natureza’ e um ‘Supervisor’, entre os quais, como demonstrei, não há qualquer

diferença…é melhor para nós … aceitarmos as palavras dos Cabalistas que HaTeva [A

Natureza] é o mesmo…que Elokim [Deus]. Então, serei capaz de chamar às leis de Deus

‘mandamentos da Natureza’, e vice-versa, pois eles são um e o mesmo, e não precisamos

discutir mais. ” 21

“Aos quarenta anos de idade”, escreve Maimonides, “Abraão veio a conhecer seu

Fazedor”, a lei singular da Natureza, que cria todas as coisas. Mas Abraão não manteve

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sua descoberta para si mesmo: “Ele começou a fornecer respostas ao povo de Ur dos

Caldeus, a conversar com eles e a lhes contar que o caminho sobre o qual eles

caminhavam não era o caminho da verdade. ” 22 Assim, Abraão foi confrontado pelo

estabelecimento, que neste caso era Nimrod, rei de Babel.

O Midrash Rabbá, escrito no século V da E.C., apresenta uma descrição vivida da

confrontação de Abraão com Nimrod, um vislumbre das dificuldades que Abraão sofreu

por sua descoberta e sua dedicação à verdade. Ele também fornece uma divertida visão

no fervor de Abraão. “Terah [Pai de Abraão] era um adorador de ídolos [que ganhava

sua vida fazendo e vendendo estátuas na loja da família]. Uma vez, ele foi a certo lugar e

disse a Abraão que ficasse em seu lugar para ele. Um homem entrou e quis comprar uma

estátua. [Abraão] perguntou-lhe, ‘Quão velho sois vós? ’ E o homem respondeu,

‘Cinquenta ou Sessenta’, Abraão disse-lhe: ‘Ai daquele que tem sessenta e tem de adorar

uma estátua de um dia.’ O homem ficou embaraçado e partiu.

“Outra vez, uma mulher entrou com uma taça de semolina. Ela disse-lhe, ‘Aqui, sacrifica

perante as estátuas’, Abraão levantou-se, pegou no martelo, quebrou todas as estátuas,

então colocou o martelo nas mãos da maior. Quando seu pai regressou, ele perguntou-

lhe, ‘Quem fez isto’? [Abraão] respondeu, ‘Uma mulher entrou. Ela trouxe-lhes uma taça

de semolina e pediu-me que sacrificasse perante elas. Eu sacrifiquei e uma disse, ‘Eu

comerei primeiro’, e a outra disse, ‘Eu comerei primeiro’. A maior levantou-se, pegou o

martelo, e as quebrou’. Seu pai disse, ‘Estás tu a enganar-me? O que sabem elas’? E

Abraão respondeu-lhe, ‘Tuas orelhas escutam o que tua boca diz’? ”23

Nesse ponto, Terah sentiu que não conseguia mais disciplinar seu filho descarado.

“[Terah] levou [Abraão] e entregou-o a Nimrod [o rei, mas também a autoridade espiritual

mais alta da Babilônia]. [Nimrod] disse-lhe, ‘Adora o fogo’. Abraão respondeu, ‘Talvez

deva adorar a água, que extingue o fogo’? Nimrod respondeu, ‘Adora a água’! [Abraão]

disse-lhe: ‘Então talvez deva adorar a nuvem, que transporta a água’? [Nimrod] disse-lhe,

‘Adora a nuvem’!

“[Abraão] disse-lhe: ‘Nesse caso, devo eu adorar o vento que dispersa as nuvens’? Ele

disse-lhe, ‘Adora o vento’! [Abraão] disse-lhe, ‘E devemos nós adorar o homem, que

sofre do vento’? [Nimrod] disse-lhe: ‘Tu falas demasiado, eu adoro somente o fogo. Eu

jogar-te-ei nele, e deixarei que o Deus que adoras te venha salvar dele!

“Harã [irmão de Abraão] lá se encontrava. Ele disse, ‘Se Abraão vencer, eu direi que

concordo com Abraão, e se Nimrod vencer, eu direi que concordo com Nimrod’. Quando

Abraão desceu à fornalha e foi salvo, eles perguntaram [Harã], ‘Com quem estais’? Ele

disse-lhes: ‘Eu estou com Abraão’. Eles o levaram e o jogaram no fogo, e ele morreu na

presença de seu pai. Assim foi dito, ‘E Harã morreu na presença de seu pai Terah’. ”24

Assim Abraão resistiu Nimrod, mas foi expulso da Babilônia e partiu para a terra de Harã

(pronunciada Charan, para distingui-la de Harã, filho de Terah). Mas Abraão não deixou

de circular sua descoberta só porque ele estava exilado da Babilônia. As descrições

elaboradas de Maimônides contam-nos, “Ele começou a clamar ao mundo inteiro, para

os alertar que há um Deus para o mundo todo... Ele clamou, vagueando de cidade em

cidade e de reino em reino, até que chegou à terra de Canaã…

“E uma vez que eles [pessoas nos lugares onde ele vagava] se reuniam ao seu redor e lhe

perguntavam sobre suas palavras, ele ensinava a todos…até que ele os trouxe de volta ao

caminho da verdade. Finalmente, milhares e dezenas de milhares se reuniram ao seu

redor, e eles são o povo da casa de Abraão. Ele colocou seu princípio nos seus corações,

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compôs livros sobre isso, e ensinou seu filho Isaac. E Isaac se sentou e ensinou e alertou,

e informou Jacob, e o nomeou professor, para se sentar e ensinar... E Jacob o Patriarca

ensinou todos os seus filhos. Ele separou Levi e o nomeou a cabeça, e o fez sentar e

aprender o caminho de Deus…”25

Para garantir que a verdade se transportaria pelas gerações, Jacob “ordenou a seus filhos

que não parassem de nomear nomeado após nomeado de entre os filhos de Levi, para que

o conhecimento não fosse esquecido. Isto continuou e se expandiu nos filhos de Jacob e

naqueles que os acompanharam. ”26

ISRAEL—O MAIS PROFUNDO ANSEIO

O resultado surpreendente dos esforços de Abraão foi o nascimento de uma nação que

conhecia as leis mais profundas da vida, a derradeira Teoria de Tudo, ou nas palavras de

Maimônides: “Uma nação que conhece o Senhor foi feita no mundo. ”27

Certamente, Israel não é meramente o nome de um povo. Em Hebraico, a palavra, Ysrael

(Israel), consiste de duas palavras: Yashar (direto), e El (Deus). Assim, Israel designa

uma mentalidade de querer descobrir a lei da vida, um desejo de alcançar ou perceber o

Criador. Nas palavras de Rabi Meir Ben Gabai, “No significado do nome ‘Israel’ há

também Yashar El [direito a Deus]” .28 Em semelhança, no seu Drush [sermão escrito]

a respeito da Oração do Viajante, o grande Ramchal escreveu simplesmente, “Israel—

Yashar El”.

Colocando-o diferentemente, Israel não é uma atribuição genética, mas em vez disso o

nome, ou direção do desejo que conduziu Abraão às suas descobertas. Geneticamente, os

primeiros Israelitas foram Babilônios ou membros de outras nações que se juntaram ao

grupo de Abraão. O significado de seu nome era claro para os antigos Israelitas. Como

Maimônides escreveu, eles tiveram seus professores, os Levitas, e eles foram ensinados

a seguir as leis essenciais da vida.

Hoje, contudo, estamos inconscientes do fato de que "Israel" na realidade se refere ao

desejo de conhecer a lei básica da vida, o Criador, e ele não faz alusão a uma linhagem

genética. Quase 2000 anos de ocultação da verdade desde a ruína do Segundo Templo

praticamente obliteraram a verdade de que a descoberta de Abraão era dirigida para todas

as pessoas no mundo, tal como o próprio Abraão o pretendia para todas as pessoas na

Babilônia, e mais tarde “começou a clamar ao mundo inteiro”, para citar Maimônides.

Com o passar dos anos, somente os Cabalistas mantiveram esta verdade viva. Cabalistas

tais como Elimelech de Lizhensk,29 Shlomo Ephraim Luntschitz,30 Chaim Iben Attar,31

Baruch Ashlag32 e muitos outros escreveram em palavras simples: Ysrael significa

Yashar El (diretamente a Deus).

Além do mais, a necessidade de descobrir esta força é mais pertinente hoje que nunca.

Nada mudou na Natureza desde o tempo de Abraão, e o Criador ainda é a força una que

cria, governa e sustenta a vida.

O que mudou é que hoje precisamos de verdadeiro conhecimento do Criador mais que

nunca. No tempo de Abraão, a humanidade teve numerosos outros caminhos a seguir

além do caminho da verdade de Abraão. Os caminhos sociais de hoje, contudo, estão

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gradualmente a se provar a si mesmos ineficazes em solucionar a nossa moral e coesão

social em declínio.

Certamente, a seu tempo, a cultura Babilônia se dissipou e as pessoas se dispersaram pelo

mundo. Sua alienação e discórdia social, que causaram sua queda, representadas pela

queda da torre, se tornaram discretas e comedidas. As pessoas realojaram-se em novos

lugares, trazendo com elas a cultura e atitude Babilônia, inconscientes de que

transportavam seus costumes de desarmonia entre elas, as sementes de lutas futuras.

Agora que temos uma comunidade global, cada crise é numa escala global. Os erros que

fizermos fazem sua cobrança no mundo inteiro, tornando a descoberta de uma única força

de Abraão informação soberana e salva-vidas que deve ser somada aos nossos cálculos e

planos se desejamos sobreviver.

UNIÃO — E CONSEQUENTEMENTE, IGUALDADE

Hoje, nossa única esperança é nos unirmos, porque a união, como veremos abaixo, é a

direção da força que conduz toda a vida. Nosso desafio, desta forma, é aprender como

nos unirmos. É possível e é plausível, mas num tempo de crises, isso exigirá reconhecer

a força da vida e gerar um esforço mútuo para cooperar e colaborar para que possamos

viver pelas prescrições desta lei.

Deve ser notado, contudo, que união não exige paridade ou semelhança. Em vez disso,

ela exige disparidade, sobre a qual nos unirmos. Hoje, por exemplo, há muitas

denominações dentro da religião Judaica, bem como Judeus não afiliados. União Judaica

significaria que sem mudar nossos costumes, sem convergir para uma única denominação,

nos uniríamos e aprenderíamos a valorizar, e eventualmente nos preocuparmos

verdadeiramente uns pelos outros.

Isso pode parecer impossível, considere uma família com várias crianças. Numa família

normativa, cada criança tem sua personalidade única. Mais frequentemente que o

contrário, essas personalidades colidem, como nossas memórias das nossas brigas de

infância com nossos parentes testemunham. Frequentemente pensamos de nossos irmãos

e irmãs em tais termos como, “Se ele/ela não fosse meu irmão/irmã, nunca estaria perto

dele/dela”. Mas, precisamente esse fato de que estamos juntos com nosso parente muito

diferente prova que quando há amor, podemos unir-nos acima das diferenças.

É precisamente o que precisamos fazer, nos unir acima de nossas diferenças. Desse modo

intensamente sentiremos tanto nossa diversidade, frequentemente qualidades opostas, e a

união que cavalga acima delas. Quando isso acontecer, seremos capazes de usar nossas

diferenças para o melhor, pois cada um de nós contribui perspectivas, ideias e modos de

ação que mais ninguém consegue, assim formando um todo mais forte. Tal como nossos

corpos precisam de diferentes órgãos para nos manter saudáveis, precisamos permanecer

diferentes e nos unir acima das diferenças por uma meta comum de realizar o papel do

povo Judeu, trazer a luz da união às nações.

Seguindo a partida de Abraão da Babilônia, regressando ao nosso tópico anterior, a cidade

continuou a cultivar a despreocupação egocêntrica. E embora não haja nada de errado

com prazer e diversão, quando é absolutamente egocêntrico, eventualmente é

autodestrutivo. O verdadeiro propósito da vida, Abraão descobriu, é nos tornarmos

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semelhantes à força singular da vida, experimentar a unicidade com tudo. Nossos sábios

chamam a essa união e unicidade, Dvekut [adesão], e o que pretendem eles dizer com essa

palavra e que eventualmente devemos adquirir as qualidades do Criador e nos tornarmos

similares, ou até iguais a Ele.

Para citar as palavras de Rabi Meir Ben Gabai, “Sobre a parte da Dvekut [adesão] com as

forças do Grande Nome e Suas qualidades, você apega-se ao Senhor seu Deus, pois Ele

é Seu nome, e Seu nome é Ele, pois você está relacionado e é semelhante a Ele, e Dvekut

com Ele é a verdadeira vida”. 33 Em semelhança, o Sagrado Shlah escreveu em Toldot

Adam [As Gerações do Homem], “Nossos sábios disseram (Sotah 14a), ‘E vós que vos

apegais ao Senhor’, apegai-vos a Suas qualidades, e então ele é chamado Adam [homem],

como em, adamé la Elyon [Eu serei como o mais alto] ”. 34

No século XX, Baal HaSulam elaborou extensamente sobre o termo, Dvekut, o definindo

como “equivalência de forma”, ou seja adquirir a "forma" (qualidades) do Criador.

Na sua “Introdução ao Prefácio à Sabedoria da Cabalá”, ele escreveu, “Assim, [a alma]

será digna de receber toda a abundância e prazer incluídos no Pensamento da Criação, e

também estará em completa Dvekut (adesão) com Ele, em equivalência de forma.35

Em “Introdução ao O Livro do Zohar”, Baal HaSulam acrescenta, “Assim, uma pessoa

compra a completa adesão com Ele, pois adesão espiritual é senão equivalência de forma,

como nossos sábios disseram, ‘Como é possível se apegar a Ele? Em vez disso, apegai -

vos a Suas qualidades’”. 36

Com o tempo, como mencionado acima, o grupo de Abraão tornou-se uma nação, e a

necessidade de um novo método de união surgiu. Os ensinamentos de Abraão

mantiveram-se enquanto todos em Israel podiam ser ensinados. Mas no tempo em que o

povo de Israel saiu do Egito, eles atingiram o número de 600.000 homens e algumas três

milhões de pessoas ao todo. Era impossível ensinar todos eles da mesma maneira que se

aprende de um professor. A solução encontrava-se no sopé do Monte Sinai. Lá, nesse

ponto essencial da história de nosso povo, o princípio mais fundamental da nossa Torá

foi dado, e é dado ainda hoje, cada dia e em cada momento. Esse princípio, como Rabi

Akiva o colocou, é “Ama teu próximo como a ti mesmo”.

No sopé do Monte Sinai, explica o grande acadêmico e intérprete RASHI, recebemos a

Torá, as leis pelas quais nos uniremos, porque lá concordamos com todo o coração assim

fazer. Nas suas palavras, “‘E Israel acampou lá’, como um homem com um coração”. 37

Desse momento em diante, união tem sido o principal bem do povo Judeu, o meio pelo

qual alcançamos o Criador, adquirimos Suas qualidades, e obtemos Dvekut, equivalência

de forma (qualidades) com Ele.

O Midrash Tanah De Bei Eliyahu escreve, “O Senhor disse para eles, para Israel: ‘Meus

filhos, careci Eu de algo que vos deva pedir? E que vos posso pedir? Somente que vos

amais uns aos outros, vos respeitais uns aos outros, e vos temais uns aos outros, e não

haverá transgressão, roubo, e feiura entre vós”. ”38

Com o tempo, união tornou-se tão crucial que substituiu qualquer outro mandamento em

termos de sua importância. Ela tornou-se a una e única chave para a redenção espiritual

de Israel e salvação de seus inimigos. O Midrash Tanhumá escreve, “Se uma pessoa pegar

num feixe de juncos, ela não os consegue quebrar a todos. Mas se ela pegar um de cada

vez, até uma criança os quebra. Similarmente, Israel não serão redimidos até que eles

sejam todos um feixe. ”39

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No mesmo espírito, Masechet Derech Eretz Zutá escreve, “Assim Rabi Eleazar ha-

Kappar diria, ‘Amai a paz, e desprezai a divisão. Grande é a paz, pois até quando Israel

pratica idolatria, e há paz entre eles, o Criador diz, ‘Eu não lhes desejo tocar [magoar] ’,

como está escrito (Hosea, 4:17), ‘Efraim está junto aos ídolos, deixai-o sozinho’. Se há

divisão entre eles, o que se diz sobre eles (Hos, 10:2)? ‘Seu coração está dividido, agora

eles carregarão sua culpa’. ’”40

E todavia, por tudo o que acaba de ser dito sobre a importância da união, quando olhamos

ao nosso redor é evidente que a maioria das pessoas nem se deseja unir, nem encontra

qualquer benefício na união, certamente não com seus próximos, como o princípio dita.

Para compreender como tal princípio se tornou tão supremo para a existência de nosso

povo, e agora para o mundo inteiro, precisamos de examinar a evolução da realidade de

um ponto de vista diferente do que aquele que a ciência frequentemente toma. Precisamos

olhar para a realidade como uma evolução de desejos. Quando vemos a realidade como

tal, a razão por trás da proeminência do desejo de unir, e a consequente aquisição da

qualidade do Criador, se tornarão claras como o cristal. Desta forma, a evolução dos

desejos será o tópico do próximo capítulo.

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CAPITULO 2

Quero, Logo Sou

A Vida Como Uma Evolução De Desejos

No capítulo anterior, dissemos que o nome, Ysrael (Israel), combina as palavras Yashar

(direito) e El (Deus). Estabelecemos que o nome surgiu quando Abraão reuniu pessoas

que desejavam alcançar o Criador, descobrir Deus, e que foram chamadas "Israel"

segundo esse desejo. Neste capítulo discutiremos a formação dos desejos em geral, e a

formação do desejo pelo Criador, nomeadamente Israel, em particular. Para fazer isso,

precisamos de examinar a realidade como uma evolução de desejos.

Em 1937, Baal HaSulam publicou Talmude Esser HaSephirot (O Estudo das Dez Sefirot),

um comentário monumental sobre os escritos do ARI, autor de A Árvore da Vida. No

comentário, o autor entra em grande detalhe para explicar que na base da realidade reside

o desejo de dar, a que ele chama "a vontade de doar," que então criou a vontade de receber.

Esta é a razão porque, explica Baal HaSulam, nossos sábios testemunham que "Ele é bom

e faz o bem”, 41 e falam de “Seu desejo de fazer o bem às Suas criações”. 42

Na Parte 1 de O Estudo das Dez Sefirot, Baal HaSulam explica porque a vontade de doar

necessariamente criou a vontade de receber, e porque os dois desejos estão na base do

todo da Criação. Nas suas palavras, “Assim que Ele contemplou a criação em prol de

deleitar Suas criaturas, esta Luz [prazer] imediatamente se prolongou e expandiu d’Ele

na completa medida e forma dos prazeres que Ele havia contemplado. Tudo está incluído

nesse pensamento, a que chamamos ‘O Pensamento da Criação’. ...O Ari disse que no

princípio, uma Luz superior e simples havia preenchido o todo da realidade. Isto significa

que uma vez que o Criador contemplou deleitar as criações, e a Luz se expandiu e partiu

d’Ele, o desejo de receber Seus Prazeres foi imediatamente impresso nesta Luz”. 43

Para sublinhar a suposição de que a vontade de doar, o Criador, criou a vontade de receber

em prol de lhe dar prazer, Baal HaSulam categoriza essa seção, “A vontade de doar no

Emanador necessariamente gera a vontade de receber no emanado, e ela [a vontade de

receber] é o vaso na qual o emanado recebe Sua Abundância”. 44

Ashlag não foi o primeiro a se referir à criação da vontade de receber pela vontade de

doar, por isso ele o fez mais implicitamente. Rabi Isaiah HaLevi Horowitz (O Sagrado

Shlah) também escreveu que “Uma vez que Ele favoreceu fazer o bem às Suas criações,

Ele as desejou beneficiar com o verdadeiro benefício, como com a matéria da criação da

inclinação do mal [vontade de receber, egoísmo], que é a favor das criações”. 45

Semelhante aos dois mencionados acima os sábios, Rabi Nathan Sternhertz escreve em

Likutey Halachot [Regras Sortidas], “O Senhor aumenta Suas misericórdias e gentileza,

pois Ele desejou beneficiar Suas criações no melhor possível de todo o melhor”. 46

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Assim, a vontade de doar, o Criador, deseja doar sobre nós, Suas criações, e é suposto

recebermos esse benefício, a doação. Todavia, o que é esse benefício, o bem que é suposto

recebermos?

Na sua “Introdução ao Estudo das Dez Sefirot”, Baal HaSulam escreve que o benefício

que é suposto recebermos é alcançar o Criador, tal como Abraão fez há praticamente 4000

anos atrás. Nas palavras de Ashlag, “[quando alcançamos] sente-se o maravilhoso

benefício contido no Pensamento da Criação, que é deleitar Suas criaturas com Sua mão

completamente bondosa e generosa. Devido à abundância do benefício que se alcança,

amor maravilhoso aparece entre uma pessoa e o Criador, incessantemente derramando

sobre ela pelos próprios trilhos e canais através dos quais o amor natural aparece.

Contudo, tudo isto chega a uma pessoa a partir do momento em que ela alcança e daí em

diante. ”47

Para alcançar o Criador, temos de ter qualidades semelhantes às Suas, ou nos termos de

Baal HaSulam, temos de obter “equivalência de forma" com Ele. Na "Introdução ao

Livro, Panim Meirot uMasbirot [Brilhante e Acolhedora Face]”, Ashlag escreve,

“Assim, como pode-se alcançar a Luz ... quando se está separado e em completa oposição

de forma ... e há grande ódio entre eles [Criador e pessoa]?

...Desta forma, a pessoa ... lentamente purifica e inverte a forma de recepção para ser em

prol de doar. Você descobrirá que a pessoa equaliza sua forma com o sistema de

santidade, e a equivalência e amor entre eles regressa ... Assim, se é recompensado com

a Luz ... uma vez que se entrou na presença do Criador. ”48

QUATRO NÍVEIS DE DESEJO

MOLDAM A REALIDADE

Quando examinando a realidade da perspectiva da evolução de desejos, os Cabalistas

descobriram que a vontade de receber que acabamos de descrever contém quatro níveis

distintos, imóvel (inanimado), vegetativo (flora), animado (fauna), e falante (humano).

Desde que o ARI mencionou a divisão da realidade nesses quatro níveis no século XVI,49

numerosos acadêmicos e Cabalistas discutiram esses quatro níveis. O MALBIM (Meir

Leibush ben Iehiel Michel Weiser),50 Rabi Pinhas HaLevi Horovitz,51 e o RABaD (Rabi

Avraham Ben David), que escreveram, “Todas as criaturas do mundo são imóveis,

vegetativas, animadas e falantes”,52 são senão três de numerosos sábios que se referem

à realidade como consistindo desses quatro níveis.

Todavia, nenhum sábio ou acadêmico é tão descritivo como Baal HaSulam. Seus escritos,

que explicitamente pretendeu que todos lessem e compreendessem, sistemática e

elaboradamente detalham a estrutura da realidade da maneira que os Cabalistas e

acadêmicos Judeus a percebiam durante as eras. Em seu ensaio, “A Liberdade”, ele

explica a estrutura dos desejos imóvel, vegetativo, animado e falante sob a seção, “Lei da

Causalidade”. Ele explica que todos os elementos da realidade estão ligados e emergem

uns dos outros. Nas suas palavras, “É verdade que há uma ligação geral entre todos os

elementos da realidade perante nós, que se regem pela lei da causalidade, por meio de

causa e efeito, avançando em frente. E como o todo, assim cada item em si mesmo, ou

seja que toda e cada criatura no mundo dos quatro tipos, imóvel, vegetativo, animado e

falante, se rege pela lei da causalidade por meio de causa e efeito.

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Como Um Feixe de Juncos

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“Além do mais, cada forma particular de um comportamento particular, que uma criatura

segue enquanto neste mundo, é empurrada por causas antigas, a obrigando a aceitar

mudança nesse comportamento e não outro que se pareça. Isto é aparente a todos aqueles

que examinam os caminhos da Natureza de um ponto de vista puramente cientifico e sem

uma migalha de influência. Certamente, devemos analisar esta matéria para nos

permitirmos a nós mesmos examiná-la de todos os lados. ”53

OS QUATRO NÍVEIS DENTRO DE NÓS

Mas há mais, nossos sábios afirmam, os níveis de imóvel, vegetativo e falante não são

exclusivos à natureza externa. Eles existem dentro de todo e cada um de nós, formando a

base dos nossos desejos e até da estrutura interior de cada desejo. Rabi Nathan Neta

Shapiro escreve, “Há quatro forças no homem, imóvel, vegetativo, animado e falante, e

Israel têm ainda outra, quinta parte, pois eles são o Divino falante. ”54

Baal HaSulam fornece uma explicação mais elaborada da maneira como estes níveis de

desejos funcionam dentro de nós: “Nós distinguimos quatro divisões na espécie falante

[humanos], ordenadas em gradações uma sobre a outra. Essas são as Massas, os Fortes,

os Ricos, e os Sagazes. Elas são iguais aos quatro graus no todo da realidade, chamados

‘Imóvel’, ‘Vegetativo’, ‘Animado’, e ‘Falante’.

“O imóvel ... suscita as três propriedades, vegetativo, animado, e falante. ...A mais

pequena força entre elas é a vegetativa. A flora opera ao atrair o que é benéfico para ela

e rejeitando o prejudicial muito da mesma maneira que os humanos e animais. Contudo,

não há sensação individual nela, mas uma força coletiva, comum a todas as plantas no

mundo...

“Sobre elas está o animado. Cada criatura sente a si mesma, atraindo o que é benéfico a

ela e rejeitando o prejudicial. ...Esta força sensível no Animado é muito limitada em

tempo e espaço, uma vez que a sensação não opera sequer a mais curta distância fora de

seu corpo. Também, ele não sente nada fora de sua própria estrutura temporal, ou seja no

passado ou no futuro, mas somente no presente momento.

“Acima delas está o falante, consistindo de uma força emocional e uma força intelectual

juntas. Por esta razão, seu poder em atrair o que é bom para ele e rejeitar o que é

prejudicial e ilimitado no tempo e lugar, como é no animado. Devido à ciência, que é uma

faculdade intelectual, ilimitada pelo tempo e lugar, se consegue ensinar a outros onde

quer que eles estejam no todo da realidade, no passado ou no futuro, e no decorrer das

gerações. ”55

ONDE SOMOS NÓS LIVRES PARA ESCOLHER

Tal como aprendemos de Baal HaSulam, a diferença entre o nível falante da realidade e

os outros três níveis, tanto na sua natureza geral e dentro de nós, é que nós somos

ilimitados em tempo e lugar enquanto escolhendo o que aproximar a nós e o que repelir.

Colocando-o diferentemente, no todo da Natureza, a raça humana é a única espécie que

tem liberdade de escolha. Enquanto todas as outras criaturas seguem as ordens da

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Como Um Feixe de Juncos

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Natureza involuntariamente, nós podemos escolher se as seguimos ou não.

Lamentavelmente, como é evidenciado pelas crises globais de hoje, quando escolhemos

ir contra as ordens da Natureza sem completo conhecimento das implicações de nossas

ações, sofremos duras consequências pelos nossos erros.

E uma vez que interiormente consistimos dos mesmos quatro níveis, a mesma regra se

aplica dentro de nós, e somente aqueles desejos e qualidades dentro de nós que pertencem

ao nível falante são aquelas nas quais temos liberdade de escolha.

Dentro de nós, os desejos básicos naturais, para reprodução e continuação da espécie, por

abrigo e por alimentação, correspondem aos primeiros três níveis de desejos na Natureza,

imóvel, vegetativo, e animado. O quarto nível, "falante," manifesta dentro de nós desejos

por prosperidade além das nossas necessidades, poder, fama, respeito e conhecimento. A

diferença fundamental entre os três níveis inferiores e o do topo é que os três inferiores

existem em cada criatura na terra. Cada criatura procura assegurar a existência da sua

própria espécie e manter sua descendência a salvo num abrigo adequado. Inversamente,

o quarto nível de desejos, que definiremos rudemente como "desejos por riqueza, honra

e conhecimento," são exclusivamente humanos.

Tal como na sua natureza geral, os três níveis inferiores funcionam automaticamente, de

acordo com as ordens da Natureza. A única faculdade na qual há liberdade de escolha é

o nível falante de desejos. Desta forma, devemos primeiro aprender os funcionamentos

da nossa natureza interior antes que tentemos satisfazer os desejos do nível superior.

Para sermos capazes de trabalhar com o quarto nível de desejos, precisamos de saber o

que afeta esses desejos e o propósito de sua existência dentro de nós. Com efeito, há outro

nível de desejos dentro de nós que “suplanta” todos os quatro níveis, e que existe somente

nos humanos.

UM PONTO NO CORAÇÃO

Este é o nível a que Rabi Nathan Shapiro chamou, “o Divino falante”. Ele é este desejo

que nos propulsiona a explorar como este mundo funciona, o que o faz funcionar e como

ele o faz, e porquê. Ele é o desejo a que chamamos “Israel”, Yashar El (direito ao Criador).

Em Abraão, esse desejo apareceu como o anseio de saber “Como era possível que esta

roda sempre rodasse sem um condutor? Quem a roda, pois ela não se pode rodar a si

mesma? ”56

Baal HaSulam chamou a esse desejo de conhecer o Criador, “o ponto no coração”. Na

sua “Introdução de O Livro do Zohar”, ele explica que o coração pode ser visto como o

todo dos nossos desejos, e que “o ponto no coração” é o desejo dentro de nós que aponta

para o Criador.57 Meu professor, o Rav Baruch Shalom HaLevi Ashlag (o Rabash), o

filho primogénito de Baal HaSulam e seu sucessor, explicou que o “ponto no coração” é

o desejo chamado “Israel”. Nas suas palavras, “Há também Israel numa pessoa ... mas ela

é chamada ‘um ponto no coração’. ”58

Agora podemos ver porque Abraão estava tão determinado a partilhar o que ele havia

descoberto. Ele sabia que os desejos humanos estavam evoluindo, e ele sabia que quanto

mais eles evoluem, mais eles se voltarão para adquirir prosperidade, poder, dominação

sobre os outros e conhecimento. Era claro para ele que sem adquirir o conhecimento da

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natureza dos desejos humanos, as pessoas não seriam capazes de se gerir a si mesmas e

suas sociedades adequadamente.

Assim que Nimrod teve sucesso em impedir os esforços de Abraão de circular seu

conhecimento aos Babilônios, esse homem sábio juntou aqueles que o seguiam e saiu da

Babilônia para espalhar sua mensagem no exterior. Certamente, o legado de Abraão para

nós é que aqueles que compreenderam o que ele havia ensinado deviam partilhar o

conhecimento com quem quer que estivesse disposto a escutar. Nas palavras de O Livro

do Zohar, “Abraão cavou esse poço [Beer Sheba]. Ele descobriu-o porque ele havia

ensinado a todas as pessoas no mundo a servir o Criador. E assim que ele o cavou, ele

emite águas vivas que nunca cessam. ”59

O povo de Israel de hoje são os descendentes dos estudantes de Abraão, pessoas com

pontos nos seus corações, o ponto de Israel dentro delas. E embora esse ponto agora esteja

enterrado por baixo de séculos de esquecimento, ele existe e aguarda ser reacendido. Nas

palavras do Sagrado Shlah, “Israel são chamados a ‘Assembleia de Israel’, pois embora

abaixo eles estejam separados uns dos outros, todavia, acima, na raiz de suas almas, eles

são uma unidade, e estão congregados, pois são a parte do Senhor. Os ramos [o povo de

Israel] que desejam regressar a suas raízes devem seguir o exemplo de suas raízes, ou seja

se unirem abaixo também. Quando a separação está entre eles, aparentemente causam

separação e divisão acima, vejam quão longe a questão se prolonga. Desta forma, o todo

da casa de Israel deve perseguir a paz e ser um, em paz e completude, sem um defeito,

para se assemelhar a seu Fazedor [estarem em equivalência de forma com Ele], pois assim

é o nome do Senhor, ‘Paz’. ”60

Assim que Israel se una e assim se corrigirá, a si mesmos, eles podem concretizar sua

vocação e serem “Uma luz para as nações” (Isaías 42:6). Nas palavras de Rabi Naftali

Tzvi Yehuda Berlin (O NATZIV de Volojin), “A principal razão pela qual maioria de nós

vive em exílio é que o Senhor divulgou a Abraão Nosso Pai que seus filhos foram feitos

para serem uma luz para as nações, que é impossível a menos que estejam dispersos no

exílio. Assim foi Jacob, Nosso Pai, quando ele chegou ao Egito, onde a maioria do povo

estava. Com isso, Seu nome se tornou grande, quando eles viram Sua providência sobre

Jacob e seus descendentes. ”61

Falando da evolução dos desejos, a raça humana constitui o quarto e mais alto nível de

desejo, o único que permite o livre arbítrio. Mas para tomar as escolhas certas, as pessoas

precisam saber como tudo funciona a partir da sua raiz. O povo Israelita representa o

desejo de conhecer a raiz, e desta forma é sua responsabilidade estudar a raiz, e transmitir

seus discernimentos e percepções ao resto da humanidade. Assim, todos saberão como

fazer com que suas escolhas funcionem para seu benefício.

Para obter esse conhecimento, Abraão formou um método de estudo que os sábios durante

as eras nutriram e desenvolveram. O próximo capítulo descreverá a evolução desse

método, que desde que foi escrito O Livro do Zohar, tem sido referido como “Cabalá”.

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Como Um Feixe de Juncos

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CAPÍTULO 3

Correções através das Eras

A Evolução do Método de Correção

No capítulo anterior, dissemos que os desejos crescem de imóvel, a vegetativo, a animal,

a falante. Dissemos que esta progressão ocorre tanto externamente, na natureza geral, e

internamente, dentro de nós. Também dissemos que somente no nível falante dentro de

nós temos nós uma escolha livre, mas que para tomar escolhas que nos são benéficas,

temos primeiro de aprender como a Natureza opera na sua raiz.

Finalmente, dissemos que Israel representa o desejo de conhecer a raiz, o Criador, o

Fazedor de tudo o que há, e que Abraão foi o primeiro a descobrir esta raiz. Ele tentou

ensinar seus contemporâneos, e os Judeus de hoje, os descendentes desse desejo, devem

levar a cabo a vocação de Abraão e completar a sua tarefa.

O que Abraão descobriu foi que o único problema com os seus conterrâneos foi seus egos

crescentes. Eles estavam tornando-se demasiado egocêntricos para manter uma sociedade

sustentável. Eles costumavam ser de "Uma língua e uma fala," mas devido a seus egos

crescentes se tornaram alienados e incomunicáveis. Eles tornaram-se tão indiferentes uns

para os outros, tão descuidados e preocupados em se auto explorar que, como mencionado

no capítulo anterior, "Se uma pessoa caia e morresse [enquanto construindo a torre de

Babel] eles não se preocupariam com ela. Mas se um tijolo caísse no eles se sentariam e

chorariam e diriam, 'Quando virá outro que se encontre no seu lugar.'"62

Pior ainda, Abraão descobriu que o crescente ego não estava prestes a parar de crescer.

Ele era um traço inerente na natureza humana, uma característica distinta do nível falante

que o ego deve crescer constantemente porque ele é alimentado pela inveja dos outros.

Na sua "Introdução ao Livro, Panim Meirot uMasbirot (Face Brilhante e Acolhedora) ”,

Baal HaSulam escreve, "O Criador instigou três inclinações nas massas [pessoas],

chamadas, 'inveja,' 'cobiça,' e 'honra.' Devido a elas, as massas desenvolvem-se grau após

grau para induzir uma face de um homem inteiro". 63 Por outras palavras, inveja não é

má em si mesma, e contudo temos de lidar com ela, corrigi-la, e apontá-la para uma

direção construtiva.

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A INCLINAÇÃO (NÃO NECESSARIAMENTE) DO MAL

Quando nossos sábios escrevem sobre Yetzer HaRá (inclinação ao mal), referem-se à

maneira como usamos a inveja para prejudicar os outros ou beneficiar às suas custas. Mas

se usarmos as já mencionadas inveja, cobiça e honra adequadamente, tornam-se o nosso

próprio meio de correção. Foi isto que o Sagrado Shlah escreveu, "As piores qualidades

são inveja, ódio, avareza, cobiça e assim por diante, que são as qualidades da inclinação

ao mal - as próprias com as quais ele servirá o Criador". 64

E todavia, inerentemente, usamos essas inclinações negativamente, como está escrito

(Génesis, 8:21), “A inclinação do coração do homem é má desde sua juventude".

Similarmente, “Não há mal senão a inclinação do mal,” escreveu Shimon Ashkenazi,65

e séculos antes, o Midrash Rabá estabeleceu que “As pessoas estão inundadas em

inclinação do mal, como se diz, 'Pois a inclinação do coração do homem é má desde a sua

juventude’”. 66

Abraão descobriu que de todas as criações, somente as pessoas possuem uma inclinação

ao mal. Foi por isso que o grande Ramchal escreveu, "Não há outra criação que possa

fazer mal como o homem. Ele pode pecar e se revoltar e a inclinação do coração do

homem é má desde sua juventude, que não é assim com qualquer outra criatura. ”67

Baal HaSulam escreve que a inclinação do mal é a vontade de receber.68 Todavia, em

anteriores capítulos dissemos que a vontade de receber é o todo da Criação, e o homem

constitui o quarto e mais desenvolvido nível da vontade de receber. Por que então é a

nossa vontade de receber a origem de todo o mal?

O problema é que a vontade de receber no nível falante não é estática. Ela está

constantemente crescendo e constantemente buscando mais. Nas palavras de nossos

sábios, "Não se abandona o mundo com metade dos seus desejos na sua mão, pois aquele

que tem cem deseja duzentos; aquele que tem duzentos deseja quatrocentos". 69

Porque procuramos constantemente mais, estamos sempre carentes.

Similarmente, o Sagrado Shlah diz, "Aquele que não está contente sempre carece,"70 e

está desta forma constantemente infeliz e insatisfeito. Olhando para a nossa sociedade

consumista, podemos ver que se sucumbirmos a esse elemento na nossa natureza, seremos

jogados para uma "caça ao prazer" interminável que não pode terminar e que não nos faz

felizes, também.

Assim, Abraão percebeu que a inclinação do mal, o ódio e alienação que apareciam entre

os Babilônios, causavam todos os problemas entre eles, e que não havia esperança que

este fermentar abrandasse por si mesmo. Contudo, ele também percebeu que ter uma

vontade de receber intensa era necessário para o propósito da Criação, para o homem

alcançar Dvekut [adesão, equivalência de forma] com o Criador. Nas palavras de

Ramchal, completando a citação acima, "Mas por outro lado, quando ele [homem] é

corrigido e complementado, ele se eleva acima de todos, e ele merece aderir [apegar] a

Ele, e todas as outras criações são dependentes dele". 71

Desta forma, em vez de tentar aniquilar a inclinação do mal. Abraão desenvolveu um

método pelo qual as pessoas se corrigiriam, ou "domariam" suas inclinações, ou seja seus

egos, e assim beneficiariam do seu crescimento. Assim que ele concebeu o método, ele

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começou a partilhá-lo com todos, não abrindo exceções, como Maimônides testemunha,

"Ele começou a clamar ao mundo inteiro”. 72

Como mencionamos na Introdução, Maimônides escreveu que Abraão "plantou seu

princípio [que há um Deus, uma força no mundo] nos seus corações, compôs livros sobre

isso, e ensinou seu filho, Isaac".

Contudo, o método de Abraão era adequado somente aos seus contemporâneos. Ele não

podia ser, nem era suposto ser adequado a gerações posteriores. Porque a inclinação do

mal no nível falante - a vontade de recebermos para nós mesmos, também conhecida

como "egoísmo" - está sempre crescendo e se desenvolvendo, na altura em que o povo de

Israel havia se tornado uma nação e saiu do Egito, um novo método de correção era

necessário.

Os três milhões ou assim que saíram do Egito eram diferentes das setenta almas que

haviam entrado nele dois séculos mais cedo. No Egito, a vontade de receber de Israel

aumentou tremendamente, e precisava de um conjunto muito explicito de instruções com

o objetivo de a corrigir.

MOISÉS DIZ, "UNAM-SE!"

A solução veio na forma da Torá de Moisés, mas também uma nova condição prévia para

a execução de qualquer correção desse tempo em diante. Para receber a Torá, escreve o

grande comentador, RASHI, o povo de Israel se encontrou no sopé do Monte Sinai "como

um homem com um coração". 73 Essa absoluta e completa unidade mais tarde evoluía

numa das características mais proeminentes de Israel - responsabilidade mútua- o nobre

traço que distinguia Israel de todas as nações desse tempo.

Sob sua aceitação da condição de serem como um homem com um coração, Israel

receberam a Torá, a instrução, o código de leis que os ajudaria a dominar o ego. Com ela,

eles tornaram-se uma sociedade onde cada membro - homem, mulher e criança - alcançou

o Criador e vivia pela lei de garantia mútua, em equivalência de forma com o Deus (ou

força) una que Abraão havia descoberto. O Talmude Babilónio escreve, "Eles verificaram

de Dan a Beer Sheva e nenhum ignorante [pessoa não corrigida] foi encontrado de Gevat

a Antipris, e nenhum menino ou menina, homem ou mulher foi encontrado que não

versasse cuidadosamente nas leis da pureza e impureza [correções de acordo com a lei de

Moisés]. ”74

Com sua recentemente adquirida unidade, Israel conquistou Canaã - da palavra Kenia'a

(render)75 - e tornou-a a "Terra de Israel" - um lugar onde o desejo pelo Criador governa.

O Templo que Israel estabeleceu na terra representava seu alto nível de realização, onde

eles continuaram a desenvolver e a implementar o método de Moisés.

E ainda assim, como nossos sábios escrevem, "A inclinação ao mal nasce com o homem,

e cresce com ele sua vida inteira,"76 e "A inclinação no coração do homem é má desde

sua juventude, e sempre cresce em todas as cobiças". 77 Ainda assim, o método de Moisés

de correção, as leis a que chamamos "a Torá," permaneceu intacto durante o primeiro e

segundo Templos, e até durante o exílio em Babel.

Mas à medida que o declínio espiritual de Israel continuou, o povo achou cada vez mais

difícil se segurar à sua unidade e conexão com o Criador. Como resultado, o Segundo

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Templo era num grau espiritual inferior (nível de conexão, ou equivalência de forma com

o Criador) que o primeiro.

O Cabalista Rabi Behayei Ben Asher Even Halua explica, "Desde o dia em que a

Divindade estava presente em Israel, sob a doação da Torá, ela não se moveu de Israel

até à ruína do Primeiro Templo. Uma vez que desde a ruína do Primeiro Templo ... ela

não estava presente permanentemente, como durante o Primeiro Templo. ”78

Eventualmente, o nível de egoísmo aumentou no povo de Israel a tamanha extensão que

ele os separou por completo uns dos outros e do Criador. Certamente, foi a separação uns

dos outros que causou sua separação do Criador, da percepção da força fundamental da

vida. Isto, por sua vez, resultou na ruína do Segundo Templo, e o último e mais longo

exílio.

No seu livro, Netzá Yisrael [O Poder de Israel], Rabi Yisrael Segal descreve a queda da

graciosidade de Israel: "No Segundo Templo havia uma virtude especial, que Israel não

estavam divididos em dois; havia somente união entre eles. Desta forma, o Primeiro

Templo foi arruinado por transgressões que são Tuma'a [impureza], e o Senhor não mora

entre eles no meio de sua Tuma'a. Mas o Segundo Templo foi arruinado por ódio sem

fundamento, que revoga sua união, que era sua virtude no Segundo Templo". 79

Similarmente, o grande acadêmico e poeta, Rabi Avraham Ben Meir Ibn Ezra, escreveu,

"'E vós pisareis nos seus altos lugares,' 'E eu vos deixarei montar nos altos lugares da

terra,' e a razão é que o ódio sem fundamento que estava presente no Segundo Templo até

que ele gerasse o exílio sobre Israel". 80

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A GRANDE QUEDA,

E AS SEMENTES DA REDENÇÃO

O exílio após a ruína do Segundo Templo derivou de ódio sem fundamento, mas ela

também serviu um propósito duplo. O primeiro foi que o exílio foi um incentivo para

desenvolver mais o método de correção. Uma vez que a Torá de Moisés não era mais

suficiente para manter o nível espiritual da nação, era hora de adaptar o método à presente

condição do povo - estando em exílio, e mais egoísta que durante o tempo de Moisés. O

segundo propósito do exílio foi que Israel se misturasse com outras nações, para espalhar

o "gene espiritual" pelo mundo, e assim permitir a correção da humanidade inteira, como

Abraão pretendia inicialmente.

Na altura da ruína do Segundo Templo, dois corpos seminais foram compostos. Um foi o

Mishná, e o outro foi O Livro do Zohar. O anterior, juntamente com a Bíblia, tornou-se a

fundação de virtualmente toda a sabedoria Judaica desse dia em diante. O último, por

outro lado, foi escondido pouco depois de ser escrito, e permaneceu escondido durante

mais de mil anos, até ter aparecido nas mãos de Rabi Moshé de Leon.

Os autores do Mishná, a Gemará, e o resto dos escritos de nossos sábios forneceram ao

povo exilado de Israel a orientação tanto nos níveis espirituais como físicos. Enquanto os

escritos narram estados espirituais, eles podem também ser prontamente percepcionamos

como mandamentos físicos.

Porque as leis que nossos sábios instruíram se originaram de leis espirituais, elas foram

aplicáveis à vida física, tal como Israel as havia aplicado antes da ruína do Templo

Desta maneira, os Judeus mantiveram certo nível de conexão com o nível espiritual do

passado sem o próprio alcance da fonte e origem das leis.

Rabi Menahem Nahum de Chernobyl escreveu em respeito da desconexão de Israel do

nível espiritual e perda de alcance do Criador. "A razão do exílio é a ruína do Templo em

geral e em particular. Israel se [tornaram] tão corrompidos que causaram a expulsão da

Shechiná [Divindade] do Templo geral. Este Templo particular [pessoal] está dentro de

seus corações ... e através a partida do Templo [Divindade] particular ... [eles]

abandonaram o Templo geral e o exílio chegou". 81

No mesmo espírito, Jonathan Ben Natan Netah Eibshitz escreveu, "No Primeiro Templo,

Divindade não se moveu do Templo porque o exílio foi durante um curto tempo. Mas na

segunda ruína, que é durante um período prolongado de tempo, a Shechiná [Divindade]

partiu por completo". 82

E enquanto a maioria dos Judeus se concentrou em manter uma ligação com a

espiritualidade no nível instruído a eles pelos sábios do Mishná e Gemará, houveram

sempre alguns poucos excepcionais que simplesmente não conseguiam permanecer com

a observação cega de mandamentos. As questões que conduziram Abraão a descobrir o

Criador ardiam dentro deles; seus pontos no coração não haviam sido saciados, e eles

foram conduzidos ao mais profundo de todos os estudos, a sabedoria da Cabalá.

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UMA NOVA ERA, UMA NOVA ABORDAGEM

Os Cabalistas mantiveram seus estudos secretos. Nos seus quartos secretos

desenvolveram um método de correção que seria adequado a todos, quem quer que

precisasse. Em pequenos grupos, por vezes sozinhos, eles estudavam e alcançavam, mas

mantinham o que haviam aprendido e escreviam na maioria das vezes para si mesmos.

Mas um dia no século XVI, um jovem homem com o nome de Isaac Luria veio à cidade

Cabalista de Tzfat no Norte de Israel. Sua chegada marcou o começo de uma nova era na

evolução do método de correção. Através do seu principal estudante, Chaim Vital, Isaac

Luria - hoje conhecido como o Sagrado ARI - detalhou uma abordagem completamente

nova à sabedoria da Cabalá. Suas explicações aparentemente técnicas da estrutura do

sistema espiritual e suas descrições sistemáticas precisas gradualmente se tornaram o

método de estudo prevalecente entre os Cabalistas.

O principal discípulo do ARI, Rabi Chaim Vital, diligentemente escreveu o que seu

professor havia ditado. Depois do falecimento de Rabi Vital, seu filho começou a publicar

esses escritos, os mais notáveis dos quais são Árvore da Vida e Oito Porões. Nesse tempo,

essas composições tornaram-se a base do método predominante de estudo de Cabalá, a

Cabalá Luriânica, nomeada segundo Isaac Luria, o ARI.

PERMISSÃO PARA SE ENVOLVER

Juntamente com a crescente predominância da Cabalá Luriânica, uma gradual emergência

do sigilo começou assim que mais e mais Cabalistas sentiram que o tempo era certo para

divulgar o método pelo qual o mundo alcançaria sua correção final.

No seu livro, Luz do Sol, o Cabalista Rabi Avraham Azulai escreveu, "A proibição do

Alto a se refrear do estudo aberto da sabedoria da verdade [Cabalá] foi durante um período

limitado de tempo, até ao fim de 1490. Desta forma, é considerada a última geração, na

qual a proibição foi levantada e a permissão foi dada para se envolver em O Livro do

Zohar. E desde o ano 1540, tem sido um grande Mitzvá (mandamento, boa ação, correção)

para as massas estudarem, velhos e novos. E uma vez que o Messias está destinado a vir

como resultado, e por nenhuma outra razão, é desapropriado ser negligente". 83

Embora o ARI não permitisse a ninguém senão Chaim Vital a estudar seus ensinamentos,

o último escreveu profusamente sobre a importância de estudar a Cabalá. “Ai das pessoas

que afrontam a Torá. Elas não se envolvem na sabedoria da Cabalá, que honra a Torá,

pois elas prolongam o exílio e todas as aflições que estão prestes a vir ao mundo,"

escreveu ele na sua introdução à Árvore da Vida.84

Nos séculos que se seguiram, numerosos rabinos, Cabalistas, e acadêmicos afirmaram

que o estudo da Cabalá era vital para nossa redenção, até para a sobrevivência da nação.

No meio do século XVIII, o Gaon de Vilna (GRA), escreveu explicitamente, "Redenção

depende do estudo da Cabalá". 85

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No início do século XIX, os Cabalistas começaram a proclamar que até crianças deviam

estudar a Cabalá, explicitamente revogando o estudo antes dos quarenta anos de idade. O

Rabi de Kormano escreveu, "Tivesse meu povo me escutado nesta geração, em que a

heresia prevalece, eles se mergulhariam no estudo de O Livro do Zohar e as Tikunim

[Correções], contemplando-as com crianças de nove anos de idade”.86

No início de 1900, o Rav Isaac HaCohen Kook, que mais tarde se tornou o primeiro

Rabino Chefe de Israel, abertamente chamou o estudo da Cabalá, bem como o regresso

dos Judeus à terra de Israel. Em Orot (Luzes), ele escreveu, "Os segredos da Torá trazem

a redenção, eles trazem Israel de volta a sua terra”.87

Em numerosas ocasiões, Rav Kook escreveu muito flagrantemente que cada Judeu tem

que estudar a Cabalá, embora ele raramente usasse o termo explicito e frequentemente se

refere a ela pelos seus conhecidos epítetos, "a sabedoria da verdade," "a sabedoria do

oculto," "a interioridade da Torá," ou "os segredos da Torá”. Nas suas palavras, "Perante

nós está uma obrigação a expandir e estabelecer o envolvimento no lado interno da Torá,

em todos os seus assuntos espirituais, que, no seu sentido mais amplo, incluem a ampla

sabedoria de Israel, cujo ápice é o conhecido de Deus em verdade, de acordo com a

profundidade dos segredos da Torá. Nestes dias, ela requer elucidação, escrutínio e

explicação e torná-la mais clara que nunca e mais expansiva entre a nossa nação inteira.

”88

AGORA, TODOS JUNTOS

A maior fase na evolução do método de correção começou no princípio de 1900 e está

somente agora a apanhar ritmo. Porque somos parte dessa fase, é aquela que têm o maior

significado para nós.

Como discutido na Introdução, quando Abraão primeiro descobriu que uma força governa

e conduz o mundo, ele começou a espalhar seu conhecimento. Sua meta era circulá-la a

todas as pessoas, nenhuma excluída. Contudo, Nimrod, rei da Babilônia, o preveniu de

alcançar seu objetivo e Abraão teve de partir, finalmente chegando à terra de Canaã, que

ele tornou Israel (segundo o desejo de alcançar Yashar El, diretamente pelo Criador).

Esse objetivo não mudou durante os séculos. "Noach foi criado para corrigir o mundo no

estado em que ele estava nessa altura ...e eles [seus contemporâneos] também receberam

correção dele," escreve o Ramchal.89 Também, no seu comentário sobre a Torá, o

Ramchal escreve, "Moisés desejava completar a correção do mundo nessa altura. Foi por

isso que ele tomou a multidão misturada, pois ele pensava que assim seria a correção do

mundo que será feita no fim da correção ... Contudo, ele não teve sucesso devido às

corrupções que ocorreram no caminho”. ”90

Depois da ruína do Segundo Templo, os Cabalistas escolheram esconder a sabedoria de

todos, Judeus e não-Judeus em semelhança, até o tempo do ARI, quando começaram a

sentir que o tempo era maduro para a revelar a todos. Nesse ponto, eles começaram a

ensinar e a circular a sabedoria numa maneira que se tornou mais direta e explicita a cada

geração.

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No início do século XX, todas as inibições haviam saído, e os Cabalistas abertamente

clamavam pela disseminação da sabedoria e a ensiná-la a todas as nações. Rav Kook

exprimiu esta mentalidade muito claramente numa das suas cartas: "Eu concordei

divulgar todos os segredos do mundo, uma vez que é hora de fazer pelo Criador, como é

necessário nesta altura. Maiores e melhores que eu, sofreram pela nação escárnio por tais

questões, pois seus espíritos puros os pressionaram pelo bem de corrigir a geração para

falar novas palavras e revelar o oculto, ao qual o intelecto das massas não estava

acostumado. "91

Durante a Primeira Guerra Mundial, Rav Kook sentiu-se impelido a sublinhar a ligação

que ele viu entre os problemas do mundo e o reacender da força espiritual de Israel através

da união. No seu livro, Orot (Luzes), ele escreveu, "A construção do mundo, que é

presentemente amassada pelas terríveis tempestades de uma espada sangrenta, que

amassa em antecipação de uma força de unidade e sublimidade, e tudo o que está na alma

da Assembleia de Israel. ”92

Seu contemporâneo, Baal HaSulam, escreveu profusamente e com frequência

flagrantemente, sobre a necessidade de divulgar a sabedoria da Cabalá a todos,

especialmente hoje. No seu ensaio, "O Shofar do Messias," ele escreveu, "Saiba que é

isto o que significa que os filhos de Israel são redimidos somente após a sabedoria do

oculto ser revelada a grande extensão, como está escrito em O Zohar, 'Com esta

composição, os filhos de Israel são redimidos do exílio.'

"...Na minha avaliação, estamos em uma geração que se encontra precisamente no limiar

da redenção, se soubermos como espalhar a sabedoria do oculto às massas.

"...Há outra razão para isso: Aceitamos que há uma condição prévia para a redenção - que

todas as nações do mundo reconheçam a lei de Israel [de doação], como está escrito, 'E a

terra estará cheia do conhecimento.' É como no exemplo do êxodo do Egito, onde houve

uma condição prévia que Faraó, também, reconheceria o verdadeiro Deus e Suas leis, e

os permitiria partir.

“...Você deve compreender de onde as nações do mundo chegam a tamanha noção e

desejo. Saiba que é através da verdadeira sabedoria, para que eles vejam evidentemente

o verdadeiro Deus e a verdadeira lei [da doação].

E a disseminação da sabedoria nas massas é chamada 'um Shofar [um clarim, ou um chifre

de carneiro festivo].' Como o Shofar, cuja voz viaja uma grande distância, o eco da

sabedoria se espalhará pelo mundo”.93

Certamente, o legado desses titãs espirituais foi concretizado, e hoje qualquer pessoa que

deseje pode estudar "a sabedoria do oculto" independentemente da religião, idade, ou

género, pois ela não está mais escondida. Como Abraão visionou, nossa Babilônia global

pode agora estudar a lei fundamental da vida que a cria e sustenta, e não há limitações

que se pareçam.

Mas se tudo está certo, porque há tanto de errado com o mundo? Porque há tantas pessoas

sofrendo, e porque o número de pessoas na miséria parece crescer? Se a lei fundamental

da vida pode ser conhecida por todos, como tão poucos a conhecem, especialmente agora

que estamos numa perda sobre como lidar com as múltiplas crises que engolem a

sociedade humana? Se a lei é o Criador, e podemos deste modo concertar tudo, porque

não estão todos correndo para aprender?

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Para responder a estas perguntas precisamos de compreender as rotas pelas quais a

sabedoria se espalha, e especificamente o papel do povo Judeu em espalhar a Cabalá, e o

que significa ser uma luz para as nações. Correspondentemente no próximo capítulo

discutiremos o papel do povo Judeu através dos olhos da Cabalá.

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CAPÍTULO 4

Uma Nação em Missão

O Papel do Povo Judeu

"Abraão foi recompensado com a bênção de ser como as estrelas dos céus, Isaac, a

bênção da areia e Jacó, como a poeira da terra, pois os filhos de Israel foram criados

para corrigir o todo da Criação".

No fim do anterior capítulo perguntamos, "Se tudo está certo, porque há tanto de errado

com o mundo"? E "Se a lei fundamental da vida pode ser conhecida por todos, como tão

poucos a conhecem, especialmente agora que estamos em uma perda no que tange lidar

com as múltiplas crises que engolem a sociedade humana?" Dissemos que para responder

a essas perguntas, precisamos compreender como o conhecimento da lei se espalha e

como os Judeus estão relacionados com sua divulgação.

Você pode recordar-se que na Introdução, estabelecemos que uma vez que Abraão

descobriu que uma única força conduzia o mundo, ele se apressou a contar a seus

conterrâneos sobre sua descoberta. Ele não apresentou condições prévias; ele desejava

partilhar seu conhecimento recentemente achado com todos. Acontece que, nem seu rei,

Nimrod, nem o povo estavam prontos para aceitar a noção de que a força governante da

vida era uma força de doação e que sua meta na vida, como dissemos no Capítulo 1, é de

a revelar ao ser semelhante, ou até igual a ela. Os Babilônios do tempo de Abraão estavam

demasiado preocupados em construir sua torre e tentar deificar as leis da Natureza.

Enquanto Abraão vagava pelo que agora é o Próximo e Médio Oriente no seu caminho a

Canaã, ele reuniu na sua tenda, a princípio, todos aqueles que eram capazes de

compreender suas noções, se comprometer à autotransformação do egoísmo à doação.

Essas pessoas mais tarde se tornaram a nação de Israel, nomenclada segundo o desejo de

alcançar diretamente o Criador.

E todavia, os quatro níveis da vida - imóvel, vegetativo, animal e falante - são uma

constante. Eles devem ser atualizados na totalidade, e todos aqueles que fisicamente

pertencem ao nível falante devem eventualmente alcançá-lo espiritualmente, também. O

fato de que nem todos os Babilônios estavam prontos para se comprometer, a mudar a si

mesmos no tempo de Abraão, não muda nada em termos do propósito final para o qual a

raça humana existe. Assim, aqueles que estavam prontos e dispostos a se comprometer,

se tornaram os "guardiões" do conhecimento, confiados em manter e nutri-lo para a

posteridade.

No seu ensaio, "A Arvut (garantia mútua)," Baal HaSulam escreveu, "[O Criador disse]

'Vós serei Meu Segulá [remédio/virtude] dentre todos os povos.' Isto significa que vós

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sereis Meu remédio, e centelhas de purificação e limpeza do corpo passarão através de

vós para todos os povos e nações do mundo. As nações do mundo ainda não estão prontas

para isso, e preciso de pelo menos uma nação com que começar agora, pois ela será já

como um remédio para todas as nações". 94

Esta citação, acompanhada pelas palavras de Rabi Altar, citadas no princípio deste

capítulo, "Os filhos de Israel foram criados para corrigir o todo da Criação," e juntas com

as citações abaixo neste capítulo, deixam poucas dúvidas sobre a visão dos líderes

espirituais Judeus durante as eras a respeito do papel pelo qual os Judeus existem no

mundo.

Quando Moisés conduziu o povo de Israel para fora do Egito, ele pretendia primeiro e

antes e acima de tudo lhes passar a lei que ele mesmo havia aprendido, a lei que Abraão

havia aprendido antes dele. Sua meta era terminar, ou pelo menos avançar a missão que

Abraão havia começado gerações antes. Rav Moshe Chaim Lozzatto, o grande Ramchal,

escreveu sobre isso, “Moisés desejou completar a correção do mundo nessa altura. Foi

por isso que ele juntou a multidão misturada [pessoas egocêntricas, sem desejos

corrigidos], pois ele pensou que assim seria a correção do mundo que será feita no fim da

correção ... Contudo, ele não teve sucesso devido às corrupções que ocorreram no

caminho. ”95

Apesar das dificuldades, escreve Rabi Isaac Wildman, “Essa foi a oração e bênção de

Moisés para a geração do deserto, que eles fossem o princípio da correção do mundo. ”96

Todavia, o mundo não teve desejo de correção. As nações não estavam prontas para

abdicar do amor-próprio e abraçar o altruísmo - dar - como sua principal qualidade. Então

no entretanto, a nação Israelita continuou a "polir" sua própria correção esperando que o

resto das nações estivessem prontas e dispostas. Nas palavras de Ramchal, “Vós deveis

saber ... que a Criação como um todo não será completada até que o todo da nação

escolhida seja ordenada na ordem certa, completada em todas as suas decorações, com a

Shechiná [Divindade] aderida a ela. Consequentemente, o mundo alcançará o estado

completo. ...Devemos chegar a um estado em onde a nação é totalmente complementada

em todas as necessárias condições, e o todo da Criação recebe sua completude, e então o

mundo será estabelecido permanentemente no estado corrigido. ”97

Segue-se que a nação Israelita serve como um canal pelo qual a correção, nomeadamente

a qualidade de doação, deve alcançar seus recipientes pretendidos: as nações do mundo.

Em estilo eloquente, florido, o Rav Kook detalha como ele vê o papel dos Judeus a

respeito do resto das nações. “Assim que a vocação de Israel, sendo a nação do Senhor,

esteja presente, completa, aparente, duradoura e ativa no mundo, é um testemunho válido

para o mundo para toda a posteridade complementar a forma da raça humana, a manter

suas características, e a elevá-la pelos degraus da santidade adequados a ela ... que o

Senhor determinou. E uma vez que nossa própria vocação é permanecer sempre,

acompanhando a vocação do todo da Natureza - cuja lei é completar todas as criações e

as trazer ao ápice da perfeição - devemos guardá-la devotadamente pela vida de todos

nós, que é mantida dentro dela, e pelo todo da humanidade e seu desenvolvimento moral,

cujo destino depende do destino da nossa existência. ”98

Como demonstrado na Introdução a este livro, o Rav Kook vai até tão longe ao dizer, “O

movimento genuíno da alma Israelita na sua grandiosidade é expresso somente pela sua

força sagrada e eterna, que flui dentro de seu espírito. É aquilo que a fez, e a faz, e a fará

permanecer ainda uma nação que permanece como uma luz para as nações. ”99

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No seu livro, Ein Ayá [O Olho de Um Falcão], o Rav Kook acrescenta mais: “Dentro de

Israel está uma santidade escondida de elevar o valor da própria vida através da Divindade

que está presente em Israel. A alma nacional da Assembleia de Israel aspira pelo mais

sublime e exaltado, agir na vida pelo valor mais exaltado e Divino, por esse mesmo valor

que fará que nenhuma pessoa seja capaz de questionar, 'Qual é o propósito desta tal vida'?

Tendo visto a glória e a sublimidade da sua agradabilidade e magnificência. Em absoluta

completude será ela completada dentro da casa de Israel, e a partir dela, ela brilhará para

a terra e para o mundo inteiro, 'para um convénio do povo, para uma luz das nações.'"100

Similarmente, Rabi Naftali Tzvi Yehuda Berlin (conhecido como "O TATZIV de

Volojin") escreveu, "Isaías o profeta disse, 'Eu vos tomarei pela mão e vos manterei; Eu

vos darei um convénio para o povo, uma luz para as nações,' ou seja, para corrigir o

convênio, que é a fé, para cada nação. Eles jogarão fora a fé em ídolos e acreditarão em

um Deus. Certamente, o convênio com Abraão nosso Pai foi assinado sobre essa questão.

”101

MISTURAR E MESCLAR

E ainda assim, como é que a correção fluirá para as nações? Se a nação de Israel se corrige

a si mesma, como isso afetará a qualquer das outras nações?

Quando Abraão primeiro descobriu o Criador, ele descreveu-o a quem quer que escutasse,

e aqueles que se juntavam a ele se tornavam as primeiras pessoas corrigidas. Essas

pessoas então foram para o Egito e finalmente emergiram dele em números muito

maiores, uma nação inteira, essa nação recebeu a Lei da Correção, nomeadamente a Torá,

e se corrigiu a si mesma. No Primeiro Templo, a nação Judaica alcançou seu mais alto

nível de conexão com o Criador, como demonstrado no capítulo anterior. A partir daqui,

a nação começou a declinar até que seu povo foi exilado para Babel. Quando regressaram

à Terra de Israel, a maioria da nação Judaica escolheu permanecer na Diáspora e se

assimilar.

Certamente, é assim que a passagem da mensagem começou. Quando as pessoas que

foram inicialmente corrigidas - que transcenderam o interesse pessoal e descobriram o

Criador - se misturaram com aquelas que nunca tiveram tais pensamentos, aquelas ideias

nobres começaram a se espalhar dentro da sociedade anfitriã e ajudaram a instigar

pensamentos mais humanos nas mentes das pessoas. Enquanto esses pensamentos não

corrigidos derivados das mentes que haviam transcendido o egoísmo, as noções de

universalismo e humanismo independentemente se começaram a segurar às mentes das

pessoas.

Certamente, durante o Renascimento, vários acadêmicos reconhecidos mantinham que os

Gregos haviam adoptado pelo menos alguns dos seus conceitos do Judeus, neste caso

especificamente da Cabalá. Johannes Reuchlin (1455-1522), por exemplo, o conselheiro

político do Chanceler, escreveu em De Arte Cabalística (Sobre a Arte da Cabalá):

“Independentemente, sua proeminência [de Pitágoras] não derivou dos Gregos, mas

novamente dos Judeus. ...Ele mesmo foi o primeiro a converter o nome Cabalá,

desconhecido aos Gregos, no nome Grego filosofia. ”102

Em 1918, um pastor Francês, Charles Wagner, foi citado como tendo escrito, “Nenhum

dos nomes resplandecentes na história - Egito, Atenas, Roma - se consegue comparar à

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grandiosidade eterna de Jerusalém. Pois Israel deu à humanidade a categoria da santidade.

Somente Israel conheceu a sede pela justiça social e essa santidade interior que é a fonte

da justiça. ”103

Mais recentemente, o historiador Cristão, Paul Johnson, escreveu em Uma História dos

Judeus: “O impacto Judaico na humanidade foi proteico. Na antiguidade eles foram os

grandes inovadores na religião e moral. Na Idade das Trevas e a inicial Europa medieval

eles foram ainda um povo avançado transmitindo escasso conhecimento e tecnologia.

Gradualmente eles foram empurrados da vanguarda e caíram para trás; no fim do século

dezoito eles foram vistos como sujos e obscurantistas, retaguarda na marcha da

humanidade civilizada. Mas então veio uma segunda explosão surpreendente de

criatividade. Rompendo fora de seus guetos, eles uma vez mais transformaram o

pensamento humano, desta vez na esfera secular. Muita mobília mental do mundo

moderno é também de fabricação Judaica. ”104

Similarmente, Em Os Presentes dos Judeus: Como uma Tribo de Nómadas do Deserto

Mudou a Maneira Como Todos Pensam e Sentem, do autor Thomas Cahill, antigo diretor

de publicações religiosas na Doubleday, descreve a contribuição dos Judeus para o

mundo, que, na sua visão, começou durante o exílio na Babilônia. “Os Judeus originaram

o tudo”, escreve ele, “e com ‘o’ pretendo dizer tantas muitas das coisas com que nos

preocupamos, os valores subjacentes que perfazem todos nós, Judeu e Gentio, crente e

ateu, funcionam. Sem os Judeus, veríamos o mundo através de olhos diferentes,

escutaríamos com ouvidos diferentes, até sentiríamos sentimentos diferentes...

Pensaríamos com uma mente diferente, interpretaríamos todas as nossas experiências

diferentemente, tiraríamos diferentes conclusões das coisas que caem sobre nós. E

definiríamos um percurso diferente para nossas vidas. ”105

Curiosamente, alguns líderes Judeus reconhecidos também escreveram sobre o espalhar

(e estragar) da sabedoria Judaica depois da ruína do Primeiro Templo. Rabi Shmuel

Bernstein de Sochatchov, por exemplo, escreveu, “Os Gregos tiveram a sabedoria da

filosofia, que se originou dos escritos de Rei Salomão que vieram à sua posse depois da

ruína do Primeiro Templo. Contudo, eles foram estragados por eles com subtrações,

adições, e substituições até que visões falsas se misturaram com eles. E ainda assim, a

própria sabedoria é boa, mas as partes do mau se misturaram com ela. ”106

Baal HaSulam escreveu similarmente em “A Sabedoria da Cabalá e a Filosofia”: “Sábios

da Cabalá observam a teologia filosófica e queixam-se de que roubaram a casca superior

de sua sabedoria, que Platão e seus predecessores haviam adquirido enquanto estudando

com os discípulos dos profetas em Israel. Eles roubaram elementos básicos da sabedoria

de Israel e usaram uma capa que não lhes pertence. ”107

O LEGADO DOS JUDEUS

Os Judeus que permaneceram na Babilônia depois da ruína do Primeiro Templo

desapareceram, não deixando rasto senão as noções que haviam transmitido aos seus

anfitriões. Mais tarde, quando o Segundo Templo foi arruinado, o povo Judeu inteiro foi

exilado e apresentou ao mundo os dois princípios que se tornariam a base de todas as três

predominantes, apropriadamente denominadas religiões "Abrahamicas": “Ama teu

próximo como a ti mesmo”, e o "monoteísmo," ou seja que há somente um Deus, uma

força governadora no mundo. Estas noções são comparáveis ao sucesso da correção da

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humanidade porque quando entendidas corretamente, a anterior define o modo pelo qual

alcançaremos a correção - através de amar os outros, e não parentescos, mas nossos

próximos, ou seja estranhos. A última define a essência de nossa realização assim que

estejamos corrigidos - a força singular da realidade.

Correspondentemente, o Professor T.R. Glover da Universidade de Cambridge escreveu

em O Mundo Antigo, “É estranho que as religiões vivas do mundo sejam edificadas sobre

ideias religiosas derivadas dos Judeus". 108 Similarmente, Herman Rauschning, Um

Revolucionário Alemão Conservador que brevemente se juntou aos Nazis antes de

romper com eles, escreveu em A Besta do Abismo: “Judaísmo, independentemente ... é

um componente inalienável da nossa civilização Cristã Ocidental, o eterno 'chamado a

Sinai' contra o qual a humanidade novamente se revolta". 109

O exílio do povo Judeu da Terra de Israel foi um longo processo pelo qual os Judeus, e

desta forma os valores Judaicos, foram gradualmente absorvidos pelas suas nações

anfitriãs.

Yosef Ben Matityahu, melhor conhecido como Joséfus Flavius, o historiador Judaico-

Romano, descreve a expulsão dos Judeus pelos Romanos no princípio do exílio. Em As

Guerras dos Judeus, Flavius escreve, “E como ele se recordou que a décima legião havia

aberto caminho aos Judeus, sob Cestius seu general, ele os expulsou de toda a Síria, pois

eles se haviam rendido anteriormente em Rafania, e os mandou embora para um lugar

chamado Meletina, perto de Eufrates, que é nos limites da Arménia e Capadócia. ”110

No Capítulo 3, Flavius elabora, “Pois enquanto a nação Judaica está amplamente dispersa

por toda a terra habitada entre seus habitantes, também está ela muito misturada com a

Síria, pela razão de sua vizinhança e tiveram as grandes multidões em Antioquia pela

razão da maior cidade, onde os reis, depois de Antíoco, os acolheram numa habitação

com a maior tranquilidade sem incómodos. ”111

Hoje, narra o autor Yaakov (Jacó) Leschzinsky em A Dispersão Judaica, que os Judeus

espalharam pelo mundo todo e num ritmo surpreendente, "Quando esquadrinhamos a

Diáspora da Judiaria pelo globo inteiro e pelo inteiro mundo civilizado," escreve ele,

"ficamos surpresos ao ver que esta nação, que é a mais antiga no mundo, é na verdade a

mais jovem em termos da terra sob seus pés e o céu sobre sua cabeça. Devido às

intermináveis perseguições e expulsões forçadas, maioria dos Judeus são nada mais que

recentes novatos às suas respectivas terras de residência. Noventa por cento das pessoas

Judias não viveram nos seus lares mais que cinquenta a sessenta anos! (Os Judeus) estão

dispersos em mais de 100 terras de todos os cinco continentes. ”112

Curiosamente, sua mistura com outras nações é precisamente o que foi necessário para

completar as correções de Moisés. Embora seja verdade que, embora Israel sejam

separados das outras nações, os princípios mencionados anteriormente no coração do

Judaísmo não puderam ser tingidos, é também verdade que os Judeus tinham muito a

ganhar do seu exílio entre as nações. É por isso que no Livro dos Salmos (106:35) nos

conta que os Judeus foram exilados para “Se misturarem a si mesmos com as nações e

aprenderem de suas ações”.

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ADAM - O PRIMEIRO HOMEM,

A ALMA COLECTIVA

O ARI explica que na verdade, somos todos partes de uma única alma, conhecida aos

Cabalistas como Adam HaRishon (o primeiro homem), e à maioria de todos os outros

como Adam. O exílio, diz o ARI, ocorreu como uma continuação do processo de

correção.

Em Shaar HaPsukim [Portão aos Versículos], ele escreveu, "Adam HaRishon [Adam]

incluiu todas as almas e incluiu todos os mundos. Quando ele pecou, todas essas almas

caíram dele para as Klipot [cascas, formas de egoísmo], que se dividem em setenta nações.

Israel deve se exilar lá, em toda e cada nação, e reunir os lírios das almas sagradas que

haviam se espalhado entre esses espinhos, como nossos sábios escreveram no Midrash

Rabá, 'Porque foram Israel exilados entre as nações? Para acrescentar estranhos a si

mesmos.'"113

Nesse respeito, O NATZIV de Volojin escreveu, “Seu princípio foi no Monte Ebal ... mas

eles completaram esta questão exaltada somente através do exílio e dispersão. ”114

É por uma boa razão que o exílio é necessário para completar a correção dos Judeus, e

daí em diante o mundo inteiro. Anteriormente dissemos que quando Abraão ofereceu o

método de correção aos seus conterrâneos Babilônios, eles o rejeitaram porque estavam

demasiado ocupados sendo egocêntricos e egoístas. E todavia, se todos somos partes de

uma alma coletiva, como o ARI sublinhou, eventualmente todos nós teremos de alcançar

correção, pela qual descobriremos o Criador e nos tornaremos como Ele. Este é o

benefício, como descrito no Capítulo 2, que Ele pretendeu dar à humanidade.

Assim, a correção de Abraão foi somente o princípio do processo, certamente não o seu

fim. Num ensaio longo e elaborado intitulado, “E Eles Construíram Cidades-Armazém”,

Baal HaSulam escreve, "Devemos também compreender o que Abraão o Patriarca

perguntou, 'Onde saberei eu que o herdarei'’ (Génesis 15:8)? O que respondeu o Criador?

Está escrito, 'E Ele disse para Abraão: Sabei com uma certeza que tua semente será

estranha numa terra que não lhe pertence’”.115 Baal HaSulam explica que com esta

resposta, o Criador promete a Abraão que todas as pessoas alcançaram correção através

da mistura da nação corrigida - Israel - com as nações não corrigidas - neste caso

representadas pelo Egito.

Surpreendentemente, em resposta a esta questão, o Criador promete a Abraão exílio. E

não somente isso, escreve Baal HaSulam, que Abraão "...o aceitou como uma garantia da

herança da terra”.116 Certamente, Abraão sabia que a mistura dos desejos - representada

pelas diferentes nações do mundo - era necessária em prol de completar a correção da

humanidade. Considerando que cada uma das nações representa uma parte da alma a ser

apresentada ao método da correção e que essa parte da alma eventualmente o adote. Foi

por isso que Israel teve de ser exilada e se espalhar pelo mundo.

Como parte da expansão do processo de correção na humanidade, Abraão foi para o exílio

no Egito, onde sua tribo havia se tornado uma nação. E quando a nação se exilou depois

da ruína do Primeiro e Segundo Templos, ela apresentou o método de correção ao mundo

inteiro.

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Embora o método claramente não tivesse sido adotado pelo resto da humanidade, ele

independentemente plantou os princípios já mencionados, princípios que formam uma

base comum sobre a qual iniciar o processo de correção assim que as pessoas o comecem

a procurar.

Em “A Arvut [Garantia Mútua] ”, Baal HaSulam detalha o processo pelo qual a nação

Israelita corrige a si mesma primeiro, de modo a transmitirem a correção ao resto das

nações. Por outras palavras, “Rabi Elazar, filho de Rashbi (Rabi Shimon Bar-Yochai),

clarifica este conceito da Arvut ainda mais. Não é suficiente para ele que todos de Israel

sejam responsáveis uns pelos outros, mas que o mundo inteiro está incluído nessa Arvut.

...Cada um admite que para começar, é suficiente começar com uma nação com a

observação da Torá [lei da doação} para o princípio da correção do mundo. Foi

impossível começar com todas as nações de uma vez, como eles dizem que o Criador foi

com a Torá a cada nação e língua, e eles não a quiseram receber. Por outras palavras, eles

estavam imersos em ... amor próprio ... até que foi impossível conceber nesses dias sequer

questionar se eles concordavam se retirar do amor próprio.

“...Mas o fim da correção do mundo será somente ao trazer todas as pessoas do mundo

sob Sua obra, como está escrito, ‘E o Senhor será Rei sobre toda a terra; nesse dia será o

Senhor Um, e Seu nome um’ (Zacarias, 14:9) ... ‘E todas as nações fluirão para ele' (Isaías,

2:2).

“Mas o papel de Israel para o resto do mundo se assemelha ao papel de nossos Sagrados

Pais para a nação Israelita. Tal como a retidão de nossos pais nos ajudou a desenvolver e

purificar para nos tornarmos dignos de receber a Torá [lei da doação] ... cabe à nação

Israelita se qualificar a si mesma e a todas as pessoas do mundo através de Torá e Mitzvot

[correções do egoísmo], para se desenvolverem até que eles tomem sobre si mesmos esse

trabalho sublime do amor aos outros, que é a escada para o propósito da Criação, sendo

Dvekut [similaridade/equivalência de forma] com Ele”.117

Similarmente, no seu ensaio, “Uma Criada que É Herdeira a Sua Senhora”, Baal HaSulam

escreve, “O povo de Israel, que foi escolhido como um operador do propósito geral e

correção ... contém a preparação necessária para crescer e se desenvolver até que ele

movimente as nações dos mundos, também, para alcançarem a meta comum. ”118

Baal HaSulam e seu filho, o Rabash podem ter sido os últimos Cabalistas a afirmar que o

papel de Israel no mundo é trazer o método de correção ao resto das nações, mas

certamente não foram os primeiros. Incontáveis rabinos, Cabalistas e acadêmicos, desde

praticamente a ruína do Segundo Templo, o afirmaram em semelhança.

Assim, o Midrash Rabá afirma que “Israel trazem a luz ao mundo”, 119 e o Talmude

Babilónio acrescentou, “O Criador agiu em retidão para Israel, os tendo dispersado entre

as nações”. 120 Rabi Yehuda Altar, o ADMOR de Gur escreveu, “Qualquer exílio no

qual os filhos de Israel entre é somente para suscitar centelhas sagradas dentro das nações

[semelhante às palavras acima citadas de Baal HaSulam]. Os filhos de Israel são os

garantidores de que receberam a Torá em prol de corrigir o mundo inteiro, as nações,

também. ”121

Similarmente, Rabi Hillel Tzaitlin escreve, “Se Israel é a verdadeira redentora do mundo

inteiro, ela deve ser digna dessa redenção. Israel deve primeiro redimir sua própria alma,

a santidade da sua alma, a santidade da sua Shechiná [Divindade].

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...Para esse propósito, desejo estabelecer com este livro a 'união de Israel' ... Se fundada,

a unificação de indivíduos será pelo propósito de ascensão interior e uma invocação para

correções de todos os males da nação e do mundo. ”122

Gostaria de concluir este capítulo com mais algumas palavras de Baal HaSulam, que em

alguns parágrafos detalha o propósito da Criação, o direito da humanidade a ele, e o papel

de Israel para alcança-lo. Nas suas palavras: “Porque foi a Torá dada à nação Israelita

sem a participação de todas as nações do mundo? Na verdade, o propósito da Criação

aplica-se à raça humana inteira, nenhum excluído. Contudo, devido À baixeza da natureza

da Criação [sendo egoísta] e seu poder sobre as pessoas, foi impossível que as pessoas

compreendessem, determinassem e concordassem se elevar acima dela. Eles não

demonstraram o desejo de abdicar do amor próprio e chegar a equivalência de forma, que

é adesão com Seus atributos, como nossos sábios disseram, ‘Como Ele é misericordioso,

tu sê misericordioso também’.

“Assim, devido a seu mérito ancestral [os exemplos dados por Abraão, Isaac e Jacob],

Israel tiveram sucesso ... e se tornaram qualificados e se sentenciaram a si mesmos a uma

escala de mérito [se corrigiram a si mesmos a se tornarem como o Criador]. Todo e cada

membro da nação concordou amar seu semelhante [que é como eles alcançaram a

correção].

“...Contudo, a nação Israelita era para ser uma 'transição' ou seja que à extensão que Israel

purificam a si mesmos ao manter a Torá [leis da doação], eles passam seu poder ao resto

das nações. E quando o resto das nações também se sentenciam a si mesmas a uma escala

de mérito [se corrigirem a si mesmas ao abdicar do egoísmo], o Messias [correção final]

será revelado. É por isso que o papel do Messias não é de qualificar somente Israel à meta

derradeira de adesão com Ele, mas ensinar os caminhos de Deus [doação] a todas as

nações, como está escrito, 'E todas as nações fluirão para Ele.'" 123

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CAPÍTULO 5

Exilados

As Raízes do Antissemitismo

No decorrer da história, nunca houve uma nação mais perseguida que os Judeus. No

decorrer da história, nunca uma nação sobreviveu a toda e cada perseguição e emergiu

cada vez mais forte.

A aparente indestrutibilidade dos Judeus levantou muitas perguntas, claramente mais

entre não-Judeus que entre Judeus, pois os Judeus estavam demasiado preocupados com

a sobrevivência. O reconhecido escritor Alemão, Johann Wolfgang von Goethe, exprimiu

seu espanto com a tenacidade dos Judeus no seu livro, Wilhelm Meisters Lehrjahre [A

Aprendizagem de Wilhelm Meister]: “Cada Judeu, não importa quão insignificante, está

envolvido em certa decisiva e imediata perseguição de uma meta… É o povo mais

perpétuo na terra. ”124

Semelhante a Goethe, o professor de Cambridge, T.R. Glover, sublinha o enigma da

existência Judaica em O Mundo Antigo: “Nenhum povo da antiguidade teve uma história

mais estranha que os Judeus. ...A história de nenhum povo antigo deve ser tão valiosa, se

a pudéssemos ao menos recuperar e compreender. ...Mais estranha ainda, a antiga religião

dos Judeus quando todas as religiões de cada raça antiga do mundo pré-Cristão

desapareceram … A questão não é ‘O que aconteceu’? Mas, ‘Porque aconteceu’? Porque

vive o Judaísmo”? 125

Similarmente, Ernest van den Haag, professor de Jurisprudência e Política Pública na

Universidade de Fordham, escreveu, “Num mundo onde os Judeus são somente uma

minúscula percentagem da população, qual é o segredo da importância desproporcional

que os Judeus tiveram na história da cultura ocidental? ”126

O matemático Francês, físico, inventor e filósofo, Blaise Pascal, era fascinado com a

antiguidade do povo Judaico. No seu livro, Pensees, ele escreveu, "Este povo não é

eminente somente pela sua antiguidade, mas são também singulares pela sua duração, que

sempre continuou da sua origem até agora. Pois, enquanto as nações da Grécia e da Itália,

de Lacedemônia, de Atenas e de Roma, e outras que vieram muito depois, há muito

pereceram, estes permanecem sempre, e apesar dos empreendimentos de muitos Reis

poderosos que tentaram uma centena de vezes os destruir...eles foram independentemente

preservados. ”127

Certamente, como inumeráveis indivíduos reconhecidos durante as eras anotaram, os

Judeus não conseguem ser aniquilados. Os Judeus têm uma missão para concretizar, e até

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que o façam, a Natureza, Deus, o Criador, Jeová, ou como quer que escolha O chamar,

não o deixará acontecer. E todavia, enquanto os Judeus continuam evitando assumir sua

tarefa pretendida, eles certamente podem, e foram, e serão torturados e mortos

praticamente até à extinção. Para desenterrar as raízes da Via Dolorosa Judaica durante a

história, precisamos de viajar para trás no tempo para o começo da Criação.

No Capítulo 2 tomamos nota que o Criador tem senão um desejo - fazer o bem às Suas

criações, nomeadamente a nós humanos. Mas porque presentemente não temos percepção

d'Ele, não conseguimos receber d'Ele.

Quando queremos dar um presente a um amigo, aproximamo-nos desse amigo e lhe

damos. Tem que haver contato entre o dador e o receptor. De igual modo, para que Ele

nos dê, o Criador e a Criação têm que se conectar. E na conexão, como citamos Baal

HaSulam, "Sente-se o maravilhoso benefício contido no Pensamento da Criação, que é

deleitar Suas criaturas com Sua completa, boa e generosa mão. Devido à abundância do

benefício que um alcança, maravilhoso amor aparece entre uma pessoa e o Criador,

incessantemente derramando sobre a pessoa pelas próprias rotas e canais através dos quais

o amor natural aparece. Contudo, tudo isto vem a uma pessoa a partir do momento em

que ela alcança e daí em diante. ”128

Isto, dissemos no Capítulo 2, suscita a necessidade de "equivalência de forma," ou seja,

ser como o Criador, ter uma natureza de dar. Lamentavelmente, a vasta maioria de nós

não tem desejo por isso; veementemente nos ressentimos de dar a menos que tenhamos

lucro subjacente, um motivo anterior para o fazer. RASHI, o grande comentador sobre a

Bíblia, escreveu que o versículo, "A inclinação do coração do homem é má desde sua

juventude" (Génesis 8:21), significa que "Assim que se é agitado para fora do ventre de

sua mãe, Ele [o Criador] planta nele a inclinação do mal," a qual, como dito no Capítulo

3, é egoísmo, o desejo de recebermos para nós mesmos.

Desta forma, considerar que o Criador é benevolente e que nós somos opostos, a colisão

entre o homem e Deus parece inevitável. Como alguma vez O podemos alcançar se Ele

nos fez naturalmente opostos a Ele? O remédio do egoísmo reside no que descrevemos

anteriormente como "o ponto no coração”. Essa sede de compreender do que se trata a

vida, e sobre o que faz o mundo girar (e não é dinheiro), é o anseio que permitiu a Adam,

Abraão e seus descendentes, Moisés, e a nação inteira que surgiu dos exilados da

Babilônia, a desenvolver um método de correção que torna a inclinação do mal em

bondade.

SÍMBOLOS DE UMA COLISÃO INTERIOR

Uma pessoa pode argumentar se a Bíblia, o Antigo Testamento, é uma documentação

histórica genuína de eventos. Mas os grandes sábios de Israel durante as eras não tinham

preocupação pela relevância histórica da Bíblia. Em vez disso eles viam-na como uma

alegoria que retrata os processos internos espirituais que se experimenta durante o

caminho da correção. Para eles, Nimrod, rei da Babilônia, representa meridá [Hebraico:

rebelião], desafio contra a qualidade de doação o Criador; Faraó significa a epítome da

inclinação do mal e também Hamã, embora numa fase tardia do nosso desenvolvimento

espiritual.

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É por isso que RASHI interpreta o Talmude Babilónio como se segue: "Seu nome era

Nimrod pois ele himrid [incitava] o mundo inteiro contra o Senhor”.129

A respeito de Faraó, Maimônides explica afetuosamente, "Vós deveis saber, meu filho,

que Faraó, o rei do Egito, é na realidade a inclinação do mal"130 Similarmente, Elimelech

de Lizhensk, do autor de Noam Elimelech (A Agradabilidade de Elimelech), escreveu

simplesmente, "...Faraó, que é chamado 'a inclinação do mal.'"131

Rabi Jacob Joseph Katz acrescentou profundidade à distinção a respeito de Faraó. Ele

acrescentou que as palavras, "Faraó havia deixado o povo ir" (Êxodo 13:17), designam a

fase no nosso desenvolvimento espiritual em que uma pessoa se liberta dos pesados

grilhões da inclinação do mal. Nas suas palavras, "'E quando Faraó havia deixado o povo

ir' - quando os nossos órgãos escapam à autoridade da inclinação do mal, como durante o

êxodo do Egito, eles saem dos quarenta e nove portões de Tuma'a [impureza, egoísmo]

para a santidade [doação] ”.132

Dentro do mesmo livro, Rabi Katz acrescenta suas visões a respeito de Hamã: "A

instrução de Hamã de fazer uma forca de cinquenta cúbitos de altura é o conselho da

inclinação do mal”.133

Similarmente, Rabi Jonathan Eibshitz escreve no seu livro Yaarot Devash [Colmeias]

sobre “Hamã, que é a inclinação do mal…"134

Mais recentemente, Cabalistas e acadêmicos Judaicos começaram a sentir que o tempo

era fugidio e que a Era da Correção se aproximava. Eles começaram a acrescentar

chamados implícitos e por vezes explícitos para a ação nas suas palavras. Assim, Rav

Yehuda Ashlag, sentindo que a aplicação do método de correção era urgentemente

necessária, fez um elo direto entre superar a inclinação do mal e o modo como deve ser

alcançado hoje - através de união. Num ensaio intitulado, “Há Um Certo Povo”, Baal

HaSulam conta-nos, “‘Há um certo povo espalhado no estrangeiro e disperso entre os

povos.' Hamã disse isso na sua visão, que nós [o povo de Hamã] teremos sucesso em

destruir os Judeus porque eles estão separados uns dos outros, então nossa força contra

eles certamente prevalecerá, porque isto [separação entre eles] causa separação entre o

homem e Deus. ”135 Isto é, o egoísmo dos Judeus os separa da qualidade de doação, o

Criador, então a força do ego, a inclinação do mal, "certamente prevalecerá”. "É por isso

que," continua Baal HaSulam, “Mordecai foi para corrigir esse defeito, como é explicado

no versículo, ‘Os Judeus se reuniram...’ para se reunirem a si mesmos, e para defender

suas vidas. Isto significa que eles se haviam salvo ao se unirem’. ”136

Podemos desta forma concluir que quer Nimrod, Faraó, Balaque ou Hamã tivessem na

realidade existido ou não é de importância menor. O que é importante é que os traços

retratados por estes personagens existem dentro de nós e a Bíblia só narra alegoricamente

as fases pelas quais os podemos superar.

Quando prevalecemos sobre essas qualidades de egoísmo, somos recompensados com a

redenção - a qualidade de doação, a equivalência de forma com o Criador. E porque o

Criador nos deseja fazer bem, assim que tenhamos corrigido estes traços dentro de nós,

eles não nos assombrarão mais, uma vez que fomos redimidos do egoísmo e adquirimos

Sua qualidade de doação.

Se qualquer um destes exemplos de egoísmo vivesse hoje, certamente os

categorizaríamos como anti-Semitas da pior espécie. Para esse efeito, o Rav Kook fez

uma previsão ameaçadora (e verdadeira) enquanto traçando um elo direto entre os

antissemitas modernos e os bíblicos. Numa afirmação algo pouco ortodoxa ele escreve,

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“Amaleque, Petlura [Líder ucraniano suspeito de ser antissemita], Hitler, e assim por

diante, despertaram por redenção. Aquele que não escutou a voz do primeiro Shofar [um

símbolo do chamado para a redenção], ou a voz da segunda ... pois suas orelhas estavam

bloqueadas, escutará a voz do Shofar impuro, o imundo [não kosher]. Ele escutará contra

sua vontade. ”137

DOIS CAMINHOS - UM DOCE, UM DOLOROSO

O estado da redenção completa - a realização do Criador por toda a humanidade - é

mandatária. Baal HaSulam diz que há dois caminhos pelos quais a conseguimos alcançar:

o caminho da Torá, quando voluntariamente adoptamos a lei da doação como nosso modo

de vida, ou o caminho do sofrimento, onde a realidade nos impele a independentemente

adotar a Lei da Doação como nosso modo de vida.138

Por muito compulsórias as palavras desses dois sábios contemporâneos possam soar, elas

repousam sobre uma base sólida. O Talmude escreve, "Rabi Eliezer diz, 'Se Israel se

arrependem, eles são redimidos. Se não, eles não são redimidos.' Rabi Yehoshua disse

para eles, ‘Se eles não se arrependem, eles não são redimidos, mas o Senhor colocará

sobre eles um rei cujos decretos são tão duros como os de Hamã, Israel se arrependerá, e

Ele os reformará’. ”139

Até nessa ocasião importante no sopé do Monte Sinai, quando coletivamente recebemos

a Torá com um espetáculo espetacular audiovisual, aparentemente não foi tão alegre ou

tão festivo como foi descrito. O Talmude conta-nos que as circunstâncias foram tais que

não houve muito mais que pudéssemos fazer senão a receber. Na terminologia de hoje,

diríamos que o Criador nos deu uma oferta que não podíamos recusar: “Está escrito, ‘E

eles estiveram no fundo da montanha’. Rav Dimi Bar Hamã disse que isso significa que

o Senhor forçou a montanha sobre Israel como um cofre, e disse para eles: ‘Se vós aceitais

a Torá [Lei da Doação], muito bem, mas se não, lá será vossa sepultura’. ”140

Certamente, ninguém disse que é fácil ter a primogenitura. Mas os Judeus, os

descendentes do clã de Abraão, são precisamente isso. Eles foram os primeiros a alcançar

o propósito da Criação; assim, cabe-lhes naturalmente a eles conduzir o caminho para o

resto da humanidade. Enquanto evitarmos essa tarefa, encontraremos rejeição por todas

as nações.

OS MÉDICOS DO MUNDO

Imagine que descobriu uma série de exercícios que podem curar o câncer e o prevenir de

alguma vez regressar. Imagine que havia contado ao mundo sobre isso, como Abraão o

fez na Babilônia, mas foi rejeitado porque os exercícios eram monótonos e cansativos e

ninguém realmente se sentia indisposto.

Agora imagine que anos mais tarde, biliões de pessoas pelo mundo têm câncer. Elas

vagamente se recordam que você disse que tinha uma cura, e que no seu desespero elas

voltam-se para você, rogando que lhes salve as vidas. Mas você se esqueceu

completamente disso. Você sabe que a cura existe, você sabe que muitas pessoas disseram

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que era um remédio poderoso (Segulá), mas uma vez que se sente forte e saudável, não

vê razão porque deve reaprender esses exercícios, muito menos os ensinar a biliões de

pessoas. Pode imaginar como o mundo se sentiria acerca de você, o que as pessoas

pensariam, e o que fariam elas?

É precisamente aqui que os Judeus se encontram em relação ao mundo. O mundo está

começando a se sentir indisposto e as pessoas estão começando a procurar uma saída da

sua miséria. Elas sabem que somos o povo escolhido, e que somos aqueles que se supõe

trazer a redenção. As pessoas podem não saber que a redenção envolve mudar sua

natureza para a doação, mas elas sabem que a redenção é desejável.

Tais versículos do Novo Testamento como "Vós adorais o que não conheceis, nós

adoramos o que conhecemos, pois a salvação é dos Judeus”,141 e “Que vantagem tem o

Judeu? ...Grande de todas as maneiras. Primeiro de tudo, a eles foram confiados com os

oráculos de Deus”,142 são somente duas das incontáveis menções da posição e papel

únicos do papel, como descrito pelos escritos Cristãos. Quando não levamos a cabo nossa

missão, inadvertidamente nos aproximamos do perigo e ódio, que se traduzem no que

agora conhecemos como antissemitismo.

Que somos diferentes e únicos está documentado na história, nas páginas das nossas

escrituras, naquelas do Cristianismo e do Islão, e nos escritos de uma miríade de

acadêmicos e estadistas. Abaixo estão alguns dos inumeráveis excertos de indivíduos bem

conhecidos exprimindo suas visões sobre a singularidade dos Judeus:

Winston Churchill, Primeiro Ministro do Reino Unido durante a 2ª Guerra Mundial:

“Algumas pessoas gostam dos Judeus, e algumas não. Mas nenhum homem preocupado

consegue negar o fato de que eles são, além de qualquer questão, a raça mais formidável

e mais marcante que apareceu no mundo. ”143

Lyman Abbott, um Congressista Americano, teólogo, editor e escritor “Quando por vezes

nossos preconceitos não cristãos se inflamam contra o povo Judeu, recordemo-nos que

todos nós temos e tudo o que devemos, sob Deus, ao que o Judaísmo nos deu. ”144

Huston Smith, um professor de estudos religiosos nos Estados Unidos, autor de As

Religiões do Mundo, que vendeu mais de duas milhões de cópias: “Há um ponto chocante

que corre pela história Judaica como um todo. A civilização ocidental nasceu no Médio

Oriente, e os Judeus estavam na sua encruzilhada. No apogeu de Roma, os Judeus eram

próximos do centro do Império. Quando o poder derivou para o leste, o centro Judaico

era na Babilônia; quando ele saltou para Espanha, lá novamente estavam os Judeus.

Quando na Idade Média o centro da civilização se moveu para a Europa Central, os Judeus

esperavam por isso na Alemanha e Polônia. O levantar dos Estados Unidos para conduzir

o poder mundial encontrou o Judaísmo lá concentrado. E agora, hoje, quando o pêndulo

parece balançar de volta ao Mundo Antigo e o Oriente se levanta para importância

renovada, lá novamente estão os Judeus em Israel…”145

Liev Tolstói, o romancista Russo, autor de Anna Karenina: “O que é um Judeu? Que

espécie de criatura única é que todos os governantes de todas as nações do mundo

desgraçaram e esmagaram e expeliram e destruíram, perseguiram, queimaram e

afogaram, e que, apesar de sua cólera e sua fúria, continua a viver e florescer. O que é

este Judeu que eles nunca tiveram sucesso em atiçar com todos os atiçamentos no mundo,

cujos opressores e perseguidores só sugeriram que ele negue (e renegue) sua religião e

lance para o lado a lealdade aos seus antepassados?!

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“O Judeu é o símbolo da eternidade. ...Ele é aquele que há muito guardou a mensagem

profética e a transmitiu a toda a humanidade. Um povo tal como este nunca pode

desaparecer. O Judeu é eterno. Ele é a incorporação da eternidade. ”146

Certamente somos o símbolo da eternidade, como Tolstói disse porque a qualidade de

benevolência do Criador está nos nossos "genes espirituais”. E todavia, não seremos

deixados em paz até que, como no exemplo com o câncer e o exercício curativo,

conscientemente nos elevemos a nós mesmos ao nível espiritual e elevemos o todo da

humanidade imediatamente posteriormente.

Como foi afirmado e acima citado, agora é a hora da correção geral. Em tal tempo, os

eventos tornam-se inclusivos, globais. Tal como foi o caso com a 1ª Guerra Mundial, e

tanto quanto o mais com a 2ª Guerra Mundial, as atrocidades da qual estão embutidas na

nossa memória coletiva para nos recordar quem nós somos, e o que é suposto que

concretizemos.

Para evitar tais cataclismos no futuro, precisamos de ter uma observação cuidada em

algumas sugestões e afirmações dadas anteriores, e posteriores ao Holocausto. O próximo

capítulo sublinhará essas afirmações e sua pertinência a nossas vidas hoje. Assim que

saibamos o que foi dito, seremos capazes de valorizar o que precisamos de fazer para nos

ajudarmos a nós mesmos e ajudar o mundo.

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CAPÍTULO 6

Dispensáveis

Antissemitismo Contemporâneo

No Capítulo 1, dissemos que Abraão descobriu que a natureza humana de egoísmo

inerente é uma tendência constante de expansão. O método que ele concebeu não se

dirigia a refrear esse egoísmo porque ele sabia que isto era impossível, pois o homem foi

criado para receber ilimitadamente. Sua questão, desta forma, era de como receber esse

tesouro pretendido. Abraão descobriu um método onde, ao estudar e almejarem se unir,

as pessoas subiam a um novo nível de percepção. Assim, elas adquiriam a natureza do

Criador - benevolência - e podiam deste modo receber esse prazer ilimitado sem se

tornarem demasiado indulgentes e perigosas para si mesmas ou para o meio ambiente.

O êxodo do Egito e a formação da nação de Israel marcou uma fase de uma formação de

cinco séculos. Durante esse tempo, Israel foram de ser um grupo feito de família e

estudantes a uma nação inteira cuja meta era alcançar o Criador.

Enquanto tentando subir ao mais alto nível espiritual, os Hebreus nunca recuaram de sua

intenção original, oferecer suas percepções ao todo da humanidade. Esta seria sua

contribuição para as nações, a "luz" que supostamente eles deveriam dar. Através das

gerações, esse presente da "luz" é o que as nações têm tentado receber dos Judeus, e a

carência da qual tem sido a causa de nossas aflições pelas nações.

No prólogo a este livro, Uma História dos Judeus, o romancista e historiador Cristão,

Paul Johnson, eloquentemente descreve as questões que conduziram Abraão a suas

descobertas, as mesmas questões que conduzem a humanidade até este dia. Johnson

retrata sua reverência pela habilidade dos Judeus de descobrirem as respostas a essas

perguntas, viverem por suas leis consequentes e seus esforços de as ensinarem aos outros.

Nas suas palavras, “O livro deu-me a chance de reconsiderar objetivamente, na luz de um

estudo cobrindo praticamente 4000 anos, a mais intratável de todas as perguntas humanas:

para que estamos nesta terra? É a história meramente uma série de eventos cuja soma é a

insignificância? Não há diferença fundamental moral entre a história da raça humana e a

história de, digamos, as formigas? Ou há um plano providencial de porque somos, embora

humildemente, os agentes? Nenhum povo alguma vez insistiu mais firmemente que os

Judeus que a história tem um propósito e que a humanidade tem um destino. Numa fase

muito inicial da sua existência coletiva eles acreditavam que haviam detectado um

esquema divino para a raça humana, do qual sua própria sociedade seria um piloto. Eles

representaram seu papel em imenso detalhe. Eles seguraram-se a ele com persistência

heroica em face de sofrimento selvagem. Muitos deles ainda acreditam nele. Outros o

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transmutaram para empreendimentos de Prometeu de elevar nossa condição por meios

puramente humanos. A visão Judaica tornou-se o protótipo para muitos semelhantes

grandes desígnios para a humanidade, tanto divinos como fabricados pelo homem. Os

Judeus, desta forma, encontram-se precisamente no centro da tentativa perene de dar à

vida humana a dignidade de um propósito. ”147

OS ESCRITOS NA PAREDE

E todavia, no começo do século XX, os Judeus haviam crescido tão longe da sua

pretendida vocação que eles ou se tornaram absolutamente preocupados com meticulosa

observação dos mandamentos práticos, se esquecendo ou rejeitando seu significado

interno, ou totalmente absortos em desejos mundanos e materiais, se esquecendo ou

rejeitando sua vocação irrevogável. Num tempo em que o egoísmo atingiu níveis que

ameaçaram a paz mundial, nenhuma das avenidas era desejável, e alguns dos grandes

líderes espirituais da nação começaram a alertar que o tempo era fugidio, que tínhamos

de despertar para nossa missão e a levar a cabo antes que a calamidade se revelasse.

O grande acadêmico humanista, e Cabalista, Rav Avraham Yitzhak HaCohen Kook,

desesperadamente tentou alertar os Judeus do crescente antissemitismo. Ele alertou-os

que nenhum país no mundo seria seguro para eles, e que Israel era a única opção segura.

Em retrospectiva, o conteúdo de sua premonição é alarmante, nos dando um vislumbre

nas profundezas da clareza de visão de tais pessoas.

O tratado no qual ele suplicou aos Judeus que viessem para Israel foi chamado, "O Grande

Chamamento pela Terra de Israel”. Tome nota não só de seu pedido, mas também do seu

aviso a respeito do futuro possível dos Judeus nas suas pátrias: "Venham para a terra de

Israel, doces irmãos, venham para a terra de Israel. Salvem nossas almas, as almas das

nossas gerações, e a alma de nossa nação inteira. Salvem-na da desolação e do

esquecimento; salvem-na da decadência e degradação; salvem-na da sujidade e maldade,

de cada problema e peste que possa cair em todos os países das nações sem exceção.

“‘Venham à terra de Israel’! Clamaremos com uma alta e terrível voz, com o som do

trovão e uma grande voz, uma voz que agita tempestade e abala os céus e a terra, uma vez

que rasga toda a parede no coração. Corram por vossas vidas e venham para a terra de

Israel. A voz do Senhor nos chama, Sua mão está esticada para nós, Seu espírito está nos

nossos corações, e Ele reúne-nos, encoraja-nos e impele-nos a clamar alto com uma

terrível e poderosa voz: 'Nossos irmãos, filhos de Israel, queridos e amados irmãos,

venham para a terra de Israel. Reúnam-se um a um, não esperem palavras e ordens

formais; não esperem permissões dos reconhecidos. Façam o que puderem, fujam e

reúnam-se, venham para a terra de Israel. Pavimentem o caminho para nossa amada e

oprimida nação. Mostrem-lhe que seu caminho já está pavimentado, esticado perante ela.

Ela não deve repousar, ela não nada que exigir; ela não tem muitos caminhos e rotas. Há

um caminho perante ela, e é este aquele em que ela marchará; é aquele que ela deve

marchar, especificamente para a terra de Israel”. “148

O Rav Kook não estava só na sua preocupação. Na Polônia, um brilhante e jovem dayan

(juiz ortodoxo) em Varsóvia - no tempo da maior e mais proeminente comunidade Judaica

na Europa - Rav Yehuda Ashlag, que mais tarde se tornou um comentador reconhecido

sobre O Livro do Zohar, não se contentou apenas em anunciar publicamente que todos os

Judeus devem fugir da Europa. Ele organizou a compra de 300 cabanas de madeira da

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Suécia e um lugar para eles serem erguidos na Terra de Israel (que era então chamada

"Palestina").

Mas eis que, seu plano foi impedido pela oposição dos líderes da congregação Judia na

Polônia. A consequência trágica do fracasso de Ashlag de trazer seus companheiros

Judeus com ele foi de todos os Judeus que contemplaram vir com Ashlag, somente Ashlag

e sua família eventualmente emigraram. O resto das famílias permaneceu na Polônia e

pereceu no Holocausto.149

Tanto o Rav Kook e Rav Ashlag (Baal HaSulam) exprimiram como eles percebiam a

subida do Nazismo ao poder, e especificamente Hitler. Mantendo em mente que Rav

Kook morreu em 1935, quatro anos antes que 2ª Guerra Mundial irrompesse. Abaixo

estão as palavras editadas de Rav Kook (para as tornar mais amigáveis ao leitor, devido

ao tamanho do texto e seu estilo anacrônico), seguidas das palavras de Baal HaSulam.

O profeta previu um grande Shofar da redenção. [Um Shofar é um chifre de carneiro

usado para o sopro festivo, mas também um clarim]. Oramos especificamente pelo sopro

do grande Shofar. Há vários graus num Shofar da redenção - um grande Shofar, um Shofar

médio e um pequeno Shofar. O Shofar do Messias é considerado o Shofar de Rosh

Hashaná [A Noite de Fim de Ano Judia]. A Halachá [Lei Judaica] distingue entre três

graus no Shofar de Rosh Hashaná: 1) Um Shofar de Rosh Hashaná que é feito de um

chifre de carneiro; 2) Em retrospectiva, todos os Shofarot são kosher, 3) Um Shofar de

uma besta impura, bem como um Shofar de bestas de idolatria de um gentio não-kosher.

Contudo, se um homem soprou tal Shofar, fez o seu dever.

É permitido soprar qualquer Shofar, kosher ou não, desde que um não abençoe sobre ele,

e os graus explicados na lei do Shofar de Rosh Hashaná coincidem com os graus do

Shofar da redenção.

Todavia, o que é um Shofar da redenção? Pelo termo, "Shofar do Messias," referimo-nos

ao despertar e confiança que causam a reanimação e redenção do povo de Israel. É este

despertar que reúne os perdidos e os rejeitados, e os trás para a montanha da santidade

em Jerusalém.

Durante as gerações, houveram aqueles em Israel que sentiram o despertar que deriva do

desejo de fazer a vontade de Deus, que é a redenção completa de Israel [trazer todos de

Israel à qualidade de doação]. Este é o delicado e grande Shofar, o desejo do povo ser

redimido.

Por vezes o desejo esmorece e o zelo pelas noções sublimes da santidade não é tão

fervente. Contudo, a natureza humana saudável permanece, e desencadeia um simples

desejo na nação para estabelecer seu governo na sua terra. Esse desejo natural é o Shofar

médio, comum, que está presente em todo o lugar. Esse, também, é ainda um Shofar

kosher.

Porém, há um terceiro grau ao Shofar do Messias, que independentemente é comparável

ao Shofar de Rosh Hashaná: ele é o Shofar pequeno, não-kosher, que é soprado somente

se um Shofar kosher não puder ser encontrado.

Assim, se o zelo pela santidade e anseio pela redenção que derivam dele desapareceram

por completo, e se o desejo natural nacional por uma vida nacional diminuiu, também, e

nenhum Shofar kosher se encontre pelo qual soprar, os inimigos de Israel vêm e sopram

nos nossos ouvidos pela nossa redenção. Eles forçam-nos a escutar a voz do Shofar; eles

alertam e chocalham nos nossos ouvidos, e não nos dão repouso no exílio.

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52

[Esta parte está citada em completo]. “Assim, o Shofar da besta imunda torna-se o Shofar

do Messias. Amaleque, Petlura [Líder Ucraniano suspeito de ser antissemita], Hitler, e

assim por diante, despertam pela redenção. Aquele que não escutou a voz do primeiro

Shofar, ou a voz do segundo ... pois seus ouvidos estavam bloqueados, escutará a voz do

Shofar impuro, o imundo [não-kosher]. Ele escutará contra sua vontade. ...Embora haja

redenção nesse chicote, também, nos apuros dos Judeus, um não deve abençoar sobre tal

Shofar.150

Baal HaSulam, também, fez várias referências ao Nazismo, incluindo como ele acreditava

que ele podia ser derrubado. Nas suas palavras, “É impossível derrubar o Nazismo senão

através de uma religião de altruísmo. ”151

Tome nota que quando Baal HaSulam fala de "religião de altruísmo," ele não pretende

dizer que devemos realizar certos rituais ou observar condutas particulares.

Em vez disso, com "religião de altruísmo" ele pretende dizer uma que mudou a nossa

natureza para aquela do altruísmo. Ao mesmo tempo, as pessoas escolherão se ficam ou

não nas suas denominações formais, independentemente desta transformação.

Baal HaSulam também disputa a noção de que a Alemanha Nazi fora um evento único na

história. Ele pode ter sido o primeiro, mas ele acreditava que a menos que façamos o que

devemos, ele não será o último. Nas suas palavras, "Acontece que as pessoas pensam

erradamente que o Nazismo é apenas um rebento da Alemanha ... todas as nações são

iguais nisso, e é absolutamente fútil esperar que os Nazis pereçam com a vitória dos

Aliados, pois amanhã os Anglo-Saxões abraçarão o Nazismo”.152

À luz do pico no antissemitismo a nível mundial, seria sábio considerar seriamente as

palavras destes homens sábios. Afinal, podemos ver evidentemente que o antissemitismo

não desapareceu, nem o Nazismo ou o chamamento para se livrarem dos Judeus.

O QUE ELES PRECISAM E O QUE NÓS DAMOS

À face dele, parece que o mundo é ingrato pelas contribuições feitas pelos Judeus para o

benefício da humanidade na ciência, educação, economia, sociologia, psicologia e

virtualmente todo o reino da vida. Contudo, essa ingratidão ostensível deve servir como

indicação que o que estamos a dar não é necessariamente o que eles precisam de nós. Na

realidade, as pessoas realmente reconhecem a singularidade do povo Judeu, mas somos

nós que usamos mal essa singularidade ao dar o que queremos dar, em vez do que eles

querem receber.

Para entender melhor o que o mundo precisa de nós, devemos olhar para alguns dos

documentos mais agudos escritos sobre Judeus. Um grande exemplo de tais documentos

é o infame livro de Henry Ford (fundador da Ford Motor Company), O Judeu

Internacional - O Principal Problema Do Mundo. Enquanto fazendo grosseiras

generalizações, o livro frequentemente estabelece pontos que são vantajosos tomar em

consideração. Para isso, contudo, devemos colocar de parte nossa afronta, e olhar

verdadeiramente para os argumentos de Ford (ênfase em itálico é do editor): “Cada Judeu

devia também saber que em cada igreja Cristã onde as antigas profecias são recebidas e

estudadas, há um grande renascimento do interesse no futuro dos Povos Antigos. Não

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está esquecido que certas promessas foram feitas a eles a respeito de sua posição no

mundo, e é mantido que estas profecias serão concretizadas.

O futuro do Judeu ... está intimamente ligado ao futuro deste planeta, e a igreja Cristã em

ampla parte ... vê um Restauro do Povo Escolhido ainda por vir. Se a massa de Judeus

soubesse quão compreensiva e simpaticamente todas as profecias que lhes dizem respeito

estão a ser estudadas na Igreja, e a fé que existe que estas profecias encontrarão

preenchimento e que elas resultarão em grande serviço Judaico à sociedade como um

todo, eles provavelmente considerariam a Igreja com outra mente. ”153

Inicialmente no livro, Ford escreve, “O inteiro propósito profético em referência a Israel

parece ter a iluminação moral do mundo através de sua agência”. 154 E noutro lugar, ele

acrescenta, “A sociedade tem uma grande reivindicação contra [o Judeu] que ele ...

comece a concretizar [o que], em um sentido, sua exclusividade nunca ainda o permitiu

concretizar - a antiga profecia que através dele todas as nações da terra sejam

abençoadas”.155

John Adams, o segundo Presidente dos Estados Unidos, também comentou sobre o que

ele acreditava que os Judeus haviam dado ao mundo. Nas suas palavras, “Os Hebreus

fizeram mais para civilizar os homens que qualquer outra nação. Se eu fosse um ateu, e

acreditasse em destino cego eterno, deveria ainda assim acreditar que esse destino havia

ordenado os Judeus a serem o instrumento mais essencial para civilizar as nações. Se eu

fosse um ateu de outra seita, que creio, ou finjo acreditar que tudo é ordenado por acaso,

devo acreditar que a chance havia ordenado os Judeus preservassem e propagassem a toda

a humanidade a doutrina de um supremo, inteligente, sábio, todo-poderoso soberano do

universo, que creio ser o grande e essencial princípio de toda a moralidade, e

consequentemente de toda a civilização. ”156

Samuel Langhorne Clemens, melhor conhecido pelo seu pseudónimo, Mark Twain,

reconhece a distinção Judia em todos os reinos de envolvimento humano, mas ele,

também, acaba por ponderar a origem dessa proeminência: “...Se as estatísticas estão

certas, os Judeus constituem apenas um por cento da raça humana. Isso sugere um fosco

e nebuloso sopro de poeira das estrelas perdido na labareda da Via Láctea.

Adequadamente, o Judeu pouco se devia ouvir falar dele, mas ele é escutado, foi escutado.

Ele é tão proeminente no planeta como qualquer outro povo, e sua importância comercial

é extravagantemente fora de proporção com a pequenez de sua massa. Suas contribuições

à lista mundial dos grandes nomes na literatura, ciência, arte, música, finanças, medicina

e aprendizagem confusa são também de longe fora de proporção com a fraqueza de seus

números. Ele combateu maravilhosamente neste mundo, em todas as eras; e o fez com

suas mãos atadas atrás dele. Ele podia ser vaidoso de si mesmo, e ser desculpado disso.

“O Egípcio, o Babilónio e o Persa, preencheram o planeta com som e esplendor, então

esvaeceram em coisas sonhadoras e faleceram; os Gregos e os Romanos se seguiram, e

fizeram amplo alarido, e foram-se. Outros povos nasceram e mantiveram sua tocha alta

por um tempo, mas ela se apagou, e eles já estão sentados no crepúsculo agora, ou

desapareceram. O Judeu os viu a todos, os venceu a todos, e é agora o que sempre foi,

não exibindo decadência, nem enfermidades da idade, enfraquecimento de suas partes,

nem abrandamento de suas energias, ou enfadar de seu alerta e mente agressiva. Todas as

coisas são mortais menos o Judeu; todas as outras forças passam, mas ele permanece.

Qual é o segredo de sua imortalidade”? 157

E finalmente, há aqueles que não reconhecem que os Judeus são especiais no sentido

espiritual, mais que no corpóreo, mas até detalham a essência dessa espiritualidade: união.

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Tal foi o caso do Primeiro Ministro do Reino Unido durante a 2ª Guerra Mundial, Sir

Winston Churchill.

Em Churchill e os Judeus, o autor Martin Gilbert cita Churchill: “Os Judeus foram uma

comunidade sortuda porque eles tinham esse espírito empresário, o espírito de sua raça e

fé. [Churchill] não ... lhes pediria para usar esse espírito em qualquer sentido estreito ou

de clãs, a se isolarem a si mesmos dos outros ... longe de seu humor e intenção, longe dos

conselhos que lhes foram dados por aqueles mais intitulados a aconselhar. Esse poder

pessoal e especial que eles possuíam lhes permitiu trazer vitalidade para suas instituições,

que nada mais traria. [Churchill acreditava sinceramente que] Um Judeu não pode ser um

bom Inglês a menos que ele seja um bom Judeu”. “158

Podemos desta forma ver que o que as nações querem dos Judeus não é excelência em

ciência, finanças, ou qualquer dos outros reinos mencionados nas acima citações. O que

o mundo precisa de nós é espiritualidade, nomeadamente a habilidade de se conectar ao

Criador. Esta é a única coisa que possuímos, e que nenhuma outra nação tem, teve, pode,

ou está destinada a possuir a menos que o reacendamos dentro de nós e o passemos como

uma luz para as nações. Enquanto nos abstivermos de levar a cabo essa missão, as nações

irão amplamente nos considerar dispensáveis, se não diretamente injuriosamente, e

certamente, como Ford afirmou, “O principal problema do mundo.

Em Desuso

Para demonstrar quão dispensáveis o mundo pode pensar que somos, consideremos os

seguintes fatos: Em 1938, Adolf Hitler estava disposto para enviar Judeus Alemães e

Austríacos para quem quer que os quisesse. Ninguém quis. Hitler declarou que ele "só

podia ter esperança e esperar que o outro mundo, que tem tamanha profunda simpatia por

estes criminosos [Judeus], seria pelo menos generoso o suficiente para converter esta

simpatia em ajuda prática. Nós [Alemanha Nazi], da nossa parte, estamos prontos para

colocar todos estes criminosos à disposição destes países, no que me importa, até em

navios de luxo. ”159

E todavia, as nações unanimemente recusaram receber os Judeus. Em Julho de 1938,

representantes de maioria dos países do mundo livre se reuniram em Évian-les-Bains,

uma cidade turística na costa Sul do antigo Lago Léman, na França. Sua meta foi discutir,

e encontrar soluções para o "problema Judeu," nomeadamente os Judeus que desejavam

fugir da Alemanha e Áustria antes que fosse demasiado tarde. Os Judeus Alemães e

Austríacos estavam muito esperançosos com a conferência. Eles acreditavam que os

países participantes genuinamente procurariam ajudá-los e lhes ofereceriam um porto de

abrigo. Eles foram amargamente desiludidos.

Enquanto os delegados da conferência exprimiam empatia pelos apuros dos Judeus sob o

regime Nazi, eles não fizeram compromissos e não ofereceram soluções. Em vez disso

retrataram a conferência como um mero começo, que nunca foi continuado.

Diplomaticamente, os delegados afirmaram que, "A emigração involuntária de pessoas

em grandes números tornou-se tão grande que ela torna os problemas raciais e religiosos

mais agudos, aumenta agitação internacional e pode prejudicar seriamente os processos

do apaziguamento nas relações internacionais. ”160

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Contudo, desde a conferência, convocada pelo Presidente dos Estados Unidos Franklin

D. Roosevelt, reuniu-se sob uma condição prévia que "nenhum país seria forçado a mudar

suas quotas de emigração, mas em vez disso seria pedido a voluntariamente mudar, ”161

para a surpresa de ninguém, as resoluções da conferência ofereceram aos Judeus

desesperados da Alemanha e Áustria pouca esperança.

De acordo com a Yad Vashem, o Centro Mundial para a Pesquisa, Documentação,

Educação e Comemoração sobre o Holocausto, "À medida que a conferência progredia,

delegado após delegado desculpava seu país de aceitar refugiados adicionais. O delegado

dos Estados Unidos, Myron C. Taylor, afirmou que a contribuição do seu país faria a

quota de imigração Alemã e Austríaca, que até a esse tempo havia permanecido por

preencher, totalmente disponível. O delegado Britânico declarou que seus territórios além

mar eram amplamente desadequados para a habitação Europeia, exceto em partes da

África do Leste, que podiam oferecer possibilidades para números limitados. A própria

Bretanha, sendo totalmente habitada e sofrendo de desemprego, também indisponível

para imigração; e ele excluiu a Palestina da discussão em Evian inteiramente.

O delegado francês afirmou que a França havia alcançado 'o ponto extremo de saturação

em respeito à admissão de refugiados.' Os outros países Europeus ecoaram este

sentimento, com variações menores. A Austrália não podia encorajar a imigração de

refugiados porque, 'uma vez que não temos um verdadeiro problema racial, não estamos

desejosos de importar um.' Os delegados da Nova Zelândia, Canadá e as nações Latino-

Americanas citaram a Depressão como a razão pela qual não podiam aceitar refugiados.

Somente a minúscula Republica Dominicana se voluntariou para contribuir amplas áreas

embora não especificadas para a colonização agrícola. ”162

Alguns meses depois da conferência, as portas se haviam fechado e o destino da Judiaria

Europeia estava selado.

ANTI-SEMITISMO DISFARÇADO

Enquanto as atrocidades do Holocausto ajudaram o estabelecimento Judaico em Israel a

ganhar reconhecimento e compaixão, e o Estado Judeu de Israel tivesse sido fundado em

1948, ele fez muito pouco para desenraizar o antissemitismo. Em vez disso, o

antissemitismo adquiriu uma nova forma: “antisionismo”.

Há aqueles que argumentam que o antisionismo difere do antissemitismo. Baal HaSulam,

pelo contrário, afirma que o ódio aos Judeus é precisamente isso, independentemente da

forma que assuma. No seu estilo sucinto e direto, ele escreve, “É um fato de que Israel é

odiada por todas as nações, seja por razões religiosas, razões raciais, razões capitalistas,

razões comunistas, ou razões cosmopolitas. É assim porque o ódio precede todas as

razões, mas cada [pessoa] resolve meramente sua repugnância de acordo com a sua

própria psicologia. ”163

Mas como é frequentemente o caso com os Judeus, nossos melhores advogados vêm de

entre as nações. Cerca de um ano antes da Guerra dos Seis Dias de 1967, o escritor social

americano, Eric Hoffer, a quem foi atribuída a Medalha Presidencial da Liberdade, e em

cuja honra o Prémio Eric Hoffer foi estabelecido, publicou uma carta aberta no Los

Angeles Times. Talvez fosse o fato de Sr. Hoffer não ser Judeu que o permitiu escrever

tão candidamente sobre o estado dos Judeus no mundo.

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“Os Judeus são um povo peculiar”, começa ele. “Coisas permitidas a outras nações são

proibidas aos Judeus. Outras nações expulsam milhares, até milhões de pessoas, e não há

problema de refugiados. A Rússia o fez-, a Polônia e a Checoslováquia fizeram-no. A

Turquia expulsou um milhão de Gregos e a Algéria um milhão de Franceses. A Indonésia

expulsou sabe Deus quantos Chineses e ninguém diz uma palavra sobre refugiados. Mas

no caso de Israel, os Árabes deslocados tornaram-se refugiados eternos. Todos insistem

que Israel deve receber todo e cada Árabe.

“[O historiador Britânico] Arnold Toynbee chama à deslocalização dos Árabes uma

atrocidade maior que qualquer uma cometida pelos Nazis.

“Outras nações, quando vitoriosas no campo de batalha, ditam os termos de paz. Mas

quando Israel é vitoriosa, ela deve pedir pela paz. Todos esperam que os Judeus sejam os

únicos Cristãos verdadeiros neste mundo.

“Outras nações - quando são derrotadas - sobrevivem e recuperam, mas caso Israel fosse

derrotada, ela seria destruída. Tivesse Nasser [Presidente do Egito durante a Guerra dos

Seis Dias de 1967] triunfado em Junho passado ele teria apagado Israel do mapa e

ninguém levantaria um dedo para salvar os Judeus. Nenhum compromisso aos Judeus por

qualquer governo, incluindo o nosso [Governo Americano], vale o papel em que está

escrito.

“Há um grito de revolta por todo o mundo quando morrem pessoas no Vietnam ou quando

dois Negros são executados na Rodésia. Mas quando Hitler assassinou Judeus ninguém

protestou com ele. Os Suecos, que estão prontos para romper relações diplomáticas por

causa do que fizemos no Vietnam, não soltaram um pio quando Hitler matava Judeus.

Eles enviaram à escolha de Hitler minério de ferro e rolamentos de esferas, e serviram às

suas tropas comboios para a Noruega.

“Os Judeus estão sozinhos no mundo. Se Israel sobrevive é somente devido aos esforços

Judaicos, e recursos Judaicos. Todavia neste momento Israel é o nosso único aliado

confiável e incondicional. Podemos contar mais em Israel que Israel pode contar conosco.

E um só tem de imaginar o que aconteceria no verão passado tivessem os Árabes e seus

apoiantes Russos vencido a guerra para perceber quão vital é a sobrevivência de Israel

para a América e para o Ocidente em geral.

“Tenho uma premonição que não me deixará; como for com Israel assim será com todos

nós. Caso Israel pereça o holocausto será sobre nós”. “164

Outro exemplo marcante de simpatia relata desta vez o debate sobre aquele que se opõe

ao Sionismo também se opõe aos Judeus. Abaixo estão as extraordinárias palavras do

Reverendo Martin Luther King Jr., que, numa carta a um amigo, defende os Judeus em

geral, e o estado Judeu em particular, em tamanha eloquência constrangedora que os

Ministros dos Negócios Estrangeiros de Israel só podem invejar.

Aqui está a “Carta a um Amigo Antissionistas” de Martin Luther King: “...Tu declaras,

meu amigo; que não odeias os Judeus, que és meramente 'antissionista.' E eu digo, deixa

que a verdade soe em diante dos altos cumes das montanhas, deixa que ela ecoe através

dos vales da terra verde de D-us: Quando as pessoas criticam o Sionismo, elas querem

dizer Judeus - esta é a verdade própria de D-us.

“Antissemitismo, o ódio do povo Judeu, foi e permanece uma mancha na alma da

humanidade. Nisto estamos completamente de acordo. Então sabe também isto: antis-

sionismo é inerentemente antissemita, e sempre o será.

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“Porque isso? Tu sabes que o sionismo é nada menos que o sonho e ideal do povo Judeu

regressar para viver na sua própria terra. O povo Judeu, as Escrituras contam-nos, em

tempos desfrutavam de uma riqueza comum florescente na Terra Santa. Disto foram

expulsos pelo tirano Romano, os mesmos Romanos que cruelmente assassinaram nosso

Senhor. Empurrados de sua pátria, sua nação em cinzas, forçados a vaguear pelo globo,

o povo Judeu nova e novamente sofreu o chicote de qualquer que fosse o tirano que

governasse sobre eles.

“...Quão fácil seria, que qualquer um que tenha como caro este direito inalienável de toda

a humanidade, de compreender e apoiar o direito do Povo Judeu a viver na sua antiga

Terra de Israel. Todos os homens de boa vontade exultarão a concretização da promessa

de D-us que Seu povo deve regressar em alegria para reconstruir sua saqueada terra. Isto

é sionismo, nada mais, nada menos.

“E o que é antissionismo? É a negação ao povo Judeu um direito fundamental que

justamente reivindicamos para o povo de África e concordamos livremente para todas as

outras nações do mundo. É discriminação contra Judeus, meu amigo, porque eles são

Judeus. Abreviadamente, é antissemitismo.

“O antissemita rejubila em qualquer oportunidade de desafogar esta malícia. Os tempos

tornaram-no impopular, no Ocidente, proclamar abertamente ódio aos Judeus. Sendo este

o caso, o antissemita deve constantemente procurar novas maneiras e fóruns para seu

veneno. Como deve se deve ele deleitar no novo baile de máscaras! Ele não odeia os

Judeus, ele é apenas 'antissionista!'

“Meu amigo, eu não te acuso de antissemitismo intencional. Sei que sentes, tanto quanto

eu, um profundo amor à verdade e justiça e repulsa pelo racismo, preconceito e

discriminação. Mas sei que foste enganado - como outros foram - a pensar que podes ser

'antissionista' e ainda permanecer verdadeiro a aqueles princípios sentidos que tu e eu

partilhamos. Deixa que minhas palavras ecoem nas profundezas de tua alma: Quando as

pessoas criticam o sionismo, elas querem dizer judeus - não te enganes nisso”. 165

Aproximadamente desde a viragem do século, temos testemunhado um aumento no

antissemitismo por todo o mundo. Um relatório executivo emitido pelo Departamento

Estatal dos EUA confirma que "A frequência crescente e severidade de incidentes

antissemitas desde o começo do século XXI ... obrigou a comunidade internacional a se

concentrar no antissemitismo com vigor renovado. ...Em recentes anos, incidentes foram

mais direcionados em natureza com os infratores parecerem ter intenção especifica de

atacar os Judeus e o Judaísmo”. 166

Em alguns casos, há antissemitismo onde não há Judeus de todo! Um relatório intitulado,

"Antissemitismo sem Judeus", pela escritora, editora e fotografa Ruth Ellen Gruber,

detalha a prevalência do antissemitismo na Europa, até onde não há Judeus que se pareça.

De acordo com Gruber, “Foi-me pedido para discutir o fenômeno do 'antissemitismo sem

Judeus' em termos históricos, mas também dentro do contexto do que foi chamado o 'novo

antissemitismo' que se manifestou a si mesmo na Europa - e, certamente, noutro lugar ...

Eu tenho de dizer que não estou realmente confortável com o termo 'novo antissemitismo.'

Como o London Jewish Chronicle o colocou num editorial no ano passado, o

antissemitismo tem o ‘sono leve’, fácil de despertar. É também frequentemente referido

como um vírus, um vírus proteico que, como as viroses causadoras de doenças no corpo

humano, é capaz de se mutar de uma maneira oportunista para derrotar quaisquer defesas

ou anticorpos que possam ser edificados contra ele. Isso foi feito tantas vezes, até em

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países Pós-Holocausto cuja população Judaica é praticamente invisível. E o está a fazer

agora”. 167

Talvez menos surpreendente, mas ainda assim inquietante, é o fenômeno do

antissemitismo formal da Malásia. Em 6 de Outubro de 2012, Robert Fulford do

Canadian National Post, publicou uma história sobre o antissemitismo na Malásia,

afirmando que na Malásia, "Políticos e funcionários públicos devotam uma quantidade

de tempo surpreendente para pensar sobre Israel, a 7,612 km [4730 milhas] de distância.

Por vezes parecem ser obcecados com isso. A Malásia nunca teve uma disputa com Israel,

mas o governo encoraja os cidadãos a odiarem Israel e também a odiarem Judeus se eles

são Israelitas ou não”. 168

“Poucos Malaios puseram olhos num Judeu; a minúscula comunidade Judaica emigrou

há décadas atrás”, escreve Fulford. “Independentemente, a Malásia tornou-se um

exemplo de um fenômeno chamado 'Antissemitismo sem Judeus.' Em passado Março, por

exemplo, o Departamento de Território Federal de Assuntos Islâmicos enviou um sermão

oficial para ser lido em todas as mesquitas, afirmando que 'Muçulmanos devem entender

que os Judeus são o maior inimigo dos Muçulmanos como provado pelo seu

comportamento egoísta e assassinatos realizados por eles’.

“Em Kuala Lumpur, é rotina culpar os Judeus por tudo desde fracassos econômicos à má

imprensa que a Malásia recebe em jornais estrangeiros (‘Mantidos por Judeus’) ”. 169

Evidentemente, até o Holocausto não mudou as mentes das pessoas em relação aos

Judeus. Como escrevi no Prefácio a este livro, "desde a virada do século, o antissemitismo

tem aumentado uma vez mais, desta vez por todo o mundo. O espectro do ódio aos Judeus

enraizou-se mundialmente”. A simpatia que tivemos após a 2ª Guerra Mundial foi

evidentemente de pouca duração, e agora uma nova onda, ainda mais ampla que sempre

de antissemitismo está aumentando.

No Capítulo 2 citamos as palavras de Rabi Nathan Shapiro: “Há quatro forças no homem

- imóvel, vegetativo, animal e falante - e Israel têm ainda outra quinta parte, pois eles são

o Divino falante”.170 Se mantivermos em mente que a meta da criação é que todos

alcancem o último grau, que somente Israel tem, e que Abraão havia pretendido dar a

todos os seus conterrâneos Babilônios, veremos que o que precisamos dar ao mundo é

uma coisa muito simples - a qualidade de doação, incorporada na máxima, "Ama teu

próximo como a ti mesmo”. Quando o egoísmo prospera pelo mundo, esta qualidade é o

único remédio que consegue compensar uma colisão global de proporções sem

precedentes.

Os Judeus, desta forma, devem reacender esse traço dentro deles enquanto indivíduos e

enquanto nação e conduzir o caminho para o todo da humanidade. Certamente, adquirir

a qualidade de doação é comparável à revelação do Criador através de equivalência de

forma. Lamentavelmente, como o próximo capítulo demonstrara, frequentemente

tentamos evitar essa missão, seja porque não estamos conscientes disso, ou porque não

temos desejo por isso. Assim, em vez de abraçar nossa vocação e pavimentar o caminho

para a luz para toda humanidade, tentamos nos assimilar a nós mesmos até à extinção e

ser como todas as outras nações.

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CAPÍTULO 7

Sinos Misturados

Ser Judeu, ou Não Ser Judeu.

Eis A Questão!

Uma das mais importantes orações em Yom Kipur (Dia do Perdão) é conhecida como o

Maftir Yoná (Jonas)171, durante a qual o inteiro livro de Jonas é lido. A história do profeta

Jonas simboliza mais que alguma coisa a ambivalência que o nosso povo sente para com

o seu papel no mundo.

Reconhecidamente, não é uma tarefa agradável ser uma coisa desanimadora eternamente.

Até com nossa própria nação, os profetas raramente tinham uma vida fácil ou eram

tratados com gratidão por nos salvarem da calamidade e aflição. Todavia, os profetas

sempre levaram a cabo suas tarefas. Eles eram impelidos a fazer pelo pavor do tormento

que inversamente cairia sob seus confiantes irmãos, então eles não podiam ficar quietos.

Jonas tentou ao seu máximo evitar sua missão. Ele escondeu sua identidade como Hebreu

e entrou a bordo de um navio que velejou para Tarshish, longe de Ninevê, onde o Criador

lhe havia dito profetizar. Mas como sabemos, o Criador o encontrou no navio e os

marinheiros descobriram sua identidade e o jogaram pela borda fora, onde ele foi

atormentado nas entranhas de um peixe. Finalmente, ele se arrependeu (orando das

entranhas do peixe), ele foi para Ninevê e profetizou. Graças ao arrependimento de Jonas,

os residentes de Ninevê aprenderam sobre a correção necessária deles, a executaram, a

cidade foi poupada e seu povo foi perdoado.

Curiosamente, Ninevê não era uma cidade Hebraica. Ela era a cidade mais populosa no

Império Assírio e um eixo de comércio próspero. Todavia, o Senhor ordenou Jonas a

profetizar para eles para que melhorassem suas maneiras e evitassem a aflição. Isto,

novamente, indica o caminho da correção e que a realização do Criador não era destinada

somente aos Judeus, mas para toda a humanidade. Quão simbólico é que leiamos esta

história no dia mais Judaico do ano - Yom Kipur, O Dia do Perdão.

Assim, a história de Jonas resume o dilema do povo Judeu durante as gerações. Por um

lado, somos o povo escolhido, destinado a demonstrar o caminho para a luz à todas as

nações. Por outro lado, insistente e infrutuosamente tentamos evitar o nosso destino

porque a mensagem de responsabilidade mútua e união é desagradável ao ego do ouvinte,

uma vez que todos nós nascemos egocêntricos e queremos permanecer dessa maneira.

Quando os Judeus regressaram do exílio em Babel para construir o Segundo Templo,

aqueles que ficaram para trás se assimilaram tanto entre suas nações anfitriãs que

desapareceram inteiramente. A The Jewish Encyclopedia (Enciclopédia Judaica)172

escreve que assim que libertos do cativeiro na Babilônia, os Judeus gradualmente se

espalharam para a Síria, Egito e Grécia - principalmente como escravos, mas algo

desadequados, então não tiveram problemas em serem resgatados e libertos.

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“Além do mais”, informa a The Jewish Encyclopedia, “devendo a solidariedade próxima,

que é uns dos traços duradouros da raça Judia, eles não tiveram dificuldade em encontrar

correligionários dispostos a pagar a quantia de seu resgate”. 173 Contudo, continua a

enciclopédia, “Os Judeus então libertos, em vez de regressarem à Palestina,

frequentemente permaneceram na terra de sua anterior escravatura, e lá, em conjunto com

seus irmãos de fé, estabeleceram comunidades. De acordo com o antigo testemunho de

Filo (Legatio ad Caium, §23), a comunidade Judaica em Roma devia sua origem aos

prisioneiros de guerra libertos”. 174 A partir de Roma, os Judeus continuaram a se

espalhar pelo resto da Europa.

Assim que liberada da Babilônia, contudo, a minoria dos Hebreus que não regressou à

Terra de Israel se tornou o que hoje é conhecido como "o povo Judeu”. Depois da ruína

do Segundo Templo, eles, também, se desejaram assimilar. Todavia, ao contrário de seus

anteriores irmãos, os Judeus que foram exilados de Jerusalém e da Judeia nunca lhes foi

permitido pelas nações se misturarem até ao ponto do desaparecimento. Tivesse isso

acontecido, o propósito para o qual os Judeus existem, nomeadamente a revelação do

Criador ao resto das nações, teria sido derrotado.

Talvez seja isto porquê notáveis historiadores e teólogos escreveram palavras

semelhantes a aquelas do Professor Emérito de Judaísmo na Universidade de Gales, Dan

Cohn-Sherbok: “O paradoxo da vida Judaica é que o ódio e a sobrevivência Judaica têm

estado inter-relacionados durante milhares de anos, e sem antissemitismo, podíamos estar

condenados à extinção”. 175

Certamente, apesar de frequentes tentativas de misturar e assimilar, somos sempre

recordados de nossa herança e ou somos duramente conduzidos de volta ao Judaísmo, ou

permanecemos como exilados nas nossas novas religiões. Hoje, muitos Judeus ainda

tentam assimilar nas suas culturas anfitriãs, mas por todo o sucesso aparente em alguns

países, a história demonstra que isso nunca teve sucesso, e a tarefa Judaica manda que

nunca tenha.

Exemplos particularmente notáveis de assimilação e rejeição Judia tomaram lugar na

Espanha dos séculos XIV e XV, e na Alemanha, antes e durante a 2ª Guerra Mundial e o

Holocausto, resultando no extermínio de virtualmente a inteira Judiaria Europeia. Embora

muito tenha sido dito e escrito sobre essas duas épocas da história Judaica, é vantajoso

notar algumas similaridades que podem apontar para uma tendência repetitiva que

podemos usar como augúrio. Corresponderemos a esses dois períodos um de cada vez, e

concluiremos com reflexões sobre a Judiaria mais proeminente fora de Israel - a dos

Estados Unidos.

ESPANHA, A TRÁGICA HISTÓRIA DE AMOR

Josefus Flavius escreveu do caloroso acolhimento com o qual os expatriados foram

recebidos na Síria e Antíoco depois de sua expulsão pelos Romanos. Os Judeus foram

"muito misturados," ele escreveu, e viveram "com a tranquilidade mais imperturbável".

176 Ele também escreveu sobre como o Imperador Romano, Titus Flavius, “os expulsou

de toda a Síria”. 177 Nas Antiguidades dos Judeus, ele citou o geógrafo Grego Strabo

dizendo, “Este povo já fez seu caminho para toda a cidade, e não é fácil encontrar qualquer

lugar no mundo habitável que não tenha recebido esta nação e que não tenha feito seu

poder sentido”.178

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A maneira vacilante na qual os Judeus foram inicialmente calorosamente acolhidos, então

rejeitados, então repelidos uma vez mais, se não por completo destruídos, se repetiu

numerosas vezes desde a ruína do Primeiro Templo.179

Tal como salientado acima, os Judeus exilados do Primeiro Templo que escolhem se

espalhar da Babilônia, assim que lhes foi dada liberdade, conseguiram se assimilar ao

ponto do desaparecimento.

Contudo, muitos, se não a maioria dos Judeus que foram exilados depois da ruína do

Segundo Templo são ainda reconhecidos como tais, pelo menos por herança se não por

algum nível de prática. Houveram muitas tentativas de converter os Judeus ao Islamismo

ou Cristianismo, e eles frequentemente o desejaram fazer, e ativamente tentaram se

converter. E todavia, na maioria, essas tentativas ou falharam ou foram somente

marginalmente bem sucedidas.

O Professor e investigador de História Judaica na Universidade de Wisconsin, Norman

Roth, detalha tanto as tentativas massivas dos Judeus se converterem, e as consequências

trágicas que resultaram dessas tentativas. Em Judeus, Visigodos, e Muçulmanos na

Espanha Medieval: cooperação e conflito, ele escreve, “Nos séculos catorze e quinze,

milhares de Judeus se converteram, principalmente por sua própria livre vontade e não

sob qualquer dureza, ao Cristianismo. O papel destes conversos [Judeus que se

converteram ao Cristianismo] na sociedade conduziu a feroz hostilidade contra eles no

século quinze, finalmente resultando em verdadeiro estado de guerra. O antissemitismo

racial, emergiu pela primeira vez na história de uma larga escala e os estatutos de limpeza

de sangre [pureza de sangue] foram erguidos [distinguindo os Velhos Cristãos puros

daqueles com antepassados Muçulmanos ou Judeus].

Finalmente, a Inquisição foi reanimada entre falsas acusações da 'insinceridade' dos

conversos, e muitos foram queimados. Nada disto, contudo, teve alguma coisa a ver com

os Judeus, que na maioria continuaram suas vidas, e suas relações normais com os

Cristãos, como anteriormente. ”180

Certamente, não só os Judeus que mantiveram sua fé não foram prejudicados, mas eles

até nutriam um laço único com os seus anfitriões Espanhóis. De acordo com Roth, “Tão

invulgar, se pode dizer única, era a natureza desse relacionamento [entre Judeus e

Cristãos] que um termo especial é usado que não tem tradução precisa noutras línguas,

convivência [dificilmente significando, "viver juntos em afinidade"]. Na verdade, a

verdadeira extensão de convivência na Espanha medieval Cristã não havia sido totalmente

revelada”. 181

O estudo de Roth salienta que enquanto os Judeus permaneciam leais a sua herança e não

se tentavam assimilar em culturas estrangeiras, eles eram bem-vindos para permanecer,

ou era pelo menos deixados em paz. E especificamente na Espanha, em tempos o calor e

intensidade do relacionamento verdadeiramente se assemelhava a uma história de amor,

completa com todas as provações e tribulações que as grandes histórias de amor exibem.

Contudo, quando os Judeus se tentavam misturar com outras nações e se tornarem como

elas, essas nações os rejeitariam e os forçariam de volta ao Judaísmo, ou os forçariam a

converter, mas de uma maneira depreciativa e coagida.

Jane S. Gerber, uma especialista na história Sefardita na Universidade da Cidade de Nova

Iorque, eloquentemente detalha a extensão à qual os Judeus conversos Espanhóis se

imergiam a si mesmos na vida cultural e secular Espanhola (ênfases são do editor).

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“Profundamente enraizados na península ibérica desde a aurora da sua dispersão”, escreve

Gerber, “estes Judeus ferventemente nutriam um amor pela Espanha e sentiam uma

profunda lealdade à sua língua, regiões e tradições (...) De fato, Espanha havia sido

considerada uma segunda Jerusalém.

“Quando o decreto de expulsão de Rei Fernando e Rainha Isabel foi promulgado para 31

de Março, [1492] ordenando que os 300.000 Judeus de Espanha partissem dentro de

quatro meses, os Sefarditas reagiram com choque e descrença. Seguramente, eles

sentiram, a proeminência de seu povo de todos os caminhos da vida, a clara longevidade

de suas comunidades (...) e a presença de tantos Judeus e Cristãos de linhagem Judia

(conversos) nos círculos internos da corte, municipalidades e até a igreja Católica

forneceria proteção e evitaria o decreto.

“...Judeus Espanhóis eram especialmente orgulhosos da sua longa linha de poetas, cujas

... canções continuaram a ser recitadas. Seus filósofos foram influentes até entre os

acadêmicos do Ocidente, seus gramáticos inovadores ganharam um lugar duradouro

como pioneiros da língua Hebraica, e seus matemáticos, cientistas e inumeráveis físicos

haviam ganho aclamação. A desenvoltura e serviço público dos diplomatas Sefarditas

também preencheu os anais de muitos reinos Muçulmanos. Na realidade, eles não só

residiam em Espanha; eles haviam coexistido lado a lado com Muçulmanos e Cristãos,

levando a noção de viverem juntos (la convivencia) com absoluta seriedade.

“A experiência dos Sefarditas levanta o problema da aculturação e assimilação como

nenhuma outra comunidade Judaica o fez. Durante muitos séculos, a civilização Judia

pediu emprestado livremente da cultura circundante Muçulmana. ...Quando perseguições

sobrecarregaram os Sefarditas em 1391 e lhes foi oferecida a escolha da conversão ou a

morte, os números de convertidos excederam o número considerável de mártires. A

própria novidade desta conversão em massa, única à experiência Judia, induziu

acadêmicos a procurar causalidade no elevado grau de aculturação alcançada pelos

Sefarditas”. 182

E todavia, não foi a aculturação que causou os Espanhóis a se voltarem contra os Judeus.

Foi na realidade o abandono dos Judeus da coesão social e garantia mútua, traços que

haviam (na maioria) lhes ganho a estima inconsciente das suas nações anfitriãs.

“Comentadores medievais especialmente”, continua Gerber, “gostavam de colocar a

culpa pelo rompimento da disciplina comunal sobre a aculturação Judia, e alguns dos

maiores historiadores Judaicos modernos, tais como Itzhak Baer, citaram em acréscimo

o impacto corrosivo da filosofia averroísta e o cinismo da classe Judia assimilada cortesã.

Mas na onda das conversões massivas e os agudos conflitos comunais, não foram somente

os filósofos que sucumbiram na face da perseguição”. 183 Em vez disso, a comunidade

inteira sofreu.

Assim, conscientes ou não, os Judeus foram afligidos, e foram eventualmente expulsos

da Espanha porque se haviam tornado demasiado desunidos, esquecendo os poderes e o

benefício que a união lhes pode trazer, e que nossos sábios ensinaram a nossos

antepassados durante gerações. O Livro do Zohar escreve sobre a panaceia da união:

“Porque eles são de um coração e uma mente ... eles não falharão ao fazer o que lhes é

intencionado fazer, e não há ninguém que os possa impedir”. 184

Mas O Livro do Zohar, que ressurgiu em Espanha praticamente alguns séculos antes da

expulsão, não podia salvar os Judeus. Eles eram estavam simplesmente demasiado

espiritual e culturalmente assimilados para se unirem e levarem a cabo seu intencionado

papel de serem uma luz para as nações. E uma vez que não ajustaram seu curso por sua

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própria vontade, a Lei da Doação da Natureza, o Criador, o fez através das suas

imediações, os Cristãos Espanhóis, a quem os Judeus admiravam.

O classicista Inglês, escritor e professor na Universidade de Cambridge, Michael Grant,

observou a incapacidade dos Judeus de se misturarem: “Os Judeus provaram-se não

assimilados, mas inassimiláveis. …A demonstração que isto era assim provou um dos

pontos de mudança mais significativos na história Grega, devendo a influência gigantesca

exercida durante as eras subsequentes à sua religião, que não só sobreviveu intacta, mas

subsequentemente deu à luz o Cristianismo”. 185

Similarmente, o bispo do século XVIII, Thomas Newton, escreveu sobre os Judeus: “A

preservação dos Judeus é realmente um dos atos mais sinalizadores e ilustres da

Providência divina… e o quê senão um poder sobrenatural teria os preservando de tal

maneira como nenhuma outra nação sobre a terra havia sido preservada. Nem é a

providência de Deus menos marcante com a destruição de seus inimigos, que na sua

preservação… Nós vemos que os grandes impérios, que por sua vez subjugaram e

oprimiram o povo de Deus, todos chegaram à ruína… E se tal foi o fim fatal dos inimigos

e opressores dos Judeus, que sirva de aviso a todos aqueles, que em qualquer tempo ou

sobre qualquer ocasião sejam a favor de levantar um clamor e perseguição contra eles”.

186

Porque, como mencionado no Capítulo 4, os Judeus representam no nosso mundo a parte

da alma de Adam que alcançou união de corações e assim conexão com o Criador, e

porque seu papel espiritual é o de espalhar essa união e conexão resultante ao resto das

nações, as nações rejeitam as tentativas dos Judeus tentarem se parecer a elas. Não é um

ato de escolha consciente, mas um impulso compulsivo que vem sobre elas do próprio

pensamento da Criação. Isto só raramente chega à superfície da consciência dos

perpetradores de aflição, mas eles executam-no infalivelmente.

Um incidente marcante do pensamento da Criação a surgir na consciência do perpetrador

tomou lugar numa fadada e trágica noite em 1492. Em O Judeu no Mundo Medieval: Um

Livro de Estudo: 315-1791, o acadêmico de história Judia, Rabi Jacob Rader Marcus

detalha os eventos que ele descobriu que haviam tomado lugar. “O acordo os permitindo

[Judeus] a permanecer no país [Espanha] sobre o pagamento de uma grande soma de

dinheiro era praticamente completado quando era frustrado pela interferência de um prior

que era chamado o Prior de Santa Cruz. [Lenda relata que Torquemada, Prior do convento

de Santa Cruz, trovoou, com crucifixo em cima, o Rei e a Rainha: ‘Judas Iscariotes

vendeu seu mestre por trinta peças de prata. Sua Alteza o venderia novamente por trinta

mil. Aqui está ele, leve-o, e leiloe-o para longe’] ”. 187 O que aconteceu a seguir ilustra

que o que quer que aconteça, os Judeus estão obrigados a serem o que são, e fazerem o

que devem. “Então a Rainha deu uma resposta aos representantes dos Judeus, semelhante

ao dizer do Rei Salomão [Provérbios 21:1]: ‘O coração do rei está na terra do Senhor,

como os rios de água. Ele tornava-a no que quer que Ele quisesse’. Ela adiantou:

‘Acreditais que isto vem sobre vós de nós? O Senhor havia colocado esta coisa no coração

do rei’. ”188

Certamente, os Judeus foram expulsos não só por terem deixado de ter valor econômico

aos Espanhóis. Os Judeus haviam sido reconhecidos como um bem econômico durante

séculos. Na realidade, quando foram forçados para fora de Espanha, muitos deles fugiram

para a Turquia, que os acolheu precisamente devido a sua contribuição para a economia

de seu país anfitrião. Correspondentemente, o Sultão Otomano, Bayezid II, estava tão

deleitado com a expulsão dos Judeus de Espanha e sua chegada à Turquia que é relatado

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que ele "sarcasticamente agradeceu a Fernando por lhe enviar alguns dos seus melhores

súditos, assim empobrecendo suas próprias terras enquanto enriquecendo as suas (de

Bayezid) ”.189 Outra fonte relata que “quando o Rei Fernando que expeliu os Judeus de

Espanha foi mencionado na sua presença [de Bayezid], ele disse: ‘Como podeis

considerar o Rei Fernando um sábio governante quando ele empobreceu sua própria terra

e enriqueceu a nossa?’”190

Nova e novamente, descobrimos que não é a nossa astúcia que nos concede o favor da

nação. Em vez disso, é nossa união, pois a nossa união projeta sobre eles a luz, ou em vez

disso o deleite que eles supostamente receberiam através de nós no pensamento da

Criação. Nas palavras do escritor e pensador, Rabi Hillel Tzaitlin, “Se Israel é o

verdadeiro redentor do mundo inteiro, deve primeiro redimir sua própria alma ... Mas

como redimirá sua alma? ...Irá a nação, que está em ruínas tanto em matéria e em espírito,

se tornar uma nação feita inteiramente de redentores? ...Para esse propósito, desejo

estabelecer com este livro a 'união de Israel’ ... Se fundada, a unificação de indivíduos

será pelo propósito da ascensão interior e uma invocação para correções para todos os

males da nação e do mundo”. 191

Certamente, até se clamarmos todo o Prémio Nobel daqui até ao Juízo Final, por todos os

benefícios que as concretizações cientificas trazem à humanidade, não ganharemos

crédito mas aversão. Podemos produzir os melhores físicos, os mais ilustres economistas,

os mais brilhantes cientistas, e os mais inovadores empresários, mas até que produzamos

a luz, o poder que suscitamos através da união, as nações nunca nos aceitarão, e nós nunca

justificaremos nossa existência neste planeta.

ALEMANHA NAZI: HORROR PARA ALÉM DAS PALAVRAS

Como salientado anteriormente no capítulo, outro exemplo notável da assimilação e

rejeição Judia tomou lugar na Alemanha, precedendo e durante a 2ª Guerra Mundial. As

consequências horrendas do desdobrar que tomou lugar na Alemanha foram

cuidadosamente discutidas e analisadas, e não há muito a acrescentar sobre o que tomou

lugar. O que devemos salientar, contudo, é a repetição dos culpados que afetaram a

Inquisição Espanhola e derradeira expulsão da Espanha.

Historicamente, a Judiaria Alemã não desfrutou da liberdade e afinidade com que seus

ducados anfitriões e alemães e cidades como fizeram os Judeus na Espanha. Em vez disso,

durante séculos eles vagueariam de cidade em cidade, residindo onde permitido, sempre

sob duras restrições e discriminação, e por vezes, tais como durante as Cruzadas, sofrendo

perseguição, expulsão e até massacres.

E todavia, começando do século XVI, em tandem com o Renascimento, os Judeus na

Alemanha desfrutaram de paz relativa. Enquanto não receberam estatuto igual ou

cidadania de suas cidades anfitriãs ou ducados, foram deixados para conduzir suas

próprias vidas relativamente ininterruptamente e separados do resto da sociedade Alemã.

“Por trás de suas paredes do gueto”, escreve Sol Scharfstein em Compreender a História

Judaica: Do Renascimento ao Século XXI, “seguindo suas próprias tradições e seu

próprio modo de vida, os Judeus enfrentavam as tempestades dos séculos que seguiram,

as contendas entre Cristãos, entre igrejas e príncipes, e as guerras e revoluções

desencadeadas pelas novas condições e novas ideias.

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“... [o Papa] João Paulo IV argumentou que era tolo que os Cristãos fossem amigos de

um povo que não havia aceito Cristo como seu salvador. Numa bula papal ele decretou

que Judeus que viviam em áreas controladas pela igreja fossem confinados aos guetos.

Eles seriam permitidos abandonar o gueto durante o dia para ir trabalhar, mas proibidos

de estar fora nos outros tempos. Os portões do gueto seriam fechados à noite e em feriados

Cristãos”, e os portões foram “...guardados por vigilantes não-Judeus que controlavam a

entrada e saída daqueles aprisionados lá dentro”. 192

Mas contrária à crença popular, inicialmente os guetos Judeus não eram obrigatórios. Isso

veio mais tarde, assim que os Judeus já estavam concentrados nas suas áreas de

residência. O reconhecido historiador, Salo Wittmayer Baron, escreveu que “Os Judeus

tinham menos deveres e mais direitos que a grande massa da população. ...Eles podiam

mover-se livremente de lugar para lugar com algumas exceções, podiam casar com quem

quer que quisessem, tinham seus próprios tribunais e eram julgados de acordo com suas

próprias leis. Até em casos misturados com não-Judeus, não no tribunal local mas

frequentemente um juiz especial nomeado pelo rei ou certo alto oficial tinha

competência”. 193

Algumas páginas mais tarde, continua Prof. Wittmayer Baron, “...A comunidade Judaica

desfrutava de completa autonomia interna. Complexa, isolada, num sentido estranha, foi

deixada mais severamente sozinha pelo Estado que maioria das empresas. Assim, a

comunidade Judia dos dias pré-Revolucionários tinha mais competência sobre seus

membros que o Estado Federal moderno, e os governos Municipais combinados

[relevante para 1928, ano da publicação]. Educação, administração da justiça entre Judeu

e Judeu, taxação para propósitos comunitários, saúde, mercados, ordem pública, estavam

todos dentro da jurisdição da comunidade-empresa, e em acréscimo, a comunidade Judia

era o manancial do trabalho social de uma qualidade geralmente superior ao de fora da

Judiaria.

“...Uma fase desta existência empresarial geralmente considerada pela Judiaria

emancipada como um mal não mitigado era o Gueto. Mas não deve ser esquecido que o

Gueto cresceu voluntariamente como resultado da autogovernação Judia, e que foi

somente num desenvolvimento tardio que a lei pública interferiu e tornou-o uma

obrigação legal que todos os Judeus vivessem num distrito isolado”. 194

Assim, dependendo uns dos outros para sua subsistência, os Judeus se aproximaram,

cultivaram sua própria literatura e viviam modesta e piamente. Novamente, vemos que

quando os Judeus se unem, eles estão desarmados. E novamente, vemos que quando

coesão e união não são as escolhas dos Judeus na vida, circunstâncias o impõem sobre

eles do exterior. Embora coagida, é sempre união que os mantém seguros.

E todavia, apesar da segurança fornecida pela união, e o fato de que os Judeus, como Prof.

Grant anotou, são "inassimiláveis," assim que a porta abre e os Judeus recebem permissão

ao exterior, eles começam a se misturar da mesma maneira que trouxe sobre eles a

calamidade na Espanha - assimilação cultural, e, pior ainda, assimilação religiosa. De

algum modo, sempre parecemos esquecer as palavras de nossos sábios, que repetidamente

afirmam, “Quando eles [Israel] são como um homem com um coração, eles são como um

muro fortificado contra as forças do mal”. 195 Certamente, como demonstramos através

deste livro, a negligência da união foi o que causou a ruína do Templo e a dispersão do

povo da sua terra, e certamente toda a calamidade que atingiu os Judeus desde então.

À medida que a emancipação Judia progrediu e os Judeus Alemães foram permitidos na

sociedade Alemã Cristã, eles gradualmente se tornaram distantes de suas raízes

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espirituais. Perto do final do século XVIII, eles estavam tão dispostos a ser admitidos na

sociedade Cristão que virtualmente fariam tudo para ser aceitos. Assim, de acordo com

os professores em cultura e história Judaica, Steven J. Zipperstein da Universidade de

Stanford University e Jonathan Frankel da Universidade Hebraica de Jerusalém, em 1799,

só alguns anos depois do começo da emancipação Judaica, David Friedlander, um dos

líderes mais proeminentes da comunidade Judaica, foi tão longe ao sugerir que os Judeus

de Berlim se converteriam ao Cristianismo em massa.196

Mas sequer sem converterem, os Judeus Alemães estavam dispostos a abdicar de tudo o

que os seus antepassados tinham como sagrado. "Em prol de provar a lealdade absoluta

dos Judeus ao estado e país," escreve Zipperstein e Frankel mais tarde no seu livro, "[os

Judeus] estavam prontos para remover do livro de orações qualquer referência à antiga

esperança de um regresso à antiga pátria na Palestina e interpretar a dispersão dos Judeus

pelo mundo não como Exílio mas como um valor positivo, como um modo para os Judeus

transportarem a mensagem da ética monoteísta a toda a humanidade, como uma missão

divinamente ordenada.

Assim, o movimento Reformista tornou possível afirmar que os Judeus constituíam uma

comunidade rigidamente religiosa despojada de todos os atributos nacionais, que eram

Alemães (ou Polacos ou Franceses, como pode ser o caso) do 'Mosaico da persuasão.'

Deste modo, o Judaísmo reformista tornou-se o símbolo, como ele foi, de uma prontidão

para comerciar crenças da antiguidade em troca de igualdade civil e aceitação social”.197

A abdicação da conexão dos Judeus a Sião, a terra de Israel e o desejo pelo Criador - a

Lei da Doação, simboliza mais que qualquer outra coisa a extensão à qual os Judeus

Alemães haviam se alienado da sua herança. Como vimos muitas vezes, e como

aprendemos dos ensinamentos dos nossos sábios durante a história, assim que os Judeus

abandonam voluntariamente o seu papel, eles são forçados de volta a ele pelas próprias

nações dentro das quais eles almejam se misturar. Acontece que, os Judeus Alemães não

sabiam deste fato. Eles estavam em exílio, banidos da qualidade de doação e esquecidos

da sua tarefa. Eles foram ignorantes no seu erro que no minuto em que trocaram coesão

pela aceitação da sociedade geral, colocavam seu futuro e o futuro de seus filhos no

caminho danoso. Embora ninguém pudesse prever a magnitude do horror que cairia sobre

eles, o caminho para ele havia sido pavimentado, e sua conduta continuou a sustentá-lo.

Desde aproximadamente 1780 até 1869, apesar de vários atrasos, o avanço gradual da

emancipação Judaica tomou lugar. Eventualmente, "A lei da igualdade foi passada pelo

Parlamento na Confederação da Alemanha do Norte em 3 de Julho, 1869. Com a extensão

desta lei aos estados unidos dentro do Império Alemão, a luta dos Judeus Alemães pela

emancipação alcançou o sucesso”. 198

Mas o preço do sucesso foi o completo abandono de tudo o que havia mantido os Judeus

juntos. De acordo com Werner Eugen Mosse, Professor Emérito de História Europeia na

Universidade de Anglia do Leste, “Em 1843, a primeira sociedade de Reformismo radical

- rejeitando circuncisão e evocando a mudança do Shabat Judaico para o Domingo - veio

à existência em. ...Nas duas ou três décadas seguintes, o movimento religioso de

Reformismo reestruturaria o serviço religioso na maioria das grandes comunidades e

desenvolveria o movimento religioso Liberal que dominou a Judiaria Alemã do século

vinte.

“...A pressão de integração social na sociedade geral conduziu muitos a abandonar

práticas que eles sentiam que levantavam uma barreira contra as relações sociais (por ex.

as leis dietéticas), enquanto a necessidade de ser economicamente competitivo forçou

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muitos a fazer negócios no sábado, o Shabat Judaico. Em acréscimo, muitos Judeus

aculturados se encontraram a si mesmos repelidos pelo serviço tradicional Judaico por

razões estéticas”. 199

“Outro aspecto do Reformismo proximamente ligada à educação”, continua o Prof. Eugen

Mosse, “foi a nova cerimónia da confirmação. Esta cerimónia, baseada em modelos

Cristãos, destinava-se a suplementar (ou mais raramente, substituir) o tradicional bar

Mitzvá. Tantas meninas como meninos, ao se formarem na escola religiosa, lhes era dada

uma prova oral pública sobre as bases da religião Judaica e eram então abençoados pelo

rabino e formalmente introduzidos ao Judaísmo”. 200

Assim, tal como aconteceu na Espanha alguns quatro séculos antes, os Judeus

Reformistas estavam com efeito se tornando “conversos Ashkenazi”. De acordo com

Donald L. Niewyk, Professor Emérito de História na SMU, “A vasta maioria dos Judeus

era apaixonadamente comprometido ao bem-estar da sua única Pátria, a Alemanha”. 201

E tal como aconteceu na Espanha, quando a maré começou a se virar contra os Judeus, e

o antissemitismo começa a aumentar na República de Weimar da Alemanha, os Judeus

foram alegremente esquecidos aos alarmes soantes. “Nem uns poucos viram o

antissemitismo como um benefício positivo que podia impedir os Judeus da gradual

amalgamação com a sociedade maior e derradeiro desaparecimento como um grupo

religioso distinto,” narra o Prof. Niewyk.202 Sem reparar que deixar as nações nos

mantem juntos em vez de o fazermos nós mesmos traz inimagináveis consequências, Dr.

Kurt Fleischer, o líder dos Liberais na Assembleia da Comunidade Judaica de Berlim,

argumentou em 1929 que “Antissemitismo é o flagelo que Deus nos enviou em prol de

nos conduzir juntos e nos manter juntos”.203 Isto, novamente, prova certas as

anteriormente citadas palavras do Prof. Cohn-Sherbok: “O paradoxo da vida Judaica é

que ... sem antissemitismo, podemos estar condenados à extinção”.204

Certamente, quão tragicamente todas elas são. Como acabou por ser, Hitler, também,

pensou que o Criador usava os Nazis para fazer a Sua obra. Em Mein Kampf, ele escreveu

palavras semelhantes à afirmação mencionada acima de Isabel, rainha da Espanha, sobre

o Senhor punir os Judeus através do rei: “A Natureza Eterna inexoravelmente vinga a

infracção dos seus mandamentos. Assim hoje acredito que estou agindo de acordo com a

vontade do Todo-Poderoso Criador: ao defender a mim mesmo contra o Judeu, estou

lutando pela obra do Senhor”. 205

Uma vez que o Criador é a qualidade do amor e doação, o surgimento dos Judeus dos

guetos expôs seu exílio dessa qualidade. Consequentemente, em vez de trazer

solidariedade e responsabilidade mútua a suas sociedades anfitriãs, eles espalhavam

egoísmo, que é ruinoso a qualquer sociedade, e desta forma foram encontrados com

intolerância e repulsa pouco depois da sua aceitação. O filósofo e antropólogo Alemão,

Ludwig Feuerbach, liga os Judeus ao egoísmo da seguinte maneira: “Os Judeus foram

mantidos na sua peculiaridade até este dia. Seu princípio, seu Deus, é o princípio mais

prático no mundo - nomeadamente egoísmo. E além do mais, egoísmo na forma de

religião. Egoísmo é o Deus que não deixa seus servos chegarem à vergonha. Egoísmo é

essencialmente monoteísta, pois ele só tem um, único eu, como o seu fim”. 206

Certamente, quem acolheria tamanha ameaça para a sociedade? É precisamente esse

egoísmo que causa que toda e cada nação dentro da qual vivemos a repensar, e

eventualmente se arrepender e repelir sua abertura.

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Como Um Feixe de Juncos

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A única coisa que tornou os judeus únicos e poderosos nos tempos antigos foi sua união,

seu altruísmo, e como demonstramos, essa foi a única coisa que Abraão e Moisés

desejavam dar ao mundo. Inicialmente as nações acolhem-nos no seu meio,

subconscientemente esperando que partilhemos com elas essa qualidade. Mas ao

descobrir que lhes estamos a dar o oposto, sua alegria torna-se desilusão e cólera.

Enquanto continuarmos a desiludir as nações, continuaremos a receber o mesmo

tratamento, e a tendência demonstra que os meios pelos quais elas mostrarão sua desilusão

se tornarão cada vez mais duros.

A TERRA DAS POSSIBILIDADES ILIMITADAS

Assim que impregnado como uma força principal na Alemanha, o Judaísmo Reformista

espalhou-se para os Estados Unidos, Hungria e um número de países na Europa Ocidental.

Este foi um resultado da emancipação da Judiaria Alemã.207 Um processo semelhante

de dispersão ocorreu com o Judaísmo Conservador,208 e as duas denominações se

tornaram as forças religiosas predominantes na Judiaria dos Estados Unidos a meio dos

anos 1800.

Em Resposta à Modernidade: Uma História do Movimento do Reformismo no Judaísmo,

o Professor Michael A. Meyer da HUC escreve que o Judaísmo Reformista na Alemanha

constantemente teve de se defender a si mesmo de tanto o estabelecimento Ortodoxo

impregnado e da intervenção governamental, estes impedimentos não existiam nos EUA.

“Verdadeiramente, individual e coletivamente, os Americanos não eram inteiramente

livres do preconceito”, Meyer acrescenta, "mas nos Estados Unidos não havia controle

governamental sobre a religião, nenhuma igreja conservadora estabelecida para definir o

padrão da vida religiosa”. 209

Assim, o Judaísmo Reformista e Conservador encontra na América uma terra de

possibilidades ilimitadas. A mentalidade da amalgamação com a sociedade anfitriã,

predominantemente Cristã, finalmente encontrou solo fértil no qual crescer.

De acordo com o Prof. Meyer, “Judeus Alemães nunca conseguiram sentir que eram

realmente parceiros em moldar o destino da nação com a qual eles tanto se identificaram.

Os Estados Unidos eram diferentes neste respeito também. Como todas as principais

nações Europeias tinha achado seu próprio sentido profundo de missão, mas essa missão

repousava sobre um destino não só não concretizado mas nem sequer totalmente

determinado. Na América, os Judeus Reformistas podiam sentir que seu próprio conceito

de missão podia ser cozido num sentido de propósito nacional rudimentar ainda maior”.

210

Certamente, com a óbvia exceção de Israel, a contribuição dos Judeus para a formação de

uma nação nunca foi mais substancial do que foi, e ainda é nos Estados Unidos. Seja na

economia, entretenimento, educação, política ou qualquer outro aspecto da vida

Americana, os Judeus desempenham um papel principal, se não condutor.

Nunca em toda a história estiveram os Judeus numa posição melhor para concretizar o

papel para o qual foram escolhidos. Eles estão embutidos em cada canto da vida pública

Americana e impregnados nos meios que determinam o discurso público e a opinião

pública. Considerando a predominância da cultura Americana mundialmente, os Judeus

conseguem agora afetar mudanças que impactarão o mundo inteiro.

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Colocando-o diferentemente, apesar do antagonismo para os Estados Unidos vindo de

outras nações poderosas, a cultura global - e desta forma os padrões sociais - são ainda

predominantemente Americanos. Os filmes dominantes vêm da América, a música pop

vem principalmente da América, os principais canais de notícias vêm da América, e a

Internet é dominada por empresas Americanas tais como a Google, Facebook, Microsoft,

e Apple. Neste sentido, a América é para o mundo o que Nova Iorque é para a América -

se você conseguir lá, conseguirá em qualquer lugar.

Os Judeus Americanos, desta forma, transportam uma responsabilidade maior por

oferecer o que devem que qualquer outra Judiaria, talvez excluindo a do estado de Israel.

Se a Judiaria Americana se une e projeta os valores da garantia mútua, o resto da

sociedade Americana seguirá. Hoje, muitos Americanos não compreendem que os

princípios sobre os quais o Sonho Americano foi formado já não são verdadeiros. O

egoísmo feroz e um sentido excessivo de benefício pessoal consumiram tudo o que era

bom sobre a liberdade de dizer o que se pensa, iniciar, trabalhar duro e ter sucesso e viver

pela sua fé.

Há tanta violência, desconfiança, competição e exploração na sociedade americana que a

menos que uma grande mudança ocorra muito em breve, a sociedade vai implodir. E se

isso acontecer, os Judeus, como sempre, serão tidos como culpados. Argumentos sobre a

contribuição Judaica para a ciência, cultura e economia serão refutados, e os Judeus serão

os óbvios malfeitores aos olhos de todos. Antissemitismo que sempre esteve latente

durante várias gerações rugirá para a superfície, e a repetição dos horrores da Alemanha

Nazi não podem ser descartados.

Como vimos no decorrer deste livro, Judeus e não-Judeus em semelhança são

profundamente conscientes de que os Judeus são essencialmente uma força de ação, uma

unidade construída para uma missão muito específica. Em 1976 na Conferência Central

de Rabinos Americanos (CCAR) adoptou uma plataforma que era intitulada, “Judaísmo

Reformista: Uma Perspectiva Centenária”. Nessa plataforma a conferência anunciava,

“Aprendemos que a sobrevivência do povo Judeu é a mais alta prioridade e que ao levar

a cabo nossas responsabilidades Judaicas, ajudamos a mover a humanidade para sua

concretização messiânica”. 211

Certamente, atualmente, o povo Judeu são a única nação dentro da qual coesão e

subsequente revelação, realização e aquisição da qualidade do Criador, a qualidade da

doação, são possíveis. Nossa "concretização messiânica," quer as delegações da

conferência estivessem conscientes disso ou não, é para que todas as nações obtenham as

qualidades supra mencionadas e desfrutarem de seus benefícios. Até que concretizemos

nosso papel o mundo continuará a culpar-nos de cada adversidade e apuro que cai sobre

ele. E quanto mais evitamos nossa missão, mais duramente eles nos forçarão de volta a

ele.

O profeta Jonas deve ser um lembrete para cada Judeu que nossa vocação está pré-

ordenada e não é negociável. Podemos segui-la voluntariamente e colher seus benefícios,

ou segui-la involuntariamente e colher as punições do mundo, como a história provou

tantas vezes.

Num espírito muito disposto, a seção final da plataforma é adequadamente intitulada,

“Esperança: Nossa Obrigação Judaica”, Nessa secção, a CCAR assume um compromisso

soberano (ênfases são do editor): “...nosso povo sempre recusou desesperar. Os

sobreviventes do Holocausto, sendo concedidos com a vida, seguravam-na, nutriam-na,

e, se elevando acima da catástrofe, demonstraram à humanidade que o espírito humano é

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indominável. O Estado de Israel ... demonstra o que um povo unido consegue concretizar

na história. A existência do Judeu é um argumento contra o desespero; a sobrevivência

Judaica é uma garantia para a esperança humana.

“Nós permanecemos testemunhas de Deus de que a história não é sem sentido. Nós

afirmamos que com a ajuda de Deus as pessoas não são impotentes para afetar seu

destino. Nós nos dedicamos a nós mesmos, como fizeram as gerações de Judeus que

vieram antes de nós, de trabalhar e esperar esse dia em que 'Eles não magoarão ou

destruirão de todo Minha montanha sagrada pois a terra estará cheia do conhecimento

do Senhor como as águas cobrem o mar”.212

Certamente, a história, especialmente a história Judaica, não é sem sentido. Ela tem um

propósito educativo: nos ensinar nosso papel na vida e nos mostrar o caminho certo a

partir do caminho errado, o caminho doce do doloroso. Todavia, é nossa escolha por que

caminho queremos avançar.

Na sua "Introdução ao Livro do Zohar”, o Cabalista do século XX, Baal HaSulam,

relaciona-se especificamente ao papel do povo Judeu deste tempo: “Tenha em mente que

em tudo há interioridade e exterioridade. No mundo em geral, Israel, os descendentes de

Abraão, Isaac e Jacob, são considerados a interioridade do mundo [mais próximos ao

Criador], e as setenta nações [o resto das nações] são consideradas a exterioridade do

mundo. ...Também, há interioridade em cada pessoa de Israel - a Israel no interior - que

é o ponto no coração [desejo pelo Criador, pela doação] e há exterioridade - as Nações

interiores do Mundo [todos os outros desejos] ...

“Quando uma pessoa de Israel aumenta e dignifica a sua interioridade, que é a Israel nessa

pessoa, sobre a exterioridade, que são as Nações do Mundo nela ... ao assim fazer, um faz

os filhos de Israel pairar acima em interioridade, e exterioridade do mundo também. Então

as nações do mundo ... reconhecem e admitem o valor dos filhos de Israel.

“E se, Deus nos livre, for ao contrário, e um indivíduo de Israel aumenta e valoriza a sua

exterioridade, que são as nações do mundo nele, mais que a Israel interior nele, como está

escrito (Deuteronômio 28), ‘O estranho que está no meio de vós’. Ou seja a exterioridade

nessa pessoa sobe e paira, e você mesmo, a interioridade, o Israel em si, se afunda? Com

estas ações, se causa a exterioridade do mundo em geral - as nações do mundo - a pairarem

cada vez mais alto e superarem Israel, os degradando até ao chão, e os filhos de Israel, a

interioridade do mundo, a mergulhar no fundo.

“Não fique surpreso que as ações de uma pessoa tragam elevação ou declínio ao mundo

inteiro, pois é uma lei inquebrável que o geral e o particular são tão idênticos como duas

ervilhas numa vagem. E tudo o que se aplica ao geral, se aplica ao particular, também.

Além do mais, as partes perfazem o que se encontra no todo, pois o geral pode aparecer

somente após a aparição das partes nele, correspondendo à quantidade e qualidade das

partes. Evidentemente, o valor de uma ação de uma parte eleva ou declina o todo inteiro”.

213

Além do mais, continua Baal HaSulam, “Quando se aumenta o trabalho na interioridade

da Torá e seus segredos [esforço para alcançar o Criador], a essa extensão a pessoa faz a

virtude da interioridade do mundo - que são Israel - pairar alto acima da exterioridade do

mundo, que são as Nações do Mundo. E todas as nações reconhecerão e admitirão o

mérito de Israel sobre elas, até à realização das palavras, 'E o povo os tomará, e os trará

ao seu lugar: e a casa de Israel os possuirá na terra do Senhor’ (Isaías 14, 2), e também

‘Assim disse o Senhor Deus, Eis, Eu levantarei minha mão para as nações, e definirei

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meus padrões aos povos: e elas vos trarão vossos filhos nos seus braços, e vossas filhas

serão transportadas nos seus ombros’ (Isaías 49:22).

“Mas se, Deus nos livre, é ao contrário, e uma pessoa de Israel degrada a virtude da

interioridade da Torá e seus segredos, que lida com a conduta de nossas almas e seus

graus [realização do Criador e a transmissão dessa realização] ... [as nações] humilharão

e desgraçarão os filhos de Israel, e considerarão Israel como supérflua, como se o mundo

não tivesse necessidade deles”. 214

Quando isso acontece, acrescenta ele, “a exterioridade do mundo inteiro, sendo as Nações

do Mundo, se intensificam e revogam os Filhos de Israel - a interioridade do mundo. Em

tal geração, todos os destruidores do Mundo levantam suas cabeças e desejam

principalmente destruir e matar os Filhos de Israel, como está escrito (Yevamot 63),

‘Nenhuma calamidade vem ao mundo senão por Israel. ’ Isto significa que, como está

escrito acima nas correções, que eles causam pobreza, ruína, roubo, assassínio e

destruição do mundo inteiro. ”215

Em conclusão, se levarmos a cabo nosso papel e passarmos a luz da benevolência ao

mundo, a qualidade do Criador, a interioridade de que Baal HaSulam fala, então "a

interioridade das Nações do Mundo, os Justos das Nações do Mundo, dominarão e

submeterão sua exterioridade, que são os destruidores. E a interioridade do mundo,

também, que é Israel, subirá no seu mérito e virtude sobre a exterioridade do mundo, que

são as nações. Então todas as nações do mundo reconhecerão e admitirão o mérito de

Israel sobre elas.

“E eles seguirão as palavras (Isaías 14:2), ‘E as pessoas os tomarão, e os trarão ao seu

lugar: e a casa de Israel os possuirá na terra do Senhor”. E também (Isaías 49:22), “E eles

trarão vossos filhos nos seus braços, e vossas filhas serão carregadas nos seus ombros”.

216

(Repetição das citações está no texto original.)

Pode parecer uma tarefa robusta para um número tão pequeno de pessoas fazerem

diferença tão grande no mundo, mas na verdade, o sucesso enquanto uma nação e no

sucesso de nossa missão, o próximo capítulo será dedicado às palavras de nossos sábios

durante as eras como eles descrevem seus pensamentos sobre união. Subsequentemente,

examinaremos o meio pelo qual podemos alcançar essa união.

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CAPITULO 8

Juntos Para Sempre

União, União e União Novamente

Como foi dito no decorrer do livro, união tem sido o "seguro" de Israel contra todos os

males, a derradeira panaceia. E todavia, por agora nosso egoísmo evoluiu tanto que não

conseguimos manter mais a união a menos que nossa própria sobrevivência dependa dela.

Este defeito foi reparado por amigos e inimigos em semelhança.

Num jornal que ele publicou em Junho de 1940, Baal HaSulam sublinhou que nossos

problemas vêm da falta de união. Ele escreveu que nós somos "como uma pilha de nozes,

unidas num único corpo apenas por fora, dentro de um saco que as embrulha e agrega”.

”217

Contudo, ele continua, “Essa medida de união não faz deles um corpo uniforme, e até o

mais ligeiro movimento do saco inflige algazarra e separações entre eles, pelas quais eles

chegam a constantes unificações e separações parciais. Tudo o que falta é a unificação

natural de dentro, e o poder de sua união deriva de situações externas. A respeito de nós,

é uma questão muito dolorosa”. 218

No Capitulo 5 mencionamos o ensaio de Baal HaSulam, "Há Um Certo Povo," no qual

ele escreve que Hamã dependia da separação dos Judeus uns dos outros como a chave

para seu triunfo sobre eles. Hamã sabia que a separação entre eles significava que eles

eram também separados do Criador, a qualidade de doação, a força que cria a realidade.

Por esta razão, Hamã acreditava que ele podia explorar a fraqueza dos Judeus para se

livrar deles. Para muito seu arrependimento, Mordecai percebeu esse perigo tão bem

como Hamã, e "foi corrigir esse defeito, como é explicado no versículo, 'os Judeus se

reuniram,' etc., 'para reunirem a si mesmos juntos, e se ergueram por suas vidas’. Isto é,

eles se salvaram a si mesmos ao se unirem. ”219

Um "Hamã," mais contemporâneo, Adolf Hitler, também notou o traço de união nos

Judeus, e notou a falta dele entre nós hoje. Em Mein Kampf, Hitler escreveu, "O Judeu só

está unido quando um perigo comum o força a estar ou uma pilhagem comum o atiça, se

estes dois terrenos estão em falta, as qualidades do mais grosseiro egoísmo se tornam suas

próprias, e no piscar de um olho o povo unido se torna uma horda de ratos, lutando

sangrentamente entre si mesmos”.220

Desta forma, antes de avançarmos para discutir como podemos nós alcançar união e assim

prevenir futuras calamidades tais como aquelas que nosso povo experimentou durante as

gerações, dedicaremos este capítulo a excertos de rabinos e acadêmicos Judeus de todas

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as gerações. Estes nos recordarão do amplo acordo a respeito da soberana importância da

união e solidariedade. Uma vez que nossa substância essencial é a vontade de receber,

para termos sucesso em nos unirmos, é vital que primeiro queiramos a união, até se for

meramente como um escudo contra aflições, antes de sairmos por aí para estabelecê-la.

Abaixo estão as palavras inspiradoras de nossos sábios.

UNIÃO — O CORAÇÃO E ALMA DE ISRAEL

Embora Beit Shamai e Beit Hillel fossem disputadas, elas tratavam-se uma à outra com

afeição e amizade, para manter o que foi dito (Zacarias 8), “Amor verdade e paz”.

Talmude Babilónio, Yevamot, Capitulo 1, par. 14b

Em Israel está o segredo da união do mundo. É por isso que eles são chamados "homens”.

Rav Avraham Yitzhak HaCohen Kook (o Raiah),

Orot HaKodesh [Luz de Santidade], Vol. 2, par. 415

Foi estabelecido em Monte Sinai que os filhos de Israel se tornaram uma nação. É por

isso que está escrito, "Eu," na forma singular, porque à extensão da união entre eles, Sua

Santidade está presente sobre os filhos de Israel.

Yehuda Leib Arie Altar (ADMOR de Gur), Sefat Emet [Lábios Sinceros],

VaYikra [Levítico], Parashá BaHar [Porção, No Monte], TARLAV (1893)

É sabido que da perspectiva da mente, cada pessoa é um indivíduo ... mas da perspectiva

do coração, há união em Israel.

Rabi Shmuel Bornstein, Shem MiShmuel [Um Nome A Partir de Samuel],

Shemot [Êxodo], TAR’AH (1915)

Quando Israel entraram na terra, eles eram completamente uma nação. A prova disso que

e enquanto Israel não atravessaram o Jordão e não chegaram à terra, eles não foram

punidos ... até que atravessaram e se tornaram responsáveis uns pelos outros.

Assim, Israel não se tornaram responsáveis uns pelos outros porque um é chamado Arev

[fiador/responsável por] quando um está Meorav [misturado/mesclado] com outro, e

Israel não se tornaram conectados para serem inteiramente uma nação até que chegassem

à terra e estivessem juntos na terra, e tivessem um lugar, a terra de Israel. E através da

terra de Israel, eles são completamente uma nação.

Judá Loewe ben Bezalel (o Maharal de Praga), Caminhos Eternos,

“Caminho da Retidão”. Capítulo 6

Porque as 600.000 almas de Israel estão todas atadas uma à outra como uma corda

entrelaçada, unidas como uma sem separação, caso você abane o princípio da corda

apertada, você abanará toda ela. Desta forma, caso um homem peque, cólera estará sobre

a inteira congregação. A razão é que todos de Israel são responsáveis um pelo outro.

...Aquele que mancha, mancha todas as almas de Israel até que ele regresse para remendar

o que ele havia corrompido na sua alma.

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...Isso significa que até que as partes se relacionem umas às outras, elas não serão

separadas.

Rabi Eliyahu Di Vidash, Princípio da Sabedoria,

“Portão do Temor, ” Capítulo 14

A alma ascende e se torna completa principalmente quando todas as almas se misturam e

se tornam uma, pois então elas sobem para a santidade, pois santidade e una. ...Desta

forma, primeiro, um deve tomar sobre si mesmo o mandamento, “Ama teu próximo como

a ti mesmo”, como nosso Rav escreveu que é impossível proferir palavras de oração senão

pela paz, quando um se conecta com todas as almas de Israel.

Rabi Nathan Sternhertz, Likutey Halachot [Regras Sortidas],

“Regras da Sinagoga”. Regra nº 1

Embora os corpos do todo de Israel estejam divididos, suas almas são uma única união

na raiz. ...É por isso que Israel estão ordenadas à união dos corações, como está escrito,

“E Israel acamparam lá”, em forma singular [em Hebraico], que significa que eles

correspondiam abaixo, ou seja que tinham união.

Rabi David Solomon Eibenschutz,

Salgueiros do Ribeiro, Nassoh [Tomai]

A Israel não foi dada a Torá [Lei da Doação] antes que eles tivessem adquirido completa

união, como escrevemos a respeito do versículo (Êxodo 19:2), “E Israel lá acamparam

perante a montanha”. Moisés também não receberia de todo, como nossos sábios

disseram, (Berachot [Bênçãos], 32a) que o Criador disse a Moisés a respeito do bezerro,

“Descei de tua grandeza, pois Eu te dei grandeza somente por Israel”.

Rabi Moshé Alsheich, A Lei de Moisés,

a respeito de Deuteronômio, 33:4-5.

Quando Israel têm união, não há fim para seu alcance.

Rabi Elimelech Weisblum de Lizhensk, Noam Elimelech

[A Agradabilidade de Elimelech], Pinehas

“Jerusalém que é construída como uma cidade que está unida em conjunto” (Salmos,

122:3) — uma cidade que faz todos de Israel amigos.

Talmude de Jerusalém, Hagigah, Capítulo 3, Regra 6

Vós, os amigos que aqui estão, como estivestes em afeição e amor anteriormente,

doravante não partireis um do outro, até que o Senhor rejubile convosco e declare paz

sobre vós. E pelo vosso mérito haverá paz no mundo, como está escrito, “Pelo bem de

meus irmãos e amigos Eu falarei, ‘Que paz esteja convosco’”.

Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), O Livro do Zohar com o Comentário Sulam,

Aharei Mot [Depois da Morte], item 66

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UNIÃO — A SALVAÇÃO DE ISRAEL

A principal defesa contra a calamidade é amor e unidade. Quando há amor, união e

amizade entre cada um em Israel, nenhuma calamidade pode vir sobre eles. ...Até se

adorarem ídolos, mas há conexão entre eles, e nenhuma separação de corações, eles têm

paz e quietude, e nenhum Satã ou malfeitor, e todas as maldições e sofrimento são

removidas com isso [união].

Este é o significado do que se diz, “Vós estais de pé este dia, todos vós”. Isto significa

que embora haveis escutado todas as ameaças da aliança que estão escritas acima, vós

estais de pé independentemente, e vós tereis reanimação pelos vossos chefes, juízes,

anciãos, oficiais e todos os homens de Israel sendo todos com um coração e amor...

Através da conexão sereis capazes de caminhar pelas ameaças e elas não vos alcançarão

ou prejudicarão de todo.

“Que Ele vos possa estabelecer hoje como Seu povo” significa que com isso vós tereis

reanimação, vós sereis salvos de todas as calamidades. Posteriormente Ele lhes disse,

“Agora não somente convosco estou Eu a fazer esta aliança”, ou seja que serem salvos de

qualquer mal pela conexão não foi prometido somente à geração de Moisés. Em vez disso,

“Mas com aqueles que se levantam aqui conosco hoje ... e com aqueles que não estão

aqui hoje conosco” ou seja que a todas as gerações futuras lhes foi prometido — passar

através de todas as ameaças da aliança, e elas não serão magoadas, através da união e

conexão que estarão entre elas.

Rabi Kalonymus Kalman Halevi Epstein, Maor VaShémesh [Luz e Sol], Nitzavim [Levante].

Nós estamos ordenados em cada geração fortalecer a união entre nós para que nossos

inimigos não governem sobre nós.

Rabi Eliyahu Ki Tov, O Livro da Consciência, Capítulo 16

O Senhor disse para David: “Quando problemas caem sobre Israel por suas iniquidades,

deixai-os se encontrar perante Mim numa associação e confessar suas iniquidades perante

Mim... Quando Israel se reúnem perante Mim e se encontram perante Mim em uma

associação, e dizem perante Mim uma oração por perdão, Eu lhes concederei”.

Taná Devei Eliyahu Zuta, Capítulo 13

Quando um se inclui a si mesmo com todos de Israel e união é feita, o Senhor está presente

na união. Nessa altura nenhum mal virá até vós.

Rabi Menahem Nahum de Chernobyl, Maor Eynaim [Luz dos Olhos], VaYetzé [E Jacob Saiu]

Quando eles [Israel] querelam e há união entre eles independentemente, então união é

mais preciosa. Foi por isso que “Moav estava em grande temor do povo”, pois embora

ele estivesse a querelar, ele ainda é Ele (forma singular), daí o “grande temor”.

Rabi Moshé Taitelboim, Yishmach Moshé [Que Moisés Rejubile], Balaque, par. 71b .

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Desta forma, ele disse, “Reúnam-se juntos e escutem, vós filhos de Jacob” precisamente

“Reúnam-se juntos”, pois ele revelou para eles que o principal elemento da correção é o

conselho de se reunirem juntos, ou seja que lá haverá união, amor e paz em Israel, que

eles se reunirão juntos para falarem um ao outro do propósito final. Assim eles serão

recompensados com completude do conselho, pois Israel e a Torá [Lei da Doação] são

todos um, à extensão da paz e união em Israel.

Rabi Nathan Sternhertz, Likutey Halachot [Regras Sortidas],

“Regras do Nove de Av e Jejuns”, Regra nº 4

Assim, Israel são uma congregação sagrada e uma associação, como um homem com um

coração. Então, quando união restaurar Israel como antes, Satã não terá lugar no qual

colocar erro e forças externas. Quando eles são como um homem com um coração, pois

eles são como uma muralha fortificada contra as forças do mal.

Rabi Shmuel Bornstein, Shem MiShmuel

[Um Nome a Partir de Samuel], VaYakhel [E Moisés Reuniu], TAR’AV (1916)

Esta é a responsabilidade mútua sobre a qual Moisés trabalhou tão arduamente antes de

sua morte, para unir os filhos de Israel. Todos de Israel são os fiadores [responsáveis] uns

dos outros, ou seja que quando todos estão juntos, eles veem somente o bem.

Rabi Simchá Bonim Bonhart de Peshischá,

Uma Voz Transmissora, Parte 1, Balaque

Todas as almas de Israel estão em completa união e no mesmo nível, como uma caravana

que viaja no deserto entre bestas malditas sem braços com armas e outras tácticas, mas as

bestas malditas têm medo de se aproximar deles. Mas quando eles viajaram do lugar de

onde haviam parado, e um homem lá ficou sozinho, e ele foi prontamente condenado à

morte pelos animais pois ele havia se separado de seu grupo.

Rabi David Solomon Eibenschutz, Salgueiros do Ribeiro

(Relacionado a Rosh Hashaná que ocorre no Shabat)

A base da impiosidade do mau Hamã, sobre a qual ele havia edificado seu pedido ao rei

para lhe vender os Judeus ... é que ele havia começado a argumentar, “Há um certo povo

espalhado no estrangeiro e disperso”, etc. Ele lançou sua imundice dizendo que essa nação

merece ser destruída, pois separação governa sobre eles, eles são todos cheios de

contendas e querelas, e seus corações estão longe uns dos outros. Contudo, Ele colocou o

curativo antes do golpe [tomou medidas preventivas] ... ao acelerar Israel a se unirem e

aderirem uns aos outros, para todos serem um, como um homem, e isto foi o que os

salvou, como no versículo, “Vão, reúnam juntos todos os Judeus”.

Rabi Azarya Figo, Biná LeItim [Compreensão para Ocasiões],

Parte 1, Sermão 1 para Purim

Porque eles pecaram, essa força de união foi tirada dos ímpios e foi dada aos filhos de

Israel. Esta foi a grande misericórdia que sempre nos devemos de recordar. Também,

devemos confiar nela porque nossa intenção é boa, estamos certos de ter sucesso, uma

vez que a força da união ... nos assiste.

Yehuda Leib Arie Altar (ADMOR de Gur), Sefat Emet [Lábios Sinceros],

Beresheet [Génesis], Parashá Noach [Porção, Noach], TARLAV (1875)

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A questão da união social, que pode ser a fonte de cada alegria e sucesso, se aplica

particularmente entre corpos e questões corpóreas nas pessoas, e a separação entre elas é

a fonte de cada calamidade e infortúnio.

Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam),

Os Escritos de Baal HaSulam, “A Liberdade”, par. 426

UNIÃO SIGNIFICA REDENÇÃO

Elias vem somente para corrigir a carência que estava presente no tempo de sua chegada.

E por isso que Elias vem principalmente para resolver a disputa, pois isso certamente une

e ata Israel como um, até que eles sejam dignos de redenção do exílio. Isso assim é porque

Israel não são redimidos do exílio até que eles sejam completamente como um, como se

diz no Midrash, que Israel não são redimidos até que sejam como um.

Judá Loewe ben Bezalel (o Maharal de Praga), Inovações de Lendas, Parte 4,

Masechet do Matrimónio, par. 63

É uma coisa maravilhosa que dois profetas profetizaram uma profecia muito significativa

a respeito do tempo da redenção: “E Eu lhes darei um coração” (Jeremias, 32:39,

Ezequiel, 11:19). Certamente, eles sabiam o que estavam a profetizar, o diabo da

separação do coração tem espreitado a nossa nação desde tempos imemoriais.

Avraham Kariv, Atará LeYoshná [Restaurar a Glória Antiga],

“O Estado e o Espírito”, par. 251

É também claro que o imenso esforço necessário de nós na estrada acidentada à frente

exige união tão forte e tão sólida como o aço, de todas as facções da nação sem quaisquer

exceções. Se não sairmos com fileiras unidas para as poderosas forças que se encontram

no nosso caminho então estamos condenados antes de sequer termos começado.

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CAPÍTULO 9

Pluralmente Falando

Afetar Coesão Social através do Meio Social

Perseguição e antissemitismo, ou seu termo mais contemporâneo, Judeu fobia, têm sido

a quota de nosso povo durante (pelo menos) os passados dois milénios. E todavia, como

vimos pelo livro, o ódio aos Judeus não nasceu do ar. Ele está enraizado na fundamental

embora normalmente inconsciente exigência de cada ser humano sendo que os Judeus

têm e os empurrarão para a realização do propósito da vida: de receber deleite ilimitado

e prazer.

Até então discutimos a meta e o papel da nação Judaica, e a razão para nossa angústia

durante as eras. Doravante discutiremos os princípios que precisamos de seguir em prol

de alcançar nossa meta, que coincide com a meta da humanidade.

O IMPULSO PELA SUPERIORIDADE

No Capitulo 2 apresentamos as palavras de nossos sábios a respeito dos desejos

fundamentais e a base da Criação, e os quatro níveis que perfazem o desejo de receber.

Abreviadamente, dissemos que a realidade consiste de um desejo de doar prazer e um

desejo de o receber. Aprendemos desses sábios que o desejo de receber prazer está

dividido em quatro níveis, conhecidos como "imóvel," "vegetativo," "animado," e

"falante”. Contudo, ele ainda é essencialmente um desejo que veste uma vestimenta

diferente em diferentes níveis de desenvolvimento.

Por exemplo, o desejo mais básico da existência é de se sustentar a si mesmo. No nível

humano, esse desejo apareceria como estando contente com um abrigo, que seja até uma

pequena cabana, e o meio para se manter quente, vestido e alimentado. Este é o nível

imóvel do desejo. Tal como os materiais inanimados que mantêm seus átomos e

moléculas juntos mas fazem muito pouco mais, tal pessoa só desejará se sustentar a si

mesma, aparentemente "mantendo seus átomos e moléculas juntas" e muito pouco mais.

No nível vegetativo do desejo, uma pessoa quererá sustentar a si mesma no mesmo nível

que todos os outros. Como todas as plantas de certo tipo florescem e murcham ao mesmo

tempo, tal pessoa quererá fazer o mesmo que todos na sua cidade ou aldeia ou seguir a

última tendência vista na TV. Se todos são pobres, essa pessoa não se sentirá pobre

enquanto que seu padrão de vida esteja a par com aquele do meio ambiente social. E se a

nova tendência em roupa é usar o sapato esquerdo no pé direito, e vice-versa, a pessoa do

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nível vegetativo estará mais confortável ao usar o sapato errado no pé errado, desde que

ele ou ela esteja alinhada com a tendência prevalecente na moda.

A pessoa do nível animado difere da do nível vegetativo em que ele ou ela procura a

buscar expressão própria. Tal pessoa não se interessa mais em ser como todas as outras,

mas precisa de estabelecer a sua individualidade. Na maioria, este nível conduz a

criatividade aumentada e distinção no assunto de escolha da pessoa.

O (humano) nível falante é o mais complexo e enganador. Aqui não é suficiente se

exprimir. Neste nível, o desejo é de ser superior. Este é o desejo que faz as pessoas,

quererem ser reconhecidas como especiais, até únicas. Por outras palavras, nesse nível

constantemente nos comparamos nos comparamos aos outros.

Além do mais, nos nossos dias não nos contentamos ser os melhores em algo, almejamos

ser os melhores, sempre. Pense nas estatísticas desportivas sobre as quais escutamos

constantemente: a ambição de Michael Phelps de quebrar o recorde de Mark Spitz de sete

medalhas de ouro em natação nos Jogos Olímpicos de 1972, ou os jogadores de

basquetebol se compararem a si mesmos a Michael Jordan, ou o impulso de Roger Federer

de continuar vencendo títulos do tênis, embora ele já tenha ganho mais torneios Grand

Slam que qualquer outro antes dele. E todavia, ele ainda fica incomodado pelo fato de

que não tenha vencido uma medalha de ouro Olímpica.221

O desporto pode ser um exemplo notável, mas certamente não é a exceção, ele é em vez

disso a norma. O filme que ganhou mais dinheiro na sua primeira semana, o álbum que

vendeu mais cópias, a empresa que vende mais telefones/computadores/automóveis,

competição e comparações estão em todo o lado. Pergunte a um estudante do ensino

médio, "Você vai bem na escola?" E provavelmente vai obter uma resposta dentro das

linhas de, "Estou no top 5% da minha turma” (assumindo que questionou um bom

estudante). Assim, ser bom já não é o suficiente, superioridade tornou-se o lema de nossas

vidas. A isso chamamos de "ser alguém”. Ser eu mesmo, não é bom o suficiente, se não

sou alguém, sou um João- ninguém.

Há um conto Chassídico sobre Rabi Meshulam Zusha de Hanipol (Anipoli), irmão do

reconhecido Rabi Elimelech de Lizhensk, um dos fundadores da Chassidut. Rabi Zusha

costumava dizer, “Quando for para os céus, se for questionado, ‘Porque não foste tu

Elimelech (o irmão estimado de Zusha), eu saberei o que dizer. Mas se me for questionado

‘Porque não foste tu Zusha’, eu não saberei o que dizer”. 222 A moral é clara, seja você

mesmo e atualize o seu potencial, é isto o que precisa fazer na vida.

Mas Rabi Zusha viveu no século XVIII. Hoje, tal moral seria inaceitável porque o que

importa é não quem você é, mas quem você é em comparação aos outros, sua posição na

percentagem divisória das classes. Quando o principal lema na sociedade é tão alienante

e antissocial, não é de se admirar que nossa sociedade esteja se desmoronando.

DE EU, A NÓS, A UM

Com nosso presente conhecimento da natureza humana, não podemos evitar esta atitude

competitiva e alienante porque ela vem de dentro de nós, uma ditadura do quarto nível

falante do desejo, e não conseguimos parar a evolução dos desejos, tal como não

conseguimos parar a evolução do todo da Natureza. Além do mais, se vamos alcançar o

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propósito da criação de nos tornarmos semelhantes ao Criador, precisamos de um desejo

robusto como o combustível que nos empurra para a frente, que significa que não

devemos diminuir ou oprimir nossos desejos, ou não alcançaremos a meta da nossa vida.

E todavia, não sermos capazes de parar o aumento de nossos desejos egocêntricos não

significa que nós devemos render a uma tendência do piorar das relações humanas em

todos os níveis. Nossa sociedade não tem que declinar até a um ponto em que tudo o que

conseguimos fazer é acumular mantimentos, procurarmos abrigo e nos deitarmos

esperando que certo milagre nos venha salvar dos nossos semelhantes homens e mulheres.

Na realidade, até se escolhermos nos proteger a nós mesmos, a fúnebre história de nossa

nação indica, e a lei da Natureza dita que as nações não nos permitirão permanecer

passivos. Quando problemas se acumulam, está garantido que os Judeus serão culpados

por isso uma vez mais e consequentemente atormentados, talvez pior que nunca. Contudo,

contrariamente às provações passadas, há muito que podemos fazer para prevenir isto de

se revelar.

RECORDAR O PRIMEIRO "GUERREIRO DO EGO"

Quando o nível falante de desejos inicialmente irrompeu como egoísmo, a Babilônia

estava no seu pico, e Abraão foi aquele enfrentado por tentar solucionar o mistério do

declínio social do seu povo. Seus conterrâneos estavam tão imersos em construir sua torre

que abandonaram completamente sua camaradagem. Eles não eram mais “de uma língua

e uma fala” (Génesis 11:1), tudo com que se preocupavam era a torre.

O livro, Pirkey de-Rabbi Eliezer (Capítulos de Rabi Eliezer), retrata o desanimo de

Abraão com a nova paixão do seu povo: “Rabi Pinhas diz que não haviam pedras lá [na

Babilônia] para construir a cidade e a torre. O que fizeram eles? Eles formaram tijolos e

os queimaram como artesãos até que eles a construíram [a torre] com sete milhas de

altura. Aqueles que levantariam os tijolos subiam do leste, e os que desciam o faziam pelo

ocidente. E se um homem caísse e morresse eles não se importariam com ele. Mas se um

tijolo caísse, eles se sentariam em lamuria dizendo, ‘Quando virá outro em seu lugar’?

Quando Abraão, filho de Terah, passou e os viu construindo a cidade e a torre, ele os

amaldiçoou em nome de Deus”.223

Mas Abraão fez mais que amaldiçoar os construtores. Primeiro, ele tentou remendar a

divergência e reunir seu povo novamente. O Midrash Rabá conta-nos que Abraão reuniu

todo o povo no mundo,224 e Rabi Behayei Ben Asher conta-nos como ele expôs a

pretensão de Nimrod dos poderes celestiais. No seu Midrash, Rabeinu [nosso Rav]

Behayei, ele escreve, “[Nimrod] disse para ele, ‘Eu criei a terra e os céus com meu poder’.

Abraão respondeu, ‘...quando saí da caverna, vi o sol se levantar no Leste e se pôr no

Oeste. Fazei-o levantar no Oeste e se pôr no Leste, e eu me dobrarei perante vós. Caso

contrário, aquele que deu a minha mão a força de queimar estátuas me dará a força e eu

te matarei’. Nimrod disse a seus conselheiros, ‘Qual será a sentença deste’? Eles

responderam, ‘Ele é aquele de quem dissemos, ‘Uma nação virá em diante dele e herdará

este mundo e o mundo vindouro’. E agora, como a sentença que ele havia decretado,

assim lhe será feito. Prontamente, eles o jogaram na fornalha. Nessa altura o Senhor cheio

de misericórdia sobre ele o salvou, como está escrito, ‘Eu sou o Senhor, que te trouxe

para fora de Ur dos Caldeus’”225

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Depois de seu caloroso debate com o rei, Abraão levou sua família, seus estudantes e suas

posses e fugiu da Babilônia. No caminho ele reuniu para sua comitiva pessoas que

concordavam com sua mensagem — “Quando enfrentados com egoísmo, unam-se acima

dele”. Por outras palavras, quando o ódio irrompe entre amigos, tornem a meta comum

de revelar o Criador — a qualidade de doação, a força fundamental que cria a realidade

— mais importante que as partes rivais, e assim se unam acima da rivalidade. Os bônus

de tais ações são união aumentada, aquisição subsequente da qualidade de doação pelos

anteriores adversários, e consequentemente, a revelação do Criador.

A frase acima descreve a essência da fusão, o remendar da divergência com a qual Abraão

tentou cobrir seus conterrâneos. E essa essência, união acima das diferenças aumenta

coesão e (se quiser) revela o Criador, nunca mudou. Na realidade, ela nunca mudará, pois

ela é a Lei de Doação da Natureza.

Como detalhado na Introdução a este livro, o grupo de Abraão teve sucesso em se unir e

cresceu no que se tornou o povo de Israel, uma nação cujo traço comum é o desejo pelo

Criador. Através da união acima das diferenças, como explicado no Capítulo 1, Israel

desenvolveram um método pelo qual mudar o nosso pensamento do modo "eu" para o

modo "nós," assim percebendo o "Uno," o Criador.

Assim, enquanto Israel andavam de força em força ao empregar união sobre o egoísmo,

o resto do mundo experimentava episódios de fluxo e refluxo, com impérios se levantando

e caindo e a cultura hedónica de comodismo assumindo predominância. Por esta razão,

até hoje, na era mais hedónica de todas, o monoteísmo de Abraão é a noção predominante

de divindade, enquanto a Torre da Babilônia é um símbolo de presunção e folia humana.

É por isso que os únicos que podem educar o mundo de modo a que um se possa tornar

tão sábio como Abraão são aqueles que foram seus estudantes, os filhos de Israel,

conhecidos mundialmente como Judeus. Esta sabedoria foi o legado de Abraão para eles,

e a transmitir como ele fez é sua obrigação para o mundo.

O LEGADO DO GUERREIRO DEIXADO À SUA DESCENDÊNCIA

Hoje, pessoas suficientes compreendem que o único modo de evitar uma catástrofe global

é se unirem. Isso pode ser chamado por outros termos, tais como "colaboração,"

"coordenação," ou "consideração," mas qualquer que seja o termo, é justo dizer que já

compreendemos que somos interdependentes e interligados. Esta realidade cria uma

situação onde estamos de fato unidos em todos os nossos sistemas globais. Contudo, à

extensão de que estamos conectados, estamos também emocionalmente alienados e

rancorosos com a situação.

Uma maneira de resolver este contraste é ao tentar nos "desglobalizar" a nós mesmos.

Embora não haja dúvida que desmontar a corrente de abastecimento dos países em

desenvolvimento e produzir tudo nacional causaria desafios enormes econômicos e

financeiros, alguns dizem que valeria o preço. Talvez, valha a pena ou não, ninguém nega

que o isolacionismo teria uma robusta etiqueta do seu preço. Além do mais, aos olhos de

alguns, esta noção é completamente irrealista. O Economista Mark Vitner, em primeiro

lugar, descreveu tentar desatar a interligação global como “tentar reconstituir ovos

mexidos. Não pode ser feito facilmente”. 226

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A opção contrária à desglobalização é a de abraçar a globalização, a expandir, coordenar,

aperfeiçoar, e ao mesmo tempo aprender a gostarmos uns dos outros para que todos

beneficiem da prosperidade. Tudo o que precisamos em prol de o alcançar é o método

pelo qual mudamos nossos padrões de pensamento de eu (concentrado em mim mesmo),

para nós (concentrado em todas as outras pessoas), para um (concentrado na sociedade

como uma entidade).

Hoje, praticamente 4000 anos depois da fuga de Abraão da Babilônia o mundo está pronto

para escutar. Sofremos o suficiente, e tornamo-nos demasiado espertos ao pensar que

conseguimos safar-nos sozinhos, que podemos à Mãe Natureza, ou a Deus, que não

precisamos dela porque somos mais fortes e espertos.

POR QUÊ FORMAR UMA SOCIEDADE QUE PROMOVE A COESÃO?

No Capítulo 1, discutimos o conceito de "equivalência de forma" dizendo que se você é

semelhante a algo, você consegue vê-lo, identificá-lo, revelá-lo. Será mais fácil para nós

compreender esse conceito se considerarmos como os rádios funcionam. Um rádio

consegue apanhar ondas somente quando ele cria ondas idênticas dentro dele.

Similarmente, detectamos coisas que existem aparentemente no exterior, mas somente de

acordo com o que criamos por dentro. É assim que descobrimos o Criador, a qualidade

de doação, ao formar essa qualidade dentro de nós, assim também a descobrindo fora de

nós.

Foi este princípio, "equivalência de forma," que tornou o método de Abraão tão bem

sucedido. Seu grupo criou essa qualidade entre eles mesmos e assim descobriu o Criador.

Isto é, ao mudar do modo "eu" para o modo "nós," eles descobriram o modo "um," o

Criador, o único modo que na realidade existe.

No mundo de hoje, obter coesão social é de suprema importância para nossa

sobrevivência. Podemos considerar que a revelação do Criador é um "acessório" de

espécie, se não fosse o fato do Criador ser a qualidade de doação, um traço sem o qual

nunca alcançaremos união, e assim nunca remendaremos a falésia global que ameaça

dobrar o mundo numa confrontação global. É por isso que é vital que aceleremos a

divulgação do método de Abraão para alcançar união através de equivalência de forma.

Para fazer isso, primeiro devemos abandonar uma crença comum da nossa sociedade, a

ideia de que temos "livre arbítrio”. A ciência demonstra que não há tal coisa, pelo menos

não da maneira que pensamos normalmente nela, que fazemos o que queremos pela nossa

própria livre escolha. Em recentes anos, dados que provam a nossa dependência da

sociedade se têm acumulado. Estes estudos demonstram que não só nosso sustento

depende da sociedade, mas até nossos pensamentos, aspirações e chances de sucesso na

vida. Na realidade, até a própria definição de sucesso é sujeita às vontades da sociedade.

E por último mas não menos importante, a uma grande extensão, nossa saúde física é

significativamente afetada pela sociedade.

Em 10 de Setembro, 2009, O New York Times publicou uma história chamada, “Os Seus

Amigos Estão Lhe Tornandolo Gordo”? Por Clive Thompson.227 Na sua história,

Thompson descreve uma experiência fascinante realizada em Framingham,

Massachusetts. Na experiência, que mais tarde foi publicada no celebrado

livro, Conectados: O Surpreendente Poder das Nossas Redes Sociais e Como Elas

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Moldam as Nossas Vidas - Como os Amigos dos Amigos dos Amigos dos Seus Amigos

Afetam Tudo o Que Você Sente, Pensa e Faz — as vidas de 15.000 pessoas foram

documentadas e registadas periodicamente durante quinze anos. A análise dos dados dos

professores Nicholas Christakis e James Fowler revelou descobertas surpreendentes sobre

como nos afetamos uns aos outros em todos os níveis, físico, emocional e mental, e como

ideias podem ser tão contagiosas como vírus.

Christakis e Fowler haviam descoberto que havia uma rede de interligações entre mais de

5000 dos participantes. Eles descobriram que na rede, as pessoas se afetavam

reciprocamente umas às outras. “Ao analisar os dados de Framingham”, Thompson

escreveu, “Christakis e Fowler dizem que pela primeira vez conseguiram descobrir certa

base sólida para uma teoria potencialmente poderosa na epidemiologia: que bons

comportamentos, como deixar de fumar ou estar em forma ou ser feliz — passam de

amigo para amigo praticamente como se fossem vírus contagiosos. Os participantes de

Framingham, sugerem os dados, influenciaram a saúde uns dos outros só ao socializar. E

o mesmo foi verdadeiro sobre maus comportamentos — aglomerações de amigos

pareceram se 'infectar' uns aos outros com obesidade, infelicidade e tabagismo. Ficar

saudável não é só uma questão dos seus genes e sua dieta, aparenta. Boa saúde é também

um produto, em parte, da sua clara proximidade a outras pessoas saudáveis”. 228

Ainda mais surpreendente foi a descoberta dos pesquisadores que estas infecções podiam

"saltar" conexões. Eles descobriram que pessoas podiam se afetar umas às outras mesmo

sem conhecer umas às outras! Além do mais, Christakis e Fowler descobriram provas

destes efeitos até em três graus de distância (amigo de um amigo de um amigo). Nas

palavras de In Thompson, “Quando um residente de Framingham se tornou obeso, seus

amigos eram 57 por cento mais propensos a se tornarem obesos, também. Ainda mais

surpreendente… isso parecia saltar elos. Um residente de Framingham era rudemente 20

por cento mais propenso a se tornar obeso se o amigo de um amigo se tornasse obeso, até

se o amigo conector não tivesse ganho um único quilo. Certamente, o risco de obesidade

de uma pessoa subiu cerca de 10 por cento se um amigo de um amigo ganhasse peso”.

229

Citando o Professor Christakis, Thompson escreveu, “Em certo sentido podemos começar

a compreender as emoções humanas como a felicidade da maneira que podemos estudar

a debandada dos búfalos. Você não pergunta a um búfalo individual, ‘Porque você corre

para a esquerda’? A resposta é que a manada inteira corre para a esquerda”. 230

Mas há mais sobre o contágio social que observar a nossa condição de peso ou coração.

Numa palestra na TED, o Professor Christakis explicou que nossas vidas sociais, e logo

— julgando pelos parágrafos anteriores — muito das nossas vidas físicas, dependem da

qualidade e força das nossas redes sociais e o que corre pelas veias dessa rede.

Nas suas palavras, “Formamos redes sociais porque os benefícios de uma vida conectada

superam os custos. Se eu fosse sempre violento para você ... ou o fizesse triste ... você

cortaria os laços comigo e a rede se desintegraria. Então o espalhar de coisas boas e

valiosas é necessária para sustentar e nutrir redes sociais. Similarmente, redes sociais são

necessárias para o espalhar de coisas boas e valiosas como amor, e gentileza, e felicidade,

e altruísmo, e ideias. ...Penso que redes sociais estão fundamentalmente relacionadas à

bondade, e o que penso que o mundo precisa mais agora são mais ligações”.231

Mas não somos somente afetados pelas pessoas ao nosso redor. Somos significativamente

afetados pelas mídias, pela política, tanto nacional como internacional, e somos afetados

pela economia. Em Mundo em Fuga: Como a Globalização Está Reformando Nossas

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Vidas, o reconhecido sociólogo Anthony Giddens sucintamente, embora com exatidão,

exprime nossa presente conectividade e confusão: “Para o melhor ou para o pior, estamos

sendo promovidos para uma ordem global que ninguém compreende totalmente, mas que

está a fazendo seus efeitos serem sentidos sobre todos nós”. 232

Em recentes anos, o mundo corporativo pegou a noção, e cursos e treinamentos

abundantes surgiram na Internet, oferecendo alavancar da nova tendência: contágio

social. Em Homo Imitans: A Arte da Infecção Social: Mudança Viral em Ação, o

psiquiatra e consultor de liderança de negócios, Dr. Leandro Herrero, oferece um sumário

astuto da natureza humana com respeito à influência do meio ambiente social: “Nós

somos máquinas copiadoras intelectualmente complexas, racionalmente elegantes,

altamente iluminadas e simples”.233 E para completar sua ironia sobre os méritos da

natureza humana, ele escreve, “Os cordéis da rica tapeçaria de comportamentos do Homo

Sapiens são feitos de imitação e influência”.234

Contudo, o problema não está com nosso comportamento de uns para os outros ou para a

Terra, não que haja muito a nos orgulharmos em respeito a nosso tratamento de uns para

os outros e para a Mãe Terra. E todavia, nosso comportamento é um sintoma de uma

mudança profunda, uma explosão de egoísmo no nível do desejo, para a qual ninguém

tem uma solução.

Com isso dito, muitas pessoas já compreendem que a mudança tem que vir de dentro de

nós. Pascal Lamy, Diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), afirmou

que “O verdadeiro desafio hoje é tentar mudar nosso pensamento, não apenas nossos

sistemas, instituições ou políticas. Nós precisamos da imaginação para perceber a imensa

promessa, e desafio, do mundo interligado que criamos. ...O futuro reside em mais

globalização, não menos, mais cooperação, mais interação entre os povos e culturas, e

ainda maior partilha de responsabilidades e interesses. É união na nossa diversidade

global de que hoje precisamos”. 235

Certamente, Lamy está certo em muitos aspectos. Em recentes anos os neurocientistas

têm estado ativos a respeito de uma descoberta relativamente nova, neurônios-espelho.

Abreviadamente, neurônios-espelho são células localizadas numa região entre os córtices

pré-frontal e motor do cérebro, e estão envolvidas em preparar e executar o movimento

dos membros. Contudo, de acordo com uma história publicada no Psychology Today, eles

também representam um papel vital na nossa interligação social. “En 2000, Vilayanur

Ramachandran, o carismático neurocientista, fez uma previsão audaz: ‘neurônios-espelho

farão pela psicologia o que o ADN fez pela biologia’. ...Durante muitos anos, eles vieram

a representar tudo o que nos faz humanos.

“Para o seu livro de 2011, O Cérebro Contador de Histórias, Ramachandran levou suas

afirmações mais longe. ...ele argumenta que neurônios-espelho subjazem à empatia,

permitindo nos imitar outras pessoas, que eles aceleraram a evolução do cérebro, que eles

ajudam a explicar a origem da linguagem, e mais impressionante de tudo, que eles

promoveram o grande salto para a frente na cultura humana que aconteceu há cerca de

60.000 atrás. ‘Poderíamos dizer que os neurônios-espelho serviram o mesmo papel na

evolução humana inicial como a Internet, Wikipedia e blogar fazem hoje’, conclui ele.

“Ramachandran não está sozinho. Escrevendo para The Times (Londres) em 2009 sobre

o nosso interesse nas vidas das celebridades, o filósofo eminente, A.C. Grayling, rastreou

tudo a esses neurônios-espelho. ‘Nós temos uma grande dádiva para a empatia’, escreveu

ele. ‘Esta é uma capacidade biologicamente evoluída, como demonstrado pela função dos

‘neurônios-espelho’. No mesmo jornal este ano, Eva Simpson escreveu sobre porque as

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pessoas ficaram tão emocionadas quando o campeão de Ténis Andy Murray se desfez em

lágrimas.

... ‘Culpando os neurônios-espelho, células cerebrais que nos fazem reagir da mesma

maneira que alguém que estamos observando’. Num artigo do New York Times em 2007,

sobre as ações heroicas de um homem para salvar outro, essas células apareceram

novamente: ‘as pessoas têm ‘neurônios-espelho, ’’ Cara Buckley escreveu, ‘que as fazem

sentir o que outra pessoa está a experimentar’.236

De acordo com Jarrett, parece que “neurônios-espelho desempenham um papel causal

(enfatizando a origem) em nos permitir compreender as metas por trás das ações das

outras pessoas. Ao representar as ações de outras pessoas nos caminhos dos movimentos

do nosso próprio cérebro, assim conta a razão, estas células fornecem-nos uma simulação

instantânea das suas intenções, uma base altamente eficaz para a empatia”. 237

Embora encontramos muitos dissidentes para as teorias que rodeiam os neurônios-

espelho, está claro que nossos cérebros dedicam porções do cérebro explicitamente para

a comunicação com os outros, sem ter contato físico com eles, mas somente contato

visual. Num sentido, estas células validam as palavras de Christakis e Fowler, “O grande

projeto do século vinte e um, compreender como o todo da humanidade vem a ser maior

que a soma de suas partes, é só o princípio. Como uma criança que desperta, o

superorganismo humano está se tornando autoconsciente, e isto seguramente nos ajudará

a alcançar nossas metas. ”238

COESÃO NUMA ESCALA GLOBAL

Regressando por um momento ao nosso antepassado comum monoteísta, depois da

expulsão da Babilônia, Abraão estabeleceu uma sociedade isolada que se movimentou

como um grupo e funcionava em garantia mútua. Ele criou um meio social que reforçava

conexão, união e coesão, e anexava todos esses elementos à aquisição da qualidade de

doação, o Criador. Nossa tarefa hoje é de fazer precisamente isso, mas numa escala

global.

Porque temos realmente de nos tornar conscientes de que somos um superorganismo,

claramente, precisamos funcionar como um, em reciprocidade e responsabilidade mútua

uns para os outros. Mas uma vez que não conseguimos ensinar o mundo inteiro como

funcionar desta maneira, precisamos de demonstrar ao mundo um exemplo, e o mundo

fará o resto através de nossa habilidade de ter empatia, ou como Dr. Herrero colocou, pela

“imitação e influência”. Afinal de contas, quando as pessoas veem uma boa ideia elas

abraçam-na naturalmente.

Desta forma, quando as pessoas virem que os Judeus têm algo que poderia funcionar

também para elas, e que os Judeus desejam partilha-la, elas não só nos apoiarão, mas se

juntarão a nós. Isto, como mencionado na Introdução, é como Abraão reuniu mais e mais

pessoas para sua companhia enquanto viajava da Babilônia a Canaã, como “milhares e

dezenas de milhares se reuniram ao seu redor, e eles são o povo de ‘a casa de Abraão”.

239

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QUATRO FATORES DE INFLUÊNCIA

No seu ensaio, “A Liberdade”, 240 Baal HaSulam discute extensamente a estrutura da

psique humana, e no que nós precisamos de concentrar em prol de alcançar uma mudança

duradoura nas nossas sociedades. Através de uma longa análise da ação recíproca entre a

herança e o meio ambiente, Ashlag explica que quatro fatores se combinam para nos

fazerem quem nós somos:

Genes;

A maneira como nossos genes se manifestam durante a vida;

O meio ambiente direto, tal como família e amigos;

O meio ambiente indireto, tal como os media, a economia, ou amigos de amigos.

Uma vez que não escolhemos nossos pais, não conseguimos controlar o conjunto

genético. Mas nossos genes são meramente o "nós potencial," não o "nós real" que

eventualmente se manifesta quando somos adultos. O "nós" real consiste de todos os

quatro fatores. Além do mais, os últimos dois, que se relacionam ao meio ambiente,

afetam e mudam nossos genes para se adequarem ao meio ambiente.

Vamos examinar o seguinte exemplo maravilhoso de como o meio ambiente muda os

genes, como é relatado por Swanne Gordon da Universidade da Califórnia num ensaio

intitulado, “Evolução Pode Ocorrer em Menos De Dez Anos”, publicado no Science

Daily. “Gordon e seus colegas estudaram guppies — peixes pequenos de água doce...

Eles introduziram os guppies no próximo Rio Damier, numa secção acima da cascata de

barreira que excluía todos os predadores. Os guppies e seus descendentes também

colonizaram a porção inferior do rio, abaixo da cascata de barreira, que continua

predadores naturais. Oito anos mais tarde…, os investigadores descobriram que os

guppies no meio ambiente de baixa predação…se haviam adaptado a seu novo meio ao

produzir maior ou menor descendência com cada ciclo de reprodução. Tal adaptação não

foi vista nos guppies que colonizaram o meio ambiente de elevada predação…

‘Fêmeas de elevada predação investem mais recursos na atual reprodução porque uma

elevada taxa de mortalidade, impulsionada pelos predadores, significa que estas fêmeas

podem não ter outra chance de se reproduzir’, explicou Gordon. ‘Fêmeas de baixa

predação, por outro lado, produzem embriões maiores porque bebês maiores são mais

competitivos nos meios ambientes de recursos limitados típicos de espaços de baixa

predação. Além do mais, fêmeas de baixa predação produzem menos embriões não só

porque têm embriões maiores mas também porque investem menos recursos na atual

reprodução”. 241

O Dr. Lars Olov Bygren, um especialista de saúde preventiva, documentou um exemplo

ainda mais surpreendente de como os genes mudam através dos efeitos ambientais. John

Cloud da Time Magazine descreveu a pesquisa de Dr. Bygren sobre os efeitos a longo

prazo que os anos de fome e fartura tiveram sobre os residentes da aldeia Sueca isolada

de Norrbotten.

Contudo, Dr. Bygren observou não só os efeitos das oscilações dietéticas tinham sobre as

pessoas que as atravessavam. Ele também examinou “se esse efeito podia começar ainda

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antes [ênfase acrescentada] gravidez: Podiam as experiências dos pais no princípio de

suas vidas de algum modo mudar os traços que eles passavam a seus descendentes? ”242

“Era uma ideia herege”, escreve Sr. Cloud. “Afinal, tivemos um acordo prolongado com

a biologia: sejam quais forem as escolhas que tomemos durante nossas vidas que arruínem

nossa memória a curto-prazo ou nos tornem gordos ou acelerem a morte, mas elas não

mudarão nossos genes — o nosso próprio ADN. Isso significava que quando todos

tivéssemos filhos nossos, a lousa genética estaria limpa.

“Há mais, quaisquer tais efeitos da criação (meio ambiente) sobre a natureza de uma

espécie (genes) não era suposto acontecer tão rapidamente. Charles Darwin, cujo Sobre a

Origem das Espécies... nos ensinou que as mudanças evolucionárias tomam lugar durante

muitas gerações e durante milhares de anos de seleção natural. Mas Bygren e outros

cientistas agora haviam amassado a evidência histórica sugerindo que condições

ambientais mais poderosas ... conseguem de algum modo deixar uma impressão sobre o

material genético em ovos e esperma. Estas impressões genéticas conseguem fazer curto-

circuito na evolução e transmitir novos traços numa única geração”. 243

Baal HaSulam, regressando ao seu ensaio, “A Liberdade”, sugeriu um conceito muito

semelhante que se alinha com os achados de Dr. Bygren. Na seção, “O Meio Ambiente

como um Fator”, ele escreve (ênfase acrescentada), “É verdade que o desejo não tem

liberdade. Em vez disso, ele é operado pelos mencionados quatro fatores [Genes; como

eles se manifestam, meio ambiente direto, meio ambiente indireto]. E se está obrigado a

pensar e a examinar como eles sugerem, negados de qualquer força para criticar ou

mudar”... 244

Na seção subsequente, “A Necessidade de Escolher um Bom Meio Ambiente”, Baal

HaSulam acrescenta, “Como nós vimos, é uma coisa simples, e deve ser observada por

todo e cada um de nos. Pois embora cada um tenha a sua própria origem, as forças são

reveladas abertamente somente através do meio ambiente em que a pessoa se

encontra”.245

Isto pode soar determinista porque se somos completamente governados pelos nossos

meios ambientes, pareceria que não teríamos livre arbítrio. E todavia, escreve Baal

HaSulam, que podemos e devemos escolher nosso meio ambiente muito cuidadosamente.

Nas suas palavras, “Há liberdade para a vontade de inicialmente escolher tal meio

ambiente ... que conceda à pessoa bons conceitos. Se ela não fizer isso, mas está disposta

a entrar em qualquer meio que apareça..., esta pessoa está destinada a cair num mau meio

ambiente... Como consequência, será forçada a conceitos imundos”... Tal pessoa, conclui

ele, “certamente será punida, não devido aos seus maus pensamentos ou ações, nos quais

não se tem livre arbítrio, mas por não escolher estar num bom meio ambiente, pois nisso

há definitivamente uma escolha. Desta forma, aquele que almeja continuamente escolher

um meio ambiente melhor é digno de louvor e recompensa. Mas aqui, também, não é

devido aos seus bons pensamentos e ações, ...mas devido aos seus esforços para adquirir

um bom meio ambiente, que traz ... bons pensamentos”. 246

Vemos desta forma que todos somos potencialmente demoníacos, tal como somos

potencialmente angélicos. A escolha de agirmos de um extremo ou do outro, ou qualquer

mistura dos dois, depende não se escolhemos ser de uma maneira ou da outra, mas do

meio ambiente social sobre o qual nos colocamos a nós mesmos, ou que formamos para

nós mesmos.

Enquanto pais, instintivamente alertamos nossas crianças a se afastarem de más crianças

no bairro, e de maus estudantes na escola. Assim, a consciência da influência do meio

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ambiente é inerente nos nossos genes parentais, por assim dizer. Agora devemos expandir

essa consciência e perceber que não é suficiente ver que nossos filhos andam com as

crianças "certas”. Devemos começar a desenhar um novo paradigma de pensamento para

nós mesmos, bem como para nossos filhos. Ele é um paradigma no qual a

responsabilidade mútua representa um papel líder, preocupação mútua e camaradagem

assumem a ribalta, e o discurso público muda correspondentemente.

Em outras palavras, a máxima conhecida de Rabi Akiva, “Ama teu próximo como a ti

mesmo” deve tomar forma e ser moldada como um modo de vida para a sociedade. Esse

paradigma social é o ADN do nosso povo, nosso legado para o mundo, e é o que o mundo,

até inconscientemente, espera que transmitamos. Numa era de consecutivas e sobrepostas

crises globais, o mundo tem numa necessidade desesperada de uma corda salva-vidas,

uma lasca de esperança. Nós Judeus somos os únicos que lhes podemos oferecer essa

esperança, que é chamada "responsabilidade mútua”.

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CAPÍTULO 10

Viver num Mundo Integrado

Requer Educação Integral

No capítulo anterior, citamos as palavras de Baal HaSulam do seu ensaio, “A Liberdade”,

afirmando que estamos “obrigados a pensar e examinar como eles [o meio social]

sugerem”, e que nós somos “negados de qualquer força para criticar ou mudar”. 247 Baal

HaSulam concluiu que para evitar um destino predeterminado, podemos mudar o meio

ambiente, que por sua vez nos mudará e nossos destinos. Nas suas palavras, “Aquele que

se esforça por continuamente escolher um bom meio ambiente é digno de louvor e

recompensa ... não devido aos seus bons pensamentos e ações ...mas devido aos seus

esforços para adquirir um bom meio ambiente, que traz... bons pensamentos”. 248

Para o colocar em termos mais contemporâneos, em prol de canalizarmos nossas vidas e

as vidas dos nossos filhos numa direção mais positiva, precisamos de nutrir valores

sociais que promovam a direção positiva que desejamos instar. Precisamos nos educar a

nós mesmos, nossos filhos, e a sociedade como um todo em direção à garantia mútua,

responsabilidade mútua e eventualmente para a união e coesão. Como foi demonstrado

pelo livro, essa é nossa vocação enquanto Judeus.

Não precisamos de conceber qualquer novo meio de educação para alcançar esta meta.

Tudo o que precisamos é mudar o meio que já usamos — os meios de comunicação de

massa, a Internet, o sistema de educação, nossos laços sociais e familiares — com o

objetivo de promover a afinidade e mútua responsabilidade ao invés de prevalecer a

narrativa de separação e alienação.

Embora mais frequente que o inverso, os traços de união e afinidade, e acima de tudo, de

responsabilidade mútua, estão dormentes dentro de nós Judeus, é nosso dever, certamente

nossa vocação os despertar e os oferecer como nossa dádiva ao mundo. Como foi

demonstrado repetidamente neste livro, união é a dádiva dos Judeus, a qualidade que nos

torna únicos, e a qualidade que devemos doar ao resto do mundo. Ela é a qualidade que o

mundo precisa hoje, e somos nós que estamos obrigados a nutri-la por dentro, e então a

entregar ao mundo.

Há duas maneiras de transmitir responsabilidade mútua e a qualidade de doação. A

primeira, dirigida a aqueles com "pontos no coração," como mencionado anteriormente

no livro, é o estudo direto da Cabalá. De acordo com o nosso nível de interesse, isso pode

ser feito em variados níveis de intensidade, desde assistir programas de TV a estudar

atentamente (e intensamente) com um grupo e um professor. A outra maneira é um

método de educação direcionada à união dirigido a induzir coesão e um sentido de

responsabilidade mútua dentro da sociedade. Elaborarei sobre estas maneiras uma de cada

vez.

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O CAMINHO DO "PONTO NO CORAÇÃO"

Para alguns de nós, a maneira de chegar à união é relativamente simples. Já mencionamos

o "ponto no coração," essa sede de compreender do que se trata a vida, o que faz o mundo

girar, o anseio que permitiu a Adão, Abraão, Isaac, Jacob, Moisés e a nação inteira que

surgiu dos exilados da Babilônia a desenvolver um método de correção que torna a

inclinação do mal em bondade. Aqueles que têm esse ponto no coração podem começar

a estudar os textos que os Cabalistas deixaram para nós como um meio de alcançar o

Criador, a qualidade de doação. No caminho eles aprenderão como se unirem em um nível

profundo e estarão prontos para passar essa união aos outros.

Na nossa geração, os textos mais instrumentais para alcançar esses propósitos são O Livro

do Zohar com o comentário Sulam (Escada) de Baal HaSulam, os escritos do ARI,

preferencialmente com os comentários de Baal HaSulam, publicados em seu Talmude

Esser Sefirot (O Estudo das Dez Sefirot), bem como os outros escritos de Baal HaSulam,

publicados em Os Escritos de Baal HaSulam, para tornar estes textos e outros mais

acessíveis, estabelecemos uma biblioteca online gratuita de textos autênticos

Cabalísticos, traduzidos em dezenas de línguas.

No Hebraico original, podem ser encontrados em www.kab.co.il, e traduções de muitos

dos textos, incluindo até uma versão de O Livro do Zohar, intitulada, Zohar para Todos,

que consolida o texto de Rabi Shimon Bar Yochai (Rashbi) com o comentário de Baal

HaSulam — existem em Inglês bem como em www.kabbalah.info, a custo zero e sem

quaisquer condições prévias.

Também disponíveis nos endereços web acima citados, estão os escritos de meu

professor, Rav Baruch Shalom Ashlag (o Rabash), o primogénito de Baal HaSulam, e

sucessor. Embora poucos dos seus escritos tenham sido traduzidos para Inglês, todos os

seus ensaios que ensinam aos estudantes como promover união em grupos de estudantes

foram publicados em Inglês no livro, The Social Writings of Rabash. Para aqueles que

preferem cópias originais dos textos, todas as mencionadas publicações existem

impressas, e podem ser adquiridas em www.kabbalahbooks.info ou em amazon.com e

outras lojas online.

Adicionalmente, estudantes veteranos estabeleceram um Centro de Educação que ensina

as bases da Cabalá e como a implementar para que ela se torne parte da nossa vida diária,

complementando o nosso crescimento pessoal para obter as nossas metas na vida. Para

estudantes mais avançados, lecciono uma aula de três horas diária transmitida ao vivo em

www.kab.tv, com simultâneas interpretações para todas as principais línguas — Inglês,

Espanhol, Francês, Russo, Alemão, Português e outras. Em três aulas, procuro avançar os

estudantes tão rápido quanto o possível e facilmente enquanto aderindo aos modos de

ensino que recebi do meu professor veterano, o Rabash.

Nos últimos anos, também temos transmitido programas em canais de televisão

americanos tais como JLTV e a Shalom TV, principalmente aos fins-de-semana.

Naturalmente, estes programas não são estudos "hardcore" de Cabalá, mas certamente

são uma grande referência para qualquer pessoa que deseje "molhar os seus pés" e ver do

que se trata este estudo.

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EDUCAÇÃO INTEGRAL DIRECCIONADA À UNIÃO

Estudar Cabalá é uma maravilhosa maneira de alcançar união. Ela é um método

construído especificamente para esse propósito. Contudo, maioria das pessoas não têm

um "ponto no coração" vigoroso que exija respostas. Portanto, é improvável que a maioria

das pessoas queira se envolver nestes estudos. E todavia, a necessidade de estabelecer

uma sociedade coesa é uma necessidade global, não uma necessidade pessoal, Judaica,

ou até relacionada a um país.

Dave Sherman, um líder em estratégia de negócios e perito em sustentabilidade descreveu

o presente predicamento global no filme, Crossroads: Dores de Parto de uma Nova Visão

Mundial: “O último Relatório de Riscos Globais, publicado pelo Fórum Econômico

Mundial, apresenta um mapa de interligação de riscos surpreendente. Ele revela

claramente como todos os riscos globais estão inter-relacionados e entrelaçados, de modo

que riscos econômicos, ecológicos, geopolíticos, sociais e tecnológicos são

interdependentes. Uma crise em determinada área rapidamente conduzirá a uma crise em

outras áreas. A interligação e complexidade deste mapa comparou para nossa surpresa o

impacto e velocidade das recentes crises financeiras ilustrando a discórdia que existe entre

todos os sistemas que construímos, e demonstra precisamente quão desconexos nos

tornamos. Nossas tentativas de gerir estes sistemas são fragmentadas e simplistas, e não

estão à altura dos desafios que hoje enfrentamos”. 249

Para responder precisamente a esse contraste entre nossa própria desconexão e a

interligação dos sistemas que construímos, precisamos desenvolver um pensamento

interligado, e percepção inclusiva do nosso mundo. A Educação Integral (EI), a

anteriormente mencionada "educação direcionada à união," responde precisamente a

esses pontos.

O termo, “integral”, de acordo com Thomas J. Murray da Escola de Educação na

Universidade de Massachusetts, “significa muitas coisas para muitas pessoas, e o mesmo

é verdadeiro para Educação Integral”. 250 A percepção mais comum da EI, é descrita na

Wikipedia, é que ela é “a filosofia e a prática da educação para a criança inteira: corpo,

emoções, mente, alma e espírito”.251

Relacionar-se à criança inteira no processo de educação é certamente recomendado.

Contudo, no mundo interligado de hoje, simplesmente não é suficiente. Como

demonstramos no capítulo anterior, aprendemos principalmente, senão somente através

do meio ambiente. Desta forma, o foco da educação deve estar em formar um meio

ambiente que incite nossos valores escolhidos e informação para crianças e adultos de

maneira igual.

ESCOLA PARA ADULTOS: UM GUIA PARA OS PERPLEXOS

Além do nível falante e humano da Natureza, todos os outros níveis, imóvel, vegetativo

e animado, operam em garantia mútua. Homeostase, como definida no Dicionário

Webster, corresponde perfeitamente à descrição de garantia mutua em todos os níveis

abaixo do falante: “Um estado relativamente estável de equilíbrio ou uma tendência para

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tal estado entre os diferentes mas interdependentes elementos ou grupos de elementos de

um organismo, população ou grupo”. 252

Nossa presente sociedade, predominantemente capitalista, afasta-se do equilíbrio, zomba

da tendência para ele, e tem pavor de interdependência. Na realidade, patrocinamos e

lutamos pelo oposto. Louvamos concretizações individuais no desporto, negócios,

políticas e no ensino, e idolatramos aqueles no topo. Negligenciamos aqueles que

contribuem para o bem estar do coletivo e acarinhamos o individualismo e

independência.

Mas uma sociedade que funcione desta maneira não consegue durar muito tempo. Pense

em corpos humanos. Se nossos corpos se conduzissem a si mesmos pelos valores que

predominam nossa sociedade, não duraríamos além da diferenciação celular inicial na

fase do embrião. Assim que as células começassem a formar diferentes órgãos, elas

começariam a lutar umas com as outras pelos recursos e o embrião se desintegraria. A

vida não seria possível se qualquer parte dela abraçasse os valores individualistas que

acabamos de descrever. Porque a vida, isto é a Natureza, adere às regras da homeostase

que nós podemos desenvolver e sustentar a nós mesmos, e evoluímos até ao ponto em

que podemos ponderar a natureza e propósito de nossa existência.

Certamente, não só os organismos, mas nosso ecossistema planetário inteiro, até o

cosmos, estão num estado de homeostase. Quando o equilíbrio se desmorona, problemas

em breve se seguem. Um relatório revelador submetido ao Departamento da Educação

Americano em Outubro de 2003 por Irene Sanders e Judith McCabe claramente

demonstra o que acontece quando desequilibramos um ecossistema do seu estado

homeostático.

“Em 1991, uma orca, baleia assassina, foi vista comendo uma lontra. As orcas e lontras

normalmente coexistem pacificamente. Então, o que aconteceu? Os ecologistas

descobriram que o sebastes e arenque também estavam declinando. As orcas não comem

esses peixes, mas focas e leões marinhos sim. E focas e leões marinhos são o que as orcas

normalmente comem, e sua população também declinou. Então privadas de suas focas e

leões marinhos, as orcas começaram a se voltar às brincalhonas lontras marinhas para seu

jantar.

“Então as lontras desapareceram devido aos peixes, que elas nunca comeram em primeiro

lugar, desapareceram. Agora, a ondulação espalha-se. As lontras já não estão lá para

comer os ouriços do mar, então a população de ouriços do mar explodiu. Mas os ouriços

do mar vivem de florestas de algas do fundo do mar, então eles estão matando as algas.

As algas foram o lar para os peixes que alimentam as gaivotas e águias. Como as orcas,

as gaivotas podem encontrar outra comida, mas as águias não conseguem e estão em

apuros.

“Tudo isto começou com o declínio do sebastes e arenque. Porquê? Bem, os caçadores

de baleias japoneses têm matado a variedade de baleias que comem os mesmos

organismos microscópicos que alimentam o pollock [um tipo de peixe carnívoro]. Com

mais peixe para comer, o pollock floresce. Eles por sua vez atacam o sebastes e arenque

que eram comida para as focas e leões marinhos. Com o declínio na população de leões

marinhos e focas, as orcas têm de se voltar para as lontras”. 253

Pense na maneira que nos comportamos em relação aos outros. Somos competitivos,

alienados, isolados uns dos outros, e aspiramos sobressair sobre os outros. Mantenha em

mente que esta não é a exceção, mas a regra, os valores que ensinamos aos nossos filhos

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como a maneira "certa" de ser. É por isso que uma escola adulta, um guia para o adulto

perplexo, é necessária.

A maneira na qual esta escola vai operar deve variar de lugar para lugar e de país para

país. Cada nação e pais tem a sua própria mentalidade e cultura, um nível diferente de

avanço tecnológico e meios de comunicação, e tradições pelas quais as pessoas aprendem.

Por esta razão, cada país, por vezes cada cidade terá de desenvolver seu próprio método

de instrução. Contudo, o conteúdo fundamental, os princípios que todos estes sistemas de

educação adulta vão leccionar devem ser os mesmos. Caso contrário o resultado será

disparidade no compromisso populacional para a responsabilidade mútua e compreensão

da sua importância nas nossas vidas.

Vamos examinar alguns dos princípios fundamentais que a educação para a

responsabilidade mútua deve conter.

Mídia Pró-social

Nos Escritos de Baal HaSulam, Ashlag afirma, “O maior de todos os imagináveis prazeres

é ser favorecido pelas pessoas. É vantajoso desperdiçar toda a nossa energia e prazeres

corpóreos para obter uma certa quantia dessa doce coisa. Este é o íman que atraiu os

maiores de todas as gerações, e pelo qual eles trivializaram a vida da carne”. 254

Desta forma, para alterar nosso comportamento social, nós devemos mudar o nosso meio

social de um que promove individualidade para um que promova mutualidade.

Praticamente falando, podemos usar as mídias para demonstrar como o trabalho em grupo

rende melhores resultados que o trabalho individual, e como a competição é prejudicial à

nossa felicidade e saúde. Assim que percebemos que há uma recompensa maior na

conduta cooperativa que no individualismo, será fácil colaborar e partilhar.

Em seu livro inspirador, A Sabedoria das Equipes: Criar a Organização de Alta-

Performance, os autores Jon R. Katzenbach e Douglas K. Smith descrevem uma história

de sucesso que vale a pena mencionar no contexto das vantagens do trabalho de equipe.

A Burlington Northern Railroad era uma empresa bem sucedida de transportes, e é

atualmente parte de uma grande corporação detida pela Berkshire Hathaway, que é

controlada pelo investidor Warren Buffett.

Em 1981, a Burlington Northern Railroad sofreu uma revolução por sete homens — Bill

Greenwood, Mark Cane, Emmett Brady, Ken Hoepner, Dave Burns, Bill Dewitt, e Bill

Berry — que usaram a desregulação Americana da indústria ferroviária para acelerar a

entrega de fretes e minimizar o custo da entrega. É assim que Katzenbach e Smith

descrevem o espírito com o qual eles levaram a cabo essa revolução: “Todas as

verdadeiras equipes partilham um compromisso com seu propósito comum. Mas somente

membros de equipe excepcionais ... também se tornam profundamente dedicados uns aos

outros. Os sete homens desenvolveram uma preocupação e compromisso um pelo outro

tão profundas como sua dedicação à visão que estavam tentando concretizar. Eles

procuraram o bem estar uns dos outros, apoiaram-se uns aos outros quando quer e como

quer que fosse necessário e trabalharam constantemente uns com os outros para fazer o

que fosse necessário fazer”.255

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Tal história podia ser um advogado poderosos para o caso da união sobre a competição.

O único problema é que no nosso mundo muito competitivo, até a união é usada para

ganhar alavanca pessoal para o grupo que a pratica (ou devemos dizer, que a comete,

devido ao seu mau uso). No mundo interligado e interdependente de hoje, este tipo de

união é instável.

Na nossa sociedade egocêntrica, união durará somente enquanto for lucrativa para os

indivíduos envolvidos. No capítulo anterior, na secção, “De EU, a Nós, a Um”,

descrevemos os efeitos doentes da competição. Ao mesmo tempo, reconhecemos que

"com nosso presente conhecimento da natureza humana, não podemos evitar esta atitude

competitiva e alienante porque ela vem de dentro de nós, uma ditadura do quarto nível

falante de desejo, e não podemos parar a evolução dos desejos”.

Contudo, já dissemos que não precisamos de impedir nossa evolução, só mudar para uma

direção construtiva para todos. O meio mais instrumental para concretizar isto é através

dos meios de comunicação de massa. Se desenvolvermos conteúdo de mídia pró-social e

nos bombardearmos a nós mesmos com ele tanto quanto atualmente nos bombardeamos

com anúncios e informativos que visam esgotar nossas contas bancárias, nos

encontraremos vivendo numa sociedade muito diferente da presente.

Os meios domésticos contemporâneos das pessoas contêm uma grande dose de

entretenimento das mídias, seja através da TV ou via a Internet. Uma publicação pelo

Departamento de Educação Americano intitulada, “Guia das Mídias — Como Ajudar

Seus Filhos No Começo da Adolescência”, afirmou, “É difícil compreender o mundo dos

jovens adolescentes sem considerar o enorme impacto dos meios de comunicação de

massa nas suas vidas. Eles competem com a família, amigos, escolas, e comunidades na

sua habilidade de moldar os interesses, atitudes e valores dos jovens”. 256

Lamentavelmente, a maioria dos interesses que a mídia molda são antissociais.

Por exemplo, uma publicação online da Universidade do Sistema de Saúde de Michigan

afirma que “Literalmente milhares de estudos desde os anos 50 questionaram se há um

elo entre a exposição à violência da mídia e o comportamento violento. Todos senão 18

responderam, ‘Sim’. …De acordo com a AAP (Academia Americana de Pediatras),

‘Extensiva evidência de pesquisas indica que a violência da mídia pode contribuir para o

comportamento agressivo, dessensibilização à violência, pesadelos e medo de ser

magoado’. ”257

Para compreender quanto a violência as jovens mentes absorvem, considere esta

informação da publicação acima mencionada: “Uma criança mediana Americana verá

200.000 ações violentas e 16.000 assassinatos na TV pelos 18 anos de idade”. 258 Se este

número não parece alarmante, considere que há 6.570 dias em dezoito anos. Isto significa

que em média, pelos dezoito anos de idade uma criança terá sido exposta a ligeiramente

mais de trinta ações de violência na TV, 2.4 dos quais são assassinatos, todos os dias da

sua vida jovem.

Na mesma nota, no seu livro, Desenvolvimento Durante a Vida: Uma Abordagem

Psicológica, publicado em 2008, Barbara M. Newman, PhD, e Philip R. Newman

descrevem como “Exposição a muitas horas de violência na televisão aumenta o

reportório de comportamento das jovens crianças e aumenta a prevalência de sentimentos

de cólera, pensamentos e ações. Estas crianças são apanhadas na fantasia violenta,

tomando parte na situação televisiva enquanto assistem”. 259

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Se nos recordarmos dos neurônios-espelho, e considerarmos quanto nós, e especialmente

crianças, aprendem por imitação, podemos só imaginar que dano irreversível que a

violência lhes causa, e já estamos sentindo os efeitos desta enferma educação.

Desta forma, desenvolver mídias que sejam pró-sociais e de pró-responsabilidade mútua

é imperativo para nossa sobrevivência enquanto sociedade habitável. Isso deve

desempenhar um papel chave na mudança da atmosfera pública de alienação para

camaradagem. As mídias fornecem-nos praticamente tudo o que sabemos sobre o nosso

mundo. Até a informação que recebemos de amigos e da família frequentemente chega

via mídias — a versão moderna da parreira.

Mas as mídias não nos fornecem simplesmente informação. Também nos oferecem

petiscos sobre pessoas que aprovamos ou desaprovamos, e formamos nossas visões

baseando-nos no que vemos, escutamos, ou lemos. Porque seu poder sobre o público não

tem rival, se as mídias mudam para a convergência e união, eles também mudarão a visão

mundial de maioria das pessoas para esses valores.

Presentemente, as mídias focam-se em indivíduos bem sucedidos, magnatas da media,

mega estrelas pop, e indivíduos ultra bem sucedidos que fizeram milhões às costas dos

seus rivais. Em tempos de crise, tais como depois do Furacão Sandy, ou durante

inundações, as pessoas unem-se em prol de se ajudarem umas às outras. Em tais tempos

estas histórias, que as mídias transmitem abundantemente, ajudam a levantar a moral e

dão-nos esperança de que o espírito humano não seja mau de todo. Mas, assim que o

próximo item de notícias aparece, as mídias correm atrás dessa história e desaparece,

levando com ela a fé no espírito humano. Em vez disso, sensações de suspeita e alienação

reavêm o horário nobre.

Para instalar uma mudança duradoura e fundamental na nossa visão mundial, para nos

fazer desejar a qualidade de doação, as mídias devem apresentar a imagem completa da

realidade, e nos informar da sua estrutura interligada e interdependente. Para este fim,

devem produzir programas que demonstrem como essa qualidade afeta todos os níveis da

Natureza — inanimado, vegetativo, animado, e falante — e encorajar as pessoas a emulá-

la com o objetivo de equalizar nossa sociedade com os traços da Natureza ou seja,

mutualidade e homeostase. Em vez de programas de entrevistas que idolatram pessoas

que têm sucesso, estes programas devem louvar pessoas que ajudaram outras a ter

sucesso. Se as mídias mostram pessoas se preocupando umas com as outras e as colocam

num pedestal principalmente porque suas ações coincidem com a lei da Natureza, a Lei

da Doação, isso gradualmente mudará o desejo do público de egocêntrico para a

camaradagem. As pessoas começarão a sentir que há ganho pessoal em ser altruísta,

possivelmente muito mais que o ganho onde há egoísmo, se há algum ganho nele de todo.

Hoje, a mensagem predominante que as mídias devem retratar é, “União é divertida, e ela

também é boa para você, junte-se”! Há várias e amplas maneiras pelas quais podemos

demonstrar que a união é uma dádiva.

Embora todo o cientista saiba que nenhum sistema na Natureza opera em isolamento, e

que interdependência é o nome do jogo, a maioria de nós está inconsciente disso. Quando

vemos como cada órgão físico funciona para beneficiar o corpo inteiro, como as abelhas

colaboram em colmeias, como um cardume de peixes nada em uníssono que pode ser

confundido com um único peixe gigante, e como os chimpanzés ajudam outros

chimpanzés, ou até humanos, sem qualquer recompensa em retorno, saberemos que a

principal lei da Natureza é a da harmonia e coexistência. As mídias devem mostrar-nos

tais exemplos muito mais frequentemente que o fazem. Quando percebermos que é assim

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que a Natureza funciona, espontaneamente examinaremos nossas sociedades e nos

esforçaremos para emular essa harmonia entre nós. Se nossos pensamentos começarem a

mudar nesta direção, eles criarão uma atmosfera diferente e introduzirão um espírito de

esperança e força nas nossas vidas, até antes deles implementarem esse espírito na

realidade, uma vez que estaremos alinhados com a força da vida da Natureza — o

Criador.

Porque, tal como acabamos de afirmar, nosso maior prazer é o de ganhar a aprovação das

pessoas, se outros aprovarem nossas ações e visões nos sentiremos bem acerca de nós

mesmos. Se eles desaprovarem o que fazemos ou dizemos, sentimo-nos mal acerca de

nós mesmos e tendemos a esconder ou modificar nossas ações para nos ajustarmos à

norma social. Em outras palavras, porque é tão importante para nós nos sentirmos bem

conosco mesmos, as mídias estão numa posição única para mudar as ações e visões das

pessoas.

Não surpreendentemente, os políticos são as pessoas mais dependentes de votos na

sociedade, pois suas carreiras e a própria vivacidade dependem da sua popularidade. Se

lhes mostrarmos que mudamos nossos valores, eles mudarão os seus para seguir nossa

conduta. E uma das maneiras mais fáceis e mais eficazes de lhes contarmos o que

valorizamos é lhes mostrar o que queremos ver na TV! Se dermos elevadas classificações

a programas que promovem união e camaradagem, os políticos irão se sintonizar nesse

espírito e legislarão correspondentemente. Porque os políticos querem manter sua

posição, precisamos lhes mostrar isso, para reterem suas posições, eles têm que promover

o que nós queremos que eles promovam — união.

Quando formos capazes de criar uma mídia que promova união e colaboração em vez da

glorificação de celebridades, criaremos um meio que nos persuada que união e

responsabilidade mútua são boas.

AS CHAVES PARA A UNIÃO

Para desenhar uma sociedade mais coesa, cujos membros são responsáveis uns pelos

outros, as pessoas precisam cultivar algumas regras básicas.

1) Alimentação e outras necessidades: Primeiro e mais importante, as pessoas precisam

ter segurança alimentar. Sem a confiança de que podem alimentar seus filhos e a si

mesmas, as pessoas não sentirão que são partes integrais da sociedade porque

constantemente estarão lutando por alimentos (se não física, então mentalmente).

Adicionalmente, é imperativo que as pessoas tenham segurança suficiente a respeito de

serviços médicos, habitação, vestuário e educação. Todos os mencionados variarão

dependendo da média do padrão de vida em cada localidade, mas sustento básico deve

ser provido a todos num nível que preserve sua dignidade enquanto seres humanos e como

membros integrais da sociedade.

Em retorno por garantir sustento básico, todos os membros da sociedade passarão por

certa forma de treinamento, que os ajudará a compreender a natureza interligada e

interdependente do nosso mundo — que é o porquê de eles estarem a receber estes

serviços. Eles aprenderão que estar em uma sociedade que garante seu bem-estar também

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envolve alguns deveres. Estes se relacionarão às atitudes das pessoas umas para as outras,

bem como sua contribuição de tempo ou serviços pelo bem comum.

Por exemplo, se certificarem que todas as crianças recebem educação básica não tem que

custar ao estado um tostão. Isso pode ser feito através de professores desempregados que

trabalham voluntariamente em troca de seu sustento básico. Esta medida contribuirá

significativamente para a coesão social da comunidade, e juntamente com o treinamento

notarão que estão tomando parte na formação de um mundo melhor, assim dando às

pessoas outro incentivo positivo para se esforçarem pela comunidade.

2) O treinamento: Já mencionamos o treinamento que ajudará as pessoas a compreender

a natureza interligada e interdependente do nosso mundo. O paradigma social da

Educação Integral sugere que cada cidadão, até mesmo cada residente do país tome parte

neste treinamento.

O treinamento tem um propósito duplo — um social e um econômico. O propósito

econômico, que é mais um benefício suplementar que uma meta real em si mesma, é de

equipar as pessoas com o conhecimento necessário para se apoiarem mutuamente em

tempos de magro vencimento. Essa parte do treinamento incluirá educação para o

consumidor (finanças pessoais), para que as pessoas possam gerir seus gastos de uma

maneira economicamente viável usando recursos limitados.

A outra, parte mais extensiva do curso incluirá tópicos que dizem respeito à percepção de

uma pessoa como parte de um todo maior que compartilha uma meta comum. Esta

percepção é imperativa para a coesão da sociedade. Sem ela, será cada homem por si

mesmo, uma sociedade muito competitiva.

A crescente dissonância entre este tipo de sociedade e a direção agregadora da realidade

de hoje sem dúvida aumentam a já excessiva pressão sobre o funcionamento social das

pessoas, e o resultado será o desmoronar da sociedade. Se isso acontecer, como a história

comprova e descreveu em anteriores capítulos, os Judeus serão culpados, as

consequências de tal são como quiser adivinhar.

Desta forma, abaixo estão tópicos que acredito que devem ser incluídos no treinamento

de EI com o objetivo de impulsionar as pessoas para uma visão do mundo mais coesa e

desta forma sustentável:

Interligação na economia, cultura e sociedade e o que isso significa para cada um

de nós. Este tópico detalhará a evolução dos desejos e como no quarto nível,

desejamos desfrutar de riqueza, poder e fama, ou seja prazeres egocêntricos e que

estes desejos nos conduzem a conectar, embora negativamente, em prol de nos

usarmos uns aos outros.

Interdependência — porque nos tornamos interdependentes e como isso deve

afetar nossas relações nos níveis pessoal, social e político. Este tópico deve

continuar a explicação da evolução dos desejos e demonstrar porque nossos

desejos de nos explorarmos uns aos outros nos tornam mais dependentes uns dos

outros. Porque estes desejos nos fazem envolver em relações cada vez mais

apertadas, enquanto albergando intenções naturalmente enfermas uns para os

outros, estamos nos tornando cada vez mais interligados porque queremos usar

uns aos outros. Todavia, somos igualmente interdependentes porque somos

dependentes dos outros para a satisfação das nossas vontades.

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Melhorar as capacidades sociais, emocionais e mentais:

o O Aprender como lidar com o desemprego e a resultante insuficiência financeira,

stress e depressão.

o As aptidões de comunicação tais como aprender a escutar, como exprimir nossas

emoções e necessidades claramente, respeitar-nos uns aos outros e como ler a

linguagem corporal. A meta aqui é desarmar a agressão e estabelecer melhor

entendimento mútuo.

o Resolver conflitos domésticos de uma maneira não-violenta.

o Socializar como um meio de aprendizagem, auto enriquecimento, mitigar tensões

e restaurar a autoestima.

Consumo das mídias: Como afirmado acima, os meios de comunicação de massa

são a ferramenta mais poderosa para formar nossas visões e valores. Por esta

razão, o consumo sábio das mídias consegue reduzir tendências agressivas,

encorajar comportamento pró-social e fornecer informação essencial e

entendimento do mundo e nosso lugar dentro dele. Para nos certificarmos, o

termo, "mídia," não se relaciona somente à TV e rádio, mas também à Internet,

jornais e algumas formas da cultura pop, tais como filmes e música popular.

Aptidões de gestão de tempo: Aprender a usar o nosso tempo para enriquecimento

pessoal, expansão dos círculos sociais, adquirir novas aptidões ou melhorar

aptidões profissionais e nutrir laços familiares mais sólidos.

Qualificar formandos para futuros cursos e treinamentos.

Também, a frequência física é possível, o treinamento será dado através de atividades

sociais, simulações, trabalho em grupo, jogos e apresentações multimídia. A

aprendizagem não será num formato frontal tradicional professor/aula. Em vez disso, o

professor e os estudantes se sentarão num círculo e conversarão como iguais, assim

aprendendo através de enriquecimento e partilha mútuos. Onde a participação física não

é possível, a estrutura educativa será amplamente interativa, com exemplos e atividades

desenhadas principalmente para a e-educação.

Os resultados de tal treinamento devem ser: 1) compreender como gerir a nossa vida

pessoal no meio social volátil e instabilidade econômica de hoje; 2) compreender que há

uma lei natural que galvaniza esta revelação, que essa lei é tão severa e inexorável como

a gravidade, e que devemos desta forma dominar estes novos meios de lidar para o nosso

próprio bem.

Embora todos tenhamos que saber como nos gerir a nós mesmos sob a Lei da

Interdependência imposta pela Lei da Doação, o Criador, isso não significa que todos

tenham de estudar Cabalá. Aqueles que desejam estudar podem fazê-lo, mas aqueles que

não têm desejo de alcançar o Criador contribuirão precisamente o mesmo para o

"superorganismo da humanidade," para usar as palavras de Christakis e Fowler, ao viver

simplesmente a partir das leis de responsabilidade mútua sem alcançar o funcionamento

interior da Criação.

Da mesma forma você não precisa de ser um eletricista qualificado para ligar a luz com

sucesso e seguramente, nem todos têm que ser Cabalistas, ou um "perito no

funcionamento da Lei da Doação," para usar fraseado mais contemporâneo, sucessiva e

seguramente aplicar a Lei da Doação às suas vidas. Afinal, esta lei existe com a meta de

fazer o bem às Suas criações, como aprendemos no Capítulo 2. Desta forma, tudo o que

precisamos de aprender é como usá-la adequadamente, tal como aprendemos a usar a

eletricidade, gravidade, magnetismo e qualquer outra lei natural ou força para nosso

benefício.

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Dito isso, tal como os eletricistas constroem os sistemas que todos usam seguramente sem

qualquer conhecimento profissional, os Cabalistas têm que construir os sistemas sociais

e de ensino que inculcam a qualidade de doação na sociedade, para que todos possam usar

estes sistemas beneficamente, até sem qualquer conhecimento da Cabalá.

3) A mesa redonda: Um meio que é de principal importância, e assim merece um item em

por si mesma, é o formato de discussão da mesa redonda. Neste tipo de discussão, todos

os participantes são de estatuto igual e representam visões diferentes, frequentemente

opostas sobre assuntos que são críticos para o bem-estar e sanidade da comunidade,

cidade, estado, ou país.

A meta da deliberação não é de reconciliar diferenças ou induzir compromisso. Em vez

disso, a meta é encontrar um denominador comum que se encontre acima dos conflitos e

disputas. O resultado de encontrar tal elemento é que os tópicos em disputa subitamente

parecem menos importantes que anteriormente, e pálidos em comparação à união e calor

que os participantes agora sentem uns para os outros. Subsequentemente, soluções são

facilmente encontradas para conflitos anteriormente persistentes num espírito de boa-fé,

devido ao recentemente descoberto interesse comum.

Em Israel, várias organizações e movimentos implementaram o formato de discussão da

mesa redonda. O movimento Arvut (garantia mútua), por exemplo, implementou este

meio de deliberação centenas de vezes e cada vez que este formato foi usado, foi relatado

como um grande sucesso pelos próprios participantes. Desta maneira, problemas que não

haviam sido resolvidos durante anos foram resolvidos numa questão de horas.

Até agora em Israel, isto foi experimentado em grandes cidades, aldeias e kibbutzim, em

aldeias Árabes e Druzas, reunindo os colonos da mais extrema direita da Judeia e Samária

com Árabes da Cisjordânia, na Knesset (Parlamento Israelita), e dentro de populações em

conflito tais como emigrantes da Etiópia e antiga União Soviética. Estes eventos

terminaram com uma profunda sensação de união e calor 100 por cento das vezes. Para

testemunhos registados em vídeo e mais detalhes sobre as discussões da mesa redonda

visite http://www.arvut.org/en/round-table.

Discussões de mesa redonda foram conduzidas pelo mundo, também. Nova Iorque e São

Francisco (EUA), Toronto (Canadá), Frankfurt e Nuremberga (Alemanha), Roma (Itália),

Barcelona (Espanha), São Petersburgo e Perm (Rússia), são só alguns dos muitos lugares

onde esta forma de discussão foi implementada, todos desfrutando do mesmo sucesso que

em Israel.

No espírito da igualdade, as atuais deliberações também envolvem o público e seguem

este procedimento: Um painel de indivíduos de diversas áreas do conhecimento e agendas

frequentemente conflituosas sentam-se à volta da mesa principal. Os palestrantes

exprimem suas visões sobre um tópico declarado pelo anfitrião do evento. Seguidamente,

o público faz perguntas aos palestrantes, às quais um ou mais deles responde. É uma regra

inquebrável que os palestrantes não devem reprovar outros palestrantes ou interferir com

suas palavras. Crítica pessoal é também estritamente proibida.

Deste modo, o público escuta uma variedade de visões que não se opõem uma à outra,

mas em vez disso se complementam uma à outra. Subsequentemente, o público divide-se

em múltiplas mesas redondas e discute perguntas apresentadas pelo anfitrião da mesma

maneira e espírito demonstrados pelo painel. Finalmente, as mesas reúnem-se novamente

numa assembleia geral e cada mesa apresenta suas conclusões, bem como partilha suas

impressões do evento como um todo.

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Recentemente, até algumas discussões de mesa redonda online foram experimentadas, e

elas, também, foram muito bem sucedidas. Naturalmente, cada lugar tem sua mentalidade

única, e cada veículo, um evento ao vivo, um encontro online, ou uma transmissão de TV,

tem suas vantagens e desvantagens. Desta forma, não há dois eventos iguais. Todavia, o

espírito da camaradagem e o compromisso à responsabilidade mútua que se encontram

na base de toda tal discussão garantem o sucesso destas deliberações únicas.

Embora a ampla maioria das sociedades esteja ainda muito longe de viver a partir dos

conceitos da garantia mútua, estas discussões, como os registos de vídeo demonstram,

conseguem introduzir um sentido genuíno do que é viver em garantia mútua.

CRIANÇAS INTEGRALMENTE EDUCADAS

Enquanto adultos devem assumir responsabilidade por mudar seus meios sociais

positivamente, a situação é muito mais complicada no que diz respeito a crianças e jovens.

Aqui é a responsabilidade dos adultos, professores e educadores, seja através de

iniciativas privadas ou com o apoio do governo, construir este meio de indução de coesão.

O presente sistema de educação promove competição sem diminuição. Por si mesma, a

competição é natural e não é naturalmente negativa. Mas se considerarmos a cultura

competitiva de hoje e o que ela nos está fazendo, e tanto quanto o mais aos nossos filhos,

é claro que estamos empregando mal esse traço.

Em Sem Concurso: O Caso Contra a Competição, Alfie Kohn, um conhecido dissidente

da competição, citou o psicólogo, Elliot Aronson: “Desde o jogador de futebol da Pequena

Liga que irrompe em lágrimas depois de sua equipa perder, aos estudantes de segundo

grau no estado de futebol a cantar ‘Somos o número um!’; desde Lyndon Johnson, cujo

juízo foi quase certamente distorcido pelo seu desejo frequentemente afirmado de não ser

o primeiro Presidente Americano a perder uma guerra, a um aluno da terceira classe que

despreza seu colega de turma por uma performance superior num teste de aritmética,

manifestamos uma vacilante obsessão cultural pela vitória”.260

Certamente, bibliotecas e a Internet são abundantes de estudos que indicam que a

competição e individualismo são maus e a colaboração e cooperação são bons, tanto no

trabalho como na escola. Jeffrey Norris publicou uma história no Centro Noticioso da

UCSF, intitulada, “O Prémio Nobel de Yamanaka Salienta o Valor do Treinamento e

Colaboração”. Nessa história, argumentou Norris, “O solitário cientista trabalhando até

tarde à noite para completar uma experiência inovadora que conduz a um momento

Eureka de alegria solitária é uma cena comum dos filmes de Hollywood, mas na ciência

da realidade é um envolvimento altamente social”.261

Mais tarde, na secção, “Colaboração Sinérgica Impulsiona o Progresso”, ele acrescenta,

“Nos moldes abertos dos edifícios modernos de laboratório, cada investigador cientifico

principal trabalha com vários colegas pós-doutorados, estudantes graduados e técnicos e

um visitante não sabe dizer onde um laboratório termina e outro começa. Ideias cientificas

e camaradagem são nutridas no meio interactivo”.262

E semelhante na escola. Numerosas experiências foram já conduzidas sobre os benefícios

da colaboração no sistema de educação. Num ensaio chamado, “Uma História de Sucesso

da Psicologia Educativa: Teoria da Interdependência Social e Aprendizagem

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Cooperativa”, os professores da Universidade do Minnesota, David W. Johnson e Roger

T. Johnson apresentam o caso para a teoria da "interdependência social".

Nas suas palavras, “Mais de 1200 estudos de investigação foram conduzidos nas passadas

11 décadas sobre esforços cooperativos, competitivos e individualistas. Achados destes

estudos validaram, modificaram, refinaram e prolongaram a teoria”.263

Os autores avançaram para detalhar o que estes estudos haviam descoberto. Os

pesquisadores compararam a eficácia da aprendizagem cooperativa à frequentemente

usada aprendizagem individual e competitiva. Os resultados foram inequívocos. Em

termos de responsabilidade individual e responsabilidade pessoal, eles concluíram, “A

interdependência positiva que liga grupos de membro juntos está postulada a resultar em

sentimentos de responsabilidade por (a) completar nossa quota do trabalho e (b) facilitar

o trabalho de outros membros do grupo. Além do mais, quando a performance de uma

pessoa afeta o resultado dos colaboradores, a pessoa sente-se responsável pelo bem-estar

dos colaboradores bem como o seu próprio. Falhar por si só é ruim, mas falhar para com

os outros é pior”. 264 Por outras palavras, interdependência positiva torna pessoas

individualistas em preocupadas e colaboradoras, o completo oposto da presente tendência

de crescente individualismo até ao ponto do narcisismo.265

Os Johnson e Johnson distingue entre interdependência positiva e interdependência

negativa. A do tipo positivo envolve “…uma correlação positiva entre as metas e

realizações dos indivíduos; os indivíduos percebem que podem alcançar suas metas se e

somente se os outros indivíduos com os quais estão cooperativamente ligados alcançam

suas metas” .266 A negativa significa que “indivíduos percebem que podem obter suas

metas se e somente se os outros indivíduos com os quais estão competitivamente ligados

falharem de obter suas metas”. 267

Para demonstrar os benefícios da colaboração, os investigadores mediram as

concretizações de estudantes que colaboraram em comparação com aqueles que

competiram. Em seus achados, “A pessoa mediana cooperativa foi descoberta concretizar

cerca de dois terços de um desvio padrão acima da pessoa mediana a atuar dentro de uma

situação competitiva ou individualista”.268

Para compreender o sentido de tal desvio acima da média, considere que se uma criança

é um estudante de média 2, ao cooperar, as notas desse estudante vão saltar para uma

média impressionante de 4\5. Também, os Johnsons escreveram, “Cooperação, quando

comparada com esforços competitivos e individualistas, tem tendência de promover

maior retenção a longo-prazo, elevada motivação intrínseca e expectativas de sucesso,

mais pensamento criativo… e mais atitudes positivas para a tarefa e a escola. ”269 Em

outras palavras, não só as crianças se beneficiam desta atitude pró-social, mas a sociedade

como um todo ganha impulso.

No princípio de 2012, escrevi em conjunto com o Professor de Psicologia e terapeuta

Gestalt, Dr. Anatoly Ulianov, um livro intitulado, A Psicologia da Sociedade Integral. O

livro detalha os essenciais da EI, com referências específicas à sociedade competitiva de

hoje. Em essência, o livro sugere que uma vez que a competição é inerente à natureza

humana, como detalhado anteriormente neste livro em respeito à aspiração falante por

riqueza, poder e fama, não a devemos inibir. Em vez disso, ao invés de competir para ser

rei (ou rainha) do meu bairro, por assim dizer, podemos nutrir uma atmosfera social que

promova a competição para a pessoa que contribui mais para as outras.

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Especificamente, aqueles que deviam ser declarados vencedores são indivíduos que

fizeram mais para tornarem os outros melhores. Num sentido, é uma competição para ser

aquele que ama mais os outros. Assim, o impulso natural das crianças de sobressair, e

especificamente, sobressair às outras, não é inibido, permitindo que elas atualizem seu

completo potencial enquanto o canalizando para beneficiar a sociedade em vez de a si

mesmas, uma vez que a única maneira de vencer este tipo de competição é serem as

melhores ao serem boas. Desta maneira, a competição torna-se uma ferramenta para

alcançar a qualidade de doação nas crianças.

Para criar este tipo de atmosfera saudável, relações colega-a-colega e relações de

estudante-a-estudante devem refletir estes valores pró-sociais. Isto envolve algumas

modificações no estilo tradicional de ensino. A premissa na EI é que o desafio principal

de hoje na educação não é a transmissão de informação, mas em vez disso inculcar

capacidades com as quais adquirir informação rapidamente e de uma maneira que serve

melhor as várias metas dos estudantes.

Esta é uma mudança do paradigma tradicional, que resulta do fato de que a vida de hoje

é muito diferente do tempo da Revolução Industrial, durante a qual o conceito do

leccionar frontal de informação foi concebido. Na Era da Informação, dados acumulam-

se tão rápido que as passadas experiências só podem servir como uma base para posterior

aprendizagem. Em preparação para o mundo de adulto de hoje, as crianças escolares

precisam de aprender como aprender mais do que precisam de absorver informação.

Adicionalmente, devido à natureza interligada e interdependente do mundo de hoje, desde

cedo as crianças precisam compreender que o interesse pessoal sozinho não conduzirá à

felicidade. Em vez disso, como Johnson e Johnson demonstram, a consideração mútua e

abertura aos outros promoverão melhor suas chances de sucesso e felicidade.

Mas as crianças precisam de experimentar sua interligação do mundo na vida real, e não

escutar somente ou falar sobre isso. Uma maneira prática de alcançar isto é ao transformar

a sala de aula num microcosmo, um pequeno meio ambiente, uma pequena família onde

todos se preocupam uns com os outros.

Para esse fim, a EI propõe que estudantes e professores, ou "educadores," como eles são

referidos na EI, se sentem em círculos, e a aprendizagem tomará lugar através de

discussões animadas, sobre o assunto estudado. Os círculos colocam o educador e

estudantes no mesmo nível, para que o educador possa gentilmente guiar a discussão para

a aprendizagem, e ainda mais importante, para o entendimento mútuo sem ser arrogante

ou dominador.

Outro assunto importante é o currículo escolar. Isto deve refletir a natureza interligada do

mundo. O currículo também deve apoiar a integração dos tópicos. Assim, o campo de

estudo tal como a matemática, física e biologia não serão leccionados separadamente,

mas dentro do contexto da Natureza como um todo, que é como as leis das três disciplinas

na realidade funcionam.

Integração deve ser inerente ao próprio estudo, e é muito provável ver estudantes

aplicarem das leis da biologia aos seus estudos nas humanidades. Afinal, a humanidade

foi rotulada como "um superorganismo," então aplicar as leis da biologia à sociedade

humana parece uma evolução natural.

Também notável é o ponto de que na EI, os educadores não são professores, mas

estudantes mais velhos. Isto aumenta a coesão geral e camaradagem entre estudantes de

diferentes grupos etários, a desenvolver aptidões verbais e pedagógicas dos jovens

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educadores e induz uma muito mais profunda assimilação de informação nos tutores

porque eles a têm que ensinar.

Mas acima de tudo, quando os jovens tutores ensinam em vez de professores adultos,

problemas de disciplina se tornam virtualmente obsoletos. Porque crianças mais novas

naturalmente aspiram a crianças que são mais velhas que elas em dois ou três anos, em

vez de ressentir os educadores, como frequentemente sentem com os professores adultos,

elas procuram favorecê-los e concorrem para ser o melhor estudante aos olhos do tutor.

Casar essa aspiração com o desejo de ser o melhor ao ser bom, e você tem nas suas mãos

uma atmosfera escolar para as qual as crianças terão prazer de ir de manhã, e na qual elas

crescerão para se tornarem adultos confiantes e pró-sociais.

Condizendo aos propósitos da EI, a própria aprendizagem tomará lugar em grupos, pois

ela é a forma mais vantajosa de estudo para nutrir aptidões sociais e para inculcar

informação, de acordo com os mencionados estudos da Johnson e Johnson. Assim, a

avaliação de um estudante não se relacionará à sua habilidade de memorizar e recitar num

teste padronizado. Em vez disso, avaliações serão dadas aos grupos, em vez de indivíduos.

Isto aumentará ainda mais a sensação de responsabilidade do grupo e responsabilidade

mútua entre os estudantes.

Com isso dito, professores e educadores regularmente enviarão relatórios aos pais e

administradores escolares a respeito do progresso social e educativo das crianças. Porque

os professores estarão muito mais próximos dos estudantes do que os métodos de ensino

de hoje permitem, eles verão que um problema surge com uma criança antes que ele se

deteriore numa grande crise.

Uma vez por semana, os estudantes devem abandonar o edifício escolar e saírem em

excursões. Para conhecerem o mundo em que vivem, o sistema educativo deve fornecer-

lhes em primeira mão o conhecimento das instituições que afetam suas vidas, as

autoridades governamentais, a história e natureza dos lugares em que elas vivem. Tais

excursões devem incluir museus, passeios em parques próximos, visitas a comunidades

agrárias, visitas a fábricas, hospitais e excursões a instituições governamentais, estações

de polícia e assim por diante.

Cada uma destas excursões irá necessitar de preparação que equipará os estudantes com

conhecimento prévio do lugar que estão prestes a visitar, o papel desse lugar na sociedade,

do que ele contribui, possíveis alternativas e as origens desse lugar ou instituição.

Por exemplo, antes de uma excursão à esquadra de polícia local, os estudantes pesquisarão

o tópico da polícia na Internet, se possível com informação específica sobre a esquadra

que estão prestes a visitar. Eles aprenderão como a polícia chegou ao seu presente modo

de ação, como ela se encaixa dentro do tecido da vida na nossa sociedade e que

alternativas para a polícia podemos imaginar.

Desta maneira, as crianças aprenderão sobre o mundo em que vivem, desenvolverão

pensamento criativo para imaginar um futuro mais desejável, praticarão trabalho de

equipe, e melhorarão suas aptidões de aprendizagem. Depois da excursão, maiores

discussões permitirão aos estudantes partilhar o que aprenderam, tirar conclusões, fazer

sugestões e comparar o que descobriram com as noções que tinham a respeito do tópico

em discussão antes da excursão.

Há muito mais a dizer sobre as escolas de EI, tal como em respeito das relações de pais-

escola-estudante, abordagem aos trabalhos-de-casa, horas escolares recomendadas,

feriados, políticas de punição ou não, etc. Desenvolver mais este tópico está além da

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amplitude deste livro, mas a ideia ao redor da EI deve ficar clara: as crianças precisam

aprender em meio ambiente interligado e experimentar em primeira mão os benefícios e

diversão associados a viver em tal meio ambiente.

NOSSO PRIVILÉGIO, NOSSO DEVER, NOSSO TEMPO

Uma última coisa precisa de ser mencionada a respeito da educação de adultos, jovens e

crianças. Nenhuma forma de Educação Integrada terá sucesso se ela visar melhorar

somente nossas vidas materiais. Embora esta seja uma meta desejável, ela não será

alcançada sem um profundo entendimento de que toda a humanidade está avançando para

uma era de interligação e interdependência porque esta é a Lei da Natureza. As pessoas

não precisam de lhe chamar "o Criador”. Não há necessidade de alguém aspirar para

alcançar um nível superior, mais profundo, mais amplo de percepção a menos que esteja

na sua vontade. Contudo, pessoas terão de saber que equivalência de forma, ser como a

Lei da Natureza, ou seja interligação, nos impulsiona para adaptarmos nosso modo de

vida correspondentemente.

Aqueles que dispõem o currículo e desenham os programas de estudo terão de ser tal

como descrito, ou seja Cabalistas. Com isso dito, estudos de Cabalá nunca serão

mandatários porque somente aqueles que se desejam transformar a si mesmos, dedicar a

si mesmos ao serviço dos outros e genuinamente desejam adquirir a qualidade de doação

se devotarão a esta vocação.

Certamente, tal transformação social é uma tarefa robusta. E todavia, nós Judeus já fomos

anteriormente transformados, e quer esteja dormente ou desperta, a reminiscência dessa

transformação existe dentro de todos nós. A nenhuma outra nação foi dada a tarefa de

redimir a humanidade, como aos Judeus, e a nenhuma outra nação foram dadas as

ferramentas inerentes para fazer isso. É nosso chamado, é nosso privilégio, é nosso dever

e é nossa hora. É a partir desse sentido de compromisso que o método sugerido de

educação foi concebido.

Pode soar como um método um pouco ortodoxo, mas suas fundações estão

profundamente enraizadas dentro de nossa história e dentro de nossas almas, e seus

"princípios" foram testados com sucesso por outras doutrinas. Ele terá sucesso se nos

unirmos, e ele fracassará se não o fizermos. Como nossos sábios disseram, “Grande é a

paz, pois até quando Israel idolatram mas há paz entre eles, o Criador diz, ‘É como se eu

não os conseguisse governar porque há paz entre eles’”270

Gostaria de terminar com uma referência às palavras de Baal HaSulam no fim da sua

“Introdução ao Livro do Zohar”. Ele conclui sua introdução com uma afirmação de que

se Israel levem a cabo sua missão e tragam felicidade ao mundo através da união e

aquisição da qualidade de doação, as palavras do Profeta Isaías se realizarão, e as nações

se juntarão a nós e nos ajudarão na nossa missão. Como Baal HaSulam cita, “Assim disse

o Senhor Deus: ‘Eis, Eu levantarei minha mão para as nações, e definirei meus padrões

aos povos, e eles trarão vossos filhos nos seus braços, e vossas filhas serão carregadas

sobre seus ombros’” (Isaías 49:22).

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POSFÁCIO

A humanidade merece estar unida em uma única família. Nessa altura todas as

discussões e a má vontade que derivam de divisões de nações e suas fronteiras

cessarão. Contudo, o mundo necessita de mitigação, através da qual a

humanidade será aperfeiçoada através das características únicas de cada nação.

Esta carência é o que a Assembleia de Israel complementará.

O Rav Kook,

Orot HaRaaiah [Luzes do Raaiah], Shavuot, par. 70

Não foi fácil escrever este livro. Escrevi dezenas de livros, mas nenhum foi tão

emocionalmente exigente ou intelectualmente desafiante. Durante muitos anos até então,

que conheço a tarefa que se encontra perante nós, mas sempre hesitei acerca de escrever

diretamente aos meus irmãos Judeus. Não desejo ser percebido como condescendente ou

arrogante, e ser tediosamente maçador ou repreensivo não está propriamente na minha

lista de "coisas a fazer".

E todavia, os meus estudos de Cabalá com o Rabash ensinaram-me que a direção na qual

o mundo está se movendo está alinhada para acabar em mutilação. Foi por isso que o pai

do Rabash, Baal HaSulam, bem como seu filho, estavam mais propensos a circular a

sabedoria oculta como uma cura para o crescente egoísmo da humanidade que qualquer

outro Cabalista anterior.

Baal HaSulam estava ansioso com a crescente interdependência global no princípio dos

anos 30, quando poucas pessoas no mundo estavam sequer conscientes do processo. Ele

sabia que isso conduziria a uma crise insolúvel se a humanidade não apoiasse essa

dependência mútua com garantia mútua, que a natureza humana não seria capaz de tolerar

o contraste entre interdependência e aversão mútua.

Ao mesmo tempo, até na fase inicial da nossa globalização, Baal HaSulam percebeu que

o processo era irreversível, que porque somos partes de uma única alma, um único desejo,

estamos naturalmente conectados. Ele também sabia, como todos os sábios citados neste

livro, que a meta para a qual fomos criados não foi para que as pessoas fossem estranhas

e odiosas, mas para se conectarem e se unirem através da qualidade de doação.

Hoje vemos quão certo ele estava. Estamos desesperadamente ligados de forma enferma,

e veementemente rancorosos acerca disso. Nossos sistemas sociais, tais como a economia,

saúde e educação, assumem que a má vontade é a base das relações humanas, e desta

forma cada entidade cobre-se a si mesma através de regulamentações, legislações e

solicitadores.

Mas este modo operandi é insustentável. Como as boas famílias assumem a boa vontade

entre membros da família, todos os membros da humanidade têm de aprender a confiar

uns nos outros. Contudo, como demonstrado no decorrer do livro, porque nossos egos

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evoluem constantemente e enfatizam nossa singularidade em vez de nossa união,

precisamos de um método para nos ajudar a alcançar união acima de nossa disparidade,

sem a suprimir ou anular. Esse método está enraizado no património espiritual de nosso

povo, e ele é a dádiva dos Judeus à humanidade, a salvação que todas as nações esperam

dos Judeus.

A dádiva que pode ser entregue através da sabedoria da Cabalá, através da Educação

Integral, pelo meio que Baal HaSulam sugeriu em A Nação, ou por qualquer outro meio

que renda uma mudança fundamental na natureza humana da divisão para a união, da

animosidade para a empatia e preocupação. Se alcançarmos essa união, então quanto mais

diferirmos na nossa personalidade, mais forte e quente será nosso laço. Como Rabi

Nathan Sternhertz o descreveu, “Depende principalmente do homem, que é o coração da

Criação, e sobre o qual tudo depende. É por isso que ‘Ama teu próximo como a ti mesmo’

é a grande klal [“regra”, mas também “coletivo”] da Torá, para incluir nela união e paz,

que é o coração da vitalidade, persistência, e correção do todo da criação, pelas pessoas

de visões diferentes sendo incluídas juntas em amor, união e paz”.271

Certamente, a beleza de nosso povo está na sua união, sua coesão. Nossa nação começou

como um grupo de indivíduos que compartilharam um desejo comum: de descobrir a

força essencial da vida. Nós descobrimos que ela era, numa palavra, “amor”, e nós a

descobrimos porque desenvolvemos essa qualidade dentro de nós. Essa força de amor nos

uniu, e no espírito do amor, procuramos compartilhar nossa descoberta com qualquer um

que o quisesse.

Com o tempo, perdemos nossa conexão, primeiro uns com os outros, então com a força

que havíamos descoberto através de nosso laço. Mas agora o mundo precisa que

reacendamos esse laço, primeiro entre nós, e subsequentemente entre o todo da

humanidade.

Somos uma nação prendada, uma nação com a dádiva do amor, que é a qualidade do

Criador. Receber esta dádiva é a meta para a qual a humanidade foi criada, e nós somos

a única conduta pela qual este amor pode fluir para todas as nações.

Desde a aurora da humanidade, “nunca tão poucos deveram tanto a tantos, para

parafrasear as palavras de Winston Churchill. E contudo, nunca tão poucos foram capazes

de dar tanto a tantos.

Certamente, como Baal HaSulam diz, “Cabe à nação Israelita qualificar a si mesma e a

todas as pessoas do mundo ... a se desenvolverem até que tomem sobre si mesmas essa

obra sublime do amor aos outros, que é a escada para o propósito da Criação, que é Dvekut

[equivalência de forma] com Ele”.272

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Notas

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272 Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), The Writings of Baal HaSulam, “The Arvut [Mutual Guarantee],” item 28 (Ashlag Research Institute, Israel, 2009), 393.

O Autor e Sua Obra

Professor de Ontologia e Teoria do Conhecimento, PhD em Filosofia e Cabalá, e mestrado

em Cibernética Médica, Michael Laitman é dedicado para promover mudanças positivas

nas políticas educacionais e práticas através de ideias inovadoras e soluções para a

maioria dos problemas sociais, culturais e educativas prementes da nosso tempo. Ele

introduziu uma nova abordagem para a educação, incorporação de modos de pensar que

derivam de nossa realidade interdependente e interligado.

Em seus encontros com a Sra. Irina Bokova, Diretora Geral da UNESCO, e com o Dr.

Asha -Rose Migiro Vice- Secretário-Geral da ONU, ele discutiu atual desafios globais e

sua visão para a sua solução . em recente anos, ele tem trabalhado em estreita colaboração

com muitas instituições internacionais e tem participado como orador principal

Como um pacote de Palhetas

em diversos eventos internacionais em Tóquio ( com o Goi

Peace Foundation ) , Arosa (Suíça), e Düsseldorf

(Alemanha), e com o Fórum Internacional de Culturas

em Monterrey (México ) . Estes eventos foram organizados com

o apoio da UNESCO.

Dr. Michael Laitman tem sido destaque na seguinte

publicações , entre outros : Corriere della Sera , o Chicago

Tribune, o Miami Herald, The Jerusalem Post, e A

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Globo e na RAI TV e TV Bloomberg .

Dr. Laitman passou toda a sua vida explorando humano

natureza e da sociedade , buscando respostas para o sentido da vida

em nosso mundo moderno . A combinação de sua acadêmica

fundo e amplo conhecimento faz dele um soughtafter

pensador mundo e alto-falante. Dr. Laitman escreveu

mais de 40 livros que foram traduzidos para 18 idiomas ,

tudo com o objetivo de ajudar as pessoas a alcançar a harmonia

entre si e com o ambiente ao seu redor.

PUBLICAÇÕES NOTÁVEIS

A auto- interesse versus Altruísmo na Era Global :

Como a sociedade pode transformar interesses pessoais em benefício mútuo

A auto- interesse versus Altruísmo na Era Global apresenta um novo

perspectiva sobre os desafios do mundo, considerando-os como

conseqüências necessárias do crescente egoísmo da humanidade ,

em vez de uma série de erros . Nesse espírito, o livro sugere

maneiras de usar os nossos egos para o benefício da sociedade , em vez de tentar

suprimi-los .

... Afirmando que o futuro da sociedade depende da cooperação

de pessoas para trabalhar em conjunto para a sociedade , afirmando que

grande parte da degradação da sociedade nas últimas décadas tem

-221 -

O autor e sua obra

sido o resultado do narcisismo e da ganância , interesse pessoal

versus Altruísmo é um curioso e recomendou ler.

James A. Cox, Editor-in - Chief , Midwest Book Review

A Psicologia da Sociedade Integral

O livro apresenta uma série de diálogos entre professores

Michael Laitman e Anatoly Ulianov . Juntos, eles

lançar luz sobre os princípios de uma abordagem de abrir os olhos para

educação. Ausência de concorrência , a criação dos filhos através

o ambiente social , peer igualdade , premiando os doadores ,

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e uma maquiagem dinâmica de grupo e instrutores são apenas

alguns dos novos conceitos introduzidos neste livro. o

Psicologia da Sociedade Integral é um must-have para todos os que

deseja se tornar melhores pais , melhores professores e melhor

pessoas da realidade integrada do século 21 .

"O que está expresso em A Psicologia da Integral

A sociedade deve levar as pessoas a pensar em outro

possibilidades . Ao resolver qualquer problema difícil , todos

perspectivas precisam ser exploradas . Gastamos

muito tempo competindo e tentando obter uma vantagem

que o conceito de simplesmente trabalhar juntos sons

inovador em si " .

Peter Croatto , prefácio Revista

Um Guia para o Novo Mundo : Por responsabilidade mútuaé a

chave para a nossa recuperação da crise global

Por que 1 % da população mundial possui 40 % da

riqueza? Por que os sistemas de educação em todo o mundo

produzindo infelizes , crianças mal educadas ? Porque é que existe

-222 -

Como um pacote de Palhetas

fome ? Por que os preços dos alimentos subindo , quando houver mais de

alimentos suficientes para todos? Por que há países que ainda

onde a dignidade humana ea justiça social são inexistentes ?

E quando e como serão essas injustiças ser certo?

Estas perguntas tocar os corações de todos nós. o grito

por justiça social tornou-se uma demanda em torno do qual

todos podem se unir. Todos nós por muito tempo para uma sociedade onde podemos

sentir

seguro, confiamos em nossos vizinhos , e garantir o futuro do nosso

crianças . Em tal sociedade , tudo vai cuidar de tudo, e mútuo

garantir - onde todos são garantes de um do outro bem-estar -

vai prosperar .

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Apesar de todos os desafios , a mudança é possível, e nós

pode encontrar uma maneira de implementá-lo. Portanto, Um Guia para a

Novo Mundo é um livro otimista e positiva , o que nos ajuda a

pavimentar o caminho em direção a esse objetivo.

Conectado - pela Lei da Natureza

Nossa sociedade não é como era há alguns anos atrás. Temos crescido

além , tornar-se "viciado " em inovações tecnológicas e

muitos de nossos laços sociais equivaleria a linha " amizades. " É

Parece que a preocupação mútua e bondade para com os estranhos têm

desapareceu. Infelizmente, sem eles nós não temos nenhuma

sociedade , e por isso eles devem retornar . A única pergunta é: "Como

para que isso aconteça ? "

Conectado -a lei da natureza é um livro inovador no

consciência social. Apresentando um quadro abrangente da

realidade eo processo que a humanidade está passando , o

livro oferece ferramentas para usar o principal pessoal e social

mudanças que estamos passando em nosso benefício.

O livro sugere um "programa de saúde para a humanidade "

solidificando os laços entre nós em todos os níveis para a família ,

-223 -

O autor e sua obra

comunidade , nacional e internacional. O que mais cedo

implementar o programa , quanto mais cedo nos encontraremos

desfrutando vidas tranquilos , felizes e significativos.

O Livro do Zohar :

Anotações para o comentário Ashlag

O Livro do Zohar é uma fonte milenar de sabedoria e

base para toda a literatura cabalística . Desde o seu aparecimento ,

que tem sido o principal , e muitas vezes a única fonte utilizada por

Cabalistas .

Escrito em uma linguagem única e metafórico , O Livro

do Zohar enriquece nossa compreensão da realidade e alarga

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nossa visão de mundo . Único Sulam ( Escada) Rav Yehuda Ashlag

comentário nos permite compreender os significados ocultos da

texto e " subir" para as percepções e idéias lúcidas

que o livro vale para aqueles que a estudam.

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