COMPARAÇÃO, MÉTODO COMPARATIVO E FAMÍLIA

22
COMPARAÇÃO, MÉTODO COMPARATIVO E FAMÍLIA ELLEN F. WOORTMANN Universidade de Brasília O paper discute a presença e significação do método comparativo no decorrer do processo de constituição da Antropologia clássica. Nele se analisa o método comparativo em si no que ele apresenta de constante - a sua natureza - a rigor, o que independe das variações, portanto seu cerne, ilustrando-o com diferentes usos da noção de família. Portanto, nosso objetivo é discutir um método que "procura reunir o que vulgarmente se separa ou distinguir o que vulgarmente se confunde" (Bourdieu, 1975:29) e que "não é suscetível de ser estudado separadamente das investigações em que é empregado" (Comte, in ibidem 1975: 11). Dada a sua amplitude, não serão analisados os diversos tipos de método comparativo: da Concordância ou Acordo e da Diferença na terminologia de Scokpol (1975). Tampouco serão analisadas em detalhes as abrangências dos princípios em relação ao todo - princípio particular, universal, segmentado, totalizante, etc. Na análise das obras serão tomadas algumas que consideramos mais explícitas, mais expressivas, tanto no que se refere à posição do autor, quanto à operacionalização do método. No caso de Radcliffe-Brown por exemplo, escolhemos "O Método Comparativo em Antropologia Social" (1978) na primeira parte porque julgamos ser o mais representativo do pensar estrutural-funcionalista e African Systems of Kinship and Marriage para a análise de sua concepção de família. O caso de Boas foge à regra porque fundamentalmente nos apoiamos em crítica sobre sua obra.

Transcript of COMPARAÇÃO, MÉTODO COMPARATIVO E FAMÍLIA

Page 1: COMPARAÇÃO, MÉTODO COMPARATIVO E FAMÍLIA

COMPARAÇÃO, MÉTODO COMPARATIVO E FAMÍLIA

ELLEN F. WOORTMANN

Universidade de Brasília

O paper discute a presença e significação do método

comparativo no decorrer do processo de constituição da

Antropologia clássica. Nele se analisa o método comparativo em

si no que ele apresenta de constante - a sua natureza - a

rigor, o que independe das variações, portanto seu cerne,

ilustrando-o com diferentes usos da noção de família.

Portanto, nosso objetivo é discutir um método que

"procura reunir o que vulgarmente se separa ou distinguir o

que vulgarmente se confunde" (Bourdieu, 1975:29) e que "não é

suscetível de ser estudado separadamente das investigações em

que é empregado" (Comte, in ibidem 1975: 11).

Dada a sua amplitude, não serão analisados os diversos

tipos de método comparativo: da Concordância ou Acordo e da

Diferença na terminologia de Scokpol (1975). Tampouco serão

analisadas em detalhes as abrangências dos princípios em

relação ao todo - princípio particular, universal, segmentado,

totalizante, etc.

Na análise das obras serão tomadas algumas que

consideramos mais explícitas, mais expressivas, tanto no que

se refere à posição do autor, quanto à operacionalização do

método. No caso de Radcliffe-Brown por exemplo, escolhemos "O

Método Comparativo em Antropologia Social" (1978) na primeira

parte porque julgamos ser o mais representativo do pensar

estrutural-funcionalista e African Systems of Kinship and

Marriage para a análise de sua concepção de família. O caso de

Boas foge à regra porque fundamentalmente nos apoiamos em

crítica sobre sua obra.

Page 2: COMPARAÇÃO, MÉTODO COMPARATIVO E FAMÍLIA

2

Ao centrarmo-nos numa obra, definimos de que método

comparativo, de que autor e a que momento da carreira deste

estamos nos referindo. Destarte, se escapa de conceber a obra

de um autor como uma totalidade imutável e coerente.

Consideramos importante a análise do método comparativo

porque ele foi forjado pelo pensamento clássico como um meio

controlado de chegar às regularidades e generalizações do

pensar o Homem. Desvencilhado das amarras do senso comum,

método comparativo, como veremos, não corresponde à

comparação, que é inerente ao ser racional, porém não é

construído teóricamente. (A comparação estaria para o

pensamento selvagem como o método para o pensamento

científico?)

Tal como entendido pelos clássicos, o método comparativo

constituiu uma forma de sofisticação necessária à serviço da

Ciência para entender o chamado fenômeno humano

* * *

A rigor não há o que se poderia definir como o método

comparativo.Quer dizer, ele não é, como mostra Scokpol (op

cit), pensado, utilizado da mesma forma, nem configura o mesmo

objeto. Tampouco está ligado à alguma teoria ou hipótese

específca. Ele compreende uma infinidade de variações

enquanto método e como método, de forma que se torna difícil

distinguir o que lhe é inerente, isto é, o que o constitui em

essência, em vista da multiplicidade de variações que ele

apresenta.

"Estudar o método comparativo implicaria numa revisão

completa das obras de Antropologia. Se se o entende no sentido

mais amplo, não existe outro método à não ser este... [Ele]

constitui, sem dúvida alguma, uma das demarches essenciais de

Page 3: COMPARAÇÃO, MÉTODO COMPARATIVO E FAMÍLIA

3

todas as ciências e um dos processos elementares do pensamento

humano (Evans-Pritchard, 1971:7).

O método comparativo começa a ser utilizado pela

Antropologia desde os seus primórdios, a ponto de Wissler,

citado por Ackerknecht (in Wallis, 1954:123) considerar a

própria Antropologia como "o ponto de vista comparativo".

O uso do método, enquanto método pensado para a

Antropologia foi introduzido, via Antropologia Física,

Arqueologia e Linguística, setores do conhecimento no qual

aliás, nunca deixou de ser fundamental (idem:117). Ackerknecht

ainda ressalta que, nesse sentido, outra influência importante

nesse período "formativo" da Antropologia foram as "certas

filosofias ou questões práticas [em voga, tais] como

escravidão ou emancipação nacional ou tendências como a

frenologia de Gall e a física social de Quetelet".

No século XIX, a separação da Antropologia Física da

Cultural não significou o abandono do método nesta última.

Pelo contrário, ele foi usado simultaneamente pelos

evolucionistas e pelos que se opunham a eles; paradoxalmente,

ambos para afirmar suas respectivas posições. Nesse momento a

preocupação era de crítica à teoria e ao objeto da teoria. O

método ainda não era questionado.

Uma significativa contribuição ao desenvolvimento do

pensar o método comparativo foi prestada por McLennan,

especialmente na sua obra Primitive Marriage (1865). Nela o

autor apresenta o primeiro estudo sistemático comparativo das

instituições das sociedades primitivas. Ao tomar exemplos os

mais variados e sua definição do geral e do particular como

forma de definir conceitos classificatórios, McLennan torna-se

o defensor de uma das abordagens mais fecundas do método

comparativo: a dos trabalhos qualitativos.

Quase no mesmo período encontramos o precursores do

trabalho de Murdock, J.Goody e outros: Herbert Spencer com sua

Page 4: COMPARAÇÃO, MÉTODO COMPARATIVO E FAMÍLIA

4

tabelas e seu esforço de alcançar o maior número possível de

amostras possíveis.

O primeiro quartel do século XX assistiu ao surgimento de

duas "árvores filogenéticas" de pensamento antropológico.

Paradoxalmente, a que foi desenvolvida no novo mundo,

mantinha-se ligada ao passado. Foi defendida por Boas e seus

seguidores, que propugnavam uma "morfologia cultural fundada

nos estudos comparativos das formas similares nas diferentes

partes do mundo (ibidem : 123).

Os identificados com a segunda "árvore", ao romperem

total e completamente com o passado renegaram também o método.

Malinowski, então em diálogo com Freud, torna-se um dos

expoentes dessa nova tendência da Antropologia do velho mundo.

Ao romper com o método e se dedicar ao estudo de unidades

isoladas, Wallis afirma que Malinowski desprezou "uma grande

vantagem do método comparativo, que é o de que, num campo onde

as experiências controladas são impossíveis, ele provê ao

menos algum tipo de controle" (idem: 124-125). Ao opor a

experiência controlada de laboratório à experiência

controlada, contruída do método, está implícita a preocupação

dos clássicos no que diz respeito à diferenciação entre

ciências humanas e ciências exatas, assim de afirmar a

Antropologia como ciência.

Aliás, é interessante que se nesse período as ciências

exatas forneceram o referencial positivo que levou à

constituição das diferentes áreas das ciências humanas, que

por sua vez levou à uma posterior crítica e abandono desse

posicionamento cientificista, hoje assiste-se à um retorno

desse referencial, porém em sentido inverso. Esse referencial

torna-se negativo na medida em que os parâmetros das ciências

exatas passam a se tornar parâmetros gerais aos quais as

ciências humanas devem realizar esforço de se adaptar.

Page 5: COMPARAÇÃO, MÉTODO COMPARATIVO E FAMÍLIA

5

Leach (in 1975:168), ainda numa perspectiva cientificista

"ma non tropo", afirma que o método comparativo, apesar de ser

utilizado por ambas as ciências, possui unidades e objetos

diferentes. E mais, que "o objeto da Antropologia é investido

de vontade própria e não pode ser submetido à experiências que

sejam replicáveis".

Destarte, a única possibilidade de chegar à generalização

de alguma maneira controlada, é via o método comparativo.

Cria-se então um paradoxo à partir da afirmação de

Ackerknecht (ibidem:118) "de que a enorme coleção de dados

etnográficos coletados (isolada e separadamente)... só fazem

sentido em vista de um eventual uso comparativo desse

material". Assim, paradoxalmente, o trabalho dos

funcionalistas, opositores ao uso do método comparativo, só

terá sentido se incorporado à outros trabalhos através do uso

do método ao qual ele eles próprios se opuseram!

Portanto, mesmo que uma obra não tenha sido pensada para

ser submetida ao método comparativo, seus dados poderão ser

retomados, e, na medida do possível, incorporados ao lado de

outros ao método comparativo, caso ela tenha sido construída

teoricamente.

O século XX assistiu à elevação do nível de abstração do

método ligado ao desenvolvimento do pensar a teoria

antropológica. Com a noção de totalidade, Mauss e Durkheim

abrem, por exemplo, uma nova dimensão quanto ao uso do método

e ao seu objeto. Essa noção é alçada à abstração assim como

relações e relações entre relações, e não mais elementos são à

ele submetidos.

À partir da cisão teórica Boas / Malinowski, o método

comparativo foi utilizado por alguns, das mais diferentes

maneiras, como Radcliffe-Brown, Murdock, etc. e rejeitado por

outros, como Evans-Pritchard, ou ainda usado num momento e

abandonado posteriormente, como Leach, Geertz, etc. Nesse

Page 6: COMPARAÇÃO, MÉTODO COMPARATIVO E FAMÍLIA

6

ínterim, houve momentos em que ele caiu em desuso quase

completo.

O que é importante em tudo isso, é o fato do método ter

acompanhado o pensar antropológico em todo curso de sua

história e de ser responsável por grande parte do pensar de

sua produção, quer sendo utilizado em si, quer como alvo da

crítica de seus opositores. Na medida em que ele é combatido

através da produção, ainda assim, por oposição, o método

comparativo ainda está estimulando a geração do Antropologia.

* * *

À título de exercício lógico tomamos o próprio método

comparativo como objeto da análise.

Ao tomarmos o método comparativo como objeto observa-se

que à afirmação de Evans-Pritchard de que " a comparação

constitui... um dos processos elementares do pensamento

humano" (1971:7)) pode ser acrescida outra, se abstraída em

parte de seu contexto, de Leach: "nem todos os seres humanos

pensam igual, mas não necessitam pensar todos de forma

distinta" (1975:171). Alguns aspectos merecem ser explorados

nas duas citações. Evans-Pritchard concebe a comparação como

parte integrante do pensar humano, do senso comum, sendo

portanto processo elementar.

O pensar, ao lançar mão da comparação, não supõe a

explicitação consciente de seus passos. Nessa perspectiva

portanto, a comparação, enquanto processo elementar não

construído, não pode ser identificado com o método

comparativo. Diferentemente, o método comparativo supõe a

comparação, porém essa é uma comparação construída,

consciente, parte integrante de um procedimento controlado, na

acepção dos clássicos, científico. A segunda citação, a de

Leach, ao remeter à diversidade do pensar - por extensão, à

Page 7: COMPARAÇÃO, MÉTODO COMPARATIVO E FAMÍLIA

7

diversidade do pensar por comparação, remete também ao geral e

ao particular. Ao geral, como parte da estrutura do pensar do

Homem e ao particular porque se expressa das formas às mais

diversas. Aliás, a amplitude maior da comparação constitui

fundamento de várias teorias como da comunicação ou para as

análises simbólicas, estruturalistas, etc. Estas formas do

saber supõem o método comparativo. Contudo ele nem sempre é

operacionalizado ou tornado explícito.

Isto posto, pergunta-se, o que vem a ser o método

comparativo? Geralmente ele é concebido como a "comparação de

semelhanças e diferenças entre grupos, sociedades ou partes

delas entre si". Desdobrando a noção em partes, vemos que a

comparação aqui é considerada como sinônimo de método

comparativo. Comparação constitui, como veremos, um momento

do método, mas não é o todo - é óbvio que a parte não pode

abarcar o todo.

A segunda parte se refere ao objeto - suas diferenças e

semelhanças, porém, a rigor, não definem o objeto em si a ser

submetido ao método.

A terceira parte da noção apresenta as unidades a serem

comparadas numa aproximação murdockiana porque as identifica à

partir de critérios onde não cabem outras unidades

evidentemente construídas, tais como estruturas, relações etc.

Portanto, a noção apresentada não se refere ao método,

tampouco abrange a própria comparação como um todo.

O método comparativo pode ser concebido, numa abordagem

clássica, como um meio de aproximação do real; uma criação

arbitrária, prévia e controlada do pensar e pelo pensar. Para

organizar esse pensar e torná-lo um procedimento científico,

os clássicos propõem que é inprescindível que se estabeleça

uma ruptura com o senso comum. Essa ruptura se consagra

através da sujeição à um "contrato" pelo qual previamente se

estabelece um "modus operandi", uma "trajetória do pensar"que

Page 8: COMPARAÇÃO, MÉTODO COMPARATIVO E FAMÍLIA

8

inclui vários momentos, que arbitrariamente, para nossos fins,

foram separados entre si e destacados. São arbitrários porém

não aleatórios.

Temos que reconhecer que esses momentos resultam de corte

nosso. Evidentemente eles formam um totalidade integrada;

inclusive muitas vezes esses momentos estão superpostos, isto

é, ocorrem simultaneamente ou então, dada a multiplicidade das

variações do método, podem seguir um ordenamento diferente, ou

então ainda, não apresentar explícitos, todos os momentos.

O primeiro momento caracteriza a seleção-separação das

unidades de observação. De uma ampla gama de fenômenos

(sociedades, grupos em si, grupos dentro de grupos, como

família, por exemplo) selecionam-se os que mais se adecuam. Os

critérios que orientam essa seleção variam. É uma seleção-

separação arbitrária e consciente que opera no sentido de

minimizar os esforços e maximizar os objetivos e resultados do

trabalho.

Imbricada na seleção-separação do que será comparado do

que será desprezado, já existe uma orientação explícita ditada

por princípios e teorias.

Lévi-Strauss, na introdução à obra de Marcel Mauss mostra

do próprio Mauss que, no Ensaio sobre a Dádiva, ele fixou sua

"atenção sobre sociedades" que representam verdadeiramente uns

máximos, uns excessos, que permitem ver melhor os fatos do que

sociedades em que, não menos essenciais, eles contudo,

permanecem pequenos e involuídos"(1974:27). Mauss ainda

confessa que "escolhemos os lugares nos quais, graças aos

documentos e ao trabalho filológico tínhamos acesso à

consciência das próprias sociedades, pois trata-se aqui de

termos e de noções, o que restringia ainda mais o campo de

nossas comparações (idem:43).

Page 9: COMPARAÇÃO, MÉTODO COMPARATIVO E FAMÍLIA

9

Portanto, o que Mauss procurou através do que ele

denominou "comparação precisa", foi "estudar... o tema apenas

em áreas determinadas e escolhidas (ibidem:43), isto é, onde

os fenômenos estão melhor e mais facilmente visíveis e

explicávis pela teoria da reciprocidade. Kula, o Potlach, etc

representam assim, manifestações acerbadas, fatos sociais

totais selecionados e separados dentre muitos outros que não o

foram, como o Natal, por exemplo. É interessante aliás, que

Mauss foi criticado como ingênuo por considerar o Natal ainda

dentro da teoria da reciprocidade.

Retomando Lévi-Strauss, agora em seu "Olhar Distanciado"

(1986) que ao discutir o conceito de família compara unidades

auto-identificadas, as mais expressivas: a mesnie da área

rural eslava, em que a noiva ao viver sua noite de núpcias com

o pai do noivo, ao invés deste último, simbólicamente é

incorporada á unidade familiar maior e não se destacando a

unidade marido-mulher. A partir dessa experiência a gravidez

que pode advir gera um primogênito estruturalmente da família

no seu sentido mais extenso, visto que é fruto da relação da

mãe com pater-famílias ou com o filho deste.

A outra unidade por ele comparada é a discutível unidade

familiar naiar, unidade essa encontrada no máximo oposto.

Outro aspecto que merece ser destacado se refere aos

critérios que orientam a seleção-separação das unidades de

separação. Exige-se um controle absoluto no sentido de aplicar

os mesmos critérios à todas as unidades. Exige-se enfim, a

uniformidade dos critérios. É a crítica que Leach (in Llobera,

1975: 175) e outros fazem a Murdock quando mostra que "as

unidades básicas de comparação, que são descritas de diversas

formas como tribos, povos, culturas ou sociedades são tratadas

como se estivessem naturalmente deslindadas e

autodiscriminadas".

Page 10: COMPARAÇÃO, MÉTODO COMPARATIVO E FAMÍLIA

10

Destaca-se que os limites do que será

selecionado/separado não estào estabelecidos pelos mesmos

critérios.

Além disso, dada a ambição de Murdock de abranger uma

amostra mundial, há outros problemas nos seus critérios de

limite a serem apontados. O primeiro, como mostra Shapera

(1953:357), refere-se ao uso simultaneo de categorias

políticas e sociais. À essa crítica se lhe acrescenta outra: a

de substituir a amostragem quantitativa por outra qualitativa

nas áreas onde as fontes são insuficientes ou então, pelo

contrário, as fontes são ricas para alguns grupos e duvidosos

para outros grupos das imediações.Na sua crítica Shapera ainda

deixa claro que o que Murdock considera como "fontes

insuficientes" que justificam a alteração dos critérios, são,

de fato, insuficiência de fontes em inglês. Shapera critica o

autor por não ter recorrido ao vasto material disponível para

essas áreas e grupos, em outras línguas, especialmente o

francês, alemão e holandês. Mutatis mutandis, o seu método foi

comprometido por sua limitada percepção neo-imperialista do

século XX, que não levou em conta as fontes expressas nas

línguas que expressaram o imperialismo de ontem.

Nesse sentido é interessante contrapor o uso de fontes de

Mauss e Murdock. Enquanto o primeiro, numa rápida verificada

se utiliza de bibliografia em francês, inglês, alemão, latim,

italiano e dinamarquês, Murdock fica autolimitado ao inglês.

O segundo momento do pensar do método comparativo é o da

definição e construção das unidades e do objeto.

Não resta a menor dúvida que, ao se realizar a seleção /

separação das unidades a serem comparadasjá, concomitantemente

se está construindo as mesmas, mas por oposição. Ao tomar ou

rejeitar unidades, se está construindo o que será comparado e

Page 11: COMPARAÇÃO, MÉTODO COMPARATIVO E FAMÍLIA

11

onde se dará a comparação, isto é, operando com o método

comparativo.

As unidades da comparação são aqui entendidas como o

"locus" ou o espaço, em seu sentido amplo, onde acontecem,

onde são observáveis os fenômenos a serem comparados ou, de

outra maneira, onde dá o que será comparado.

Restringindo o conceito unidade de observação ao que foi

trabalhado pelo método e não à extensão da projeção feita à

partir do que foi comparado decorrente da teoria ou hipótese

que o informou, veremos que a unidade enquanto totalidade

pensada, construída, supõe abrangências muito diversas.

Retomando o exemplo de Murdock, ao tomar o maior número de

amostras, 250 diferentes sociedades, ele tenta se aproximar à

totalidade dos grupos humanos à totalidade das amostras, das

suas unidades comparadas.

No extremo oposto encontramos Leach que analisa apenas

uma sociedade, definida por critérios políticos e referendada

por elementos linguísticos, geográficos, etc. Ele define os

Kachin pelo fato de eles constituírem uma sociedade organizada

por uma série de princípios, relações e relações entre

relações que lhe são particulares (in 1977:3). Os limites da

sua unidade não são estabelecidos de "fora para dentro" como

fez Murdock - aliás talvez aí resida aí uma das principais

razões que explicam grande parte das críticas que lhe são

feitas - mas pelo contrário, Leach busca os limites da sua

unidade "de dentro para fora": a unidade se estende até onde

prevalecem a série de relações e princípios que lhe são

particulares. Portanto é a própria unidade que "estabelece

seus limites", ela de certa forma se "autodefine", ou melhor,

provê o necessário para que o autor o faça.

Radcliffe-Brown constitui ao nosso ver um intermediário

entre ambos os extremos visto que toma algumas unidades

estruturadas em metades exogâmicas (3).

Page 12: COMPARAÇÃO, MÉTODO COMPARATIVO E FAMÍLIA

12

Estabelecidos os limites e definidas as unidades de

observação resta-nos acompanhar a construção do objeto que

será submetido ao método comparativo.

A problemática da construção do objeto do método

comparativo está intimamente ligada à problemática do objeto

das Ciências Sociais em relação às Ciências Naturais como

mostra Bourdieu (in 1975:63).

O fato da maioria dos expoentes das Ciências Sociais

terem tido formação na área das Biológicas ou Exatas (nota 1)

colaborou para que o objeto da Antropologia fosse concebido

"as if" o das Ciências Naturais. Somente com o Estruturalismo

se dá o divórcio e a Antropologia assume totalmente a "guarda"

de seu objeto.

No modelo científico clássico as unidades de descrição

são tomadas como linguagem universal neutra e unanimimente

aceitas. O objeto é suposto como "modelo da realidade". O

problema é que a abordagem do homem não constitui uma

linguagem neutra ou unânime. Pelo contrário, o homem emite

juízos, conceitos sobre si e sobre os outros, é um objeto para

fins do pensar mas não se pensa como tal individualmente

porque tem vontade própria e fala. Por isso, como mostra Leach

(in op cit 168) ele é concebido pela Antropologia de forma

diferente da História (em sua percepção tradicional) - se uma

o aborda enquanto agente e condutor de sua vontade, a outra o

toma enquanto participante dos fatos sociais sem que contudo

possa, individualmente alterá-las de forma significativa.

Assim, apesar dos fatos sociais serem replicados equivalendo

portanto às experiências de laboratório das Ciências Naturais,

elas são de natureza diferente, integrando parte do que o

estruturalismo de Lévi-Strauss definiu como "sistema de

comunicação".

Page 13: COMPARAÇÃO, MÉTODO COMPARATIVO E FAMÍLIA

13

Destarte, coerente com a vertente clássica, o objeto ao

se constituir em produto do pensar do próprio objeto deve,

necessariamente, ser submetido ao artifício lógico da ruptura.

Ele é concebido à partir de uma construção consciente que

procura se aproximar do real ou não, e ligado ao nível de

abstração em que opera.

O objeto, enquanto criação arbitrária e consciente da

mente do pesquisador, é gerado inicialmente por oposição e

corte, rompendo com: 1º os conceitos do senso comum; 2º os

cortes empiricamente construídos e os consuetudinários; 3º os

conceitos afins das demais áreas. Assim,a preocupação manteve

-se em "despir " o fenômeno a ser analisado, para então ser

pensado enquanto objeto em si e para si, assumindo-se uma

orientação teórica. A mente agora o captura não mais como

fenômeno, mas como objeto, decodificado em conceito.A

construção do objeto do método comparativo se dá de forma

similar.

A dificuldade surge quando o objeto não é construído pelo

autor para ser operacionalizável pelo método.

Retomando a crítica à Murdock, percebe-se que ele opera

com fenômenos e tipologias forjados pela realidade. Ou de

outra maneira, ele analisa as relações de parentesco, por

exemplo, como "coisas", isto é, enquanto "coisas"que

independem se pensadas ou não pelo pesquisador para existirem.

Além disso, não foram elaboradas no plano das idéias.

Nessa perspectiva, encontram-se dificuldades conceituais

mais complexas: como incluir numa comparação sobre família,

por exemplo, o universo rural japonês anterior ao período

Meiji, se antes sequer existia a noção ou uma palavra que

expressasse a unidade família nuclear? De outra forma, no iê

tradicional, a unidade marido-mulher e filhos não eram

concebida de forma distinta. Destarte, poderia se afirmar que

Page 14: COMPARAÇÃO, MÉTODO COMPARATIVO E FAMÍLIA

14

foi a "ocidentalização" do Japão que tornou a família japonesa

comparável?

Na medida em que os fenômenos estão na realidade, eles

constituem individualidades; são específicos, únicos,

elementos de sociedades em grupos, etc, que como tais tambem

são individualidades; logo, não podem ser eleitos como objetos

do método comparativo.

O método comparativo, nesse sentido, não pode operar com

"indivíduos", porque são indivíduos, incomparáveis, únicos. O

método opera, isto sim, com "pessoas", quer dizer, indivíduos

aos quais se subraiu a importância da individualidade,

substituindo-a por outra forma de pensar o ser humano, a

pessoa, objeto abstrato.

Enfim, o que se percebe então é que a crítica que

Goodenough (in 1970) faz a Murdock de que a presença dos

mesmos elementos, tipologias não significa que contenham o

mesmo conteúdo nos diferentes grupos analisados, na realidade

atinge a questão apenas na superfície. A crítica maior que a

ele pode ser feita em outro plano de análise, é de que ele

comparou elementos, nesse sentido, "indivíduos", e não com

"pessoas", isto é, abstrações.

De certa forma Boas incorre no mesmo erro. Sua excessiva

dedicação aos detalhes empíricos, sua vocação etnográfica

positivista encobriram ou postergaram "ad infinitum" a

construção dos dados para que se tornassem operacionalizáveis

pelo método comparativo. Sem dúvida foi uma essa foi sua

preocupação, uma opção consciente que se liga ao fato de Boas

se propor a construir verdades, eliminando primeiramente os

problemas específicos (in Stocking, 1974:186). E acabou retido

neles.

Assim, o que se aponta é que a construção tanto da

unidade quanto do objeto supõe fundamentalmente é sua

Page 15: COMPARAÇÃO, MÉTODO COMPARATIVO E FAMÍLIA

15

"homogeneização" (nota 2) - mutatis mutandis: as vias de

linguagem abstrata comum. Ela se dá, não ao nível do fenômeno,

do real, mas ao nível do pensar. Por isso a homogeneização é

inerente ao método. Ela atua, retomando a expressão de Leach,

"as if" as unidades e objetos tivessem a mesma amplitude em

relação ao todo, a mesma magnitude e fossem coetâneos.

A "homogeneização" contudo nem sempre está evidente,

especialmente no que diz respeito à amplitude da explicação ou

intensidade da presença, como se percebe em Mauss, na

diferença entre o Kula e o Natal.

Vale ressaltar contudo, que a construção do objeto

"homogeneizado" não supõe pensar a construção

homogeneizadamente. Tomando apenas alguns exemplos

significativos, observam-se objteos muito diferentes.

Radcliffe-Brown (in 1978) deixa claro que seu objeto são as

relações entre os elementos e não os elementos em si. Propõe

que, enquanto os elementos variam, as relações e os princípios

explicativos das relações são generalizáveis. Além disso,

Radcliffe-Brown, tal como Leach compara estruturas da

sociedade.

A Antropologia interpretativa de C. Geertz merece uma

aproximação mais detalhada, pela forma como opera e como o

objeto é construído. Em seu Islam Observed Geertz estabelece

uma macro-unidade - o desenvolvimento da religião islâmica. À

partir daí seu objeto é constituído por " duas civilizações "

contrastantes: a Indonésia e o Marrocos que são comparadas

entre si. O destaque está no fato de ele construir o objeto à

partir de elementos definidos pelos próprios agentes sociais,

a biografia representativa, por exemplo, que é

fundamentalmente uma escolha do coletivo, e não dele, Geertz.

Identifica-se nesse caso, um esforço evidente, sua marca

teórica, no sentido de buscar a percepção do outro, de

Page 16: COMPARAÇÃO, MÉTODO COMPARATIVO E FAMÍLIA

16

penetrar na ótica do outro ou de, nos seus termos, "olhar por

sobre o ombro dele".

Se o esforço de Geertz vai na direção da profundidade

horizontalizada, da percepção do outro, na linha da descrição

densa, Silvia J. Yanisako, em seu Transforming the Past ( ),

busca o método comparativo para atingir a profundidade

verticalizada, isto é, compara os padrões demográficos, as

percepções acerca da concepção de família, matrimônio e papéis

sexuais das diferentes gerações de nipo-americanos. Nesse

caso, ela parte de um recorte generacional, até certo ponto

compartimentalizado ao plano do modelo dos agentes sociais,

que separa isseis, de nisseis etc e "horizontaliza" o que no

tempo é verticalizado. Essa compartimentalização no plano do

modelo de autopercepção dos emigrantes nipônicos e seus

descendentes é que possibilita assumir o uso do método

comparativo.

O terceiro momento do método comparativo é o da

comparação propriamente dita. Como vimos antes, a comparação,

senso comum, é percebida como uma totalidade não plenamente

consciente. O método comparativo, em contrapartida, como

operação do pensar consciente, configura uma trajetória a qual

se afasta das semelhanças à nível do fenômeno; é um momento do

processo no qual se dá a comparação do que foi construído.

Radicalizando, o que Murdock produziu é resultante de uma

comparação e não do uso do método comparativo.

A comparação além disso, supõe como que uma"

imobilização", isto é, operar como se (novamente as if) as

unidades e o objeto fossem equilibradas e estáticas.É o

pensar por aproximação, oposição. É submeter o pensado o

construído à mesma matriz. Supõe ainda, o estabelecimento de

pontos de encontro entre unidades, via objeto.

Page 17: COMPARAÇÃO, MÉTODO COMPARATIVO E FAMÍLIA

17

Comparar de certa forma remete a parar, quer dizer deter

o continuum do pensar, como que num "corte transversal",

introduzindo uma nova apreensão, dimensão do objeto.

Estabelece-se destarte, as vias de comunicação, de sintonia

entre "pessoas", pensares construídos.

Do pensar dessa forma emergem pontos de confrontação que

se traduzem em momentos de reflexão sobre o objeto. É o meio

pelo qual o pensar antropológico substitui a experimentação.

Eleva além disso, a observação,o real a um nível de abstração

pelo qual atinge, via de regra, as regularidades e a

generalização.

O último aspecto a ser desenvolvido em nossa análise é o

da relação entre método comparativo e a teoria, isto é, a

relação entre o método, sua amplitude explicativa e a

amplitude do todo.

Vale ressaltar que a rigor, a problemática teórica

determina o método.

Uma das grandes dificuldades no uso do método comparativo

está sua adecuação à amplitude explicativa, isto é, à projeção

do comparado. Boas por exemplo, ao se propor a analisar várias

sociedades a fim de encontrar os pontos em comum e à partir

deles reconstruir as origens comuns ou não, desenvolveu uma

proposição, uma hipótese demasiado ampla em relação aos

elementos. Enquanto a sua proposição é de largo alcance, a

operacionalização dos elementos, em sendo perceptíveis como

elementos permaneceu ao nível da comparação, isto é, não foram

construídos para que fossem por ele, ou por outros

posteriormente submetidos ao método.

Tomando Mauss e Leach por outro lado, temos dois exemplos

de adecuação entre as suas modalidades de construção do

método, a amplitude do todo e da explicação. Eles

paradoxalmente no entanto se opõem: enquanto o todo de Mauss é

Page 18: COMPARAÇÃO, MÉTODO COMPARATIVO E FAMÍLIA

18

o fato social total, portanto é restrito, o todo de Leach é a

estrutura ampla. Em contrapartida, a amplitude explicativa de

Mauss é ampla e a de Leach restrita. Já Radcliffe-Brown opera

em contraste, com o equilíbrio: o método com princípios amplos

comparando estruturas para chegar à generalização.

De outro modo, em muitos autores o método comparativo é

um meio para chegar ao modelo, como Radcliffe-Brown e Leach

que comparam estruturas de sociedades para, através da

análise, chegar ao modelo. Diferentemente Lévi-Strauss parte

de modelos para posteriormente passar para a análise.

Portanto, o que se constata é que o método comparativo

estabeleceu a relação entre o objeto e o real ou o modelo. Ele

não vem a ser uma simples técnica porque exige um pensar sobre

o agir e em seguida um pensar sobre o como agir, isto é, como

construir.

À partir daí cabe a pergunta: submete-se ao método

comparativo o modelo ou a prática dos grupos. No livro de

K.Woortmann, A Família das Mulheres, o autor discute a

existência do modelo de família patriarcal, idealmente

centrada na figura do pai-provedor encontrado na periferia de

Salvador. Esse modelo, que se realiza na classe média urbana,

nos Alagados coexiste, paradoxalmente, com práticas

matricentradas, em que prevalece a relação mãe-filho-irmão da

mãe.

Já em nossa experiência de uso do método comparativo,

opõe-se a família teuto-brasileira, organizada em torno da

Stammhaus: em que a família nuclear se encontra subordinada à

família extensa virilocal. Em termos espaciais está

concentrada verticalmente num só local, tem em cada geração

um Bezitzer casado, isto é, um "ocupante gerenciador", que

não se confunde com o Eigentum, quer dizer a propriedade a

traditio, que é da família no sentido extenso.

Page 19: COMPARAÇÃO, MÉTODO COMPARATIVO E FAMÍLIA

19

Em contrapartida no sertão cada família nuclear

corresponde a um sítio, família essa subordinada, numa

primeira instância, ao pai de família em sentido mais amplo, e

ao grupo corporado como um todo em segunda instância, visto

que, casando de acordo com o grupo, este dará acesso ao novo

casal ao Sítio, território da família.

Concluindo, o método comparativo é uma forma controlada

de questionamento e de aproximação organizada. É antes de tudo

um meio de organizar o pensar sobre o real, diriam os

clássicos, num proceder controlado, científico. Já a

neutralidade do proceder científico, enquanto tal é

inatingível, utópica, porque todo pensar nunca é destituído de

valores ou vínculos ideológicos. Com isso, a neutralidade nas

Ciências Sociais, como propõe Bourdieu (in 1975) deve ser

buscada pelo caminho inverso: ao invés de tentar negar ou

subtrair essas interferências, deve-se assumí-las e explicitá-

las em toda sua potencialidade. E paradoxalmente, com isso o

método se torna científico, visto que deixa de ser um

intrumental de uso mecânico, atrelado ao senso comum, para se

tornar um meio de controlar o pensar.

Page 20: COMPARAÇÃO, MÉTODO COMPARATIVO E FAMÍLIA

20

Notas:

1. Stocking (1974) mostra em sua crítica que Boas manteve a

preocupação biológica propriamente dita até a maturidade, o

que muito influiu na sua produção como um todo, e Leach, a

rigor, nunca renegou suas raízes exatas.

2. Homogeneização foi colocada entre aspas por falta de termo

que expressasse melhor a idéia.

3. Pode-se definir no mínimo como peculiar o caso do Japão em

que, como mostra Beillevaire (sem data), a unidade iê seido,

isto é, o sistema doméstico amplo, tradicional, constituiu a

unidade de parentesco mais importante. O autor aponta que no

Japão até o período da restauração/ ocidentalização Meiji

(1868), não existia a noção de família tal como conhecida no

Ocidente, isto é, unidade social criada à partir do casamento

e composta pelo casal e seus filhos. A palavra kazoku que

hoje designa família, foi composta pela justaposição dos

caracteres casa - no sentido de maison - mais parenté, que

inclui filiação e aliança. Como construir uma unidade para uso

no método comparativo à partir de uma categoria que foi criada

inicialmente por estrangeiros para fins de uso na nova

legislação civil que estava sendo criada, mas que hoje foi

incorporada no contexto de modernização?

Page 21: COMPARAÇÃO, MÉTODO COMPARATIVO E FAMÍLIA

21

BIBLIOGRAFIA

ACKERKNECHT, E.H. - 1954 On the Comparative Method in Anthropology. in: SPENCER, R.F - Method and Perspective in Anthropology. The Univ. of Minessota Press, Mineapolis.

BEILLEVAIRE, P. - sem data Ethos et Oikos: figures familiales de la vie collective japonaise. Mimeo.

BATESON, G. - 1967 Naven. Stanford Univ. Press, Stanford.

BOURDIEU, P., CHAMBORENDON, J.C., PASSERON, J.C. - 1975 El Ofício de Sociologo. Siglo Veinteuno Ed., Buenos Aires.

EGGAN,F. - La Antropología Social y el Método de la Comparación Controlada. in: Llobera, J. - La Antropología como Ciencia. Ed. Anagrama, Barcelona.

EVANS-PRITCHARD, E.E. - 1978 Os Nuer. Ed. Perspectiva, São Paulo.

GEERTZ,C. - 1986 Islam Observed. Tvistock Publications, Londres.

GOODENOUGH,W. H. - 1970 Description and Comparison in Cultural Anthropology. Aldine Publishing Co. Chicago.

LEACH, E.R. - 1975 El Método Comparativo en Antropología. in: Llobera, op cit.

_____ 1977 Political Systems of Highland Burma. The Athlone Press, London.

LÉVI-STRAUSS,C. - 1976 As Estruturas Elementares do Parentesco. Ed. Vozes, Petrópolis.

_____ 1986 O Olhar Distanciado. Edições 70, Lisboa.

MAUSS, M. - 1974 Ensaio Sobre a Dádiva. in: Sociologia e Antropologia. EDUSP, São Paulo.

MCEWEN, W.J. - 1975 Formas e Problemas de Validación de la Antropología. Ed. Anagrama, Barcelona.

MURDOCK, G.P. - 1975 Muestra Etnográfica Mundial. in: Llobera, op cit.

RADCLIFFE-BROWN, A.R. - O Método Comparativo em Antropologia Social. in: Melatti, J.C. (org.) - Radcliffe-Brown, A.R. - Antropologia 3. Ed. Ática, São Paulo.

SCHAPERA, I. - 1953 Some Comments on Comparative Method in Social Anthropology. American Anthropologist, nº 55, 353-361.

Page 22: COMPARAÇÃO, MÉTODO COMPARATIVO E FAMÍLIA

22

SCOKPOL,T. - 1979 States and Social Revolutions. Cambridge Univ. Press, N. York.

STOCKING, G. - 1974 The Basic Assumptions of Boasian Anthropology. in: Stocking, G. (ed.) - The Shaping of American Anthropology. Basic Books, N.York.

WOORTMANN, E.F. - 1995 Herdeiros, Parentes e Compadres: colonos do Sul e sitiantes do Nordeste. HUCITEC/EdUnb, São Paulo.

WOORTMANN, K. - 1987 A Família das Mulheres. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro.

YANIGISAKO, S. J. - 1985 Transforming the Past; tradition and kinship among japanese americans. Stanford University Press, Stanford.