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COMPETITIVIDADE E PRODUTIVIDADE
Setembro - 2015
DCEE – Departamento de Competitividade, Economia e Estatística 2
INTRODUÇÃO
A indústria brasileira de transformação tem perdido
competitividade, de forma contínua, há mais de uma
década.
Este fato é comprovado pela forte redução de sua
participação no PIB, bem como pela perda de exportações
de manufaturados e pelo aumento do “Market Share”, dos
produtos importados, no consumo aparente de bens
manufaturados no mercado brasileiro.
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O PESO DA INDÚSTRIA NO PIB CAIU* %
• No mesmo período, ou seja, a partir de 2005 o saldo da balança comercial passou de positivo para -100 US$ bi.
• O coeficiente de penetração dos importados passou de 11% para 23% no mercado doméstico de bens industriais.
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PORQUE NÃO SOMOS COMPETITIVOS?
Causas, as mais diversas, tem sido apontadas como responsáveis por
nossa falta de competitividade, sendo as mais citadas:
Baixa produtividade (1/4 dos EUA e Alemanha)
Poucos investimentos em tecnologia e inovação
Mão de obra de baixa escolaridade e qualificação
Carga tributária excessiva
Infraestrutura deficiente
Economia fechada e falta de integração nas C.P.V.
Insegurança jurídica e regulatória
Na realidade todos estes itens influenciam a competitividade mas não
são, de per si, determinantes visto que o Brasil já foi, no passado, bem
mais competitivo mesmo convivendo com todas estas deficiências.
Aumento do custo unitário do trabalho acima da produtividade
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CRESCIMENTO E PRODUTIVIDADE
Crescimento do PIB
Produtividade do trabalho Crescimento do produto por
trabalhador
Aumento do número de trabalhadores e/ou das
horas trabalhadas
Fonte: The Conference Board Total Economy Database/ Maio 2015. Elaboração: DCEE/ABIMAQ.
De todos os fatores elencados a produtividade assume um papel central* em
função de sua importância no crescimento do PIB.
* “a produtividade não é tudo, mas, no longo prazo, é quase tudo”
Paul Krugman, 1994
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PRODUTIVIDADE E SEUS FATORES
Produtividade do trabalho Crescimento do produto por
trabalhador
Aumento da produtividade dos
fatores (PTF) (eficiência dos fatores)
Contribuição do aumento de capital humano
(escolaridade e treinamento)
Contribuição do aumento de capital (recursos produtivos)
Fonte: The Conference Board Total Economy Database/ Maio 2015. Elaboração: DCEE/ABIMAQ.
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DESEMPENHO MUNDIAL PIB E PRODUTIVIDADE DO TRABALHO EM PAÍSES SELECIONADOS
País / Região 2001-2007 2008-2014
PIB Produtividade PIB Produtividade
Mundo 4,4 2,8 3,0 2,2 Economias Maduras 2,7 1,8 1,1 0,9
Estados Unidos 2,4 1,5 1,1 1,1
Zona do Euro 2,1 0,9 -0,1 0,2
Japão 1,4 1,3 0,1 0,3
Coréia do Sul 4,9 3,4 3,2 1,9
Mercados emergentes 6,5 4,5 4,3 3,3
China 12,4 11,3 8,8 8,3
Índia 7,4 4,0 6,7 6,1
Brasil 3,4 0,8 2,7 1,1
México 2,5 0,7 1,8 -0,5
Rússia 6,8 5,5 1,7 1,7
Novos emergentes 11,2 8,3 7,0 4,6
Mianmar 12,8 10,7 8,5 6,8
Camboja 9,7 6,0 5,9 3,1
Fonte: The Conference Board Total Economy Database/ Maio 2015. Elaboração: DCEE/ABIMAQ.
Os dados mostram claramente que a produtividade é pró-cíclica.
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PAÍSES SELECIONADOS CONTRIBUIÇÃO PARA O CRESCIMENTO DO PIB
Variáveis Brasil Alemanha Estados Unidos
2001-07 2008-14 2001-07 2008-14 2001-07 2008-14
PIB (Var. %) 3,4 2,6 1,4 0,7 2,4 1,1
Quantidade de trabalho 1,1 0,6 -0,1 0,2 0,2 0,0
Produtividade 2,3 2,0 1,5 0,5 2,2 1,2
Produtividade: Fatores
Qualidade do trabalho 0,2 0,2 0,1 0,1 0,2 0,1
Recursos produtivos (TIC +NTIC) 2,1 2,4 0,5 0,6 1,2 0,8
PTF - Produtividade Total dos fatores 0,0 -0,6 0,9 -0,2 0,8 0,3
Fonte: The Conference Board Total Economy Database/ Maio 2015. Elaboração: DCEE/ABIMAQ.
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PRODUTIVIDADE DO TRABALHO E SEUS FATORES POR GRUPO DE PAÍSES
Fonte e Elaboração: Robert Inklaar e Marcel P. Timmer. Groningen Growth and Development Centre, University of Groningen, July 2013.
Países ricos Países pobres
PTF
Capital humano
Capital físico
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O PROBLEMA É QUE, NO BRASIL, OS SERVIÇOS SÃO SUPERIORES A 70% DO PIB
Participação no valor adicionado (%)Fonte: Contas Nacionais - IBGE
0
10
20
30
40
50
60
70
80
1947
1948
1949
1950
1951
1952
1953
1954
1955
1956
1957
1958
1959
1960
1961
1962
1963
1964
1965
1966
1967
1968
1969
1970
1971
1972
1973
1974
1975
1976
1977
1978
1979
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Agropecuária Indústria de Tranformação Outros Serviços
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E A PRODUTIVIDADE DOS SERVIÇOS É BAIXA E NÃO CRESCE NAS ÚLTIMAS DÉCADAS
Produtividade do trabalho - 1950=100 Fonte: Groningen Growth and Development Centre
0
200
400
600
800
1000
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1600
1800
2000
1950
1952
1954
1956
1958
1960
1962
1964
1966
1968
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
Agricultura
Extração mineral
Indústria
Serviços
PRODUTIVIDADE:
UM “CASE” ESPECÍFICO*
*Análise dos dados de cinco subsidiárias de multinacionais alemãs,
produtoras de BKs, com fábricas no Brasil, Alemanha, Estados Unidos e
China
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PRODUTIVIDADE FÍSICA COMPARADA* (NÚMERO ÍNDICE BASE: CHINA = 100)
100,0
146,0 148,0 151,0
China Estados Unidos Alemanha Brasil
* Média aritmética de 5 empresas multinacionais de bens de capital, fabricando os mesmos produtos
tanto na matriz quanto filiais situadas nos países em análise, com recursos produtivos, gestão e
engenharia assemelhadas
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CUSTO TOTAL* (NÚMERO ÍNDICE BASE: CHINA = 100)
100,0
122,0
137,4 139,0
China Alemanha Brasil Estados Unidos
Notas:
1. Amostragem : média aritmética de 5 empresas multinacionais, com recursos de produção
semelhantes aos da matriz ou filiais situadas nos países em análise.
2. Paridade cambial adotada R$/US$ 3,1.
* Custo de material sem impostos, custo de PO com leis sociais e outros custos.
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NA CHINA, ATÉ AS INDÚSTRIAS NÃO PRODUTIVAS SÃO COMPETITIVAS.
NO BRASIL, NEM AS INDÚSTRIAS PRODUTIVAS SÃO COMPETITIVAS
PORTANTO...
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ESTRUTURA DE CUSTOS DO MESMO PRODUTO*: BRASIL E ALEMANHA (%)
Descrição Alemanha Brasil Var. %
1. Custo total *(4+5) 122,0 137,4 +12,6
2. Custo de Material s/ impostos 53,5 76,3 +42,6
3. Custo de Pessoal com leis sociais 42,3 29,8 -29,6
4. Custo de Produção (2+3) 95,8 106,1 +10,8
5. Outros Custos 26,2 31,3 +19,5
Notas:
* Amostragem : média aritmética de 5 empresas multinacionais, com recursos de produção semelhantes
aos da matriz ou filiais situadas nos países em análise.
Paridade cambial adotada R$/US$ 3,1
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PORQUE É MAIS CARO PRODUZIR NO BRASIL
Custo de Material
+ 42,6 1
O diferencial é justificado pelo “CUSTO BRASIL”. Principais fatores: câmbio, alíquota de importação, impostos não recuperáveis, juros e logística.
Custo de mão de obra com leis sociais
- 29,6 2
Mesmo com a evolução do custo unitário do trabalho acima da produtividade ao longo da última década, o custo da MO ainda é favorável ao Brasil, em relação à Alemanha e aos EUA, mas supera o da China.
Custo de produção
+ 10,8 3
Os preços dos insumos anula a vantagem comparativa da mão de obra e faz com que nosso custo de produção seja superior ao da Alemanha
Outros custos
+ 19,5 4
A diferença decorre basicamente do diferencial de juros pagos ao longo do processo produtivo e do custo de burocracia brasileira.
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PORTANTO: O CÂMBIO PRECISA DE DEPRECIAÇÃO ADICIONAL PARA TERMOS COMPETITIVIDADE VARIAÇÃO % ACUMULADA – BASE DEZEMBRO/13
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E OS JUROS PRECISAM BAIXAR: O BRASIL É O CAMPEÃO DE JUROS REAIS HÁ DUAS DÉCADAS
Elaboração: Credit Suisse, Publicação Macro Brasil em 14 de abri de 2015.
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PORQUE O RETORNO DO CAPITAL INVESTIDO É MENOR QUE O CUSTO DO CAPITAL PRÓPRIO OU DE TERCEIROS
Fonte e Elaboração: Cemec.
Custo médio do capital
custo médio do capital (WACC)
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ALGUMAS OBSERVAÇÕES
Se, no longo prazo, a produtividade é a saída para crescer temos alguns
problemas a resolver;
O PIB brasileiro depende em mais de 70% dos serviços que, em sua
maioria, não agregam valor aos produtos e tem baixa produtividade;
A indústria de transformação, ainda que seja o vetor de maior eficiência
para ampliar os ganhos de produtividade de toda a economia, não pode
cumprir este papel reduzida a uma participação inferior a 10% do PIB;
Portanto, até para aumentar a demanda de serviços mais qualificados,
necessitamos aumentar o peso da indústria no PIB, ou seja, precisamos
“reindustrializar” o país;
E para reindustrializar o Brasil, cambio competitivo ao longo do tempo
(superior a R$ 3,60 por US$ hoje*), custo de capital inferior ao retorno
das empresas não financeiras e financiamentos à produção e
exportação, adequados em volumes e prazos, são condições
indispensáveis;
* Em junho de 2015
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ALGUMAS OBSERVAÇÕES
Esta recuperação da competitividade das empresas tem que ser
consolidada com uma redução forte e continuada do “custo Brasil”;
Para as empresas, tomadas isoladamente, o investimento em
produtividade ainda que não os torne competitivas nos mercados
externos, é uma vantagem no mercado interno, face a seus
concorrentes locais;
É importante lembrar que os ganhos de produtividade dependem,
pela ordem, de aumentos dos recursos produtivos (investimentos), da
eficiência sistêmica (ambiente econômico e regulatório) e da
educação e treinamento da MO;
A partir da implementação de um processo de reindustrialização
eficiente que possibilite a retomada dos investimentos produtivos,
inovação, integração nas C.G.V., acordos comerciais, abertura etc.
são itens que passam a ter importância crescente.
MARIO BERNARDINI DCEE – DEPARTAMENTO DE COMPETITIVIDADE,
ECONOMIA E ESTATÍSTICA