COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS...

92
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE GEOLOGIA MILENA ROCHA DE OLIVEIRA COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS DO SISTEMA PETROLÍFERO IRATI-PIRAMBÓIA, BACIA DO PARANÁ, BRASIL. Salvador 2011

Transcript of COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS...

Page 1: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

CURSO DE GEOLOGIA

MILENA ROCHA DE OLIVEIRA

COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS DO SISTEMA PETROLÍFERO

IRATI-PIRAMBÓIA, BACIA DO PARANÁ, BRASIL.

Salvador

2011

Page 2: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

ii

Salvador 2011

MILENA ROCHA DE OLIVEIRA

COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS DO SISTEMA PETROÍFERO

IRATI-PIRAMBÓIA, BACIA DO PARANÁ, BRASIL.

Monografia apresentada ao Curso de Geologia, Instituto

de Geociências, Universidade Federal da Bahia, como

requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em

Geologia.

Orientadora: Prof. Drª Olívia Maria Cordeiro de Oliveira (IGEO/UFBA).

Page 3: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

iii

TERMO DE APROVAÇÃO

MILENA ROCHA DE OLIVEIRA

Salvador, 02 de dezembro de 2011

COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS DO SISTEMA PETROLÍFERO

IRATI-PIRAMBÓIA, BACIA DO PARANÁ, BRASIL.

Monografia submetida à aprovação

corpo docente da Universidade Federal

da Bahia - UFBA, Departamento de

Geociências, para obtenção do grau de

Bacharel em Geologia pela Universidade

Federal da Bahia.

Aprovada em: ....../...../........ Banca Examinadora: __________________________________ Profª. Drª Olívia Maria Cordeiro de Oliveira - Orientadora (IGEO/UFBA). ____________________________________ Claudia Yolanda Reyes Química, mestranda em Geoquímica do Petróleo e Meio Ambiente. (IGEO/UFBA). _____________________________________ Paulo da Silva Milhomem Geólogo (Petrobras)

Page 4: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

iv

Dedico esse trabalho a toda minha

família, amigos e mestres que

contribuíram com o melhor para a

minha formação, mas em especial a

Edilene, minha mãe, pelo seu

exemplo e amor incondicional

Page 5: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

v

AGRADECIMENTOS Num momento assim a única coisa que podemos fazer é agradecer por

todas as conquistas e objetivos alcançados. Agradecer a todos que

participaram de alguma forma para transpormos os méritos dessa vitória.

Sermos gratos pelas dificuldades e alegrias, pois juntas contribuíram na

construção do conhecimento que hoje possuímos.

Assim, agradeço a Deus por tudo que passei nestes anos edificando

minhas capacidades para ser um bom profissional.

Obviamente tenho que agradecer à Universidade Federal da Bahia -

UFBA, Instituição que me acolheu da melhor forma possível e, mesmo com

todas as dificuldades, proporcionou a minha chegada até aqui.

Agradeço à ANP pela bolsa de estudos.

Agradeço a toda a equipe do Núcleo de Estudos Ambientais não

somente pelo apoio experimental para a realização deste trabalho, mas

principalmente pelo convívio familiar, em especial a Karina, Sarah, Marcos,

Paula, Prof.º Joil, Prof.° Antônio Fernando e a Jorginho. Expresso um

agradecimento especial à Claudia, não somente pelo conhecimento

transmitido, mas também pela amizade construída.

Aos meus mestres toda minha gratidão pelos ensinamentos passados,

em especial à professor Osmário com quem aprendi a amar a Geologia e a

minha orientadora, Profª Olívia, pela amizade e por todos os ensinamentos.

Da mesma forma agradeço aos meus colegas Eula, André, Gleice,

Gleide, Luciano, Danilo, Nelize, Josafá, Valter, Michele, Dira, Mariana, a todos

os outros bolsistas da ANP e todos aos que caminharam nessa trilha ao meu

lado.

À toda a minha família que me acompanha e me apóia em todos os

momentos meu Pai, Ozéas, minha Mãe, Edilene, minha irmã, Thaise, meu

cunhado querido Dé, minhas tias amadas, meus primos, minha grande amiga

Sica agradeço todo o incentivo dado durante toda minha vida. Enfim, agradeço

a todos aqueles que de uma maneira ou de outra me estimularam nessa

jornada.

Page 6: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

vi

"A ciência é a tentativa de

compreender a realidade. É uma

atividade quase religiosa, na mais

ampla acepção da palavra."

George Wald

Page 7: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

vii

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo principal o estudo geoquímico por meio

de parâmetros geocomposicionais, dos óleos extraídos das camadas de

folhelhos do Membro Assistência (Fm. Irati) e dos arenitos asfálticos da

Formação Pirambóia situadas na Bacia do Paraná. Foram coletadas 3

amostras de rochas das Formações geológicas em questão, aflorantes na

superfície. As amostras foram submetidas à extração e o óleo assim obtido a

análises de cromatografia líquida em coluna aberta e cromatografia gasosa

acoplada com detector de ionização por chama (CG-DIC) em óleo total (whole-

oil). Os dados de cromatografia líquida revelaram o predomínio de compostos

NSO, seguidos pelos hidrocarbonetos aromáticos e alifáticos. A distribuição e

abundâncias relativas dos n-alcanos e isoprenóides indicam que o óleo

presente nos nas camadas de folhelhos da Fm. Irati possuem mesmo input de

matéria orgânica e que tanto estes folhelhos como os arenitos asfálticos possui

um baixo grau de evolução térmica e níveis moderados a severos de

biodegradação. Os marcadores moleculares associados à origem indicam que

o óleo provém de matéria orgânica de caráter transicional depositada num

ambiente marinho evaporítico anóxico. Com base em parâmetros moleculares

observados não foi possível estabelecer uma boa correlação entre o betume

dos arenitos betuminosos da Formação Pirambóia e os extratos orgânicos da

Formação Irati em decorrência do elevado estágio degradacional do betume da

Fm. Pirambóia.

Palavras Chave: Irati-Pirambóia, Geoquímica do petróleo, n-alcanos e

isoprenóides.

Page 8: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

viii

ABSTRACT

The main objective of this work is the use of geochemical parameters to

geochemically characterize oils extracted from layers of the shaly Assistance

Member (Fm. Irati) and bituminous sandstones of the Pirambóia Formation,

Paraná Basin. Collected three samples of these rocks from the geological

formations in question, outcropping on the surface. The samples were extracted

and the oil thus obtained, was submeted to analysis in open column liquid

chromatography and gas chromatography with flame ionization detector (GC-

FID) in oil total (whole-oil). Data for liquid chromatography revealed the

predominance of NSO compounds, followed by aromatic and aliphatic

hydrocarbons. The distribution and relative abundances of n-alkanes and

isoprenoids indicate that the oil extracted from shaly the layers of Irati Fm has

the same organic matter input and that both the shales and the bitumen a low

degree of thermal evolution and moderate to severe levels of biodegradation.

Molecular markers indicate that the oil comes from organic matter deposited in

a transitional evaporitic anoxic marine environment. Based on observed

molecular parameters, it was not possible to establish a good correlation

between the bitumen from tar sand Pirambóia and the organic estracts of the

Irati Fm. due to the high high degree of degradation of the bitumen.

Keywords: Irati-Pirambóia, Geochemistry of oil, n-alkanes and isoprenoids.

Page 9: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

ix

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANP: Agência Nacional do Petróleo

C: Elemento químico Carbono

GC-DIC: Cromatografia gasosa com detector de ionização por chama

COT: Carbono Orgânico Total

CO2: Dióxido de carbono

CL : Cromatografia Líquida

E: Leste

Fit: Fitano

Fm.: Formação Geológica

H2: Hidrogênio

HC: Hidrocarbonetos

IH: Índice de Hidrogênio

IC: Índice de Oxigênio

IPC: índice preferencial de carbonos (CPI - Carbon Preference Index)

MOS: Matéria Orgânica Solúvel em diclorometano

MO: Matéria Orgânica

m/z: Razão massa carga

nCx: n-alcano com uma dada quantidade de carbonos

NaCl: Cloreto de sódio

ND: Não detectável

NE: Nordeste

NSO: Compostos orgânicos ricos em nitrogênio, enxofre e oxigênio

NW: Noroeste

O2: Oxigênio

P.A: Para Análise PPI: Preferência par /ímpar também conhecido como OEP (Odd-to-even-

predominance)

Pr: Pristano

SE: Sudeste

SW: Sudoeste

S1: Quantidade de hidrocarbonetos livres ou gerados

S2: Potencial gerador da rocha S3: Quantidade de dióxido de carbono liberado no craqueamento térmico

do querogênio

SIX: Industrialização do xisto brasileira

Splitt: Com divisão de fluxo

Tmáx: Temperatura máxima de pirólise

UCM: Unresolved Complex Mixture (MCNR - mistura complexa não resolvida)

W: Oeste

~ : aproximadamente

Page 10: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

x

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 – Mapa de Localização da Bacia do Paraná e do local de

Amostragem............................................................................................................ 23

Figura 2.1 - Diagrama ternário mostrando a composição dos extratos, em

função das percentagens de hidrocarbonetos saturados, aromáticos e

compostos NOS...................................................................................................... 28

Figura 2.2 - Classes de alcanos e seus respectivos exemplos ........................ 229

Figura 2.3 - Esquema de transformação do fitol em pristano e fitano .................. 30

Figura 2.4 – Cromatograma com suas principais feições de um cromatograma... 32

Figura 2.5 – Pirograma e os parâmetros provenientes da pirólise Rock-Eval ...... 34

Figura 2.6 – Diagrama de Van Krevelen............................................................................. 34

Figura 3.1 – Mapa do arcabouço estrutural da bacia............................................. 36

Figura 3.2 - Mapa Geológico simplificado da Bacia do Paraná............................. 39

Figura 3.3 - Carta estratigráfica da Bacia do Paraná............................................. 40

Figura 3.4 - Divisão da sedimentação da Fm. Irati na área da PETROSIX........... 45

Figura 4.1 – Fluxograma da metodologia experimental aplicada........................... 48

Figura 4.2 – Fluxograma da cromatografia líquida realizada................................. 56

Figura 4.3 - Esquema básico de um cromatógrafo a gás..................................... 57

Figura 4.4 – CG-DIC e Condições cromatográficas para análises whole-oil......... 58

Figura 5.1 – Percentual de Matéria Orgânica Solúvel em diclorometano.............. 63

Figura 5.2 - Diagramas ternário que estima a qualidade dos óleos ...................... 65

Figura 5.3 – Cromatograma de óleo total da amostra E ...................................... 68

Figura 5.4 – Cromatograma de óleo total da amostra F....................................... 69

Figura 5.5 – Cromatograma de óleo total da amostra P ....................................... 70

Figura 5.6 - Fingerprint de um óleo associado a paleoambiente evaporítico......... 73

Figura 5.7 - Diagrama de Pressão-Temperatura mostrando as fases da água..... 75

Figura 5.8 - Estimativas dos recursos petrolíferos mundiais.................................. 77

Figura 5.9 - Distribuição das reservas de óleo pesado por continente.................. 77

Figura 5.10 – Cromatogramas da Fração de saturados após hidropirólise........... 79

Figura 5.11 – Tendência da razão Pr/Fit com o aumento do tempo dos

experimentos de hidropirólise................................................................................. 81

Page 11: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

xi

LISTA DE FOTOS

Foto 3.1 – Afloramento do arenito asfaltênico da Fm.Pirambóia ....................... 43

Foto 3.2- Lavra de Folhelho Pirobetuminoso...................................................... 46

Foto 4.1- Coleta em Afloramento da Formação Pirambóia................................. 49

Foto 4.2 - Coleta em afloramento da camada inferior do Membro Assistência... 49

Foto 4.3 - Afloramento da camada superior do Membro Assistência.................. 49

Foto 4.4 - Amostras envoltas em papel alumínio................................................ 50

Foto 4.5 – Etapa de pulverização manual das amostras de rochas num gral de

ágata.................................................................................................................... 52

Foto 4.6 – Etapa de peneiramento e quarteamento das amostras

pulverizadas......................................................................................................... 52

Foto 4.7 - Extração tipo soxhlet .......................................................................... 53

Foto 4.8 – Análise de amostra com Cromatografia Líquida................................ 56

Page 12: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

xii

LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1: Descrição das amostras selecionadas para os experimentos.......... 50

Tabela 4.2 – Classificação da rocha geradora quanto a quantidade de betume

solúvel em diclorometano .................................................................................... 54

Tabela 5.1 – Parâmetro e experimentos usados no estudo geoquímico do

petróleo e as interpretações obtidas dos dados................................................... 61

Tabela 5.2 – Valores de Betume extraído das amostras e de trabalhos

anteriores correlacionados com valores de S1.................................................... 63

Tabela 5.3 - Percentagens de hidrocarbonetos saturados, aromáticos e

compostos NSO das amostra dos extratos de rocha em estudo.......................... 65

Tabela 5.4– N-alcanos e isoprenóides identificados no cromatograma whole-oil

dos extratos das amostras analisadas.................................................................. 67

Tabela 5.5 – Relações Paramétricas com base no Fingerprints dos óleos

extraídos das amostras......................................................................................... 71

Tabela 5.6 – Comparação dos razões paramétricas adquiridas por Róndon

(2007) com as produzidas nesta pesquisa........................................................... 80

Page 13: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

xiii

LISTA DE UNIDADES

%: Porcentagem em peso

μg: micrograma

μL: microlitro

cm: centímetro

g: grama

h: hora

km quilômetro

km2 quilômetro quadrado

m: metro

m3: metro cúbico

mg: miligrama

mgnCX/kgOleo: miligrama de n-alcano por quilograma de óleo

mgHC/gRocha: miligrama de hidrocarboneto por grama de rocha

mgHC/gCOT miligrama de hidrocarboneto por grama de carbono orgânico total

min: minutos

ml: mililitro

mm: milímetro

°C: grau Celcius

Page 14: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

xiv

SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS............................................................. ix

LISTA DE FIGURAS.......................................................................................... x

LISTA DE FOTOGRAFIAS................................................................................ xi

LISTA DE TABELAS.......................................................................................... xii

LISTA DE UNIDADES....................................................................................... xiii

CAPÍTULO I....................................................................................................... 16

1.1. INTRODUÇÃO E IMPORTÂNCIA DO ESTUDO....................................... 16

1.2.OBJETIVOS................................................................................................. 17

1.2.1. Objetivo Geral................................................................................. 17

1.2.2.Objetivos Específicos...................................................................... 18

1.3.JUSTIFICATIVA....................................................................................... 18

1.4.REVISÃO DA LITERATURA....................................................................... 19

1.4.1. Bacia do Paraná.............................................................................. 19

1.5. LOCALIZAÇÂO DA ÁREA DE ESTUDO................................................... 22

CAPÍTULO II...................................................................................................... 24

2.1. CONCEITOS............................................................................................... 24

2.1.1. Sistema Petrolífero ......................................................................... 24

2.1.2. Geoquímica Orgânica do Petróleo................................................. 26

CAPÍTULO III..................................................................................................... 35

3.1. CONTEXTO GEOLÓGICO ........................................................................ 35

3.1.1. Evolução Tectônica........................................................................ 35

3.1.2. Arcabouço Estrutural..................................................................... 36

3.1.3. Arcabouço Estratigráfico............................................................... 37

3.2. SISTEMAS PETROLÍFEROS DA BACIA DO PARANÁ........................... 42

3.2.1. Formação Pirambóia...................................................................... 43

3.2.2. Formação Irati................................................................................. 44

Page 15: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

xv

CAPÍTULO IV.................................................................................................... 48

4.1. METODOLOGIA......................................................................................... 48

4.1.1.Coleta e Armazenamento................................................................. 50

4.1.2. Limpeza de materiais e pureza dos solventes.............................. 52

4.1.3. Preparação Física da Amostra....................................................... 52

4.1.4. Extração Soxhlet ............................................................................. 53

4.1.5. Análises Cromatográficas.............................................................. 55

4.1.5.1. Cromatografia Líquida em Coluna Aberta (CL).................... 55 4.1.5.2 Cromatografia Gasosa com Detector de Ionização de Chama (Whole Oil).................................................................................. 57

CAPÍTULO V..................................................................................................... 61

5.1. RESULTADOS E DISCUSSÕES 61

5.1.1. Extração Soxhlet............................................................................. 63

5.1.1.1. Resultados.............................................................................. 63

5.1.1.2. Discussão dos resultados....................................................... 63

5.1.2. Cromatografia Líquida.................................................................... 65

5.1.2.1. Resultados.............................................................................. 65

5.1.2.2. Discussão dos resultados....................................................... 67

5.1.3. Cromatografia gasosa (whole oil)................................................. 67

5.1.3.1. Resultados.............................................................................. 67

5.1.3.2. Discussão dos resultados....................................................... 72

5.2. COMPARAÇÃO COM TRABALHO REALIZADO POR RÓNDON (2007) MEDIANTE HIDROPIRÓLISE...................................................................... 74

5.2.1. Hidropirólise ................................................................................. 75

5.2.1.1 A hidropirólise e os óleos pesados......................................... 77

5.2.2 Comparação dos resultados deste estudo e dos de Róndon (2007)............................................................................................................ 79

5.3. CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS................ 82

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................. 86

Page 16: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

16

CAPÍTULO I

1.1. INTRODUÇÃO E IMPORTÂNCIA DO ESTUDO

O atual cenário mundial, com a crescente demanda por recursos

energéticos tem fomentado várias pesquisas com o intuito de investigar novas

possibilidades de reservas petrolíferas e de ampliar o grau de conhecimento

daquelas já descobertas, em especial as reservas de óleos pesados e

ultrapesados, para tanto, tem-se procurado desenvolver novas tecnologias

investigativas como, por exemplo, no âmbito da Geoquímica Orgânica do

Petróleo.

Dentre as ferramentas utilizadas para o estudo e diminuição do risco na

produção de hidrocarbonetos, a geoquímica orgânica do petróleo desempenha

um papel relevante. Durand (2003), em seu levantamento histórico sobre essa

ciência, descobriu que ela é fruto do questionamento sobre a origem do

petróleo e do desenvolvimento da exploração petrolífera, tornando-se uma

ciência autônoma somente após os anos 60. Esta ciência empregada em todas

as atividades da indústria petrolífera (exploração, produção, transporte,

processamento, distribuição, e ambiental) ampliou seus ramos de aplicação,

não se restringindo à rocha geradora, mas dedicando-se ao estudo da rocha

dita reservatório com o objetivo de identificar heterogeneidades composicionais

a partir de parâmetros obtidos de amostras de óleo (Azevedo et al., 2009;

Lopes et al., 2008).

Page 17: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

17

No contexto da exploração petrolífera, previamente é necessário a

obtenção de parâmetros geoquímicos orgânicos como, por exemplo, o Carbono

Orgânico Total (COT), o tipo de matéria orgânica e composição química dos

extratos oleosos das rochas e acumulações. Dessa forma, a caracterização

geoquímica da rocha geradora e dos reservatórios em um sistema petrolífero

fornece informações essenciais que auxiliam na compreensão de

questionamentos sobre a gênese, o controle da explotação e a elaboração de

um modelo geológico evolutivo da bacia sedimentar. Estas informações são de

suma relevância para o sucesso de um projeto de explotação de petróleo.

Com base nessa premissa, o presente documento propõe-se a discutir

os novos rumos que a geoquímica vem tomando na indústria do petróleo em

busca de maior conhecimento sobre o sistema petrolífero a ser explorado. Para

tanto, será discutido o sistema petrolífero Irati-Pirambóia da Bacia do Paraná.

Na Bacia do Paraná, região a ser investigada neste estudo, a exploração

petrolífera é um exemplo de produção não-convencional de petróleo possível

pelo advento tecnológico da extração mineral dos folhelhos pirobetuminosos da

Formação Irati, pela PETROSIX, para posterior aquecimento industrial. A SIX

(Unidade de Negócio da Industrialização do Xisto da Petrobras), situada em

São Mateus do Sul, no estado brasileiro do Paraná, produz óleo e gás

provenientes da decomposição térmica de duas camadas de folhelhos

betuminosos do Membro Assistência.

Os resultados desta pesquisa permitiram um melhor entendimento dos

fatores e mecanismos que controlaram os processos de geração, migração,

acumulação e degradação de hidrocarbonetos do sistema petrolífero Irati-

Pirambóia da Bacia do Paraná.

1.2. OBJETIVOS

1.2.1. Objetivo Geral

O objetivo principal deste trabalho é estudar o comportamento dos

parâmetros geocomposicionais dos extratos oleosos obtidos mediante extração

Page 18: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

18

convencional da rocha geradora (Membro Assistência- Fm. Irati) e comparar os

da sua respectiva rocha reservatório com o propósito de correlacioná-los

quanto a sua origem e identificar variações de composição indicativas de grau

de evolução térmica e nível de alteração (biodegradação), além de relacioná-

los com dados de bibliografias anteriores.

1.2.2. Objetivos Específicos

Para atingir esse objetivo estabeleceram-se os seguintes objetivos

específicos:

Caracterizar geoquimicamente os óleos extraídos por

cromatografia líquida e cromatografia gasosa com detector DIC,

das rochas geradora (camadas superior e inferior do Membro

Assistência da Fm. Irati) e reservatório (Fm. Pirambóia);

Determinar o grau de maturação/biodegradação das amostras

coletadas;

Interpretar o tipo de paleoambiente deposicional da Matéria

Orgânica;

Contribuir para o entendimento dos óleos pesados, visando a

melhoria no desempenho de produção e reavaliação do potencial

petrolífero de tais reservas.

1.3. JUSTIFICATIVA

Este trabalho tem como diferencial uma comparação mais detalhada da

composição de uma acumulação de petróleo e sua potencial geradora da Bacia

do Paraná, visto que, embora haja trabalhos científicos que caracterizam vários

parâmetros geoquímicos e petrográficos das rochas geradoras nessa região,

nenhum foi realizado com esta finalidade específica de correlação em amostras

das camadas integrantes do Membro Assistência.

Page 19: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

19

Além disso, estudos que visem compreender a correlação entre

acumulações petrolíferas e a rocha geradora, suas condições

paleodeposicionais e maturação termal, bem como a interação do petróleo com

as novas características ambientais (biogeoquímicas) da rota migratória são

um assunto em pauta no cenário energético mundial, e de extrema relevância

para a indústria petrolífera. Informações inerentes à composição química do

óleo influenciam diretamente na avaliação de sua qualidade e viabilidade

econômica, merecendo, portanto, de fato, esforços multidisciplinares para a

sua melhor compreensão, de modo a contribuir para o avanço do

conhecimento sobre o assunto e mais ainda sobre o sistema petrolífero em

questão. Espera-se também que os resultados obtidos contribuam no

desenvolvimento de trabalhos futuros na área.

1.4. REVISÃO DA LITERATURA

1.4.1. Bacia do Paraná

Devido à grande importância econômica da Bacia do Paraná,

considerando as reservas de gás natural e de recursos não convencionais

(arenitos betuminosos, reservatório de metano em camadas de carvão e,

folhelhos pirobetuminosos), o bom potencial petrolífero e a boa

prospectividade, diversos trabalhos dão destaque ao tema, em especial com

ênfase nos folhelhos geradores das Formações Ponta Grossa e Irati,

principalmente na parte leste da Bacia (Peterson, 2008). Contudo, a fim de

evitar a citação repetitiva de todos eles, serão apontados principalmente

aqueles de maior interesse científico/acadêmico e comercial para a bacia em

estudo.

Destaca-se como precursor do enfoque geoquímico na Bacia do Paraná

o trabalho de Abreu (1946) identificando a Formação Irati como rocha-mãe do

petróleo acumulado nos arenitos betuminosos.

Cabral (2006) fez um estudo geoquímico dos arenitos asfálticos da Fm.

Pirambóia através de biomarcadores, tendo coletado amostras de afloramentos

Page 20: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

20

dessa formação, as quais foram submetidas à extração cujo óleo foi analisado

através de cromatografias liquida e gasosa acoplada à espectometria de

massas. Através dos dados obtidos, Cabral (op. cit) concluiu, com base em

parâmetros moleculares baseados em razões e distribuições de

biomarcadores, que o óleo presente nos arenitos asfálticos possui um baixo

grau de evolução térmica e níveis severos de biodegradação. Observou que

existe uma boa correlação geoquímica entre os arenitos betuminosos da Fm.

Pirambóia e os extratos orgânicos da Fm. Irati.

Huguenin (2008), por sua vez, utilizou-se da caracterização

sedimentológica dos folhelhos da Fm. Ponta Grossa, baseando-se na

identificação de microfácies, a fim de avaliar a qualidade selante destas rochas

em sistemas petrolíferos. Analisando lâminas delgadas, Huguenin (op. cit.)

concluiu que tais folhelhos apresentaram uma má qualidade como selante.

Lisboa (2006) fez um trabalho semelhante ao de Cabral (2006), porém

caracterizando geoquimicamente os folhelhos da Fm. Irati, não apenas com o

emprego da cromatografia, mas também de análises de teor de COT e pirólise

Rock-Eval. Os resultados mostraram altos teores orgânicos e potenciais

geradores nas amostras imaturas, predomínio de querogênio tipo I e baixo

grau de evolução térmica da maioria das amostras analisadas. Lisboa (op. cit.)

também revelou uma boa correlação dos extratos orgânicos da Fm. Irati com o

óleo dos arenitos asfálticos da Fm. Pirambóia.

Milani et al. (2006) abordaram a geologia regional da Bacia do Paraná,

bem como os sistemas petrolíferos existentes nesta bacia.

Róndon (2007) e Franco et al. (2003) realizaram experimentos de

hidropirólise em amostras de folhelho betuminoso da Fm. Irati, a fim de estudar

o potencial de geração de hidrocarbonetos e determinar as mudanças na

composição química e nos principais parâmetros geoquímicos e petrográficos,

com o aumento da evolução térmica da matéria orgânica.

Santos (2009) fez um trabalho sobre o aproveitamento do folhelho

pirobetuminoso da Fm. Irati, cuja industrialização é operada pela Petróleo

Brasileiro S.A. – Petrobras, a fim de promover menores perdas desse minério,

implicando em um maior aproveitamento das reservas minerais.

Page 21: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

21

Já Silva (2007) buscou caracterizar rochas potencialmente geradoras

das formações Irati e Ponta Grossa em função de parâmetros geoquímicos

orgânicos. Os dados de COT e pirólise obtidos em seu trabalho, para a Fm.

Irati, revelaram altos teores orgânicos e bons potenciais geradores, exceto nos

pontos de coleta onde há influência térmica de intrusões ígneas. Para a Fm.

Ponta Grossa, os valores obtidos apresentaram mais baixa riqueza orgânica e

baixo potencial gerador. Ainda foi possível concluir através da análise de

biomarcadores, que ambas as formações apresentaram características de

ambientes oxidantes, com matéria orgânica predominantemente transicional.

Parâmetros moleculares revelaram baixo grau de evolução térmica para a

maioria das amostras da Fm. Irati, ao passo que as amostras da Fm. Ponta

Grossa apresentaram mais alto grau de evolução térmica.

Recentemente, Franco et al. (2010) investigou a influência do vapor de

água sobre os parâmetros de maturação Tmáx e reflectância da vitrinita

determinada nos óleos extraídos dos folhelhos da Fm. Irati, bem como nas

principais razões de biomarcadores [22S/(22S + 22R) C31 and C32

homohopanos, 20S/(20S + 20R) and αβ/(αββ + ααα) C29 esteranos,

hopano/esterano] e sobre as concentrações dos esteranos C27 e C29

determinadas nos hidrocarbonetos líquidos gerados por hidropirólise.

Por fim, Trigüis (1986) e Trigüis et al. (1985, 1995, 1998) demonstrou

que o Membro Assistência é a principal fonte de rochas geradoras da Fm. Irati,

justificando o objeto de estudo desta pesquisa, em conjunto com a Formação

Pirambóia.

1.5. LOCALIZAÇÂO DA ÁREA DE ESTUDO

As amostras selecionadas para a realização deste trabalho provêm de

rochas geradoras e reservatório da Bacia do Paraná.

A Bacia do Paraná constitui de uma bacia intracratônica situada no

centro-leste do continente Sul Americano, tendo se desenvolvido sobre crosta

continental e sendo preenchida por rochas sedimentares e ígneas extrusivas e

intrusivas (lavas e diques basálticas). A bacia possui uma forma alongada na

Page 22: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

22

direção NNE-SSO (1.750 Km de comprimento) com uma largura média de 900

Km, ocupando cerca de 1.500.000Km2 de área, disposta predominantemente

no centro-sul do Brasil (1.100.000Km2), desde o estado do Mato Grosso até o

estado do Rio Grande do Sul. Abrange ainda o nordeste da Argentina, a porção

leste do Paraguai e o norte do Uruguai (Milani et al., 2006).

A área de estudo está situada na porção sudeste da Bacia do Paraná,

nas imediações da PETROSIX (Unidade da Petrobras que aproveita o folhelho

pirobetuminoso para produção industrial de subprodutos do petróleo), instalada

no município de São Mateus do Sul, a cerca de 140 Km da de Curitiba, capital

do estado do Paraná (Figura 1.1).

Figura 1.1 – Mapa de Localização da Bacia do Paraná e o local de amostragem: município de São Mateus do Sul indicado em cor amarela. Fonte: Adaptado de Silva, 2007.

São Mateus do Sul

Page 23: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

23

CAPÍTULO II

2.1. CONCEITOS

É relevante a apresentação de alguns conceitos para fornecer os

subsídios requeridos para a compreensão das técnicas, tratamento e

interpretação dos dados inerentes a correlação geoquímica desta pesquisa.

2.1.1. Sistema Petrolífero

Tendo por base o conceito estabelecido primeiramente por Magoon &

Dow em 1994, um sistema petrolífero envolve a existência de cinco elementos

(rocha geradora matura, rocha reservatório, rocha selante, rochas de

sobrecarga e trapa) e quatro eventos geológicos condicionados ao tempo

(geração de hidrocarbonetos, desenvolvimento da trapa, migração e

sincronismo) para que sucedam-se em ordem lógica que favoreça a

Page 24: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

24

acumulação de petróleo (Cabral, 2006; Lisboa, 2006; Milani et al., 2001; Triguis

et al., 2010)

As Rochas Geradoras são rochas sedimentares, em geral folhelhos,

margas e calcilutitos, que apresentam matéria orgânica preservada

(querogênio) em quantidade e qualidade suficientes, além de ter sido

submetida à evolução térmica necessária para a maturação do querogênio e

geração de hidrocarbonetos. Em termos de quantidade de matéria, orgânica os

valores mínimos aceitáveis de COT (carbono orgânico total) são de

aproximadamente 0,5%, para rochas carbonáticas, a 1,0%, para rochas

siliciclásticas (Cabral, 2006; Lisboa, 2006; Triguis et al., 2010).

Contextualizando com a pesquisa apresentada neste trabalho, onde as rochas

geradoras são folhelhos pirobetuminosos, a American Sociey for Testing

Materials dos Estados Unidos define estes folhelhos ou "xistos" oleígenos

como “rochas compactas de origem sedimentar, com mais de 33% de cinza e

que contêm matéria orgânica capaz de produzir óleo quando destilada

destrutivamente, mas não em quantidades apreciáveis quando extraído com os

solventes ordinários do petróleo” (Costa Neto, 1980).

O peso das rochas sobrejacentes, rochas de sobrecarga, desempenha

papel fundamental no processo diagenético e de maturação térmica da rocha

geradora subjacente.

Com a geração de hidrocarbonetos, a pressão e o volume interno nos

poros da rocha geradora aumentam a tal ponto que inicia-se a movimentação

desses hidrocarbonetos no interior da rocha, movimentação esta definida como

migração primária. Quando os hidrocarbonetos são expulsos da rocha

geradora e seguem em direção a zonas de menores pressões ocorre o

fenômeno da migração secundária (Durand, 2003; Milani et al., 2001;

Santamaria-Orozco et al., 2009).

As rochas nas quais os hidrocarbonetos expulsos se acumulam são

chamadas de rocha reservatório. São geralmente arenitos e calcarenitos,

contudo podem apresentar qualquer origem ou natureza desde que

apresentem elevada porosidade e que estes poros sejam interconectados, ou

seja, permeáveis (Cabral, 2006; Lisboa, 2006).

Page 25: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

25

Quanto as rochas selantes, são rochas situadas acima e/ou lateralmente

à rocha reservatório e que possuem baixa permeabilidade e alta pressão

capilar, impedindo o escape do petróleo, ou seja, aprisionando-o. Folhelhos,

siltitos, evaporitos, rochas ígneas e mudanças faciológicas dentro do

reservatório são exemplos de rochas selantes (Milani et al., 2001).

O arranjo geométrico entre as rochas reservatório e a selante,

viabilizando a acumulação do petróleo constitui uma trapa, também conhecida

como “armadilha”. Esta pode ser classificada como estrutural, estratigráfica

e/ou mista (com aspectos estruturais e estratigráficos), a depender da natureza

do trapeamento.

Quanto ao sincronismo conforme Milani et al.(2001), é crucial que a

formação de cada elemento do sistema petrolífero se interligue no tempo e no

espaço de modo adequado para derivar acumulações de petróleo, uma vez

que a geração e a migração de hidrocarbonetos tem que principiar-se

simultânea ou posteriormente à formação da trapa (Cabral, 2006).

2.1.2. Geoquímica Orgânica do Petróleo

A geoquímica orgânica do petróleo estuda os compostos orgânicos em

busca da compreensão da composição, origem, mecanismos de formação,

acumulação, migração, deposição, distribuição e exploração do petróleo, assim

como investiga problemas de contaminação e de poluição ambiental. É uma

ciência relativamente jovem, com cerca de 40 anos de existência (Durand,

2003; Silva, 2007).

No que se refere à geoquímica orgânica do petróleo, faz-se necessário

esclarecer alguns termos que serão abordados no decorrer deste trabalho.

A matéria orgânica contida na rocha geradora pode ser subdividida em

dois grupos:

1) Querogênio: Compõe cerca de 90 % da matéria orgânica total presente

na rocha geradora, compreendendo compostos de alto peso molecular,

insolúveis em solventes orgânicos (Triguis et al., 2010).

Page 26: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

26

2) Matéria Orgânica Solúvel (MOS): Corresponde ao restante da matéria

orgânica presente na rocha (geradora ou reservatório), que é solúvel em

solventes orgânicos. Também é conhecida como betume ou extrato

oleoso. A quantidade e a composição do betume variam em função das

condições físicas e biológicas deposicionais (Triguis et al., 2010).

A evolução da matéria orgânica em decorrência do aumento de temperatura

é subdividida em três estágios: diagênese, catagênese e metagênese. A

diagênese inicia-se após a deposição da matéria orgânica, sob pequenas

profundidades e pequenas temperaturas, acarretando na transformação da

matéria orgânica original em querogênio onde o metano é o único

hidrocarboneto gerado em quantidades relevantes. Durante a catagênese, o

querogênio é submetido a temperaturas maiores (da ordem de 50 a 150ºC), o

que resulta na formação progressiva de óleo, condensado e gás úmido sendo o

final da catagênese alcançado no estágio em que o querogênio completou a

perda de suas cadeias alifáticas. A metagênese, alcançada sob temperatura

muito elevadas (superiores a 150), a matéria orgânica é representada

basicamente por gás seco (metano) e um resíduo carbonoso. A cerca de 200°C

inicia-se o estágio corresponde ao metamorfismo (fácies xisto-verde)

resultando em transformações na rocha geradora.

COT (Carbono Orgânico Total)

É uma medida indireta da quantidade de matéria orgânica e, é realizada

através da avaliação do teor de carbono orgânico total da rocha (COT). Em

função das características geoquímicas necessárias para avaliar uma rocha

como geradora de hidrocarbonetos, a quantificação da matéria orgânica se

apresenta como o primeiro parâmetro analisado. O teor avaliado inclui tanto o

betume quanto o querogênio contidos na rocha. Este parâmetro é expresso em

percentagem em peso em relação ao extrato seco e traduz as condições de

produção e preservação da matéria orgânica num dado ambiente deposicional

(Silva, 2007; Triguis et al., 2010).

Page 27: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

27

Qualitativamente a matéria orgânica é diferenciada em 3 tipos com base

na relação H/C: o querogênio do tipo I é rico em hidrogênio (alta razão H/C) e

deriva principalmente de algas, sendo usualmente encontrado em rochas

geradoras; o querogênio do tipo II é mais pobre em hidrogênio e mais rico em

oxigênio do que o querogênio do tipo I, sendo geralmente derivado de matéria

orgânica de origem marinha; já o querogênio do tipo III apresenta baixos

valores para a razão H/C e altos valores de O/C, sendo oriundo de matéria

orgânica relacionada a plantas terrestres e freqüentemente encontrado em

rochas geradoras depositadas em ambiente marinho deltaico. O querogênio do

tipo I possui o maior potencial para geração de petróleo, seguido pelo tipo II,

com um potencial moderado para a geração de óleo e gás, e pelo tipo III, que

possui um baixo potencial para a geração de óleo (Tissot & Welte, 1984). Os

três tipos básicos de querogênio podem ser identificados com a integração de

dados de IH e IO em diagramas do tipo Van Krevelen, sendo esses índices

obtidos mediante interpretação do pirograma descrito adiante (Lisboa et al.,

2006).

Composição do petróleo

O petróleo pode ser definido como uma mistura complexa de

hidrocarbonetos saturados, aromáticos e moléculas contendo hidrocarbonetos

com heteroátomos como nitrogênio, enxofre e oxigênio, os quais conhecidas

como compostos NOS e integram o grupo das resinas e asfaltenos. Alguns

metais como níquel e vanádio, ocorrem por vezes dentro das estruturas das

porfirinas (Durand, 2003; Silva, 2007; Triguis et.al., 2010; Wang et.al., 2009)

A caracterização destes compostos se dá por cromatografia líquida,

técnica que permite separar as frações constituintes do petróleo e que será

explicada mais detalhadamente no capítulo IV. Tissot & Welte (1984), tendo por

base a quantificação das frações dos constituintes de 636 diferentes tipos de

óleo devidamente separadas por cromatografia líquida e expressas em % de

peso, elaborou um diagrama que define a qualidade dos óleos segundo sua

Page 28: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

28

maturidade e/ou biodegradação fundamentada nas frações de hidrocarbonetos

saturados, aromáticos e compostos NSO (Figura 2.1).

É válido comentar que óleos degradados apresentam sua composição

enriquecida em resinas e asfaltenos, em detrimento das demais frações

(hidrocarbonetos saturados e aromáticos), que são as primeiras a serem

degradadas devido a menor resistência de sua estrutura molecular mais

simples desses compostos.

Figura 2.1 - Diagrama ternário mostrando a composição, em função das percentagens de

hidrocarbonetos saturados, aromáticos e compostos NSO, de 636 diferentes tipos de óleo

Fonte: Tissot & Welte, 1984.

N-alcanos e Isoprenóides

Dentre os constituintes do petróleo destacam-se os alcanos, compostos

de C e H unidos por ligações simples (Tissot & Welte, 1984; Triguis et al.,

2010). Estes podem ser subdivididos em três classes distintas, de acordo com

a figura 2.2.

Page 29: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

29

n-C6 H14

n- hexano

2,6,10,14 tetrametil hexadecano

Fitano(C20H42)

Alcanos

n-alcanos

cicloalcanos

alcanos ramificados

C8 H18

2, 2, 4 trimetil

pentano ou

isooctano

n-C5 H10

ciclopentanoou

Figura 2.2 - Classes de alcanos e seus respectivos exemplos. Fonte: Tissot e Welte, 1984.

Os n-alcanos ou n-parafinas são hidrocarbonetos saturados cuja cadeia

é uma seqüência de átomos de carbonos, conectados por ligações simples

sem ramificações. Sua fórmula geral é CnH2n+2, sendo empregados na

investigação do estágio de evolução termal e degradação da rocha fonte. Além

disso, sua distribuição informa o tipo de matéria orgânica dos combustíveis

fósseis (Maya, 2010; Triguis et al.,2010). Os isoalcanos (isoparafinas ou

alcanos ramificados) possuem como fórmula geral CnH2n+2 e incluem os

isoprenóides (Pr e Fit) relevantes pelo seu uso na identificação da fonte de

hidrocarbonetos, pelas medidas e índices de maturação e pelos estudos de

correlação (Maya, 2010; Triguis et al.,2010). Os cicloalcanos por sua vez como

o próprio nome sugere, são alcanos de cadeia fechada ou cíclica cuja fórmula

geral é CnH2n, sendo importantes marcadores biológicos (Tissot & Welte, 1984;

Triguis et al., 2010).

Os n-alcanos são os compostos mais freqüentes devido a sua reduzida

sensibilidade para alterações de sua estrutura, no decorrer do processo de

formação do petróleo, quando comparados com seus correlatos oxigenados.

Cabe ressaltar que a distribuição dos n-alcanos informa a origem do material

gerador do extrato orgânico. O predomínio dos n-alcanos mais pesados supõe

fonte orgânica continental. Já para a matéria orgânica marinha ocorre a

predominância de n-alcanos leves (como por exemplo C12 - C17). Óleos

Page 30: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

30

transicionais apresentam quantidades significativas de n-alcanos das duas

faixas de pesos moleculares (Silva, 2007; Tissot & Welte, 1984).

Os isoprenóides são alcanos ramificados de médio peso molecular

formados a partir da junção de um grupo de isoprenos C5, com um radical

metila ligado a cada 4 átomos de carbono. dentre os isoprenóides, os mais

pesquisados são o pristano e o fitano oriundos da cadeia lateral da clorofila e

de arqueobactérias (Peters et al., 2005; Silva, 2007; Triguis et al., 2010). Em

condições anóxicas, através de reações redutoras, a cadeia lateral da clorofila

é transformada em fitano, ao passo que sob ambientes oxidantes esta cadeia é

alterada para pristano, como ilustra a Figura 2.3. Pristano e Fitano são, assim,

parâmetros essenciais na compreensão do paleoambiente deposicional da

matéria orgânica. Valores elevados da razão entre eles supõem um ambiente

oxidante como possivelmente de natureza continental, e os baixos valores um

ambiente redutor, marinho (Peters et al., 2005; Silva, 2007).

Figura 2.3 - Esquema de transformação do fitol em pristano e fitano. Fonte: Silva (2007).

O estágio de maturação da matéria orgânica também pode ser indicado

pela razão entre n-alcanos. A razão entre as abundâncias do pristano e do

fitano em relação aos n-alcanos C17 e C18, respectivamente, indica o nível de

craqueamento da matéria orgânica, uma vez que o processo de maturação

térmica aumenta a abundância dos n-alcanos. Valores maiores que uma

unidade para as razões Pr/nC17 e Fit/nC18 indicam óleo ou extrato imaturo, ao

passo que valores menores que um indicam óleo ou extrato maturo (Peters et

al., 2005).

Ainda no contexto dos n-alcanos, outras relações paramétricas podem

ser utilizadas para estimar a maturação termal do petróleo, como o índice

Page 31: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

31

preferencial de carbono (IPC) e o PPI (preferência par/ímpar). O IPC fornece

de uma medida da quantidade de n-alcanos com número ímpar de átomos de

carbono em relação aos compostos de número par, na faixa de C24 ate C34.

Uma vez que a matéria orgânica com baixo nívelde maturação dispõe de altas

concentrações de n-alcanos com número ímpar de átomos de carbono, razões

superiores a um sugerem matéria orgânica imatura e/ou entrada de matéria

orgânica vegetal terrestre. Valores inferiores ou iguais a um sugerem

maturação térmica e/ou entrada de matéria orgânica marinha (Peters et al.,

2005).

O PPI corresponde ao valor preferencial par ou ímpar dos compostos,

sendo um parâmetro similar ao IPC, usado para indicar maturação e fonte da

MO. A interpretação do valor do PPI se dá do mesmo modo que o do IPC

(Peters et al., 2005).

O IPC e o PPI podem ser ajustados para incluir qualquer intervalo

especificado de número de átomos decarbono. Peters e seus colaboradores

(2005) propuseram as equações abaixo para o cálculo do IPC e do PPI:

PPI (1) = (C21+6C23+C25) (4C22 +4C24)

PPI (2)= (C25+6C27+C29)/(4C26+4C28)

Cabe salientar que todas as relações paramétricas citadas acima

baseiam-se nas alturas ou áreas dos picos dos cromatogramas gasosos dos

óleos que por sua vez são proporcionais à concentração de um dado composto

identificado. O fingerprint, também conhecido com o termo whole-oil , é referido

como o cromatograma de n-parafinas e isoprenóides de um determinado óleo.

Este tipo de cromatograma é reconhecido como uma "impressão digital" do

óleo, já que cada óleo é único e apresenta um cromatograma distinto em

relação aos demais óleos (Peters et al., 2005). A figura 2.4 apresenta as

principais feições de um cromatograma típico de um óleo de acordo com

Triguis et al. (2010).

Page 32: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

32

Figura 2.4 – Principais feições de um cromatograma. Fonte: Adaptado de Triguis et al. (2010).

O UCM, na figura 2.4, é a área sob a elevação da linha de base do

cromatograma (hump), representando uma mistura complexa de compostos

não resolvidos pela coluna cromatográfica (Unresolved Complex Mixture)

indicativa do grau de degradação do óleo analisado, onde quanto maior for o

UCM maior será o nível de degradação do óleo. Já o envelope é uma linha

imaginária que liga todos os maiores picos do cromatograma. As demais

feições já foram devidamente explicadas anteriormente (Triguis et al., 2010).

O fingerprint de cada óleo permite definir grupos de óleos baseados na

qualidade da matéria orgânica que lhes deu origem, no paleoambiente

deposicional e na maturação dessa matéria orgânica (Peters et al., 2005;

Triguis et al., 2010).

Pirólise de Rock-Eval

Para a avaliação do potencial gerador e da quantidade de petróleo já

gerado é normalmente aplicada a técnica da pirólise Rock-Eval, um

equipamento lançado na década de 1980 na França. Esta técnica simula o

processo de maturação térmica do querogênio (Triguis et al., 2010). Uma

pequena quantidade de amostra de rocha é aquecida ocasionando reações

Page 33: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

33

termoquímicas craqueadoras da matéria orgânica, cujos dados são

quantificados por um detector de ionização de chama. O resultado deste

processo é um pirograma onde são representados os picos S1, S2 e S3, bem

como a Tmax (Figura 2.5), a seguir caracterizados.

O pico S1 representa os hidrocarbonetos livres já gerados e retidos na

amostra de rocha, expressos em mgHC/gRocha. Posteriormente, ocorre a

degradação do querogênio e a geração de hidrocarbonetos, correspondentes

ao pico S2 (mgHC/gRocha), definindo o potencial que ainda há na rocha para

geração, ou seja, o potencial gerador. O pico S3, por sua vez, avalia a

quantidade de oxigênio presente no querogênio que se está analisando, a partir

da formação de CO2 durante o craquamento (S3, em mgCO2/gRocha), sendo

utilizado para caracterizar qualitativamente a matéria orgânica presente na

rocha geradora, em conjunto com outros parâmetros como Reflectância da

Vitrinita e outros. A temperatura na qual ocorre o máximo de geração de

hidrocarbonetos é denominada de Tmáx e indica o estágio de evolução térmica

da rocha investigada, auxiliando na estimativa da profundidade a qual a rocha

foi submetida (Gonçalves et al., 1997; Tissot & Welte, 1984).

Outros parâmetros podem ser obtidos pela interpretação do pirograma:

Índice de Hidrogênio que equivale a razão entre os Hidrocarbonetos liberados,

e o conteúdo C orgânico; e o Índice de Oxigênio correspondente a razão entre

o conteúdo de O, e o conteúdo de C orgânico. O IH (expresso em

mgHC/gCOT) e o IC ( expresso em mg CO2/gCOT) são relevantes na

classificação quanto ao tipo de matéria orgânica conforme Figura 2.6.

Figura 2.5 – Pirograma e os parâmetros provenientes da pirólise Rock-Eval. Fonte: Gonçalves

et al.(1997).

Page 34: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

34

Figura 2.6 – Diagrama de Van Krevelen (versão modificada para uso dos parametros de pirólises. Rock-Eval. Fonte: Triguis et al.(2010).

Page 35: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

35

CAPÍTULO III

3.1. CONTEXTO GEOLÓGICO

Regionalmente, a área de estudo está inserida na bacia sedimentar do

Paraná. Nesta seção do trabalho, foram selecionadas as principais características

acerca da geologia desta bacia sedimentar, com base em informações da

literatura. Será dada ênfase às Formações Irati e Pirambóia, foco da presente

pesquisa.

3.1.1. Evolução Tectônica

A evolução tectono-sedimentar da Bacia do Paraná ainda hoje é motivo

de discussão, como demosntram os diversos estudos realizados nessa bacia.

O modelo evolutivo proposto por Milani et al. (2006) é o mais aceito pelos

geocientistas e, por esse motivo foi o adotado neste trabalho.

Situada no interior do continente sul-americano, a Bacia do Paraná é

caracterizada como uma bacia do tipo intracratônica, que sofreu complexos

processos tectono-sedimentares ao longo da sua história, iniciada a 400

milhões de anos, no Siluriano, e encerrada no Cretáceo.

No início de sua implantação, a bacia originou-se como um golfo aberto

às águas do Panthalassa. No Fanerozóico, a convergência entre a borda

Page 36: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

36

sudeste ativa do Gondwana e o assoalho oceânico do Panthalassa acarretou o

fechamento da Bacia do Paraná até sua inteira continentalização. Onde os

fósseis marinhos mais jovens foram encontrados em rochas sedimentares da

Supersequência Gondwana I (Neocarbonífero / Permiano), de modo que se

supõe que a completa continentalização da depressão, no árido interior do

paleocontinente, ocorreu no Mesozóico (Milani et al., 2006 e 2007)

A bacia implantou-se sobre embasamento cratônico pré-cambriano

circundado por cinturões de dobramentos e empurrões com orientação

predominantemente SW-NE, assumindo uma forma alongada concordante com

esta direção. A reativação trastensional de zonas de fraqueza do embasamento

durante a Orogenia Oclóica, no Neo-Ordoviciano, causada pela colisão entre o

Gondwana e o terreno da Precordillera, propiciou a criação de espaço de

acomodação, devido à subsidência, e o posterior preenchimento por

sedimentos. Consecutivos ciclos orogênicos foram responsáveis por

subsidências aceleradas seguidas de deposição de sedimentos compondo o

registro estratigráfico da bacia (Milani et al., 2006 e 2007).

Cabe ressaltar os importantes derrames basálticos da Formação Serra

Geral (equivalente às lavas Etendeka na Namíbia) que recobrem cerca de dois

terços da bacia e se estendem ao sudoeste do continente africano. Este

magmatismo ocorreu no eocretáceo, sendo interpretados como um produto da

passagem da pluma mantélica ou ponto quente de Tristão da Cunha, de sul

para norte da bacia, durante os estágios antecedente ou inicial do rifteamento

(Mohriak, 2004)

3.1.2. Arcabouço Estrutural

Segundo Zalán et al. (1990), as estruturas impressas na bacia são

decorrentes de estruturas pretéritas do embasamento, reativadas no final do

Ciclo Brasiliano. Tratam-se de falhas ou zonas de falhas dispostas

preferencialmente nas direções NW-SE e NE-SW, havendo ainda algumas com

direção subordinada E-W (Figura 3.1).

Page 37: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

37

Os limites dos depocentros desenvolvidos no decorrer da evolução da

bacia são oriundos dos lineamentos (falhas e diques) com direção NW-SE

enquanto os lineamentos com direção NE-SW, são representados por uma

zona de falhas com um maior número de estruturas causadas por tensores

transcorrentes. O conjunto de estruturas com direção E-W é o menos

pesquisado, sendo sua origem atribuída à abertura do Oceano Atlântico Sul, no

Triássico (Zalán et al.,1990).

Figura 3.1 – Mapa do arcabouço estrutural da Bacia do Paraná. Os lineamentos apresentam

as direções preferenciais NW-SE, NE-SW e E-W. Adaptado de Zalán et al. (1990).

3.1.3. Arcabouço Estratigráfico

Com um preenchimento sedimentar predominantemente de caráter

siliciclástico a estratigrafia da Bacia do Paraná é subdividida na literatura de

diferentes maneiras tentando descrever e representar a sucessão de seus

litotipos, sua evolução e os mecanismos de subsidência.

Page 38: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

38

O registro sedimentar da Bacia do Paraná, apresentado nas

Figuras 3.2 e 3.3, é composto por seis unidades de escala regional, que se

depositaram do Neo-Ordoviciano (~450 Ma) ao Neocretáceo (~65 Ma) e

possuemparticularidades herdadas das condições climáticas e tectônicas

vigentes à época de sua deposição. Estas unidades são separadas por amplas

discordâncias, em geral erosivas, ou hiatos deposicionais (Milani, 2004; Milani

et al., 2006 e 2007).

Disposta discordantemente sobre o embasamento, a

Supersequência Rio-Ivaí, datada do Ordovinciano ao Siluriano, retrata o

primeiro ciclo transgressivo-regressivo, onde as águas do Panthalassa invadem

o continente. Estas Supersequência inicia-se pela sedimentação da Formação

Alto Garças, seguida pelos depósitos das Formações Iapó e Vila Maria.

Conglomerados fluviais e pacotes arenosos compõe a Fm. Alto Garças. A Fm.

Iapó corresponde a um pacote glacial composto por diamictitos de matriz

areno-argilosa. A Fm. Vila Maria compreende folhelhos marinhos com alto teor

de minerais micáceos e arenitos marinhos regressivos, caracterizando o

fechamento de um grande ciclo transgressivo-regressivo (Milani, 2004; Milani et

al., 2006 e 2007).

A Superseqüência Paraná encontra-se representada por sedimentos do

Devoniano, aos quais são atribuídos por Milani et al. (2006) duas formações: (i)

um conjunto inferior com arenitos quartzosos e raramente conglomerados

basais, denominado de Formação Furnas (idade pargiana); (ii) e um conjunto

de rochas pelíticas que a sobrepõe denominado de Formação Ponta Grossa,

subdividido em três membros. O Membro Jaguariaíva (inferior) abrange uma

seção de folhelhos representativos do máximo da inundação devoniana; O

Membro Tibagi (mediano) abrange arenitos deltaicos; enquanto o Membro São

Domingos (superior) englobam outro intervalo de folhelhos.

No Eocarbonífero, a Bacia do Paraná passou por períodos de grande

instabilidade em sua evolução. Conforme o arcabouço aloestratigráfico da

Bacia, a deposição foi retomada no Neocarbonífero, com a Superseqüência

Gondwana I (Pensilvaniano-Scythiano: 310 Ma a 245 Ma), a qual pertencem o

Grupo Itararé e as formações Rio Bonito, Palermo, Irati, Serra Alta, Teresina,

Rio do Rastro, Pirambóia e Sanga Cabral, que totalizam 2,5Km de espessura,

Page 39: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

39

correspondendo ao maior volume de sedimentos da bacia. Esta

supersequência documenta um ciclo transgressivo-regressivo completo, que se

inicia com um pacote glacial pensilvaniano (Grupo Itararé), atinge condições de

máximo afogamento marinho na Formação Palermo, durante o Artinskiano, e

termina em depósitos continentais eólicos e fluviais relacionadas às Formações

Pirambóia e Sanga Cabral (Milani et al., 2006 e 2007).

De ocorrência localizada, somente no sul da bacia, a Superseqüência

Gondwana II (Anisiano-Noriano), é composta apenas pela Fm. Santa Maria, de

caráter lacustre e fluvial, que inclui conglomerados, arenitos e folhelhos, por

vezes fossilíferos (Milani et al., 2006 e 2007).

A Supersequência Juro-Eocretácea, Gondwana III, engloba duas

formações: (i) a Fm. Botucatu, com seus arenitos eólicos de idade jurássica; (ii)

e a Fm. Serra Geral, que representa um episódio de derrame continental de

lavas basálticas e corpos intrusivos associados (diques e soleiras), como

indícios dos estágios primitivos da ruptura do Gondwana (Eo-Cretáceo) e

abertura do Atlântico Sul (Milani, 2004; Milani et al., 2006 e 2007).

Por fim, a Supersequência Bauru, datada do Aptiano ao Maastrichtiano,

encontra-se depositada em discordância erosiva sobre os basaltos da Fm.

Serra Geral. Seu espaço de acomodação foi criado pela subsidência flexural

posterior à extrusão basáltica. Pertencem a esta Supersequência o Grupo

Bauru e o Grupo Caiuá, cronocorrelatos. O Grupo Bauru corresponde

adepósitos alúvio – fluviais, formados por pacotes conglomeráticos-arenosos, e

o Grupo Caiuá compreende depósitos eólicos arenosos.

Page 40: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

40

Figura 3.2 - Mapa Geológico simplificado da Bacia do Paraná. Fonte: Millani (2004)..

Page 41: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

41

Figura 3.3 - Carta estratigráfica da Bacia do Paraná Fonte: Milani (2007)

Page 42: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

42

3.2. SISTEMAS PETROLÍFEROS DA BACIA DO PARANÁ

Diversos sistemas petrolíferos são propostos nos inúmeros trabalhos

existentes sobre a Bacia do Paraná. No entanto, Milani et al. (1998 e 2006), a

partir de estudos geoquímicos e geológicos, identificaram os folhelhos das

Formações Ponta Grossa (Devoniano) e Irati (Permiano) como os dois

principais geradores da bacia. Sabe-se que hidrocarbonetos encontrados nas

Formações Rio Bonito, Palermo e Pirambóia são provenientes da geradora

Irati. Dentre estas ocorrências, as relacionadas aos arenitos asfálticos da

Formação Pirambóia destacam-se, pois registram o maior volume de óleo in

place, embora este seja classificado como um óleo pesado (Lisboa, 2006).

Em termos de potencial de geração de petróleo, a Fm. Irati encontra-se

em condições de baixo grau de evolução térmica decorrente de soterramento,

exceto nas áreas centrais da bacia. Rochas intrusivas ígneas da Fm. Serra

Geral (diques e/ou sills) influíram, por vezes decisivamente, no nível de

maturação térmica, tornando as rochas da Fm. Irati, localmente, maturas e

senis (Souza et al., 2005; Araújo et al., 2004). Em conseqüência disso, nas

áreas da bacia onde ocorrências subcomerciais de óleo foram observadas e

estudadas, relaciona-se um modelo de geração não convencional ao processo

de maturação anômalo da matéria orgânica, onde o calor necessário foi

fornecido pelas intrusões geralmente de diabásio (Santos Neto, 1993; Souza et

al., 2005).

A atuação das rochas intrusivas estendeu-se não apenas ao processo

de geração, mas também aos processos de migração e acumulação. A

migração deu-se ao longo das paredes de diques, falhas, fraturas e planos

estratigráficos de fraqueza. Já para a acumulação de óleo, as rochas ígneas

desempenharam função selante aprisionando os hidrocarbonetos nos arenitos

da Formação Pirambóia. Camadas argilosas das fácies de interduna e fluvial

da Formação Pirambóia também desempenharam tal papel (Araújo et al.,

2004).

Page 43: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

43

3.2.1. Formação Pirambóia

Sobreposta a Fm. Rio do Rasto, a Fm. Pirambóia (Foto 3.1), depositada

já no Neopermiano/Eotriássico, é composta por arenitos de granulometria fina a

grossa, as vezes conglomeráticos, subarredondados, de selecionamento

moderado, com espessura variada, atingindo até 270m, possuindo coloração

avermelhada a preta quando impregnados com hidrocarbonetos asfaltênicos ou

betume (Caetano-Chang & Wu, 2003; Milani et al., 2007). Em geral,

apresentam boas porosidade e permeabilidade, porém a distribuição dos

hidrocarbonetos é heterogênea, em decorrência das estruturas sedimentares e

deformacionais que ocasionaram modificações nestes parâmetros (Araújo et al,

2004).

Um estudo mais detalhado da Fm. Pirambóia, desenvolvido por

Caetano-Chang & Wu (2003), caracterizou fácies de dunas, interdunas e

lençóis de areia, típicas de sedimentação eólica, truncadas localmente por

fácies argilosas fluviais (canais temporários). Estruturas sedimentares como

grandes estratificações cruzadas corroboram o caráter predominantemente

eólico deste intervalo (Araújo et al., 2004). Estruturas plano-paralelas, além de

falhas, diques e alinhamentos de relevo de direções preferenciais NE e NW

também foram observadas em alguns afloramentos por Araújo et al. (2004)

Controvérsias a respeito da posição e do tipo dos contatos limitantes da

Fm. Pirambóiarevelam certa heterogeneidade das características

paleoambientais da bacia e similaridades entre os estratos. O contato inferior

com a Fm. Rio do Rasto é o mais incerto, sendo interpretado por uns como

gradacional e por outros como discordante. No entanto, propõe-se que o

contato superior, ora com a Fm. Sanga do Cabral (arenitos fluviais) ora com a

Fm. Botucatu, dê-se através de uma discordância regional, embora esta última

unidadeseja faciológica e texturalmente similar à Formação Pirambóia (Massoli

& Caetano-Chang, 2007; Milani et al., 2007).

Page 44: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

44

Fm. Pirambóia

Foto 3.1 – Afloramento do arenito asfaltênico da Fm.Pirambóia , próximo ao município de São

Mateus do Sul. Foto: Oliveira, 2010.

3.2.2. Formação Irati

A Formação Irati, recentemente datada por Santos et al. (2006) como

de idade permiana, mais precisamente do neo-Artinskiano (datação Shrimp U-

Pb em zircões presentes nas cinzas vulcânicas) situa-se na base do Grupo

Passa Dois, sobrepondo-se à Formação Palermo (Grupo Guatá). É constituída

por camadas de pelitos, margas, folhelhos betuminosos, ritmitos, intercalações

de camadas carbonáticas, camadas de evaporitos e, por vezes, arenitos

(Amaral, 1967; Milani et al., 2006).

Apesar da Fm. Irati ser muito estudada sob vários aspectos, ainda

existem algumas divergências a respeito das condições, ambiente

deposicional, posição e natureza dos contatos geológicos, dentre outras

questões (Rohn et al., 2003). Estudos realizados por Santos Neto (1993)

evidenciaram clima quente e seco (desértico) e ambiente marinho restrito,

hipersalino como condições deposicionais dos sedimentos desta formação,

Page 45: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

45

relacionados à transgressão do maior ciclo transgressivo-regressivo do final do

Paleozóico. No entanto, Amaral (1967), através de estudos estruturais,

petrográficos, geoquímicos e sedimentológicos interpretou que o ambiente de

deposição da Fm. Irati teria sido um grande lago aplainado e estável,

tectonicamente intercomunicado com o mar, sob condições de clima quente e

pouco úmido, a princípio, e posteriormente frio e chuvoso, com épocas quentes

e secas. Apesar das diferentes interpretações, é evidente o senso comum de

que o paleoambiente deposicional desta Formação está estreitamente

relacionado com condições marinhas (rasa), sob clima quente, com

interferência da salinidade.

As principais estruturas tectônicas observadas por Amaral (1967) na Fm.

Irati consistem em falhamentos normais. As estruturas atectônicas encontradas

por este mesmo autor consistem em pequenas dobras locais, oriundas de

escorregamentos subaquáticos, responsáveis também pela gênese de brechas

calcárias intraformacionais na base da unidade.

Segundo Milani et al. (2006), a Fm. Irati é subdividida em dois membros:

Membro Taquaral e Membro Assistência. Sua disposição, em São Mateus do

Sul, é representada na figura 3.4.

O Membro Taquaral, porção basal da formação, resulta da

sedimentação de siltitos ricos em argila e folhelhos cinza claros a escuros,

pouco espessos, com estruturas sedimentares preservadas, a exemplo de

laminações paralelas (Santos Neto, 1993). De acordo com Mendes (1984), a

deposição ocorreu durante uma fase regressiva, num ambiente marinho de

baixa energia, com ausência de ondas e salinidade pouco alta. Registros de

dois níveis de coquinas de moluscos bivalves bem como partes de peixes

relacionadas à espécie de tubarão Xenacanthus albuquerque estão

concentradas neste membro (Chahud & Petri, 2009; Rohn et al., 2003).

Page 46: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

46

Me

mb

ro T

aq

ua

ral

Folhelho Betuminoso

(camada Inferior)

Folhelho Betuminoso

(camada Superior)

FO

RM

ÃO

IR

AT

I

Siltito

Siltito

Marga Dolomítica

Marga Dolomítica

Me

mb

ro A

ssis

tên

cia

6,4% óleo

em peso

9,1% óleo

em peso

Figura 3.4 - Divisão da sedimentação da Fm. Irati e os teores médios de óleo dos folhelhos

betuminosos da área da PETROSIX. Fonte: Adaptado de Milani et al., 2006.

O Membro Assistência (porção superior da Fm. Irati), de maior interesse

econômico, engloba folhelhos cinza escuros, intercalados com calcários, por

vezes dolomíticos, e folhelhos pretos pirobetuminosos. Estratificações rítmicas

(alternância de folhelhos e calcários), laminação paralela e estruturas como

estilólitos, brechas intraformacionais e marcas onduladas, foram observadas

por Amaral (1967). Mendes e outros autores (1984) sugerem que os folhelhos

betuminosos tenham se originado em áreas restritas da bacia, os evaporitos

em regiões hipersalinas e ainda mais restritas e os carbonatos em áreas

plataformais. O registro fossílifero é digno de nota e contem répteis

(Mesosaurus Brasiliensis e Stereosternum Tumidum), restos de vegetais como

algas, restos de peixes e carapaças de crustáceos, além de palimorfos e

foraminíferos (Amaral, 1967; Milani et al., 2006; Rohn et. al., 2003; Yamamoto

et al., 2004).

Sob o ponto de vista econômico, a reelvância do Memebro Assistência

reside na ocorrência de folhelhos pirobetuminosos, que são as principais

Page 47: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

47

rochas geradoras desta Fm. Irati além cosntituírem uma das maiores reservas

deste recurso no mundo, sendo alvo de produção não convencional de petróleo

pela PETROSIX (Foto 3.2). Os folhelhos pirobetuminosos, também conhecidos

como “xisto”, são pelitos sericíticos enriquecidos em argila, cinzas vulcânicas e

matéria orgânica, possuindo coloração cinza escura a preta (Santos, 2009).

Foto 3.2 - Lavra de folhelho pirobetuminoso no município de São Mateus do Sul, na área da

PETROSIX. Foto: Oliveira (2010).

Duas camadas ímpares de folhelhos pirobetuminosos do Membro

Assistência, no município de São Mateus do Sul (Paraná), são objeto de estudo

desta pesquisa. Estes folhelhos apresentam teores médios de COT de 10% e

alto índice de hidrogênio, de até 800 mgHC/gCOT (Milani et al., 2006). Nesta

região, a camada superior apresenta aproximadamente 7m de espessura com

teor médio de óleo de 6,4%. Já a camada inferior, embora menos espessa,

possuindo cerca de 3 a 4m, apresenta 9,1% de teor médio de óleo. A

distribuição desses teores é irregular dentro de cada camada (Figura 3.4)

(Milani et al., 2006; Santos, 2009).

Page 48: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

48

CAPÍTULO IV

4.1. METODOLOGIA

A metodologia experimental empregada para atingir os objetivos do

presente trabalho iniciou-se com a amostragem e acondicionamento das

amostras das rochas geradoras e reservatório. Em seguida, estas foram

encaminhadas ao Laboratório de Estudos de Petróleo (LEPETRO), do Núcleo

de Estudos Ambientais (NEA/IGEO/UFBA), onde procederam-se as análises

geoquímicas.

As amostras foram submetidas inicialmente à secagem, seguida de uma

preparação física para posterior à extração tipo Soxhlet para obtenção dos

extratos oleosos. Uma alíquota dos óleos recuperados foram analisadas por

meio de cromatografia líquida, onde foi separada as frações de

hidrocarbonetos alifáticos (saturados), aromáticos e compostos NSO (resinas

mais asfaltenos). Outra alíquota do óleo extraído foi analisada por

cromatografia gasosa com detector de ionização de chama (CG/DIC). Todas as

amostras foram analisadas em duplicata para minimizar possíveis erros de

representatividade e garantir a precisão da análise. Posteriormente, tais dados

foram tratados, correlacionados e interpretados, como se apresneta no capítulo

a seguir. A figura 4.1 apresenta um fluxograma que resume a metodologia

empregada. Em seguida, cada etapa é descrita com maior detalhe.

Page 49: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

49

Figura 4.1 – Fluxograma da metodologia experimental aplicada a todas as rochas.

Page 50: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

50

4.1.1. Coleta e Armazenamento

A coleta das amostras ocorreu durante o período de 15 a 17 de março

de 2010, na Pedreira a céu aberto da PETROSIX (Unidade de Negócio da

Industrialização do “Xisto” no município de São Mateus do Sul, estado de São

Paulo, sob as seguintes coordenadas Lat.: 25o 50' 52"S; Long.: 50o 25' 29"W

(cota = 846 m).

Para o presente estudo foram selecionadas 3 amostras de rocha

relacionadas à: Formação Pirambóia, e aos Folhelho Inferior e Superior do

Membro Assistência da Formação Irati (Tabela 4.1). O procedimento de coleta

foi facilitado pela condição aflorante destas unidades litológicas, porém foi

realizado com cuidado para que não ocorresse a possibilidade de

contaminação de amostras já oxidadas pela exposição aos agentes

intempéricos (Fotos 4.1, 4.2 e 4.3).

Foto 4.3 - Afloramento da camada superior do Membro Assistência (Amostra F). Foto: Oliveira, (2010).

Foto 4.1- Coleta em Afloramento da Formação Pirambóia . (Amostra P). Foto: Oliveira (2010).

Foto 4.2 - Coleta em afloramento da camada inferior do Membro Assistência. (Amostra E). Foto: Oliveira (2010.

Page 51: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

51

Tabela 4.1 - Descrição das amostras selecionadas para os experimentos.

UNIDADE ESTARTIGRAFICA DESCRIÇÃO FOTO

Amostra P Fm. Pirambóia

Arenito fino a médio de coloração cinza escura a preta devido a impregnação de óleo

Amostra F Fm. Irati, Camada Superior do Membro Assistência

Folhelho cinza escuro, aparentemente com maior teor de MO, devido à coloração mais escura que o anterior. Com laminações paralelas.

Amostra E Fm. Irati, Camada Inferior do Membro Assistência

Folhelho cinza escuro a médio. Apresenta laminações paralelas.

As amostras foram envoltas em papel de alumínio e acondicionadas em

recipientes apropriados com o intuito de conservá-las e de se evitar possíveis

contaminações de material orgânico no decorrer do seu transporte até o

laboratório (Foto 4.4).

Foto 4.4 - Amostras envoltas em papel alumínio.Foto: Oliveira (2011).

Page 52: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

52

4.1.2. Limpeza de materiais e pureza dos solventes

A caracterização de compostos orgânicos por cromatografia gasosa é de

alta sensibilidade, sendo detectados compostos ao nível de traço nas

amostras. Isso implica na necessidade de uma limpeza severa e eficiente para

eliminação de possíveis compostos orgânicos exógenos presentes nos

materiais utilizados no processo analítico. Desta forma, os materiais e vidrarias

utilizados foram lavados com água, água destilada, colocados numa solução de

5% de Extran (Merck) durante 24hs e em seguida foram enxaguados com água

destilada e acetona P.A. A secagem foi realizada na estufa sempre que

possível (com exceção das vidrarias volumétricas).

Cabe salientar que todos os solventes empregados (diclorometano, n-

hexano e metanol) apresentavam alto grau de pureza (P.A da Merck) para

assegurar a inexistência de contaminação dos solventes nas análises de

cromatografia gasosa.

4.1.3. Preparação Física da Amostra

As amostras foram secadas em estufa a aproximadamente 40°C,

durante um período de 12 horas, para retirar a umidade. Em seguida, foram

individualmente trituradas em frações menores, pulverizadas com o auxílio de

um gral de ágata, peneiradas na fração 2mm - 1mm, utilizando peneiras de

granulometria 9 mesh e 18 mesh, e por fim quarteadas para homogeneização e

obtenção de uma amostra representativa (Fotos 4.5 e 4.6).

Page 53: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

53

4.1.4. Extração Soxhlet

4.1.4.Extração Soxhlet

A fim de extrair a Matéria Orgânica Solúvel (MOS) das amostras, cerca

de 40 a 50g de cada amostra obtida após a preparação física foram pesadas

em cartuchos de celulose para a extração por Soxhlet, utilizou-se

diclorometano (CH2Cl2) como solvente orgânico extrator, por um período

necessário até que o solvente contido no porta amostra estivesse transparente,

indicando que a MOS da amostra foi totalmente extraída (Foto 4.7). Em

seguida, evaporou-se o diclorometano do extrato oleoso, sob fluxo de

nitrogênio, para quantificação do teor de MOS da amostra.

Foto 4.5 – Etapa de pulverização manual das amostras de rochas num gral de ágata. Foto: Oliveira (2011).

Foto 4.6 – Etapa de peneiramento e quarteamento das amostras pulverizadas. Foto: Oliveira (2011).

Page 54: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

54

Porta – amostras

tipo soxhlet

Balão contendo

solvente extrator

Condensador tipo

espiral

Cartucho de

celulose com

amostra

Manta de

aquecimento

Foto 4.7 - Extração tipo soxhlet. Foto: Oliveira (2011).

A etapa de extração é fundamental nas análises geoquímicas orgânicas,

pois a quantificação da matéria orgânica solúvel (ou betume) obtida a partir da

extração fornece um valor similar ao adquirido para o pico S1 (quantidade de

hidrocarbonetos livres), numa análise do tipo pirólise Rock-Eval. Além disso, a

extração possibilita a posterior análise química da MOS por métodos

cromatográficos, dentre outros (Triguis et al., 2010).

Uma classificação das rochas geradoras segundo a quantidade máxima

de betume que pode ser extraído em diclorometano, expressa em % de peso

foi proposta por Peters et al. (2005) conforme a Tabela 4.2.

Page 55: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

55

Tabela 4.2 – Classificação da rocha geradora quanto à quantidade de betume solúvel em

diclorometano, segundo Peters et al. (2005)

Quantidade de Matéria Orgânica Extrato Orgânico ou Betume

(% em massa)

Pobre <0,05

Razoável 0,05-0,10

Boa 0,10-0,20

Muito Boa >0,2

4.1.5. Análises Cromatográficas

A cromatografia é um método físico-químico de separação

fundamentado na migração diferencial dos componentes de uma mistura, que

ocorre devido a diferentes interações entre duas fases imiscíveis, a fase móvel

e a fase estacionária (Degani et al., 1988; Durand, 2003).

As técnicas cromatográficas mais empregadas nas análises de petróleo

e derivados são: Cromatografia Líquida, cuja fase móvel é um solvente líquido,

e a Cromatografia Gasosa, cuja fase móvel é um gás inerte (geralmente

nitrogênio, hélio, argônio ou hidrogênio). O processo de separação acontece no

decorrer da passagem da fase móvel sobre a fase estacionária. Os

componentes da mistura são disseminados entre elas, a tal ponto que cada um

dos componentes é seletivamente retido pela fase estacionária, resultando em

migrações diferenciais desses compostos (Degani et al., 1988; Triguis et al.,

2010).

4.1.5.1. Cromatografia Líquida em Coluna Aberta (CL)

Para isolamento das principais frações constituintes dos extratos

orgânicos (Saturados ou alifáticos, Aromáticos e Compostos NSO), utilizou-se

a cromatografia líquida, também denominada de cromatografia de adsorção, à

pressão ambiente. Essa separação fundamenta-se no princípio de que um

Page 56: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

56

soluto pode ser dissolvido por um solvente de polaridade semelhante, bem

como nas interações do soluto com a fase estacionária adsorvente, geralmente

sólida (Cabral, 2006; Triguis et al., 2010). A partir dos dados obtidos, foi

possível determinar, a princípio, o grau de maturidade e/ou degradação dos

óleos extraídos, conform as proporções daqueles componentes (Tissot &

Welte, 1984)

O fracionamento foi efetuado em colunas de vidro preenchidas com

sílica gel, como fase estacionária, previamente ativada por 2h a 500ºC, numa

mufla, para remoção de contaminantes orgânicos e de umidade (0,063-

0,200mm, Merck). Cerca de 20mg do extrato oleoso foi adicionado na parte

superior da coluna, diluído em n-hexano com o uso de uma pipeta de Pasteur.

As três frações foram separadas com a seguinte eluição consecutiva de

solventes: Hidrocarbonetos alifáticos foram eluídos com 25 ml de n-hexano;

Hidrocarbonetos aromáticos com 30ml de um mistura 4:1 de n-

hexano:diclorometano; e, por fim, a fração mais pesada, os compostos NSO

(resinas mais asfaltenos), foi retirada com 30ml de uma mistura 4:1 de

diclorometano:metanol (Foto 4.8). As frações coletadas em balões distintos

foram concentradas mediante evaporação do solvente em temperatura e

pressão ambiente, numa capela. Os balões foram pesados antes e após a

coleta das frações do petróleo, de modo a quantificar a massa de cada fração,

permitindo o cálculo da composição da amostra analisada e a posterior

interpretação das suas proporções com a utilização de diagramas ternários.

Através destes diagramas, foi possível indicar o grau de maturidade térmica

e/ou degradação do óleo (Degani et al, 1988; Peters et al., 2005; Rondón,

2007; Wang et al., 2009). A Figura 4.2 mostra o procedimento resumido da

cromatografia líquida realizada neste trabalho.

Page 57: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

57

% Peso/ Peso

Aromáticos

% Peso /Peso

Compostos NSO

CROMATOGRAFIA LÍQUIDA

COLUNA ABERTA

Adição de

~20mg do

extrato oleoso

Eluição da fração de Hidrocarbonetos

Saturados em 25 ml de n-hexano.

Coleta em balão previamente pesado

% Peso/ Peso

Saturados

Evaporação do solvente das

frações em capela até peso

constante

Diagramas ternários

dos dados da CL

Coluna de vidro preenchida com Sílica

gel ativada (2h a 500 C)

Eluição da fração de Hidrocarbonetos Aromáticos em 30 ml

de uma mistura 4:1 de n-hexano:diclorometano

Coleta em balão previamente pesado

Eluição da fração dos Compostos NSO em 30 ml de uma

mistura 4:1 de diclorometano :metanol

Coleta em balão previamente pesado

4.1.5.2 Cromatografia Gasosa com Detector de Ionização de Chama

(Whole Oil)

A cromatografia gasosa permite a separação e a identificação, em

escala de nano a picogramas (a depender do método e do detector), dos

diversos compostos constituintes de cada fração desta mistura complexa que é

o petróleo, numa determinada amostra. Nesta técnica a fase móvel é um gás e

Figura 4.2 – Fluxograma da cromatografia

líquida realizada.

Foto 4.8 – Análise de amostra com Cromatografia Líquida. Fonte: Oliveira (2011).

Page 58: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

58

a fase estacionária é um sólido empacotado uma coluna capilar flexível muito

longa e fina, composta de sílica fundida (Degani et al., 1988; Triguis et al.,

2010).

O método consiste na injeção da amostra líquida, que é

instantaneamente vaporizada no injetor e introduzida em uma corrente de gás

inerte, normalmente o hélio, que atuará como gás de arraste. Este fluxo de gás

com a amostra vaporizada passa pela coluna ao longo da qual os componentes

da amostra se deslocam a velocidades influenciadas pelo grau de interação de

cada componente com a fase estacionária não volátil, o que promove a

separação da mistura. À medida que as substâncias fluem da coluna, podem

ser quantificadas por um detector que gera um sinal elétrico proporcional à

quantidade de material eluído, que por sua vez é registrado em um

computador. O cromatograma é o registro do sinal gerado pelo detector, em

função do tempo, sendo a análise quantitativa realizada através da área dos

picos que é proporcional à quantidade do composto identificado (Scott & Perry,

1995) (Figura 4.3).

Figura 4.3 - Esquema básico de um cromatógrafo a gás. Adaptado de Linde Group, 2011.

Page 59: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

59

Para a caracterização dos óleos da Bacia do Paraná por cromatografia

gasosa, foi usado CG com DIC empregada na determinação do perfil de n-

parafinas e isoprenóides ou whole-oil.

O CG/DIC produz um sinal elétrico ao detectar os íons gerados na

combustão da amostra por uma chama de hidrogênio. O número de íons

produzidos é relativamente proporcional ao número de átomos de carbono

reduzidos pela chama. O detector de ionização de chamas responde ao

número de átomos de carbono que entra no detector por unidade de tempo,

sendo um detector sensível à massa. Devido a sua seletividade é fundamental

na detecção de compostos orgânicos presentes em concentrações na

magnitude de traços (Lanças, 1993; Skoog et al., 2002). No entanto, trata-se de

um método destrutivo do analito (Skoog et al., 2002).

O perfil do óleo total (whole oil) foi identificado e quantificado em um

cromatógrafo a gás Varian modelo CG-3800, equipado com detector de

ionização em chama (DIC). As condições do sistema estão especificadas na

Figura 4.4.

Figura 4.4– Condições cromatográficas para análises whole-oil.

A quantificação dos compostos em cada amostra foi realizada através da

área dos picos do respectivo padrão externo, seguindo calibração com

compostos autênticos e correspondente padrão que inclui n-alcanos de nC8 –

Page 60: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

60

nC40, possibilitando inclusive a identificação e quantificação dos compostos

pristano e fitano.

Os dados obtidos incluem o fingerprint de cada óleo e as respectivas

concentrações dos n-alcanos e isoprenóides identificados. Estes compostos

foram utilizados em relações paramétricas como as descritas no capítulo II,

buscando estimar, entre outros aspectos, o ambiente deposicional, o imput e

tipo de matéria orgânica, o grau de evolução térmica e de degradação dos

extratos oleosos, bem como estabelecer uma correlação com os dados

apresentados em trabalhos anteriores na bacia do Paraná.

Page 61: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

61

CAPÍTULO V

5.1. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Todos os dados obtidos foram tratados de acordo com os parâmetros

geoquímicos usados freqüentemente na interpretação e correlação do petróleo,

conforme apresentado na tabela 5.1.

Page 62: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

62

Tabela 5.1 – Parâmetro e experimentos usados no estudo geoquímico do petróleo e interpretações associadas.

Page 63: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

63

5.1.1. Extração Soxhlet

5.1.1.1. Resultados

Os resultados da extração da matéria orgânica solúvel em diclorometano

das camadas geradoras da Fm. Irati e das rochas reservatório da Fm.

Pirambóia estão representados em porcentagem na Figura 5.1 e em

mgHC/gRocha na Tabela 5.2. A MOS quantificada para as amostras dos

folhelhos inferior e superior da Fm. Irati apresentaram os menores valores, 1,63

e 2,38%, respectivamente, enquanto o valor da MOS do arenito da Fm.

Pirambóia chegarou a cerca de 9%.

5.1.1.2. Discussão dos resultados

Santos (2009) e Lisboa (2006), observaram que os folhelhos

pirobetuminosos da Fm. Irati e os arenitos da Fm. Pirambóia não apresentam

uma distribuição homogênea no conteúdo de matéria orgânica e, tampouco,

nas concentrações de óleo ao longo de toda sua área de ocorrência.

Comportamento similar foi verificado também no presente estudo cujas

extrações realizadas mostram teores de MOS pouco diferentes dos

encontrados durante a pesqeuisa bibliográfica, para amostras coletadas em

áreas díspares ou até na mesma área de trabalho.

Para os betumes extraídos, tomando como parâmetro a classificação

sugerida por Peters et al. (2005), os valores quantificados da massa do óleo

para as amostras de folhelhos pirobetuminosos (amostras E e F) da Fm. Irati

conferem-lhes a classificação de rochas geradoras muito boas, embora tais

valores sejam relativamente baixos em comparação com o valor quantificado

para a amostra P, rocha reservatório (Fm. Pirambóia), com cerca de 84

mgHC/gRocha de MOS (Figura 5.1).

Page 64: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

64

Figura 5.1 – Percentual de Matéria Orgânica Solúvel em diclorometano para amostras

coletadas nas Formações Irati e Pirambóia, para o presente trabalho.

Partindo da premissa de que os teores máximos de betume extraído são

semelhantes aos valores do pico S1, expresso em mgHC/g Rocha e registrado

pela técnica da pirólise Rock Eval, os valores de S1 para as amostras

analisadas devem ser similares aos representados na Tabela 5.2.

Tabela 5.2 – Valores de Betume extraído das amostras e de trabalhos anteriores

correlacionados com valores de S1*.

AMOSTRA DA

FORMAÇÃO. IRATI TIPO

Teor de Betume

(mgHC/g Rocha)

E Folhelho Imaturo

(presente trabalho) 16,31

F Folhelho Imaturo

(presente trabalho) 23,76

Rondón, 2007 Folhelho Imaturo 18,9

Rondón, 2007 Folhelho Imaturo 4,91*

Silva, 2007 Folhelho Imaturo 1,75-5,73*

Lisboa, 2006 Folhelho Imaturo 0,0 a 14,6*

*Valores de S1 mediante pirólise Rock-Eval

Page 65: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

65

Comparando os teores de betume extraídopara este trabalho com o teor

obitido por Róndon (2007) para as rochas da Fm. Irati (18,9 mgHC/gRocha), os

mesmos mostram-se semelhantes, especialmente em relação ao folhelho da

camada inferior, com teor equivalente a 16,3 mgHC/g Rocha. Cabe salientar

que a quantificação de S1 para esta rocha, obtidas na revisão bibliográfica, é

bastante divergente dos teores de extrato mediante extração por solvente

obtidos nesta pesquisa e em pesquisas anteriores, como apresentado na

Tabela 5.2. Este fato pode ter várias explicações: i) heterogeneidade na

distribuição da matéria orgânica ao longo da unidade estratigráfica; ii) influência

variada das intrusões ígneas para a geração de hidrocarbonetos, de modo que,

em alguns locais, a energia termal proveniente das intrusões ígneas gerou

mais hidrocarbonetos do que em outros; iii) eficiência do processo de expulsão

durante a pirólise Rock Eval, onde pode ter restado hidrocarbonetos retidos nos

poros da rocha; iv) ou ainda a possibilidade de que a quantidade de

hidrocarbonetos livres na rocha geradora (S1) tenha diminuído por um processo

natural de expulsão do óleo.

5.1.2. Cromatografia Líquida

5.1.2. Resultados

A Cromatografia líquida permitiu a determinação do percentual em

massa das frações de hidrocarbonetos saturados, aromáticos e compostos

NSO das amostras analisadas em duplicata (Figura 5.2 e Tabela 5.3). De um

modo geral, os resultados mostram que ocorre o predomínio dos compostos

polares (NSO), com valores na faixa de 46,57% a 73,87%. Seguem-se os

hidrocarbonetos aromáticos, com valores entre 13,51% e 26,47%, e os

hidrocarbonetos saturados, com proporções variando entre 12,61% e 26,96%.

É válido comentar que a percentagem do erro entre os valores das frações,

para cada réplica, foi inferior a 10%, corroborando a reprodutibilidade do

método aplicado.

Page 66: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

66

Figura 5.2 - Diagrama ternário utilizado na avaliação da qualidade dos óleos das amostras

analisadas com base nas proporções de hidrocarbonetos saturados, aromáticos e NSO (Tissot

& Welte, 1984) Os valores das réplicas foram plotados num diagrama em menor escala,

enquanto as médias das réplicas são apresentados no diagrama em destaque.

Page 67: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

67

Tabela 5.3 - Percentagens de hidrocarbonetos saturados, hidrocarbonetos aromáticos e

compostos NSO das amostras, duplicatas e respectivas médias; e também fornecida a razão

de hidrocarbonetos saturados/aromáticos dos extratos das rochas em estudo.

AMOSTRA % SATURADOS %AROMÁTICOS %NSO %SAT / %ARO

P 1

(Fm. Pirambóia) 12,61 13,51 73,87 0,93

P 2

(Fm. Pirambóia) 12,67 14,48 72,85 0,88

MÉDIA DE P

(Fm. Pirambóia) 12,64 14,00 73,36 0,90

E 1

(Fm. Irati) 26,96 26,47 46,57 1,02

E 2

(Fm. Irati) 24,52 25,00 50,48 0,98

MÉDIA DE E

(Fm. Irati) 25,74 25,74 48,52 1,00

F 1

(Fm. Irati) 24,38 22,39 53,23 1,09

F 2

(Fm. Irati) 22,17 20,75 57,08 1,07

MÉDIA DE F

(Fm. Irati) 23,27 21,57 55,15 1,08

5.1.2.2. Discussão dos resultados

Através dos dados da Tabela 5.3, é possível avaliar os extratos de rocha

da Fm. Irati e principalmente da Fm. Pirambóia como óleos pesados, visto que

as amostras apresentam maior abundância de compostos NSO em relação às

demais frações.

Caccamo et al. (2010) afirma que para um dado petróleo, um elevado

teor da fração saturada sugere uma maturidade térmica elevada, ao passo que

a abundância da fração NOS evidencia que o óleo é imaturo ou degradado.

Assim, correlacionando a Figura 5.2 com a Figura 2.1 e com a Tabela 5.3

pode-se avaliar as amostras das formações analisadas como óleos imaturos ou

degradados. Tal conclusão corrobora os dados e interpretações de estudos

Page 68: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

68

anteriores, como os realizados por Cabral (2006), Franco et al.(2003) e Rondón

(2007).

Para Tissot & Welte (1984) também é possível estimar o estágio de

evolução térmica a partir da razão de hidrocarbonetos saturados/aromáticos,

que aumenta com o aumento da maturação. Os valores obtidos para a razão

de hidrocarbonetos saturados em relação aos aromáticos variam entre 0,98 e

1,09 para as amostras da Fm. Irati. A camada superior apresenta valores um

pouco maiores que os da camada inferior, permitindo inferir que os folhelhos

superiores estariam termicamente um pouco mais evoluídos do que os

folhelhos inferiores.

5.1.3. Cromatografia gasosa (whole oil)

5.1.3.1. Resultados

As feições dos perfis cromatográficos podem ser observadas nas

Figuras 5.3, 5.4 e 5.5, representativas do fingerprint de cada óleo. Os valores

das concentrações de cada composto identificado foram gerados a partir da

integração dos seus respectivos picos e plotados na Tabela 5.4, onde podem

ser verificadas as concentrações de cada n-alcano e isoprenóide.

Page 69: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

69

Tabela 5.4 – n-alcanos e isoprenóides identificados no cromatograma whole-oil dos extratos das amostras analisadas.

n-alcano E

Concentração (mg nCx/kg óleo)

F Concentração

(mg nCx/kg óleo)

P Concentração

(mg nCx/kg óleo)

nC8 ND ND ND

nC9 ND ND ND

nC10 ND 0,17 ND

nC11 5,96 5,46 ND

nC12 60,75 41,76 0,21

nC13 129,60 47,41 0,21

nC14 205,16 76,01 0,82

nC15 382,80 151,36 0,31

nC16 300,21 145,52 4,18

nC17 351,39 104,54 0,91

nC18 181,54 104,93 0,86

nC19 115,77 78,56 0,15

nC20 134,76 159,14 4,39

nC21 134,14 126,09 0,15

nC22 108,46 108,11 9,54

nC23 141,88 137,79 30,78

nC24 79,48 111,57 20,13

nC25 104,24 194,75 2,90

nC26 55,95 149,73 2,51

nC27 58,50 157,85 0,16

nC28 3,10 116,21 0,66

nC29 114,78 92,70 73,70

nC30 4,80 7,84 49,03

nC31 66,25 72,58 7,18

nC32 84,45 58,40 8,89

nC33 1,01 212,27 173,76

nC34 0,74 ND 1,80

nC35 0,99 ND 0,77

nC36 41,16 27,82 39,45

nC37 0,50 3,16 0,27

nC38 0,53 3,57 0,48

nC39 0,04 1,33 0,13

nC40 0,04 1,70 1,27

PRISTANO 1216,98 995,39 0,19

FITANO 1006,07 1359,07 3,81

Legenda: ND: Não detectado

Page 70: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

70

10 15 20 25 30

Minutes

-38

0

100

200

300

mVolts

n-C

11

n-C

12

n-C

13

n-C

14

n-C

15

n-C

16

n-C

17

PR

IST

AN

O

n-C

18

FIT

AN

O

n-C

19

n-C

20

n-C

21

n-C

22 n

-C2

3

n-C

24

n-C

25

n-C

26

n-C

27

n-C

28

n-C

29

n-C

30 n

-C3

1

n-C

32

n-C

33

n-C

34

n-C

35 n

-C3

6

n-C

37

n-C

38

n-C

40

c:\v arianws\data\resultados f id\cy r\mos-f 1 6-10-2011.run

X:

Y:

10.0215 Minutes

21.2 mVolts

Amostra E – Fm. Irati, camada inferior do Membro Assistência

Figura 5.3 – Cromatograma de óleo total da amostra E (camada inferior do Membro Assistência, Fm. Irati). Características do Fingerprint: n-alcanos de nC12

a nC32 e nC36 estão relativamente preservados, em conjunto com o Pr e o Fit; predomínio de n-alcanos ímpares sobre pares; elevação da linha de base.

Page 71: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

71

5 10 15 20 25 30

Minutes

-37

0

100

200

300

mVolts

n-C

10

n-C

11

n-C

12

n-C

13

n-C

14

n-C

15

n-C

16

n-C

17

PR

IST

AN

O

n-C

18

FIT

AN

O

n-C

19

n-C

20

n-C

21

n-C

22

n-C

23

n-C

24

n-C

25

n-C

26

n-C

27

n-C

28 n

-C2

9

n-C

30 n

-C3

1

n-C

32

n-C

33

n-C

36

n-C

37

n-C

38

n-C

39

n-C

40

c:\v arianws\data\resultados f id\cy r\mos-f 2 6-10-2011.run

X:

Y:

4.4708 Minutes

0.849 mVolts

Amostra F – Fm. Irati, camada superior do Membro Assistência

Figura 5.4 – Cromatograma de óleo total da amostra F (camada superior do Membro Assistência, Fm. Irati). Características do Fingerprint: n-alcanos de nC12

a nC33 e nC36 estão relativamente preservados em conjunto com o Pr e o Fit; predomínio de n-alcanos ímpares sobre pares; elevação da linha de base.

Page 72: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

72

10 15 20 25 30 35

Minutes

-38

0

100

200

300

mVolts

n-C

12

n-C

13

n-C

14

n-C

15

n-C

16

n-C

17

PR

IST

AN

O

n-C

18

FIT

AN

O

n-C

19

n-C

20

n-C

21

n-C

22

n-C

23

n-C

24

n-C

25

n-C

26

n-C

27

n-C

28

n-C

29

n-C

30

n-C

31

n-C

32 n-C

33

n-C

34

n-C

35

n-C

36

n-C

37

n-C

38

n-C

39

n-C

40

c:\v arianws\data\resultados f id\cy r\mos-p 6-10-2011.run

X:

Y:

5.7834 Minutes

0.449 mVolts

Amostra P – Fm. Pirambóia

Figura 5.5 – Cromatograma de óleo total da amostra P (Fm. Pirambóia). Características do Fingerprint: n-alcanos e isoprenóides em baixas concentrações,

quase ausentes. Alta elevação da linha de base, indicando degradação elevada.

Page 73: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

5.1.3.2 Discussão dos resultados

Para as amostras analisadas fez-se as seguintes considerações

fundamentadas nas feições dos fingerprints e nas relações paramétricas calculadas

na Tabela 5.5:

Tabela 5.5 – Relações Paramétricas baseadas nos Fingerprints dos óleos extraídos das amostras do

presente estudo

AMOSTRA Picos

predominantes Pr/Fit Pr/nC17 Fit/nC18 IPC PPI

Somatório nC12-nC17

Somatório nC25-nC33

P nC26-nC36 0,05 0,21 4,43 5,68 6,12 6,63 318,79

E Pr e Fit 1,21 3,46 5,54 3,07 2,41 1429,91 493,08

F Pr e Fit 0,73 9,52 12,95 3,02 1,16 566,59 1062,33

Na amostra E, equivalente à camada inferior do Membro Assistência, os n-

alcanos de nC12 a nC32 e nC36 estão relativamente preservados, em conjunto

com os isoprenóides pristano (Pr) e fitano (Fit). A amostra F, equivalente à

camada superior do Membro Assistência, possui assinatura comparável,

observando-se que os n-alcanos de nC12 a nC33 e nC36 encontram-se

conservados, assim como o Pr e o Fit. É evidente, no entanto, o alto grau de

degradação da amostra P, equivalente à Fm. Pirambóia, com baixos teores

de n-parafinas e isoprenóides praticamente ausentes, quando comparada ao

betume dos folhelhos;

O enriquecimento dos n-alcanos de baixo peso molecular sugere uma fonte

de matéria orgânica do tipo algal ou bacterial (marinha) para a amostra E, ao

passo que para as amostras F e P a relação inversa indica fonte de matéria

orgânica terrestre. Contudo, a abundância relativa de ambas as faixas de

pesos moleculares de n-alcanos (baixos e altos pesos moleculares) em todos

os perfis cromatográficos confere uma característica transicional para a

matéria orgânica presente nessas rochas. Cabe salientar que o estágio de

degradação dos óleos interfere consideravelmente na distribuição e

concentração dos n-alcanos, onde os mais leves são facilmente degradados,

Page 74: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

74

acarretando resultados falseados, como no caso especial do óleo da Fm.

Pirambóia;

A maior abundância de fitano sobre pristano constitui uma assinatura

característica de ambiente deposicional com condições redutoras para a

amostra F, assim como para a amostra P, embora nesta última seja mais

sutil. Já a amostra E revelou uma relação de pristano/fitano > 1, típica de

ambiente deposicional óxico durante a transformação da matéria orgânica em

hidrocarbonetos (Tabela 5.5);

Em termos de maturação, a predominância dos isoprenóides Pr e Fit sobre

os n-alcanos nC17 e nC18, respectivamente, indica o caráter imaturo dos

folhelhos da Fm. Irati corroborando os resultados do IPC e do PPI, superiores

a uma unidade. Quanto à amostra P, os elevados IPC e PPI também

sugerem baixa evolução do extrato oleoso destes arenitos, para o qual, estes

parâmetros não estariam sendo afetados pelo elevado nível de degradação

do óleo. Por outro lado, os índices de maturação Pr/nC17 e Fit/nC18 desta

amostra (P) não podem ser utilizados como parâmetros de maturidade visto

que estão contraditórios um em relação ao outro, possivelmente devido à

atuação dos agentes degradadores;

A elevação da linha de base do cromatograma (Hump), representando uma

mistura complexa de compostos não resolvida pela coluna cromatográfica

(Unresolved Complex Mixture), é indício de um nível moderado de

degradação dos betumes extraídos das amostras E e F. Esta última

apresenta-se sutilmente mais degradada, quando comparada com a primeira,

o que pode ser observado também através das concentrações dos n-alcanos

de ambos os óleos. O elevado estágio de degradação do extrato da amostra

P também é revelado pela considerável elevação da linha de base, tendo por

base a na escala de degradação proposta por Peters et al. (2005).

Ainda observando os fingerprints das amostras E e F, outra consideração

relevante pode ser constatada: estes apresentam feições análogas, diferenciando-se

Page 75: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

75

apenas na abundância de alguns compostos, como o Pr e o Fit e a razão de alguns

n-alcanos com baixo e alto pesos moleculares, o que reforça a teoria de que um

mesmo tipo de matéria orgânica caracterize camadas de folhelhos pirobetuminosos

da Fm. Irati. Além disso, Triguis et al. (2010), em sua classificação de rochas

geradoras quanto ao ambiente deposicional e ao input de matéria orgânica,

caracterizou a preponderância relativa dos isoprenóides pristano e fitano em relação

aos n-alcanos, bem como a relação Pr/Fit<1 como sendo algumas das

características de rochas depositadas em ambiente marinho evaporítico. O

fingerprint de um óleo típico deste paleoambiente pode ser observado na Figura 5.6.

Nota-se a grande semelhança entre as feições dos fingerprints que caracteriza os

extratos oleosos das geradoras deste estudo e aquelas apresentada na Figura 5.6,

evidenciando, em conjunto com as características citadas, um ambiente deposicional

evaporítico, para os folhelhos investigados como proposto anteriormente por Amaral

(1967).

Fit

Pr

nC17

nC18

Figura 5.6 - Fingerprint de um óleo associado a paleoambiente marinho evaporítico, com Pr e Fit

maiores que os n-alcanos, Pr/Fit <1 e presença dos isoprenóides iC25 e i-C30 (Triguis et al., 2010).

Page 76: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

76

5.2. COMPARAÇÃO COM TRABALHO REALIZADO POR RÓNDON (2007)

MEDIANTE HIDROPIRÓLISE

Como os óleos analisados encontram-se degradados, há a possibilidade de

que algumas relações paramétricas tenham sido afetadas por este fator. Peters et al.

(2005) e Róndon (2007) trabalharam com uma técnica que, dentre suas muitas

aplicações, pode ser usada para a recuperação de informações geoquímicas de

óleos degradados. Esta técnica é conhecida como hidropirólise, descrita

sucintamente a seguir.

5.2.1. Hidropirólise

A hidropirólise foi desenvolvida por Lewan et al, em 1977, onde o resultado foi

publicado apenas em 1979, com o intuito de aprimorar a técnica de pirólise e,

principalmente, de reproduzir, em laboratório, o processo de formação natural de

petróleo a partir de amostras de rochas geradoras imaturas (Lewan et al.1979;

Lewan, 2011). Através da análise do óleo expelido durante a hidropirólise, Lewan et

al. (1979) comprovou que este possui características químicas, isotópicas e físicas

semelhantes às do óleo cru natural (Lewan,1992; Lewan et al.,1995). Trata-se de

uma técnica que permite o craqueamento térmico de matéria orgânica complexa em

compostos orgânicos mais simples, num ambiente fechado, controlado por altas

temperaturas, pressões e tempo de interação entre a amostra e água em fase

líquida (Lewan et al.1995; Lewan, 2011).

Embora inicialmente empregada na maturação de rocha geradora imatura,

outras matrizes analíticas têm sido estudadas por esta metodologia, como, por

exemplo, querogênio, asfaltenos, betume e óleos naturais degradados dentre outros

(Amrani et al., 2005; Behar et al , 2010; Pan et al., 2010; Peters et al., 1990).

Desde sua criação, a aplicação desta técnica hidrotérmica na indústria do

petróleo vem sendo ampliada. Dentre suas aplicações destacam-se: i) a avaliação

do potencial gerador de uma rocha geradora; ii) correlação de óleo-rocha geradora;

iii) correlação óleo-óleo; iv) estudo dos mecanismos e rotas de migração primária e

secundária; v) estágios e cinética de geração de petróleo e; vi) características

inerentes ao grau de maturação térmica da rocha geradora, compreensão do

Page 77: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

77

processo de geração e expulsão do óleo e recuperação de óleos pesados (Franco

et. al, 2010; Lewan, 1992; Lewan et. al, 1979).

O papel da água no experimento hidropirolítico tem sido bastante

investigado, com diversos trabalhos experimentais dedicados ao estudo de sua

interação nos processos de geração de óleo e/ou gás (Behar et al, 2003; Larsen &

Hun, 2006; Lewan, 1992; Lewan, 2011; Michels et al., 1992; Pan et al, 2008, 2009 e

2010). A presença de água em estado líquido é um fator preponderante, não apenas

pelo fato desta estar presente nas fissuras e poros das rochas sedimentares,

durante o processo formador de petróleo, mas também por ser uma importante fonte

de hidrogênio (Lewan, 1992; Michels et al., 1995; Siskin & Katritzky, 1991), ainda

que a transferência de hidrogênio entre a água e compostos orgânicos implique na

presença de compostos "intermediários", especialmente catalisadores como ácidos

orgânicos e ácidos minerais (Michels et al., 1995). Além disso, a água atua como um

meio separador entre o betume e o óleo imiscível gerado, facilitando o processo de

migração e expulsão do óleo (Lewan, 1992; Pan et al., 2008; Schimmelmann et al.,

2003). Através da análise da figura 5.7, pode-se observar que, mesmo a pressões e

temperaturas elevadas, é possível manter a fase líquida da água e como seu

comportamento físico é modificado com adição de cloreto de sódio (NaCl) ou de

CO2.

Figura 5.7 - Diagrama de Pressão-Temperatura mostrando as fases líquida, vapor e fluido

supercrítico da água (Róndon, 2007).

Page 78: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

78

Lewan (1979 e 1997) a fim de compreender as possíveis interações da

quantidade de água necessária e os rendimentos e características geoquímicas dos

produtos da hidropirólise, realizaram experimentos que possibilitaram chegar às

seguintes conclusões: (1) o acréscimo na temperatura e/ou tempo acarretam no

aumento da maturação (Lewan, 1979); (2) a proporção matriz/água apresenta

comportamento semelhante ao da granulometria, ou seja, sem interferência no

rendimento do óleo expulso na hidropirólise; embora indique que o acréscimo

elevado na proporção matriz/água possa aumentar a solubilidade dos gases gerados

em água (Lewan, 1997).

Na análise de biomarcadores, esta técnica elimina possíveis contaminações

provenientes de mistura de óleos, processos degradativos (biodegradação, lavagem

por água) e maturação secundária (Lewan et al. 1995; Peters et al., 1990).

Koopmans et al. (1995, 1998), por sua vez, utilizaram a hidropirólise para

compreender as reações cinéticas de transformação de biomarcadores do betume,

do óleo expulso com o incremento da maturação e possíveis interferências. Em

termos de variação composicional, Peters et al. (1990) concluiram que a atuação da

migração primária nestas variações é similar ao comportamento atribuído à migração

primária na natureza, com permanência dos compostos mais pesados na rocha.

Por fim, empregada na geração de hidrocarbonetos a partir de óleos

degradados e de asfaltenos, estudiosos obtiveram boa correlação entre os produtos

obtidos através de experimentos de hidropirólise e o óleo obtido do craqueamento

natural da rocha fonte (Jones et al., 1988; Lewan, 1992), comprovando que a

hidropirólise é uma ferramenta crucial na determinação da origem de amostras muito

degradadas (Róndon, 2007).

5.2.1.1 A hidropirólise e os óleos pesados

No que se refere aos óleos pesados e ultrapesados, apesar de menos

rentáveis do que os óleos menos densos, estes somam, junto com o betume,

aproximadamente 75% das reservas petrolíferas mundiais (Figura 5.8). As Américas

do Sul e Central e o Caribe detêm cerca de 61% das reservas de óleos pesados,

conforme representado na Figura 5.9. Sua ocorrência vem crescendo

consideravelmente, a tal ponto que previsões econômicas apontam que no ano de

Page 79: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

79

2025, o óleo pesado seja a principal fonte de energia fóssil do mundo (Alboudwarej

et al., 2007; Gonçalves & Silva, 2007; Moritis, 1995; Taylor et al., 2007).

Os óleos pesados são oriundos principalmente da degradação por bactérias

e/ou intemperismo dos óleos crus que migraram de formações sedimentares mais

profundas para regiões mais rasas. O escape dos hidrocarbonetos leves, a lavagem

por água, o fracionamento físico de fases, assim como a produção de petróleo em

reservas convencionais (tendem a conservar os hidrocarbonetos mais pesados nos

campos ditos maduros), também são causas da formação desse tipo de óleo (Taylor

et al., 2007). Estas alterações que ocorrem nos óleos crus, além de influenciar no

seu valor econômico, geralmente mascaram os estudos de correlação óleo-óleo e

óleo-rocha geradora, acarretando, por vezes, modificações nos parâmetros

moleculares que dificultam a identificação de fonte e maturidade em óleos

degradados (Azevedo et al., 2009).

Figura 5.8 - Estimativas dos recursos petrolíferos mundiais. Adaptado de Schlumberger (2006).

Figura 5.9 - Distribuição das reservas de óleo pesado por continente. Adaptado de Schlumberger,

(2006).

Page 80: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

80

tendo por base esta premissa, o presente item se propõe a discutir os novos

rumos que a geoquímica vem tomando no setor petrolífero, no que se refere à na

correlação óleo – rocha e em busca da recuperação mediante hidropirólise de

importantes informações geoquímicas de óleos degradados/pesados, perdidas no

decorrer do tempo devido aos processos degradadores. O enfoque no estudo são as

camadas inferior e superior de folhelhos do Membro Assistência. Os resultados da

correlação dos dados obtidos com esta metodologia permitiram um melhor

entendimento dos fatores e mecanismos que controlaram os processos de

maturação, migração e degradação de hidrocarbonetos.

5.2.2 Comparação dos resultados deste estudo e os de Róndon (2007)

Róndon (2007) analisou amostras imaturas de folhelhos da Fm. Irati, bem

como amostras de carvão e folhelho da Bacia de Puertollano (Espanha), através da

metodologia tradicional, e tendo comporado os resultados com aqueles provenientes

do óleo expulso e betume das amostras de rochas hidropirolisadas à temperatura e

pressão constantes de 355°C e 1000psi, respectivamente, e tempos entre 2 e 72hs,

caracterizando os produtos da hidropirólise.

Róndon (2007) observou um aumento da maturação da matéria orgânica com

o acréscimo do tempo nos experimentos. Isso foi verificado nos dados de COT,

pirólise Rock-Eval, Cromatografia Líquida e Gasosa.

A cromatografia líquida dos produtos da hidropirólise revelou uma variação da

composição química dos betumes e dos óleos expulsos nos diferentes tempos dos

experimentos, sendo observado inicialmente um enriquecimento das frações de

hidrocarbonetos saturados em detrimento dos compostos NSO, conseqüente do

craqueamento térmico dos compostos de mais elevado peso molecular. Porém, nos

experimentos mais duradouros, a fração de hidrocarbonetos saturados do betume

reduziu-se, devido à sua migração para o exterior da rocha hidropirolisada,

passando a compor o óleo expulso.

Na cromatografia gasosa, variações na distribuição dos n-alcanos e

isoprenóides e a disseminação do "hump" foram observadas nos cromatogramas

dos betumes gerados durante os experimentos de hidropirólise. Na figura 5.10, pode

ser verificada a gradação das feições de uma amostra imatura, como, por exemplo,

Page 81: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

81

baixa abundância de n-alcanos e maior predomínio dos isoprenóides Pr e Fit para

um extrato oleoso maturo caracterizado pela ascensão dos n-alcanos e redução dos

isoprenóides.

Figura 5.10 – Cromatogramas da Fração de saturados após hidropirólise. Fonte Róndon, 2007.

Page 82: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

82

Com o aumento do tempo nos experimentos hidropiróliticos o índice

preferencial de carbono (IPC) mostrou uma diminuição, o que sugere o

craqueamento térmico dos compostos mais pesados para os mais leves

favorecendo sua abundância molecular e indicando o incremento do nível de

maturidade. No entanto, os valores obtidos ainda são superiores a uma unidade, em

conformidade com o resultado apresentado nesta pesquisa (tabela 5.6).

Tabela 5.6 – Comparação dos razões paramétricas adquiridas por Róndon (2007) com as produzidas

nesta pesquisa

AMOSTRA Pr/nC17 Fit/nC18 IPC

E 3,46 5,54 3,07

F 9,52 12,95 3,02

Amostra origina*l

2,71 3,72 1,42

0h* 3,03 4,26 1,31

2h 15 min* 3,36 3,5 1,31

4h 30min* 3,33 3,14 1,31

6h 30min* 3,11 2,87 1,25

9h* 2,82 2,55 1,3

18h* 1,53 1,21 1,07

36h* 1,84 1,37 1,22

72h* 1,43 1,06 1,17

Legenda: *Amostras de Rondón(2007)

As razões Pr/nC17 e Fit/nC18 mostraram, de um modo geral, tendência à

diminuição com o aumento do tempo de reação da hidropirólise, confirmando

portanto, o aumento do estágio de maturação da matéria orgânica. Ao observar a

Tabela 5.6, pode-se notar que os valores destas razões paramétricas, para o

betume extraído da amostra original e após o tempo de reação de 0h, são similares

aos resultados da amostra E, evidenciando um nível mais imaturo dos extratos

iniciais.

Por outro lado, Róndon (2007) menciona que a razão entre os isoprenóides

pristano e fitano (Pr/Fit) teve relativa ascensão desde a amostragem original até o

Page 83: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

83

experimento hidropirolítico realizado por 6h e 30 min, tendendo a diminuir para os

demais tempos. Correlacionando as razões obtidas por Róndon (2007),

representadas na figura 5.11, verificamos que estas mantiveram-se superiores a um,

fato típico de condições de paleoambiente óxico, convergindo com as condições

óxicas do ambiente deposicional da amostra E.

Figura 5.11 – Tendência da razão Pr/Fit com o aumento do tempo dos experimentos de hidropirólise.

Os pontos de inflexão sugerem o craqueamento do pristano sobre fitano, durante o aumento da

maturação (Róndon, 2007)

5.3. CONCLUSÃO E SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS

Os ensaios laboratoriais e correlações realizadas deixam clara a importância

da geoquímica orgânica do petróleo para o sucesso na exploraçãol deste recurso

energético, uma vez que contribui para o conhecimento de informações relevantes

como potencial petrolífero da reserva, tipo de petróleo, dentre outras.

De acordo com os dados obtidos, pode-se observar que, de um modo geral,

os folhelhos pirobetuminosos da Fm. Irati apresentam mesmo um imput de matéria

orgânica. A posição estratigráfica dos folhelhos pode justificar a maior degradação

do betume relacionado à camada superior, quando comparado ao da camada

inferior, devido à maior proximidade da superfície, que o torna mais sujeito a ação

dos agentes intempéricos e degradadores. Já a menor quantidade de MOS do

Page 84: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

84

folhelho inferior (Tabela 5.2), em relação ao folhelho superior, pode ser explicada

pela condição ambiental desfavorável a preservação da matéria orgânica

depositada, visto que o contexto oxidante do ambiente deposicional auxilia na

degradação da matéria orgânica. Os parâmetros avaliados também permitiram

estimar o caráter transicional da matéria orgânica depositada, inferir um

paleoambiente deposicional evaporítico e caracterizar o estágio imaturo destas

camadas pirobetuminosas.

Diante do elevado grau de degradação do óleo da Fm. Pirambóia, não foi

possível estabelecer conclusões significativas sobre o paleoambiente da rocha

geradora do óleo acumulado em arenitos desta formação, assim como uma

correlação genética entre o mesmo e os extartos de folhelhos do Membro

Assistência da Fm. Irati, através de similaridades de feições do fingerprint de ambos

os óleos. No entanto, estudos anteriores, como o desenvolvido por Cabral (2006),

constataram a semelhança entre os cromatogramas de massas obtidos nas análises

por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas entre o óleo

encontrado na Formação Pirambóia e os extratos da Formação Irati.

A princípio, recomenda-se que futuras pesquisas sobre o sistema petrolífero

em questão envolvam análises com CG-EM e estudos que visem a identificação de

biomarcadores saturados e aromáticos, a exemplo dos esteranos, hopanos e

terpanos, bem como seus precursores, possibilitando correlacionar os óleos das

camadas pirobetuminosas com o óleo do reservatório.

Considerando que este trabalho foi realizado com amostras coletadas em

afloramentos, não sendo possível uma amostragem sistemática em perfil, a

diferentes profundidades, para uma melhor avaliação da interferência das condições

geológicas do ambiente e das intrusões ígneas na geração dos hidrocarbonetos,

recomenda-se também que trabalhos futuros comparem os resultados aqui obtidos

com análises efetuadas em amostras de poço.

Dada a relevância da técnica de hidropirólise para a geoquímica do petróleo,

recomenda-se ainda que sejam desenvolvidos estudos petrográficos (qualidade da

matéria orgânica, reflectância da vitrinita e índice de coloração de esporos) e

geocomposicionais nas amostras hidropirolisadas de afloramentos, em especial nas

amostras dos óleos extraídos dos arenitos asfaltênicos da Fm. Pirambóia. Através

destes estudos adicionais seria possível tentar recuperar informações

Page 85: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

85

geocomposicionais perdidas no processo degradacional, no decorrer do tempo, e

correlacionar geneticamente os produtos destes experimentos com os da Fm. Irati,

para a obtenção de melhores resultados e complementação dos estudos já

realizados.

Page 86: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

86

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, S.F. 1946. O Irati e suas relações com o problema do petróleo.

Mineração e Metalurgica, Rio de Janeiro 10 (60), p. 267-279.

ALBOUDWAREJ, H.; FELIX, J.; TAYLOR, S. 2006. “Highlighting Heavy Oil”,

Oilfield Review. 34-53 p. Disponível em: < http://www.slb.com>. Acesso em 21 jun. de 2011 às 14h32 min.

AMARAL, S. E. 1967. Contribuição ao conhecimento geológico, petrográfico e sedimentológico da Formação Irati, no Estado de São Paulo. Tese (Livre

Docência) - Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo 136p.

AMRANI, A; LEWAN, M.D.; AIZENSHTAT, Z. 2005. Stable sulfur isotope partitioning during simulated petroleum formation as determined by hydrous pyrolysis of Ghareb Limestone, Israel. Geochimica et Cosmochimica Acta, Vol.

69, n. 22, p. 5317–5331.

ANP (2011). Carta estratigráfica da Bacia do Paraná. Disponível em: <

http://www.anp.gov.br/brasil-rounds/round2/Pdocs/Pbacias/Pbacia1/PB1strat.htm.>.Acesso em 28 de setembro de 2011, às 15hs37min.

ARAÚJO, C. C.; YAMAMOTO, J. K.; ROSTIROLLA, S. P. 2004. Distribuição espacial e caracterização geológica dos arenitos asfálticos da borda leste da Bacia do Paraná no Estado de São Paulo. Revista Brasileira de Geociências,

Brasília, v. 34, n. 2, p. 187-200.

AZEVEDO, D.; FREITAS, T. e BASTOS, D. 2009. Avaliação geoquímica de biomarcadores ocluídos em estruturas asfaltênicas. Química Nova, v. 32, n. 7, p.1770-1776.

BEHAR, F.; LEWAN, M.D.; LORANTA, F. e VANDENBROUCKEA, M. 2003. Comparison of artificial maturation of lignite in hydrous and nonhydrous conditions. Organic Geochemistry , n. 34, p.575–600.

BEHAR, F.; ROY, S. & JARVIE, D 2010. Artificial maturation of a Type I kerogen in closed system: Mass balance and kinetic modeling. Organic Geochemistry, n. 41, p.1235–1247.

CABRAL, C.V. 2006. Análise de biomarcadores nos arenitos asfálticos da borda leste da Bacia do Paraná. Dissertação de M.Sc. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, COPPE. Rio de Janeiro, Brasil, 211f.

CACCAMO, J. ; VILLALBA, M.G. e REATEGUI, K. 2010. Efecto del tiempo y la temperatura de maduración artificial de turbas sobre la composición y

Page 87: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

87

distribución de biomarcadores. IX Congreso Geológico Venezolano. Disponível

em: http://www.coordinv.ciens.ucv.ve/investigacion/genci/sitios/10/archivos/Q7A-208.pdf. cesso em 2 abr. de 2011, s 08h37min.

CAETANO-CHANG, M. R.; WU, F. T. 2003. Diagênese de arenitos da Formação Pirambóia no Centro-Leste Paulista. São Paulo, UNESP, Rev. de Geociências, v.

22, n. especial. p. 33-39.

CHAHUD, A. & PETRI, S. 2009. Novos Xenacanthidae (Chondrichthyes, Elasmobranchii) da base do Membro Taquaral, Formação Irati, Permiano da Bacia do Paraná. Revista do Instituto Geológico, v. 30, p. 19-24.

COSTA NETO,C 1980. Xistos oleígenos: matéria prima que o Brasil tem. Química Nova, Rio de Janeiro, p. 64-103.

DEGANI, A. L.; CASS Q. B.; VIEIRA, P. C. 1988. Cromatografia: Um Breve Ensaio. SP, Química Nova na Escola, n. 17.

DURAND, B. 2003. The History of Organic Geochemistry. Oil & Gas. Science and Technology-Rev. IFP, v. 58, n. 2, p.203-231.

FRANCO, N.; KALKREUTH, W. ; PENTEADO, H. 2003. Diferenças geoquímicas entre óleos retidos e expulsos baseadas em experimentos de hidropirólise:um exemplo com o folhelho betuminoso da Formação Irati. 2°Congresso Brasileiro De P&D Em Petróleo & Gás. Rio de Janeiro, de 15 a 18 de junho de 2003.

FRANCO, N.; KALLREUTH, W.; PERALBA, P. M. 2010. Geochemical characterization of solid residues, bitumen and expelled oil based on steam pyrolysis experiments from Irati oil shale, Brazil: A preliminary study. Fuel, v. 89, p. 1863–1871.

GONÇALVES, F.T.T.; ARAÚJO, C.V.; PENTEADO, H.L.B.; FROTA, E.S.T; HANSI JR., G.P.; SOLDAN, A.L. 1997. Séries Naturais: aplicação no estudo da geração e expulsão do petróleo e no mapeamento de oil-kitchens. Boletim de Geociências da Petrobrás, v. 11, n. 1-2, p. 116-13.

GONÇALVEZ, M.L.A., SILVA, C.D. 2007. Petróleo pesado e ultrapesado: reservas e produção mundial. TN Petróleo, v. 57, p. 76-81.

HUGUENIN, A.P.C. 2008. Caracterização sedimentológica de folhelhos do Devoniano da Bacia do Paraná (Formação Ponta Grossa) e da sua efetividade em sistemas petrolíferos. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Geologia) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Geociências, Departamento de Geologia. Rio de Janeiro, Brasil.

JONES DM, DOUGLAS AG, CONNAN J. 1988. Hydrouspyrolysis of asphaltenes and polar fractions of biodegraded oils. Organic Geochemistry. v. 13, p. 981-993.

KOOPMANS, M.P.;DAMSTÉ, J.S.S.; LEWAN M.D.; LEEUW, J.W. D. 1995 Thermal stability of thiophene biomarkers as studied by hydrous pyrolysis. Ors. Geochem. Vol. 23, n. 6, p. 583-596.

Page 88: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

88

KOOPMANS, M.P., CARSON, F.C., SINNINGHE DAMSTE´, J.S., LEWAN, M.D. 1998. Biomarker generation from Type II-S kerogens in claystone and limestone during hydrous and anhydrous pyrolysis. Organic Geochemistry n. 29,

p.1395–1402.

LANÇAS, F.M. 1993. Cromatografia em Fase Gasosa. Suprema Gráfica e Editora,

254 p.

LARSEN, J.W. & HUN, J. 2006. Kerogen Chemistry. 8. Hydrous Pyrolysis of Rundle Kerogen: Source of the Oxygen in CO2 and Mineral Catalysis. Energy & Fuels, v. 20, p. 278-280.

LEWAN, M. D., WINTERS, J. C., AND MCDONALD, J. H., 1979, Generation of oil-like pyrolyzates from organic-rich shales. Science, p. 203:897.

LEWAN, M. D. 1992. Water as a source of hydrogen and oxygen in petroleum formation by hydrous pyrolysis. Disponível em:

<http://www.anl.gov/PCS/acsfuel/preprint%20archive/Files/37_4_WASHINGTON%20DC_08-92_1643.pdf >. Acesso 13 de Maio de 2011, às 17h56min.

LEWAN, M.D., COMER, J.B., HAMILTON-SMITH, T., HAUSENMULLER, N.R., GUTHRIE, J.M., HATCH, J.R., GAUTIER, D.L., AND FRANKIE, W.T. 1995. Feasibility study on material-balance assessment of petroleum from the New Albany Shale in the Illinois Basin. U.S. Geological Survey Bulletin 2137, 31p.

LEWAN, M.D., 1997. Experiments on the role of water in petroleum formation. Geochim. Cosmochim. Acta, v.61, p. 3691–3723.

LEWAN, M.D. 2011.Nomenclature for Pyrolysis Experiments Involving H20. Disponível em: http://www.anl.gov/PCS?acsfuel?preprint%20archive/Files/Volumes/Vol37-4.pdf. Acesso em 25de set. de 2011, às 17h42min.

LINDE GROUP (2011). Esquema básico de um cromatógrafo a gás. Disponível em: < http://hiq.linde-gas.com.br/international/web/lg/br/like35lgspgbr.nsf/docbyalias/anal_gaschrom>. Acesso em 30 de agosto, às 15hs:23min.

LISBOA, A.C. 2006. Caracterização geoquímica orgânica dos folhelhos Neo-Permianos da Formação Irati – borda leste da Bacia do Paraná, São Paulo.

Dissertação de M.Sc. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE. Rio de Janeiro, Brasil, 171p.

LOPES, J.P; RANGEL, M.D.;MORAIS, E.T ; AGUIAR, H. G.M. 2008. Geoquímica de reservatórios. Revista Brasileira de Geociências, v. 38, p.03-18.Disponível em:

<http://www.sbgeo.org.br/pub_sbg/rbg/vol38_down/3801suplemento/8773.pdf>. Acesso em 02 de agosto de 2011, às 22hs18min.

MAGOON, L.B. & DOW, W.G. 1994. “The petroleum system-from source to Trap”. AAPG Memoir, n. 60, p.3-23.

Page 89: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

89

MASSOLI, M. & CAETANO-CHANG, M. R. 2007. O Contato entre as Formações Pirambóia e Botucatu na área de Ribeirão Preto (SP). São Paulo, UNESP, Rev. de Geociências, v.26, n. 3, p 263-270.

MAYA, C.A.C. 2010. Marcadores biológicos, extracción y usos. Disponível em: < http://www.eafit.edu.co/revistas/ingenieria-ciencia/Paginas/Revista1.aspx>. cesso em 2 avr.2010, às 19h08min.

MENDES, J. C. 1984. Sobre os paleoambientes deposicionais do Grupo Passa Dois. Rev. Inst. Geol. v. 5, n.1/2, p.15-24.

MICHELS, R.; LANDAIS, P.; ELIE, M; GERARD, L.; MANSUY, L. 1992. Evaluation of factors influencing the thermal maturation of organic matter during confined pyrolysis experiments. ACS preprints, v. 37, n. 4, p. 1588-1594.

MICHELS, R.; LANDAIS, P.; TORKELSON, B. E.; PHILP, R. P. 1995. Effects of effluents and water pressure on oil generation during confined pyrolysis and high-pressure hydrous pyrolysis. Geochimica et Cosmochimica Acta, v. 59, Issue 8, p.1589-1604.

MILANI, E. J. ; RAMOS, V.A. 1998. Orogenias Paleozóicas no Domínio Sul-Ocidental do Gondwana e os Ciclos de Subsidência da Bacia do Paraná. Rev.

Bras. Geoc. , v.28, n. 4, p.473-484.

MILANI, E. J. ; BRANDÃO, J. A. S. L.; ZALÁN, P. V.; GAMBOA, L. A. P. 2001. Petróleo na margem continental brasileira: geologia, exploração, resultados e perspectivas. Rev. Bras. Geof. , v.18, n. 3, p.352-396.

MILANI, E. J. 2004. Comentários sobre a origem e a evolução tectônica da Bacia do Paraná. In: MANTESSO-NETO, V.; BARTORELLI, A.; CARNEIRO, C. D. R.; BRITONEVES,B. B. Geologia do Continente Sul-Americano: evolução da obra de Fernando Flávio Marques de Almeida. São Paulo: Beca Produções

Culturais, p. 265-279.

MILANI, E.J; FRANÇA, A.B.; MEDEIROS, R.A. 2006. Rochas geradoras e rochas-reservatório da Bacia do Paraná, faixa oriental de afloramentos, Estado do Paraná. In: Boletim de Geociências - Roteiros Geológicos. Petrobras, v. 15, n. 1, p.

135-162, nov. 2006/maio 2007. Rio de Janeiro.

MILANI, E.J.; DE MELO, J.H.G.; DE SOUZA, P.A.; FERNANDES, L.A.; FRANÇA, A.B. 2007. Bacia do Paraná. Boletim de Geociências da PETROBRAS, v. 15, n. 2, p. 265-287.

MOHRIAK W. U. 2004 Comentários sobre a origem e a evolução tectônica da Bacia do Paraná. In:MANTESSO-NETO, V .; BARTORELLI, A .; CARNEIRO, C .

D. R.; BRITO-NEVES, B . B. Geologia do Continente Sul-Americano: Evolução da obra de Fernando Flávio Marques de Almeida. BECA, Rio de Janeiro, 647p. Cap. III, p.87-165.

MORITIS, G. 1995. Heavy oil expansions gather momentum worldwide. Oil and Gas. Journal. USA: v. 93, p.31-38.

Page 90: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

90

OLIVEIRA, O.M.C 2010. Fotos de afloramentos da Bacia do Paraná. 5 fotografias,

color em acervo digital pessoal.

OLIVEIRA, M.R. 2011. Fotos dos procedimentos experimentais realizados neste estudo. 5 fotografias, color em acervo digital pessoal.

PAN, C.; GENG, A.; ZHONG, N.; LIU, J. 2008. Kerogen Pyrolysis in the Presence and Absence of Water and Minerals. 1. Gas Components. Energy & Fuels, n. 22, p. 416–427.

PAN, C.; GENG, A.; ZHONG, N.; LIU, J. e YU, L. 2009. Kerogen pyrolysis in the presence and Absence of water and minerals: Amounts and compositions of bitumen and liquid hydrocarbons. Fuel, v. 88, p. 909–919.

PAN, C.; GENG, A.; ZHONG, N.; LIU, J. e YU, L. 2010. Kerogen pyrolysis in the presence and absence of water and minerals: Steranes and triterpenoids. Fuel, v. 89, p. 336–345.

PETERS, K.E; MOLDOWAN, J.M. e SUNDARARAMAN, P. 1990. Effects of hydrous pyrolysis on biomarker thermal maturity parameters: Monterey Phosphatic and Siliceous members. Organic Geochemistry, v. 15, n. 3, p. 249-265.

PETERS, K.E.; WALTERS, C.C.; MOLDOWAN, J.M. 2005. The biomarker guide, biomarkers and isotopes in petroleum exploration and earth history. Cambridge

university, v. 2.

PETERSON, E. 2008. Décima Rodada de Licitações Bacia do Paraná. Dísponível

em:< http://www.anp.gov.br/brnd/round10/arquivos/seminarios/STA_6_Bacia_do_Parana_portugues.pdf>. Acesso em 17 de abril de 2011, às 12h 32min.

ROHN, R.; LAGES, L. C.; PENATTI, J.-R. R. 2003. LITOFÁCIES DA FORMAÇÃO IRATI NO FURO DE SONDAGEM FP-01-PR (PERMIANO, BORDA LESTE DA BACIA DO PARANÁ). 2°Congresso Brasileiro de P&D em Petróleo & Gás. Rio de

Janeiro, de 15 a 18 de junho de 2003.

RONDÓN, N.V.F. 2007. Caracterização geoquímica e petrográfica dos produtos da hidropirólise (Rocha hidropirolisada, betume e óleo expulso) em rochas geradoras de petróleo das Bacias do Paraná (Fm. Irati), Brasil e Puertollano, Espanha. Tese de D.Sc. – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Geociências, Programa de Pós-Graduação em Geociências. Porto Alegre, Brasil.

SANTAMARIA-OROZCO, D.M.; ALLIERI, .M.A.A.; Hernández, T.J.C. 2009. Generación de petróleo mediante experimentos de pirólisis:revisión sobre el conocimiento actual .Boletín de la Sociedad Geológica Mexicana. v. 61, n. 3, p. 353-366.

SANTOS, L.C. 2009. Gestão de Recursos e Reservas para Aumento do Aproveitamento do Folhelho Pirobetuminoso e Aumento da Recuperação de sua Matéria Orgânica na forma dos Derivados Óleo e Gás. Dissertação de M.Sc.

Page 91: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

91

– Universidade de São Paulo – Escola Politécnica – Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo. São Paulo, Brasil.

SANTOS, R. V.; SOUZA, P. A.; ALVARENGA, C. J. S.; DANTAS, E. L.; PIMENTEL, M. M.; OLIVEIRA, C. G.; ARAÚJO, L. M. 2006. Shrimp U-Pb Zircon dating and palinology of bentonitic layers from the Permian Irati Formation, Paraná Basin, Brazil. Gondwana Research, Osaka, v. 9, p. 456-463.

SANTOS NETO, E.V. 1993.Caracterização geoquímica e paleoambiente deposicional da seqüência carbonato-pelítica superior do Membro Assistência, Formação Irati no Estado de São Paulo, Bacia do Paraná. Dissertação de

Mestrado em Geociências, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. 203 p.

SCHIMMELMANN, A.; BOUDOU, J.-P; LEWAN, M.D.; WINTSCH, R.P. 2003. Experimental controls on D/H and 13C/12C ratios of kerogen, bitumen and oil during hydrous pyrolysis. Organic Geochemistry, n. 32, p. 1009-1018.

SCHLUMBERGER, 2006. Estimativas e distribuição dos recursos petrolíferos mundiais. Disponível em: < http://www.slb.com>. Acesso em 19 de novembro de 2006, às 9hs 23min.

SCOTT, R.P.W; PERRY J.A. 1995. Introduction to Analytical Gas Chromatography. 2ed., Marcel Dekker, New York.

SILVA, C.G.A. 2007. Caracterização geoquímica orgânica das rochas geradoras de petróleo das Formações Irati e Ponta Grossa da Bacia do Paraná.

Dissertação de M.Sc. – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Química, Programa de Pós-Graduação em Química. Porto Alegre, Brasil.

SISKIN M.; KATRITZKY, A. R. 1991.Reactivity of Organic Compounds in Hot Water: Geochemical and Technological Implications. Science. Vol. 254, n. 5029,

p. 231-237.

SKOOG, D. A.; HOLLER, F. J.; NIEMAN, T. A. 2002. Princípios de Análise Instrumental. 5ed. Bookman, Porto Alegre. 1024p.

SOUZA ,I.V.A.F. DE; MENDONÇA FILHO, J.G.; MENEZES T.R. 2005. Avaliação da influência térmica das intrusivas ígneas no principal horizonte potencialmente gerador da Bacia do Paraná: Formação Irati. 3° Congresso Brasileiro de P&D em

Petróleo e Gás.

TAYLOR, S.; FELIZ, J.; ALBOUDWAREJ, H. 2006. La importância del petróleo pesado. Schlumberger Oilfiel Review. USA: p.38-40.

TISSOT, B.P., WELTE, D.H. 1984. Petroleum Formation and Occurrence. 2ª ed.,

Berlin,Springer-Verlag.

TRIGÜIS, J.A.; JONES, J.M.; DOUGLAS, A.G. 1985. Maturation of Irati Oil shales. Paraná Basin-Brasil by igneous intrusions. Poster Section. In: 12th International Meeting on Organic Geochemistry. Julich, Germany, Abstract. p. 113.

Page 92: COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS …twiki.ufba.br/twiki/pub/IGeo/GeolMono20112/milena_oliveira_20112.pdf · Salvador, 02 de dezembro de 2011 COMPORTAMENTO DE PARÂMETROS GEOCOMPOSICIONAIS

92

TRIGÜIS, J.A. 1986. An Organic Geochemical Investigation of Heat-Effected Sediments in the Paraná Basin, Brazil. Tese de Doutorado. University of Newcastle-Upon-Tyne, U.K.

TRIGÜIS, J.A.; ARAÚJO, L.M.; ARAÚJO,C.V.; PHILP, P. 1995. Paraná Basin-Brazil. A huge Pyrolyser. Comparison between Molecular Distribution in Pyrolysed Samples and Source Rocks Affected by Igneous Intrusions. In: 17th International Meeting on Organic Geochemistry, San Sebastian. p. 444-446.

TRIGÜIS, J. A.; ARAÚJO, L. M.; ARAÚJO, C. V. 1998. Molecular and Optical Maturity Parameters. Their diverse responses under high thermal stress. In: VI

Congresso Latino Americano de Geoquímica Orgânica, Isla Margarita- Venezuela. Anais da ALAGO.

TRIGUIS, J.A. SOUZA, de E; OLIVEIRA O.M.C.de. 2010. Apostila do curso: Geoquímica do Petróleo utilizada na exploração, produção e meio ambiente impacto por petróleo.Componente curricular do POSPETRO. Universidade Federal da Bahia. Instituto de Geociências.

YAMAMOTO, J. K.; MONTANHEIRO, T. J. & HACHIRO J. 2004. .Ocorrência de Trípoli no Membro Ipeúna, Subgrupo Irati,Estado de São Paulo. Revista

Brasileira de Geociências, São Paulo (SP), v. 34, n. 1, p. 35-40.

WANG, Z. & FINGAS, M.F. 2009. Development of oil hydrocarbon fingerprinting and identification techniques. Marine Pollution Bulletin, n. 47 ,p. 423–452.

ZALAN, P.V., WOLFF, S., CONCEIÇÃO, J.C.J., MARQUES, A., ASTOLFI, M.A.M.,VIEIRA, I.S., APPI, V.T. E ZANOTTO, O.A. 1990. Bacia do Paraná. PETROBRAS. In. RAJA GABAGLIA e MILANI, E.J. (Coords.). Origem e Evolução das Bacias Sedimentares.