COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

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FACULDADES INTEGRADAS PEDRO LEOPOLDO Curso de Mestrado Profissional em Administração COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS: estudo de caso em uma prestadora de serviços na área de análises de materiais e fluidos isolantes Ilma Porto Lages Pedro Leopoldo Faculdades Integradas Pedro Leopoldo 2010

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FACULDADES INTEGRADAS PEDRO LEOPOLDO

Curso de Mestrado Profissional em Administração

COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS: estudo de caso em uma prestadora de serviços na área de

análises de materiais e fluidos isolantes

Ilma Porto Lages

Pedro Leopoldo Faculdades Integradas Pedro Leopoldo

2010

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ILMA PORTO LAGES

COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS: estudo de caso em uma prestadora de serviços na área de

análises de materiais e fluidos isolantes

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Administração das Faculdades Integradas Pedro Leopoldo, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração. Área de Concentração: Inovação e Competitividade.

Orientador: Prof. Lúcio Flávio Renault de Moraes, PhD.

Pedro Leopoldo Faculdades Integradas Pedro Leopoldo

2010

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Aos meus pais, José Maria e Terezinha (in memoriam),

aos meus irmãos,

e à Fluilab,

cujo incentivo e apoio foram essenciais.

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AGRADECIMENTOS

A DEUS, pelas oportunidades, amadurecimento, conhecimento e crescimento.

À minha família, por possibilitar este momento de realização pessoal e

profissional, por estar sempre presente em todos os momentos da minha vida.

Ao meu Mestre, Professor Dr. Lúcio Flávio Renault de Moraes, por tornar possível

a realização deste trabalho. Suas considerações nortearam meu estudo.

À Professora Dra. Íris Barbosa Goulart, por ter aceitado o convite para participar

da minha banca e, principalmente, pela gentileza de contribuir com suas

considerações e orientações posteriores.

Ao Professor Dr. Antônio Del Maestro Filho pela presteza em participar da minha

banca.

Aos eternos professores: Maria Celeste, Giroletti, Cláudio Paixão, Mauro Calixta,

pelos ensinamentos que formaram a base desta pesquisa.

De forma particular à empresa Fluilab e a todos os colaboradores, em especial ao

Juscelino Jonas e Henrique Hossi, pela expressiva colaboração durante todo o

estudo.

Aos colegas, pelos incentivos nos momentos de angústia e ansiedade: Francisco

Abreu, Ivânia Gama, Geraldo Marcone e Andréa Motta.

À minha maravilhosa mãe, Terezinha (in memoriam), meu amado pai José Maria,

minha mana Edina e Madre Neide, a todos os meus irmãos e sobrinhos e à Maria,

pelo apoio nesta trajetória de pesquisa e saber.

À Heliete Campos, pela paciência e gentileza em orientar com informações e

referências a construção deste trabalho.

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“Bom mesmo é ir à luta com

determinação, abraçar a vida com

paixão, perder com classe e vencer

com ousadia, pois o triunfo pertence

a quem se atreve... A vida é muita

para ser insignificante”.

Charles Chaplin.

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RESUMO

Esta dissertação analisa a relação entre dois construtos que ganharam relevância no âmbito da produção científica sobre Administração de empresas:o comprometimento organizacional e a cultura organizacional. O marco teórico do trabalho contempla principalmente o modelo de três componentes de Meyer e Allen para o estudo comprometimento e realça estudos desenvolvidos no Brasil por Bastos e Moraes. No tocante à cultura organizacional abordam-se, entre outros autores, Hofstede e Schein, e no Brasil, o trabalho de Freitas. A pesquisa foi desenvolvida numa empresa do ramo de testes e análises técnicas de Engenharia Elétrica – A Fluilab Ltda situada em Contagem. Para avaliar a cultura organizacional foi aplicado um instrumento validado – o IBACO e para analisar o comprometimento foi utilizado o EBACO. A análise dos resultados da aplicação do questionário a 35 funcionários revelou os seguintes resultados: o comprometimento não se diferencia em função do gênero e a cultura organizacional não demonstrou influência maior de um dos gêneros. O setor de atuação do funcionário não influencia seu comportamento nem a percepção da cultura organizacional. Foi percebida uma baixa correlação entre cultura organizacional e comprometimento com o trabalho.

Palavras-chave: Comprometimento Organizacional. Cultura Organizacional. Empresa prestadora de serviço.

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ABSTRACT

This dissertation analyses the relationship between two constructs that have gained relevance in the scientific literature on Business Administration: the organizational commitment and the organizational culture. The work theoretical milestone covers mainly the Meyer and Allen three components model for the commitment study and highlights studies developed in Brazil by Bastos and Moraes. Regarding the organizational culture, the approached authors are, among others, Hofstede and Schein, and Freitas´ work in Brazil. The research was developed in an Electrical Engineering company in the business of tests and technical analysis – the Fluilab Ltda., located in Contagem, MG. To evaluate the organizational culture, a validated tool was used – the IBACO, and the EBACO to analyze the commitment. The analysis of the questionnaire applied to 35 employees showed the results as follows: the commitment does not differ according to gender and the organizational culture did not show greater influence from one of the genders. The employee´s activity sector has no influence on his/her behavior or in his/her perception of the organizational culture. It was found a low correlation between the organizational culture and the commitment to the job.

Keywords: Organizational Commitment. Organizational Culture. Services Provider Company.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABCD Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano e Diadema

EBACO Escala de bases do comprometimento organizacional

IBACO Instrumento Brasileiro para Avaliação da Cultura Organizacional

ECT Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

GEACO Grupo de Estudos Avançados em Comportamento Organizacional

IES Instituições de ensinos superiores

IHRP Práticas inovadoras de recursos humanos

PUC-Minas Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

QVT Qualidade de vida total

RAE Revista de Administração de Empresas

Sinduscon Sindicato das Indústrias da Construção Civil

UESB Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

UFBA Universidade Federal da Bahia

UFLA Universidade Federal de Lavras

UFMG Universidade Federal de Minas Gerais

USA United States of America

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figuras

FIGURA 1 Focos de comprometimento......................................................... 20

FIGURA 2 Síntese das principais abordagens conceituais e das

respectivas fontes teóricas na investigação do comprometimento

organizacional...........................................................................................

23

Gráfico

GRÁFICO 1 Relacionamento dos construtos................................................ 78

Quadros

QUADRO 1 Modelo de três componentes, de Meyer e Allen........................ 24

QUADRO 2 Enfoques multidimensionais de comprometimento.................... 30

QUADRO 3 Comprometimento organizacional: pesquisas nacionais........... 31

QUADRO 4 Comprometimento organizacional: pesquisas internacionais.... 38

QUADRO 5 Várias categorias usadas para descrever cultura...................... 44

QUADRO 6 Bases do comprometimento organizacional e fundamentação

teórica.......................................................................................................

55

QUADRO 7 Equivalência das pontuações..................................................... 76

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 Questionários que apresentaram mais de 5% de perguntas sem

respostas..................................................................................................

59

TABELA 2 Distribuição dos respondentes por gênero.................................. 60

TABELA 3 Distribuição dos respondentes por estado civil............................ 60

TABELA 4 Distribuição do número de filhos.................................................. 61

TABELA 5 Distribuição dos respondentes por faixa etária............................ 61

TABELA 6 Distribuição dos respondentes por escolaridade.......................... 62

TABELA 7 Distribuição dos respondentes por nível de seu cargo na

empresa....................................................................................................

62

TABELA 8 Distribuição dos respondentes por faixa salarial.......................... 63

TABELA 9 Distribuição dos respondentes por tempo de ocupação no atual

cargo.........................................................................................................

63

TABELA 10 Estatística descritiva: questões do construto comprometimento. 64

TABELA 11 Estatística descritiva: questões construto cultura

organizacional...........................................................................................

67

TABELA 12 Teste de normalidadeb,c,d,e.......................................................... 70

TABELA 13 Estatística descritiva das dimensões e respectivo valor do

coeficiente alfa de Cronbach....................................................................

74

TABELA 14 Estatística descritiva dos construtos comprometimento e

cultura em função do gênero....................................................................

75

TABELA 15 Estatística descritiva dos construtos comprometimento e

cultura em função do Setor de atuação....................................................

76

TABELA 16 Medidas descritivas dos construtos............................................ 77

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SUMÁRIO1

1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 13

1.1 Justificativa............................................................................................... 15

2 REFERENCIAL TEÓRICO.......................................................................... 19

2.1 Comprometimento organizacional............................................................ 19

2.1.1 Pesquisas nacionais e internacionais na área de comprometimento

organizacional................................................................................................

30

2.1.1.1 Algumas pesquisas nacionais............................................................ 31

2.1.1.2 Algumas pesquisas internacionais..................................................... 38

2.2 Cultura organizacional.............................................................................. 43

2.2.1 Cultura: conceituação............................................................................ 43

2.2.2 O construto cultura organizacional........................................................ 47

3 METODOLOGIA.......................................................................................... 52

3.1 Caracterização da pesquisa..................................................................... 52

3.2 Unidade de análise da pesquisa.............................................................. 52

3.3 Escolha das abordagens e escalas......................................................... 54

3.3.1 Escala de Bases do Comprometimento Organizacional....................... 54

3.3.2 Instrumento brasileiro para avaliação da cultura organizacional.......... 56

3.4 Estratégia de coleta de dados.................................................................. 56

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS................................................................... 58

4.1 Análise dos dados perdidos..................................................................... 59

4.2 Caracterização da amostra..................................................................... 60

4.3 Estatística descritiva................................................................................ 64

4.4 Análise da normalidade........................................................................... 69

4.5 Análise de confiabilidade......................................................................... 73

4.6 Relacionamento dos construtos............................................................... 77

5 CONCLUSÕES, RECOMENDAÇÕES E LIMITAÇÕES............................. 79

1 Este trabalho foi revisado de acordo com as novas regras ortográficas.

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REFERÊNCIAS.............................................................................................. 82

ANEXOS........................................................................................................ 95

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1 INTRODUÇÃO

As mudanças ocorridas nos contextos social, cultural, econômico e tecnológico,

processadas a partir de meados do século XX, desencadearam nas organizações

um processo acelerado e diferenciado de transformações de estrutura, formas de

trabalho e estilos de gerenciar as relações sociais no seu interior .

Além disto, surgiu a necessidade de se criarem vantagens competitivas em

atividades de relevância estratégica como potenciais de diferenciação (PORTER,

1986). Como não poderia deixar de ser, as empresas prestadoras de serviços na

área de análise de materiais e fluidos isolantes também vêm sendo

profundamente influenciadas por essas mudanças, o que exige postura frente aos

desafios de um mercado cada dia mais acirrado e disputado.

No esforço de se obterem vantagens, sucesso e sustentabilidade nesse mercado,

as empresas prestadoras de serviço devem desenvolver a habilidade de fornecer

respostas rápidas e acertadas às demandas e às mudanças impostas pelo

ambiente. Assim, nos dias de hoje, temas como comprometimento e cultura

organizacionais ganharam relevância, tornando-se condição básica para a

sobrevivência e o crescimento das organizações.

Segundo Colossi (2004, p. 2), o comprometimento organizacional tem sido

estudado como importante ferramenta no alcance dos objetivos organizacionais.

Portanto, as empresas prestadoras de serviço, como quaisquer organizações,

para obterem sucesso em seus empreendimentos também necessitam contar

com pessoas dispostas a envidar esforços na obtenção de melhores índices de

produtividade, obrigando as organizações a procurarem formas de desenvolver

ambientes de trabalho nos quais as pessoas se sintam comprometidas.

Esse contexto favoreceu o surgimento de abordagens e pesquisas sobre o

comprometimento, tais como: O’ Reilly e Chantman (1986), Mathieu e Zajac

(1990), Bastos (1993), Moraes e Kilimnik (1994), Meyer e Allen (1997), Mowday

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(1998), Medeiros et al. (2002), Sant’Anna (2002), Dias (2005) e Cançado,

Genelhu e Moraes (2007).

Esses estudos têm buscado compreender a relação indivíduo/organização

especialmente pela necessidade das organizações de estabelecer e sustentar um

quadro funcional produtivo e competente. Com isso, o comprometimento dos

atores organizacionais com os objetivos da organização foi transformado em fator

estratégico e decisivo, ao mesmo tempo em que o comprometimento com a

profissão ou com a própria carreira vem se tornando uma constante no ambiente

organizacional (BASTOS, 1994a; MOTTA, 1999).

Conceitualmente, o comprometimento organizacional pode ser concebido como

um estado psicológico que caracteriza a ligação dos indivíduos à organização, de

acordo com Meyer e Allen (1991). De modo geral, presume-se que as pessoas

mais comprometidas tenham mais probabilidades de permanecerem na

organização e de se empenharem na realização de seu trabalho e no atingimento

dos objetivos organizacionais.

Conforme Siqueira (1995), os pesquisadores interessados na compreensão dos

vínculos estabelecidos entre empregado e empresa têm se voltado para

investigações que abarquem os processos cognitivos utilizados pelo empregado

para analisar as relações de troca estabelecidas com a organização. Assim,

quando o indivíduo é inserido na cultura organizacional, desenvolve crenças

relativas às trocas social e econômica entabuladas com o sistema.

Por meio dos processos de troca com a organização empregadora, o funcionário

avalia as relações entre os investimentos, custos e resultados obtidos no

processo de permuta com a empresa (SIQUEIRA; GOMIDE JÚNIOR, 2004).

Siqueira (1995) preleciona que os empregados se tornam comprometidos à

medida que percebem que a organização está comprometida com eles.

Eisenberger et al. (1986) e Shore e Wayne (1993) ressaltam que o

comprometimento deve ser analisado como produto de uma relação recíproca

entre organização e empregado. De forma específica, a literatura destaca o

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construto - cultura organizacional - como possível preditora do comprometimento

do empregado com a organização.

Em face do contexto até aqui delineado, o problema central do trabalho é: qual a relação existente entre comprometimento e cultura organizacionais em uma

empresa prestadora de serviços na área de análises de materiais e fluidos isolantes?

Pela carência de estudos que relacionem os construtos comprometimento e

cultura organizacionais, este trabalho teve o propósito de investigá-los com vistas

a preencher uma lacuna detectada nessa área de conhecimento.

Siqueira (1995) enfatiza a necessidade de verificar-se a influência de preditores

de um nível sobre critérios de outro, o que justifica essa articulação. Ademais, o

resultado desta investigação busca ampliar a capacidade de predição do

comportamento do homem no trabalho, gerando conhecimento para a área de

comportamento organizacional e fornecendo contribuições aplicáveis aos

membros da organização.

Para o desenvolvimento deste trabalho, foi realizada pesquisa de caráter

quantitativo a partir da aplicação de questionário desenvolvido na Fluilab –

empresa no segmento de laboratório químico em análises de materiais e fluidos

isolantes de transformadores e reatores de potência, situada em Contagem–MG.

Por meio deste estudo, pretendeu-se aprofundar nos temas “comprometimento e

cultura organizacionais”, buscando entender suas especificidades e, assim,

adequar e/ou desenvolver teoria aplicável à realidade brasileira (CAMPOS, 2010).

1.1 Justificativa

Pesquisas empíricas sobre o comprometimento e cultura organizacionais em

empresas prestadoras de serviço na área de análise de materiais e fluidos

isolantes no Brasil são escassas e complexas, uma vez que o tema envolve

acentuada diversidade de mão-de-obra especializada. Faz-se necessário o

desenvolvimento de novas pesquisas nessa área, principalmente no âmbito

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nacional, para que uma nova realidade possa ser construída a partir da

perspectiva vivida pelas empresas localizadas no mercado brasileiro.

Para a empresa envolvida no presente estudo, esta foi uma oportunidade de

perceber situações práticas envolvendo sua realidade, a partir da exposição da

metodologia de trabalho adotada atualmente. Este documento pode auxiliar no

desenvolvimento, não apenas dos relacionamentos pesquisados, mas de outros

relacionamentos da mesma natureza, os quais certamente envolverão os

construtos aqui propostos.

Assim, a empresa envolvida nesta pesquisa terá a oportunidade de identificar

situações, ações e suas consequências, que estão, muitas vezes, fora do alcance

dos envolvidos, na tentativa de se fazer uma análise imparcial dos eventos

avaliados.

Além disso, diante das ações implementadas pela Fluilab na busca de mais

efetividade no cumprimento de suas metas e objetivos, tornou-se constante sua

preocupação com a qualificação do trabalho. Mas para que isso aconteça, é

necessário que o empregado esteja realmente comprometido com a instituição.

Nesse sentido, a importância deste trabalho pode ser considerada a partir de dois

aspectos: primeiro, a pesquisa foi desenvolvida com dados da realidade objetiva

do setor proposto. Com isso, foi possível obter-se clara avaliação do grau de

comprometimento dos funcionários com a instituição, o que pode servir de base

ao desenvolvimento de análises que levem a soluções mais efetivas para os

problemas existentes. O segundo aspecto diz respeito ao fato de a pesquisa

revestir-se, em certa medida, de caráter preventivo e avaliativo em relação à

cultura da organização. Possíveis conflitos emergentes dos relacionamentos entre

funcionários e empresa podem gerar rendimento aquém do necessário.

O valor desta pesquisa também se reflete nas evidências empíricas encontradas,

ao possibilitar mais compreensão da temática proposta, que pode auxiliar no

desenvolvimento das ações na empresa no que diz respeito aos dados

sociodemográficos.

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Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2001) sugerem que as organizações “deverão

formar equipes de trabalho que apresentem altos níveis de eficiência e estejam

comprometidas com os negócios da organização” (p. 41). E atentam para o fato

de que se torna salutar para os gestores perceberem como as relações de

trabalho são estabelecidas e como elas influenciam a conduta dos trabalhadores,

seu bem-estar, suas contribuições para a eficácia organizacional e as formas de

comprometimento no trabalho. Sá e Lemoine (1998) complementam

argumentando que o comprometimento se apresenta como uma vantagem

competitiva para as organizações em tempos de acirrada concorrência.

Entre outros elementos do comportamento organizacional, o comprometimento do

empregado com o trabalho tornou-se uma das temáticas discutidas nos meios

acadêmicos, nas pesquisas científicas e na visão dos modernos gestores de

pessoas. Entretanto, o que se observa é uma variedade de considerações,

contextualização e argumentos no que se refere ao termo.

De acordo com Batista (2005, p. 15), as diversas possibilidades de entendimentos

que os estudos sobre cultura organizacional permitem têm múltiplos aspectos,

podendo ser citados como referencial para o comprometimento do indivíduo: a

própria organização, a sua profissão, o seu sindicato, o grupo de trabalho, o

conjunto de tarefas que executa os objetivos ou metas do trabalho, entre outros.

Essas afirmativas explicam, em boa parte, o crescimento do interesse em

entender com mais profundidade os impactos do tema.

Diante do exposto, espera-se que as conclusões encontradas possam contribuir

com as organizações e agregar valor ao campo do comportamento

organizacional, na medida em que o desenvolvimento desta pesquisa possa

melhorar a compreensão dos assuntos relacionados aos novos valores

organizacionais que estão emergindo da atuação coletiva por parte das

empresas.

Com o intuito de procurar responder aos questionamentos desta investigação, o

objetivo geral foi avaliar o grau de comprometimento organizacional e analisar a

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cultura organizacional, na Fluilab, de modo a compor um diagnóstico que

discutisse a relação existente entre os construtos comprometimento e cultura

organizacionais.

Para cumprir o objetivo geral, os seguintes objetivos específicos foram definidos:

Medir o grau de comprometimento organizacional dos funcionários da

empresa pesquisada, de acordo com a Escala de Bases do

Comprometimento Organizacional (EBACO) adaptada por Bastos (2006).

Avaliar a cultura organizacional na empresa pesquisada, de acordo com o

Instrumento Brasileiro para Avaliação da Cultura Organizacional (IBACO)

desenvolvido por Ferreira et al. (2002).

Comparar a relação existente entre comprometimento e cultura

organizacionais na empresa pesquisada.

O estudo está disposto do seguinte modo: o segundo capítulo mostra o referencial

teórico, trabalhando essencialmente os construtos comprometimento e cultura

organizacionais; o terceiro capítulo aborda a metodologia utilizada; a unidade de

análise da pesquisa e a análise dos dados são apresentadas no quarto capítulo; o

quinto e último capítulo trata da conclusão do estudo, suas limitações e

recomendações.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

A estrutura do referencial foi definida basicamente em duas sessões

denominadas comprometimento organizacional e cultura organizacional, cada

qual com suas especificidades.

2.1 Comprometimento organizacional

O interesse mais aguçado dos pesquisadores em compreender as ligações que o

indivíduo estabelece com a organização para a qual trabalha antecede a década

de 70. É consenso na literatura que as empresas buscam o elemento humano

como diferencial para enfrentar a competitividade, uma vez que tecnologia,

sistemas e processos são facilmente equiparáveis (BASTOS, 1993; 1996;

OLIVEIRA, A., 1997; REGO, 2003).

Para Siqueira (2001), a consecução de objetivos, o alcance de metas e a

competitividade de uma organização passam pelo grau de comprometimento de

seus trabalhadores. Por isto, as empresas têm buscado selecionar e manter em

seu quadro de funcionários indivíduos comprometidos, dedicados e envolvidos

com os objetivos das mesmas. Diversos autores (MATHIEW; ZAJAC, 1990;

MEYER et al., 2002; SIQUEIRA, 1995) mencionam que tal interesse é devido aos

impactos decorrentes do comprometimento organizacional que atua como preditor

de desempenho, absenteísmo, rotatividade, além da intenção de saída e busca

de alternativas de emprego e comportamentos de cidadania organizacional.

A partir da segunda metade da década de 70, o tema construto comprometimento

organizacional passou a ser evidenciado nos estudos empíricos. Bastos (1993)

salienta que a avaliação do comprometimento superou o de satisfação, por ser

uma medida mais estável ou menos sujeita à flutuação, destacando-se como

melhor preditor de vários produtos humanos no contexto de trabalho.

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No Brasil, os estudos sobre comprometimento ganharam destaque a partir da

década de 1990, após a publicação, na Revista de Administração de Empresas

(RAE), do artigo de autoria de Bastos (1993). Nele foi apresentado um resumo

das principais abordagens conceituais e da fundamentação teórica que as

sustentam. Bastos (1993) defende que os estudos sobre comprometimento

organizacional são muito variados, em função dos diversos objetos que podem

servir de alvo para o vínculo do trabalhador, como organização, sindicato,

carreira, valores e trabalho, todos se estabelecendo em um caminho próprio de

investigação, conforme demonstrado na FIG. 1.

FIGURA 1 - Focos de comprometimento.

Fonte: Morrow (1983 apud BASTOS et al., 1997, p. 107).

Pode-se, além disso, citar também as pesquisas realizadas por Bandeira (1999),

Bastos (1994b), Borges-Andrade, Camaeshi e Silva (1990), Brandão (1991), Brito

(1995), Gama (1993), Medeiros (1997), Moraes e Marques (1996), Pena (1995),

Silva, M. (2003), entre outras, com a proposta de elaborar modelos explicativos e

quantificar o comprometimento frente às suas variáveis.

Na literatura científica, a utilização do conceito de comprometimento emerge, sob

os mais diversos rótulos, numa larga tradição de estudos. Para Pereira e Oliveira

(2000), apesar da variabilidade de significados e da operacionalização associada

ao tema, o comprometimento organizacional deve ser visto e estudado como um

ponto forte que as organizações podem utilizar para se diferenciar no contexto

competitivo que se impõe atualmente. As diferentes abordagens indicam a

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magnitude do conceito e demonstram sua percepção proeminente no ambiente

organizacional.

Inúmeras tipologias foram propostas, em decorrência da falta de consenso em

relação ao significado do construto, com a intenção de organizar as abordagens

acerca do comprometimento. Contudo, pode-se observar a necessidade de

estabelecer estratégias para superar os problemas de conceituação do termo

(MORAES; MARQUES, 1996). Uma das dificuldades referentes a essa definição

é o problema de se estabelecer a correspondência entre linguagem e fenômeno.

Como construto, o comprometimento é mais complexo, difere do conceito de

satisfação com o trabalho, refletindo resposta afetiva à organização como um

todo. Conforme Meyer e Allen (1997, p. 226), o comprometimento enfatiza o

vínculo com a organização, incluindo seus objetivos e valores, enquanto a

satisfação ressalta o ambiente específico em que o empregado realiza sua tarefa.

Outro conceito existente na literatura, orientado por Thévenet (1992), define

comprometimento sob dois aspectos, sendo o primeiro permutativo, no qual a

pessoa desenvolve laços fortes quando suas expectativas e necessidades são

atendidas a partir das oportunidades proporcionadas pela organização; e o

segundo é o psicológico, que é quando a relação se dá num nível mais profundo,

superando as vantagens imediatas, caracterizando um estado de adesão da

pessoa aos valores organizacionais.

Mowday et al. (1982), após a realização de extensa revisão bibliográfica, sugerem

a definição de comprometimento organizacional como a força relativa da

identificação e envolvimento de determinado indivíduo com uma organização

particular, realçando como principais fatores: a crença e a concordância com os

objetivos e valores organizacionais; a disposição em esforçar-se em favor da

organização; e o forte desejo de permanecer como membro da mesma.

O conceito de comprometimento insere-se na longa tradição dos estudos que

buscam identificar e compreender fatores pessoais que determinam o

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comportamento humano no trabalho, integrando uma subárea denominada

“atitudes frente ao trabalho” (BASTOS, 1994b).

Conceito mais amplo é adotado por Bandeira et al. (1999), que entendem que o

termo comprometimento pode gerar mais de uma interpretação, podendo consistir

em atitude ou orientação para o resultado, unindo a identidade do indivíduo à da

organização. Pode-se entender, também, como fenômeno estrutural decorrente

do resultado de negociações entre os atores organizacionais ou um estado que

liga o indivíduo à organização por meio de suas ações e crenças. E, ainda, como

natureza do envolvimento de um membro com o sistema como um todo.

Não existe consenso sobre esse construto, conforme refere Moraes (1997, p. 50),

“o que leva a conceituações e mensurações diferenciadas”. Isso implica,

consequentemente, a necessidade de o pesquisador apresentar clara

conceituação e o seu entendimento sobre o que pretende pesquisar.

Sendo assim, para este estudo, o comprometimento organizacional foi definido

como “um estado no qual o indivíduo se identifica com a organização e seus

objetivos e deseja manter-se como membro, de modo a facilitar a consecução de

objetivos” (BASTOS, 2004). Essas atitudes refletem como uma pessoa se sente

em relação a alguma coisa. Apesar de poder manifestar expressivo número de

atitudes, o estudo do seu comportamento nas organizações volta sua atenção

para um número muito restrito delas. Interessam para o comportamento

organizacional as avaliações positivas ou negativas que o trabalhador tem em

relação aos diversos aspectos do seu ambiente de trabalho, sendo que a maior

parte das pesquisas tem se dirigido para três tipos de atitudes: satisfação com o

trabalho; envolvimento com o trabalho; e comprometimento organizacional.

Entre as principais vertentes conceituais do comprometimento organizacional,

destacam-se os modelos unidimensionais e os multidimensionais. Os primeiros

incluem os enfoques afetivo, instrumental, normativo, sociológico e

comportamental (FIG. 2).

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23

Disciplinas(fontes teóricas) Sociologia Psicologia SocialTeorias

Organizacionais

Weber

MarcosImportantes

Barnard(1938)

Etzioni(1961)

Azjen &Fishbein(1975)

Lewin(1974)

Becker(1960)

Kanter(1968)

Ritzer &Trice

(1969)

Edwards(1979)

Burawoy(1983)

Halaby(1986)

March &Simon(1958)

Meyer &Allen (1984)

Buchanan(1974)

Weiner &Vardi

(1982) Salancick(1977)

AllutoHrebeniak &

Allonso(1973)

Mowday,Steers &

Porter(1982)

ComportamentalNormativoAfetivoAutoridade no contexto de

trabalho

Side-beats Instrumental CalculativoEnfoque

“Interesse em continuar no

emprego atual pro perceber a

legitimidade da relação

autoridade-subordinação”.

O papel da subordinação

envolve códigos normativos sobre

modos corretos de dominação.

“Tendência de se engajar em linhas consistentes de

atividades devido aos custos

associados a agir de forma

diferente”.

“Mecanismo psicossocial que

envolve ‘side-beats’: trocas,

investimentos que limitam o raio de ação posterior”.

“A força relativa da identificação e envolvimento com uma organização

particular”.

Forte crença e aceitação dos

objetivos e valores.

Desejo de esforçar-se pela

organização.

Forte desejo de permanecer como

membro da organização.

“Totalidade de pressões

normativas internalizadas pelo indivíduo para que

se comporte congruentemente com os objetivos e

interesses da organização”.

“Um estado de ser em que as ações

determinam crenças que sustentam a

atividade e seu próprio

envolvimento”.

Conceitos de Comprometimento

Medidas do julgamento do indivíduo acerca da

probabilidade de deixar a organização por outro emprego e sob que

condições

ESCALAS DE ATITUDES – normalmente formato likert (itens positivos e negativos sobre o conteúdo

teórico mensurado). Uso comum de análises fatoriais para validação de construto.

Escala mais usada: OCQ.

Tempo na organização.

Desempenho.

Comportamentos extrapapéis

Operacionalização Construto

FIGURA 2 – Síntese das principais abordagens conceituais e das respectivas

fontes teóricas na investigação do comprometimento organizacional. Fonte: Bastos (1993).

Page 24: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

24

Os segundos abrangem os modelos de O’Reilly e Chatman (1986) e o modelo de

Meyer e Allen (1991), conforme demonstra o QUADRO 1.

QUADRO 1

Modelo de três componentes, de Meyer e Allen

Fonte: Adaptado de Rego e Souto (2002, p. 6).

Conforme se pode observar no QUADRO 1, o modelo de comprometimento

proposto por Meyer e Allen (1991; 1997) sustenta-se na abordagem de três

componentes: a) afetivo, relativo às expectativas atendidas e às condições de

trabalho; b) instrumental, associado à disponibilidade e benefícios do emprego; c)

normativo, relacionado aos sentimentos de dever e valores pessoais.

Sua abordagem preconiza a existência de estilos de ligação do indivíduo à

organização, que se apresentam de maneiras diferentes e independentes. Nessa

perspectiva, as razões que inspiram a permanência do empregado na

organização baseiam-se na distinção da natureza psicológica dos três vínculos e

componentes do comprometimento organizacional: o desejo (afetivo), a

necessidade (instrumental) e a obrigação moral (normativo). Siqueira (2001, p. 5)

reforça que:

O comprometimento afetivo – desejo de permanecer na organização – seria desencadeado por experiências anteriores de trabalho,

Page 25: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

25

especialmente aquelas que satisfizeram as necessidades psicológicas do empregado, levando-o a se sentir confortável dentro da organização e competente em seu trabalho. Comprometimento calculativo – a necessidade de permanecer na organização – seria desenvolvido a partir de dois fatores antecedentes: (a) a magnitude e/ou o número de investimentos (side-bets) feitos pelo empregado na organização; e (b) a falta de alternativas de empregos no mercado. Por fim, o comprometimento normativo – a obrigação moral de permanecer na organização – seria um estado psicológico desencadeado por experiências prévias de socialização organizacional ocorrido após a entrada do empregado na organização.

As principais abordagens do comprometimento organizacional partem da

premissa de que o vínculo do indivíduo existe e é inevitável, embora sejam

sintetizadas em diferentes enfoques: afetivo (atitudinal), normativo, calculativo

(instrumental), sociológico e comportamental.

Destas abordagens, a afetiva é a mais amplamente estudada, tendo sido marcada

pelo clássico estudo de Mowday, Porter e Steers (1982). O enfoque afetivo

também pode ser denominado como atitudinal e ocorre quando o empregado

sente forte identificação com a organização da qual faz parte e com os objetivos e

metas da mesma, desejando manter-se como membro e se esforçando em prol

dela.

A base afetiva do comprometimento tende a ser desencadeada por vivências

anteriores de trabalho, principalmente aquelas que atendem às necessidades

psicológicas do empregado. Tal comprometimento leva o funcionário a sentir-se

confortável na organização e competente em seu trabalho (MARTINS, 2003).

Bastos (1994a) afirma que a natureza afetiva do processo de identificação do

indivíduo para com as metas da organização é enfatizada pelos pesquisadores. E

ressalta três dimensões adotadas por eles: a) forte crença e aceitação dos valores

e objetivos da empresa; b) forte desejo de manter o vínculo com a organização; c)

intenção de se esforçar em favor da organização. Assim, o comprometimento

demonstra algo além da lealdade, mas representa uma relação ativa em que o

indivíduo se sacrifica e, até mesmo, contribui com algo pessoal para que os

objetivos da organização sejam alcançados.

Page 26: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

26

Dias (2005) assinala que embora os pesquisadores se definam por trabalhar o

comprometimento organizacional como um conceito atitudinal, ele pode ser

inferido não apenas das crenças e opiniões dos indivíduos, mas também das suas

ações. Portanto, o comprometimento com a organização não exclui a

probabilidade de comprometimento com outros aspetos do ambiente, tais como:

família, sindicato e partido político.

O calculativo trata-se do segundo enfoque mais considerado na área do

comportamento organizacional. Pode também ser chamado de instrumental e se

origina da teoria de side bets2 de Becker (1960).

Esse tipo de comprometimento é percebido em função das recompensas obtidas

ou dos custos de deixar a organização. Bastos et al. (1997) definem o

comprometimento instrumental como forma de apego psicológico, que reflete o

grau em que o indivíduo se sente prisioneiro de um lugar pelos custos associados

em abandoná-lo.

Nesse aspecto, o comprometimento do indivíduo com a empresa estaria ligado

em função da satisfação de suas necessidades e expectativas de natureza

financeira, ou social, caracterizando uma forma de vínculo organizacional

baseado na troca indivíduo/organização. É uma avaliação de investimentos e de

recompensas (PEREIRA; MORAES; LADEIRA; 1996). No comprometimento

instrumental ou calculativo, os indivíduos se engajam em linhas consistentes de

atividade, dada a escassez de alternativas de trabalho, ou por investimentos feitos

ao longo da carreira profissional. Dessa maneira, existe a possibilidade de o

trabalhador deixar a organização caso receba incentivos externos, tais como:

salário mais alto, melhor status e mais liberdade.

O enfoque normativo engloba a teoria organizacional de Etzioni (1975) e a

Psicologia Social, especialmente os trabalhos de Ajzen e Fishbein (1980) sobre o

poder preditivo das atitudes em relação ao comportamento. 2 Traduzido como trocas laterais, assumindo diversas outras denominações, tais como calculativo ou continuance. Side-bets é um termo que se refere ao tempo, esforço e dinheiro investidos pelo indivíduo em sua relação com algum objeto, que pode ser percebida como perda ou custo no caso de interromper a interação (SIQUEIRA, 2001).

Page 27: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

27

Proposto por Wiener e Vardi (1980; 1990) e por Wiener (1982), o

comprometimento normativo pode ser conceituado como o conjunto de pressões

normativas internalizadas pelo indivíduo para que se comporte de acordo com os

objetivos e interesses organizacionais (BASTOS, 1993).

A visão anterior já havia sido debatida por Kanter (1968), que referencia também

esse comprometimento e assinala que as normas e valores da empresa moldam

o comportamento do indivíduo na direção desejada pela organização.

Segundo Relatório de Pesquisa do Grupo de Estudos Avançados em

Comportamento Organizacional – GEACO (MORAES; GEACO, 2007, p. 70), esse

enfoque relaciona-se com a cultura organizacional, entendida como o conjunto de

valores partilhados que produzem pressões normativas sobre os membros; e com

a definição de sistema motivacional, que envolve a utilização de recompensas

capazes de influenciar o comportamento.

A cultura organizacional pode produzir membros comprometidos, exercendo

influência estável e de longo prazo, já que as pressões normativas predispõem o

indivíduo a se comportar segundo padrões internalizados. Contudo, dependendo

do tipo de valores, essas pressões podem ser ou não construtivas para a

organização (BASTOS, 1994b).

O enfoque sociológico teve origem na Sociologia e analisa o apego do indivíduo à

organização empregadora, a partir do controle exercido sobre o trabalho, seja a

partir da organização da produção, conforme propõe o modelo taylorista, ou de

normas e regras, conforme determina o modelo burocrático. Exatamente com

base na teoria da autoridade de Weber e nas idéias de teóricos marxistas como

Edwards e Burrawoy é que se desenvolve esse modelo (PENA, 1995).

O enfoque sociológico, como defende Moraes (1997), surgiu em contraposição ao

valor e ao capital, conceitos decorrentes das teorias econômicas e da

satisfação/comprometimento no trabalho, provenientes de uma linha sociológica

denominada autoridade no contexto de trabalho.

Page 28: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

28

Pela abordagem sociológica, o comprometimento é entendido como dependente

da autoridade que caracteriza a relação capital-trabalho. E o vínculo do indivíduo

com a organização baseia-se nos processos de dominação e subordinação

(BASTOS, 1994a). Assim, como os indivíduos apresentam, no âmbito de seu

trabalho, um conjunto de códigos normativos que explicitam os seus papéis de

subordinados e especificam maneiras corretas de dominação, seu “apego” se dá

a partir da percepção de legitimidade do regime de governo existente na

organização.

O apego do trabalhador não está na dependência do amor nem do dinheiro, e sim

da percepção de legitimidade do regime de governo do empregador (HALABY,

1986, p. 635).

O enfoque comportamental é o menos explorado em pesquisas, principalmente

pelo fato de trabalhar com as atitudes dos indivíduos, o que torna difícil sua

mensuração. Também pode ser denominado de enfoque da consistência

cognitiva, pois tem suas bases na teoria da dissonância cognitiva de Festinger

(1965 apud MEYER; ALLEN, 1988).

Nesta abordagem, Soares (2001) entende que o comprometimento é um

julgamento que o empregado faz de seu comportamento, objetivando a

manutenção da harmonia com suas atitudes no ambiente organizacional. De

acordo com Melo (2007, p. 32) é importante ressaltar que esse julgamento

realizado pelo próprio trabalhador busca essencialmente evitar inconsistências

entre suas atitudes e seu comportamento, alinhando, assim, suas ideias e

comportamentos com os esperados pela organização.

Segundo Salancick (1991), o que torna as pessoas comprometidas são as

implicações de suas próprias ações. Para ele, três aspectos são importantes para

determinar os níveis de comprometimento:

Volição: o indivíduo se sente pessoalmente responsável pelo ato quando

possui a percepção de que a ação foi desempenhada por livre escolha;

Page 29: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

29

reversibilidade: tanto mais forte será o comprometimento com determinada

ação, quanto mais percepção houver de que o comportamento não pode

ser revertido ou que envolva altos custos para tal;

caráter público ou explícito do ato: a probabilidade de se manterem

comportamentos adequados é reforçada pela percepção de que outras

pessoas significativas (colegas, família, etc.) tomam conhecimento desses

comportamentos.

O comprometimento, na abordagem comportamental, vem do fato de os

indivíduos terem se empenhado em comportamentos difíceis de serem revertidos,

o que faz com que esses comportamentos sejam repetidos e que seja gerado um

reforço na tentativa de se manter a sua consistência e coerência (SCHEIBLE,

2004).

Bastos (1994a) faz um importante alerta de que, para essa abordagem, a

medição do comprometimento não deve ser simplesmente balizada pelo que os

indivíduos explicitam a respeito de suas intenções para com a organização, assim

como é feito pelas avaliações dos enfoques que utilizam somente escalas de

atitudes. Menezes (2006) acentua que essa abordagem tem significante papel na

fundamentação da elaboração de escalas comportamentais, além das próprias

medidas atitudinais.

Enfoques mais modernos de comprometimento utilizam modelos

multidimensionais, ou seja, consideram que o comprometimento traduz-se nas

diversas dimensões. Essas diferentes dimensões de enfoques multidimensionais

estão retratadas no QUADRO 2.

Page 30: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

30

QUADRO 2

Enfoques multidimensionais de comprometimento

Fonte: Medeiros (2003a).

Na seção seguinte, apresentam-se alguns estudos recentes sobre o

comprometimento organizacional nos âmbitos nacional e estrangeiro.

2.1.1 Pesquisas nacionais e internacionais na área de comprometimento

organizacional

É amplo o volume de estudos acerca do construto comprometimento

organizacional, tanto na literatura internacional quanto na nacional. O construto

comprometimento organizacional aparece nas pesquisas como variável

dependente e independente.

Page 31: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

31

2.1.1.1 Algumas pesquisas nacionais

A maior parte dos estudos sobre o comprometimento organizacional

desenvolvidos no Brasil tem concentrado seus esforços na busca da explicação

do fenômeno ou da identificação de seus antecedentes, tendo como base os

modelos propostos por Mowday, Porter e Steers (1982) e Meyer e Allen (1991). O

QUADRO 3 exibe uma síntese das pesquisas realizadas no Brasil.

QUADRO 3

Comprometimento organizacional: pesquisas nacionais Pesquisador Ano Público-Alvo Objetivo da

Pesquisa Resultados da

Pesquisa Modelo de Pesquisa

Borges-Andrade,

Cameschi, Silva

1990 EMBRAPA Identificar, entre os grupos de

variáveis pessoais, de papel, grupais, organizacionais e ambiente externo,

aquelas que poderiam ser

destacadas como preditoras de

comprometimento.

Identificou como relação positiva de

variáveis com comprometimento: existência de um sistema justo de

promoções, oportunidade de crescimento na

carreira e progresso profissional.

Mowday et al.

Brandão 1991 Universidade Federal da

Bahia (UFBA)

Compreender fatores capazes de determinar o nível

de comprometimento organizacional dos

servidores públicos em

relação à organização.

As variáveis organizacionais

foram citadas como as principais

preditoras, sendo a possibilidade de crescimento na

carreira e progresso profissional as que

mais se destacaram.

Mowday et al.

Gama 1993 Fundação João Pinheiro

Explicar o comprometimento

a partir das variáveis

preditoras que descrevem as características

pessoais, funcionais, de

papéis, organizacionais,

de grupos de trabalho e

ambiente externo.

Verificou que o comprometimento

organizacional relaciona-se com: oportunidades de crescimento na carreira e com

progresso profissional;

segurança no emprego; satisfação com supervisão; e percepção de que

as atividades desenvolvidas

contribuem para o desenvolvimento da

organização.

Mowday et al.

Page 32: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

32

Continua QUADRO 3 Pesquisador Ano Público-Alvo Objetivo da Pesquisa Resultados da

Pesquisa Modelo de Pesquisa

Bastos 1994b Setores público e

privado da Bahia

Indicar padrões de comprometimento dos

empregados e antecedentes, tendo como foco: carreira, sindicato e

organização no contexto do trabalho.

Identificou oito padrões de

comprometimento: antissindicalista,

sindicalista, profissional, profissional-sindicalista,

descomprometido, comprometido,

localista e descomprometido

com a carreira.

Mowday et al.

Brito 1995 Universidade Federal de

Lavras (UFLA)

Investigar, sob a perspectiva bidimensional com foco na organização e na carreira, os padrões de comprometimento e seus

elementos determinantes e correlatos.

Concluiu que os professores

apresentavam alto comprometimento

tanto com a organização

quanto com a carreira e baixo

nível de estresse.

Mowday et al.

Pena 1995 Universidade Federal de

Minas Gerais (UFMG) e Pontifícia

Universidade Católica de

Minas Gerais (PUC-Minas)

Investigar as relações de comprometimento

organizacional c/ a ética do trabalho e os preditores do

comprometimento organizacional e dos

padrões de comportamento.

Demonstrou que, em ambos os

casos, os professores pesquisados

mostraram-se mais

comprometidos com a instituição

do que com a carreira.

Mowday et al.

Moraes 1997 Quatro universidades

federais mineiras

Diagnosticar e comparar os níveis de comprometimento

organizacional entre os funcionários técnico-

administrativos e identificar as variáveis preditoras do

comprometimento afetivo e comportamental e o

enfoque mais adequado.

Verificou diferenças

significativas entre os enfoques investigados,

destacando as variáveis de

conteúdo e de contexto de

trabalho como preditoras do

enfoque afetivo. Não apresentou

resultados seguros quanto às variáveis

preditoras do comprometimento comportamental.

Meyer e Allen

Page 33: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

33

Continua QUADRO 3 Pesquisador Ano Público-Alvo Objetivo da Pesquisa Resultados da

Pesquisa Modelo de Pesquisa

Medeiros 1997 201 pequenas empresas do

Rio Grande do Norte

Identificar as características pessoais responsáveis por

discriminar entre comprometidos e

descomprometidos com a empresa e a influência do

comprometimento na performance no trabalho.

Permitiu definir padrões de

comprometimento organizacional, formados pela combinação de dimensões de

comprometimento presentes nos indivíduos e identificar as

características pessoais que se relacionam com determinados padrões de

comprometimento organizacional.

Meyer e Allen

Bandeira 1999 Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos

(ECT)

Investigar as variáveis comportamentais e a

influência das práticas de recursos humanos no

comprometimento.

Verificou que as variáveis de

recursos humanos, treinamento e

desenvolvimento influenciam as

dimensões normativa e afetiva

do comprometimento.

A dimensão instrumental

apresentou fraca correlação com as

variáveis estudadas e pouca

importância em relação às práticas

adotadas.

Meyer e Allen

Rangel 2001 Prefeitura Municipal de

Vitória

Investigar a diferença entre os grupos de comissionados

efetivos e não efetivos quanto ao tipo e grau de

comprometimento organizacional.

Concluiu que os dois grupos de comissionados apresentavam

uniformidade nos níveis estudados, com diferenças de

tipo e grau de comprometimento.

Meyer e Allen

Page 34: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

34

Continua QUADRO 3 Pesquisador Ano Público-Alvo Objetivo da Pesquisa Resultados da

Pesquisa Modelo

de Pesquisa

Dias 2001 Empresa do setor metal-mecânico

Verificar o nível de comprometimento de

supervisores, analistas e gerentes, pela identificação e

comparação entre os focos organização e

carreira e nos enfoques afetivo, normativo e

instrumental.

Verificou fraca correlação entre

as cinco dimensões (focos

e enfoques) e prevalência do

comprometimento afetivo nos três

níveis funcionais. Supervisão é a

mais comprometida com

a organização e gerentes e

analistas são comprometidos

com ambos.

Meyer e Allen

Fonseca 2002 Polícia Militar de Minas

Gerais

Identificar grau de comprometimento dos

policiais militares a partir das mudanças ocorridas após 1997,

com o movimento reivindicatório.

Verificou a existência de

correlação entre política de

recursos humanos e os padrões de

comprometimento, com destaque para enfoques

afetivo e normativo.

Meyer e Allen

Silva, E. 2003 Empresa de logística de

Minas Gerais

Identificar as práticas utilizadas pela área de recursos humanos nas empresas responsáveis pelo comprometimento de seus funcionários.

Verificou que práticas com altas

médias relacionam-se à

gestão do conhecimento e relacionamento,

remuneração citada como média

mais baixa.

Meyer e Allen

Medeiros et al.

2003b 170 lojas de quatro

shopping-centers

Contribuir para a síntese das teorias e

modelos do comprometimento e

possibilitar o surgimento de componentes

latentes do comprometimento

organizacional.

Indicou nova perspectiva baseada em

múltiplos componentes, indo além do enfoque

das três dimensões.

Meyer e Allen

Page 35: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

35

Continua QUADRO 3 Pesquisador Ano Público-Alvo Objetivo da

Pesquisa Resultados da

Pesquisa Modelo de Pesquisa

Martins 2003 100 secretárias de empresas de médio e grande porte do Santo

André, São Bernardo do Campo, São Caetano e

Diadema (ABCD)

Investigar se a participação do profissional em programas de

qualidade de vida no trabalho se

relacionava com a satisfação no trabalho e comprometimento

organizacional.

Encontrou associações

positivas entre a participação em programas de qualidade e

satisfação no trabalho,

comprometimento organizacional

afetivo e normativo. A existência de programas de

QVT resulta em comprometimento

, impactando a produtividade e os

resultados planejados.

Meyer e Allen

Sheible e Bastos

2005 104 profissionais

que trabalham em uma

empresa de serviços de

desenvolvimento de software

em Salvador

Examinar as relações entre

comprometimento c/ a organização e

carreira/profissão e seus desempenhos à luz das práticas

organizacionais de gestão do

comprometimento.

Resultados das análises de regressão

fortalecem a hipótese: relação

comprometimento-desempenho é mediada por

diversos fatores,

identificando a estrutura

democrática do pacto como preditora de

desempenho, mas

influenciada pelo

comprometimento.

Costa e Bastos 2005 32 organizações agroindustriais

do polo Juazeiro/ Petrolina,

envolvendo amostra de 919 trabalhadores

Descrever níveis de comprometimento dos trabalhadores com o

trabalho e com a organização empregadora

e natureza afetiva e instrumental deste

vínculo com a organização.

Foram encontrados

elevados níveis de

comprometimento entre os dois trabalhos e

organização e as duas bases,

afetiva e instrumental, estudadas.

Page 36: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

36

Continua QUADRO 3 Pesquisador Ano Público-Alvo Objetivo da

Pesquisa Resultados da

Pesquisa Modelo de Pesquisa

Guimarães-Borges,

Marques e Adorno

2005 Uma empresa

mineradora de Minas

Gerais, com amostra de

174 respondentes

Verificar relações entre as políticas

de recursos humanos,

comprometimento organizacional e satisfação no

trabalho.

Os resultados sugerem forte influência das políticas de

recursos humanos nas satisfações do

trabalhador e no comprometimento.

Em relação à natureza da tarefa, nenhuma influência

consistente das políticas de

recursos humanos foi detectada.

Modelo operacional baseado nas

teorias referentes aos construtos

políticas de recursos humanos,

comprometimento e satisfação no

trabalho.

Abreu 2006 Gerentes gerais, de divisão, de

seção e profissionais de nível superior

de uma grande empresa

siderúrgica

Estudar os perfis diferenciados dos

profissionais quanto ao grau de comprometimento.

Indicou duplo comprometimento, com a organização e com a carreira,

revelando, também, que para os quatro grupos pesquisados há

alto grau de comprometimento.

Adoção da metodologia de

análise de conglomerados,

Scheibe e Bastos

2005; 2006

217 profissionais de tecnologia

da informação

Explorar o conceito e as relações do

entrincheiramento (e seus

componentes) com variáveis

demográficas e funcionais, bem

como com comprometimento

com a carreira.

Encontrou-se redundância

conceitual entre entrincheiramento e comprometimento instrumental com a carreira. Escalas

apresentaram altos níveis de confiabilidade. Os resultados abrem várias

perspectivas de estudos

complementares, que fortalecem a

abordagem multidimensional do comprometimento

com a carreira.

Page 37: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

37

Continua QUADRO 3 Pesquisador Ano Público-Alvo Objetivo da

Pesquisa Resultados da

Pesquisa Modelo de Pesquisa

Rowe e Bastos

2007 551 participantes de 184 instituições

de ensino superiores (IES)

públicas e privadas

Analisar a natureza e a

intensidade dos vínculos do

comprometimento do docente

universitário com seu trabalho,

comparando os contextos públicos e

privados do ensino superior.

Verificou-se que os docentes de

instituições de ensino superiores

públicas e privadas possuem diferenças

estatisticamente significativas qto. ao comprometimento com o trabalho. Os

docentes de IES públicas são mais

comprometidos com sua carreira e os de instituições privadas

têm mais comprometimento instrumental com sua instituição.

Leite 2007 Servidores técnicos

administrativos do quadro

permanente e temporário com a Universidade

Estadual do Sudoeste da

Bahia (UESB)

Identificar a intensidade, a natureza e os

antecedentes do comprometimento

organizacional dos servidores

técnicos administrativos

Verificou-se alto comprometimento

dos servidores com a instituição.

Houve tendência a mais predominância

do componente afetivo no vínculo organizacional. Servidores do

quadro temporário possuem escore de comprometimento

mais alto que os do quadro permanente

na maioria das associações com as demais variáveis. A

variável função gratificada teve

resultados marcantes.

Silva 2009 44 empresas associadas ao Sindicato das Indústrias da

Construção Civil (Sinduscon), compondo

amostra de 121 trabalhadores que

atuam em canteiros de

obras: 69 do sexo masculino e 52 do

feminino

Descrever e analisar como se

relacionam os construtos

comprometimento organizacional e

gênero em empresas do segmento da

construção civil em Belo Horizonte.

Dimensão instrumental teve médias indicando pouca importância

para ambos os sexos. Homens se

comprometem mais afetivamente. Mulheres mais comprometidas ocupam cargos

técnicos e de estágio.

Meyer e Allen

QVT= Qualidade de vida total. Fonte: Adaptado de Genelhu (2004).

Page 38: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

38

As pesquisas apresentadas buscaram evidenciar a correlação existente entre as

variáveis independentes (elaboradas ou expressas pelos indivíduos sob a forma

de comportamentos, fatores, características pessoais, práticas organizacionais e

programas de incentivos, entre outros) e as variáveis dependentes, traduzidas

pelo comprometimento organizacional em suas diversas dimensões e enfoques. 2.1.1.2 Algumas pesquisas internacionais

Os estudos realizados por Dias (2005) mostram as tendências das pesquisas

internacionais mais recentes sobre o comprometimento organizacional,

enfatizando as características das investigações e os procedimentos

metodológicos utilizados pelos pesquisadores. Essas pesquisas, em sua maioria,

são descritivas, de corte transversal e têm utilizado o survey para a coleta dos

dados. Esse método é definido por Fink e Kosecoff (1985) como um método para

coletar informações de pessoas acerca das suas ideias, sentimentos, planos,

crenças e origem social, educacional e financeira, com ampla aplicação nas mais

diversas áreas das Ciências Sociais. O QUADRO 4 exibe uma síntese das

pesquisas elencadas por Dias (2005):

QUADRO 4

Comprometimento organizacional: pesquisas internacionais

Pesquisador Ano Empresa Pesquisada

Objetivos da Pesquisa

Resultados da Pesquisa

Modelo de Pesquisa

Payne, Huffman

2005 Oficiais das Forças

Armadas dos Estados Unidos

Analisar a influência da mentoria no

comprometimento organizacional e no

turnover.

Verificou que a variável mentoria apresentava

correlação positiva com comprometimento afetivo e instrumental e negativa

com turnover.

Meyer e Allen

Turner, Chelladurai

2005 Universidades americanas

Examinar o grau de comprometimento organizacional dos coaches dos atletas universitários com

suas organizações e com sua ocupação.

Verificou que os departamentos dos

atletas universitários deveriam se preocupar mais com o aumento do comprometimento dos

coaches c/a organização, visando retê-los na

própria organização.

Meyer e Allen

Page 39: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

39

Continua QUADRO 4

Pesquisador Ano Empresa Pesquisada

Objetivos da Pesquisa

Resultados da Pesquisa

Modelo de Pesquisa

Dixon, et al. 2005 Quatro universidades

de várias regiões

geográficas dos Estados Unidos

Investigar fatores relacionados ao

comprometimento organizacional

afetivo de estudantes

universitários internos.

Concluiu que as características do

trabalho são o fator mais importante no desenvolvimento do comprometimento

organizacional afetivo.

Meyer e Allen; I

verson et al.;

Greenhaus, Parasuramam

e Wormley

Foote et al. 2005 Uma fábrica de manufatura rural

Propor novo construto de

comprometimento - da política - e

examinar a influência da

atitude, da clareza e do conflito de

papéis sobre esse comprometimento e

sua influência sobre o

comportamento do cidadão.

Revelou, por meio de técnicas de

modelagem por equação estrutural:

atitudes transparentes no desempenho do cargo influenciavam positivamente o grau de comprometimento da política. E que a

política de comprometimento

influenciava positivamente a consciência e a virtude cívica.

Meyer e Allen

Brockner et al. 2004 Estudo 1 - uma organização que

tinha sofrido o processo de downsizing e

outra, não

Estudo 2 - organização que reduziu em 25% seu quadro de funcionários

Estudo 1 - examinar o grau

percebido de ameaça ao bem-

estar dos empregados no

ambiente de trabalho pós-

demissão.

Estudo 2 - investigar o nível

de controle percebido pelos

empregados.

Estudo 1 - o impacto negativo das

demissões sobre comprometimento organizacional dos sobreviventes era reduzido quando o

controle percebido era relativamente alto.

Estudo 2 - o controle

percebido foi mais fortemente

relacionado ao comprometimento organizacional dos

empregados na presença do que na

ausência de demissões e ao desempenho no

trabalho dos sobreviventes qdo.

esses vivenciaram um ambiente pós-

demissão como mais ameaçador.

Mowday, Porter e Steers;

Spreitzer

Page 40: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

40

Continua QUADRO 4 Pesquisador Ano Empresa

Pesquisada Objetivos da

Pesquisa Resultados da

Pesquisa Modelo de Pesquisa

Baird’ Onlineissn

2004 Brownfield site e Greenfield site

Estudar relações industriais e sistemas de comprometimento nos sites Brownfield (Villawood, Sidney) e Greenfield (Labrador,

Brisbane, USA).

Demonstrou que o site greenfield australiano,

embora modelado sobre o site americano,

mostrou-se diferente e mais avançado em

termos de maturidade da equipe e da organização

do trabalho.

Mowday et al.

Joiner, Bartram, Garreffa

2004 Duas subsidiárias australianas

Examinar as relações entre mentoria,

sucesso de carreira, comprometimento organizacional e o

efeito das intenções de turnover.

Constatou complexas relações entre mentoria

formal, comprometimento

organizacional, sucesso de carreira e intenções

de deixar a organização. Resultados sugerem que um programa formal de mentoria deve aumentar as percepções sobre o sucesso de carreira,

intensificar o comprometimento

organizacional e reduzir a intenção de deixar a

organização.

Noé;

Mowday, Porter e Steers;

Turban e

Daugherty;

Price e Mueller

Janssen 2004 91 escolas secundárias

Investigar o efeito barreira do conflito com

os superiores no relacionamento entre

empowerment e o resultado do

comprometimento organizacional.

Demonstrou que o empowerment

psicológico no local de trabalho interage com outras experiências do empregado e tem seus

efeitos no comprometimento de um

empregado com a organização.

Spreitzer;

Mowday, Porter e Steers

Cunningham, Mahoney

2004 Divisão I do Departamento

Atlético da Texas A&M University

Examinar o impacto do comprometimento organizacional e a

validade da motivação sobre o treinamento e, em seguida, o impacto

da motivação do treinamento sobre a

eficácia do pós-treinamento.

Constatou a importância da motivação do

treinamento qto. aos resultados do

treinamento. A importância da

motivação baseia-se na noção de que

participantes motivados serão mais receptivos ao material de treinamento, terão atenção redobrada

e estarão mais bem preparados para

apreender o material do treinamento.

Equação estrutural;

LISREL

Page 41: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

41

Continua QUADRO 4 Pesquisador Ano Empresa

Pesquisada Objetivos da

Pesquisa Resultados da

Pesquisa Modelo de Pesquisa

Bridges, Harrison

2003 22 empresas do norte da

Carolina (USA)

Examinar o impacto das percepções dos empregados do foco

dos stakeholders sobre seu

comprometimento com a organização.

Constatou que os empregados acreditam que outros stakeholders recebem maior foco e que essas crenças são

significativamente correlacionadas com o comprometimento do

empregado com a organização.

Meyer e Allen

Blau 2003 Laboratórios, diferentes

organizações da área de saúde e Universidade de

Chicago

Testar uma estrutura de quatro dimensões do comprometimento

ocupacional.

Verificou que as duas dimensões do fortalecimento

ocupacional - custos acumulados e

alternativas limitadas - podem ser integradas a uma estrutura de quatro dimensões do construto

comprometimento ocupacional.

Meyer, Allen e Smith;

Spector;

Blau e Ryan;

Hackman e

Oldham

Fuller, Barnett 2003 Lojas de conveniência

Examinar a relação entre suporte

organizacional percebido e

comprometimento organizacional, na

perspectiva da teoria da identidade social.

Constatou que: a) para os empregados da loja de conveniência

dos USA, o suporte organizacional

percebido devia estar parcialmente

relacionado ao comprometimento

organizacional, pelo seu impacto na autoestima

organizacional; b) a teoria do suporte

organizacional devia beneficiar-se da expansão de seu

fundamento teórico para incluir a perspectiva da

identidade social.

Eisenberger et al.;

Mowday, Porter e Steers

Siu 2003 Empresas públicas e

privadas de Hong Kong

Investigar os efeitos diretos e moderados

dos valores do trabalho dos chineses e do comprometimento organizacional sobre a

relação estresse e desempenho no

trabalho.

Demonstrou que os valores do trabalho

chinês e do comprometimento organizacional são

moderadores da relação estresse e desempenho. A relação positiva entre

valores do trabalho chinês e desempenho

no trabalho foi demonstrada nas duas

amostras.

Evers, Frese e Cooper;

Meyer, Allen

e Smith;

Huang, Eveleth e

Huo

Page 42: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

42

Continua QUADRO 4

Pesquisador Ano Empresa Pesquisada

Objetivos da Pesquisa

Resultados da Pesquisa Modelo de Pesquisa

Agarwala 2003 Sete organizações

Explorar a relação de três dimensões das práticas inovadoras

de recursos humanos (IHRPs): a extensão

da introdução de IHRPs, sua

importância para a consecução da meta

organizacional e a satisfação com sua

implementação.

Verificou que a extensão percebida de introdução de

práticas inovadoras de recursos humanos pelas

organizações era o preditor mais significativo do comprometimento

organizacional.

Escala de quatro pontos;

Porter e Smith

Snape, Redman

2003 The Chartered Institute of

Personnel and Development

(CIPD)

Avaliar o modelo de comprometimento

ocupacional de Meyer, Allen e Smith,

a partir de uma amostra de 678 especialistas da

Gerência de Recursos Humanos.

Constatou que comprometimentos afetivo e

instrumental possuíam relação negativa com

cognições de afastamento ocupacional, enquanto

comprometimento normativo mostrou relação negativa

com cognições de afastamento, somente qdo.

o comprometimento instrumental era baixo. Os

comprometimentos afetivo e normativo foram

relacionados à intenção de participar em atividades

profissionais. Comprometimento

instrumental não teve relação significativa com intenção de participar em atividades profissionais.

Meyer et al.

Fonte: Adaptado de Dias (2005).

As pesquisas descritas demonstram a flagrante preferência dos pesquisadores

pelo tratamento quantitativo dos dados, com a utilização de estatísticas

avançadas, como análise multivariada e modelagem por equações estruturais.

Finda a apresentação do construto comprometimento organizacional, que se

constitui o foco de interesse deste trabalho, o subitem seguinte aborda a revisão

de literatura do construto cultura organizacional, que fundamenta a proposição do

modelo de investigação contida na metodologia.

Page 43: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

43

2.2 Cultura organizacional

Esta seção trata do conceito geral de cultura e das origens da palavra, para

depois ser apresentado levantamento bibliográfico dos modelos de cultura

organizacional. 2.2.1 Cultura: conceituação

Segundo Santos (2005, p.25), o conceito de cultura surgiu e desenvolveu-se a

partir da segunda metade do século XIX, em consequência a polêmicas sobre a

suposta superioridade da cultura de algumas sociedades, principalmente a

ocidental.

As pesquisas realizadas por Malinowski (1927), Mead (1928) e Benedict (1972),

que analisam as culturas “primitivas”, demonstram que estas possuíam estruturas

complexas, lógicas e orgânicas, assegurando a existência e sobrevivência de

seus portadores.

Na Antropologia, a cultura é concebida como um conjunto de significados

compartilhados em determinados cenários, fazendo, assim, uma ligação entre o

entendimento de cultura e a forma como esta leva a ações que visam à

compreensão da influência do ambiente em diferentes contextos.

De acordo com Carvalho e Ronchi (2005, p. 9), a Antropologia interpreta a cultura

como algo constituído de pressupostos e artefatos formadores de um conjunto de

simbologias, que devem ser partilhados pelos seus membros, levando à

compreensão do que é “cultura”. Aktouf (1996, p.49) acredita que a “cultura” é um

conjunto complexo e multidimensional de praticamente tudo o que se constitui na

vida em comum nos grupos sociais.

A cultura, como conceito, tem longa e diversificada história (SCHEIN, 2009, p. 7).

Ela tem sido usada pelos advogados (como uma palavra para indicar

sofisticação), antropólogos (para referir-se aos costumes e rituais que as

Page 44: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

44

sociedades desenvolvem no curso de sua história), pelos pesquisadores

organizacionais e gerentes (para se referir ao clima e às práticas que as

organizações desenvolvem ao lidar com pessoas ou aos valores expostos e ao

credo de uma organização).

Observa-se, na literatura, que as palavras comumente usadas em relação à

cultura enfatizam a ideia de que certas coisas nos grupos são compartilhadas ou

assumidas em comum. As principais categorias observadas são mostradas no

QUADRO 5.

QUADRO 5

Várias categorias usadas para descrever cultura

CATEGORIAS DESCRIÇÃO AUTORES Regularidades comportamentais observadas quando as pessoas Interagem

A linguagem que usam, os costumes e tradições que

desenvolvem e os rituais que empregam em ampla variedade

de situações.

Goffman (1959; 1967) Jones, Moore e Snyder (1988) Trice e Beyer (1993; 1985) Van Maanem (1979b)

Normas do grupo Os padrões e valores implícitos que se desenvolvem em grupos

de trabalho.

Homans (1950) Kilmann e Saxton (1983)

Valores expostos Princípios e valores articulados, publicamente anunciados, que o grupo declara ao tentar interagir.

Deal e Kennedy (1982; 1999)

Filosofia formal Políticas amplas e princípios ideológicos que orientam as ações de um grupo qto. a

acionistas, funcionários, clientes e outros stakeholders.

Ouchi (1981) Pascale e Athos (1981) Packard (1995)

Regras do jogo Regras implícitas, não escritas, difundidas por toda a

organização.

Schein (1968; 1978) Van Maanem (1979a; 1979b) Ritti e Funkhouser (1987)

Clima

Sentimento transmitido em um grupo pelo layout físico e o modo como os membros

interagem entre si, com clientes e outros públicos externos.

Ashkanasy, Wilderom e Peterson (2000)

Schneider (1990) Tagiuri e Litwin (1968)

Habilidades natas Competências especiais demonstradas pelos membros de

um grupo para realizar certas tarefas, habilidades de fazer certas coisas que passam de

geração a geração sem necessariamente estarem

articuladas por escrito.

Argyris e Schon (1978) Cook e Yanow (1993) Henderson e Clark (1990) Petters e Waterman (1982)

Page 45: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

45

Continua QUADRO 5 CATEGORIAS DESCRIÇÃO AUTORES

Hábitos de pensar, modelos mentais e paradigmas lingüísticos

Modelos cognitivos compartilhados que orientam as percepções, o

pensamento e a linguagem usada pelos membros de um grupo e

ensinada aos novos membros no início da socialização.

Douglas (1986) Hofstede (1991) Van Maanen (1979b) Senge et al. (1994)

Significados compartilhados

Entendimentos emergentes criados por membros do grupo à medida que interagem entre si.

Geertz (1973) Smircich (1983) Van Maanen e Barley (1984) Weick (1995)

Metáforas raízes ou símbolos de integração

As formas pelas quais os grupos se desenvolvem, que podem ou

não ser apreciadas conscientemente, mas tornam-se inseridos nos prédios, layouts de

escritórios e outros artefatos materiais do grupo.

Gagliardi (1990) Hatch (1990) Pondy, Frost, Morgan e

Dandridge (1983) Schultz (1995)

Rituais e celebrações formais

Maneiras pelas quais um grupo celebra eventos-chave que

refletem valores importantes ou “passagens” importantes dos

membros.

Deal e Kennedy (1982; 1999) Trice e Beyer (1993)

Fonte: adaptado de Schein (2009, p. 12-13).

Schein (1992) propõe 10 elementos que, segundo ele, são as principais

categorias associadas à cultura: regularidades comportamentais observáveis

quando as pessoas interagem; normas de grupo; valores expostos; filosofia

formal; regras do jogo; clima; habilidades incorporadas; hábitos de pensamento,

modelos mentais e/ou paradigmas linguísticos; significados compartilhados; e

metáforas ou símbolos integrativos.

A primeira categoria, denominada regularidades comportamentais observáveis

quando as pessoas interagem, refere-se à linguagem utilizada, às tradições e aos

costumes que evoluem e aos rituais empregados em extensa variedade de

situações.

A categoria normas de grupo trata dos padrões implícitos e os valores que

evoluem em grupos de trabalho.

Page 46: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

46

Os valores expostos são os princípios e valores articulados e publicamente

anunciados, que o grupo proclama estar tentando atingir, tais como qualidade do

produto ou liderança em preço.

A quarta categoria - filosofia formal - aborda os princípios ideológicos e as

políticas que guiam as ações do grupo em relação aos acionistas, clientes e

outros stakeholders.

Regras de jogo tratam das regras implícitas para ser bem-sucedido na

organização, os macetes que um recém-chegado deve aprender para ser aceito

pelo grupo.

O sentimento que é gerado num grupo pelo layout físico e o modo como os

membros da organização interagem uns com os outros, com clientes ou

estranhos refere-se à categoria clima.

A sétima categoria, denominada habilidades incorporadas, engloba as

competências especiais que os membros do grupo demonstram ao realizar

determinadas tarefas e a habilidade de fazer coisas, que são passadas de

geração para geração sem necessariamente estarem articuladas por escrito.

Hábitos de pensamento, modelos mentais e/ou paradigmas linguísticos

representam as estruturas cognitivas compartilhadas que guiam as percepções,

pensamentos e linguagem usados pelos membros de um grupo e são aprendidas

pelos novos membros no processo de socialização inicial.

Os significados compartilhados referem-se ao entendimento tácito que emerge

quando os membros do grupo interagem.

A 10ª e última categoria, conceituada de metáforas ou símbolos integrativos, é

responsável pelas ideias, sentimentos e imagens que os grupos desenvolvem

para se caracterizar, podendo ser ou não apreciados conscientemente, mas estão

incorporados em edifícios, layout dos escritórios e outros artefatos materiais do

grupo (SCHEIN, 1992, p. 7).

Page 47: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

47

Embora apresentem poucas diferenças em seu rol de elementos, é perceptível

que, uma vez entendida como cultura, a ação passa a ser compartilhada,

profunda e estável. Schein (1992, p. 10) observa que a “cultura de alguma forma

implica que os rituais, clima, valores e comportamentos aglutinam-se num todo

coerente”. Segundo ele, essa padronização ou integração é a essência do que se

entende por cultura.

Todos esses conceitos mencionados relacionam-se à cultura ou refletem a cultura

no que se refere ao que os membros do grupo compartilham ou assumem em

comum, mas nenhum deles pode, ultimamente, ser imaginado como “a cultura” de

uma organização ou grupo.

2.2.2 O construto cultura organizacional

O construto cultura organizacional originou-se na Administração a partir da

década de 80. Desde sua incorporação no meio científico tem sido objeto de

investigação e alvo de numerosos estudos nas décadas subsequentes (GOMIDE

JÚNIOR; MARTINS, 1997; OLIVEIRA,1997).

Entretanto, o mesmo é carente de consenso acerca de definição, o que pode ser

devido ao fato do tema ser transposto de outras ciências e permitir várias

conceituações quando aplicado ao estudo do comportamento organizacional

(OLIVEIRA, S., 1997; 2001; OTT, 1989). Há, na literatura, concordância entre os

autores de que a cultura organizacional inclui a própria concepção genérica de

cultura – “complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições

e de outros valores espirituais e materiais transmitidos coletivamente e

característicos de uma sociedade” (FERREIRA, 1986).

Henry (2006) define a cultura organizacional como uma ampla concepção que

envolve noções de crenças, valores, suposições e significados importantes.

Segundo o autor, a cultura engloba elementos em camadas ao longo de contínua

subjetividade e acessibilidade.

Page 48: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

48

Para Hofstede et al. (1990), a cultura organizacional é adquirida e não herdada,

está relacionada com a história e tradição da organização, possui profundidade, é

de difícil decifração e explicação (devendo ser interpretada), é de natureza

coletiva, compartilhada e ideacional, refere-se a valores, crenças, conhecimentos

dentre outros aspectos e, finalmente, é holística e subjetiva.

No tocante à área do comportamento organizacional, o construto cultura

apresenta diversas propostas de conceituação. Segundo Pettigrew (1979), a

cultura organizacional consiste num sistema de significados pública e

coletivamente aceitos por determinado grupo em certo período de tempo. De

acordo com esse autor, o sistema de termos, formas, categorias e imagens que

compõem a cultura tem como função fornecer aos membros interpretações de

suas próprias situações.

Quanto às organizações, a cultura organizacional é a base que move as ações

dos indivíduos, por meio dos valores, crenças, mitos, histórias etc., os quais são

compartilhados pelos seus membros, construindo-se, assim, o ambiente

organizacional, sendo a cultura organizacional também influenciadora do

comportamento organizacional e informacional desse ambiente. Robbins e

Decenzo (2004) classificam a cultura organizacional em forte ou fraca. Nesse

sentido, é tida como forte quando os valores são compartilhados intensamente

pela maioria dos funcionários e influenciam comportamentos e expectativas; e

considerada fraca quando não tem o poder de fazer com que as pessoas se

comportem de maneira coesa no que diz respeito aos interesses da organização.

Berger e Luckman (1966, p. 35) argumentam que “a vida cotidiana apresenta-se

como uma realidade interpretada pelos homens e subjetivamente dotada de

sentido para eles na medida em que forma um mundo coerente”. Desse modo, no

contexto das organizações, a cultura organizacional é interpretada subjetivamente

pelos indivíduos, influenciando de modo individual os mesmos.

Para Morgan (1998, p. 173), “muitos aspectos da cultura organizacional,

especialmente a hierarquia e as divisões departamentais, influenciam a maneira

como flui a informação”. Desse modo, fica evidenciada a força que a cultura

Page 49: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

49

organizacional pode exercer no modo como a informação é trabalhada no

contexto organizacional. Além disso, ressalta-se que, nesses ambientes

competitivos, muitas vezes a informação é vista como “poder”. Logo, os membros

são resistentes quanto a alguns aspectos culturais importantes, como o

compartilhamento e socialização da informação, ficando então receosos da perda

desse suposto “poder”.

Um dos autores mais referenciados quando o tema é abordado define cultura

organizacional como:

O conjunto de pressupostos básicos que um grupo inventou, descobriu ou desenvolveu ao aprender como lidar com os problemas de adaptação externa e integração interna e que funcionaram bem o bastante para serem considerados válidos e ensinados a novos membros como a forma correta de perceber, pensar e sentir em relação a esses problemas (SCHEIN, 1992, p. 12).

Apesar da diversidade conceitual, Ott (1989) destaca algumas características

consensuais sobre cultura organizacional: a cultura de uma organização é algo

parecido com a cultura social; ela é composta de valores, crenças, pressupostos,

percepções, artefatos, normas e padrões de comportamentos; é socialmente

construída, invisível e subjacente às atividades organizacionais; constitui uma

energia social que impele os membros organizacionais à ação; atua como

unificador fornecendo significado, direção e mobilização para os membros da

organização; representa um mecanismo de controle informal, aprovando ou

proibindo comportamentos.

Freitas (2005, p.97) compreende cultura organizacional como um instrumento de

poder e um conjunto de representações imaginárias sociais que:

[...] se constroem e reconstroem nas relações cotidianas dentro da organização e que se expressam em termos, valores, normas, significados e interpretações, visando um sentido de direção e unidade, tornando a organização fonte de identidade e de reconhecimento para seus membros.

Por tal afirmação infere-se que a cultura organizacional, além de construir o

imaginário de um determinado grupo, também estabelece as relações de poder

Page 50: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

50

na organização, uma vez que o entendimento da cultura organizacional propicia

conhecer como os indivíduos atuam na organização, seus anseios,

comportamentos, fornecendo uma base para a gestão de contextos relacionados

aos indivíduos. A cultura organizacional é constituída de alguns elementos, como:

Valores: representam a essência da filosofia da organização para se atingir

o sucesso, pois eles fornecem senso de direção comum para todos os

empregados e guia para o comportamento diário.

Crenças e pressupostos básicos: aquilo que é tido como verdade na

organização. São inquestionáveis. São os pressupostos, e não os valores,

os pontos centrais da cultura. Quando uma organização resolve seus

problemas coletivos, esse processo inclui alguma visão de mundo, algum

mapa cognitivo, algumas hipóteses sobre a realidade. E se o sucesso na

resolução dos problemas ocorre, aquela visão de mundo passa a ser

considerada correta ou válida.

Ritos, rituais e cerimônias: são exemplos de atividades planejadas que têm

consequências práticas e expressivas, tornando a cultura organizacional

mais tangível e coesa. Esses elementos são responsáveis pela

comunicação clara da maneira como as pessoas devem se comportar,

como os procedimentos são executados, guiam os comportamentos

considerados adequados a partir da dramatização dos valores, fornecem

senso de segurança e identidade comum, entre outros.

Estórias e mitos: as estórias são narrativas baseadas em eventos que

informam sobre a organização, reforçam o comportamento existente e

enfatizam como esse comportamento se ajusta ao ambiente

organizacional. Os mitos se referem a estórias consistentes com os valores

da organização, porém não sustentadas pelos fatos.

Tabus: também cumprem o papel de orientar o comportamento,

demarcando áreas de proibições. Os tabus colocam em evidência o

aspecto disciplinar da cultura, com ênfase no não permitido.

Heróis: personificam os valores e condensam a força da organização. São

os responsáveis pela criação da organização, pois têm a “coragem e

persistência de fazer aquilo que todos almejam, porém têm medo de tentar”

[...] Esse elemento tem por função tornar o sucesso atingível e humano.

Page 51: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

51

Fornece modelos, simboliza a organização para o mundo exterior, preserva

o que a organização tem de especial, estabelece padrões de desempenho

e motiva os empregados.

Normas: são maneiras de se fazerem as coisas de acordo com certas

expectativas a respeito do comportamento das pessoas, que influenciam

os membros da organização. É todo o comportamento esperado, aceito ou

apoiado pelo grupo, esteja tal comportamento fixado formalmente ou não.

Comunicação: a partir da qual são transmitidas mensagens-transações

simbólicas significativas. O comportamento que reflete esses significados é

transformado em modelo, que assume sentidos gerais ou específicos para

os atores envolvidos [...] As culturas são criadas, sustentadas, transmitidas

e mudadas com base na interação social. O processo de comunicação

inerente às organizações cria uma cultura, revelando suas atividades

comunicativas (FREITAS, 1991 apud COLLARES, 2002, p. 46-47).

Observam-se diferenças entre os autores, muitos têm fundamentação sociológica

e baseiam-se no que é visível, nas interações. Outros, como Schein (1992), vão

além, trabalhando com o aspecto psicológico, tratando dos pressupostos básicos,

que são inconscientes. para o desenvolvimento do construto cultura

organizacional, utilizou-se como marco teórico Edgard Schein.

Concluída a apresentação relativa à cultura organizacional, o próximo capítulo

aborda os aspectos metodológicos.

Page 52: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

52

3 METODOLOGIA

Este capítulo trata dos procedimentos metodológicos, visando responder ao

problema e aos objetivos da pesquisa. Começa com a caracterização da

pesquisa. Em seguida, define a população e a amostra. Descreve, ainda, os

instrumentos e as estratégias de coleta de dados.

3.1 Caracterização da pesquisa

Propôs-se para este estudo a abordagem quantitativa, que é definida como:

[...] o tipo de pesquisa que, como o próprio termo indica, quantifica opiniões, dados, na forma de coleta de informações, assim como também o emprego de recursos e técnicas estatísticas desde as mais simples [...] até as de uso mais complexo, normalmente utilizadas nas defesas de tese (OLIVEIRA, S., 1997, p. 115).

Em relação ao método do estudo, Gil (1994, p. 27) salienta que “[...] é o conjunto

de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingir o

conhecimento”. Dessa maneira, esta pesquisa utiliza o método descritivo, pois

buscou descrever o comportamento dos indivíduos em relação aos fenômenos

comprometimento e cultura organizacionais, além de detalhar os fatos das

relações que porventura existissem entre eles.

No que se refere aos meios de investigação, a pesquisa baseou-se no estudo de

caso. Segundo Vergara (2000, p. 49), o mesmo é circunscrito a uma ou poucas

unidades, entendidas estas como: uma pessoa, família, produto, empresa, órgão

público, comunidade ou país, com caráter de profundidade e detalhamento.

3.2 Unidade de análise da pesquisa

Para esta pesquisa, o objeto de estudo foram 35 colaboradores da empresa

Fluilab Ltda., prestadora de serviços de análises de materiais e fluidos isolantes.

Page 53: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

53

A empresa, localizada em Contagem-MG, foi fundada há mais de oito anos e atua

basicamente no setor elétrico brasileiro. Seus principais clientes são as

concessionárias de energia do sistema Eletrobrás e também do setor privado, tais

como: indústrias de médio e grande porte.

Apesar de ser basicamente um laboratório de análises químicas, a Fluilab avalia,

a partir de seus diagnósticos, a segurança e confiabilidade de equipamentos com

importância vital para o setor elétrico brasileiro, entre eles os transformadores e

reatores de potência utilizados na geração, transformação e transmissão de

energia elétrica. A importância de suas atividades está baseada na premissa de

que o fornecimento de energia elétrica reflete-se diretamente na economia e no

desenvolvimento social da região suprida. Portanto, os prejuízos ocasionados

pela sua indisponibilidade não ficam restritos apenas ao consumidor final atingido,

mas, com mais ou com menos intensidade, todos os agentes estão envolvidos em

seu fornecimento. Sob esse aspecto, o desenvolvimento de novas ferramentas

que possibilitem a supervisão e a manutenção do sistema é de muita importância

para o setor elétrico, tanto por suas consequências funcionais, como pelo impacto

econômico, que representa uma falha nesses equipamentos.

As análises de materiais e físico-químicas dos fluidos isolantes, bem como o

diagnóstico obtido, são o principal produto oferecido pela empresa, que em

função do mercado globalizado vem atuando em todas as regiões do Brasil e

América Latina.

A escolha dessa empresa deveu-se primeiramente ao seu ramo de atividade, já

que quase todos os estudos em comprometimento e cultura organizacionais

contemplam outras áreas econômicas. Outro fator que acabou sendo importante

na escolha da unidade empírica refere-se à facilidade de acesso à organização,

seus profissionais e informações, visto que este é fator crítico para a obtenção de

dados representativos da unidade pesquisada.

Para atender aos objetivos desta pesquisa, foram investigados profissionais de

dois departamentos, sendo eles: da área técnica, tais como analistas, técnicos,

engenheiros químicos e elétricos, bem como especialistas das atividades de

Page 54: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

54

campo; e da área administrativa, tais como gerentes, coordenadores, assistentes

e auxiliares. Visando preservar a confidencialidade da análise de maneira a não

expor os funcionários, os mesmos foram distribuídos em ordem aleatória.

3.3 Escolha das abordagens e escalas

Definiu-se, para a coleta de dados, o questionário, por ser este um meio útil e

eficaz para obtenção de informações em intervalo de tempo relativamente curto

(GIL, 2002, p. 68).

Na condução deste trabalho, foram utilizados dois questionários, sendo que, para

o tema comprometimento organizacional, foi feito o uso do instrumento Escala de

Bases do Comprometimento Organizacional EBACO (ANEXO A), aplicada

inicialmente por Medeiros (2003). O referido modelo serviu como marco teórico

para esta pesquisa na dimensão do comprometimento.

Em relação à cultura organizacional, o questionário utilizado foi o IBACO (ANEXO

B), desenvolvido por Ferreira et al. (2002) em consonância com a teoria de

Schein, que foi utilizada como marco para essa variável.

3.3.1 Escala de Bases do Comprometimento Organizacional

A pesquisa do comprometimento vem utilizando modelos de múltiplas bases para

mensurar o comprometimento organizacional. Segundo Medeiros (2003), o que

vem ocorrendo é que esses modelos não têm encontrado ajuste preciso às

diferentes culturas em que são testados.

Como forma de preencher essa lacuna de identificação e até mesmo mensuração

das bases do comprometimento organizacional, foi desenvolvida a Escala de

Bases do Comprometimento Organizacional (EBACO), aplicada pela primeira vez

por Medeiros (2003).

Page 55: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

55

A EBACO foi projetada para mensurar sete bases do comprometimento

organizacional: afetiva; obrigação de permanecer; obrigação pelo desempenho;

afiliativa; falta de recompensas e oportunidades; linha consistente de atividade; e

escassez de alternativas. Essa ampliação do número de bases de

comprometimento surge de estudos sobre a dimensionalidade das bases

instrumental e normativas, com evidência de que essas duas bases são

integradas por fatores empírica e conceitualmente distintos.

A escala é composta de 28 itens, sendo quatro para cada uma das sete bases,

respectivamente. No QUADRO 6 estão descritas as bases do comprometimento

organizacional e algumas de suas principais fundamentações teóricas.

QUADRO 6

Bases do comprometimento organizacional e fundamentação teórica

Bases Fundamentação teórica da base

Afetiva Comprometimento afetivo (MOWDAY; PORTER; STEERS, 1982); congruência de valores (KELMAN, 1958); introjeção (GOULDNER, 1960); envolvimento moral (ETZIONI apud MOWDAY; PORTER; STEERS, 1982); adesão (THÉVENET apud SÁ; LEMOINE, 1998).

Obrigação de permanecer Normativo (MEYER; ALLEN, 1991).

Obrigação pelo desempenho

Pressões normativas (WIENER, 1982; JAROS et al., 1993); controle (KANTER apud MOWDAY; PORTER; STEERS, 1982).

Afiliativa Identificação (KELMAN, 1958); integração (GOULDNER, 1960); identificação (BECKER, 1992); coesão (KANTER apud MOWDAY; PORTER; STEERS, 1982); afiliativa (MEDEIROS; ENDERS, 1999).

Falta de recompensas e oportunidade

Envolvimento calculativo (ETZINONI apud MOWDAY; PORTER; STEERS, 1982); oportunidade (THÉVENET apud SÁ; LEMOINE, 1982); recompensas (BECKER, 1992).

Linha consistente de atividade

Trocas laterais (BECKER, 1960; HREBINIAK; ALUTTO, 1972).

Escassez de alternativas Continuação (MEYER; ALLEN, 1991). Fonte: Siqueira et al. (2008, p. 62).

Page 56: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

56

Para validação da EBACO, foram reunidos 819 casos. Os dados recolhidos foram

submetidos à análise dos componentes principais. Dessa análise emergiram os

sete fatores, conforme QUADRO 6, que explicam 61,8% da variância total.

3.3.2 Instrumento brasileiro para avaliação da cultura organizacional

O IBACO “objetiva avaliar a cultura organizacional por meio dos valores e das

práticas que a tipificam, segundo a percepção de seus membros” (FERREIRA;

ASSMAR, 2008, p. 129). Esse instrumento resultou de um estudo empírico por

meio do qual foram validados os seus fatores, itens, sua escala de respostas e as

instruções.

A versão reduzida do IBACO foi elaborada a partir dos itens que apresentaram as

maiores cargas fatoriais na versão original, mantendo-se as qualidades

psicométricas do mesmo. As 30 afirmativas são distribuídas igualmente entre três

fatores de valores, sendo eles: profissionalismo cooperativo, profissionalismo

competitivo e promoção e relacionamento interpessoal.

Utilizando a escala de Likert de 1 a 5 (sendo 1= não se aplica de modo algum; 2=

pouco se aplica; 3= aplica-se razoavelmente; 4= aplica-se bastante e 5= aplica-se

totalmente), “[...] quanto maior o resultado, maior o grau em que o valor ou prática

organizacional mensurada pelo fator encontra-se presente na organização

avaliada” (FERREIRA; ASSMAR, 2008, p. 132).

Foram também inseridas nove questões que visam a conhecer o perfil

demográfico e profissional dos respondentes.

3.4 Estratégia de coleta de dados

Para o bom aproveitamento dos questionários, eles foram entregues e

preenchidos pelos grupos pesquisados, nas próprias instalações da organização -

em uma sala destinada para treinamento.

Page 57: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

57

As instruções de preenchimento foram lidas e explicadas pela própria

pesquisadora, devido ao nível de complexidade das instruções de preenchimento

contidas nos instrumentos, as quais, se não bem compreendidas, poderiam gerar

preenchimento não adequado e, por conseguinte, a impossibilidade de sua

utilização ou, ainda, um viés nos resultados apurados.

É importante, também, sublinhar que, visando evitar maiores vieses nos

resultados da pesquisa, decorrentes de possível hesitação ou temor por parte dos

funcionários da organização em responder àquelas perguntas dos questionários

que avaliam questões mais delicadas na relação funcionário-empresa, foi mantido

o anonimato de todos os respondentes, conforme recomendado por Hackman e

Oldhamam (1980).

Finalmente, vale destacar que foi aplicado um pré-teste, com o objetivo de

verificar se as instruções de preenchimento estavam claras, bem como o

entendimento das questões e da semântica utilizados. Participou do pré-teste um

grupo de seis funcionários da organização e posteriormente procedeu-se à

adequação dos questionários.

Page 58: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

58

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Este capítulo apresenta os resultados obtidos na pesquisa de campo realizada

com todos os empregados da parte técnica e administrativa da empresa Fluilab

Ltda., totalizando 35 pessoas entrevistadas.

O desenvolvimento da análise se fez a partir da apresentação de tabelas de

frequências, demonstrando o perfil dos empregados, sintetizado pelas variáveis

sexo, número de filhos faixa etária, estado civil, faixa salarial mensal, último curso

realizado, tempo de atividade na empresa e renda média mensal,

Em seguida, apresenta-se a análise dos questionários sem resposta, o cálculo do

coeficiente alfa de Cronbah nas respectivas dimensões dos construtos estudados,

ou seja, comprometimento e cultura organizacioanais, com o propósito de

identificar a validação dos questionários.

Nas questões referentes ao comprometimento e à cultura, analisou-se a

normalidade dos dados; e na forma descritiva foram calculadas as médias,

medianas e desvios-padrão. Em função da não normalidade evidenciada nas

respostas, os testes de hipóteses utilizados foram os não paramétricos,

assegurando, desta forma, os pressupostos das hipóteses estatísticas para

aplicação dos testes.

Ressalta-se que, em função do reduzido número de observações em relação à

quantidade de variáveis analisadas, a análise pelas técnicas estatísticas

multivariadas não puderam ser aplicadas neste estudo.

As análises estatísticas foram desenvolvidas utilizando-se os softwares SPSS

17.0 e o Microsoft Excel 2003.

Page 59: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

59

4.1 Análise dos dados perdidos

Segundo Hair (2005), os dados perdidos são uma realidade em análise

multivariada; de fato, raramente os pesquisados evitam algum tipo de problema

com dados perdidos.

Assim, o processo de dados perdidos é qualquer evento sistemático externo ao

respondente, tais como erros na entrada de dados ou problemas na coleta de

dados ou, então, a ação direta do respondente, caracterizada pela não resposta.

Neste estudo, apenas dois questionários apresentaram-se incompletos, não

sendo respondidas questões referentes ao setor de ocupação e tempo de serviço

- dois questionários, representando 2,9% de não resposta em cada uma das duas

variáveis (TAB. 1).

TABELA 1

Questionários que apresentaram mais de 5% de perguntas sem respostas

Dados ausentes Variáveis Quantidade Percentual

Sexo 0 ,0 Faixa 0 ,0 Eestado civil 0 ,0 Número de filhos 0 ,0 Faixa salarial 0 ,0 Curso 0 ,0

Setor 1 2,9 Tempo de atividade 1 2,9 Fonte: dados trabalhados no SPSS. Obs.: Total de questionários respondidos totalizam 35.

Quanto ao teste para análise dos dados perdidos, comparou-se o verdadeiro

padrão dos dados perdidos com o que se esperaria se estes fossem distribuídos

totalmente ao acaso (HAIR, 2005, p. 68). Nesta pesquisa, na verificação de dados

perdidos não foi aplicado o teste, uma vez que o percentual de dados ausentes

não chegou a 5% do total de questões analisadas.

Page 60: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

60

4.2 Caracterização da amostra

Observou-se que a predominância dos entrevistados é do gênero masculino

(77,1%), conforme demonstrado na TAB. 2.

TABELA 2

Distribuição dos respondentes por gênero

Fonte: dados trabalhados no SPSS.

Essa predominância pode ser justificada pelo fato das coletas - que são serviços

mais pesados - exigirem da empresa a contratação de eletricistas (técnicos) do

sexo masculino.

Pelos dados da TAB. 3, nota-se que 62,9% do total dos pesquisados declararam-

se solteiros, proporção significativamente distante da obtida na frequência de

casados (10%), dado coerente com a faixa etária predominante na amostra.

TABELA 3

Distribuição dos respondentes por estado civil

Estado Civil Frequência Percentual

Solteiro 22 62,9

Casado 10 28,6

Desquitado/divorciado 1 2,9

Separado 1 2,9

Outro 1 2,9

Total 35 100,0 Fonte ; Dados trabalhados no SPSS.

Gênero Frequência Percentual

Masculino 27 77,1

Feminino 8 22,9

Total 35 100,0

Page 61: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

61

Quanto a ter filhos, de acordo com a TAB. 4, mais da metade da totalidade dos

respondentes (74,30%) declarou não os ter, existindo diferença bastante

significativa no percentual de um a três filhos, cujo índice alcançou 25,70%.

TABELA 4

Distribuição do número de filhos

Tempo de Formação Frequência Percentual

Nenhum 26 74,3

De 1 a 3 filhos 9 25,7

Total 35 100,0 Fonte: Dados trabalhados no SPSS.

Os dados da TAB. 5 revelam que a faixa etária da amostra variou de 21 a 50

anos, havendo igualdade, em relação aos participantes, de 21 a 24 anos com os

de 30 a 34 anos, representando 22,9% cada um.

TABELA 5

Distribuição dos respondentes por faixa etária

Faixa etária Freqüência Percentual

Até 21 anos 1 2,9

De 21 a 24 anos 8 22,9

De 25 a 29 anos 10 28,6

De 30 a 34 anos 8 22,9

De 35 a 39 anos 5 14,3

De 40 a 44 anos 2 5,7

De 45 a 50 anos 1 2,9

Total 35 100,0 Fonte: Dados trabalhados no SPSS.

A faixa etária da população pesquisada concentra-se em 74,4%. Tal achado pode

sugerir que a empresa tenha preferência por funcionários mais jovens.

De acordo com a TAB. 6, pode-se observar que 82,9% dos respondentes

possuem escolaridade máxima de ensino médio.

Page 62: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

62

TABELA 6

Distribuição dos respondentes por escolaridade

Escolaridade Frequência Percentual

Ensino fundamental 12 34,3

Ensino médio 17 48,6

Ensino Superior 4 11,4

Especialização 1 2,9

Mestrado 1 2,9

Total 35 100,0 Fonte: Dados trabalhados no SPSS.

A TAB. 7 demonstra que a concentração de pessoas ocorreu no setor técnico,

com 59,5%. Este dado é coerente com o ramo de atividade da Fluilab.

TABELA 7

Distribuição dos respondentes por nível de seu cargo na empresa

Cargo Frequência Percentual

Técnico 29 59,5

Administrativo 5 24,8

Sem resposta 1 2,9

Total 34 100,0 Fonte: Dados trabalhados no SPSS.

Entre os pesquisados, 65,7% recebiam renda mensal de um a dois salários

mínimos, sendo que apenas 31,4% recebiam mais de dois a cinco salários

míninos, conforme TAB. 8. Tal achado é coeso com a faixa etária e nível de cargo

predominantes na amostra.

Page 63: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

63

TABELA 8

Distribuição dos respondentes por faixa salarial

Faixa salarial Frequência Percentual

De 1 a 2 sm 23 65,7

Mais de 2 a 5 sm 11 31,4

Mais de 5 a 10 sm 1 2,9

Total 35 100,0 Fonte: Dados trabalhados no SPSS.

Os dados também revelam o baixo percentual de empregados com mais de cinco

a nove anos e 11 meses de empresa, ou seja, 11,4% (TAB. 9). Esse dado é

coesivo com a faixa etária da amostra – parte significativa de jovens entre 21 e 44

anos.

TABELA 9

Distribuição dos respondentes por tempo de ocupação no atual cargo

Tempo Frequência Percentual

Até 11 meses 9 25,7 De 1 ano a 1 ano e 11 meses 8 22,9 De 2 anos a 4 anos e 11 meses 12 34,3 De 5 anos a 9 anos e 11 meses 4 11,4 Acima de 15 anos 1 2,9 Sem Resposta 1 2,9

Total 35 100,0 Fonte: Dados trabalhados no SPSS.

Pode-se constatar também que os entrevistados com menos de dois anos de

trabalho representam 76,5%.

4.3 Estatística descritiva

Segundo Malhotra (2001), a estatística descritiva é um ponto fundamental no

processo de conhecimento, bem como na possibilidade de verificar

Page 64: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

64

inconsistências na digitação e entrada dos dados. Assim, buscando-se anular

dúvidas quanto aos valores univariados dos dados, calcularam-se a média e o

desvio-padrão das questões sobre comprometimento e cultura organizacionais.

Constatou-se a não ocorrência de dados digitados incorretamente, além disto,

nenhum valor foi encontrado fora dos limites aceitáveis para as escalas

estudadas.

Cabe reiterar que os dados obtidos via questionário foram codificados e tabulados

em planilha eletrônica Excel, para tratamento estatístico por meio do pacote

Statistical Package for Social Sciences (SPSS) 17.0, considerado um dos mais

completos e disseminados softwares atualmente disponíveis no mercado para

análises estatísticas de dados na área das ciências humanas.

As questões de 1 a 28 constantes na TAB. 10 apresentam a estatística descritiva

do construto comprometimento.

TABELA 10

Estatística descritiva: questões do construto comprometimento

Questões – COMPROMETIMENTO Média Desvio-padrão

C1-Desde que me juntei a esta empresa, meus valores pessoais e os da empresa têm se tornado mais similares.

4.34 1.494

C2-A razão de eu preferir esta empresa em relação a outras é por causa do que ela simboliza, de seus valores.

4.60 1.333

C3-Eu me identifico com a filosofia desta empresa. 5.54 1.521 C4-Eu acredito nos valores e objetivos desta empresa. 5.63 1.239 C5-Eu não deixaria minha empresa agora porque eu tenho uma obrigação moral com as pessoas daqui.

4.57 2.392

C6-Mesmo se fosse vantagem para mim, eu sinto que não seria certo deixar minha empresa agora.

4.60 2.158

C7-Eu me sentiria culpado se deixasse minha empresa agora. 3.97 2.467 C8-Acredito que não seria certo deixar minha empresa porque tenho obrigação moral de permanecer aqui.

4.03 2.345

C9-Todo empregado deve buscar atingir os objetivos da empresa.

6.69 0.676

C10-Tenho obrigação de desempenhar bem minha função na empresa.

6.86 0.355

Page 65: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

65

Continua TAB. 10 Questões – COMPROMETIMENTO Média Desvio-

padrão C11-O bom empregado deve se esforçar para que a empresa tenha os melhores resultados possíveis.

6.94 0.236

C12-O empregado tem a obrigação de sempre cumprir suas tarefas.

6.80 0.584

C13-Nesta empresa, eu sinto que faço parte do grupo. 6.17 0.747 C14-Sou reconhecido por todos nesta empresa como um membro do grupo.

6.03 0.857

C15-Sinto que meus colegas me consideram como membro da equipe de trabalho.

6.09 1.067

C16-Fazer parte do grupo é o que me leva a lutar por esta empresa.

5.57 1.220

C17-Se eu já não tivesse dado tanto de mim nesta empresa, eu poderia considerar trabalhar em outro lugar.

3.80 2.233

C18-A menos que eu seja recompensado de alguma maneira, eu não vejo razões para despender esforços extras em benefício desta empresa.

2.94 1.909

C19-Minha visão pessoal sobre esta empresa é diferente daquela que eu expresso publicamente.

2.26 1.837

C20-Apesar dos esforços que já realizei, não vejo oportunidades para mim nesta empresa.

3.11 1.827

C21-Procuro não transgredir as regras desta empresa, pois assim sempre manterei meu emprego.

4.77 1.972

C22-Na situação atual, ficar nesta empresa é na realidade uma necessidade tanto quanto um desejo.

5.63 1.165

C23-Para conseguir ser recompensado nesta empresa, é necessário expressar a atitude certa.

5.29 1.619

C24-Farei sempre o possível em meu trabalho para me manter neste emprego.

5.83 0.985

C25-Se eu decidisse deixar minha empresa agora, minha vida ficaria bastante desestruturada.

3.09 2.077

C26-Eu acho que teria poucas alternativas se deixasse esta empresa.

2.46 1.930

C27-Uma das consequências negativas de deixar esta empresa seria a escassez de alternativas imediatas de trabalho.

2.51 1.788

C28-Não deixaria este emprego agora devido à falta de oportunidades de trabalho.

2.91 1.991

A média geral para os construtos comprometimento e cultura organizacionais foi

de 4,7 e 3,5, respectivamente. Verificou-se que as médias mais baixas foram

registradas nas questões “C19 - Minha visão pessoal sobre esta empresa é

Page 66: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

66

diferente daquela que eu expresso publicamente” (2,26), “C26 - Eu acho que teria

poucas alternativas se deixasse esta empresa” (2,46) e na “C27 - Uma das

consequências negativas de deixar esta empresa seria a escassez de alternativas

imediatas de trabalho” (2,51). A questão C19 retrata a obrigação pelo

desempenho, cujo índice de precisão é 0,77. Já as C26 e C27 referem-se à falta

de recompensas e oportunidades, cujo índice de precisão é 0,59.

O fator composto na questão “C19 - Minha visão pessoal sobre esta empresa é

diferente daquela que eu expresso publicamente” (2,26), no construto

comprometimento, apresenta pontuações invertidas.

Normas relativas à “demissão dos empregados e sua visão pessoal sobre a

empresa, diferente da que expressa publicamente”, foram os fatores que

representaram as mais baixas médias, realçando grau de discordância entre os

pesquisados em referência à percepção da existência de normas e procedimentos

organizacionais que orientem a permanência ou não do empregado na

organização.

Tendo em vista que parte da faixa etária predominante é de pessoas jovens,

acredita-se ser coerente a média de 3,80 (C17) com o comportamento expresso

pelos respondentes - pessoas que possuem mais propensão a assumir riscos e

que acreditam ter mais alternativas no mercado do que as efetivamente reais.

No tocante às afirmações C06 e C07 (comprometimento normativo), as respostas

corroboraram a ideia de que esse perfil de funcionário não fica nas organizações

porque sente que é obrigado. Ficou claro, ainda, que a questão moral é pouco

relevante para tomada de decisão em relação a permanecer ou sair da

organização.

De acordo com as afirmações de C10 a C15, acredita-se que a média acima de

seis pontos traduz a intenção de ficar na empresa, de caráter mais pragmático

dos respondentes, diferentemente do comprometimento normativo. Ficam porque

sentem obrigação mais relacionada à crença de que devem se esforçar em

benefício da organização e cumprir suas tarefas. Isso, talvez, porque o esforço, as

Page 67: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

67

tarefas e os objetivos sejam inerentes à própria relação de trabalho estabelecida

entre as partes.

Em relação à escala de cultura organizacional, demonstrada na TAB. 11, houve

igualdade na média das questões: C01 – “Os empregados têm ampla liberdade

de acesso aos diretores”, C02 – “O atendimento às necessidades do cliente é

uma das metas mais importantes”, C08 – “Mantêm-se relações amigáveis com os

clientes” e C22 – “Os empregados que demonstram dedicação e espírito de

colaboração são os melhores a serem seguidos.”

A segunda pontuação mais alta obtida refere-se à questão CO13 – “É prática

comum a comemoração dos aniversários pelos empregados”.

TABELA 11

Estatística descritiva: questões construto cultura organizacional

Questões – CULTURA Média Desvio-padrão

CO1-Os empregados têm ampla liberdade de acesso aos diretores.

5.00 .000

CO2-O atendimento às necessidades do cliente é uma das metas mais importantes.

5.00 .000

CO3-As necessidades pessoais e o bem-estar dos funcionários constituem uma preocupação constante da empresa.

3.74 .741

CO4-Persegue-se a excelência de produtos e serviços como forma de satisfazer aos clientes.

4.94 .236

CO5-Os empregados que apresentam ideias inovadoras costumam ser premiados.

1.63 .490

CO6-Investe-se no crescimento profissional dos empregados. 2.66 .539 CO7-O acompanhamento e atendimento das necessidades dos clientes são feitos constantemente.

4.94 .236

CO8-Mantêm-se relações amigáveis com os clientes. 5.00 .000 CO9-Os chefes imediatos são como pais para os empregados. 3.14 .692 CO10-Os empregados recebem treinamento para poderem desenvolver sua criatividade.

4.31 1.051

CO11-Os empregados são premiados quando apresentam desempenho que se destaca dos demais.

3.03 1.200

CO12-Programas para aumentar a satisfação dos empregados são regularmente desenvolvidos.

2.23 .490

Page 68: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

68

Continua TAB. 11 Questões – Cultura Média Desvio-

padrão CO13-É prática comum a comemoração dos aniversários pelos empregados.

4.94 .236

CO14-A preocupação do empregado com a qualidade de seu serviço é bem-vista.

4.57 .608

CO15-As inovações são em geral introduzidas para atender às necessidades do mercado.

4.80 .531

CO16-Eventos sociais com distribuição de brindes são comumente realizados para os empregados.

1.94 .236

CO17-O esforço e a dedicação ao trabalho são qualidades bastante apreciados.

3.74 1.010

CO18-Programas destinados a melhorar o bem-estar dos empregados são implementados e testados.

2.29 .572

CO19-O profissionalismo dos empregados é visto como uma grande virtude.

4.60 .651

CO20-As relações entre empregados e membros do alto escalão são cordiais e amigáveis.

4.97 .169

CO21-A preocupação em superar as dificuldades do dia-a-dia é vista como de grande valor

4.57 .608

CO22- Os empregados que demonstram dedicação e espírito de colaboração são os melhores a serem seguidos.

5.00 .000

CO23-Somente os bons empregados recebem benefícios que lhes garantem melhor bem-estar.

1.11 .471

CO24-A criatividade é um dos resultados básicos para a ocupação de cargos gerenciais.

1.31 .471

CO25-O crescimento profissional é considerado indispensável à permanência do empregado na casa.

2.26 1.268

CO26-As inovações costumam ser introduzidas por meio de programas de qualidade.

3.06 1.434

CO27-Os empregados se relacionam como se fossem uma grande família.

4.89 .323

CO28-Os empregados costumam ser premiados quando alcançam meta preestabelecidas.

1.31 .471

CO29-A competição é valorizada, mesmo que de forma não sadia, porque o objetivo maior da empresa é a produtividade e o lucro.

2.43 1.577

CO30-A competição é vista como indispensável a obtenção de bons resultados.

3.71 1.341

Quanto às pontuações atribuídas pelos entrevistados, entende-se que valores

médios de pontuação acima de 3,0 evidenciam a tendência da afirmativa à

Page 69: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

69

confirmação da cultura organizacional. As questões que apresentaram valores

que discordaram foram C05; C06; C12; C16; C18; C23; C24; C25; C28; C29.

4.4 Análise da normalidade Quando se fazem procedimentos de inferência, aplicam-se procedimentos

paramétricos de análise (HAIR JR. et al., 1998). Visando verificar a normalidade

univariada, empregou-se a avaliação gráfica conjuntamente com testes formais.

O teste de normalidade tem o propósito da verificação do ajuste da distribuição

normal nas variáveis estudadas. Na TAB. 12, apura-se que, das variáveis

apresentadas, apenas a C1 – “Desde que me juntei a esta empresa, meus valores

pessoais e os da empresa têm se tornado mais similares” exibiu normalidade

significativa, com p-valor = 0,07, superior ao nível de 55 de significância. Desta

forma, devem-se ter cuidados na aplicação de testes paramétricos.

TABELA 12

Teste de normalidadeb,c,d,e

Kolmogorov-Smirnova Shapiro-Wilk

Estat. df Sig. Estat. df Sig. C1-Desde que me juntei a esta empresa, meus valores pessoais e os da empresa têm se tornado mais similares.

,158 35 ,026 ,944 35 ,072

C2-A razão de eu preferir esta empresa em relação a outras é por causa do que ela simboliza, de seus valores.

,269 35 ,000 ,831 35 ,000

C3-Eu me identifico com a filosofia desta empresa. ,275 35 ,000 ,833 35 ,000 C4-Eu acredito nos valores e objetivos desta empresa.

,304 35 ,000 ,844 35 ,000

C5-Eu não deixaria minha empresa agora porque tenho obrigação moral com as pessoas daqui.

,239 35 ,000 ,807 35 ,000

C6- Mesmo se fosse vantagem para mim, eu sinto que não seria certo deixar minha empresa agora.

,200 35 ,001 ,833 35 ,000

C7-Eu me sentiria culpado se deixasse minha empresa agora.

,229 35 ,000 ,822 35 ,000

Page 70: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

70

Continua TAB. 12 Kolmogorov-Smirnova Shapiro-Wilk

Estat. df Sig. Estat. df Sig.

C8-Acredito que não seria certo deixar minha empresa porque tenho obrigação moral de permanecer aqui.

,216 35 ,000 ,842 35 ,000

C9-Todo empregado deve buscar atingir os objetivos da empresa.

,450 35 ,000 ,532 35 ,000

C10-Eu tenho obrigação de desempenhar bem minha função na empresa.

,513 35 ,000 ,418 35 ,000

C11-O bom empregado deve se esforçar para que a empresa tenha os melhores resultados possíveis.

,539 35 ,000 ,250 35 ,000

C12-O empregado tem a obrigação de sempre cumprir suas tarefas.

,491 35 ,000 ,391 35 ,000

C13-Nesta empresa, eu sinto que faço parte do grupo. ,238 35 ,000 ,801 35 ,000 C14-Sou reconhecido por todos nesta empresa como um membro do grupo.

,315 35 ,000 ,794 35 ,000

C15-Sinto que meus colegas me consideram membro da equipe de trabalho.

,268 35 ,000 ,788 35 ,000

C16-Fazer parte do grupo é o que me leva a lutar por esta empresa.

,237 35 ,000 ,880 35 ,001

C17-Se eu já não tivesse dado tanto de mim nesta empresa, eu poderia considerar trabalhar em outro lugar.

,209 35 ,000 ,860 35 ,000

C18-A menos que eu seja recompensado de alguma maneira, eu não vejo razões para despender esforços extras em benefício desta empresa.

,217 35 ,000 ,835 35 ,000

C19-Minha visão pessoal sobre esta empresa é diferente daquela que eu expresso publicamente.

,325 35 ,000 ,722 35 ,000

C20-Apesar dos esforços que já realizei, não vejo oportunidades para mim nesta empresa.

,300 35 ,000 ,848 35 ,000

C21-Procuro não transgredir as regras desta empresa, pois assim sempre manterei meu emprego.

,219 35 ,000 ,859 35 ,000

C22-Na situação atual, ficar nesta empresa é na realidade uma necessidade tanto quanto um desejo.

,339 35 ,000 ,748 35 ,000

C23-Para conseguir ser recompensado nesta empresa, é necessário expressar a atitude certa.

,270 35 ,000 ,789 35 ,000

C24-Farei sempre o possível em meu trabalho para me manter neste emprego.

,369 35 ,000 ,774 35 ,000

Page 71: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

71

Continua TAB. 12 Kolmogorov-

Smirnova Shapiro-Wilk Estat. df Sig. Estat. df Sig.

C25-Se eu decidisse deixar minha empresa agora, minha vida ficaria bastante desestruturada.

,214 35 ,000 ,852 35 ,000

C26-Eu acho que teria poucas alternativas se deixasse esta empresa.

,261 35 ,000 ,761 35 ,000

C27-Uma das consequências negativas de deixar esta empresa seria a escassez de alternativas imediatas de trabalho.

,287 35 ,000 ,791 35 ,000

C28-Não deixaria este emprego agora devido à falta de oportunidades de trabalho.

,232 35 ,000 ,839 35 ,000

CO3-As necessidades pessoais e o bem-estar dos funcionários constituem uma preocupação constante da empresa.

,521 35 ,000 ,388 35 ,000

CO4-Persegue-se a excelência de produtos e serviços como forma de satisfazer os clientes.

,539 35 ,000 ,250 35 ,000

CO5-Os empregados que apresentam ideias inovadoras costumam ser premiados.

,404 35 ,000 ,613 35 ,000

CO6-Investe-se no crescimento profissional dos empregados.

,423 35 ,000 ,631 35 ,000

CO7-O acompanhamento e atendimento das necessidades dos clientes são feitos constantemente.

,539 35 ,000 ,250 35 ,000

CO9-Os chefes imediatos são como pais para os empregados.

,361 35 ,000 ,662 35 ,000

CO10-Os empregados recebem treinamento para poderem desenvolver sua criatividade.

,429 35 ,000 ,637 35 ,000

CO11-Os empregados são premiados quando apresentam desempenho que se destaca dos demais.

,281 35 ,000 ,802 35 ,000

CO12-Programas para aumentar a satisfação dos empregados são regularmente desenvolvidos.

,422 35 ,000 ,651 35 ,000

CO13-É prática comum a comemoração dos aniversários pelos empregados.

,539 35 ,000 ,250 35 ,000

Page 72: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

72

Continua TAB. 12 Kolmogorov-

Smirnova Shapiro-Wilk Estat. df Sig. Estat. df Sig.

CO14-A preocupação do empregado com a qualidade de seu serviço é bem-vista.

,388 35 ,000 ,681 35 ,000

CO15-As inovações são em geral introduzidas para atender às necessidades do mercado.

,504 35 ,000 ,427 35 ,000

CO16-Eventos sociais com distribuição de brindes são comumente realizados para os empregados.

,539 35 ,000 ,250 35 ,000

CO17-O esforço e a dedicação ao trabalho são qualidades bastante apreciados.

,369 35 ,000 ,698 35 ,000

CO18-Programas destinados a melhorar o bem-estar dos empregados são implementados e testados.

,405 35 ,000 ,706 35 ,000

CO19-O profissionalismo dos empregados é visto como uma grande virtude.

,416 35 ,000 ,639 35 ,000

CO20-As relações entre empregados e membros do alto escalão são cordiais e amigáveis.

,539 35 ,000 ,161 35 ,000

CO21-A preocupação em superar as dificuldades do dia-a-dia é vista como de grande valor.

,388 35 ,000 ,681 35 ,000

CO23-Somente os bons empregados recebem benefícios que lhes garantem melhor bem-estar.

,539 35 ,000 ,250 35 ,000

CO24-A criatividade é um dos resultados básicos para a ocupação de cargos gerenciais.

,433 35 ,000 ,586 35 ,000

CO25-O crescimento profissiional é considerado indispensável à permanência do empregado na casa.

,237 35 ,000 ,844 35 ,000

CO26-As inovações costumam ser introduzidas por meio de programas de qualidade.

,398 35 ,000 ,622 35 ,000

CO27-Os empregados se relacionam como se fossem uma grande família.

,524 35 ,000 ,372 35 ,000

CO28-Os empregados costumam ser premiados quando alcançam metas preestabelecidas.

,433 35 ,000 ,586 35 ,000

CO29-A competição é valorizada, mesmo que de forma não sadia, porque o objetivo maior da empresa é a produtividade e o lucro.

,275 35 ,000 ,794 35 ,000

Page 73: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

73

Continua TAB. 12 Kolmogorov-

Smirnova Shapiro-Wilk Estat. df Sig. Estat. df Sig.

CO30-A competição é vista como indispensável à obtenção de bons resultados.

,242 35 ,000 ,834 35 ,000

a. Correção de significância de Liliefors b.CO1- Os empregados têm ampla liberdade de acesso aos diretores - esta variável apresentou valores constantes por isso o teste não foi calculado. c. CO2- O atendimento às necessidades do cliente é uma das metas mais importantes - esta variável apresentou valores constantes por isso o teste não foi calculado. d. CO8- Mantêm-se relações amigáveis com os clientes - esta variável apresentou valores constantes por isso o teste não foi calculado. e. CO22- Os empregados que demonstram dedicação e espírito de colaboração são os melhores a serem seguidos - esta variável apresentou valores constantes por isso o teste não foi calculado.

Fonte: Dados trabalhados no SPSS.

4.5 Análise de confiabilidade

Segundo Corrar (2007), a confiabilidade representa o grau em que uma escala

produz resultados consistentes entre medidas repetidas ou equivalente de um

mesmo objeto ou pessoa, revelando a ausência de erro aleatório.

Entre as técnicas propostas, utilizou-se o coeficiente alfa de Cronbach, que mede

a consistência interna (TAB. 13), tendo como conclusão a confiabilidade do

instrumento utilizado, que, segundo os valores apresentados para o coeficiente de

alfa de Cronbach, todos foram acima de 0,50.

Segundo Bisquerra (2004, p. 216), sem que se possam oferecer normas

concretas, a título de orientação considera-se que coeficientes de alfa superiores

a 0,75 já são altos.

Page 74: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

74

TABELA 13

Estatística descritiva das dimensões e

respectivo valor do coeficiente alfa de Cronbach

Dimensões Média Desvio- padrão

Coef. alfa de Cronbach's (*)

Obrigação de permanecer 5,03 1,043 0,731 Afetiva 4,29 2,209 0,958 Afiliativa 6,82 0,275 0,254 Escassez de alternativas 5,96 0,812 0,837 Obrigação pelo desempenho 3,03 1,480 0,750 Linha consistente de atividade 5,38 0,977 0,561 Falta de recompensas e oportunidades 2,74 1,668 0,878 Profissionalismo cooperativo 4,50 0,440 0,733 Profissionalismo competitivo 1,78 0,503 0,324 Satisfação e bem estar dos empregados 3,05 0,340 0,162 Integração externa 4,94 0,193 0,864 Recompensa e treinamento 2,19 0,481 0,384 Promoção do relacionamento interpessoal 4,59 0,222 0,611 Comprometimento 4,75 0,804 0,885 Cultura 3,507 0,204 0,609 Fonte: Dados da pesquisa trabalhados no SPSS 13.0. (*) considera-se bom nível de confiabilidade para valores acima de 0,75. Obs.: Escala comprometimento 1 a 7 e Escala Cultura de 1 a 5. Consideram-se bom nível de confiabilidade as dimensões com coeficiente acima

de 0,75. E as dimensões que apresentaram valores menos significativos foram:

afiliativa - 0,254; linha consistente de atividade - 0,561; profissionalismo

competitivo - 0,324; satisfação e bem-estar - 0,162; recompensa e treinamento -

0,384 e promoção do relacionamento interpessoal - 0,611.

Nos valores médios obtidos, a dimensão “falta de recompensas e oportunidades”,

pertencente ao construto comprometimento, obteve média abaixo de quatro

pontos, indicando a tendência ao não comprometimento em relação a esta

dimensão.

Page 75: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

75

No construto cultura organizacional, as dimensões “profissionalismo competitivo e

recompensa e treinamento” exibiram médias abaixo de 3,0 pontos, interpretando-

se, desta forma, que esses itens não são evidenciados positivamente nesse

construto.

Na análise dos resultados, foi utilizado o teste não paramétrico de Krukal-Wallis,

com o propósito de identificar as respostas obtidas em cada um dos construtos

(comprometimento e cultura organizacional). O resultado do referido teste indica

que, no nível de significância de 5%, não houve evidência significativa de

diferenças entre as respostas resultado.

Constata-se, na TAB. 14, que no comprometimento os resultados foram qui-

quadrado 2,994 e sig = 0,084; e no construto cultura organizacional os valores

foram qui-quadrado = 0,561 e signif = 0,454 .

TABELA 14

Estatística descritiva dos construtos

comprometimento e cultura em função do gênero

Comprometimento Cultura organizacional Gênero

Média Mediana Média Mediana

Masculino 4,86 4,82 3,49 3,52

Feminino 4,39 3,79 3,56 3,59

Total 4,75 4,71 3,51 3,53 Fonte: Dados trabalhados no SPSS 17.0.

Pode-se perceber que o comprometimento não se diferencia em função do

gênero, o mesmo ocorrendo com a cultura organizacional.

Na TAB. 15, o mesmo acontece em relação ao setor de atuação, que, aplicando-

se o teste de Kruskal-Wallis no nível de significância de 5%, não demonstrou

influenciar o comprometimento (Z= 1,147 e sig. = 0,284) e a percepção cultura

organizacional (Z= 0,021 e sig. = 0,884).

Page 76: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

76

TABELA 15

Estatística descritiva dos construtos

comprometimento e cultura em função do setor de atuação

Comprometimento Cultura Gênero Média Mediana Media Mediana

Técnico 4,76 4,71 3,50 3,53 Administrativo 4,37 3,79 3,53 3,48 Total 4,70 4,71 3,50 3,53 Fonte: Dados trabalhados no SPSS 17.0.

Em relação aos construtos comprometimento e cultura, devido à diferença de

escala, de um a sete e de um a cinco, respectivamente, conforme já mencionado,

para que fossem comparados fez-se a transformação da pontuação para escores

reduzidos, possibilitando a comparação entre as pontuações.

Com o propósito de comparar os resultados obtidos na pontuação, optou-se por

transformar os dados da escala comprometimento, conforme QUADRO 7.

QUADRO 7

Equivalência das pontuações

Discordo totalmente

Discordo muito

Discordo pouco

Não concordo nem discordo

Concordo pouco

Concordo muito

Concordo totalmente

Com

prom

etim

en-to

1 2 3 4 5 6 7

Não se aplica

Pouco Aplica

Aplica Razoavelmente

Aplica Bastante

Aplica Totalmente

Cul

tura

O

rgan

iza-

cion

al

1 2 3 4 5

Fonte: Proposta de equivalência apresentada pelo autor.

No QUADRO 7 apresentam-se os valores das escalas utilizadas, seguindo o

procedimento de aproximação da classificação das respostas na escala do

comprometimento para a escala de classificação da cultura organizacional. Desta

forma, as transformações ocorridas na contagem foram: a pontuação 2 passou

para 1; a de 3 passou para 2; o escore 4 passou para 3; já a de 5 passou para 4,

por fim as 6 e 7 passaram para 5.

Page 77: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

77

Na TAB. 16 veem-se os dados transformados segundo equivalência das

pontuações.

TABELA 16

Medidas descritivas dos construtos Construtos Média Desvio-padrão

Comprometimento (*) 3,6366 0,6117

Cultura 3,5069 0,2038

Fonte:Dados trabalhados no SPSS 17.0 (*) Dados transformados segundo equivalência das pontuações.

Para verificar se esses dados diferem ou não significativamente entre si, aplicou-

se o teste de Wilcoxon, que se baseia no posto (posição de ordenação) de cada

observação no total de dados (MOORE et al., 2006, p. 728). A utilização desse

teste tem como pressuposto a não normalidade dos dados, conforme

apresentados na TAB. 16.

A hipótese de nulidade a ser testada neste caso é a igualdade na distribuição dos

pontos atribuídos pelos entrevistados ao comparar a percepção quanto ao

comprometimento e cultura organizacional. Como resultado, o teste de Wilcoxon

resultou (Z = -0,827 e significância = 0,408) evidenciando a aceitação da hipótese

nula, ou seja, as pontuações atribuídas para o comprometimento e cultura não se

apresentam significativamente diferentes.

4.6 Relacionamento dos construtos

A medida de relacionamento entre os construtos utilizou o coeficiente de

correlação de Kendall, comumente empregado para identificar a relação de dados

ordinais, resultando o coef. Kendall`s tau b = -0,15 , sig = 0,391, que representa

pouca correlação negativa entre comprometimento e cultura organizacional,

conforme GRÁF. 1.

Page 78: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

78

GRÁFICO 1 - Relacionamento dos construtos.

Após apresentação dos dados obtidos, o próximo capítulo trata das conclusões,

recomendações e limitações.

Page 79: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

79

5 CONCLUSÕES, RECOMENDAÇÕES E LIMITAÇÕES

O objetivo geral deste estudo foi avaliar o grau de comprometimento

organizacional e analisar a cultura organizacional na Fluilab, de modo a compor

um diagnóstico que discutisse a relação existente entre os construtos

comprometimento e cultura organizacionais.

Com base teórica nos conceitos relativos ao comprometimento organizacional e

cultura organizacional, foi realizada uma pesquisa de caráter quantitativo.

Todos os objetivos especificos - medir o grau de comprometimento organizacional

dos funcionários; analisar a cultura organizacional na Fluilab; comparar a relação

existente entre comprometimento e cultura organizacionais na Fluilab - foram

atendidos.

Apurou-se na amostra estudada a predominância do gênero masculino (77,1%),

com variação na faixa etária de 21 a 50 anos, alocados no setor técnico (59,5%),

cujo valor da renda mensal predominante é de um a dois salários mínimos

(65,7%).

O estudo sobre a relação entre os construtos comprometimento e cultura

organizacionais evidenciou ligeira relação no conjunto de pessoas estudadas. Tal

apuração talvez tenha ocorrido devido ao fato da amostra ter sido pequena.

Neste estudo, o fato dos empregados terem acesso livre à diretoria, poder

expressar suas opiniões, críticas e sugestões, facilitou o grande

comprometimento do funcionário com a organização. Visto que, o mesmo se

sente reconhecido e valorizado, fatores que contribuem positivamente para o

comprometimento.

Cabe ressaltar que algumas questões obtiveram pontuações mais relevantes (5

pontos), tais como as da questão referente ao comprometimento: C11- “O bom

Page 80: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

80

empregado deve se esforçar para que a empresa tenha os melhores resultados

possíveis”, com 6,94 pontos; e a de mais baixa pontuação foi a questão C26 – “Eu

acho que teria poucas alternativas se deixasse esta empresa”, 2,46 pontos.

Quanto ao construto cultura organizacional, as questões que demonstraram

pontuação maior (5 pontos) foram: CO1 – “Os empregados têm ampla liberdade

de acesso aos diretores”. Isto demonstra que a da empresa é democrática,

existido uma abertura dos diretores para ouvir seus funcionários.

Como foi demonstrado, a questão CO2 – “O atendimento às necessidades do

cliente é uma das metas mais importantes”; CO8 – “Mantêm-se relações

amigáveis com os clientes”; CO22 – “Os empregados que demonstram dedicação

e espírito de colaboração são os melhores a serem seguidos”.

As questões com menor pontuação (1,11 pontos) no construto cultura

organizacional foram o CO24 – “A criatividade é um dos resultados básicos para a

ocupação de cargos gerenciais”, com 1,31; CO28 – “Os empregados costumam

ser premiados quando alcançam metas preestabelecidas”, 1,31; CO23 –

“Somente os bons empregados recebem benefícios que lhes garantem mais bem-

estar”.

De modo geral, os 35 respondentes não relacionam cultura organizacional com o

comprometimento de forma positiva, ao contrário, foi percebida correlação

significativamente diferente de zero.

Esta pesquisa contribuiu para a empresa na qual foi realizado o estudo de caso

(Fluilab), provendo diagnóstico do comprometimento e cultura organizacionais. A

partir desse conhecimento, as políticas de recursos humanos poderão ser

analisadas considerando-se tais aspectos e utilizadas estrategicamente para o

atingimento dos resultados.

Em termos acadêmicos, espera-se que este trabalho seja uma contribuição para a

consolidação teórica dos componentes constitutivos do comprometimento e da

cultura.

Page 81: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

81

Sugere-se o aprofundamento dos estudos com a aplicação de técnicas

estatísticas mais apuradas, buscando-se averiguar a dependência entre os

construtos.

Além disto, propõe-se a comparação dos resultados desta pesquisa (e outras

realizadas no Brasil) com as de outros países, a fim de se verificar a influência da

variável confiança nos construtos comprometimento e cultura organizacionais.

Por tratar-se de um estudo de caso, seus achados e conclusões representam um

grupo específico de indivíduos e sua percepção da organização. Portanto, devem

ser vistos com limitações no tocante a generalizações.

Por ter sido realizada em uma única empresa envolvendo somente dois grupos de

colaboradores, impossibilita análises e conclusões mais profundas. Importante

aspecto a ser destacado é a complementação do presente estudo com pesquisas

qualitativas. A importância de se combinarem aspectos quantitativos e qualitativos

que não foram investigados em conjunto neste trabalho pode contribuir para

melhor compreensão dos resultados obtidos.

Page 82: COMPROMETIMENTO E CULTURA ORGANIZACIONAIS:

82

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ANEXOS

Anexo A - Escala EBACO

A seguir, são apresentadas afirmativas que tratam de aspectos de sua empresa. Ao avaliá-las, pense na empresa na qual você trabalha como um todo e não apenas em sua área de atuação. Considerando-se que não há respostas certas ou erradas, favor não deixar de responder a nenhuma questão. Utilize a escala progressiva abaixo - que varia de 1 a 7 - para expressar sua opinião. E anote o número correspondente no espaço entre parênteses no final de cada frase.

Discordo totalmente

Discordo muito

Discordo pouco

Não concordo

nem discordo

Concordo pouco

Concordo muito

Concordo totalmente

1 2 3 4 5 6 7

1. Desde que me juntei a esta organização, meus valores pessoais e os da

organização têm se tornado mais similares. ( )

2. A razão de eu preferir esta organização em relação a outras é por causa do que ela simboliza, de seus valores.

( )

3. Eu me identifico com a filosofia desta organização. ( ) 4. Eu acredito nos valores e objetivos desta organização. ( ) 5. Eu não deixaria minha organização agora porque eu tenho uma obrigação

moral com as pessoas daqui. ( )

6. Mesmo se fosse vantagem para mim, eu sinto que não seria certo deixar minha organização agora.

( )

7. Eu me sentiria culpado se deixasse minha organização agora. ( ) 8. Acredito que não seria certo deixar minha organização porque tenho uma

obrigação moral em permanecer aqui. ( )

9. Todo empregado deve buscar atingir os objetivos da empresa. ( ) 10. Eu tenho obrigação em desempenhar bem minha função na empresa. ( ) 11. O bom empregado deve se esforçar para que a empresa tenha melhores

resultados possíveis. ( )

12. O empregado tem obrigação de sempre cumprir suas tarefas. ( ) 13. Nesta empresa, eu sinto que faço parte do grupo. ( ) 14. Sou reconhecido por todos na empresa como um membro do grupo. ( ) 15. Sinto que meus colegas me consideram como membro da equipe de ( )

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trabalho. 16. Fazer parte do grupo é o que me leva a lutar por esta empresa. ( ) 17. Se eu já não tivesse dado tanto de mim nesta organização, eu poderia

considerar trabalhar em outro lugar. ( )

18. A menos que eu seja recompensado de alguma maneira, eu não vejo razões para despender esforços extras em benefício dessa organização.

( )

19. Minha visão pessoal sobre esta organização é diferente daquela que eu expresso publicamente.

( )

20. Apesar dos esforços que já realizei, não vejo oportunidades para mim nesta empresa.

( )

21. Procuro não transgredir as regras aqui, pois assim manterei meu emprego. ( ) 22. Na situação atual, ficar com minha organização é na realidade uma

necessidade tanto quanto desejo. ( )

23. Para conseguir ser recompensado aqui é necessário expressar a atitude certa.

( )

24. Farei sempre o possível em meu trabalho para me manter neste emprego. ( ) 25. Se eu decidisse deixar minha organização agora, minha vida ficaria

bastante desestruturada. ( )

26. Eu acho que teria poucas alternativas se deixasse esta organização. ( ) 27. Uma das consequências negativas de deixar esta organização seria a

escassez de alternativas imediatas de trabalho. ( )

28. Não deixaria este emprego agora devido a falta de oportunidade de trabalho.

( )

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Anexo B - Questionário Cultura Organizacional

A seguir, você encontrará uma série de afirmativas relacionadas às diferentes práticas e procedimentos que são comumente adotados no dia-a-dia das empresas. Assinale o grau em que cada uma delas caracteriza sua empresa, em uma escala de 1 a 5, conforme mostrado abaixo:

Sua resposta deve refletir o que de fato acontece na empresa e não a sua opinião ou grau de satisfação com o que ocorre. Responda, por favor, a todas as afirmativas, não deixando nenhuma em branco. Na empresa em que eu trabalho.... 1 Os empregados têm ampla liberdade de acesso aos diretores. 2 O atendimento às necessidades do cliente é uma das metas mais

importantes.

3 As necessidades pessoais e o bem-estar dos funcionários constituem uma preocupação constante da empresa.

4 Persegue-se a excelência de produtos e serviços como forma de satisfazer aos clientes.

5 Os empregados que apresentam ideias inovadoras costumam ser premiados.

6 Investe-se no crescimento profissional dos empregados. 7 O acompanhamento e atendimento das necessidades dos clientes são

feitos constantemente.

8 Mantêm-se relações amigáveis com os clientes. 9 Os chefes imediatos são como pais para os empregados. 10 Os empregados recebem treinamento para poderem desenvolver sua

criatividade.

11 Os empregados são premiados quando apresentam desempenho que se destaca dos demais.

12 Programas para aumentar a satisfação dos empregados são regularmente desenvolvidos.

13 É prática comum a comemoração dos aniversários pelos empregados. 14 A preocupação do empregado com a qualidade de seu serviço é bem

vista.

15 As inovações são em geral introduzidas para atender às necessidades do mercado

16 Eventos sociais com distribuição de brindes são comumente realizados para os empregados.

17 O esforço e a dedicação ao trabalho são qualidades bastante apreciadas.

18 Programas destinados a melhorar o bem-estar dos empregados são implementados e testados.

19 O profissionalismo dos empregados é visto como uma grande virtude. 20 As relações entre empregados e membros do alto escalão são cordiais

e amigáveis.

1 Não se aplica de modo nenhum

2 Pouco se

aplica

3 Aplica-se

razoavelmente

4 Aplica-se bastante

5 Aplica-se

totalmente

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21 A preocupação em superar as dificuldades do dia-a-dia é vista como de grande valor.

22 Os empregados que demonstram dedicação e espírito de colaboração são os melhores modelos a serem seguidos.

23 Somente os bons empregados recebem benefícios que lhes garantem melhor bem-estar.

24 A criatividade é um dos requisitos básicos para a ocupação de cargos gerenciais.

25 O crescimento profissional é considerado indispensável à permanência do empregado na casa.

26 As inovações costumam ser introduzidas por meio de programas de qualidade.

27 Os empregados se relacionam como se fossem uma grande família. 28 Os empregados costumam ser premiados quando alcançam meta

preestabelecidas.

29 A competição é valorizada, mesmo que de forma não sadia, porque o objetivo maior da empresa é a produtividade e o lucro.

30 A competição é vista como indispensável à obtenção de bons resultados.

Fonte: IBACO. Nas questões a seguir, assinale o item que melhor caracteriza o seu perfil:

1. Sexo:

Masculino Feminino

2. Faixa etária: Até 21 anos De 30 a 34 De 45 a 50 De 21 a 24 De 35 a 39 De 51 a 55 De 25 a 29 De 40 a 44 De 56 a 60 Acima de 60 anos

3. Estado civil:

Solteiro casado Desquitado/divorciado Separado Viúvo Outro

4. Número de filhos: Nenhum De 1 a 3 filhos 4 filhos ou mais

5. Faixa salarial mensal (salário mínimo – em Reais) De 1 a 2 sm Mais de 5 a 10 sm Acima de 20 sm Mais de 2 a 5 sm Mais de 10 sm a 20 sm

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6. Último curso que você concluiu: Ensino fundamental Ensino superior Mestrado Ensino médio Especialização Outro. Especificar

7. Setor ocupado na empresa: Técnico Administrativo

8. Tempo de trabalho na empresa:

Até 11 meses De 5 anos a 9 anos e 11 meses De 1 ano a 1 ano e 11 meses De 10 anos a 14 anos e 11 meses De 2 anos a 4 anos e 11 meses Acima de 15 anos

Espaço para o respondente fazer suas observações: _________________________________________________________________

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OBRIGADA!