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Vice-Reitor Leandro Eugnio Becker
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Diretora de Planejamento e Legislao EADLgia Leindecker Futterleib
Laboratrio de Criao do Ensino a Distncia
CoordenaoLuiz Carlos Specht FilhoDesigner/Infografia
Jos Renato dos Santos PereiraLuiz Felipe Telles
Sabrina Marques Maciel
SumrioVariaes Lingisticas e sua imporncia para o falante nativo ............ 3
Nveis e funes da linguagem ................................................... 8
Coeso do texto escrito.............................................................. 11
Coerncia textual .......................................................................... 21
O pargrafo padro ........................................................................ 26
A parfrase ................................................................................... 34
Retextualizao do texto falado ao texto escrito ............................ 40
Resumo e resenha ......................................................................... 45
Concordncia verbal e nominal ...................................................... 54
A vrgula, a crase e os porqus ....................................................... 60
Referncias ................................................................................... 21
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VARIAES LINGSTICAS E SUA IMPORTNCIA PARA O FALANTE NATIVOA lngua, por ser viva, muda no tempo e no espao. Vamos ver como isso acontece!
Neste captulo, ns nos dedicamos ao estudo das diversas possibilidades para utilizao da lngua portuguesa, as quais variam de acordo com as diferentes situaes em que ela utilizada.
Estudos da linguagem: uma breve retomada histrica
Nesse imenso territrio, usamos a mesma lngua para nos comunicarmos, ou seja, usamos a lngua portuguesa. Ainda que muitos estados tenham fronteiras com diferentes pases, que cada um tenha sido colonizado por povos dife-rentes, que tenhamos climas, aspectos geogrfi-cos e culturas diferentes, falamos todos a mesma lngua portuguesa. Ser que essa lngua , de fato, a mesma?
Ao longo da histria, vrios tericos ten-taram estudar a linguagem humana. A grande maioria, at o sculo XVII, selecionava uma ln-gua e a analisava em todos os seus aspectos: f-nico (sons), semntico (sentidos), sinttico (gra-maticais) e morfolgico (estrutura das palavras). Sabiam muito do funcionamento daquela lngua, mas ignoravam como funcionavam as demais.
No sculo XVII, houve o desejo de se fa-zer uma lngua que todos falassem, em todos os lugares do mundo, para que ocorresse a comuni-cao sem precisar estudar a lngua que fosse pr-pria de cada pas. A busca por essa linguagem universal fez com que os estudiosos estudassem
vrias lnguas ao mesmo tempo, comparando-as em todos os aspectos. Esse estudo fez com que se observasse a existncia de princpios que eram comuns a TODAS AS LNGUAS DO MUNDO. A verdade que no se conseguiu uma lngua universal, mas essa descoberta foi de suma im-portncia para o avano nos estudos lingsticos. Seguem os princpios lingsticos:
Vanessa Loureiro Correa
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Voltando questo da lngua universal, o homem sempre desejou que houvesse uma que fosse comum a todos os povos. Baseado nesse desejo, criou-se o Esperanto, que tinha por obje-tivo substituir o ingls. No entanto no deu certo, ainda que a gramtica seja acessvel, o Esperanto no permite ironias e ambigidade, o que dificul-tou o seu emprego.
Mais tarde, no sculo XIX, os tericos se interessaram em buscar a lngua-me, ou seja, aquela que deu origem a um grupo de lnguas. Nessa nova abordagem, eles descobriram que a lngua sofre mudanas de maneira ordena-
da e que essas transformaes no ocorrem porque algum decreta, mas pelo amplo uso de uma estrutura em um grupo. Por exemplo: Aqua gua
importante ressaltar que a lngua no muda
pela vontade do homem, mas sim pelo uso que o
mesmo faz dela.
Princpio da Variao Lingstica: ser estudado em uma unidade com maior pro-fundidade, mas aquele que diz que todas as lnguas variam no tempo e no espao.
Princpio da Dupla Articulao: afirma que todas as lnguas tm duas articulaes, sendo a primeira a que se refere s palavras, por isso uma lista aberta, pois sempre podem se acrescentar novas palavras, e a segunda a que se refere aos sons da lngua, uma lista fechada porque no se podem criar novos sons para a lngua.Ex.:mesa,cadeira,menino,menina(primeira articulao)/m/, /t/, /d/ (segunda articulao)
Princpio da Singularidade: todas as lnguas articulam as suas estruturas de forma prpria, singular.Ex.: Meninas bonitas estudam na ULBRA. (em portugus, o adjetivo colocado depois do substantivo)Beautiful girls study at ULBRA. (em ingls, o adjetivo colocado antes do substantivo)
Princpio da Universalidade: embora todas as lnguas articulem suas estruturas de forma singular, elas tm traos comuns.Ex.: todas as lnguas tm substantivo, todas elas possuem o som /a/ , ntre outros aspectos.
Princpio da Sistematicidade: todo falante, ao adquirir uma lngua, aprende toda a estrutura dela.
Princpio do Processo Analgico: o falante tende a tornar regular as formas irre-gulares da lngua.Ex. Eu fazi um trabalho (por analogia a Eu corri l fora). (So frases ditas por crianas. Elas entendem que o verbo conjugado da mesma forma que, por exemplo, comer, bater e ler)
Princpio da Criatividade Lingstica: afirma que somente o homem capaz de criar novas estruturas para descrever situaes atpicas.
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Em 1916, com a publicao do livro Cours de Linguistique General de Ferdinad Saussure, fundou-se a Lingstica. Essa cincia estuda a linguagem verbal (palavra escrita ou falada) hu-mana. No cabe aos lingistas dizer o que cer-to ou errado na lngua, apenas analisar os vrios usos e estruturas que a mesma apresenta em gru-pos sociais, a fim de descrev-la. Na Lingstica, dizer Nis fumo, vortemo e nada incontremo
no errado, se o emissor comunica a sua men-sagem. O lingista vai analisar essa frase dentro do contexto comunicativo em que ela foi dita e ver o porqu dessa estrutura gramatical, sem se preocupar em dizer que ela est errada, pois no est de acordo com a lngua-padro.
Para melhor entendermos a afirmao aci-ma, vamos tratar da variao lingstica.
Variao lingstica e sua importncia para o falante nativo
Como j foi dito anteriormente, no pode-mos esperar que se fale a mesma lngua portu-guesa em todas as regies do Brasil. A lngua varia de acordo com a necessidade do falante, ou seja, toda vez que precisarmos de uma estrutura nova ou adaptada, ns mudaremos a nossa ln-gua. importante lembrar que TODAS AS LN-GUAS, segundo o Princpio da Variao Ling-stica mudam no tempo e no espao. Vamos ver alguns exemplos:
Ex.: Veio ainda infante Claudio Manuel da Costa para a cidade do Rio de Janeiro a fim de receber a sua educao litteraria. Tinham os je-sutas as melhores escholas; pertenciam Com-panhia os mais affamados mestres: freqentou elle as escholas dos Jesutas; aprendeu latim, rhetorica, philosophia, rudimentos de mathema-ticas (...) (trecho do livro Os vares illustres do Brazil durante os tempos colonies, 1858, p.12)
Por incrvel que parea, o trecho acima foi escrito em portugus, o mesmo que falamos ago-ra, mas diferente porque pertence a outra poca, provando que a lngua muda de um perodo para outro.
No Rio Grande do Sul, os gachos fazem rancho (compras de comida) passam pela lom-bada. Esperam o nibus na faixa(na rua) e co-mem negrinhos (brigadeiros).
Existem alguns motivos que levam a lngua a variar, como os que seguem:
Regio: cada regio tem caractersticas pr-prias em termos geogrficos, climticos, cultu-
rais. Por isso, existem termos prprios usados somente nelas. No Norte, por exemplo, temos a disputa do boi Garantido versus o Caprichoso. Para isso, existe toda uma linguagem que se refe-re a essa disputa. No Sul, temos o tradicionalis-mo gacho, rico em expresses e ditados que so desconhecidos dentro do prprio Rio Grande do Sul, se o falante no fizer parte do movimento.
Ex. Mais perdido que cusco em tiroteio (ditado gacho)
Vamos ver um exemplo da linguagem nor-tista, que aborda a maior festa dessa regio:
Os bois e os sons das toadas na floresta no Festival de Parintins. O som das toadas e o repique dos tam-bores. No centro, figuras tpicas como Pai Francisco, Me Catirina, Tuchauas, Cunh-Poranga, Paj e diversas tribos indgenas cantam e danam no ritmo alucinante e contagiante das toadas de boi. Esta uma das cenas que podem ser vistas durante o Festival de Pa-rintins, considerado uma das maiores manifestaes culturais do Brasil.
O espetculo se transforma numa verdadeira batalha folclrica, em que os guerreiros so os simpatizantes dos
Festival de Parintins
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Faixa Etria: nossa linguagem muda con-forme a idade, tendo em vista o interesse que te-mos em cada faixa etria. A linguagem de uma criana diferente da linguagem de um ado-lescente e essa diferente da linguagem de um adulto, conforme os exemplos abaixo.
Sexo: homens e mulheres no falam a mes-ma linguagem. Pessoas do sexo feminino, por exemplo, preferem frases mais longas e elabo-radas, tendo em vista as revistas direcionadas a esse pblico. J os homens so mais objetivos, por isso as frases so mais curtas e truncadas. Tambm o vocabulrio difere, uma vez que os assuntos tm focos distintos. Em revistas femini-nas, encontramos questes que lidam com a vida amorosa, relacionamentos. J as masculinas, tra-tam de futebol, carros e viagens. H muito mais figuras nessas ltimas do que nas primeiras.
Ex. A linguagem do diretor de redao, Felipe Zobaran, direta o objetiva, procurando se aproximar o mximo possvel do seu sujeito interpretante:
Fonte 3 - Filologia
Ex. Eu e os meus irmozinhos fomos a uma festinha na casa de amiguinhos.
Eu e os brothers fomos a uma balada na baa da galera.
Eu e amigos fomos a uma reunio na casa de amigos.
Estou sentado na cadeira de diretor de redao da VIP e a vista daqui no nada m, ga-ranto a voc. Estou muito bem cercado. Se giro a cadeira, vejo Sabrina, a musa instantnea, no seu primeiro ensaio calien-te para uma revista. Delcia. Giro de novo e s prazer, acredite.
Este o mundo de VIP. E meu trabalho tra-tar muito bem dele. Como se fosse voc, meu caro, sentado nessa cadeira.
Font
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SXC
luxo, fantasias e muita coreografia.A grande festa comea com uma re-
cepo chamada Festa dos Visitantes que acontece no Clube Ilha Verde e nos currais dos bumbas Garantido e Caprichoso.
Bumbs Garantido (Vermelho e Branco) e Caprichoso (Azul e Branco). Na aveni-da, durante quase seis horas, a cada noite, sempre no final do ms de junho, eles en-cenam um verdadeiro ritual festivo, que encanta. So belas mulheres e homens,
Fonte 1 - Amaznia
Fonte 2 - SXC
Estudo: quanto mais educao intelectual tiver o falante nativo, mais rica ser a sua lin-guagem. Isso se d pelo acesso leitura, a novos conhecimentos. Infelizmente, no Brasil, a educa-o, com tudo que diz respeito a ela, cara. Logo, so poucos que podem ter uma linguagem mais diversificada em todos os aspectos. atravs do conhecimento que podemos conhecer e dominar os diferentes nveis de linguagem para, da melhor forma, adequ-los aos contextos comunicativos.
Ex. Fomos ao mdico para consult-lo so-bre dores de cabea
Fumo ao mdico para consultar ele sobre dor de cabea.
Tribos ou grupos sociais: cada vez mais, em busca de uma identificao e individualiza-o em um mundo to globalizado. Tribos ou grupos sociais se formam em cada canto do pla-neta. Alm de roupas, comportamentos e ideo-logias diferentes, esses grupos se caracterizam por uma linguagem prpria. A pessoa que no
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No prximo captulo voc aprender os nveis e funes da linguagem. muito impor-tante que voc lembre da va-riao lingstica, porque,
somente assim, voc entende-r que a lngua tem diferen-
tes nveis e que o falante tem diferentes objetivos no pro-
cesso comunicativo.
Como se pode ver, esses e outros aspectos fazem com que a nossa lngua mude sempre que acharmos necessrio. importante termos essa conscincia para que possamos evitar atitudes preconceituosas e excludentes. No podemos exigir que todos falem a mesma lngua, pois a
mesma veste diferentes roupagens, a fim de aten-der nossas necessidades dirias. O importante, neste caso, comunicar, ou seja, passar a mensa-gem para algum, adequando o nvel de lingua-gem ao contexto comunicativo.
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Dropei a onda, peguei um tubo e levei uma vaca!
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Surfistas:
Funkeiros:
Fui a um baile que era uma maresia. Conheci um alemo que tinha o maior conchavo. Dava corte em to-das as princesas. Um verdadeiro playboy.
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domina os aspectos lingsticos da tribo, no pode participar da mesma. Vamos aos exemplos:
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NVEIS E FUNES DA LINGUAGEMH vrias formas de comunicao e tambm diferentes objetivos lingsticos.
Neste captulo, destacamos a necessidade de observar em qual contexto comunicativo es-tamos inseridos, a fim de utilizarmos o nvel de linguagem adequado. Alm disso, estudamos as principais funes exercidas pela lngua em nos-sa vida diria.
No que consistem os nveis de linguagem
Sempre que falamos, devemos observar em qual contexto comunicativo estamos inseridos, a fim de utilizarmos o nvel de linguagem adequa-do. Ainda que a Lingstica diga que no existe o certo e o errado na lngua, devemos ter conscin-cia de que existe o adequado e o inadequado para determinadas situaes. A lngua como roupa, assim como no vamos dar uma palestra usando
LNGUA CULTA OU PADRONo nvel culto, dizemos: D-me um copo dgua porque esse nvel est de acordo com as normas da gramtica tradicional. Ideal para textos escritos.LNGUA COLOQUIALNeste nvel, podemos dizer: Me d um copo dgua porque permite pequenos desvios da gramtica padro. ideal para situaes comunicativas orais.LNGUA VULGAR OU INCULTAEste nvel contm vrias inadequaes se for-mos levar em conta a gramtica normativa da lngua portuguesa. No entanto, em contextos comunicativos orais, pode ser usada sem pro-blemas. Ex. Nis no vimu ningum.
Vanessa Loureiro Correa
trajes de banho ou no usamos traje de gala para irmos praia, no podemos usar um nvel regio-nal, por exemplo, em textos escritos.
Sendo assim, atualmente, aquele que melhor conhece e domina os cinco nveis de linguagem existentes em nossa lngua, tem melhores opor-tunidades do que aqueles que sabem apenas um. Abaixo esto os nveis com os exemplos.
LNGUA REGIONALO nvel regional diz respeito linguagem usa-da nas regies. Ex. Olha o tranco da morena, que passa ali no rancho!
LNGUA GRUPAL o nvel de linguagem que pertence a gru-pos fechados. Divide-se em tcnica e gria.Tcnica: pertence a reas de estudo. S com-preendida por aqueles que estudaram os termos.Ex.: O juiz deu um hbeas corpus ao ru.Gria: prpria de tribos existentes na so-ciedade, como, por exemplo, os surfistas, os skatistas, os funkeiros e assim por diante.Ex.: Dropamos a onda e levamos uma vaca.
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Assim como temos nveis para usar nos con-textos comunicativos, tambm, quando falamos, sempre temos um objetivo. Ningum fala se no tem necessidade; logo, o nosso discurso acom-panhado de uma funo. Vejamos as funes da
linguagem mais relevantes para a rea acadmica. Cabe ressaltar que temos as funes ftica, poti-ca, emotiva. No entanto, as mesmas, no contexto acadmico, no so to utilizadas. Sendo assim, vamos nos deter nas funes que seguem:
Funo referencial (ou denotativa, ou cognitiva)
Aponta para o sentido real dos seres e coisas.
ASTROLOGIA:A importncia da lua na vida das pessoas
No texto anterior, Lua est no sentido denotativo, ou seja, como um satlite da Terra. encontrada em todos os textos informativos que lemos e produzimos.
Funo conativa (ou apelativa ou imperativa)
Centra-se no sujeito receptor e eminente-mente persuasria.
Quem tem Dell no trocaSeu presente com total comodidade!Compre um Dell!
Na propaganda anterior, vimos que o objeti-vo fazer com que o receptor compre um compu-tador da marca Dell. Usamo-na, principalmente, quando emitidos uma ordem, estando ela ou no em forma de pedido, sugesto ou conselho.
24/05/2002 - 00h13
No nosso sistema solar, a Lua o corpo ce-
leste que se movimenta com mais rapidez. A
cada 28 dias ela perfaz uma volta completa em
torno da Terra e percorre 360do zodaco.A
cada 07 dias ela muda de fase. A cada 02 dias
e meio atravessa um signo inteiro e em pouca
horas visita outros planetas, fazendo e desfa-
zendo aspectos e ngulos com eles.
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Funo metalingistica a lngua falando da prpria lngua. Serve para verificar se emissor e receptor esto usando o
mesmo repertrio.
Definio do AmorAmor fogo que arde sem se ver ferida que doi e no se sente um contentamento descontente dor que desatina sem doer (Cames)
Nesta cano, o autor define o que saber amar usando outras palavras da lngua para ex-plicar um sentimento, uma atitude. Esse tipo de funo pauta todos os textos tcnicos que tm por meta introduzir palavras prprias de cada rea de estudo.
Agora que voc j viu os nveis e funes da linguagem, j apren-deu a importncia de se respei-tar as mais diferentes formas de se comunicar, vamos passar para os captulos seguintes.
Eles mostram como escrever usando a norma culta. Para voc
essencial saber isso, pois acadmico e deve dominar o n-
vel culto nos trabalhos.
Arquivo
Arquivo
Todos esses aspectos so importantes para que tenhamos a conscincia do quanto a nossa lngua rica no momento em que estamos usan-do-a. Dominando os nveis e funes, o falante nativo ter um eficiente processo comunicativo.
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COESO DO TEXTO ESCRITOVoc sabe quais so as palavras que garantem a unidade dos textos?
Neste captulo estudamos a coeso textual, destacando o papel dos anafricos e dos articuladores como elementos que caracterizam este fator de textualidade. O objetivo compreender o conceito de coeso textual e reconhecer e analisar o funcionamento dos anafricos e dos articuladores na constru-o do sentido em um texto.
O que um texto coeso?
Todo texto escrito pressupe uma organi-zao diferente da que caracteriza o texto fala-do. Veremos que a sua forma e estruturao so essenciais para a clareza da comunicao da mensagem, entretanto outros elementos tambm contribuem para que esse discurso seja bem-su-cedido. O que a coeso textual?.
A palavra coeso no dicionrio possui vrios significados, entre os quais ligao e associao ntima entre as partes de um todo. Ora, se o todo o texto, associar as suas partes ligar as pala-vras e as idias que o compem sem repeti-las.
Para confirmar isso, consulte um dicionrio e compare com a definio abaixo.
Harmonia e equilbrio entre as par- 1. tes de um todo ou entre membros de um grupo ; UNIDADE. [ + a, entre: Falta coeso ao grupo.: No se v coeso entre os adversrios do re-gime.]
Carter lgico de um discurso, tex- 2. to etc. ; COERNCIA: O advoga-do mostrou a coeso das provas.
Ling. Expresso formal das cone- 3. xes de sentido que ligam entre si as partes de um texto. Pl.: -ses.
[F.: do fr. cohsion. Idia de liga-o, de adeso.]
Daniela Duarte IlhescaMozara Rossetto da Silva
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Observe os elos abaixo:
Eles so como as seguintes palavras:
Casa rosa bonita casa branca
Todos os elos podem formar uma corrente, po-rm precisam estar ligados entre si por meio de outros elos. Isso formar uma corrente coesa, e, no caso das palavras, isso tambm dar coeso ao texto. Veja o resultado:
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A casa rosa mais bonita que a branca.
Observemos o exemplo 1 depois de ler o texto a seguir.
O marceneiro Osvaldo notou que o filho estava caminhan-do com os ps tortos. O mar-ceneiro resolveu investigar. O marce-neiro concluiu que o filho estava com os ps apertados. Era hora de substituir aquele velho tnis. Levou o filho lo-jinha do Manoel. A lojinha ficava per-to da casa do marceneiro. Chegando lojinha, o marceneiro escolheu um t-nis novo para o filho e separou o velho para jogar fora. O filho experimentou o tnis e comeou a chorar. O marce-neiro no entendeu o porqu daquele choro, pensou que alguma coisa estava machucando o filho e tirou imediata-mente o tnis novo dos ps do filho. O filho continuou a chorar e disse que amava demais o tnis velho para trocar
O que notamos nesse texto a falta de coe-so. Resumindo, nele encontramos:
a) muitas repeties;b) muitas frases estanques, isto , as idias
no esto ligadas umas s outras.
Agora que identificamos os problemas no texto, fica fcil reformul-lo, corrigindo as re-peties e estabelecendo relao entre as idias. Tente fazer as modificaes necessrias e com-pare-as com as sugeridas no texto abaixo.
Exemplo 1O marceneiro Osvaldo notou que
o filho estava caminhando com os ps tortos E resolveu investigar. Concluiu que o garoto estava com os ps aper-tados, ALM DISSO que j era hora de substituir aquele tnis surrado. Levou-o, ento, lojinha do Manoel, que ficava perto de sua casa. QUAN-DO l chegou, escolheu um novo cal-ado para seu pi E, TAMBM, se-parou o velho para jogar fora. MAL experimentara o presente, comeou a chorar. Sem entender o porqu daque-le choro, o homem NO S pensou que alguma coisa o estava machu-cando, COMO TAMBM tirou ime-diatamente o sapato do baixinho, que continuou a choramingar, dizendo que amava demais o companheiro para troc-lo por outro. ASSIM, o pai ps o antigo amigo no moleque A FIM DE voltarem para casa da mesma maneira como haviam sado.
Fonte 5 - SXC
por outro tnis. O marceneiro calou os tnis velhos no filho e ele e o filho voltaram para casa da mesma maneira como tinham quando sado.
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O texto sublinhado indica as substituies feitas para evitar a repetio de palavras, enquan-to o texto em letras maisculas corrige a ligao entre as idias por meio de uma possvel relao de sentido.
Vejamos primeiramente as substituies. Observemos que todas possuem um referente an-terior, ou seja, s procuramos substituir aquelas palavras que j foram escritas anteriormente e no devem ser repetidas.
SUBSTITUIES REFERENTES
Concluiu o marceneiro Osvaldo
o garoto o filho
Levou o marceneiro Osvaldo
-o garoto / filho
que lojinha do Manuel
Sua garoto / filho
L lojinha do Manuel
Chegou o marceneiro Osvaldo
Calado tnis
Seu o marceneiro Osvaldo
Pi garoto / filho
o velho calado / tnis
Experimentara o pi / garoto / filho
o presente novo calado
o homem o marceneiro Osvaldo
O o pi / garoto / filho
o sapato o presente / novo calado
Baixinho o pi / garoto / filho
o companheiro tnis surrado
-lo tnis surrado
Outro companheiro / tnis / calado /sapato
o pai o marceneiro Osvaldo
o antigo amigo tnis surrado
Moleque o pi / garoto / filho
Voltarem o filho e o pai
Que maneira
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No estudo da coeso, nomeiam-se as substitui-es como anafricos, os quais possuem um re-ferente anterior. O primeiro passo para obter co-eso textual utilizar esse recurso, pois, dessa forma, o texto no ficar repetitivo.
Ainda em relao ao texto sobre o marce-neiro, precisamos tambm observar as palavras que ligaram idias, estabelecendo uma relao de sentido entre elas. Verifique o quadro abaixo, observando a relao de sentido surgida entre as idias, no momento em que foram conectadas.
O nome anafrico esquisito, mas a sua funo muito simples: substi-tuir palavras ou idias para que no se repitam no texto
PALAVRAS QUE LIGAM RELAO DE SENTIDO
E adio
alm disso adio
Ento concluso
Quando temporalidade
e tambm adio
a fim de finalidade
Mal temporalidade
no s... mas tambm adio
Assim concluso
Exemplo 2A idia da me substituta mais antiga do que parece. Na Bblia, lemos que Sara, no
podendo engravidar, entregou sua serva Hagar ao marido Abrao, a fim de que ele se tornas-se pai. Com isso, evitava o oprbrio que pesava sobre os casais sem filhos. Depois disso, a prpria Sara engravidou, uma sugesto de que Deus recompensou seu desprendimento.
Agora, vejamos mais um exemplo.
O que so anafricos?
Fonte 6 : Jornal Zero Hora
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Observemos que, com as refern-cias/retomadas que esto sublinhadas, o texto fica muito mais claro e melhor redigido:
ele Abraocom isso entregar a serva ao ma-rido para que este se tornasse paidisso entregar a serva ao marido para que weste se tornasse paiseu de Sara
A idia da me substituta mais an-tiga do que parece. Na Bblia, lemos que Sara, no podendo engravidar, entregou sua serva Hagar ao marido Abrao, a fim de que Abrao se tornasse pai. En-tregando sua serva Hagar ao marido Abrao, a fim de que Abrao se tornasse pai, evitava o oprbrio que pesava sobre os casais sem filhos. Depois de entre-gar sua serva Hagar ao marido Abrao, a fim de que Abrao se tornasse pai, a prpria Sara engravidou, uma sugesto de que Deus recompensou o desprendi-mento de Sara.
Exemplo 3
Vamos analisar mais um exemplo.
Por que as gravaes de depoimentos CPI do Trfico de Armas foram feitas por um funcionrio terceirizado em vez de um servidor do quadro? Este ltimo estaria submetido ao sigilo profissional que um cargo pblico implica. O primeiro, que entregou aos advogados de Marcos Camacho, o Marcola, por R$ 200, a fita com informaes privilegiadas, no tem qualquer compromisso tico juramentado. Mesmo assim, h trs anos, tem sido pela mo pelo ouvido e confessadamente pelo bolso dele que passam todas as informaes sigilosas das CPIs. Informaes essas que envolvem desde os nomes velados de testemunhas que arriscaram suas vidas depondo at a extenso do acesso das autoridades aos nmeros das organizaes criminosas e, mais, o planejamento estratgico para o seu combate.
Referncias:este ltimo um servidor do quadroo primeiro um funcionrio terceirizadodele um funcionrio terceirizado
essas informaes sigilosas das CPIssuas das testemunhas
Ficou terrvel, no? Cansativo, extenso, prolixo, repetitivo e seria uma prova irrefutvel da falta de vocabulrio e reviso do autor.
Comparemos como seria desenvolvido o tex-to se o autor no tivesse tido esse cuidado:
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Fonte 7 : Jornal Zero Hora
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Outro recurso para estabelecermos a reto-mada de um termo que seria repetido a elipse. Com ela, a palavra fica oculta, por ser facilmente depreendida do contexto.
Exemplo 4Itamar Franco era um homem fe-
liz ao passar a faixa presidencial para Fernando Henrique Cardoso, mas esta-va tristonho ao acordar no dia seguin-te. J no era presidente da Repblica desde 1 de janeiro e precisava deixar o Palcio do Jaburu (...) Calado, foi ao banheiro e embalou alguns objetos.
O sujeito do primeiro verbo explicitamente mencionado, Itamar Franco. Os outros verbos do texto tm o mesmo sujeito, ento no necess-rio repeti-lo a cada nova frase. melhor manter o sujeito elptico, isto , oculto.
No estudo da coeso, nomeiam-se as pala-vras que ligam idias de articuladores. Tambm conhecidos como conjunes, nexos ou conec-tivos, os articuladores possibilitam estabelecer uma relao de sentido entre as idias.
Vamos ler os exemplos:
1. Paulo no foi bem na prova. Ele no estudou oo,suficiente.2. Joana estudou muito. Ela no passou no teste.3. Chuva amanh. Piquenique cancelado.
Veja se voc consegue ligar as idias por meio de um articulador.
Certamente, a escolha se deu a partir da relao de sentido que j existia entre as idias mesmo sem estarem conectadas. Assim, pos-svel que as respostas encontradas tenham sido as seguintes:
Paulo no foi bem na prova porque no 1. estudou o suficiente. (relao de expli-cao/causalidade)
Joana estudou muito, mas no passou 2. no teste. (relao de oposio/conces-so) ou Embora tenha estudado muito, Joana no passou no teste.
Se houver chuva amanh, o passeio 3. ser cancelado. (relao de condio)
Os articuladores apresentam vrias possi-bilidades de sentidos. Abaixo, verifiquemos o quadro que contempla esses sentidos, bem como alguns exemplos de articuladores.
SENTIDOS ARTICULADORES
ADIOe, tambm, ainda, no s... mas tambm, alm disso etc.
OPOSIO / CON-CESSO
mas, porm, contudo, entretanto, no entanto, embora, apesar de, mesmo que etc.
EXPLICAO / CAUSALIDADE
porque, pois, visto que, uma vez que, j que etc.
COMPARAOtal qual, mais que, me-nos que, como etc.
CONDIOse, caso, desde que, quando etc.
ALTERNNCIA OU DISJUNO
ou... ou, ora... ora, seja... seja, quer... quer etc.
TEMPORALIDA-DE ou PROPOR-CIONALIDADE
no momento em que, medida que, mal, quan-do, enquanto, quanto mais... mais, propor-o que etc.
FINALIDADEa fim de, com o objeti-vo de, para etc.
CONFORMIDADEsegundo, conforme, de acordo com, como etc.
CONCLUSO Portanto, assim, logo etc.
Como voc escolheu o articulador apropriado? Ser que acertou o alvo?
O que so articuladores?
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Se me avisares do nascimento do beb, irei visit-lo. (condio)
No momento em que me avisares do nasci-mento do beb, irei visit-lo. (temporalidade)
Quando entrei em casa, vi que havia um vul-to atrs da cortina. (temporalidade)
Mal entrei em casa, vi que havia um vulto atrs da cortina.
c) Verifique o e nas seguintes frases:Casaram-se e foram felizes para sempre.
(adio)Casaram-se, e no foram felizes para sem-
pre. (oposio)Casaram-se, mas no foram felizes para
sempre.Considerando os exemplos apresentados an-
teriormente, importante conhecermos todos os
sentidos possveis, mas desaconselhvel a de-
coreba dos articuladores, visto que um mesmo
nexo pode assumir um ou mais sentidos.
O que vale mesmo no estudo dos articuladores entender a relao que as idias podem ter em um determinado texto.
Observemos os textos a seguir, verificando a anli-se dos sentidos expressos pelos nexos destacados
hoje, prtica corrente de qualquer acadmico, mesmo que no se dedi-que carreira de inves-tigao, escrever artigos
destinados apresentao em conferncias da sua es-pecialidade. Como a gene-ralidade das conferncias satisfaz a tradio, im-
portante que o autor saiba cumprir o formato tpico dos artigos cientficos.
Exemplo 5Elementos de coeso empregados:
mesmo que - sentido de conces-so (poderia ser substitudo, sem preju-zo de significado, por apesar de no se dedicar... ou embora no se dedique...)
como - sentido de causalidade/expli-cao (poderia ser substitudo, sem preju-zo de significado, por visto que ou j que)
de suma importncia a identificao do sentido que desejamos passar no momento da produo do texto, para que saibamos qual articulador de-ver ser selecionado para estabelecer essa pon-te entre os perodos ou pargrafos.
Alguns articuladores podem estabelecer mais de uma relao de sentido.
Como no viu o carro, acabou provocando
um acidente. (explicao / causalidade)
Porque no viu o carro, acabou provocando um acidente.
Como prev a lei, nenhuma criana pode fi-car sem escola. (conformidade)
Conforme prev a lei, nenhuma criana pode ficar sem escola.
Ele como o pai. (comparao)Ele tal qual o pai.
Quando me avisares do nascimento do beb, irei visit-lo. (temporalidade ou condio)
Verifique o como nos exemplos abaixo:
a)
Verifique o quando nos exemplos abaixo:
b)
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Exemplo 6Por vezes pedido que um artigo
seja acompanhado por um conjunto de palavras-chaves que caracterizem o domnio ou domnios em que ele se inscreve. Estes termos so normalmen-te utilizados para permitir que o artigo seja posteriormente encontrado em sistemas eletrnicos de pesquisa. Por isso, devem escolher-se palavras-chave to gerais e comuns quanto possvel.
Elementos de coeso empregados:
para sentido de finalidade (poderia ser substitudo, sem prejuzo de significado, por a fim de permitir... ou com a finalidade de permitir...)
por isso sentido de causalidade/explicao (poderia ser substitudo, sem prejuzo de signifi-cado, por por esta razo... ou por este motivo...)
Agora vamos analisar dois trechos que uti-lizam os elementos de coeso estudados. O uso tanto dos anafricos quanto dos articuladores confere aos trechos coeso, conciso e clareza,
Exemplo 7
O resumo no uma introduo ao artigo, mas sim uma descrio su-mria da sua totalidade, na qual se procura realar os aspectos menciona-dos. Dever ser discursivo, e no ape-nas uma lista dos tpicos que o artigo cobre. Deve-se entrar na essncia do resumo logo na primeira frase, sem ro-deios introdutrios nem recorrendo frmula estafada Neste artigo ....
mas sim articulador que expressa oposio de idias
e articulador que expressa adio de informao
logo articulador que expressa temporalidade
nem articulador que expressa adio de informao (Observe que mesmo os articula-dores no devem ser repetidos indefinidamente no texto; preciso substitu-los por outros que transmitam o mesmo sentido, a fim de evitar a j comentada repetio de palavras.)
sua anafrico que se refere ao termo artigo
na qual anafrico que se refere expres-so descrio sumria
dever anafrico que se refere ao termo resumo
A seguir, apresentamos uma demonstrao de como o trecho do exemplo 7 estaria redigido se os elementos de coeso no fossem adequa-dos. Podemos comprovar, assim, o prejuzo em relao ao real sentido que o autor tenta transmi-tir e para o prprio acompanhamento da leitura e o entendimento do texto.
Exemplo 8O resumo no uma introduo
ao artigo, portanto uma descrio sumria da totalidade do artigo, na descrio sumria se procura realar os aspectos mencionados. o resumo dever ser discursivo, assim no ape-nas uma lista dos tpicos que o artigo cobre. Deve-se entrar na essncia do resumo ento na primeira frase, sem rodeios introdutrios sem recorrendo frmula estafada Neste artigo ....
Elementos de coeso utilizados no texto 7:
qualidades indispensveis para o bom entendi-mento de um texto.
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Exemplo 9
Pretendeu-se que este trabalho proporcionasse, de forma muito sin-ttica, (1) objetiva e estruturante, uma familiarizao com os principais cuidados a ter na escrita de um artigo cientfico. (2) satisfazer (3) , optou-se por uma descrio seqencial das componentes tpicas de um docu-mento desta natureza. Pensa-se que o resultado obtido satisfaz os requisitos de objetividade e pequena dimenso que pretendia atingir. Pensa-se (4) que constituir um auxiliar til, de
C entre ns.... ficou pssimo, no? Sentidos deturpados, repeties desnecessrias. Entretanto, como vimos, perfeitamente passvel de aprimoramento.
No trecho a seguir, vamos identificar quais seriam os elementos coesivos necessrios para que o texto apresentasse uma redao com mais estilo.
referncia freqente para o leitor que pretenda construir a sua competncia na escrita de artigos cientficos. Faz-se notar, (5) , que ningum se pode considerar perfeito neste tipo de tare-fa. A arte de escrever artigos cient-ficos constri-se no dia-a-dia, atravs da experincia e da cultura. (6) , as indicaes deste texto devero ser entendidas como um mero primeiro passo, enquadrador, para uma jornada plena de aliciantes, (7) que nunca ter fim.
Observamos o sentido exigido pelo contexto para complementar e unir as informaes transmitidas:
oposio de idias entre o carter objetivo e estruturante e a forma muito sinttica do tra- 1. balho = porm ;
finalidade / objetivo do trabalho= para; 2.
referncia e retomada pretenso citada na abertura do texto = este objetivo; 3.
adio/complementao de idias = tambm; 4.
oposio entre o objetivo do trabalho e a dificuldade que toda redao de artigos cientfi- 5. cos pressupe = todavia;
articulador que exprime a relao de concluso, visto ser o ltimo perodo do pargrafo = assim; 6.
oposio entre a idia de um incio de tarefa e a projeo dessa continuidade indefinida- 7. mente = mas.
Fonte 8
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Como vimos, apenas um conjunto de palavras no capaz de formar uma frase, e um conjunto aleatrio de frases tambm no suficiente para formar um texto.
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Segue o texto na ntegra para que comprovemos a sua redao
coesa e inteligvel.
Pretendeu-se que este trabalho propor-cionasse, de forma muito sinttica, porm objetiva e estruturante, uma familiarizao com os principais cuidados a ter na escri-ta de um artigo cientfico. Para satisfazer este objetivo, optou-se por uma descrio seqencial das componentes tpicas de um documento desta natureza. Pensa-se que o resultado obtido satisfaz os requisitos de objetividade e pequena dimenso que pre-tendia atingir. Pensa-se tambm que consti-
tuir um auxiliar til, de referncia freqen-te para o leitor que pretenda construir a sua competncia na escrita de artigos cientfi-cos. Faz-se notar, todavia, que ningum se pode considerar perfeito neste tipo de ta-refa. A arte de escrever artigos cientficos constri-se no dia-a-dia, atravs da expe-rincia e da cultura. Assim, as indicaes deste texto devero ser entendidas como um mero primeiro passo, enquadrador, para uma jornada plena de aliciantes, mas que nunca ter fim.
Fonte 9 - Nogueira
Para escrever um texto coe-so, necessrio que as suas partes mantenham uma orde-nao e uma relao entre si, que estejam de acordo com o sistema lingstico e transmitam aos leitores os sentidos COERENTES que o autor deseja demonstrar. Por isso, no prximo captu-lo, vamos estudar os meca-nismos que garantem essa
COERNCIA TEXTUAL.
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COERNCIA TEXTUALVoc conhece os princpios que sustentam a coerncia dos textos? Veja como isso acontece!
Neste captulo, estudamos a coerncia tex-tual, destacando os fatores principais que levam um texto a ser coerente.
O que um texto coerente? A coerncia textual implica que as palavras
devem manter uma correlao para que o texto no perca o seu sentido, ou seja, elas no podem ficar isoladas. s vezes, quando redigimos um texto, no constatamos, em um primeiro mo-mento, que pode haver algumas incoerncias que dificultaro a interpretabilidade textual. Vamos observar as frases abaixo e verificar se so coe-rentes ou no.
Exemplo 1O meu pai no gosta de futebol,
visto que meu pai comprou uma cami-seta da seleo brasileira para a Copa.
Faamos uma breve anlise dessa frase.
Notamos que h repetio de palavras (o meu pai) e contradio de idias (no gosta de futebol comprou uma camiseta da seleo). Esses fatores acabam por comprometer a coerncia do texto. Veja abaixo uma reconstruo coerente da frase:
Daniela Duarte IlhescaMozara Rossetto da Silva
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O meu pai no gosta de futebol, porm comprou uma camiseta da seleo brasileira para a Copa.
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Com a utilizao de um articulador de oposio (porm), a idia contraditria foi apagada, o texto ganhou fluncia, e as duas idias puderam ficar unidas, estabelecendo uma harmonia textual.
Que mecanismos garan-tem a coerncia do texto?
No captulo sobre coeso textual, vimos como fundamental o uso de anafricos e de articuladores que contribuem para a qua-lidade do discurso escrito. Contudo, existem outros dois itens importantes que vo garan-tir a coerncia de um texto: a no-contra-dio entre idias, tempos verbais e pessoas do discurso e a relao das idias de forma lgica, como veremos daqui a pouco.
De acordo com Charolles (1978), a coerncia de um texto sustentada pela utilizao de quatro princpios bsicos: repetio, progresso, no-contradio e relao.
Assim, quando terminamos uma produo textual, devemos observar se todos foram consi-derados. Agora, vejamos cada um deles. O pri-meiro o princpio da repetio, que se refere utilizao de anafricos para evitar a repetio de palavras, expresses ou idias, como podemos observar nos exemplos a seguir.
Exemplo 2Ana comprou um carro, mas no o
aprovou e decidiu troc-lo por outro.
Exemplo 3O meu trabalho foi entregue antes
do prazo estipulado, mas ele apresen-tou alguns problemas de digitao e resolvi arrum-lo.
O princpio da progresso estabelece a utilizao de articuladores para que o texto no se repita indefinidamente, isto , para que haja sempre renovao da informao e acrscimo de novos argumentos.
Exemplo 4Em votao realizada ontem
noite, os ministros do Tribunal Supe-rior Eleitoral (TSE) estabeleceram as regras para as eleies de outubro des-te ano. Entre as principais resolues, os magistrados decidiram que no ha-ver teto para os gastos dos candidatos. Alm disso, tambm est permitida a divulgao de pesquisas de opinio inclusive no dia da eleio, diferente-mente do que determinava a Lei Elei-toral sancionada pelo presidente Lula no ltimo dia 10.
No entanto, o tribunal manteve a proibio realizao de showmcios e distribuio de camisetas e brindes durante a campanha eleitoral, que co-mea em 5 de julho.
Observe que h presena de articuladores e informaes novas so acrescentadas, permitindo a fluncia do texto e garantindo sua progresso.
O princpio da no-contradio diz respei-to obrigatoriedade da coerncia entre as idias, os tempos verbais e as pessoas do discurso, de forma que todos esses itens estejam presentes no texto sem nenhuma contradio. Vejamos alguns exemplos.
Fonte 10 - Zero Hora
Exemplo 5Na elaborao deste trabalho, ob-
jetivamos mostrar os resultados, para que se tenha uma idia bastante nti-da...
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Nos exemplos 5 e 6, houve modificao da pessoa do discurso (1 pessoa do plural para 3 pessoa do singular) e devemos manter a unidade no nosso texto.
Vejamos como poderamos redigir essas frases de maneira correta:
Na elaborao deste tra-balho, objetivamos mos-trar os resultados, para que tenhamos uma idia bastante ntida ...
Exemplo 8A seleo brasileira venceu a
Copa, apesar de ser a favorita.
Os exemplos 7 e 8 apresentam idias con-traditrias, j que uma idia vai de encontro outra.
No h censura no Brasil, mas nem todas as informaes podem ser publicadas, pois com-prometem algumas pessoas.
A seleo brasileira venceu a Copa, j que era a favorita.
Exemplo 9A pesquisa no possua carter
cientfico e no tem um referencial te-rico adequado.
Exemplo 10O ministro faz o anncio de novas
medidas econmicas na televiso, e os jornais publicaram-nas.
Nos exemplos 9 e 10, h modificao do tempo verbal, o que fere o princpio da no-con-tradio, pois devemos observar a uniformidade do tempo verbal (presente, pretrito, futuro e de-mais flexes) no texto.
Exemplo 6Em suma, procuramos estabelecer
alguns parmetros para que se possa chegar a um resultado satisfatrio.
Eles poderiam ser reescritos assim:
Finalizando, o princpio da relao esta-belece que cada parte do texto, cada pargrafo encerrado, prepara o seguinte, e este, por sua vez, retoma e amplia o que foi apresentado pelo ante-rior, garantindo, assim, a permanncia no tema,
A pesquisa no possua carter cientfico e no tinha um referencial te-rico adequado.O ministro fez o anncio de novas medidas econ-micas na televiso, e os jornais publicaram -nas.
O correto seria:
Exemplo 7No h censura no Brasil, s
que algumas informaes no po-dem ser publicadas.
Em suma, procuramos estabelecer alguns par-metros para que possa-mos chegar a um resul-tado satisfatrio.
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Exemplo 11A noite mais fria do ano at agora
cobriu de branco o Rio Grande do Sul. Quem teve de sair de casa logo no in-cio da manh presenciou belas paisa-gens, com campos cobertos pela geada na maior parte do Estado. Cambar do Sul voltou a ter temperatura negativa pelo segundo dia consecutivo. Desta vez, o termmetro registrou na cidade dos Campos de Cima da Serra -2,6C, a menor marca do ano at agora.
O frio tambm foi intenso nas ou-tras regies gachas, que tiveram m-nimas variando entre 2C e 4C. Em Santa Maria, termmetros registraram 0,9C, a segunda temperatura mais fria do Estado. No distrito de Boca do Mon-te, s 6h30min, uma ponte parecia que recm havia sido pintada de branco.
No exemplo 11, percebemos que no houve fuga do tema proposto no incio do pargrafo, o qual foi retomado e ampliado atravs de um pas-seio pelas regies onde fez frio naquele estado.
Como podemos notar, dois princpios j fazem parte do seu conhecimento bsico sobre produo textual: o da repetio, que contempla o uso dos anafricos, e o da progresso, que se refere utilizao de articuladores.
J os princpios da no-contradio e da re-lao esto diretamente ligados logicidade das idias, considerando a manuteno do tema, da pessoa do discurso, do tempo verbal e da no-contradio de idias.
Para finalizar, veja quantas incoern-cias o texto a seguir apresenta...
Exemplo 12O turismo oferece muitas vanta-
gens. Algumas delas e para quem tra-balha muito e no conseguia organizar uma agenda de viagens, para isso exis-tiro as maravilhosas agn-cias e outra o co-nhecimento de novos vocabu-lrios. Depois que voltamos para nossa ter-ra natal que se d o devido valor para o nosso habitat, na verdade o que ficam mesmo so fotos, filmagens e lembranas e nem sempre as agncias conseguem satisfazer os clientes. A vida feita para ser vivida.
contraditrio quando diz que o tu-rismo oferece muitas vantagens e, no final, afirma que nem sempre as agn-cias conseguem satisfazer os clientes;
contraditrio quanto ao uso dos tem-pos verbais, pois o pensamento inicia no presente, mas no mesmo racio-cnio mistura o pretrito e o futuro;
contraditrio em relao pessoa do discurso, na medida em que inicia com a 3 pessoa (o turismo oferece) e passa 1 do plural (voltamos) no meio do texto;
falta relao entre algumas idias que perdem a lgica pela falta de seqncia ao raciocnio, como em para isso exis-tiro as maravilhosas agncias e outra o conhecimento de novos vocabulrios;
falta relao do tpico frasal o turismo
sem fuga do assunto, como podemos constatar no exemplo seguinte, que trata sobre a noite mais fria do ano no estado do Rio Grande do Sul:
Fonte 11 - Zero HoraProblemas do texto:
a)
b)
c)
d)
e)
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O texto ficaria bem melhor assim...O turismo oferece muitas vanta-
gens. Algumas agncias de viagens, por exemplo, facilitam a vida de quem tra-balha, uma vez que organizam roteiros maravilhosos que possibilitam conhe-cimentos variados. Outro benefcio a experincia de um vocabulrio novo, pois, dependendo da regio ou pas que
Notamos ainda repetio de palavras e falta de articulao, o que compromete a coerncia do texto.
se visita, tem-se contato com dialetos diferentes, ou mesmo, com lnguas es-trangeiras. H, tambm, a valorizao da terra natal, j que s viajando que se tem parmetro de comparao para ava-liar o habitat natural. Logo, at quando se vem as fotos, as filmagens e as lem-branas, percebe-se o quanto vale viajar.
Notemos que o texto deixou de ser confuso, contraditrio e sem lgica. H manuteno do tema e da pessoa do discurso (sempre na 3), e as idias es-
to relacionadas entre si.J sabemos o que um texto coeso e coerente! No prximo captulo, utilizaremos esses conceitos para produzirmos um PARGRAFO-PADRO cujas
idias devem ser concatenadas e estruturadas, a fim de pre-servar a unidade indispensvel
para a redao.
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O PARGRAFO PADROO processo de se escrever um texto coeso e coerente pode ser facilitado se prestarmos ateno em certos detalhes.
Neste captulo, abordamos questes impres-cindveis para a escrita do pargrafo-padro, com o objetivo de lev-lo a reconhecer e dife-renciar os componentes de sua estrutura, alm de planej-lo e redigi-lo adequadamente.
Escrever um texto Muitas pessoas no sentem o mnimo est-
mulo para elaborar umas poucas linhas escritas; acreditam que no possuem o preparo indis-pensvel para redigir algo que permita desven-dar e compartilhar suas idias. Elas ficam de-sanimadas e consideram-se inaptas para o dom da escrita. Qual o motivo de tais sentimentos? Falta-lhes base cultural ou, to-somente, prti-ca? Pois, para dominar os medos, preciso pra-ticar. preciso ter iniciativa e escrever. Porque s aprendemos a escrever escrevendo.
A redao um excelente instrumento para desenvolver a criatividade; seu hbito leva or-ganizao do pensamento e ao desenvolvimento da expresso lingstica. Ao escrever, transmiti-mos o que pensamos sobre determinado assun-to a partir de experincias e vivncias, e esta uma tarefa que necessita aprendizagem. Parece uma soluo fcil, mas no . Muitas vezes, a pessoa se depara com a incumbncia de redigir um texto, mas se encontra sem uma idia central; no sabe como comear nem como prosseguir. Para superar o problema, ela deve se convencer
Ler e escrever: a prtica leva criao.
de que conhecimento, escrita e leitura so pro-cessos relacionados. Mesmo dominando as tc-nicas de redao, ningum escreve sobre aquilo que no conhece; por outro lado, mesmo tendo plena informao sobre o assunto, a capacidade de expresso e de divulgao das idias vai de-pender da compreenso dos princpios bsicos redacionais.
Para poder executar bem a tarefa de escre-ver, voc deve comear definindo o assunto; de-pois deve selecionar as idias principais sobre esse assunto e, entre elas, escolher aquela que
Luana Soares de SouzaMozara Rossetto da Silva
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Diariamente lemos textos e no paramos para analisar sua estrutura. Esta deve apresentar organizao interna prpria, que favorea a coe-rncia textual.
Leia o artigo transcrito a seguir e observe de quantos pargrafos ele composto.
a central. A seguir, deve concatenar as idias e organizar um esquema que preserve a unidade da redao. Finalmente, deve passar escrita, lem-brando que, nem sempre, escrever bem significa escrever muito.
A estrutura do pargrafo: suas partes
Exemplo 1O desafio da qualidade
Crianas de 5 srie que no sabem ler nem escrever, salrios baixos para todos os profissionais da escola, equipes deses-timuladas, famlias desinteressadas pelo que acontece com seus filhos nas salas de aula, qualidade que deixa a desejar, pro-fessores que fingem que ensinam e alunos que fingem que aprendem. O quadro da Educao brasileira (sobretudo a pblica) est cada vez mais desanimador. Na mais recente avaliao nacional, o Prova Bra-sil, os estudantes de 4 srie obtiveram em Matemtica e Lngua Portuguesa notas que deveriam ser comuns na 1. E os de 8 mal conseguem alcanar os contedos previstos para a 4. Enfrentar esse desafio parece, muitas vezes, uma tarefa impossvel. Mas a verdade uma s: assim como est, no d para continuar! A boa notcia que cada vez mais gente est percebendo isso e se mobilizando para mudar essa situao dra-mtica. No incio de setembro, um grupo de empresrios e lderes polticos lanaram (com grande apoio de jornais e emissoras de rdio e TV) o compromisso Todos pela Educao. Foram apresentadas cinco metas a ser atingidas at 7 de setembro de 2022, o ano do bicentenrio da Independncia:
toda criana e jovem de 4 a 17 anos estar na escola;
toda criana de 8 anos saber ler e escrever;
todo aluno aprender o que apropriado para a sua srie;
todos os alunos vo concluir o Ensino Fundamental e o Mdio;
o investimento na Educao B-sica ser garantido e bem geri-do.
A escolha da data simblica e re-fora a crena de que um pas s pode ser considerado independente, de fato, se suas crianas e jovens tm acesso Educao de qualidade, afirma Ana Maria Diniz, presi-dente do Instituto Po de Acar e uma das idealizadoras do pacto.(...).
Ningum mais quer um pas com uma taxa to baixa de escolaridade: nossos alu-nos ficam, em mdia, apenas 4,9 anos na escola, contra 12 nos Estados Unidos, 11 na Coria do Sul e oito na Argentina. E, o que pior, no aprendem as competncias bsi-cas. Pesquisa nacional conduzida pelo Ins-tituto Paulo Montenegro mostra que 74% dos brasileiros so analfabetos funcionais, ou seja, no conseguem ler esta reportagem (na verdade, no compreendem nada mais complexo que um bilhete). espantador, mas verdade. De cada quatro pessoas, s uma capaz de entender o que est escrito em qualquer texto minimamente complexo. E o mesmo ocorre com habilidades mate-mticas, como as quatro operaes. At algumas dcadas atrs, esses dados tinham relativamente pouca relevncia.
Hoje, com a globalizao econmica, no d mais para viver sem dominar essas competncias bsicas. Estudos comprovam que a riqueza de uma nao depende de sua produtividade e, portanto, da capacitao de sua mo-de-obra. Em bom economs, gente educada produz mais. Do ponto de vista social, a Educao tambm a nica sada para reduzir desigualdades. Nmeros do Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-tstica (IBGE) mostram que filhos de mu-
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Crianas de 5 srie que no sabem ler nem escrever, salrios baixos para todos os profissionais da escola, equi-pes desestimuladas, famlias desinteressadas pelo que acon-tece com seus filhos nas salas de aula, qualidade que deixa a desejar, professores que fingem que ensinam e alunos que fingem que aprendem.
Se analisarmos esses seis pargrafos sepa-radamente, poderemos verificar que a maioria deles apresenta uma introduo ou frase-ncleo na qual percebemos o enfoque a ser expandido; um desenvolvimento em que so apresentadas as idias relacionadas ao tpico inicial; uma con-cluso na qual o autor faz a retomada do tema e apresenta uma nova idia, s vezes, a mais im-portante, ou ainda, um questionamento que pode-r servir de gancho para um novo pargrafo.
Tomemos o terceiro pargrafo do artigo e analisemos sua estrutura:
Ningum mais quer um pas com uma taxa to baixa de escolaridade: nossos alunos ficam, em mdia, apenas 4,9 anos na escola, contra 12 nos Estados Unidos, 11 na Coria do Sul e oito
2 pargrafo: A escolha da data sim-blica e refora a crena de que um pas s pode ser conside-rado independente, de fato, se suas crianas e jovens tm acesso Educao de quali-dade, afirma Ana Maria Diniz, presidente do Instituto Po de Acar e uma das idealizadoras do pacto.
Ningum mais quer um pas com uma taxa to baixa de escolaridade: nossos alunos ficam, em mdia, apenas 4,9 anos na escola, contra 12 nos Estados Unidos, 11 na Coria do Sul e oito na Argentina.
Hoje, com a globalizao econmica, no d mais para viver sem dominar essas com-petncias bsicas.
Nos ltimos anos, o Bra-sil deu um passo importante ao (praticamente) resolver a questo do acesso escola: 97% dos jovens de 7 a 14 anos esto matriculados.
No bicentenrio da Inde-pendncia, o cenrio educa-cional pode ser o mesmo de hoje.
3 pargrafo:
4 pargrafo:
5 pargrafo:
6 pargrafo:
1 pargrafo:
Certamente voc contou seis pargrafos. Essa simples concluso evidente, uma vez que puramente visual e assinalada pelo deslocamento da margem. Entretanto, isso no tudo. preciso aprender como se constri um pargrafo para que ele mantenha a estrutura e a coerncia internas.
No artigo apresentado, notamos que, apesar de existir uma relao entre eles (o cenrio edu-cacional brasileiro), a cada pargrafo introduzi-do um novo enfoque sobre o tema, como um pon-to de vista diferente do anterior, ou feita uma nova abordagem desse tema. Assim, j podemos deduzir que o pargrafo deve se ocupar de apenas um aspecto ou de um enfoque do assunto; des-sa forma, garantida a sua unidade autnoma, a qual pode compor um texto maior.
Observe a introduo de cada um dos par-grafos do texto. Todas possuem uma idia-ncleo, que ser desenvolvida posteriormente.
lheres com pouca escolaridade (at trs anos de estudo) tm 2,5 vezes mais riscos de morrer antes de completar 5 anos de idade do que as crianas cujas mes estudaram por oito anos ou mais.
Nos ltimos anos, o Brasil deu um passo im-portante ao (praticamente) resolver a questo do acesso escola: 97% dos jovens de 7 a 14 anos esto matriculados. S que esses mseros 3% que esto longe de livros e cadernos correspondem a 1,5 milho de pessoas (logicamente, das cama-das mais pobres).(...).
No bicentenrio da Independncia, o cen-rio educacional pode ser o mesmo de hoje. Ou no. Mudar essa situao catica uma deciso de todos os cidados e no s de empresrios e dirigentes polticos, mas de diretores de escola, pais e professores. (...)
Fonte 12 - Nova Escola
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na Argentina. E, o que pior, no aprendem as competncias bsicas. Pesquisa nacional condu-zida pelo Instituto Paulo Montenegro mostra que 74% dos brasileiros so analfabetos funcionais, ou seja, no conseguem ler esta reportagem (na verdade, no compreendem nada mais complexo que um bilhete). espantador, mas verdade. De cada quatro pessoas, s uma capaz de entender o que est escrito em qualquer texto minimamen-te complexo. E o mesmo ocorre com habilidades matemticas, como as quatro operaes. At al-gumas dcadas atrs, esses dados tinham re-lativamente pouca relevncia.Fonte 13- Nova Escola
Nesse pargrafo, observamos que a in-troduo (sublinhada) composta por dois perodos, o desenvolvimento contm quatro perodos e a concluso (em negrito) possui um perodo. Isso nos possibilita nome-lo de pargrafo padro. Isto , ele composto de uma estrutura modelo que contempla os quesitos de um texto bem elaborado.
Essa anlise pode ser realizada nos demais pargrafos do texto, e a nica variante ser o n-mero de perodos que os compem, uma vez que todos abordam uma mesma temtica qualidade do ensino no Brasil de um texto dissertativo.
Outro fator que pode servir como caracters-tica do pargrafo-padro o nvel de linguagem, uma vez que ele privilegia o registro padro.
Vejamos, agora, um exemplo de pargrafo que foi produzido como um texto autnomo, isto , ele no compe um texto com mais pargrafos.
Exemplo 3Fonte 14 - Jornal do Comrcio*
Exemplo 2Embargo russo
Para tentar pr fim ao embargo da Rs-sia contra a carne bovina, suna e deriva-dos produzidos em quatro estados do Pas, uma misso do governo brasileiro viajar para Moscou no ms que vem, informou o ministro do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior, Luiz Fernando Furlan. O comrcio foi suspenso em 13 de dezem-
bro de 2005, logo depois do Ministrio da Agricultura ter diagnosticado focos de febre aftosa nos rebanhos do Paran e do Mato Grosso do Sul. A restrio era mais ampla e valia tambm para carnes e deri-vados produzidos em So Paulo, Gois e Mato Grosso*.
Jornalismo literrioO que eu acredito que existe texto
bom e texto ruim. O bom texto construdo com informaes mais complexas do que a mera reproduo do que dito pelas fontes. construdo tambm com no-ditos, inter-ditos, omisses, frases suspensas pelo meio, decepadas antes do ponto final. D ao lei-tor observao (muita), detalhes (muitos), cheiros, texturas, descrio do lugar, do jei-to das pessoas, de como se vestem, sentam, andam, pegam o cigarro, passam a mo no cabelo, piscam etc. O jornalista tem de dar ao leitor esse retrato complexo de uma rea-lidade que ele no testemunhou, mas pode alcanar pela leitura da reportagem. Uma enorme responsabilidade, portanto. E isso no fico, no imaginao. infor-mao. Se eu digo que um sabi cantou no enterro de tal pessoa, por exemplo, como j escrevi, porque cantou e no porque eu achei potico inventar um sabi (se fosse escrever fico, alis, jamais usaria um sa-bi porque muito clich...). Escrever um texto com grande nvel de detalhamento d muito mais trabalho ao reprter porque exige uma apurao exaustiva. Com todas as informaes na mo, escrever a parte mais fcil. Difcil apurar bem para es-
formalmente, apresenta uma nica abertura ou entrada de margem, con-forme observamos pela indicao da seta no novo exemplo apresentado:
a)
O texto anterior um exemplo de pargrafo. Esse tipo de construo textual traz as seguintes caractersticas estruturais:
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Vejamos, ento, a estrutura de outro pargrafo.
crever bem. No jornalismo, a qualidade do texto resultado da qualidade da apurao. Costumam classificar esse tipo de texto, resultado dessa apurao rigorosa, de jor-nalismo literrio. Mas eu prefiro chamar de bom jornalismo.
Fonte 15 - Zero Hora
b)
c)
Para relembrar:Frase: todo enunciado que possui sen-tido e estabelece comunicao.
Orao: frase que tem um ou mais verbos.
Perodo: orao ou grupo de oraes de sentido completo terminado por um ponto final ou outro sinal equivalente.Pargrafo: indicado pelo afastamento lateral da margem direita; composto,
Conciso uma das qualidades de
estilo, quer dizer, para que haja uma
boa comunicao, o comunicador pre-
cisa desenvolver dentro de seu estilo
alguns quesitos:
a) Clareza: remete clareza de
pensamento, com pontuao adequada e
correta disposio das palavras na frase.
b) Conciso: a comunica-
o lingisticamente econmica e
eficiente. Utiliza poucas palavras e
despreza explicaes
Exemplo 4
RS ter complexo industrial de biodiesel
A semana ser importante para a agricul-tura familiar no Rio Grande do Sul. Repre-sentantes do Ministrio de Desenvolvimen-to Agrrio e da Petrobras estaro no Estado para deflagrar projetos voltados para a produo de biodiesel. A meta audacio-sa: no apenas inserir a agricultura familiar gacha na produo de lcool, como tornar o Estado auto-suficiente no mdio prazo. A agenda comea nesta segunda-feira, com a assinatura de um memorando de enten-dimento para a instalao de uma usina de biodiesel e do contrato para instalao de uma usina de lcool entre a Petrobras e a Cooperbio, em Palmeira das Misses. Tambm ser assinado um convnio para a manuteno do Curso de Tcnico em Agropecuria Ecolgica, com nfase em Biocombustveis, entre a Petrobras e a Fun-dep. Na quarta-feira, ser a vez de assinar
apesar de serem textos relativamen-te curtos, possuem lgica interna e transmitem de maneira coesa as infor-maes necessrias. Ambos so com-postos pelas trs partes indispensveis a qualquer texto que pretenda estar completo e claro: introduo, desen-volvimento e concluso;cada uma dessas partes formada por certo nmero de perodos que, obvia-mente, pode variar de acordo com a necessidade do autor, mas tambm deve contemplar um mnimo que garanta sua clareza e conciso, lembrando que, nor-malmente, o desenvolvimento maior do que as outras partes.
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Na concluso, ocorre um fechamento que retoma a idia central de modo coeso e coe-rente. Nesse pargrafo, o autor optou por uma concluso que apresenta o objetivo final das aes listadas: a construo de um complexo estadual destinado produo de biodiesel e lcool combustvel.
Observe que, para redigir cada parte, foi utilizado um determinado nmero de perodos.
QUADRO EXPLICATIVO
Relembrando PERODO: comea com a letra ini-
cial maiscula e termina por uma pausa bem definida e indicada por ponto final (perodos 1 e 2, a seguir); ponto de inter-rogao (perodo 3); ponto de exclamao (perodo 4); ou reticncias (perodo 5).
ATENO: vrgula, ponto-e-vrgula e dois-pontos so sinais de pontuao que no delimitam perodos.
Exemplos de perodos:
O ponto final empregado ao trmino 1. de um perodo de sentido completo.
O Brasil est entre os pases que mais 2. sero afetados pelo aquecimento global, conforme informa reportagem publicada pela Revista Veja.
Voc gostou da comida daquele restau-3. rante na Estrada do Mar?
Mesmo em viagem ao exterior, no se 4. esquea de sua terra natal!
Estou de regime; no momento s me 5. alimento de carnes brancas e de hor-talias, como alface, rcula, agrio, espinafre,...
Observao:Os perodos 1, 3 e 4, por serem cons-
titudos de uma s orao (apenas um ver-bo), so perodos simples. Os perodos 2 e 5 so constitudos de mais de uma orao (mais de um verbo): so perodos compos-tos.
Vamos, agora, analisar os perodos do par-grafo que constitui o exemplo 4.
A introduo composta por um nico pe-rodo (ou seja, um ponto final).
A semana ser importante para a agricultura familiar no Rio Grande do Sul.
O desenvolvimento tem cinco perodos (no caso, caracterizados por cinco pontos finais).
Argumento 1: integrantes de rgos federais viro ao Rio Grande do Sul para dar incio a progra-mas direcionados produo de biodiesel.
Argumento 2: a insero da agricul-tura familiar gacha na cadeia nacional de produo de lcool.
Argumento 3: a assinatura pelos vi-sitantes de diversos documentos visando tornar o Estado, a mdio prazo, auto-suficiente na rea.
Fonte 16 - Correio do Povo
Na introduo, a idia inicial apre-sentada. A partir de uma frase-ncleo, o leitor fica ciente do assunto que ser trata-do no texto: as perspectivas favorveis que se apresentam para a agricultura familiar gacha.
No desenvolvimento, a idia inicial expandida, sendo apresentados e ordenados os argumentos que a explicam e sustentam.
memorando semelhante em Bag, com os mesmo objetivos. As aes integram os projetos Biodiesel-Norte e Biodiesel-Sul, para implantao de um complexo indus-trial para a produo de biodiesel e lcool combustvel.
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Planejando antes de escrever o pargrafoPlanejar to importante quanto conhecer o assunto
Mltiplas so as dificuldades que surgem para o principiante que deseja escrever um bom texto. Sem uma idia central e um planejamento adequado, ele ser cercado por incertezas e por dvidas durante o incio e o desenvolvimento do tema. Redigir no tarefa fcil, mas pode ser aprendida e treinada. Em qualquer redao exis-tem trs aspectos importantes que devem ser con-siderados:
Antes de comear a redigir o texto, voc deve organizar suas idias atravs de alguns passos importantes e elaborar um esquema que servir como um esqueleto do seu pargrafo.
Vamos identificar nos prximos exemplos de pargrafos como podem ser apresentados os seus respectivos esquemas.
Representantes do Ministrio de Desenvolvimento Agrrio e da Petrobras estaro no Estado para deflagrar projetos voltados para a produ-o de biodiesel. A meta audaciosa: no apenas inserir a agricultura familiar ga-cha na produo de lcool, como tornar o Estado auto-suficiente no mdio prazo. A agenda comea nesta segunda-feira, com a assinatura de um memorando de enten-dimento para a instalao de uma usina de biodiesel e do contrato para instalao de uma usina de lcool entre a Petrobras e a Cooperbio, em Palmeira das Misses. Tambm ser assinado um convnio para a manuteno do Curso de Tcnico em Agropecuria Ecolgica, com nfase em Biocombustveis, entre a Petrobras e a Fundep. Na quarta-feira, ser a vez de assi-nar memorando semelhante em Bag, com os mesmo objetivos.
A concluso traz um perodo (ou seja, um ponto final).
As aes integram os projetos Biodie-sel-Norte e Biodiesel-Sul, para implanta-o de um complexo industrial para a pro-duo de biodiesel e lcool combustvel.
o contedo (o que se tem a dizer sobre o assunto);1o
2o
3o
a estrutura (a partir do tipo de texto predeter-minado, h um padro a ser seguido em rela-o ao estilo, ao ttulo, extenso, ao nmero e organizao dos perodos etc.);correo gramatical (aspectos ortogrficos, de pontuao e de concordncia, relativos pa-dronizao da lngua).
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2o
3o
escolher um assunto;
delimitar esse assunto (isto , especific-lo, restringi-lo a um ou dois enfoques) elaborar o objetivo do pargrafo (ou seja, qual a inteno de quem redige; aonde quer chegar com os argumentos apresentados). importante lembrar que o objetivo sempre iniciado por um verbo na forma infinitiva como, por exemplo, mostrar, demonstrar, es-pecificar, esclarecer, exemplificar etc.
Exemplo 5Ele comeou a ser utilizado na culinria no por dar sabor aos alimentos, mas por seu potencial sanitrio. Com um forte po-der esterilizador, o sal conservava a comida, impedindo a reproduo de bactrias. Mas esse aliado inicial da sade agora est sob a mira das entidades mdicas. Associado a uma srie de problemas, entre eles a hiper-tenso, o sal foi alvo de uma ao recente da American Medical Association. A entidade pediu FDA (agncia responsvel pela re-gulamentao de alimentos e remdios nos Estados Unidos) que mudasse o status do sal, at agora considerado uma substncia de consumo seguro. Alm disso, a associa-o quer reduzir pela metade a quantidade de sdio em alimentos processados ou ser-vidos em lojas de fast-food. (...)
Esquema:Assunto: o consumo de sal na alimenta-1. o.
Delimitao: modificao na utilizao 2. do sal.
Objetivo: apresentar as providncias que 3. organizaes mdicas pretendem tomar quanto ao consumo incontrolado de sal.
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Fonte 17 - Mantovani
Passos:
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Esquema:Assunto: a ajuda das crianas nas tare-1. fas domsticas.
Delimitao: a colaborao infantil nos 2. trabalhos da casa exige cuidados.
Objetivo: alertar quanto s precaues 3. que devem ser adotadas durante a re-alizao de atividades domsticas por crianas.
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Exemplo 6Estimular nas crianas o compromisso com a organizao da casa uma das misses dos pais. Mas preciso ter cuidados redo-brados na hora de eleger em quais tarefas a ajuda delas bem-vinda a fim de evitar acidentes. preciso ter bom senso. De-pende muito da habilidade e da idade da criana, observa Luciana OReilly, da ONG Criana Segura. Atribuir a elas a or-ganizao dos brinquedos e a arrumao da prpria cama, por exemplo, uma opo segura e repleta de significao. As tarefas ao ar livre tambm so adequadas: ajudar a estender a roupa no varal, regar o jardim e auxiliar nos cuidados com a horta so algumas das atividades liberadas.Produtos de limpeza devem ser mantidos distncia dos pequenos ajudantes. Um erro muito comum colocar esse tipo de produto em embalagens de refrigerante, o que acaba es-timulando a ingesto. Alguns, como a soda custica e o limpa-fornos, podem causar leses irreversveis, lembra Fiks, pneu-mologista do Hospital e Maternidade So Lus, em So Paulo. (...) Fonte 18- So Paulo
Pense sobre o contedo estudado e procure co-loc-lo em prtica quan-do voc escrever um pa-
rgrafo.No prximo captulo, aprenda como melho-rar ainda mais a sua
escrita transforman-do um texto em outro.
Confira!
Arquivo
Observe que, em ambos os casos, os autores dos pargrafos organizaram seus textos, a partir do esquema, da seguinte forma:
na introduo, apresentaram a delimitao;
no desenvolvimento, desmembraram o objetivo;
na concluso, fecharam o texto de modo coeso e coerente.
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A PARFRASEDispomos de mais de uma maneira de dizer as coisas na ln-gua. No por acaso que utilizamos uma e no a(s) outra(s) cada vez que falamos ou escrevemos.
Neste captulo temos dois objetivos princi-pais: compreender e aplicar o processo de trans-formao de linguagem de um texto em outro, semanticamente equivalente ao texto-fonte (pa-rfrase); captar, mediante exemplos ilustrativos, as nuanas de significado produzidas pela esco-lha da parfrase empregada em cada caso.
Compreendendo a parfraseLeia o texto a seguir e a parfrase correspon-
dente com ateno.
TEXTO ORIGINAL
Caf dos gourmetsGros especiais transformam o cafezinho numa experincia inesquecvel.
O cafezinho, quem diria, conquistou seu lugar ao sol no reino dos sabores e aromas da alta gastronomia. Bem tirado, de preferncia numa boa mquina de caf expresso, inesquecvel. Pode ser preparado em casa, bebido em restaurantes finos ou em cafeterias chiques como a Su-plicy, de So Paulo, e o Armazm do Caf, do Rio de Janeiro. A alma desse fenmeno o caf gourmet. Produzido com gros especiais, geralmente do tipo arbica, recebe cuidado artesanal da plantao torrefao. O resultado uma bebida sem o amargor tpico dos cafs comuns e com uma diversidade maior de aromas e sensaes. Alguns cuidados so essenciais. A gua no deve chegar ao ponto de fervura. O preparo deve ser feito com gua mineral, recomenda a barista Isabela Raposeiras. Se puder moer o gro na hora, melhor.
PARFRASECaf dos gourmets
Gros especiais levam transformao do cafezinho numa experincia inesquecvel.
O cafezinho, quem diria, destaca-se onde os sabores e os aromas da alta gastronomia so al-
tamente valorizados. impossvel esquec-lo, se bem tirado, de preferncia numa mquina de caf expresso de boa qualidade. Pode-se prepar-lo em casa, beb-lo em restaurantes finos ou em ca-feterias chiques como a Suplicy, de So Paulo,
Dris Cristina GedratMozara Rossetto da Silva
Fonte 19 - Isto
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e o Armazm do Caf, do Rio de Janeiro. Sua alma o caf gourmet. Produzido com gros es-peciais, geralmente do tipo arbica, cuidado ar-tesanalmente desde sua plantao at o momento da torrefao. O resultado uma bebida no to amarga como tipicamente so os cafs comuns e muito mais diversificada em aromas e sensa-es que causa. Deve-se tomar alguns cuidados, como, por exemplo, no ferver a gua. Alm dis-so, O preparo deve ser feito com gua mineral e, se for possvel moer o gro na hora, melhor, recomenda a barista Isabela Raposeiras.
Conforme podemos perceber na transforma-o sofrida pelo texto original acima, a parfra-se uma atividade de reformulao de partes ou da totalidade de um texto. um mecanismo sinttico que cria alternativas de expresso para um mesmo contedo.
H vrias maneiras de elaborar parfrases e transformar um enunciado A em um enuncia-do B. Observemos os exemplos a seguir.
Exemplo 1O cliente finalmente recebeu a chave
de sua nova casa.
O cliente finalmente recebeu a chave de sua nova residncia.
Explicao: o substantivo casa foi trocado por seu sinnimo residncia. Essa uma transformao que utiliza sinnimos.
Exemplo 2As filhas do gerente do banco foram
convidadas para a festa de formatura.
As moas mais bonitas do meu bair-ro foram convidadas para a festa de forma-tura.
Explicao: as expresses as filhas do gerente do banco e as moas mais bonitas do meu bairro no so necessa-riamente expresses sinnimas, mas, num determinado contexto, podem referir-se s mesmas pessoas.
Exemplo 3Este ano, o inverno promete ser rigo-
roso.O inverno promete, este ano, ser rigo-
roso.
Explicao: os termos da orao so simplesmente deslocados de lugar, sem que haja necessidade de alterar a construo verbal. (processo de inverso de elemen-tos)
Exemplo 4A secretria escreve relatrios claros e
sucintos.
Relatrios claros e sucintos so escri-tos pela secretria. (presente)
A secretria escreveu relatrios claros e sucintos.
Relatrios claros e sucintos foram es-critos pela secretria. (pretrito perfeito)
A secretria escrever relatrios claros e sucintos.
Relatrios claros e sucintos sero es-critos pela secretria. (futuro do presente)
A secretria escreveria relatrios claros e sucintos.
Relatrios claros e sucintos seriam es-critos pela secretria. (futuro do pretrito)
Explicao: passagem da voz ativa para a voz passiva. A voz passiva cons-truda a partir de uma inverso da frase ori-ginal. O que era objeto (e estava no final da orao) passa para o incio da frase, e o su-jeito vai para o final, inserindo-se o verbo ser antes do verbo principal da frase.
A secretria escrevia relatrios claros e sucintos.
Relatrios claros e sucintos eram es-critos pela secretria. (pretrito imperfeito)
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Exemplo 5O coral cantou o hino, depois a banda
executou a marcha fnebre.
O canto do hino pelo coral foi seguido
pela execuo da marcha fnebre.
Exemplo 6A justia ordenou que a criana fosse en-
tregue imediatamente aos pais.
A justia ordenou a entrega imediata
da criana aos pais.
(verbo)
(verbo)
(substantivo)
(substantivo)
(verbo)
(substantivo)
Exemplo 7Ontem noite percebi que as palavras
de um velho amigo eram sensatas.
Ontem noite percebi a sensatez das
palavras de um velho amigo.
Explicao: nos exemplos 5, 6, e 7 trata-se de um processo que altera a classe gramatical das palavras. Se no texto origi-nal aparecia um verbo, na parfrase esse verbo ser transformado em nome, ou seja, substantivo ou adjetivo, ou vice-versa.
(adjetivo)
(substantivo)
Exemplo 9No certo ficarmos esperando pelo
resto da vida.
No certo que fiquemos esperando pelo resto da vida.
Explicao: nos exemplos 8 e 9, as for-mas verbais so transformadas.
Exemplo 10Pedro mais forte que Joo.
Joo mais fraco que Pedro.
Exemplo 11Maria mais esperta do que Ana.
Ana menos esperta do que Maria.Explicao: nos exemplos 10 e 11, so
utilizados comparativos de superioridade e inferioridade.
Exemplo 8Foi necessrio fazer todo o esforo
possvel para superar a crise.Foi necessrio que se fizesse todo o
esforo possvel para superar a crise.
A partir do que foi visto at aqui, pode pare-cer que a lngua oferece recursos para o emissor dizer algo de diferentes maneiras sem nenhum envolvimento intencional de sua parte. No entan-to, veremos a seguir que no assim. A escolha por uma parfrase em detrimento de outra no mero acaso, mas fruto da inteno comunicativa do falante (emissor), o qual, mesmo que incons-cientemente, procura a forma mais eficaz de di-zer o que deseja.
Por que se escolhe uma forma de dizer as coisas e no a outra?
Muitas reas do conhecimento interessam-se pelo uso da parfrase. Sua utilizao mais freqente e mais importante do que imaginamos. Parafraseamos constantemente, mesmo quando no o fazemos de forma planejada. Quando que-remos reduzir a intensidade de uma afirmao grave ou agressiva, quando queremos intensifi-car a nfase em um determinado aspecto de algo, nessas e em outras ocasies, utilizamos a par-frase mesmo sem sabermos.
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Sob o aspecto da inteno do falante, h diferenas entre duas ou mais for-mas alternativas de se dizer algo.
Exemplo 12Joo vendeu seu carro para o fi- a. lho do prefeito.
O filho do prefeito comprou o b. carro de Joo.
Em (a) o fato de Joo ter vendido o carro mais relevante do que em (b), fra-se na qual enfatizada a informao sobre quem comprou o carro de Joo. Isso sem considerar a entoao da frase ao ser dita oralmente, pois, se for feita a entoao as-cendente em (a) (iniciando a frase com tom de voz mais baixo e aumentando-o grada-tivamente), a informao destacada ser o filho do prefeito, mas isso no sentido de garantir que o ouvinte entenda a idia, e no porque essa seja a informao mais importante que se quer passar. O mesmo ocorre em (b).
Agora, observe a forma de o comen-tarista relatar os acontecimentos durante a corrida de um grande prmio de Interlagos,
Sob o ponto de vista puramente sinttico (que considera apenas a estrutura das oraes da lngua), a parfrase altera de diferentes maneiras um enunciado, mas mantm o seu sentido original, no lhe acrescentando da-dos complementares conforme o contedo apresentado na unidade anterior. Entretanto, se considerarmos as intenes do falante, te-remos de admitir que ele no escolhe uma ou outra forma de dizer as coisas por acaso, isto , sem nenhuma inteno subliminar.
Por exemplo, o simples fato de um per-odo iniciar com uma informao e no com outra j demonstra que o seu autor est dando nfase informao com a qual iniciou o pe-rodo, conforme demonstrado nas parfrases do exemplo 12.
Exemplo 13Abatido, mas conformado, o pi- a. loto seguiu para os boxes, onde desabafou.
A falha praticamente ps fim ao b. GP Brasil mais concorrido dos ltimos anos.
comparando-a com a construo das frases escolhidas por B para relatar o mesmo fato, em 13:
Fonte 20 - Introduo semntica
Claramente, o comentarista do primei-ro enunciado no v o resultado negativo da corrida como algo to dramtico para o GP Brasil como o segundo comentarista. Alm disso, o primeiro ressalta a partici-pao do piloto, o seu esforo e sua decep-o, enquanto o segundo focaliza somente o fato de o Brasil ter perdido, aumentando, inclusive, a importncia desse fato.
Nos exemplos 12 e 13, a veracidade da informao no prejudicada, ou seja, tan-to (a) quanto (b), no exemplo 12, e tanto A quanto B, no exemplo 13, so igualmente verdadeiras. O que se revela por trs do que dito em cada parfrase uma orientao dife-rente no ponto de vista de quem fala. Assim, embora a parfrase seja caracterizada estru-turalmente como uma reformulao sem mu-dana no sentido, sob o aspecto da inteno do falante h diferenas entre as duas formas alternativas de ele dizer o que quer.
Isso tambm fica claro ao considerarmos diferentes veculos de comunicao de massa, como jornais e revistas. A seguir, apresenta-mos duas notcias, publicadas no jornal Zero Hora e no Jornal de Braslia, sobre o fato de o presidente Lula no ter aceitado a renegocia-o de Itaipu. A matria aparece, respectiva-mente, no dia 22 de maio e no dia 21 de maio de 2007, revelando diferenas na orientao argumentativa de cada jornal e, portanto, na viso ideolgica de cada um.
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Como j era esperado, o presidente Luiz Incio Lula da Silva recusou a proposta do go-verno paraguaio de renegociar o Tratado de Itai-pu - a hidreltrica binacional que os dois pases dividem no Rio Paran - e aumentar o preo da energia que o Paraguai vende ao Brasil.
Pelo tratado, cada um dos dois pases tem o direito de utilizar 50% da energia produzida pela usina e a energia no-consumida pode ser vendida ao outro scio. Atualmente, o Paraguai consome somente 6% da energia a quem tem di-reito, e por isso cede a maior parte do excedente ao Brasil, a preo de produo.
- A sociedade vai compreender que, num fu-turo prximo, haver tantas empresas brasileiras produzindo em territrio paraguaio que Itaipu j no ser motivo de discusso entre ns - disse Lula, durante entrevista coletiva em Assuno, ao lado do presidente Nicanor Duarte.
O debate sobre a situao da hidreltrica - a maior do mundo - centralizou a visita de Lula e ofuscou a agenda de campanha pela produo, industrializao e comercializao de biocom-bustveis. A vinda de Lula ao Paraguai, pela primeira vez em visita oficial, foi precedida por duras crticas da oposio poltica que qualificou Duarte de entreguista pelo fato de ele no re-clamar do preo irrisrio pago pelo Brasil pela cesso de energia do Paraguai.
Conforme a imprensa paraguaia, o total pago anualmente pelo Brasil ao pas vizinho pela energia excedente - que, em 2006, foi de US$ 373 milhes - um preo abaixo do valor de mercado e mostra uma posio imperialista do Brasil. Em sua edio de ontem, o jornal ABC Color, em editorial, avaliou que o preo justo seria de US$ 2 bilhes ao ano.
Pouco antes da entrevista de Lula, Nicanor Duarte, em discurso, pediu mudanas no tratado da usina:
- Mesmo vendo a boa vontade do presiden-
Lula descarta renegoci