CONCEPÇÃO EMANCIPATÓRIA: PROPOSTAS E SUBSÍDIOS NA … · investimento na educação escolar e...
Transcript of CONCEPÇÃO EMANCIPATÓRIA: PROPOSTAS E SUBSÍDIOS NA … · investimento na educação escolar e...
1
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
MARTA LYRIO DA CUNHA
CONCEPÇÃO EMANCIPATÓRIA: PROPOSTAS E SUBSÍDIOS
NA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES A DISTÂNCIA
Rio de Janeiro,
2006
2
MARTA LYRIO DA CUNHA
CONCEPÇÃO EMANCIPATÓRIA: PROPOSTAS E SUBSÍDIOS
NA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES A DISTÂNCIA
Dissertação apresentada à Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Educação.
ORIENTADORA: Profª Drª Lúcia Regina Goulart Vilarinho
Rio de Janeiro,
2006
3
RESUMO
As grandes e aceleradas transformações científicas e tecnológicas, que marcam a
sociedade contemporânea, vêm exigindo que a formação de professores se faça de
forma continuada. Essa exigência encontra na Educação a Distância uma alternativa
para ampliar as suas possibilidades. Em face da relevância dessa problemática –
formação continuada de professores a distância - nos propomos a investigar: (a) suas
questões mais recorrentes; (b) em que medida a perspectiva emancipatória nela se faz
presente; e (c) os subsídios apresentados para o desenvolvimento de propostas nesta
área. A pesquisa incidiu sobre os periódicos nacionais classificados, pelo processo
Qualis da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), na
categoria indicativa de qualidade A, incluindo, também, os trabalhos apresentados nas
reuniões anuais da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação
(ANPEd) e os publicados pela Revista Brasileira de Tecnologia Educacional, por ser
esta reconhecida em termos de preocupação com a inclusão das tecnologias de
informação e comunicação no campo da educação. Foram investigados 37 estudos,
sendo 23 artigos dos periódicos e 14 trabalhos da ANPEd, todos eles divulgados no
período 2000-2004. Para atender aos objetivos da pesquisa, consideramos que a
abordagem qualitativa, a qual se concretiza em uma perspectiva compreensiva, visando
entender a natureza do fenômeno em estudo, seria a mais adequada. Por se tratar de uma
análise documental, adotamos as orientações de Bardin (1992), que recomendam:
organização do corpus, pré-análise dos trabalhos, leitura exploratória, leitura
interpretativa e leitura conclusiva, todos esses processos amparados pelo confronto entre
o que se encontrou no discurso dos autores em estudo e o embasamento teórico
construído ao longo da revisão bibliográfica. Este embasamento articulou reflexões
4
sobre possibilidades e limites da formação continuada a distância de professores, bem
como conceitos e contribuições da perspectiva emancipatória baseados em diversos
autores. A investigação evidenciou a diversidade de questões abordadas nos 37
artigos/trabalhos, sendo que as mais recorrentes foram organizadas em cinco focos:
Políticas Públicas, Ambientes Virtuais de Aprendizagem, Profissionalização Docente,
Descrição e Avaliação de Projetos e Práticas Pedagógicas. Constatamos que 64% dos
artigos/trabalhos estão alinhados à perspectiva emancipatória, o que sugere um
movimento de superação da visão instrumental. Observamos, também, uma
preocupação com a adoção de práticas mais inovadoras e comprometidas com a
democratização da educação. Cabe ressaltar que, ao estabelecermos um paralelo entre as
concepções e propostas apresentadas nos artigos/trabalhos com os indicadores básicos
de qualidade para os cursos de graduação a distância, traçados pelo MEC, constatamos a
existência de significativas contribuições que podem subsidiar a implementação e/ou
reformulação de cursos de formação continuada a distância destinados aos professores.
Palavras-chave: Perspectiva Emancipatória. Formação Continuada de Professores. Educação a Distância.
5
MARTA LYRIO DA CUNHA
CONCEPÇÃO EMANCIPATÓRIA: PROPOSTAS E SUBSÍDIOS
NA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES A DISTÂNCIA
Dissertação apresentada à Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Educação.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________
Profª Drª Lúcia Regina Goulart Vilarinho Universidade Estácio de Sá
___________________________________________________
Profª Drª Neise Deluiz Universidade Estácio de Sá
___________________________________________________
Profª Pós-Drª Neide dos Santos Universidade do Estado do Rio de Janeiro
6
SUMÁRIO
CAPÍTULO I: FORMAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA DE
PROFESSORES: APROXIMAÇÕES INICIAIS ................................................ 14
1.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 14
1.2. OBJETIVOS DO ESTUDO ............................................................................... 20
1.3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ....................................................... 20
CAPÍTULO II: EMBASAMENTO TEÓRICO ................................................... 25
2.1. FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES A DISTÂNCIA. ........... 25
2.2. PERSPECTIVA EMANCIPATÓRIA .............................................................. 33
CAPÍTULO III: RESULTADO DO ESTUDO .................................................... 56
3.1. CONTEXTO DO ESTUDO............................................................................... 56
3.2. A PRODUÇÃO SELECIONADA .................................................................... 62
3.3. UMA VISÃO INTEGRADA DA PRODUÇÃO SELECIONADA ............... 74
3.4. A PRESENÇA DA PERSPECTIVA EMANCIPATÓRIA NOS
ARTIGOS/TRABALHOS SELECIONADOS ......................................................... 101
3.5. SUBSÍDIOS ENCONTRADOS NOS ARTIGOS/TRABALHOS COM VISTAS À
MELHORIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA DE DOCENTES A
DISTÂNCIA.............................................................................................................. 123
CAPÍTULO IV: CONCLUSÃO ............................................................................. 130
7
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 139
ANEXOS
ANEXO A – Obras que Subsidiaram a Visão Emancipatória Encontrada nos
Artigos/Trabalhos que Integram o “Corpus” da Pesquisa ......................................... 146
8
CAPÍTULO I
FORMAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA DE PROFESSORES:
APROXIMAÇÕES INICIAIS
1.1. INTRODUÇÃO
O mundo contemporâneo está marcado por mudanças profundas e aceleradas,
ocasionadas pela rápida transformação das descobertas científicas em inovações
tecnológicas de repercussão global (DREIFUSS, 1996). As transformações afetam as
mais variadas esferas da sociedade, provocando mudanças econômicas, sociais,
políticas, culturais, alterando, também, os comportamentos da vida cotidiana.
Neste cenário contemporâneo, fica nítida a necessidade da formação continuada
de professores, entendida em uma perspectiva de formação ao longo da vida, ou seja,
um movimento de transformação e aquisição de saberes para enfrentar os novos tempos,
com vistas à renovação de suas práticas pedagógicas (BELLONI, 1999).
Face a esta necessidade, a Educação a Distância1 (EaD) vem sendo visualizada
como uma modalidade de ensino capaz de contribuir neste sentido, ampliando as
possibilidades de acesso dos professores a cursos de formação continuada.
A notória expansão da EaD pelos diferentes países do mundo ensejou a sua
presença na Lei de Diretrizes e Bases de Educação (Lei nº 9394 de 20 de dezembro de
1996). O artigo 80 desta lei, que trata especificamente da EaD, já se encontra, hoje,
1 Embora Belloni (2002, p.156) afirme não haver consenso sobre a conceituação de EAD, propõe que a definição desta modalidade de ensino deve considerar as seguintes características: “a descontinuidade espacial entre professor e aluno, a comunicação diferida (separação no tempo) e a mediação tecnológica, característica fundamental dos materiais pedagógicos e da interação entre o aluno e a instituição”.
9
regulamentado pelos Decretos nº 2494 de 10 de fevereiro de 1999, nº 2561 de 27 de
abril de 1998 e pela Portaria nº 301 de 7 de abril de 1998.
O Ministério da Educação, através da Secretaria de Educação a Distância
(SEED), tem desenvolvido projetos como: Proformação, ProInfo, TV Escola, Rádio
Escola e o Programa de Apoio à Pesquisa em EaD – PAPED, para democratizar e elevar
o padrão de qualidade da educação brasileira com apoio da EaD.
A expansão da oferta de cursos de graduação a distância, na área da educação, é
um fato. Os dados do Censo do Ensino Superior2, de 2004, ilustram esta situação: das
59.611 matrículas efetuadas em 2004, 50.970 (85%) são na área educacional; os 6.746
concluintes (100%) são egressos dos cursos de Educação, dos 107 cursos oferecidos, 67
(63%) são na área educacional, distribuídos da seguinte forma: 22 de Normal Superior,
16 de Pedagogia, 10 de Formação de Professores das Séries Iniciais do Ensino
Fundamental e 19 de Formação de Professores de Matérias Específicas (licenciatura).
A pertinência da EaD na formação continuada de professores é defendida por
diversos autores, entre eles Oliveira (2003b, p.9), que destaca duas razões básicas para o
aproveitamento dessa modalidade educacional:
por um lado, visa atenuar as dificuldades que os formandos enfrentam para participar de programas de formação em decorrência da extensão territorial e da densidade populacional do país e, por outro lado, atende o direito de professores e alunos ao acesso e domínio dos recursos tecnológicos que marcam o mundo contemporâneo, oferecendo possibilidades e impondo novas exigências à formação do cidadão.
Belloni (2002) também defende a EaD como uma modalidade de ensino que
pode atender às demandas de formação contínua, provocadas pelos impactos da
2 Dados coletados no Instituto de Estudos e Pesquisas (INEP), no site http://www.inep.gov.br/superior/censosuperior/sinopse/default.asp acessado em 20 de dezembro de 2005.
10
presença das tecnologias de informação e comunicação3 (TIC) no cotidiano da vida
social e pela rápida obsolescência dos conhecimentos produzidos. Por suas
características intrínsecas, desempenha papel relevante na formação continuada, uma
vez que se fundamenta na aprendizagem autônoma, podendo ser integrada a ambientes
de trabalho e, conseqüentemente, às experiências pessoais e profissionais dos
professores. É, no entanto, importante ressaltar que a EaD, por si só, não resolverá os
problemas educacionais brasileiros. Neste sentido, cabem as afirmações de Belloni
(1999, p. 51), quando alerta para a necessidade de se adotar uma postura crítico-
reflexiva quanto à construção de projetos de formação continuada a distância e
desenvolvimento de políticas públicas para o setor. Diz ela:
se não houver políticas de desenvolvimento no setor, corre-se o risco de importação e/ou adaptação de tecnologias (equipamentos e programas) caras e pouco apropriadas às necessidades e demandas, que acabam obsoletas por falta de formação para seu uso.
Ainda segundo esta autora, os cursos a distância devem atender a uma
perspectiva humanística de educação, que busque o desenvolvimento para a
solidariedade e cidadania. Sua implementação deve estar acompanhada de uma
discussão mais ampla que possibilite a alunos e professores assumirem o papel de
sujeitos críticos, criativos, construtores de seu próprio conhecimento e responsáveis
pelo seu processo de formação.
Apoiamo-nos em Nóvoa (1992) para compreender melhor o que é formação.
Segundo este autor, configura-se como um processo contínuo e dinâmico que envolve o
desenvolvimento pessoal (articulando a autoformação e a experiência do professor),
profissional (confrontando os saberes da experiência com o saber científico) e
organizacional (associando práticas formativas e contextos de trabalho). Está, assim,
3 De acordo com Castells (1999) as tecnologias de informação e comunicação são aquelas que pertencem a um conjunto convergente de tecnologias em microeletrônica, telecomunicações, radiodifusão entre outras, que se utilizam dos conhecimentos científicos visando o tratamento, organização e disseminação de informações.
11
intimamente associada à experiência prática e à reflexão. Nóvoa ressalta que o desafio
dos profissionais da área escolar é manter-se atualizado sobre as novas metodologias de
ensino e desenvolver práticas pedagógicas eficientes. Afirma que é no exercício da
função docente que o educador constrói sua formação, fortalece e enriquece seu
aprendizado.
Neste sentido, formação continuada implica em aprender sempre e em serviço,
pois, como nos lembra Perrenoud (1998), não basta ampliar os recursos dos professores
por meio de reciclagens, treinamentos ou aperfeiçoamentos, já que o verdadeiro
desenvolvimento profissional passa pela integração e aplicação dos conhecimentos em
situações reais.
Segundo Libâneo (2003), a formação continuada de professores vem assumindo
posição relevante, particularmente quando se concretiza em uma perspectiva
emancipatória. Tal como na obra de Freire (1921-1997), concordamos que a perspectiva
emancipatória se contrapõe à visão da pedagogia que prioriza a transferência de
conhecimento, numa “prática bancária”4. A educação emancipatória valoriza a
pedagogia democrática, antiautoritária, sem ser espontaneísta. Consiste em uma
educação problematizadora, humanista e libertadora, voltada para o desenvolvimento
crítico dos sujeitos, por meio do diálogo e do tratamento de questões éticas
fundamentais para a transformação global da sociedade (FREIRE; FAUNDEZ, 1985).
Na perspectiva emancipatória, é marcante a preocupação com o investimento em
práticas pedagógicas inovadoras, capazes de atender às novas demandas sociais, entre
essas as decorrentes da incorporação das TIC na educação. Libâneo (2003, p.49) destaca
ainda que:
4 Segundo Freire (2005) a concepção bancária é aquela onde a educação consiste em um ato de depositar e de transferir valores e conhecimentos. Na relação do educador com o aluno não se estabelece uma verdadeira comunicação, pois o educador apenas faz comunicados e depósitos aos alunos que por serem passivos memorizam, arquivam e repetem quando necessário. Para o autor, esta relação é marcada pela opressão, pois o educador é o detentor do conhecimento e faz uma doação ao aluno considerado ignorante.
12
para enfrentarmos os desafios do avanço acelerado da ciência e da tecnologia, da mundialização da economia, da transformação dos processos de produção, do consumismo, do relativismo moral, é preciso fortalecer os movimentos sociais que lutam por um maciço investimento na educação escolar e na formação dos professores.
Para esse autor, a incorporação das TIC na educação provoca a resistência de
muitos docentes, seja pela visão tecnicista que acompanhou as primeiras experiências,
seja pelo receio de ser substituído pela máquina (ameaça de desemprego) ou, ainda, pela
precária formação científica e cultural que tem marcado a profissão. Para romper essa
resistência, é preciso repensar/implementar um novo modelo de formação de
professores, no qual se inclua a apropriação crítica e contextualizada das TIC. Este autor
propõe alguns objetivos norteadores no uso das TIC na educação: (a) democratizar os
saberes socialmente construídos e significativos; (b) desenvolver capacidades cognitivas
e o pensamento autônomo; (c) promover a leitura crítica e uma postura ativa diante das
tecnologias; (d) desenvolver competências para viver no mundo informatizado e a
autonomia para administrar seu próprio processo contínuo de aprendizagem; e (e)
aprimorar o processo comunicacional entre educador-educando e seus respectivos
saberes.
Os aspectos aqui mencionados evidenciam que há um contexto novo, que impõe
problemas diferentes à escola. Em um mundo cada vez mais unificado, conectado e
complexo, torna-se indispensável que os profissionais da educação saibam se confrontar
com os desafios que lhes são impostos. E a capacidade de enfrentar desafios exige,
segundo Freire (1986), o conhecimento das diferentes dimensões da realidade, sendo
essencial ao homem, em especial ao professor, perceber que o existir é mais do que está
no mundo, é estar com o mundo, ultrapassando o simples viver, o que pressupõe a
capacidade de discernir, dialogar e participar. Neste sentido, aprender é construir,
reconstruir, constatar para mudar. A capacidade de aprender não é apenas para adaptar,
mas para transformar a realidade, intervir e recriar. Freire (op.cit.) afirma que a
13
adaptação possui uma conotação de passividade, na medida em que o homem altera a si
próprio, ajustando-se diante das exigências e ameaças de opressão e convertendo-se em
espectador, em objeto. Já a capacidade de transformar está relacionada à idéia de
integração; exige do homem ser sujeito que se apropria criticamente dos temas de sua
época.
As considerações de Freire nos conduzem à importância de se refletir mais
profundamente sobre a formação continuada a distância do professor, numa vertente
emancipatória, que não considera o aluno/professor como espectador em busca apenas
de pacotes prontos, com soluções “adequadas” aos problemas do seu contexto.
Embora a formação continuada esteja sendo valorizada nas mais diferentes áreas
profissionais, no campo da educação ela tem sido objeto de críticas. Dados apresentados
no documento “Estatísticas dos Professores no Brasil” (INEP, 2003, p. 39), revelam que
a participação de professores em cursos de formação continuada “pouco afeta o
desempenho dos alunos, o que indica a necessidade de ampliar as pesquisas nessa área
e, eventualmente, reorganizar esses cursos, redefinindo seus objetivos e métodos”.
Pelo exposto podemos concordar com Perrenoud (1998, p.206) quando diz: “a
formação contínua dos professores encontra-se em vias de institucionalização, mas está
ainda à procura de seu lugar”.
Consideramos nosso trabalho relevante não apenas por apresentar um panorama
de pesquisas e experiências educacionais, sobre a questão da formação continuada a
distância de professores no contexto das discussões acadêmicas, mas, principalmente,
por revelar a presença da perspectiva emancipatória no pensamento educacional dos
autores que escreveram os artigos/trabalhos sobre este tema. Com esta pesquisa
pretendemos oferecer subsídios a formuladores de projetos de formação continuada de
professores na modalidade EaD.
14
Entendemos, também, que a presente pesquisa é oportuna em um momento no
qual se verificam investimentos com o objetivo de disseminar esta modalidade de
ensino como meio de formar professores. Tal disseminação exige uma reflexão crítica
sobre o atual cenário da EaD (LIMA, 2002).
15
1.2. OBJETIVOS DO ESTUDO
Em face do exposto, o objetivo geral desta pesquisa foi investigar como se
apresenta, na produção acadêmica, a questão da formação continuada a distância de
professores. Deste objetivo mais amplo, derivamos os seguintes objetivos específicos:
(a) analisar, na produção acadêmica, os artigos/trabalhos que abordam a formação
continuada de professores na modalidade EaD; identificando as questões mais
recorrentes;
(b) verificar em que medida a perspectiva emancipatória se faz presente nos
artigos/trabalhos em análise;
(c) dimensionar a importância desses artigos enquanto subsídios para a
elaboração de propostas de formação continuada de docentes via EaD.
1.3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Acreditando que a construção do conhecimento científico é um processo
cumulativo e que deve basear-se em resultados anteriores de pesquisa (ALVES-
MAZZOTTI, 2000), tomamos como ponto de partida do nosso estudo o trabalho de
Carvalho e Simões (1999). Estas autoras, ao apresentarem suas conclusões sobre um
inventário realizado em 115 artigos publicados no período de 1990 a 1997, relacionados
à formação do professor, encontraram duas vertentes pedagógicas no discurso dos
autores, a saber: instrumental e emancipatória. Elas verificaram que, no conjunto dos
artigos pesquisados, há uma tendência em rejeitar a visão de formação continuada como
“pacote de treinamento”. No entanto, os artigos que enfocam o uso das TIC na formação
continuada de professores privilegiam a aquisição de informações e/ou competências no
16
processo de capacitação/atualização, envolvendo um número maior de professores em
todo território nacional, visando maior eficiência e renovação educacional, por meio de
projetos de educação a distância desenvolvidos no âmbito governamental. (FREITAS,
1995; FORESTI, 1995; LOBO NETO, 1996 e RIBEIRO, 1996 apud CARVALHO e
SIMÕES, 1999).
Segundo este inventário, ainda predominava uma visão instrumental, isto é
centrada em treinamento, na utilização das TIC na formação continuada dos
professores. Por outro lado, verificaram, também, a predominância das vertentes
reflexiva e emancipatória nos artigos estudados, o que demarca a força dessas propostas.
Estas constatações nos levaram a investigar a possibilidade da formação continuada de
docentes, com uso das TIC, estar superando a vertente instrumental.
Neste sentido, estabelecemos o traçado metodológico a seguir explicitado,
escolhido por nós como uma possibilidade ajustada ao problema/objetivos do estudo e
às condições de investigação desta pesquisadora. A pesquisa se configura como
documental, envolvendo as abordagens quantitativa e qualitativa, na medida em que
utilizou levantamento de documentos, identificação de características específicas nos
dados coletados e respectiva análise de seu conteúdo. Ao assumirmos essas duas
abordagens, buscamos atender à complementaridade de enfoques enfatizada por Santos
Filho (1997).
O momento inicial do estudo, configurado como levantamento, privilegiou
artigos e trabalhos publicados nos últimos cinco anos, em periódicos nacionais com
circulação nacional/internacional, classificados pela Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (CAPES) na categoria indicativa de qualidade A, de
acordo com os critérios Qualis5. Foram considerados também os trabalhos que versam
5 A Qualis (2002, p.01) “é o processo de classificação dos veículos utilizados pelos programas de pós -graduação para a divulgação da produção intelectual de seus docentes e alunos. Tal processo foi concebido pela Capes para atender às necessidades específicas
17
sobre este tema apresentados nas Reuniões Nacionais da Associação Nacional de Pós-
Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd) e na Revista Brasileira de Tecnologia
Educacional, esta embora não se insira na categoria acima, possui significativa
relevância para este estudo, por ter sido pioneira na socialização de trabalhos sobre a
EaD.
Este levantamento exigiu uma análise inicial de todos os periódicos publicados
neste período, os quais foram por nós situados como documentos da área educacional,
uma vez que expressam a produção acadêmica publicada no país. Por meio do critério
de palavras-chave (formação de professores, formação continuada, educação a
distância), identificamos os artigos/trabalhos que passaram a constar do corpus da
pesquisa. Quando o critério das palavras-chave se mostrou insuficiente para esta
seleção, analisamos as referências bibliográficas apresentadas no final dos artigos, com
o objetivo de determinar se havia obras que tratassem do tema em questão. Em seguida,
realizamos a leitura do resumo. Pairando dúvida quanto à inclusão do material, era feita
uma leitura de todo o documento com vistas à sua classificação.
Desta análise inicial, geramos quadro-resumos e/ou gráficos que colocaram em
evidência: o total de artigos produzidos relacionados ao problema de estudo; os sub-
totais segundo periódicos/banco de dados da ANPEd na Internet; os anos nos quais
foram publicados mais artigos; as instituições de pesquisas vinculadas à produção
selecionada; os autores que mais se ocupam do tema e as tendências encontradas nas
referências bibliográficas.
Os dados quantitativos obtidos nos ajudaram a clarificar a questão substantiva de
nossa pesquisa: a presença da perspectiva emancipatória nos documentos privilegiados.
do sistema de avaliação e baseia-se nas informações fornecidas pelos Programas mediante a coleta de dados. Esta classificação é feita ou coordenada pelo representante de cada área e passa por processo anual de atualização. Os veículos de divulgação citados pelos programas de pós-graduação são enquadradas em categorias indicativas da qualidade (A, B, ou C) e do âmbito de circulação dos mesmos – local, nacional ou internacional. As combinações dessas categorias compõem nove alternativas indicativas da importância do veículo utilizado, e, por inferência, do próprio trabalho divulgado. No entanto, não se pretende, com essa classificação, que é específica para um processo de avaliação de área, definir qualidade de periódicos de forma absoluta.”
18
Com a organização do corpus, passamos à análise de seu conteúdo e, para tanto,
nos apoiamos em Bardin (1992). Uma das funções básicas da análise de conteúdo é a
inferência, o que exigiu compreender o discurso dos artigos (analisar as falas dos
autores), identificando-se temas, idéias, propostas, valores, posições, percepções, de tal
modo que o resultado obtido pudesse ser organizado em categorias6. Rizzini et al (1999)
apontam algumas regras que devem ser observadas na categorização, a saber: (a)
homogeneidade – as categorias devem ser agrupadas segundo um mesmo princípio; (b)
exclusão mútua – as categorias superpostas ou imprecisas devem ser evitadas; (c)
pertinência – as categorias têm que apresentar íntima relação com o objeto de estudo;
(d) objetividade – as categorias devem expressar a análise detalhada que foi realizada;
(e) exaustão – as categorias devem cobrir os temas/sub-temas encontrados.
Ainda de acordo com Rizzini et al (1999), de um modo geral, as categorias de
análise não são estabelecidas “a priori”. Isto porque, na perspectiva qualitativa, muito
pouco se pode concluir a respeito de uma mensagem (um texto) sem se
analisar/determinar em que condições (o contexto) se produziu. Assim, nesta análise é
fundamental ir além do que está na aparência dos textos, determinando-se o que lhe está
implícito.
Foi válido, no entanto, hipotetizar algumas categorias que poderiam ser
definidas a partir dos textos. Estas referiram-se a: (a) tipo de abordagem encontrado
(relato de experiência, resultado de pesquisa e comunicação baseada em literatura); (b)
tipo de produção: individual/co-autoria; (c) focos de estudo presentes nos
artigos/trabalhos e (d) perspectiva pedagógica assumida (emancipatória ou outra).
A abordagem qualitativa, segundo Lüdke e André (1986), se concretiza em uma
perspectiva compreensiva, visando entender a natureza do fenômeno, no caso,
6 Para Lopes (1994, p.20) “categorizar é a tarefa de organizar o material coletado, a partir de perguntas, para dar inteligibilidade ao problema posto. As categorias têm, pois uma especificidade: servem a problemas e pesquisadores específicos, em realidade e tempos sociais determinados”.
19
compreender e analisar o problema contemporâneo de formação continuada a distância
de professores. Podemos, pois, dizer que este estudo, em certa medida, concretiza uma
análise documental, a qual, de acordo com essas autoras, constitui um método de coleta
de dados pertinente à abordagem qualitativa, por permitir identificar informações
factuais nos documentos segundo as questões de interesse.
Esta análise documental exigiu a leitura de todos os artigos/trabalhos que
integraram o “corpus” da pesquisa. Com base em Bardin (1992), a leitura obedeceu às
seguintes etapas e procedimentos: (1º) pré-análise: tratou-se de uma leitura mais rápida,
na qual buscamos verificar se o conteúdo de cada artigo/trabalho estava realmente
relacionado ao nosso problema de estudo. A preocupação era, pois, determinar a
representatividade de cada documento e ter uma visão geral do conjunto dos
documentos; (2º) leitura exploratória: configurada como uma leitura minuciosa,
permitiu-nos organizar as informações em núcleos de compreensão (focos). Nesta etapa,
entrelaçamos os conteúdos dos diferentes artigos/trabalhos, determinando temas e sub-
temas comuns e questões recorrentes que emergiam nos textos; (3º) leitura
interpretativa: na qual submetemos o conteúdo dos artigos/trabalhos a um processo
hermenêutico (discurso encontrado x embasamento teórico da pesquisa), objetivando
inferir a presença da perspectiva emancipatória; (4º) leitura conclusiva: por seu
intermédio pudemos apontar em que artigos/trabalhos havia a presença da perspectiva
emancipatória, considerando os seguintes critérios de interpretação: (a) presença das
palavras-chave7 que integram o discurso emancipatório; (b) citações de autores
alinhados à perspectiva emancipatória; e (e) posicionamentos individuais marcados pelo
veio emancipatório.
7 As palavras-chave mais usadas no discurso emancipatório estão discriminadas no glossário que é apresentado no capítulo 2 desta dissertação.
20
Cabe registrar, ainda, que para dimensionar a importância desses artigos
enquanto subsídios para a elaboração de propostas de formação continuada de docentes
via EaD, tomamos como base o seguinte critério: presença de sugestões e alternativas
evidenciando que o artigo busca contribuir para a transformação da prática (ALVES-
MAZZOTTI, 2000).
21
CAPÍTULO II
EMBASAMENTO TEÓRICO
Tendo em vista que esta pesquisa se propõe, fundamentalmente, a determinar em
que medida a perspectiva emancipatória se faz presente nos discursos dos
artigos/trabalhos que tratam da formação continuada a distância de professores, tornou-
se indispensável entrelaçar o que se encontrou na revisão bibliográfica sobre esses dois
temas. Assim, esse capítulo se divide em duas partes: na primeira apresenta o que tem
sido destacado na literatura pedagógica sobre a formação contínua a distância de
professores; e na segunda discute a perspectiva emancipatória, buscando situá-la
historicamente a partir das obras/influência de Paulo Freire.
2.1. FORMAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA DE PROFESSORES
A perspectiva de formação continuada como processo permanente de reflexão
sobre a experiência prática não é nova; nos anos 60, Furter (1992) e Trigueiro (1969) já
abordavam essas questões ressaltando a importância da tomada de consciência e da
intervenção do homem no seu próprio processo de aprendizagem.
Furter (1992, p.137) considerou a educação contínua uma necessidade imposta
pela vida, devido ao seu próprio processo ininterrupto de mudanças. Assim, a educação
permanente está relacionada à visão de homem inacabado, intrínseca à própria vida,
atendendo à necessidade humana de aperfeiçoamento nas dimensões individual, social e
22
profissional, num processo contínuo de formar e re-formar. De acordo, ainda, com este
autor, a educação permanente constitui:
uma concepção dialética da educação, como um duplo processo de aprofundamento, tanto da experiência pessoal quanto da vida social, global, que se traduz pela participação efetiva, ativa e responsável de cada sujeito envolvido, qualquer que seja a etapa da existência que esteja vivendo.
Compartilhando esta visão, Trigueiro (1969, p. 506) conceitua educação
permanente como sendo:
um sistema aberto, que utiliza toda a potencialidade da escola e da sociedade para produzir os valores, conhecimentos e técnicas que servem de base à práxis humana em toda sua extensão.
Defende a educação permanente como forma de atender à crescente demanda
por uma nova formação, que não pode se limitar apenas à configuração tradicional,
onde a escola se constitui na única fonte de conhecimento. A nova concepção de
formação baseia-se na capacidade de aprender pela própria experiência, destacando a
importância do fazer e da criatividade e enfatizando o compromisso e não apenas a
contemplação. Para Trigueiro (1969 p.503):
o homem descobriu que a sua inserção no mundo se faz como práxis - ação dentro e ao longo da qual ele se transforma e transforma o mundo - , e em que ele colhe nessa inserção a visão de si mesmo.
Ambos os autores percebem o processo educacional como sendo bipolar, pois
defendem a articulação da escola com diversas esferas da sociedade, num
empreendimento global, para realizar todas as possibilidades do ato de educar. Trigueiro
(op. cit.), no entanto, destaca o papel mediador que os meios de comunicação poderiam
desempenhar enquanto instrumentos que disponibilizam a realidade. Acreditava que
esses meios poderiam incentivar a criação de um sistema democrático e aberto de cursos
adaptados aos interesses, às diferenças culturais e à disponibilidade de tempo dos
indivíduos.
23
É válido destacar que, entre os autores que discutem a questão da formação
continuada, há um consenso em recusar o significado que lhe tem sido atribuído de
treinamento, com estratégias verticais de formação.
Perrenoud (1998) afirma que o processo de formação continuada de professores
pode se apresentar sob duas formas: (a) como reciclagem, geralmente obrigatório ou
fortemente recomendado, ocorrendo nos momentos de introdução de reformas, novos
programas, novos meios de ensino ou novas tecnologias, consistindo, basicamente, em
informações e explicações; e (b) como aperfeiçoamento, o qual pressupõe uma escolha
livre e individual de qualquer tipo de conteúdo, mesmo que não esteja relacionado à
prática docente.
Marin, citada por Carvalho e Simões (1999), também analisa estes termos
relacionados à formação. Para ela reciclagem refere-se a cursos de pequena duração,
descontextualizados e superficiais, baseados na noção de atualização de conhecimentos
descartáveis; treinamento associa-se à idéia de modelagem de comportamento;
aperfeiçoamento significa tornar capaz, habilitar ou convencer e persuadir; e,
finalmente, educação permanente ou formação continuada seria um processo no qual se
valoriza o conhecimento do docente, levando em conta suas experiências profissionais
no seu próprio local de trabalho, o ambiente escolar.
Neste sentido, a formação continuada de professor, na tendência reflexiva,
requer ressignificar o espaço da prática educativa, entendida não apenas como um lugar
de aplicação de teorias, mas de reelaboração constante de saberes que os professores
realizam em sua prática, confrontando suas experiências nos contextos escolares.
Esta concepção se contrapõe às iniciativas de formação continuada que insistem
no modelo de complementação da formação inicial do professor, mediante o
preenchimento de lacunas em relação a conhecimentos teóricos ou metodológicos e,
24
conseqüentemente, tendem ao fracasso, por não se apoiarem no contexto das práticas
pedagógicas da escola. Privilegia o confronto dialético entre teoria e prática, visando
preparar o professor não para aplicar pacotes e modelos prontos, mas para que esteja
sempre atento às variáveis presentes nas situações pedagógicas.
Para Fazenda (1998, p.89):
os saberes pedagógicos, em si, não modificam a ação de educar, não geram novas práticas. É no confronto e na reflexão sobre as práticas e os saberes pedagógicos, e com base neles que os professores criam novas práticas.
Alarcão (1998) complementa, afirmando que a escola deve ser vista como um
centro de formação onde todos possam se engajar em um projeto conjunto de formação.
Pimenta (2002, p.30) também ressalta essa visão, dizendo que:
é importante produzir a escola como espaço de trabalho e formação, o que implica gestão democrática e práticas curriculares participativas, propiciando a constituição de redes de formação contínua.
Assim, o ambiente de trabalho se transforma em um ambiente de aprendizagem
permanente, comprometida com o desenvolvimento de habilidades e conhecimentos
especializados.
Esta visão da escola, como espaço de formação, é fundamental na medida em
que consideramos a formação contínua do professor como processo de reelaboração ou
recriação de diferentes saberes: os saberes das disciplinas, os saberes pedagógicos e os
saberes práticos ou da experiência (SANTOS, 1998).
Tomando como “pano de fundo” esta perspectiva de formação continuada de
professores, cabe refletir sobre as possibilidades e limites da EaD, apoiada pelas TIC.
Uma das características predominantes nas definições de EaD é a distância entre
professor e aluno, vivenciada em duas dimensões espacial e temporal. Esta concepção
rompe com o modelo convencional, onde a escola era o principal lugar de aquisição de
informações, que implicava em um tempo e espaço de aprendizagem rígidos. A
25
possibilidade de aprender independente do local onde o aluno se encontre, amplia suas
possibilidades de busca permanente por conhecimento. Mas a flexibilidade temporal
precisa ser mais bem analisada. Ao mesmo tempo que incentiva a autonomia do aluno
em gerir seu tempo de estudo, segundo seu próprio ritmo e estilo de aprendizagem,
exige das instituições a concepção de um currículo flexível e dinâmico, que suscite no
aluno o desejo de aprender, evitando que os conhecimentos se diluam no tempo (NOVA
e ALVES, 2003).
Na tentativa de romper com esta distância, a EaD depende da mediatização das
TIC. Segundo Belloni (1999), a mediatização significa selecionar as tecnologias mais
apropriadas às situações de aprendizagem e aos objetivos educacionais estabelecidos,
explorando suas potencialidades. Uma das conseqüências da incorporação das TIC na
educação é o deslocamento da ênfase na linguagem oral e escrita, predominante na
educação presencial, para uma linguagem multimídia e hipertextual (NOVA e ALVES,
2003). Esta nova linguagem baseia-se na digitalização das informações, que passam a
ser mais facilmente armazenadas, transmitidas e manipuladas, devido à sua
maleabilidade e flexibilidade. Isto facilita o acesso aos conhecimentos acumulados pela
humanidade com maior rapidez, por meio da integração de diferentes recursos, como a
imagem, o som, o texto e o vídeo, que tornam mais complexa a comunicação. Estas
possibilidades se ampliam com o hipertexto8 que inspira um currículo organizado em
rede, concretizado através de projetos interdisciplinares. A linguagem hipertextual,
devido a sua não-linearidade, exige nova capacidade de leitura por parte do aluno e
inovações nos processos de mediação pedagógica (GÓMEZ, 2004).
Neste sentido, como nos alerta Litwin (2001), o emprego das TIC na EaD
enquanto ferramentas que facilitam o acesso à informação, não garantem a construção
8 Segundo Theodore Nelson (apud GÓMEZ, 2004, p.38) hipertexto “refere-se a um conjunto de textos interligados entre si por links e remissões, nos quais se podem adicionar, retirar e modificar partes”.
26
do conhecimento. As ferramentas de comunicação devem privilegiar o uso da
linguagem com a finalidade de pensar conjuntamente, propiciando o processo de
construção coletiva do conhecimento. Assim, a mediação pedagógica torna-se um ponto
essencial para a EaD, exigindo do professor novas competências para mediar, orientar e
desafiar o aluno, promovendo a compreensão crítica das TIC, a partir de novas atitudes
de acompanhamento e apoio ao aluno.
Muitas das críticas a EaD são balizadas na transposição da aula convencional
para a modalidade a distância, pautada em transcrições de livros e apostilas para as
tecnologias, desenvolvendo um ensino conteudista e uma didática tradicional. Assim,
segundo Soares (2000, p. 234), a EaD exige novas posturas pedagógicas e
metodológicas, o que significa pensar em “uma nova relação entre ensino, pesquisa,
aprendizagem e avaliação processual”.
Embora o uso das TIC na EaD possa oferecer maior variedade de informações
aos estudantes, sua ênfase deve estar em desenvolver a autonomia. Para isto, Belloni
(1999) recomenda a reorganização do processo de ensino-aprendizagem a fim de
desenvolver as capacidades de auto-aprendizagem, através de metodologias que
privilegiem a pesquisa e a interação social. Reafirmando esta posição, Soares (2000)
alerta que a seleção dos conteúdos deve propiciar a interpretação, reflexão e produção
do conhecimento novo, de forma questionadora e problematizada.
Ramal (2003), analisando as competências dos novos sujeitos que atuam na
EaD, destaca as necessidades de: dominar as novas linguagens, ser um receptor crítico
das TIC, selecionar a informação desejada e saber utilizá-la com criatividade, além de
transitar em diferentes grupos de trabalho e aprendizagem.
A partir dessas considerações sobre a EaD, tomamos a afirmação de Oliveira
(2002, p.96): “a formação continuada em serviço do professor encontra na EaD, apoiada
27
pelas TIC, um instrumento para sua concretização”. Esta autora, no entanto, salienta que
as abordagens mais comuns de EaD se baseiam em práticas pedagógicas instrucionistas,
que privilegiam processos diretivos e rígidos de transmissão de conteúdos, valendo-se
de pacotes fechados de informações predeterminadas, onde o aluno/professor
individualmente cumpre as tarefas e as “devolve” ao professor/formador, evidenciando
a ênfase na memorização de conteúdos descontextualizados e no atendimento à massa.
A autora admite, também, que os projetos de formação continuada de professores em
EaD caminham para uma perspectiva inovadora, a qual assume uma concepção
curricular mais flexível, não linear, baseada na pesquisa e no diálogo, com ênfase na
mediação do professor/formador.
Oliveira (op. cit.) defende a EaD na formação continuada de professores desde
que atenda aos seguintes critérios: (a) valorização do aluno/professor como sujeito
crítico e não apenas como receptor/reprodutor do conhecimento imposto pelos
especialistas; (b) respeito à dimensão vivencial do tempo de cada sujeito aprendente,
que se contrapõe à dimensão cronológica imposta a todos; (c) respeito ao processo de
construção de conhecimento do aluno/professor, não sobrepondo a intencionalidade
pedagógica do professor/formador; (d) integração à prática profissional, numa
perspectiva reflexiva, concretizada por meio do trabalho com projetos; (e)
favorecimento da construção colaborativa e solidária de conhecimento.
Estes critérios são coerentes com a abordagem construtivista de educação, a
qual, segundo Deschênes et al (1998), encontra na formação a distância um campo
propício para se desenvolver. Estes autores destacam alguns aspectos da abordagem
construtivista que devem compor um modelo teórico para a formação à distância: a
contextualização para a aprendizagem significativa e o respeito às diferenças individuais
do aprendiz, este ocupando o centro do processo. Ao romper com a necessidade da
28
presença física do aluno/professor em um contexto diferente, permite-se que este
permaneça em contato contínuo com seu próprio ambiente, facilitando a
contextualização, a transferência e a aplicabilidade dos conhecimentos. Sem dúvida, a
formação a distância favorece uma flexibilidade quanto às modalidades de
aprendizagem, respeitando as disponibilidades temporais e o estilo de aprendizagem. No
entanto, ao deslocar o centro do processo do professor para o aluno, se torna
indispensável que este precisa assumir um papel mais importante na gestão da sua
própria aprendizagem, responsabilizando-se por ela.
A preocupação com a qualidade dos cursos a distância apoiados pelas TIC fez
com que o MEC estabelecesse indicadores de qualidade9 para cursos de graduação a
distância, visando orientar tanto as instituições interessadas em oferecer esta
modalidade de ensino, quanto as comissões responsáveis pela autorização desses cursos.
A partir do princípio fundamental de que a educação superior deve garantir a
criação, aperfeiçoamento e divulgação de conhecimentos culturais, científicos e
tecnológicos, destinados à formação humana e à construção de uma sociedade mais
justa, o MEC traçou 10 indicadores básicos de qualidade, os quais, em nossa percepção,
podem ser ampliados para outros níveis de ensino, em especial para as propostas de
formação continuada. São eles: (1) integração com políticas, diretrizes e padrões de
qualidade definidos para o ensino superior e para o curso específico, independente da
modalidade presencial ou a distância; (2) desenho do projeto e identidade da EaD com
adequação de conteúdo, linguagem, acompanhamento, avaliação, recursos tecnológicos
e pedagógicos às características do público alvo; (3) formação de uma equipe
profissional multidisciplinar, preocupada com a construção coletiva do projeto político-
pedagógico do curso e com a mediação entre o conhecimento e o aluno; (4) 9 Os indicadores de qualidade para cursos de graduação a distância estão disponíveis no site http://portal.mec.gov.br/seed.
29
comunicação/interatividade entre professor e aluno e entre os alunos do curso,
oferecendo os atuais recursos de telecomunicação e momentos presenciais, de modo a
contribuir para evitar o isolamento e manter a motivação no processo de aprendizagem;
(5) qualidade dos recursos educacionais coerentes com a concepção e com o currículo
do curso, levando em consideração: a convergência e a integração entre as diferentes
tecnologias; a elaboração de um guia com orientações para os alunos; a apresentação em
cada unidade dos objetivos e competências favorecendo a auto-avaliação; a indicação de
outras fontes de informação, evitando a centralização na disseminação do
conhecimento; a promoção da interdisciplinaridade, ultrapassando o modelo
fragmentado e descontextualizado; (6) infra-estrutura de apoio proporcional ao número
de alunos, aos recursos tecnológicos e à cobertura territorial, incluindo os núcleos de
atendimento ao aluno adequadamente equipados; (7) avaliação contínua e abrangente da
qualidade de acordo com as exigências da legislação e que possibilite ao aluno o
desenvolvimento da autonomia, da criticidade e da responsabilidade quanto ao seu
próprio processo de aprendizagem; (8) estabelecimentos de convênios e parcerias para
garantir o padrão de qualidade do curso e a legitimidade do diploma oferecido; (9) edital
e informações sobre o curso, esclarecendo as exigências aos alunos de cursos a distância
na tentativa de se evitar o grande número de evasão nesta modalidade de ensino; (10)
planejamento criterioso dos altos custos de implementação e manutenção de cursos a
distância para que não ocorra qualquer interrupção no seu oferecimento, prejudicando a
instituição e principalmente os alunos.
As considerações tecidas nesta seção evidenciam que a educação a distância vem
progressivamente se institucionalizando; indicam, também, a sua absorção em processos
de formação continuada, mas sobretudo salientam a importância de ser avaliada
30
criticamente seja no todo (no conjunto de suas diferentes aplicações) como nas partes
(no contexto de cada experiência em que se expresse).
2.2. PERSPECTIVA EMANCIPATÓRIA
A perspectiva político-emancipatória, que tem em Paulo Freire (1921-1997) seu
grande articulador, estabelece como uma de suas finalidades básicas a formação de
sujeitos críticos, capazes de identificar e enfrentar as formas opressoras que existem nos
diferentes contextos sociais, buscando, em última instância, a transformação da
sociedade desigual. Freire (2000) vincula consciência e democracia; para ele é
indispensável ultrapassar o que chamou de “consciência ingênua”, a qual não significa
ignorância, mas insuficiência para captar as relações complexas entre os
acontecimentos. Esta perspectiva tornou-se recorrente durante o regime militar (1964 a
1985), na medida em que apoiou o pensamento dos professores progressistas que
lutavam pela restauração da democracia.
Considerando, no entanto, que o país já vive há duas décadas em estado
democrático, supomos que a dimensão político-emancipatória tenha perdido um pouco
de suas características iniciais, dando espaço a uma vertente emancipatória mais ampla,
na qual se busca fundamentalmente a “aprendizagem cidadã” (Morin, 2003, p.65).
Trata-se de uma visão que situa a educação como possibilidade de autoformação da
pessoa: ensinar a assumir a condição humana, ensinar a viver e ensinar a ser cidadão.
Para Morin (2003, p. 65) “um cidadão é definido, em uma democracia, por sua
solidariedade e responsabilidade em relação a sua pátria. O que supõe nele o
enraizamento de sua identidade nacional”.
31
Assim, no contexto desta seção, buscamos esclarecer a visão emancipatória em
seu sentido mais amplo. Procuramos responder como surgiu, como se define, o que
dizem os autores tidos como emancipatórios e quais as implicações de adotá-la quando
se utilizam as TIC na formação continuada de docentes.
Como Surgiu
Analisando o atual quadro do processo de acumulação capitalista, Deluiz (1995,
p.162) afirma que as inovações científico-tecnológicas e as mudanças nas organizações
produtivas marcam a transição para o paradigma da informação e provocam mudanças
no perfil das qualificações profissionais.
Libâneo (2003, p.20) relaciona este panorama social a uma nova economia da
educação, preocupada com a formação profissional adequada ao capital, subordinando a
educação à economia e ao mercado, sem uma reflexão sobre as questões sociais.
O modelo neoliberal de educação estaria subordinando alvos político-sociais (eqüidade, cidadania, democracia) a intentos estritamente econômicos (desenvolvimento tecnológico, competitividade internacional), ou seja, à lógica do mercado.
Na tentativa de propor uma educação preocupada com o processo formativo em
sua totalidade, ou seja, ultrapassando esta visão economicista e abrangendo as
dimensões cognitivas, afetivas e sociais, surge a teoria crítica da educação que
fundamenta a visão emancipatória.
Segundo Gadotti (1996), o pensamento pedagógico crítico encontrou importante
embasamento em: (a) Louis Althusser (1918-1990) que com sua teoria da escola como
aparelho ideológico do Estado, sustentava que a escola capitalista reproduzia as relações
de poder do capital, impondo a cultura dominante através da ação pedagógica; (b)
Bourdieu (1930–2002) e Passeron, que ao situarem a escola enquanto instância de
violência simbólica, colocaram em evidência como nela se reproduzem as relações de
32
produção e a ideologia dominante de forma arbitrária; e (c) Baudelot e Establet, estes,
com a teoria da escola dualista, distinguiram a existência de dois tipos de escola para as
classes sociais: a da burguesia e a do proletariado, derrubando a visão de escola única
para todos.
Saviani (1991) classifica essas teorias como sendo crítico-reprodutivas e propõe
a sua superação em direção a uma pedagogia histórico-crítica. A visão crítico-
reprodutiva surgiu a partir do movimento de maio 6810, na França, com a pretensão de
realizar a revolução social pela revolução cultural (incluindo a educação). Com o
seu fracasso e a imposição do
10 Movimento iniciado por estudantes, em Paris, como crítica à estrutura acadêmica conservadora e a situação social e política. Os estudantes influenciaram os trabalhadores e organizaram ocupação de fábricas, passeatas e greves, que culminaram em confronto e violenta repressão. Vários setores da sociedade se envolveram, surgindo a frase “É proibido proibir!” Esse movimento repercutiu em vários países e contou com a adesão dos trabalhadores nos protestos contra a situação enfrentada no período do pós-guerra e devido às ocupações imperialistas.
33
autoritarismo tecnocrático, os reprodutivistas afirmaram que “a cultura é um fenômeno
superestrutural; integra, pois, a instância ideológica, sendo assim determinado pela base
material. Portanto, não tem o poder de alterar a base material” (SAVIANI, 1991, p.71).
Segundo este autor, no campo pedagógico, esta teoria é eficaz na crítica às práticas
existentes, esclarecendo seus mecanismos, mas não possui qualquer proposta de
intervenção com vistas à transformação da prática. Considera que é difícil para o
professor desenvolver uma prática crítica, na medida em que a prática pedagógica é
caracterizada pela violência simbólica e pela reprodução das relações de poder do
sistema capitalista, ou seja, “a educação tem a função de reproduzir as relações sociais
vigentes” (SAVIANI, 1991, p.93). A esta visão crítico-mecanicista, que considera a
sociedade “determinante unidirecional da educação” (op.cit., p.95) se contrapõe a visão
crítico-dialética, que entende ser a determinação recíproca, podendo a educação
interferir sobre a sociedade numa perspectiva transformadora. A visão crítico-dialética
sustenta a teoria histórico-crítica, que propõe a compreensão da Educação a partir da
análise do seu processo de transformação histórica.
Libâneo (2003) afirma que a educação emancipatória deve estar comprometida
com as demandas das novas realidades sociais e propõe a expressão “qualidade social
da educação”, cujos parâmetros se distanciam da visão neoliberal e se baseiam na
democracia, participação, direitos sociais e, em especial, na qualidade cognitiva dos
processos de ensino-aprendizagem.
Como se Define
Segundo Freire e Faundez (1985) a perspectiva emancipatória se contrapõe à
pedagogia da transferência de conhecimento, fundada na prática bancária. Consiste em
uma crítica à escola tradicional nas questões técnicas e metodológicas, nas relações
34
educador-educando e se estende ao próprio sistema capitalista. Pressupõe o
engajamento político e o tratamento de questões éticas. Para Libâneo (op.cit.), é uma
educação humanista, com a finalidade de lutar pela vida, estimular a solidariedade, a
democracia, a justiça e a convivência com as diferenças e se opõe a qualquer tipo de
opressão humana e injustiça social.
Essa visão amplia o significado da educação na medida em que privilegia a
compreensão da realidade social pelo educando de forma a propiciar a ação
transformadora, o que implica num envolvimento responsável e compartilhado. A
educação emancipatória baseia-se no diálogo democrático como meio de desenvolver a
criticidade, a participação, e a conscientização do educando.
Para atender a essa finalidade educacional, faz-se necessário romper com o
paradigma conservador/ dominante e buscar uma nova concepção que possa superar a
fragmentação das ciências. As fronteiras dos saberes estão cada vez mais se alargando e
se integrando, formando uma grande rede de conhecimentos.
Nesta perspectiva, Morin (2003) propõe uma prática transdisciplinar como
forma de se contrapor à rígida fragmentação do saber em diferentes disciplinas,
estanques e isoladas, que não contribuem para a visão do todo, para a perspectiva do
conjunto. Sua idéia está fundamentada no paradigma da complexidade, baseado na
visão sistêmica, que se opõe ao pensamento linear e reducionista, marcado pela
simplificação e fragmentação. O autor afirma que diante das incertezas do mundo, a
educação deve estar comprometida com o desenvolvimento de estratégias que levem em
consideração a complexidade e os riscos dos desafios enfrentados, consciente de sua
imprevisibilidade. Isto significa secundarizar o cumprimento de um programa, baseado
em uma seqüência fixa e estável de ações, dependente de um ambiente estável, aspectos
35
esses incoerentes com as rápidas modificações que se expressam na sociedade
contemporânea.
Ratificando esta posição, Libâneo (2003, p.8-9) afirma que “num mundo
globalizado, transnacional, nossos alunos precisam estar preparados para uma leitura
crítica das transformações que ocorrem em escala mundial”, o que demanda uma
formação sólida com capacidade de pensar cientificamente os problemas da
humanidade, segundo uma postura ético-valorativa, base da sociedade democrática.
Neste sentido, a escola deve aproximar a ciência da cultura cotidiana, assim como,
“ajudar os alunos a tornarem-se sujeitos pensantes, capazes de construir elementos
categoriais de compreensão e apropriação da realidade”.
Veiga (2001) alerta para o desafio da escola em garantir a qualidade técnica e
política para todos, respeitando a diversidade local, social e cultural e, considerando o
aluno como sujeito psico-social-político e histórico. A autora valoriza a construção do
projeto político pedagógico da escola e levanta alguns pressupostos básicos para a sua
elaboração. Segundo esta autora, a visão emancipatória se expressa na escola quando
há: (a) unicidade entre teoria e prática – esses dois elementos estabelecem relações de
interdependência e reciprocidade, visando construir práticas inovadoras; (b) reflexão
coletiva sobre todo o contexto escolar existente, a fim de elaborar ações
transformadoras da realidade; e (c) participação efetiva da comunidade em todas as
dimensões, baseada no diálogo e na compreensão do outro.
Essas demandas também se dirigem aos professores, o que vai exigir um
processo de formação com qualidade, orientado por uma perspectiva emancipadora.
Veiga (op.cit.) indica algumas tendências que poderiam estar presentes no processo de
formação: (a) qualificação geral de qualidade apoiada no desenvolvimento de
capacidades cognitivas e operativas, que favoreçam o pensamento autônomo, crítico e
36
criativo; (b) capacitação tecnológica que possibilite exercer o controle e a compreensão
da totalidade do processo de produção; (c) desenvolvimento de novas atitudes e
disposições sociomotivacionais que propiciem a responsabilidade, iniciativa,
flexibilidade na mudança de papéis e na adaptação a novas formas de trabalho; (d)
capacitação para a cidadania e formação ética capaz de pensar criticamente a
globalização.
O Que Dizem os Autores Emancipatórios
As questões relativas ao processo de formação continuada de professores têm
sido objeto de estudo de diferentes autores, gerando uma pluralidade de perspectivas,
que não se excluem, mas contribuem para nortear a nossa reflexão. Entre elas, podemos
destacar: a visão do professor crítico-transformador de Paulo Freire; a concepção de
Henry Giroux sobre os professores como intelectuais; a tendência de profissionalização
dos professores argumentada por Antônio Nóvoa e José Carlos Libâneo; a formação
para a cidadania destacada por Moacir Gadotti, Pedro Demo e Dermeval Saviani; a
visão interdisciplinar defendida por Hilton Japiassu; e a perspectiva reflexiva
desenvolvida por Donald Schön e Zeichner. Estas visões geraram os princípios da
educação emancipadora.
A visão de professor crítico-transformador é defendida por Freire (1997) em sua
pedagogia fundada na ética, no respeito à dignidade e à autonomia do educando.
Destaca ele a importância da educação, como ferramenta de compreensão da realidade
social, e do diálogo que propicia a reflexão crítica sobre o mundo. Acredita em uma
escola democrática que assume o compromisso da transformação social, por meio do
processo de conscientização como força de mudança e libertação. Ele valoriza o papel
37
do educador no processo de construção de uma identidade autônoma e comprometida
com a transformação da realidade.
Assim, o papel do educador consiste não apenas em ensinar conteúdos, mas
também ensinar a pensar criticamente, o que é uma postura difícil e penosa, na qual se
evita o simplismo, a facilidade e a incoerência; ela envolve o movimento dinâmico e
dialético entre o fazer e o pensar sobre o fazer. Assim, a passagem da ingenuidade para
a criticidade é tarefa da prática educativa acompanhada da formação ética e estética.
Para Freire (1997, p.19), ensinar é uma tarefa profissional e, portanto,
o fato, de que ensinar ensina o ensinante a ensinar um certo conteúdo não deve significar, de modo algum, que o ensinante se aventure a ensinar sem competência para fazê-lo.
Como profissional, o educador precisa defender uma política de formação
permanente e autêntica, fundamentada na dialética entre teoria e prática, ou seja, na
análise crítica de sua prática.
Freire (1986, p.47) salienta que:
quanto mais seriamente você está comprometido com a busca da transformação mais rigoroso você deve ser, mais você tem que buscar o conhecimento, mais você tem que estimular os estudantes a se prepararem cientifica e tecnicamente para a sociedade real na qual eles ainda vivem.
A necessária formação técnico-científica dos educadores, anteriormente referida,
não tem nada de tecnicista e cientificista, características de um mero treinamento; ao
contrário, precisa desafiar o educador a pensar criticamente a própria técnica sob a
vigilância da ética e da reflexão profunda sobre o ser humano e o mundo.
A concepção que entende os professores como intelectuais (GIROUX, 1992, p.
23), insiste na possibilidade de se repensar e reestruturar o trabalho do docente, ao
integrar o pensamento e a prática:
o papel do docente não pode ser reduzido ao mero treino em habilidades práticas, mas envolve a educação de uma classe de
38
intelectuais vital para o desenvolvimento de uma sociedade democrática.
Como intelectual, o trabalho do docente contribui para a manutenção de
determinada concepção de homem e mundo ou para modificá-la. Considera que “todas
as correntes da teoria educacional representam uma forma de ideologia que tem íntima
relação com questões de poder” (GIROUX, 1992, p.25). Este autor analisa o papel
político dos intelectuais de acordo com as funções que desenvolvem na sociedade e
classifica os intelectuais como conservadores ou radicais. Os intelectuais conservadores
desempenham o papel de agentes do status-quo, sendo propagadores das ideologias e
valores da classe dominante; enquanto os intelectuais radicais desenvolvem a
consciência política na classe trabalhadora.
Os intelectuais transformadores valorizam a reflexão crítica sobre os aspectos
ideológicos da sociedade dominante e a ação como projeto social para proporcionar aos
alunos oportunidades de romper com as injustiças e tornarem-se cidadãos responsáveis
por uma autêntica sociedade democrática. Assim, os professores são considerados como
intelectuais transformadores e precisam estar atentos para conhecer as formas de
organização do poder na escola, como se expressam nas práticas de linguagem, nas
relações de liderança e nas ideologias veiculadas no currículo. Os professores devem
também investigar as relações entre a cultura popular e a predominante no processo de
escolarização, pois estas são desenvolvidas em relações assimétricas de poder. Sendo a
escola considerada um espaço de contestação, construída histórica e socialmente por
uma complexa rede de relações de cultura e poder, surge a necessidade de analisar e
compreender a dinâmica dessas relações.
Giroux (op.cit.) considera a pedagogia radical, na visão emancipatória, como
uma forma de política cultural, cujas questões centrais giram em torno da luta, da
expressão do educando e do diálogo crítico. Baseia-se na noção de linguagem de
39
Bakhtin e enfatiza o político como Freire, considerando o uso da linguagem como um
ato social e político central para a luta coletiva por justiça social. Defende o discurso,
acompanhado da análise crítica da realidade, como fator indispensável para uma ação
social transformadora.
As transformações sociais são objeto de estudo de Saviani (1991) que analisa as
imposições do capitalismo e suas implicações no mundo do trabalho e, em especial, na
educação. Segundo ele, a política educacional em vigor não atende às demandas sociais
por uma formação cidadã, porque segue as exigências da política econômica, em
consonância com as diretrizes das organizações financeiras internacionais. Defende a
visão crítico-dialética, ao afirmar a existência de uma reciprocidade entre educação e
sociedade, o que dá espaço para a atuação transformadora da escola.
Saviani (2002) destaca a importância da escola no processo de democratização,
ao tornar acessível o conhecimento a todos e oferecer as condições de participação
efetiva nas várias esferas da sociedade. Por isso, defende uma escola pública de
qualidade, pautada na racionalidade social, que assegura a adequação dos recursos à
concretização do valor social da educação. Neste sentido, ressalta o papel da escola
como agente essencial para o desenvolvimento das novas gerações e para o futuro do
país.
Na visão de Gadotti (1996) destaca-se a importância da escola cidadã, aquela
que além de se assumir como centro de direitos e deveres, está preocupada em
promover uma educação para a cidadania, para a participação ativa e consciente. Uma
escola empenhada com a construção de um projeto político pedagógico autônomo e
articulado dialeticamente à sociedade, de forma a garantir a formação crítica do cidadão.
A autonomia das escolas incentiva o surgimento de inovações no processo educacional,
sendo fundamental para uma educação contestadora comprometida com a
40
transformação social. Neste sentido, defende a pedagogia da práxis como uma
pedagogia da transformação, coerente com a prática da liberdade, que é exercida no
próprio processo de aprendizagem, resgatando a noção de ética e solidariedade
(GADOTTI, 2000).
Outro autor que também se preocupa com a questão da formação para a
cidadania é Demo (2000). Para ele, o exercício da cidadania deve ser fundamentado
pelo conhecimento; destaca a importância estratégica do professor diante da atual
sociedade e economia da informação. O grande volume de informação exige novas
competências de manipulação, seleção e compreensão que possibilitem a construção do
conhecimento. Conhecer implica questionar, e o desinformar é parte intrínseca desse
processo, na medida em que ao selecionar uma determinada informação, deixa-se de
lado um cabedal de outros dados. Assim a informação é considerada “ambivalente
porque passa pelo filtro da subjetividade, além de sua dimensão estar limitada pelo
aparato perceptor e conceitualizador” (DEMO, 2000a, p.41).
Esse fato torna fundamental o papel do professor como mediador nesta rede de
informações, possibilitando o desenvolvimento de uma visão crítica e propiciando a
emancipação, que segundo Demo (2000a, p. 40) significa “capacidade de confronto,
quebra da ordem vigente considerada impositiva e injusta”.
Libâneo (2003) discute os dilemas emergentes da sociedade contemporânea,
identificando as novas demandas educacionais. Preocupa-se com a democratização da
escola e com a formação dos professores, atendendo a um projeto emancipatório de
educação. Para ele, o processo educativo deve proporcionar a formação autônoma dos
sujeitos, por meio de uma visão crítica e questionadora do mundo. Assim, é
fundamental que a escola se comprometa com a aprendizagem do conhecimento e o
desenvolvimento de competências cognitivas (LIBÂNEO, 2004).
41
De acordo com este autor a democratização efetiva do ensino passa pelo
movimento de resgate da profissionalização do professor, em busca de uma nova
identidade, por meio da valorização do processo de formação voltado para o seu
desenvolvimento enquanto sujeito crítico-reflexivo. As transformações das práticas
pedagógicas são conseqüência de um processo de conscientização sobre suas próprias
práticas, aliado ao aprofundamento teórico e crítico sobre a realidade. Afirma que, a
reflexividade deve estar associada à prática da pesquisa, como instrumento que
proporciona pensar sua prática, construir conhecimento, visando aprimoramento do seu
trabalho. Por isso, espera que os processos de formação atendam às necessidades e
desafios do cotidiano da escola, desenvolvendo conhecimentos, competências e valores
que possibilitem a construção de novos saberes-fazer docentes, propiciando a
flexibilidade mental e a capacidade de resolver situações imprevistas (LIBÂNEO e
PIMENTA, 1999). Assim, a política de formação de professores deve enfocar as
demandas concretas das escolas e salas de aula, garantindo a qualidade e eficácia dos
processos de ensino-aprendizagem.
Este aspecto da formação do professor também é ressaltado no discurso de
Nóvoa (1995), que situa o aprender contínuo como essencial à profissão. Afirma ser
difícil o equilíbrio entre inovação e tradição nas práticas de ensino. Destaca a
importância da tomada de consciência do professor como sujeito de transformação, que
se opõe à reprodução acrítica de práticas pedagógicas não adequadas ao contexto atual.
Assim, a formação de um novo profissionalismo docente depende da construção de um
saber pedagógico que não seja apenas instrumental. Essa cultura profissional deve estar
pautada na ética e no respeito nas relações com os alunos e outros profissionais e,
sobretudo, no compromisso de oferecer um trabalho de qualidade.
42
Nóvoa (1999, p.18) alerta para o excesso de discursos, baseados na retórica do
“professor reflexivo”, que encobrem práticas pedagógicas conservadoras, caracterizadas
pela rigidez curricular e direcionamento de livros e materiais didáticos produzidos por
grandes empresas, de forma a atender o que chamou de “mercado de formação”. Na
realidade, constituem propostas distanciadas do sentido de reflexividade. Ele também
defende uma concepção de formação que valorize: “a sistematização dos saberes
próprios, a capacidade de transformar a experiência em conhecimento e a formalização
de um saber profissional de referência”. Neste sentido, apóia abordagens
autobiográficas, baseadas em práticas de escrita pessoal ou coletiva e na atitude
investigativa.
Afirma que a lógica da formação continuada deve estar centrada nas escolas e na
organização dos próprios professores. Já que o saber profissional surge da reflexão
sobre a prática, destaca a importância da escola como espaço formativo, valorizando a
integração de equipes pedagógicas na promoção de uma visão interdisciplinar.
Esta visão interdisciplinar também é defendida por Japiassu (1976) que propõe a
ruptura das fronteiras disciplinares, com vistas à compreensão profunda da realidade na
sua totalidade, a partir do intercâmbio entre diferentes áreas do conhecimento. Para ele,
a interdisciplinaridade pressupõe integração real das disciplinas, efetivada pelo
intercâmbio entre diferentes áreas do conhecimento, o que requer equilíbrio,
reciprocidade e complementaridade de conceitos e métodos das disciplinas científicas.
Assim, pensar a prática pedagógica de forma interdisciplinar pressupõe o compromisso
do professor, enquanto sujeito que assume uma postura crítica frente ao conhecimento,
articulando-o com a realidade vivida pelo aluno, numa perspectiva transformadora.
Nesta linha de raciocínio, o enfoque pedagógico da formação docente deve priorizar a
pesquisa como forma de aprendizagem.
43
Um dos autores que se destaca na defesa de uma formação reflexiva é Schön
(2000). Segundo ele, o processo de formação precisa preparar o profissional para
atender às demandas da prática, levando em consideração as características situacionais
ligadas à incerteza, singularidade e conflitos de valores que se encontram presentes no
cotidiano escolar. Para atuar nesse contexto, é preciso formar competências
profissionais para o reconhecimento, julgamento e performace habilidosa. Assim, o
conhecimento profissional não se limita à aplicação de determinados recursos ou
instrumentos para a solução de problemas, mas envolve, principalmente, a capacidade
de criar, improvisar, testar estratégias para enfrentar as novas demandas. Este autor
defende que a formação deve estar baseada em processos de reflexão na ação e sobre a
ação, privilegiando o aprender por meio do fazer e estimulando a reflexão a partir da
interação, do diálogo crítico e aberto entre professor-aluno.
Essa ação reflexiva se dá de acordo com momentos específicos: (a) situação
rotineira de ação que envolve respostas espontâneas (conhecimento-na-ação); (b) ações
rotineiras que levam a um resultado inesperado, surpreendente; (c) surpresa que
desencadeia a reflexão no processo de ação (reflexão-na-ação), envolvendo o pensar
sobre a situação, procurando compreender suas razões; (d) o pensar criticamente para
reformular a situação-problema, reestruturando as estratégias de ação; e (e) verificação
experimental, para testar a(s) nova(s) hipótese(s).
Zeichner (1993) afirma que a reflexão não consiste em um conjunto de métodos
e técnicas passíveis de serem veiculadas e consumidas acriticamente, como “pacotes”,
pelos professores. Ao contrário, o reconhecimento e a valorização da importância das
experiências práticas de cada um é central no conceito de professor reflexivo. Ressalta
que essa reflexão precisa ser uma atitude coletiva, por meio da construção de uma
comunidade de aprendizagem que fortaleça e sustente o crescimento mútuo, visando
44
provocar reais mudanças: institucionais e sociais. Esse autor aponta três atitudes
favoráveis à reflexividade: (a) espírito aberto – ser mais flexível, livrando-se de
preconceitos e estimulando a curiosidade; (b) responsabilidade – capacidade de enunciar
criterioso julgamento; e (c) sinceridade – envolve dedicação e disponibilidade para
enfrentar novas situações.
Admitindo que a questão da formação docente vem se tornando um rentável
negócio, por meio da venda de soluções educacionais (caracterizado pela produção e
distribuição de kits e soluções padronizadas para problemas escolares), Zeichner (2005)
defende o desenvolvimento da pesquisa por educadores, como forma mais adequada
para a formação profissional. Segundo ele, a transformação nas práticas pedagógicas
cotidianas depende do estabelecimento de uma aliança entre os professores das escolas e
os acadêmicos das universidades. O estreitamento desses laços visa, não apenas, o
desenvolvimento sistemático de pesquisas dirigidas às questões concretas do ensino-
aprendizagem, mas, sobretudo, a construção de uma sociedade mais democrática,
comprometida com a justiça social, econômica e política.
Implicações da Visão Emancipatória no Uso das TIC na Educação
A educação idealizada por Freire começa com o encontro, com a comunhão de
idéias por pessoas dispostas a dialogar e compartilhar suas experiências e
conhecimentos. Segundo Gómez (2004), esta interação é essencial na formulação de
cursos a distância, o que pressupõe a participação de uma equipe de professores
multidisciplinares, comprometida em ouvir, sentir e reconhecer os saberes e valores do
outro, na tentativa de superar a visão fragmentada do conhecimento e construir um
projeto sob nova orientação pedagógica.
45
Assim, a elaboração de um projeto pedagógico para a EaD deve ser processual e
baseada no diálogo crítico, assumindo os conflitos gerados pela construção coletiva.
Nesta construção é essencial ter como eixo a cultura dos participantes, com suas
intenções, expectativas, dificuldades e saberes, de forma a desenvolver a apropriação
crítica das TIC. Neste sentido, a proposta de EaD para a formação de educadores
“perpassa a tecnologia, mas não a desconhece; reflete sobre ela, discute-a e a utiliza,
pois é parte constitutiva do processo social de conhecimento” (GÓMEZ, 2004, p.21).
Segundo Gómez (op. cit., p.66) uma das questões importantes da formação
continuada de professores, na proposta freireana, é a “apropriação dos avanços
científicos do conhecimento humano que contribuem com a qualidade social da escola”.
Pensar, pois, a utilização das TIC na escola é coerente com o objetivo de construção de
uma escola de qualidade comprometida com o desenvolvimento da cidadania crítica,
desde que esse uso favoreça a aproximação das pessoas e o desenvolvimento da
solidariedade.
O processo de formação continuada está intimamente relacionado ao
entendimento freireano do homem “estar sendo” nas permanentes relações que
estabelece no espaço social e histórico, o que nos remete à noção de inacabamento e de
abertura, nas palavras de Freire (2002, p.51): “a experiência da abertura como
experiência fundante do ser inacabado que terminou por se saber inacabado. Seria
impossível saber-se inacabado e não se abrir ao mundo e aos outros à procura de
explicação, de respostas às múltiplas perguntas”.
Esta necessidade de abertura inaugura um movimento de múltiplas interações
com o mundo e com os outros, podendo ser, na EaD, mediada pelas TIC. Gómez (2004)
estabelece uma relação entre as potencialidades dessas tecnologias e os Círculos de
46
Cultura11 de Freire. A educação nos Círculos de Cultura inicia-se com uma determinada
situação problematizadora que permite a tomada de consciência do que se sabe e do que
não se sabe, mas se deseja saber. O que detona um movimento autônomo de busca do
conhecimento, com base na circulação da palavra e dos textos de educandos e
educadores. Por serem constituídos como espaço de aprendizagem, com o objetivo de
facilitar a circulação e o intercâmbio de idéias, estes Círculos não são fechados, mas
devem se abrir e entrar em relação com outros, formando uma teia de conexões, de
vivências e de palavras.
Inspirados nos estudos de Schön, Prado e Valente (2002) traçam um paralelo
entre a formação do profissional reflexivo e as possibilidades do uso das TIC na
Educação a Distância. Segundo esses autores, a prática pedagógica constitui um ciclo
que se inicia a partir da reflexão na ação. Recomendam que o professor faça um registro
prévio da prática, em forma de descrição inicial, com suas antecipações relativas ao
saber fazer e impregnadas de suas concepções, intenções, valores e crenças. Tal registro
consiste em um rico instrumento de referência que propicia maior efetividade para a
reflexão, podendo o professor usá-lo para comparar e analisar os fatos emergidos e as
decisões tomadas nos diferentes momentos da prática pedagógica com o aluno. Não se
pode deixar de admitir que o registro é facilitado com o uso das TIC na EaD, uma vez
que estas permitem armazená-lo e disponibilizá-lo ao professor/formador, rompendo as
dificuldades de tempo e espaço, além de propiciar a reflexão contextualizada.
No momento da ação pedagógica, é usual o aluno, de algum modo, fornecer um
feedback ao professor. Muitas vezes, no entanto, o feedback provoca uma instabilidade,
por não corresponder às respostas esperadas; isto exige do professor estabelecer novas
estratégias 11 Círculo de Cultura consiste em um “espaço educativo e a estratégia de aprendizagem, o conhecimento nele não é só reflexo ou espelho do outro, mas busca também a ação transformadora ao reconhecer e aceitar o outro diferente” (GÓMEZ, 2004, p. 43)
47
de ação, que demandam conhecimentos teóricos para a tomada de decisão. Os autores
alertam para o fato de que nem sempre ocorre esta situação de instabilidade,
prevalecendo uma visão conservadora de ensino, na qual as dificuldades encontradas
pelos alunos são vistas como externas ao processo. Torna-se, então, indispensável a
mediação do formador, de modo a promover a tomada de consciência do professor em
relação ao feedback do aluno, propiciando questionamento e revisão da prática
pedagógica.
A partir deste momento, ocorre a reflexão sobre ação, na qual o professor
reconstitui a prática, descrevendo o que, o como e o porquê das ações realizadas.
Segundo Almeida (2002) observar e registrar sua própria ação implica repensar sobre a
mesma e analisar suas ações, sentimentos, pensamentos e reações, provocando uma
tomada de consciência. Esta atitude propicia (re)interpretações dos fatos à luz do
conhecimento teórico, buscando elucidar dúvidas e incertezas. Este processo não deve
ser solitário, mas enriquecido com a diversidade de pontos de vista, através da interação
com outros professores e formadores. A socialização dos relatos e análises dos
professores em formação pode ser viabilizada na EaD com a construção de uma
comunidade de aprendizagem colaborativa; esta baseada na interação compartilhada
permite que se alcance um contexto mais amplo, enriquecido com idéias e experiências
vivenciadas em outros ambientes.
Em síntese, numa perspectiva emancipatória da educação, os processos de
formação continuada de professores apoiados na EaD precisam estar comprometidos
com o desenvolvimento da capacidade de pensar criticamente, associada a uma atitude
reflexiva coletiva, que focalize a própria prática pedagógica. Assim, são articuladas as
práticas formativas com os contextos de trabalho, o que pode colaborar para provocar
48
mudanças significativas no contexto educacional e na reconstrução de uma sociedade
democrática permeada por justiça social.
Concluímos o presente capítulo, registrando os conceitos das palavras-chaves,
que nortearam nossa pesquisa, os quais foram retirados do glossário12 elaborado pelo
Instituto Paulo Freire. Este glossário reúne contribuições de diversos autores para
explicitar algumas palavras (temas) utilizadas por Freire. Dentre as palavras
constituintes do glossário, selecionamos treze que julgamos serem as mais pertinentes
ao nosso estudo; acrescentamos outras sete, por percebermos sua importância. São elas:
autonomia; cidadania/cidadão; crítica/criticidade; democracia; emancipação; prática
reflexiva; responsabilidade; cujo significado foi pesquisado diretamente na obra de
Freire.
1. Autonomia: relaciona-se à capacidade de se posicionar enquanto sujeito consciente;
não é um estado, mas um exercício; autonomia é um processo, um vir a ser onde se
assume a responsabilidade pelas decisões tomadas. Na visão de Freire (2002) a
construção da autonomia deve levar em consideração o respeito e a solidariedade,
contrapondo-se ao discurso neoliberal que estimula individualismo e
competitividade.
2. Cidadão / cidadania: para Freire (2002) o exercício da cidadania está relacionado a
uma visão política do mundo, comprometida com a construção de uma sociedade
justa e mais humana.
12 Glossário sobre a Obra de Paulo Freire disponível na íntegra no site: http://www.paulofreire.org/ em 23/12/2005.
49
3. Compromisso: é a atitude de posicionamento crítico do homem frente ao
conhecimento da realidade, resultante de sua conscientização (JORGE, 1981);
significa o homem assumir-se enquanto sujeito histórico com o dever ético de fazer
e refazer o mundo, por meio da solidariedade, indispensável ao processo de
humanização (FREIRE 2000; 2002).
4. Consciência / conscientização: consiste em um processo pedagógico que busca dar
ao ser humano uma oportunidade de descobrir-se através da reflexão sobre a sua
existência (JORGE, 1981). Freire (2000) percebe a educação como processo de
conscientização, ato de conhecimento e prática da liberdade. Assim, conscientização
não se limita apenas ao pensar; ultrapassa a tomada de consciência da realidade, pois
exige um aprofundamento crítico, que envolve atitude transformadora. De acordo
com Freire (op.cit.) ninguém conscientiza o outro, mas as pessoas se conscientizam
mutuamente através de seu trabalho cotidiano, desenvolvendo a capacidade de
descobrir a razão de ser das coisas. Este descobrimento deve ser acompanhado de
uma ação transformadora.
5. Crítica / criticidade: a visão crítica consiste no conhecimento ou percepção das
verdadeiras razões das coisas, ou seja, em desvelar a realidade, fundamenta-se na
curiosidade e na reflexão, que revela a necessidade da ação dos homens sobre essa
realidade, promovendo a transformação criadora (FREIRE, 2002; 2005).
6. Democracia / sociedade democrática: implica liberdade, igualdade de deveres,
direitos e oportunidades, sem distinções ou privilégios; fundamenta-se no princípio
de participação, discussão, conscientização e responsabilidade social; caracteriza-se
50
pela transitividade, pela mudança exigindo maior flexibilidade e criticidade na
análise da realidade (FREIRE, 2000).
7. Dialética: concepção filosófica segundo a qual o mundo se encontra em constante
mudança. As leis fundamentais da dialética são: princípio da totalidade (tudo se
relaciona); princípio do movimento (tudo se transforma); mudanças quantitativas
geram mudanças qualitativas; princípio da contradição (a unidade e a luta dos
contrários). A contradição é a base da dialética (JORGE, 1981).
8. Diálogo: surge da reflexão sobre as ações dos homens, por isso baseia-se na
problematização, estimulando o espírito crítico e o aprofundamento da tomada de
consciência sobre a realidade (JORGE, 1981). Para isso, os homens necessitam se
comunicar, o que pressupõe a disponibilidade de escutar outras opiniões e constatar
que ninguém detém a verdade absoluta. Este processo implica atuar e pensar como
sujeito e cuidar para que os outros também sejam sujeitos críticos. Freire (2000;
2005) defende que o diálogo só é possível na educação libertadora; reafirma que a
posição contrária, o antidiálogo, está presente na educação bancária.
9. Emancipar / Emancipação: significa libertar-se da opressão e dominação a que se
está submetido; tornar-se sujeito autônomo, responsável e comprometido com o
processo de humanização (FREIRE, 2005).
10. Humanização: é o processo de conscientização dos homens, envolvendo sua forma
de atuar e de pensar. Esta visão não se limita apenas a si mesmo, mas abrange a
sociedade, na medida em que leva em consideração as necessidades dos outros. A
51
humanização pressupõe o exercício do pensamento crítico e livre, que se contrapõe
ao processo de alienação, onde as pessoas são convertidas em simples objetos de
exploração ou instrumentos de produção de riquezas, caracterizando a
desumanização. Segundo Freire (2005) a humanização e a desumanização são
possibilidades dos homens como seres inconclusos e conscientes da sua
inconclusão. Embora ambas sejam consideradas possibilidades, Freire ressalta que
apenas a humanização é uma vocação do homem, e a desumanização uma forma de
distorção desta vocação, não um destino, contra a qual devemos lutar, pois é
resultado de uma 'ordem' injusta que gera violência por parte dos opressores.
11. Liberdade: Freire (2000; 2005) afirma que liberdade é uma conquista e não uma
dádiva ou ponto ideal, o que exige uma busca permanente. Para ele, o homem
precisa lutar por sua liberdade, superando a situação opressora, por meio do
processo de conscientização que possibilite uma ação transformadora, onde o sujeito
crítico retoma sua capacidade autônoma de decidir e se posicionar diante do mundo.
12. Prática Reflexiva: Freire (2005) entende que a verdadeira libertação exige uma
reflexão crítica que conduza à prática, ou seja, uma reflexão permanente sobre a
prática, uma avaliação de suas ações em função da coerência com o ideal
democrático.
13. Práxis: constitui a interdependência ação-reflexão sobre o mundo, visando
transformá-lo pelo trabalho cotidiano, ou seja, é a busca da unidade entre teoria e
prática para a inserção crítica dos sujeitos na realidade; a ação sem reflexão é
52
ativismo e, reflexão sem ação é puro verbalismo alienante (JORGE, 1981; FREIRE,
2005).
14. Problematizar / Problematização: consiste em analisar criticamente as situações,
ou seja, é o processo de refletir continuamente sobre o que, o porquê e o para que
das coisas; surge a partir de própria conscientização do homem ao constatar o pouco
conhecimento sobre si mesmo, impulsionando, assim, o movimento de busca
constante (JORGE, 1981; FREIRE, 2000, 2005).
15. Reflexão crítica: considerada por Freire (2002; 2005) uma expressão importante
para enfatizar a análise criteriosa dos problemas e situações da realidade,
possibilitando a leitura crítica do mundo; para tanto, exige disciplina intelectual na
busca de soluções criativas e coletivas, mediante o diálogo com os outros.
16. Responsabilidade: segundo Freire, a responsabilidade possui duas dimensões:
social e política, pois envolve comprometimento com a tomada de decisões a favor
de interesses próprios e alheios (JORGE, 1981); seria a participação e co-
participação do homem, por meio de sua práxis, na realidade histórica (FREIRE,
2000).
17. Sujeito: significa o indivíduo consciente e capaz de agir com autonomia, ou seja,
aquele que não se reduz à condição de objeto, que por não possuir consciência
crítica, torna-se passível de ser manipulado (JORGE, 1981).
53
18. Tomada de consciência: consiste numa primeira etapa do processo de
conscientização, mas não é a sua plenitude. Para Freire (2000; 2002) o que distingue
a tomada de consciência e a consciência, é que esta implica em ação, sendo um
aprofundamento e um desenvolvimento crítico da tomada de consciência.
19. Transformação: consiste no processo de humanização do mundo, tornando-o mais
justo, igualitário e ético (FREIRE, 1986).
20. Vir-a-ser / Devir: significa um processo contínuo de movimento e
amadurecimento; relaciona-se à concepção de inconclusão da condição humana,
abrindo a possibilidade de busca permanente, impulsionada pela inquietude e
curiosidade (FREIRE, 2002).
As considerações tecidas no presente capítulo iluminaram a leitura dos
artigos/trabalhos selecionados para constituírem o “corpus” da pesquisa e o
estabelecimento das conclusões na análise dos dados obtidos. Em síntese, nos ficou
claro que a formação continuada de professores a distância não pode se constituir em
um mero pacote de informações; ela deve ser feita, sobretudo por meio de uma reflexão
crítica que envolva a prática do professor com vista a sua transformação: como
profissional e pessoa. Tal reflexão não pode se sustentar em uma racionalidade
instrumental, ela será muito mais efetiva quando estiver baseada na perspectiva
emancipatória aqui esboçada.
54
CAPÍTULO III
RESULTADO DO ESTUDO
Este capítulo encontra-se divido em quatro partes: a primeira apresenta o
contexto do estudo, ou seja, um breve panorama dos documentos pesquisados; a
segunda disponibiliza a produção selecionada e uma síntese dos temas abordados nos
artigos; a terceira oferece uma visão integrada da produção selecionada e na quarta
etapa determina-se a presença da perspectiva emancipatória nos artigos selecionados.
3.1. CONTEXTO DO ESTUDO
Conforme mencionado anteriormente, os documentos pesquisados consistem nos
artigos e/ou trabalhos que tratam da relação educação a distância e formação continuada
de professores. Todos foram publicados nos últimos cinco anos em periódicos
científicos da área educacional, com circulação nacional/internacional e classificados
como nível A, pelo sistema de avaliação de periódicos realizado pela Qualis / CAPES.
Por sua importância no cenário de Formação de Professores e Educação a Distância,
também foram incluídos, nesta seleção, os trabalhos apresentados na ANPEd e na
Revista Tecnologia Educacional, considerando o critério dos últimos cinco anos.
Ao todo foram analisados quinze periódicos, a saber: Cadernos de Pesquisa;
Educação e Pesquisa; Educação e Sociedade; Revista Brasileira de Educação; Educar
em Revista; Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos; Revista Tecnologia
Educacional; Educação e Realidade; Avaliação; Caderno Brasileiro de Ensino de Física;
Cadernos de Educação; Educação PUC-RS; Ensaio – Avaliação e Políticas Públicas em
55
Educação; Perspectiva; Pro-posições. Destes, apenas os sete primeiros publicaram
artigos sobre o tema em estudo. Os trabalhos apresentados nos Encontros Nacionais da
ANPEd estão disponibilizados no seu banco de dados inserido na internet, o que
facilitou a coleta de informações.
No sentido de oferecer uma visão geral dessas publicações, apresentamos um
breve histórico de cada uma delas, abordando seus objetivos, ano de criação,
periodicidade de publicação e temas tratados.
Cadernos de Pesquisa13 é um periódico da Fundação Carlos Chagas (FCC), a
qual é considerada centro de excelência em pesquisa educacional. Editada desde 1971,
possui publicação quadrimestral e circulação internacional. Dedica-se à divulgação da
produção acadêmica sobre educação, gênero e etnia. Privilegia o debate de temas que
abordam as relações entre educação e os problemas sociais do país, orientações das
políticas públicas, avaliação educacional e temas étnico-raciais (de gênero e de família).
No periódico, considerado por nossa pesquisa, foram encontrados três artigos que
tratavam especificamente da formação continuada de professores a distância.
Educação e Pesquisa14, cujo título anterior era Revista da Faculdade de
Educação, é uma publicação quadrimestral da Faculdade de Educação da Universidade
de São Paulo (FEUSP), com circulação internacional. Publica, desde 1975, artigos na
área educacional, abrangendo resultados de pesquisa teóricas ou empíricas, revisões de
literatura ou reflexões críticas sobre experiências pedagógicas. Nela encontramos quatro
artigos sobre o tema em tela.
13 Informações levantadas no site http://www.scielo.br/ acessado em 06/09/2005. 14 Informações levantadas no site http://paje.fe.usp.br/estrutura/public/revista.htm#sobre acessado em 06/09/2005.
56
Educação e Sociedade,15 vinculada à Unicamp, foi criada em 1978 e possui
uma periodicidade quadrimestral. Destina-se à publicação de trabalhos nacionais e
internacionais que incentivem a pesquisa acadêmica e o debate sobre as diversas
relações entre a educação e a sociedade. Nesta revista foram encontrados três artigos
que discutiam a questão em estudo.
Revista Brasileira de Educação16 é uma publicação quadrimestral da
Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd), voltada
para a divulgação da produção científica, fomentando e facilitando seu intercâmbio em
âmbito nacional e internacional. Publica trabalhos resultantes de estudos teóricos e
pesquisas, bem como, reflexões sobre práticas concretas e discussões polêmicas
dirigidas tanto à área da Educação quanto a outras que integram as Ciências Humanas.
Dos trabalhos publicados nos últimos cinco anos, selecionamos dois que abordavam o
tema desta pesquisa.
Educar em Revista17 foi editada pela primeira vez em 1977 com o nome de
Revista da Educação – Série Mestrado. Em 1993 passou a ser designada Educar em
Revista, sob a responsabilidade do Setor de Educação da Universidade Federal do
Paraná (UFPR). Atualmente adota a periodicidade semestral e possui circulação
nacional. A revista tem como objetivo ser instrumento de interlocução dos
pesquisadores da universidade com a comunidade científica da área educacional.
Publica artigos e relatos de pesquisa, resenhas de livros, documentos especiais e
15 Informações levantadas no site http://www.cedes.unicamp.br/revista.html acessado em 06/09/2005. 16 Informações levantadas no site http://www.autoresassociados.com.br/ e http://www.anped.org.br acessados em 06/09/2005. 17 Informações levantadas no site http://www.educaremrevista.ufpr.br acessado em 06/09/2005.
57
traduções, que abordem questões atuais e significativas para a compreensão dos
fenômenos educativos. Nela encontramos três artigos que tratavam do nosso objeto de
estudo.
Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBEP)18 publicada pelo Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), desde 1944, é uma das mais
antigas revistas na área da educação. Tem periodicidade quadrimestral e circulação
nacional. Engloba artigos de natureza técnico-científica que possam contribuir para o
aprimoramento do conhecimento na área educacional e subsidiar a formulação e o
processo decisório das políticas do setor. Esta revista, no período em questão, publicou
apenas um artigo sobre o tema aqui considerado.
Revista Tecnologia Educacional,19 editada pela Associação Brasileira de
Tecnologia Educacional (ABT), visa impulsionar e divulgar as pesquisas na área da
Tecnologia Educacional e assuntos afins. Possui periodicidade trimestral, publicando
artigos sob a forma de ensaios técnicos, relatos de pesquisas ou experiências,
comentários e revisões críticas e resenhas de livros. Nos números que se encontram no
intervalo considerado (2000 – 2004) selecionamos sete artigos para fazerem parte do
corpus da pesquisa.
A Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa na Educação
(ANPEd)20, fundada em 1976, tem entre seus objetivos: desenvolver e consolidar o
ensino de pós-graduação e a pesquisa; e promover a produção, a disseminação e o
intercâmbio de trabalhos científicos na área da educação, visando atender às 18 Informações levantadas no site http://www.publicacoes.inep.gov.br acessado em 06/09/2005 19 Informações levantadas no site http://www.abt-br.org.br acessado em 06/09/2005 20 Informações levantadas no site http://www.anped.org.br acessado em 06/09/2005
58
necessidades dos sistemas de ensino e das comunidades. Os trabalhos selecionados no
banco de dados da ANPEd foram apresentados em Grupos de Trabalhos temáticos
(GTs), que reúnem anualmente pesquisadores especializados no campo da educação,
distribuídos nas áreas de: Filosofia da Educação; História da Educação; Sociologia da
Educação; Movimentos Sociais e Educação; Didática; Estado e Política Educacional;
Educação Popular; Educação da Criança de Zero a Seis Anos; Formação de Professores;
Trabalho e Educação; Alfabetização, Leitura e Escrita; Política de Educação Superior;
Currículo; Educação Fundamental; Educação Especial; Psicologia da Educação;
Educação de Jovens e Adultos e Educação Matemática. Dentre estes GTs, selecionamos
três: Didática (GT 04); Formação de Professores (GT 08); e Educação e Comunicação
(GT 16), por ser notório que neles existe uma preocupação com as questões relativas à
formação de professores e às tecnologias. Também foram pesquisados os trabalhos
encomendados e os apresentados em sessões especiais, por abordarem temas de
interesse de diferentes GTs. Assim, na ANPEd encontramos quatorze trabalhos que
discutiam a formação continuada de professores a distância.
De acordo com este levantamento inicial, nosso contexto de estudo englobou um
conjunto de 37 artigos/trabalhos, sendo 23 oriundos dos periódicos selecionados (62%)
e 14 trabalhos apresentados na ANPEd (38%). A partir dessas informações pudemos
construir dois quadros, a seguir apresentados, que oferecem uma visão geral do número
de artigos encontrados nos periódicos e na ANPEd.
59
Quadro 1- Periódicos Selecionados e Número de Artigos Encontrados:
Periódicos Total de Artigos
Cadernos de Pesquisa – FCC 03
Educação e Pesquisa – FEUSP 04
Educação e Sociedade - Unicamp 03
Revista Brasileira de Educação – ANPEd 02
Educar em Revista – UFPR 03
Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBEP) – INEP 01
Revista Tecnologia Educacional - ABT 07
Total: 23
Por esses dados, constatamos que os periódicos com maior volume de artigos
foram a Educação e Pesquisa e a Revista Tecnologia Educacional; esta última,
responsável por 30% dos trabalhos selecionados, o que justifica nossa decisão de inclui-
la na pesquisa.
Quadro 2 - Grupos de Trabalho da ANPEd e Número de Trabalhos Selecionados
Grupos de Trabalho Total de Artigos
GT 04 – Didática 02
GT 08 – Formação de Professores 03
GT 16 – Educação e Comunicação 07
Sessões Especiais 01
Trabalhos Encomendados 01
Total: 14
60
Como se pode observar o GT 16 – Educação e Comunicação é o que apresenta
maior volume de trabalhos (50%), o que sugere um maior interesse na área em questão,
pois preocupa-se com a articulação da tecnologia com a educação, privilegiando o
estudo das mídias (TV, vídeo, música, fotografia e revista) e hipermídias relacionadas
ao ensino, à identidade e formação do professor.
3.2. A PRODUÇÃO SELECIONADA
Nesta etapa apresentamos os artigos/trabalhos selecionados de cada periódico,
assim como, o ano de publicação, seus autores, tipos de abordagem e de produção. O
tipo de abordagem se refere ao formato dos artigos/trabalhos, dividido em quatro
categorias: (a) relato de experiência; (b) resultado de pesquisa; (c) comunicação baseada
em literatura; (d) análise baseada em pesquisa ou documentos. Já o tipo de produção
considerou a autoria dos artigos/trabalhos, classificando-os em: (a) individual ou (b) co-
autoria.
Oferecemos, também, uma visão geral dos temas tratados em cada artigo,
justificando sua seleção para fazer parte do corpus da pesquisa.
Nos Cadernos de Pesquisa foram encontrados três artigos, conforme o quadro
que se segue:
61
Quadro 3 - Artigos Selecionados nos Cadernos de Pesquisa - FCC
Ano Título do Artigo Autor Tipo de Abordagem
Tipo de Produção
2004 Capacitação docente em Minas Gerais e São Paulo: uma análise comparativa
DUARTE, Vanda C.
Resultado de Pesquisa Individual
2003 Formação Continuada de professores: a questão psicossocial.
GATTI, Bernardete A.
Análise baseada em
dados de pesquisa/docu
mentos
Individual
2002 Por uma ambiência de formação contínua de professores
BELINTANE, Claudemir.
Comunicação baseada em
literatura Individual
Duarte (2004), em seu artigo, discute duas modalidades adotadas na capacitação
continuada de professores do ensino fundamental: o ensino presencial, em São Paulo, e
o misto (presencial e a distância), em Minas Gerais, identificando fatores que
influenciam sua implementação e contribuem para o sucesso dos projetos.
O artigo de Gatti (2003) analisa os aspectos do Programa de Formação em
Serviço de Professores a Distância (Proformação) que promovem mudanças no modo de
pensar e na prática pedagógica dos professores.
Já Belintane (2002) defende um modelo de formação contínua em rede, que
esteja articulado com a pesquisa acadêmica, por meio da interlocução universidade-
escola, e que possibilite as autorias compartilhadas em rede.
Na revista Educação e Pesquisa, destacamos quatro artigos que abordavam o
tema no mesmo volume, o de número 29, por ter como foco Educação e Tecnologias.
As referências básicas desses artigos integram o Quadro 4.
62
Quadro 4 - Artigos Selecionados na Educação e Pesquisa - FEUSP
Ano Título do Artigo Autor Tipo de Abordagem
Tipo de Produção
2003 Educação a distância na internet: abordagens e contribuições dos ambientes digitais de aprendizagem.
ALMEIDA, Maria E. B.
Comunicação baseada em
literatura Individual
2003 Tecnologias na formação de professores: o discurso do MEC.
BARRETO, Raquel, G.
Resultado de pesquisa Individual
2003 A televisão como ferramenta pedagógica na formação de professores
BELLONI, Maria L.
Resultado de pesquisa Individual
2003 O ambiente virtual de aprendizagem e sua incorporação na Unicamp.
FRANCO, Marcelo A. e CORDEIRO, Luciana M. e CASTILHO, Renata A. F. Del.
Resultado de pesquisa Co-autoria
Em seu artigo, Almeida (2003) analisa o Programa de Pós-graduação em
Educação e Currículo, da PUC/SP, enfocando: as diferentes abordagens na EaD, as
implicações do uso das TIC e seu potencial interativo, as linguagens e representações do
pensamento no processo educacional.
Barreto (2003) discute criticamente o discurso das políticas de formação de
professores expresso pelo MEC, que vem priorizando a modalidade a distância em
conformidade com as recomendações dos organismos internacionais.
Belloni (2003) preocupa-se em compreender as razões da utilização inadequada
da TV Escola como ferramenta pedagógica para a formação dos professores e como
material didático da prática docente.
Já Franco, Cordeiro e Castilho (2003) destacam a importância da formação dos
professores universitários para a incorporação de ambientes virtuais de aprendizagem,
63
no caso o TelEduc, em cursos de graduação na Unicamp e comparam dois tipos
deformação (presencial e a distância), levantando suas vantagens e desvantagens.
O periódico Educação e Sociedade publicou três artigos, conforme quadro a
seguir:
Quadro 5 - Artigos Selecionados na Educação e Sociedade - Unicamp
Ano Título do Artigo Autor Tipo de Abordagem
Tipo de Produção
2004 Tecnologia e educação: trabalho e formação docente
BARRETO, Raquel, G.
Análise baseada em
dados de pesquisa
Individual
2003 Certificação docente e formação do educador: regulação e desprofissionalização.
FREITAS, Helena C. L.
Análise baseada em
dados de pesquisa/docu-
mentos
Individual
2002 Ensaio sobre a educação a distância no Brasil.
BELLONI, Maria L.
Análise baseada em
dados de pesquisa/docu-
mentos
Individual
Esses três artigos publicados analisam criticamente as políticas públicas no
campo da formação continuada de professores, em especial, o uso das tecnologias na
modalidade de educação a distância quando subordinadas às recomendações de
organizações internacionais.
O artigo de Barreto (2004), em linhas gerais, discute o movimento de
reconfiguração do trabalho e da formação docente a partir da inserção das TIC, tendo
como perspectiva o discurso das políticas públicas.
64
Freitas (2003) também se preocupa com as políticas públicas no setor. Para
aprofundá-las, situa como objeto de estudo o Programa Toda Criança Aprendendo, que
constitui orientação para políticas de formação continuada e certificação de professores,
em consonância com diretrizes de agências internacionais de financiamento.
Belloni (2002) apresenta um recorte histórico de diferentes experiências de
formação de professores, analisando o aproveitamento dessas propostas em EaD pelos
professores. Alerta para as contradições entre o discurso tecnocrático das políticas e as
realidades dos sistemas de ensino.
Na Revista Brasileira de Educação selecionamos dois artigos, a saber:
Quadro 6 - Artigos Selecionados na Revista Brasileira de Educação - ANPEd
Ano Título do Artigo Autor Tipo de Abordagem
Tipo de Produção
2003
Reformas do Estado e da educação e as políticas públicas para a formação de professores a distância: implicações políticas e teóricas.
SILVA JÚNIOR, João dos R.
Comunicação baseada em
literatura Individual
2002 Formação de professores exige rede! PRETTO, Nelson de L.
Resultado de Pesquisa Individual
Em seu trabalho, Silva Júnior (2003) faz um levantamento das tendências de
formação dos professores, considerando três programas de EaD da SEED: Programa
Nacional de Informática na Educação; TV Escola; Programa de Formação de
Professores em Exercício.
Pretto (2002) discute a presença dos computadores nas escolas e a situação da
internet no Brasil, tecendo uma visão crítica dos cursos de formação de professores na
modalidade de EaD, como: TV Escola, o Projeto de Formação de Professores em
65
Exercício de São Paulo e o projeto do Consórcio Interuniversitário de Educação
Continuada e a Distância (Brasilead).
No periódico Educar em Revista encontramos três artigos sobre o tema em
estudo, citados no quadro que se segue:
Quadro 7 - Artigos Selecionados na Educar em Revista - UFPR
Ano Título do Artigo Autor Tipo de Abordagem
Tipo de Produção
2003 A formação da identidade do aluno na educação a distância: reflexões para um debate
BARRENECHEA, Cristina A.
Relato de experiência Individual
2003 A educação a distância na formação continuada do professor
PEDROSA, Stella M. P. A.
Relato de experiência Individual
2003
Licenciatura em pedagogia – séries iniciais do ensino fundamental na modalidade de educação a distância: a construção histórica possível na UFPR.
SÁ, Ricardo A. Relato de experiência Individual
Os artigos de Barrenechea (2003) e Sá (2003) compartilham o mesmo campo de
estudo: o curso de graduação Formação de Professores das Séries Iniciais do Ensino
Fundamental oferecido, na modalidade a distância, pela UFPR. Barrenechea (2003)
discute o processo de formação da identidade e autonomia dos alunos do curso por meio
de relatos de experiências ocorridas na instituição; aponta a ausência de política
institucional para esses alunos. Já Sá (2003) revela aspectos históricos, políticos e
pedagógicos do processo de implantação do curso, que tem como objetivo a
qualificação de profissionais da educação em exercício.
Pedrosa (2003) reflete sobre as possibilidades de formação continuada de
professores na modalidade a distância, a partir de experiências pessoais e profissionais,
66
apontando algumas sugestões e, sobretudo, a necessidade de políticas públicas neste
campo.
A Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos publicou apenas um artigo,
conforme quadro abaixo:
Quadro 8 - Artigos Selecionados na Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos
(RBEP)/INEP
Ano Título do Artigo Autor Tipo de Abordagem
Tipo de Produção
2001
A formação do professor na modalidade a distância: (des)construindo metanarrativas e metáforas.
PRETTI, Oreste. Relato de experiência Individual
Neste artigo, Pretti (2001) analisa o discurso hegemônico do poder (das políticas
mundiais) e o discurso da crítica (dos educadores e de seus organismos representativos).
Discute, também, como as propostas de EaD se situam neste contexto e analisa a
experiência do Núcleo de Educação Aberta e a Distância (Nead) da Universidade
Federal do Mato Grosso (UFMT), apontando algumas práticas que possibilitaram
(re)construir e (re)significar o discurso sobre a formação continuada do professor a
distância.
A Revista Tecnologia Educacional publicou sete artigos sobre a questão em
estudo, conforme indicado no Quadro 9.
Quadro 9 - Artigos Selecionados na Revista Tecnologia Educacional – ABT
67
Ano Título do Artigo Autor Tipo de Abordagem
Tipo de Produção
2003 O curso TV na Escola e os desafios de hoje sob a ótica dos participantes.
COUTO, Maria E.; LIMA, Emília F.
Resultado de pesquisa Co-autoria
2002 Educação à distância: ampliando caminhos para a formação de professores.
GONÇALVES, Ana A. M. R.
Comunicação baseada em
literatura Individual
68
2002 A formação contínua do professor e a educação a distância: conteúdos de representação social.
LIMA, Claudia M. de
Resultado de pesquisa Individual
2002 Educação a distância e formação de professores; desafios e perspectivas.
OLIVEIRA, Eloiza da S. G; NOGUEIRA, Mário, L. de L.
Relato de experiência Co-autoria
2001 A educação a distância capacitando professores: em busca de novos espaços para a aprendizagem.
LEITE, Lígia S.; TEIXEIRA, Christina M.
Comunicação baseada em
literatura Co-autoria
2001 EAD & Formação de educadores: educação a distância.
LOBO NETO, Francisco J. da S.
Comunicação baseada em
literatura Individual
2001 Educação à distância: considerações preliminares de um percurso na UFPR.
SÁ, Ricardo A. Relato de experiência Individual
O artigo de Couto e Lima (2003) explora as percepções das professoras
participantes do curso de extensão “TV na Escola e os desafios de hoje”. Como sujeitos
de pesquisa, essas professoras destacaram as vantagens do curso: flexibilidade,
autonomia e possibilidade de aperfeiçoamento. Como desvantagens enfatizaram a
solidão vivenciada na aprendizagem individualizada, embora tenham passado a
valorizar o uso das TIC no processo de aprendizagem.
Gonçalves (2002) discute a EaD como alternativa para a formação de
professores visando atender às demandas sociais e novas exigências previstas em lei.
Destaca a importância desses projetos, por estarem em consonância com a perspectiva
reflexiva e investigadora.
Lima (2002) descreve e analisa as representações de professores, com acesso ao
programa TV Escola, sobre as possibilidades de aprendizagem por meio da EaD.
Concluiu que estes professores apresentavam restrições ao processo de formação
69
continuada a distância, por preferirem a aprendizagem em situação coletiva, presencial e
com o acompanhamento direto do professor.
Em seu artigo, Oliveira e Nogueira (2002) descrevem a implantação do curso de
Pedagogia, licenciatura para os anos iniciais do Ensino Fundamental, no Centro
Universitário de Educação a Distância no Rio de Janeiro (Cederj).
Leite e Teixeira (2001) discutem a EaD como um espaço para aprendizagem e
capacitação do professor, apresentando algumas propostas para a construção de cursos.
Analisam possíveis causas para o fracasso de determinadas experiências em EaD, entre
elas: a escassez de interação entre professores-alunos e a forma tradicional como os
profissionais enfrentam os novos desafios nesta modalidade.
Lobo Neto (2001) apresenta um breve panorama histórico da EaD, levantando
alguns de seus mitos. Analisa a legislação que a regulamenta, afirmando que o desafio
atual é reinventar a formação no sentido de reconstruir a profissão docente
comprometida com uma educação mais crítica.
O artigo de Sá (2001) registra o percurso da institucionalização da EaD na
Universidade Federal do Paraná (UFPR), especificando aspectos do projeto político-
pedagógico do curso de graduação em Pedagogia – séries iniciais do Ensino
Fundamental.
Do banco de dados da ANPEd na Internet retiramos 14 trabalhos, cujos dados
básicos encontram-se a seguir:
70
Quadro 10 – Trabalhos Selecionados na ANPEd
Ano Artigo Autor GT Tipo de Abordagem
Tipo de Produção
2004 Dialogia digital: em busca de novos caminhos à formação de educadores, em ambientes telemáticos
OLIVEIRA, Lucila M.P. de 08 Resultado de
pesquisa Individual
2004 Da tecnologia para além da tecnologia: a internet como possibilidade de redimensionamento do papel do professor
VILARINHO, Lúcia R; BARRETO, Renata B.R.
04 Resultado de pesquisa Co-autoria
2003 Integração da TV na prática, na formação do professor: desejos, propostas, desconfianças, aprendizados.
CARNEIRO, Vânia L. Q. 16 Resultado de
pesquisa Individual
2003
A educação a distância e o desafio da formação do professor reflexivo: um estudo sobre as possibilidades da EAD na formação pedagógica de professores universitários
LIMA, Claudia M de GRIGOLI, Josefa A G.; BARROS, Helena F
16 Relato de experiência Co-autoria
2003 Formação de professores a distância na transição de paradigmas OLIVEIRA, Elsa G. 08 Resultado de
pesquisa Individual
2003 Irradiando o currículo: a proposta curricular do projeto rádio pela educação em análise.
SOUZA, Orlando N. B. de; OLIVEIRA, Ney C. M. de
16 Resultado de pesquisa Co-autoria
2002 A linguagem emocional: tecendo a razão e a emoção nos cursos de formação em ambientes telemáticos.
BRUNO, Adriana R. 16 Comunicação baseada em
literatura Individual
2002 Programando a tela nas amarras da arte de governar a distância: um estudo do “Curso de extensão TV na escola e os desafios de hoje"
PEREIRA, Eliana P. 08 Resultado de pesquisa Individual
2001 Navegando em um ambiente de aprendizagem cooperativa para formação de professores em uma dimensão ambiental.
GUERRA, Antônio F.S. 16 Resultado de
pesquisa Individual
2001 Educação continuada e educação a distância: anomalias no contexto do paradigma tradicional de ensino?
VILARINHO, Lúcia R 04
Comunicação baseada em
literatura Individual
2000 Multimídias, organização do trabalho docente e políticas de formação de professores.
BARRETO, Raquel, G. SE21
Comunicação baseada em
literatura Individual
2000 Conhecimento, tecnologia e formação dos professores das séries iniciais. DEMO, Pedro TE22
Comunicação baseada em
literatura Individual
2000 Redes cooperativas virtuais e formação continuada de professores: estudos para a graduação.
PAIVA, Jane; MACIEL, Ira M. 16
Análise baseada em dados de
pesquisa/docu-mentos
Co-autoria
2000 Formação de professores e TV Escola. TOSCHI, Mirza S. 16 Resultado de pesquisa Individual
21 SE são sessões especiais realizadas durantes as Reuniões Anuais da ANPEd 22 TE são trabalhos encomendados e apresentados nas Reuniões Anuais da ANPEd
71
Em linhas gerais, o artigo de Oliveira (2004) discute as contribuições da
interação digital para a formação do educador, no sentido de provocar a reflexão sobre
sua prática e promover transformações na escola. Para tanto, analisa o Programa de
Educação Contínua de Formação Universitária (PECFU), em particular o Programa
Especial de Formação de Professores do Ensino Fundamental I, desenvolvido em
parceria com a Secretaria Estadual de Educação de São Paulo.
Vilarinho e Barreto (2004) discutem a possibilidade de se redimensionar o papel
do professor por meio da inclusão do computador e rede no processo ensino-
aprendizagem. Defendem o uso das tecnologias interativas no processo de formação do
professor, tendo por base uma prática problematizadora.
Carneiro (2003) apresenta experiências e perspectivas de integração da TV na
formação de professores, cujo objetivo era promover a incorporação da linguagem
televisiva à prática pedagógica. A autora analisa, também, o curso “TV na Escola e os
desafios de hoje” segundo as perspectivas dos alunos, investigando diferentes processos
de aprendizagem.
Lima, Grigoli e Barros (2003) abordam a possibilidade da EaD contribuir na
formação do professor universitário, enquanto profissional reflexivo. Para tanto,
analisam o curso “Aprendizagem assistida pela Avaliação na Perspectiva do Ensino
Superior”, norteado pelo princípio da reflexão sobre a prática a partir de situações-
problema.
Oliveira (2003a), considerando o “3º Curso de Especialização em Educação
Continuada a Distância”, promovido pela Universidade de Brasília, investiga a
contribuição dos paradigmas emergentes na elaboração de propostas para a formação de
professores a distância.
72
O trabalho de Souza e Oliveira (2003), centrado no Programa “Para ouvir e
aprender”, o qual faz parte do Projeto Rádio pela Educação, discute as influências deste
projeto na prática pedagógica das escolas e suas contribuições ao processo indireto de
formação continuada de professores.
Em seu artigo, Barreto (2000) discute as contradições presentes nos discursos de
integração das multimídias a situações de ensino. Analisa a visão de multimídia como
possibilidade de ruptura com o modelo tradicional de ensino, baseado na linguagem
verbal escrita, e o discurso oficial das políticas de formação de professores.
Bruno (2002) aborda o uso da linguagem como forma de expressão e
comunicação em ambientes virtuais de aprendizagem. Propõe a reflexão sobre a
importância da linguagem emocional como facilitadora da interação e da aproximação
cognitiva entre os sujeitos, de forma a permitir o desenvolvimento do pensamento
crítico-reflexivo, este visualizado como instrumento que promove a transformação da
prática na formação continuada de professores.
Em seu artigo, Pereira (2002) aborda as implicações das políticas de EaD nos
processos de qualificação docente a partir da análise do curso de extensão “TV na
Escola e os Desafios de Hoje”.
O estudo de Guerra (2001) preocupa-se com a formação continuada de
professores no sentido de incorporar a dimensão ambiental ao currículo do Ensino
Fundamental e Médio, por meio das TIC. Descreve o desenvolvimento de um Ambiente
de Aprendizagem Cooperativa para a Educação Ambiental e a organização do projeto-
piloto: Projeto EducAdo.
Partindo da crise do paradigma tradicional de ensino, Vilarinho (2001) articula
uma relação entre educação continuada e educação a distância. Considerando
73
especificidades do ensino em nível de pós-graduação, situa este espaço como mais
adequado para o desenvolvimento de projetos de educação continuada a distância.
Demo (2000) discute a importância do conhecimento e da tecnologia para a
formação dos professores das séries iniciais e destaca a necessidade de aperfeiçoamento
constante como estratégia para o desenvolvimento da sociedade.
Paiva e Maciel (2000) desenvolvem um trabalho baseado no anteprojeto do
Programa de Formação Continuada, em nível de graduação, oferecido pela UERJ na
modalidade a distância. Destacam as novas relações com o saber, a potencialidade das
redes e do hipertexto, e o design do ambiente de aprendizagem propiciador de uma
formação crítico-reflexiva.
Em seu artigo Toschi (2000) discute as possibilidades da formação de
professores reflexivos por meio do projeto TV Escola, analisando a política pública de
formação de professores, a gestão e organização da escola como espaço de formação e a
recepção deste programa pelos professores.
3.3. UMA VISÃO INTEGRADA DA PRODUÇÃO SELECIONADA
A partir das informações e dos quadros anteriores pôde-se construir as sínteses
expressas nos quadros e gráficos que se seguem.
3.3.1. Distribuição dos Artigos
Nossa primeira preocupação foi distribuir a produção selecionada segundo a
ordem cronológica de publicação, visando analisar a evolução das pesquisas na área de
formação continuada dos professores na modalidade a distância.
74
Gráfico 1 - Distribuição dos Artigos/Trabalhos Selecionados pelos Anos Considerados na
Pesquisa
0
2
4
6
8
10
12
14
16
2000 2001 2002 2003 2004
Ano
Nº d
e ar
tigos
pub
licad
os
Este gráfico sugere uma crescente preocupação dos pesquisadores e educadores
com a formação continuada a distância de professores, a partir do ano de 2000,
alcançando o ponto alto em 2003. Pela leitura dos artigos/trabalhos, pudemos concluir
que a exigência imposta pela LDB 9394/96, em relação à formação superior para os
profissionais da educação, foi uma das causas para o aumento da demanda e,
conseqüentemente, das pesquisas na área. Dos 37 artigos/trabalhos analisados,
verificamos que 40%23 abordam as implicações da legislação.
3.3.2. Tipos de Abordagem
Os artigos/trabalhos foram classificados de acordo com o tipo de abordagem, a
saber: (a) Resultado de Pesquisa - trabalhos derivados de pesquisa acadêmica; (b)
23 São ao todo 15 artigos/trabalhos, a saber: Paiva e Maciel (2000); Pretti (2001); Sá (2001 e 2003); Belloni (2002); Gonçalves (2002); Oliveira e Nogueira (2002); Pereira (2002); Pretto (2002); Barrenechea (2003); Couto e Lima (2003); Freitas (2003); Lima, Grigoli e Barros (2003); Oliveira (2003); e Souza e Oliveira (2003).
75
Relato de Experiência - têm como foco o registro de vivências educacionais; (c)
Comunicação Baseada.
em Literatura - estudos que envolviam, exclusivamente, revisão bibliográfica; e (d)
Análise de Pesquisas/Documentos - tomam como objeto de estudo
pesquisas/documentos anteriormente desenvolvidos.
Quadro 11 - Tipos de Abordagens Encontrados nos Artigos/Trabalhos
Tipo de Abordagem Número de Artigos
Resultado de Pesquisa 15
Relato de Experiência 07
Comunicação Baseada em Literatura 10
Análise Baseada em Pesquisa/Documentos 05
Esses dados evidenciam que os periódicos pesquisados, na seleção de seus
artigos/trabalhos, têm dado preferência a: Resultados de Pesquisa (40%) e
Comunicações Baseadas em Literatura (27%). É válido, pois, assinalar a importância
que a pesquisa toma no contexto dessas publicações.
3.3.3. Tipos de Produção
Os artigos/trabalhos foram classificados de acordo com o tipo de produção: (a)
individual ou (b) co-autoria.
76
Gráfico 2 - Tipos de Produção Encontrados nos Artigos/Trabalhos.
29
8
0
5
10
15
20
25
30
35
Individual co-autoria
Em relação à autoria dos artigos/trabalhos, foi interessante constatar que a
grande maioria (78%) dos autores privilegiou a produção individual, embora em seus
estudos, ressaltassem a relevância do trabalho colaborativo, apoiado e facilitado pela
utilização das tecnologias interativas.
3.3.4. Distribuição dos Artigos/Trabalhos Segundo sua Vinculação a Instituições de
Pesquisa e Regiões Brasileiras
O mapeamento mais detalhado das publicações que integram o corpus da
pesquisa permitiu relacionar os artigos e seus autores às instituições de pesquisa as
quais se vinculam e às regiões geográficas onde se localizam. Tal relação encontra-se no
quadro 12.
77
Quadro 12 - Relação das Instituições de Pesquisa e Número de Artigos/Trabalhos Encontrados
Região Instituições de Pesquisa/Estado Nº de artigos
Norte UFPA - Universidade Federal Pará (PA) 1
Nordeste UFBA – Universidade Federal da Bahia (BA) 1
UFMT – Universidade Federal de Mato Grosso (MT) 1
UCDB – Universidade Católica Dom Bosco (MTS) 2
UFG – Universidade Federal de Goiás (GO) 1 Centro-Oeste
UnB - Universidade de Brasília (DF) 2
UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro (RJ) 5
UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro (RJ) 1
UFF – Universidade Federal Fluminense (RJ) 1
UNESA – Universidade Estácio de Sá (RJ) 2
PUC-Rio – Pontifícia Universidade Católica (RJ) 1
FCC – Fundação Carlos Chagas (SP) 1
UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas (SP) 2
USF – Universidade São Francisco (SP) 1
UFSCar – Universidade Federal de São Carlos (SP) 1
PUC-SP – Pontifícia Universidade Católica (SP) 2
USP – Universidade de São Paulo (SP) 2
UFU – Universidade Federal Uberlândia (MG) 1
Sudeste
Escola de Governo da Fundação João Pinheiro (MG) 1
UFPR – Universidade Federal do Paraná (PR) 3
UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí (SC) 1
UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina (SC) 3 Sul
UFPEL – Universidade Federal de Pelotas (RS) 1
Total de Instituições de Pesquisa 23
78
Por este quadro constatamos a desigual distribuição das pesquisas, tanto em
termos regionais quanto institucionais, o que (re)afirma o isolamento dos pesquisadores,
reforçando a produção individual, anteriormente apresentada. Verificamos, também, que
do total (23) das instituições que contribuíram para a produção de trabalhos, a maior
parte (15 - 65%) era de universidades públicas (federais ou estaduais). Três dessas
instituições (13%) eram universidades católicas e duas (9%) universidades particulares.
As demais se distribuíam em categorias isoladas: (a) uma fundação estadual de
pesquisa (Fundação João Pinheiro); (b) uma fundação particular de pesquisa (FCC); e
(c) uma universidade filantrópica (Universidade do Vale do Itajaí)
Os dados do Quadro 12 nos permitiram ainda construir o Gráfico 03, no qual se
evidencia a distribuição dos artigos/trabalhos pelas regiões do Brasil.
Gráfico 3 - Distribuição dos Artigos/Trabalhos Selecionados pelas Regiões do País
Nordeste3%
Centro-Oeste16%
Sudeste56%
Sul22%
Norte3%
NorteNordesteCentro-OesteSudesteSul
Mais uma vez, verificamos o contraste entre as diferentes regiões brasileiras. A
produção se concentra nas regiões sul e, principalmente, sudeste, assim como o número
79
de instituições de pesquisa que se dedicaram ao estudo do tema em questão: 13 no
sudeste (56%) e 4 no sul (17%). A produção vinculada às regiões norte e nordeste se
apresentou diminuta em relação às demais áreas.
3.3.5. Focos de Estudo Encontrados nos Artigos/Trabalhos Selecionados
Da leitura exploratória de cada artigo, que compõe o corpus do estudo, foi
possível identificar os seus respectivos focos, a saber: (a) Políticas Públicas (32%); (b)
Ambiente Virtual de Aprendizagem (22%); (c) Profissionalização Docente (19%); (d)
Descrição e Avaliação de Projetos (19%) e (e) Práticas Pedagógicas (8%).
Esta distribuição pode ser visualizada no gráfico a seguir.
Gráfico 4: Distribuição dos Artigos/Trabalhos Selecionados Segundo os Focos
Encontrados
0 2 4 6 8 10 12 14
políticas públicas
ambiente virtual deaprendizagem
profissionalizaçãodocente
descrição e avaliação deprojetos
práticas pedagógicas
Foco
s de
Est
udo
Nº de Artigos/Trabalhos
80
Para oferecer a dimensão substantiva desse material, apresentamos uma síntese
do conteúdo relativo a cada foco, destacando as questões recorrentes encontradas.
Foco: Políticas Públicas
A análise das políticas públicas foi objeto de estudo de doze artigos/trabalhos.
Destes, cinco preocuparam-se com o discurso tecnocrático e hegemônico do poder
(BARRETO, 2004, 2003 e 2000; BELLONI, 2002; PRETTI, 2001); cinco analisaram
programas desenvolvidos pelo MEC (FREITAS, 2003; SILVA JÚNIOR, 2003;
GONÇALVES, 2002; PRETTO, 2002; PEREIRA, 2002); um discutiu a apropriação
crítica das TIC como instrumento de desenvolvimento social (DEMO, 2000); e outro
analisou a regulamentação, discutindo a EaD como espaço de formação de professores
(LOBO NETO, 2001).
Os autores criticam a postura política adotada pelo governo federal por estar em
conformidade com as recomendações, fundamentadas na concepção neoliberal, das
organizações internacionais de financiamento, em especial do Banco Mundial, para os
países em desenvolvimento (BARRETO 2004, 2003 e 2000; FREITAS 2003; PRETTO,
2002; SILVA JÚNIOR, 2003). Segundo Barreto (2003, p.276) “os discursos de ordem
econômica veiculam um modelo de substituição tecnológica, fundado na racionalidade
instrumental e ancorado nas matérias de ensino”.
Esta visão é compartilhada por Pretto (2002) quando afirma que as orientações
do Banco Mundial privilegiam a formação econômica e rápida, o que redunda no
modelo de formação a distância e em serviço. Segundo Pretto (2002) e Barreto (2000)
essa proposição baseia-se no resultado de pesquisas internas do referido Banco, o qual
81
constata que o desempenho dos alunos está intimamente relacionado com os materiais
pedagógicos (pacotes instrumentais) utilizados e não com a formação do professor.
Os autores alertam que o uso das TIC e as estratégias de formação de
professores a distância estão a serviço de programas de certificação em larga escala,
provocando o aligeiramento do processo, devido à preocupação de atender à
obrigatoriedade da formação de professores (BARRETO, 2003; PRETTI, 2001;
PRETTO, 2002; FREITAS, 2003). Isto acaba por provocar o esvaziamento e a
precarização do trabalho do professor (BARRETO 2004 e 2000). O trabalho docente
passa a estar restrito à escolha dos materiais didáticos e ao controle do tempo das aulas,
em detrimento das mediações pedagógicas promovidas a partir da apropriação crítica
das TIC na educação.
Demo (2000) também ressalta a importância da apropriação crítica das
tecnologias nos processos de formação inicial e permanente dos professores, enquanto
sujeitos que desempenham papel estratégico no desenvolvimento da sociedade e da
cidadania. Ele defende a escola pública básica com inserção da tecnologia, para
possibilitar o acesso da população marginalizada ao conhecimento e à tecnologia,
visando, em última instância, integração ao mercado e desenvolvimento da cidadania.
Segundo Freitas (2003, p. 1107) “a política educacional vigente secundariza este
aspecto da qualificação profissional, preferindo atuar na capacitação em serviço,
privilegiando os aspectos técnicos e metodológicos do trabalho”.
A preocupação com a regulamentação da EaD está presente no artigo de Lobo
Neto (2001), que reconhece a intenção de formalizar esta modalidade, de modo a
garantir a qualidade educacional. Alerta para algumas exigências presentes nas normas
relacionadas a antigos preconceitos, como a determinação de avaliações finais
82
presenciais que estão a serviço da manutenção do controle do processo de
aprendizagem.
Analisando o alto investimento da inserção de tecnologias nas escolas
(computadores, kit tecnológico com televisão, vídeo e antena parabólica e conexão a
internet), os autores destacam o novo filão do mercado educacional, promissor do ponto
de vista econômico (BELLONI, 2002; PRETTO, 2002; SILVA JÚNIOR, 2003).
Segundo Pretto (2002, p.125) “enquanto o centro das políticas públicas não forem a
escola e os professores, não teremos mudanças substanciais, como teimam em insistir
nossos governantes ao longo dos últimos anos”.
Outro aspecto abordado refere-se ao processo de gestão da escola, de fora e de
cima, ou seja, a verticalização do sistema e, conseqüentemente, sua homogeneização,
por meio da disponibilidade de materiais em banco de dados e programas a distância
para serem consumidos pelas escolas (BARRETO 2003 e 2000; PRETTO, 2002).
Esta visão também é corroborada por Silva Júnior (2003) ao analisar os
programas da Secretaria de Educação a Distância (SEED), os quais, para ele, ainda se
organizam de forma centralizada. O Estado é responsável pela formulação dos projetos
e pela avaliação, evidenciando o viés regulatório presente nas atuais políticas
(FREITAS, 2003), cabendo aos professores e à escola o papel de meros executores. Esta
concepção estaria orientada pela racionalidade mercantil, em detrimento da educação
como prática social (SILVA JÚNIOR, 2003).
Nas análises dos programas oficiais, os autores procuraram identificar as
implicações das políticas públicas nos processos de qualificação docente (PEREIRA,
2002). Eles discutem o surgimento dos programas de formação a distância de
professores como estratégia para atender às determinações legais de certificação
massiva. Já, Gonçalves (2002), apóia uma ação ampliada de formação de professores,
83
visando atender um maior número de profissionais de forma a flexibilizar a metodologia
e reduzir custos. Salienta a importância das políticas públicas no setor que buscam
inserir as tecnologias no cenário educacional. Destaca o convênio entre universidades,
no caso, das Universidades Estaduais da Bahia com a Universidade Federal de Santa
Catarina, objetivando formação de professores e a implementação de núcleos de EaD.
Pretto (2002) defende um maior envolvimento das universidades públicas nestes
programas oficiais, exalta as propostas da Universidade Virtual Pública do Brasil
(UNIREDE) e da Universidade Virtual do Centro-Oeste (UNIVIR-CO), que seguem o
modelo de consórcio.
Numa visão geral, as contradições entre o discurso tecnocrático das políticas e as
realidades dos sistemas de ensino, se refletem nos problemas enfrentados pelos
professores no processo de formação continuada a distância. Esses problemas referem-
se à: falta de preparação para o auto-estudo, baixa qualidade técnica na recepção dos
materiais ou programas, falta de manutenção dos equipamentos, pouca motivação para a
aprendizagem e dificuldades em conciliar o tempo de estudo com a jornada de trabalho
(BELLONI, 2002).
Foco: Ambiente Virtual de Aprendizagem
O estudo dos ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) esteve presente em
oito artigos/trabalhos. Deste conjunto, três discutiram suas características e
potencialidades (ALMEIDA, 2003; LEITE e TEIXEIRA, 2001; PAIVA e MACIEL,
2000); dois preocuparam-se com as interações digitais (BRUNO, 2002 e OLIVEIRA,
2004); dois descreveram experiências em capacitação presencial e a distância
(FRANCO, CORDEIRO e CASTILHO, 2003 e GUERRA, 2001) e um abordou a
importância da pesquisa e da autoria nestes ambientes (BELINTANE, 2002).
84
Almeida (2003, p.331) apresentou um conceito de ambientes digitais de
aprendizagem:
sistemas computacionais disponíveis na internet, destinados ao suporte de atividades mediadas pelas tecnologias de informação e comunicação. Permitem integrar múltiplas mídias, linguagens e recursos, apresentar informações de maneira organizada, desenvolver interações entre pessoas e objetos de conhecimento, elaborar e socializar produções tendo em vista atingir determinados objetivos. As atividades se desenvolvem no tempo, ritmo de trabalho e espaço em que cada participante se localiza, de acordo com uma intencionalidade explícita e um planejamento prévio denominado design educacional (Campos; Rocha, 1998; Paas, 2002), o qual constitui a espinha dorsal das atividades a realizar, sendo revisto e reelaborado continuamente no andamento da atividade.
Os autores afirmam que a utilização das TIC não determina inovações
metodológicas, no campo educacional; mas constitui-se em nova possibilidade de
aprendizagem. Daí a preocupação com a simples transposição dos conteúdos do ensino
presencial para os meios digitais, de forma mecanicista (ALMEIDA, 2003 e
BELINTANE, 2002). Leite e Teixeira (2001) afirmam, também, que são necessárias
novas habilidades de planejamento, desenvolvimento de estratégias e avaliação de
ensino, assim como domínio do meio tecnológico.
O uso de ambientes digitais e interativos de aprendizagem favorece a produção
do conhecimento individual e/ou coletivo em processos colaborativos (ALMEIDA,
2003 e GUERRA, 2001). Isto demanda uma concepção de produção do conhecimento
em rede, fundada na atitude de investigação e incorporação da crítica à prática, por meio
da metodologia de pesquisa como um requisito do currículo (PAIVA e MACIEL, 2000
e BELINTANE, 2002).
Segundo Almeida (2003), para que isto ocorra é importante que este ambiente
propicie aprendizagem significativa ao aluno e desperte a motivação para aprender,
assim como, disponibilize informações e promova a interiorização dos conceitos
construídos.
85
A apresentação das informações em hipertextos rompe com as seqüências
estáticas e lineares. Isto permite ao aluno assumir papel ativo na construção de seu
próprio percurso, segundo seus interesses e necessidades (ALMEIDA, 2003 e
GUERRA, 2001). Esta linguagem reconfigura o papel do emissor e do receptor, que
passa a basear-se na multidirecionalidade, possibilitando a co-criação de conhecimentos
e de novas soluções para os problemas (PAIVA e MACIEL, 2000).
Os estudos apontam para a tendência (necessidade) de convergência entre
diferentes mídias, linguagens e metodologias, com vistas a se promover a interação
(ALMEIDA, 2003; PAIVA e MACIEL, 2000 E BELINTANE, 2002).
Outros defendem a presença da interação digital em ambientes de aprendizagem
virtual, numa perspectiva freireana de dialogia, o que pressupõe a constituição mútua
dos sujeitos: formandos e formadores (OLIVEIRA, 2004 e BRUNO, 2002). Esta
interação digital deve estar comprometida com a reflexão crítica do professor e,
conseqüentemente, relacionada às experiências do cotidiano escolar. Ambos concordam
quanto à importância do estabelecimento de vínculos afetivos, destacando o papel do
mediador, tanto nas intervenções conceituais e reflexivas, quanto nas afetivas.
Bruno (2002), preocupado com as dificuldades na inter-relação professor-aluno,
propõe a reflexão sobre a linguagem utilizada nos ambientes de aprendizagem, em
especial a linguagem emocional. Defende, assim como Freire, que a emoção está
relacionada ao processo de conscientização, podendo contribuir no desenvolvimento de
profissionais críticos-reflexivos.
A nova grupalização oportunizada pelas salas virtuais, fóruns de discussão, intercâmbios de trabalhos, seminários on-line, possibilita que todas as mensagens sejam partilhadas, adquirindo a característica de “transparência”, o que amplia as perspectivas de democratização do saber, ao mesmo tempo que desenvolve um novo modo de socialização (PAIVA e MACIEL, 2000).
86
Numa perspectiva de democratização dos conhecimentos, Paiva e Maciel (2000)
discutem a interiorização da ação da universidade pública como estratégia para o
desenvolvimento social. Preocupam-se com a aproximação das universidades ao
cotidiano escolar, visando o atendimento às questões regionais (BELINTANE, 2002 e
GUERRA, 2001). Belintane (2002) valoriza a co-autoria, expressa pela parceria
universidade-escola, como possibilidade de emergência de respostas singulares e
criativas para as questões relativas ao contexto escolar.
Franco, Cordeiro e Castilho (2003) descrevem dois tipos de formação
(presencial e a distância) oferecidos aos professores universitários, da Unicamp, visando
a incorporação de ambientes virtuais de aprendizagem, no caso o TelEduc. Nesta
descrição destacam vantagens e desvantagens. No ensino a distância, as vantagens
referem-se ao estímulo à aprendizagem autônoma, à flexibilidade de tempo para leitura
e discussão dos textos e à vivência em um curso a distância; como desvantagem os
autores destacam a necessidade de dedicação de maior tempo e os problemas técnicos
enfrentados. O ensino presencial apresenta como vantagens o tempo concentrado para
os estudos e a possibilidade de exploração técnica dos recursos disponibilizados no
ambiente; como desvantagem existe a falta de tempo para as leituras e discussões
necessárias.
Guerra (2001) também analisa as possibilidades das duas modalidades, mas em
seus estudos propõe a complementaridade. O projeto analisado, EducAdo, é
desenvolvido em encontros presenciais com uso das TIC, visando a construção de
projetos e páginas Web para a inserção de questões ambientais no currículo do Ensino
Fundamental e Médio. Após um período de capacitação, os professores retornam às
suas escolas para desenvolverem os projetos cooperativamente e são acompanhados por
87
meio de encontros virtuais de forma assíncrona, que visam promover a reflexão crítica
dos problemas ambientais de cada região.
Em seu artigo, Leite e Teixeira (2001) apresentam algumas considerações sobre
a construção de espaços virtuais de aprendizagem, incluindo: elaboração e planejamento
por um grupo interdisciplinar; experiência anterior dos professores em ensino presencial
e dos alunos em navegação na Internet; seleção das tecnologias utilizadas a serviço da
concepção educacional; avaliação processual para exigir constante atualização dos
alunos; e realização de convênios entre instituições para viabilizar economicamente os
cursos.
88
Foco: Profissionalização Docente
Embora a profissionalização docente seja uma questão que permeie a formação
continuada de professores de forma geral, selecionamos sete artigos/trabalhos onde este
tema é tratado de forma proeminente. Destes, dois discutem a formação do professor
diante do novo paradigma educacional (VILARINHO, 2001 e OLIVEIRA, 2003a); três
analisam a possibilidade de formação do professor reflexivo por meio da EaD
(TOSCHI, 2000, PEDROSA, 2003 e LIMA, GRIGOLI e BARROS, 2003) e dois
analisam o papel do professor diante das TIC (CARNEIRO, 2003 e VILARINHO e
BARRETO, 2004).
Vilarinho (2001) e Oliveira (2003a) discutem as mudanças paradigmáticas e
suas implicações na formação continuada de professores a distância. Ambas
caracterizam o paradigma tradicional de ensino pela: reprodução do conhecimento
(fragmentado, estático, linear e descontextualizado); visão de educador como detentor
do conhecimento a ser transmitido ao educando passivo e submisso; aplicação de
metodologias que valorizam a memorização e conduzem a respostas únicas e pré-
determinadas. Concordam, também, que a superação desse paradigma dominante não
ocorre de forma repentina e nem seus pressupostos desaparecem, mas seus modelos
teóricos ou metodológicos deixam de atender às demandas sócio-culturais.
Vilarinho (2001) aponta a concepção dialética dos educadores progressistas, a
educação continuada e a educação a distância, como sendo anomalias (contradições)
que podem contribuir para a ruptura do paradigma tradicional de ensino, na medida em
que se baseiam em novas visões do processo de ensino-aprendizagem, entre elas:
interatividade, transitoriedade do conhecimento, interdisciplinaridade e autonomia. Esta
autora destaca que a integração de diferentes mídias (rádio, correio, computadores,
telefones, cassete, cd-rom e internet) favorece e enriquece o processo ensino-
89
aprendizagem, embora não possam ser consideradas uma panacéia para todos os
problemas na área educacional. Acredita na complementaridade das duas dimensões
educacionais (educação continuada e educação a distância) e destaca a pós-graduação
como o espaço mais adequado para o desenvolvimento desses projetos em face de
algumas características, como: embasamento tecnológico; uso da pesquisa como
caminho didático; experiência com a orientação acadêmica que estimula a autonomia
dos alunos; visão de integração do conhecimento acadêmico; e incentivo à análise
crítica e avaliação dos projetos.
Oliveira (2003a) adverte que o uso dos modernos recursos tecnológicos não
garante uma prática pedagógica inovadora. Constata que muitos programas,
desenvolvidos em EaD, ainda se fundamentam no paradigma tradicional, inspirados no
modelo de racionalidade técnica e instrumental. Essa autora ressalta alguns aspectos da
experiência do Curso de Especialização em Educação a Distância, oferecido pela UnB,
condizente com o paradigma emergente: uso das TIC na formação do sujeito como
pessoa, promovendo a articulação dos conhecimentos; valorização do saber da
experiência, por meio do registro de narrativas de vida; ênfase no trabalho coletivo
como procedimento didático; preocupação dos orientadores acadêmicos com o próprio
processo de autoformação.
Como as transformações sofridas pela sociedade afetam o papel do professor,
Pedrosa (2003) ressalta a importância de uma efetiva política de formação inicial e
contínua para os professores. Afirma que o processo de profissionalização docente tem
estreita relação com o seu processo de formação. Defende a complementaridade e
articulação entre formação inicial e continuada, numa unidade coerente e integrada.
Segundo ela, a EaD pode servir de apoio às tarefas exercidas pelo professor ao
incentivar o trabalho colaborativo e a troca de experiência.
90
Levando em consideração que o desenvolvimento da EaD é um fato,
concretizado por diversas experiências de formação continuada de professores, as
autoras, Toschi (2000) e Lima, Grigoli e Barros (2003) questionam a possibilidade de
formação de um professor reflexivo por meio da EaD. Afirmam que a formação de um
professor reflexivo se contrapõe ao paradigma tradicional e à racionalidade técnica.
Esse professor deve ser capaz de refletir criticamente sobre sua prática à luz da teoria, o
que pressupõe a ruptura da dicotomia entre teoria e prática.
Toschi (2000) analisa a recepção do programa da TV Escola pelos professores e
tece algumas críticas: não há interação com outros professores em formação, não é
destacada a necessidade de momentos específicos, com previsão de tempo para estudo,
por ser entendido como atividade de auto-aprendizagem. Assim, trata-se de proposta
que pressupõe a maturidade do usuário e não oferece acompanhamento de um
orientador ou mediador; não promove a interatividade com os materiais impressos e o
mediador, o que reforça o caráter tecnológico do programa. A autora conclui que a TV
Escola se descaracteriza como EaD, ao considerar os professores apenas como usuários
de filmes; isto é, desconsiderando-os como profissionais em formação, disponibilizando
apenas material didático. Visando a formação do professor reflexivo, o programa
deveria oferecer atendimento pedagógico, suscitar debates, momentos coletivos de
reflexão e formação de uma equipe escolar comprometida com a transformação da
prática pedagógica.
Lima, Grigoli e Barros (2003) se ocuparam da formação pedagógica do
professor universitário, enquanto profissional reflexivo. Analisaram o curso
“Aprendizagem Assistida pela Avaliação na Perspectiva do Ensino Superior”,
fundamentado na epistemologia da prática que adota a metodologia de situações
problemas, casos e desafios. Para essas autoras, os participantes reconheceram, nas
91
propostas de atividades e leituras oferecidas no curso, a “fidelidade ao propósito de
promover uma reflexão sobre a prática avaliativa, na perspectiva de sua mudança”. Isto
levou-as a concluir que a “nova prática se aproxima do conceito de práxis pelas suas
características de intencionalidade e consciência como se espera do professor reflexivo”
(LIMA, GRIGOLI e BARROS, 2003, p.13).
Em seus estudos, Carneiro (2003), Vilarinho e Barreto (2004), discutem a
integração das tecnologias na formação de professores, na perspectiva de transformação
do papel desse professor.
Carneiro (2003) analisa o curso “TV na Escola e os desafios de hoje”, discutindo
a formação do professor enquanto protagonista da integração da linguagem televisiva à
sua prática pedagógica. O curso procurou: incorporar a TV como cultura na escola,
buscando o desenvolvimento de uma visão crítica sobre a mídia; e transformar o
professor telespectador em mediador, no sentido de levá-lo a reconhecer o caráter lúdico
e atrativo da TV para utilizá-la na dinamização do processo ensino-aprendizagem.
Segunda essa autora (2003, p.8) o papel do professor é mediar TV e estudantes:
não para combater, recusar entretenimentos, mas provocar outras leituras de mundos, reconhecer ações e situações, explorar contextos, estruturar sentidos, avançar a compreensão, reconhecer que a TV medeia o mundo e nós. Analisar, criticar, expressar.
A autora critica a visão de ensino direto ou aula pela TV, mais difundida no
Brasil, que consiste em aulas gravadas, sem a mediação do professor e critica, também,
a sub-utilização da TV na educação como instrumento apenas de transmissão de aulas,
sem a exploração das potencialidades que a mídia pode oferecer. Como vantagem do
curso investigado, destaca a formação em serviço que favorece a integração do que foi
aprendido à prática, facilitando a transposição teórica às especificidades e
singularidades dos contextos pedagógicos.
92
Vilarinho e Barreto (2004, p.13) investigaram as possibilidades do uso da
internet no redimensionamento do papel do professor, destacando ser essencial a
apropriação crítica deste recurso tecnológico por meio de uma abordagem ancorada na
relação dialógica e na prática problematizadora. As autoras concluem que “o professor
redimensionado é capaz de criar um ambiente de aprendizagem no qual os atores, pelo
diálogo aberto e interativo, partindo de problemas contextualizados, buscam soluções de
modo cooperativo”.
De acordo com esses pesquisadores, a profissionalização docente está
intensamente relacionada com o processo de formação contínuo, tendo em vista as
mudanças paradigmáticas ocorridas na sociedade. A superação do paradigma tradicional
de ensino demanda uma formação a distância baseada em novas concepções do
processo educacional, entre elas: (a) interdisciplinaridade: articulação dos
conhecimentos visando melhor compreensão da complexidade dos problemas
contemporâneos; (b) contextualização: ênfase na formação em serviço, propiciando a
reflexão crítica sobre a sua própria prática à luz das teorias; (c) transitoriedade do
conhecimento: adotando a metodologia de pesquisa, o aprender a aprender, por meio da
prática problematizadora, ancorada na perspectiva de mudança; (d) interatividade:
promoção de trabalhos em grupo, debates e momentos coletivos de reflexão, visando à
construção de uma equipe coesa e comprometida com a transformação da prática; (e)
autonomia: desenvolvimento de habilidades de auto-estudo e autoformação, mediante o
acompanhamento do orientador de aprendizagem ou tutor.
Foco: Descrição e Avaliação de Projetos
Dos sete artigos/trabalhos reunidos neste foco, três descrevem a implementação
de cursos de formação continuada de professores a distância (SÁ, 2001 e 2003;
93
OLIVEIRA e NOGUEIRA, 2002); um tece comparação entre as duas modalidades de
capacitação (presencial e a distância) (DUARTE, 2004); dois abordam as
representações de professores em relação a EaD (COUTO e LIMA, 2003; LIMA, 2002);
e outro reflete sobre a formação da identidade de aluno (BARRENCHEA, 2003).
Sá (2001 e 2003) descreve a implementação do Curso de Graduação em
Pedagogia - séries iniciais do ensino fundamental, na UFPR, oferecido para professores
da rede pública e confessional do Paraná. Os princípios norteadores do curso foram:
trabalho pedagógico escolar, considerando as especificidades da escola onde atua o
professor; práxis educativa, movimento constante e dialético entre teoria e prática;
pesquisa propiciadora do diálogo crítico com a realidade; e interdisciplinaridade,
visando a compreensão da complexidade do fenômeno educativo.
Este projeto fundamenta-se na: organização do trabalho docente, que apesar da
divisão de tarefas deve preservar a coesão e a integração no processo educativo;
valorização do serviço de tutoria, responsável pela mediação pedagógica, avaliação
contínua, acompanhamento e motivação dos alunos; e na elaboração do material
impresso, privilegiando a linguagem dialógica de forma a possibilitar o estudo
individualizado.
Oliveira e Nogueira (2002) relatam a construção do Curso Pedagogia –
Licenciatura para os anos iniciais do ensino fundamental, oferecido pelo Centro
Universitário de Educação a Distância no Rio de Janeiro (Cederj), projeto desenvolvido
em parceria com a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Esta proposta tem como objetivos:
contribuir para a interiorização do ensino superior e aumentar as vagas no ensino
gratuito e de qualidade; facilitar o acesso através da flexibilização do tempo e promover
a formação continuada de professores do Estado. Seus princípios norteadores são:
94
contextualização das ações pedagógicas; ênfase na interação e discussões coletivas;
adoção da metodologia de pesquisa; acompanhamento tutorial presencial e a distância;
articulação teoria e prática; formação integral, ética e emancipatória; avaliação contínua,
visando o aperfeiçoamento do programa.
Podemos constatar semelhanças nos princípios norteadores de ambos os cursos
descritos respectivamente por Sá (2003) e Oliveira e Nogueira (2002), são eles: (a)
consideram o contexto de atuação do professor nas unidades escolares, suas
especificidades sócio-culturais; (b) baseiam-se na epistemologia da prática, na
articulação indissociável entre teoria e prática; (c) privilegiam a metodologia de
pesquisa; (d) promovem a construção coletiva do conhecimento por meio do diálogo e
da interação entre os participantes; (e) valorizam o papel do orientador de aprendizagem
ou tutor, não apenas para tirar dúvidas dos alunos, mas para acompanhar o processo de
aprendizagem como mediador e incentivador; (f) assumem a avaliação como processo
contínuo, visando conscientizar o aluno quanto às necessidades do seu próprio processo
de aprendizagem e aperfeiçoamento do curso.
Em seu artigo, Duarte (2004) compara dois projetos de formação: o Projeto de
Educação Continuada – PEC/SP na modalidade presencial e o Programa de Capacitação
de Professores – Procap/MG que adota a modalidade mista (presencial e a distância).
Independente da modalidade dos cursos em questão, a autora constata o fracasso de
ambos por não provocarem mudanças na forma de atuação do professor em sala de aula;
ressalta, no entanto, sua importância ao atingirem um grande número de professores e
ao valorizarem o processo de capacitação dos professores. Apresenta pontos positivos e
negativos dos projetos. Como pontos positivos do PEC/SP situa: tentativa de atender às
especificidades das escolas; inserção do professor enquanto sujeito ativo e participativo
do processo, promovendo a integração com universidades; valorização dos saberes dos
95
professores; modelo baseado na ação-reflexão-ação. Quanto aos aspectos negativos do
PEC/SP: falta de incentivos para a capacitação dos professores; não adequação do
projeto ao calendário escolar e interferências da Secretaria de Educação no
remanejamento das equipes docentes, impedindo a concretização do trabalho coletivo
nas escolas.
No Procap/MG, destaca como itens positivos: compromisso com a capacitação,
adequando-se ao calendário escolar, e criação de incentivos aos participantes. Os pontos
negativos são: centralização das decisões, promovendo a padronização das capacitações
e a não adequação às especificidades e necessidades das unidades escolares. A autora
atribui os aspectos negativos à utilização da EaD.
A avaliação de projetos de formação a distância, segundo a ótica dos próprios
professores participantes, também foi objeto de estudo nos trabalhos de Couto e Lima
(2003) e Lima (2002). Ambos investigaram as representações dos professores em
relação a EaD.
Couto e Lima (2003) dedicaram-se a analisar o pensamento dos professores no
curso de extensão “TV na Escola e os desafios de hoje”. Neste trabalho realizaram um
levantamento das vantagens e desvantagens apontadas no discurso de quatro
professores, sujeitos da pesquisa. Situaram como vantagens: a flexibilidade e autonomia
para administrar o tempo e local de estudo e a possibilidade de conciliar estudo e
trabalho. Como desvantagens: estudar sozinho sem a presença constante do professor e
de outros colegas. As autoras ressaltaram a conscientização por parte dos professores
quanto à importância do uso das tecnologias como facilitadoras do processo
educacional. Já os professores participantes da pesquisa salientaram o isolamento na
construção do conhecimento como causa de desinteresse e desânimo para continuar os
estudos. As autoras, também, constataram que a questão relativa ao processo de
96
formação em serviço não esteve presente nos discursos dos professores, já que eles não
tiveram oportunidade de estudar e assistir aos vídeos no próprio local de trabalho,
reforçando a sensação de solidão.
Esta questão também foi levantada na pesquisa de Lima (2002), quando analisou
o depoimento de professores participantes do projeto TV Escola em escolas públicas de
São Paulo. Os professores apresentaram restrições aos projetos de formação continuada
a distância, considerando que as situações de grupo, com a presença do professor, em
cursos presenciais proporcionam melhores condições para a aprendizagem. Assim,
evidenciaram uma resistência à aprendizagem solitária.
O estudo de Barrenechea (2003) investiga a construção da autonomia e
identidade do aluno que participa do Curso de Formação de Professores das Séries
Inicias do Ensino Fundamental, na modalidade a distância, oferecido pela UFPR.
Discute situações que dificultam a construção da identidade de aluno em formação
profissional. Tais situações relacionam-se aos procedimentos adotados pela biblioteca
que impedem o empréstimo de livros; à restrição do direito ao voto no processo de
eleição para reitor, vice-reitor e diretor do departamento de Educação; e a ausência de
um Centro Acadêmico, que funcione como fórum de discussão de questões de interesse
dos alunos a distância. Barrenechea (2003, p.5) conclui que:
enquanto ele (aluno) não se constitui como sujeito coletivo na universidade, ele não consegue construir sua autonomia. Pois para se ter autonomia é preciso que haja um sujeito desta autonomia. Se ele (aluno) não é visto como sujeito participante nesta comunidade, ele não se percebe como sujeito integrante deste coletivo, para então buscar sua representação e legitimação. Este sujeito se baseia em uma identidade coletiva de aluno
Articulando os estudos de Barrenechea (2003) aos de Couto e Lima (2003) e de
Lima (2002), surge uma questão: a solidão enfrentada pelos alunos a distância, expressa
pela sensação de isolamento no processo de construção de conhecimento, não estaria
97
relacionada à dificuldade de constituir uma identidade coletiva de aluno, referenciada na
dimensão de sujeito participante da comunidade de aprendizagem?
Foco: Práticas Pedagógicas
Neste foco reunimos três artigos/trabalhos, a saber: Belloni (2003), Gatti (2003)
e Souza e Oliveira (2003). Estes artigos/trabalhos possuem em comum a preocupação
com o aproveitamento das TICs nas práticas pedagógicas dos professores que
participaram de cursos de formação a distância.
Belloni (2003) discute a apropriação dos programas da TV Escola pelos
professores. A autora propõe a dupla dimensão do uso pedagógico das TIC: como
ferramenta pedagógica e como objeto de estudo, privilegiando o “processo de
apropriação crítica e não de consumo instrumental e passivo” (BELLONI, 2003, p.289).
Ela afirma que a proposta original da TV Escola baseava-se na formação aberta, flexível
e informal (sem avaliação e certificação) e no oferecimento de programação variada
para livre escolha do professor das séries iniciais do ensino fundamental. Esta
proposta, no entanto, foi sendo modificada à medida em que o programa foi ampliando
sua abrangência; atualmente destina-se a docentes de qualquer nível de ensino e oferece
material didático para uso em sala de aula. Tais transformações revelaram que os
professores mais beneficiados com o programa são aqueles que menos necessitam, já
que possuem condições de exercer o papel de estudante autônomo. Analisando o pouco
aproveitamento da TV Escola, Belloni aponta para as questões relacionadas com a
carreira do professor: falta de tempo, formação inicial precária, falta de hábito de auto-
estudo, nível salarial da categoria e baixa motivação para formação devido à ausência de
incentivos.
Segundo Belloni (2003, p.297):
98
as dificuldades da TV Escola explicam-se pela falta de projetos coletivos de formação continuada na maioria das escolas, e pela ausência de uma política que inverta essa relação perversa de centralização e descentralização, por meio da qual as decisões pedagógicas são tomadas por tecnocratas no ministério e tarefas técnicas repetitivas são exigidas dos professores, fora de sua jornada de trabalho.
Gatti (2003) analisa as condições que provocam transformações no pensar e na
prática pedagógica, resultantes de um programa de formação em serviço de professores
a distância: o Proformação. Constata ser indispensável promover a integração do curso
com o meio sociocultural e profissional, não se limitando apenas ao desenvolvimento
cognitivo dos participantes. Destaca o envolvimento das diferentes esferas
administrativas (federal, estadual, municipal e local) propiciadoras da construção de
vínculos socioculturais entre o programa, os realizadores e participantes. Acredita que o
estabelecimento desses vínculos se concretiza pela atuação de tutores, residentes na
mesma localidade, que ofereceram atendimento continuado e contextualizado aos
participantes. Essa forte relação foi expressa pelo pequeno índice de evasão, constatado
no programa, atribuído ao trabalho dos agentes educacionais próximos aos
participantes. Ressalta o papel do tutor como mediador e criador de laços
sociocognitivos, afetivos e motivacionais.
Segundo Gatti (2003, p.203):
tudo isso reforça a idéia de que, para que mudanças em concepções e práticas educacionais de professores ocorram, é necessário que os programas que visam a inovações educacionais, aperfeiçoamentos, atualizações tenham um entrelaçamento concreto com a ambiência psicossocial em que esses profissionais trabalham e vivem.
Souza e Oliveira (2003) buscaram compreender as implicações do projeto Rádio
pela Educação, em especial do programa “Para Ouvir e Aprender”, na prática
pedagógica em unidades escolares da Região Amazônica. Este programa consiste em
um recurso pedagógico a ser utilizado durante as aulas nas primeiras séries do Ensino
Fundamental, acabou por representar uma oportunidade indireta de formação
99
continuada de professores. O projeto consiste em promover a produção de textos
(cartas) a partir do debate de problemas pessoais ou coletivos da escola/região. As cartas
são apresentadas nos programas, estimulando a participação de todos, inclusive da
comunidade. A sua dinâmica provocou mudanças no tratamento pedagógico dos temas
curriculares, já que passaram a exigir um “processo de busca, construção e
questionamento coletivo e síntese”. Nas palavras dos próprios autores (op. cit., p.9):
os professores têm sido desafiados a se desprenderem de práticas mais tradicionais e a investirem em práticas pedagógicas reflexivas, criadoras e com especial significado para suas próprias práticas e para o movimento educacional que estão instalando em suas classes, qualificando o debate e as discussões em sala de aula, o que materializa, mesmo que indiretamente, uma estratégia de formação continuada dos docentes.
Por outro lado, os autores também apresentam o descontentamento de alguns
professores ao afirmarem que os programas não têm qualquer relação com o seu fazer
educativo; por isso, muitos desligam o aparelho de rádio, deixando de aproveitar as
propostas em suas aulas. Tal fato evidencia a necessidade de um acompanhamento
pedagógico que promova a conscientização e utilização adequada deste recurso – o
rádio – enquanto “instrumento ágil de mobilização e ferramenta que proporciona o
acesso à informação para todos os segmentos sociais” (SOUZA e OLIVEIRA, 2003, p,
13).
Dessas leituras, podemos destacar alguns aspectos determinantes na
transformação da prática pedagógica: (a) aproveitamento duplo das TIC, enquanto
ferramenta pedagógica, enriquecendo a prática na sala de aula, e como objeto de estudo
e de formação do professor; (b) interação dos realizadores de projetos e dos
participantes, visando a descentralização das decisões pedagógicas e o atendimento de
reais necessidades; (c) relevância do papel do orientador de aprendizagem ou tutor,
como elemento facilitador do desenvolvimento de habilidades de auto-estudo e
autonomia dos participantes, assim como, responsável pelo estabelecimento de um
100
vínculo sociocultural e motivacional; (d) valorização do profissional docente, a partir de
incentivos para sua formação continuada.
O detalhamento dos focos e questões recorrentes encontrados/inferidos nos
artigos/trabalhos permitiu a construção de um quadro síntese, que possibilita uma visão
geral dos assuntos abordados.
101
Quadro 13 - Relação dos Focos e Questões Recorrentes Encontrados nos
Artigos/Trabalhos
Focos Total
de artigos
Questões Recorrentes Nº de artigos
Discurso Tecnocrático e hegemônico do poder 05
Programas desenvolvidos pelo MEC 05 Apropriação crítica das TIC como instrumento de desenvolvimento social
01
Políticas Públicas 12
Regulamentação da EaD 01 Características e potencialidades 03 Interações Digitais 02
Comparação de experiências de capacitação presencial e a distância 02 Ambientes Virtuais de Aprendiza-
gem 08
Importância da pesquisa e da autoria nestes ambientes 01
Formação do professor diante do novo paradigma educacional 02
Possibilidade de formação do professor reflexivo pela EaD 03
Profissionalização Docente 07
Papel do professor diante das TIC 02 Descrição de implementação de projeto de formação de professores 03
Comparação de duais modalidades de capacitação docente (presencial e a distância)
01
Representações dos professores em relação a EaD 02
Descrição e Avaliação de projetos 07
Formação de identidade do aluno 01 Apropriação dos programas da TV Escola nos processos educacionais 01
Condições do projeto Proformação que promovem transformações na prática pedagógica
01 Práticas Pedagógicas 03
Implicações do projeto Rádio pela Educação na prática pedagógica 01
102
3.4. A PRESENÇA DA PERSPECTIVA EMANCIPATÓRIA NOS
ARTIGOS/TRABALHOS SELECIONADOS.
Para analisar a presença da perspectiva emancipatória nos artigos/trabalhos
pesquisados, consideramos os seguintes critérios: citação de autores reconhecidos por
suas concepções coerentes com esta visão; uso de determinadas palavras-chave que
indicam afinidade com o discurso freireano; e presença nos textos de partes (por citação
direta ou indireta) que evidenciam a relação dos autores com a perspectiva
emancipatória.
3.4.1. Autores que Predominam nas Referências Bibliográficas dos
Artigos/Trabalhos
Iniciamos esta etapa com um estudo dos autores indicados nas referências de
cada artigo/trabalho. Foram consideradas referências somente aquelas relativas a autores
distintos do autor do artigo/trabalho. O objetivo deste levantamento era verificar a
explícita relação dos autores com a perspectiva emancipatória, relação esta já tratada no
capítulo anterior. No confronto referências – embasamento teórico, privilegiamos os
autores: Antonio Nóvoa; Dermeval Saviani; Donald Schön; Hilton Japiassu; José Carlos
Libâneo; Kenneth Zeichner; Moacir Gadotti; Paulo Freire e Pedro Demo, pela
reconhecida vinculação destes à visão emancipatória de educação.
A partir das referências encontradas nos artigos/trabalhos, construímos o quadro
a seguir, que oferece uma visão geral dos autores mais usados.
103
Quadro 14 - Relação dos Autores de Visão Emancipatória que Predominaram nos
Artigos/Trabalhos
Autores da Visão Emancipatória Número de Artigos nos quais foram indicados
Paulo Freire 15
Antonio Nóvoa 10
Donald Schön 06
Kenneth Zeichner 04
Moacir Gadotti 04
Hilton Japiassu 03
Pedro Demo 0324
Dermeval Saviani 02
José Carlos Libâneo 01
Constatamos a significativa influência do pensamento de Paulo Freire no
discurso pedagógico, presente em 41% dos artigos/trabalhos pesquisados. Tal fato
aponta a sua importância no cenário da educação nacional e internacional. Gadotti25
comenta a presença do pensamento de Freire:
pouco mais de 20 anos depois da Pedagogia do Oprimido, a educação popular, marcada por essa obra, continua sendo a maior contribuição que o pensamento latino-americano deu ao pensamento pedagógico universal. É o marco teórico que continua inspirando numerosas experiências, já não apenas na América Latina, mas no mundo. Não apenas nos países do Terceiro Mundo, mas também nos países com alto desenvolvimento tecnológico e em realidades muito distintas.
Destacamos, também, a presença do autor português Antonio Nóvoa em 27%
dos artigos/trabalhos, o que configura a relevância de suas contribuições na área de
formação de professores. 24 No caso de Demo, o somatório poderia atingir 13 citações se levássemos em consideração as referências do próprio autor, pois se baseia em suas publicações anteriores. 25 Disponível no site http://www.paulofreire.org/ acessado em 17/10/2005.
104
Na análise dessas referências, não pudemos deixar de considerar outros autores
que, embora não se destaquem pela relação com a visão emancipatória, têm se dedicado
ao estudo da inclusão das TIC na educação. Tais autores são indicados no Quadro 15.
Quadro 15 - Autores que se Ocupam das TIC Indicados nos Artigos/Trabalhos
Autores preocupados com a relação educação /TIC
Número de Artigos nos quais foram indicados
Pierre Lévy 16
Maria Luiza Belloni 1226
Maria Cândida Moraes 07
Vani Moreira Kenski 06
José Armando Valente 03
Esses dados sugerem a relevância das publicações de Pierre Lévy, citado em
43% dos artigos/trabalho, filósofo francês que se ocupa de questões relativas às
influências das TIC, enquanto tecnologias cognitivas, e à formação na cibercultura.
3.4.2. As Palavras-Chave Encontradas nos Artigos/Trabalhos
Nesta pesquisa consideramos o uso de determinadas palavras-chave como
indício da presença da vertente emancipatória, por entendermos que elas se constituem
em um meio para identificar idéias e concepções defendidas pelo autor.
Adotamos as palavras-chave retiradas do Glossário sobre a obra de Paulo Freire,
publicado no site do Instituto Paulo Freire.27 Tais palavras, já explicitadas no capítulo
26 No caso de Belloni este somatório poderia atingir o número de 27 citações, se levássemos em consideração suas próprias referências. 27 Glossário disponível na íntegra no endereço: http://www.paulofreire.org acessado em 23/12/2005.
105
dois, foram buscadas no contexto dos documentos pesquisados. Algumas palavras-
chave consideradas essenciais, mas que não constavam do glossário, também foram
incluídas nesta seleção, sendo que seus significados foram pesquisados diretamente na
obra de Freire.
A partir da relação de palavras-chave, buscamos nos artigos a sua presença tendo
sempre o cuidado de verificar se eram empregadas com significado coerente à visão
emancipatória. Desta análise pudemos construir o Quadro 16:
Quadro 16 - Palavras-Chave inseridas nos Artigos/Trabalhos Analisados
Palavras-chave Nº de artigos nos quais foi citada
Autonomia 25
Crítica / criticidade 21
Sujeito 18
Transformação 17
Democracia / sociedade democrática 16
Cidadão / cidadania 15
Consciência / conscientização 13
Diálogo 12
Reflexão crítica 11
Compromisso 10
Emancipar / emancipação 09
Dialética 07
Responsabilidade 07
Práxis 06
Problematizar / problematização 06
Liberdade 04
Prática Reflexiva 04
Tomada de consciência 02
Vir-a-ser / Devir 01
Humanização 0
106
Com esse levantamento, constatamos a predominância nos artigos do uso de
algumas palavras, como: autonomia (67%); crítica (57%); sujeito (49%) e
transformação (46%). Segundo Pretti (2001, p.26), no entanto:
quando as palavras se desgastam ou há uma exacerbação de imagens e símbolos, elas perdem sua capacidade produtora de significados. Outras aparecem com poder explicativo e simbólico.
Assim, é válido supor que outras palavras-chave, como: prática reflexiva (11%);
liberdade (11%); práxis (16%); problematização (16%), podem estar mais impregnadas
do sentido emancipatório.
A seguir, apresentamos trechos selecionados nos artigos/trabalhos em estudo,
que expressam o conceito das palavras-chave segundo os seus autores. Este
procedimento foi adotado porque entendemos que a análise dessas palavras-chave deve
considerar o contexto discursivo, com o objetivo de evidenciar a presença da
perspectiva emancipatória.
1. Autonomia:
Para CASTORIADIS (2000) a lei arbitrária do outro se opõe à autonomia do sujeito. Esta relação de dominação é, para o aluno, uma negação dos seus direitos e da sua identidade; e para aquele que domina, seu lugar é legitimado ainda mais pela arbitrariedade. Se fosse uma lei regulamentada, o aluno saberia definir contra qual obstáculo ele deveria lutar para conquistar seus direitos (BARRENECHEA, 2003, p. 4).
A dinâmica do mundo moderno impõe aos profissionais aprimoramento e atualização. O questionamento, o pensamento autônomo e a capacidade de decisão são essenciais para que cada profissional ultrapasse os limites da simples execução, adaptando-se e assimilando mudanças, bem como enfrentando novos desafios que surgem no cotidiano (PEDROSA, 2003, p.02).
2. Cidadão / cidadania:
Tudo isto sem perder de vista os ideais humanistas de formação do cidadão crítico e criativo, capaz de pensar e de mudar o mundo (BELLONI, 2002, p. 139).
107
Coube apenas buscar na dialogia digital contribuições à formação do professor como leitor crítico de si e de suas circunstâncias, o qual, situando-se como cidadão responsável e sensível, conduz sua própria história sociopolítica, com ética, inteligência e solidariedade (OLIVEIRA, 2004, p.13).
3. Compromisso:
Nos cursos a distância em ambientes telemáticos, o uso intencional de uma linguagem emocional merece cuidado e atenção. Os cursos em ambientes telemáticos devem considerar a abordagem do “estar junto virtual”, que pressupõe a criação de um ambiente de aprendizagem interativo, onde a construção do conhecimento seja um ato contínuo e um compromisso assumido por todos os sujeitos aprendentes (BRUNO, 2002, p.14).
A defesa da escola pública básica prende-se principalmente a este compromisso: manter aberta a possibilidade para a população marginalizada de acesso ao manejo de conhecimento e tecnologia, certamente também para melhor inserir-se no mercado, mas mais que tudo para desenvolver a cidadania (DEMO, 2000, p. 02).
4. Consciência / conscientização:
os relatos registram mudanças de atitudes e valores pessoais em relação ao ambiente natural e construído, um indicativo do nível de conscientização e da responsabilidade alcançado pelos mesmos como educadores e cidadãos, na construção de uma sociedade sustentável e eticamente justa (GUERRA, 2001, p.13).
a emoção pode estar associada, e ser um diferencial, a fatores que envolvem o processo de conscientização, numa visão freireana, ou seja, conscientizar para a ação deve considerar os aspectos afetivos/emocionais que envolvem os sujeitos, como propulsores desse processo. Poderíamos pensar e propor a “afetivação” para conscientização (BRUNO, 2002, p.10).
5. Crítica / criticidade:
O pensamento crítico desenvolvido neste ambiente de estudos e pesquisa vivenciado pelos grupos nos Centros Associados está formando nos alunos uma posição, não de passividade, mas de transformação de idéias, conceitos e valores. E é esta posição crítica que os ajuda a questionar os valores e práticas da sociedade, e dá suporte para que questionem valores e práticas da universidade em relação a eles (BARRENECHEA, 2003, p. 7).
108
Mediar é promover na sala de aula outras leituras e reflexões sobre o aprendido fora da escola. Explorar possibilidades de aprender e ensinar pela/com/para a TV. Possibilitar aos estudantes gerarem relações (crítica, analítica, seletiva, tranqüila) com a televisão formando uma maior visão de mundo (CARNEIRO, 2003, p. 19).
6. Democracia / sociedade democrática:
as políticas públicas precisam atender às demandas de formação e contínua atualização de docentes. Sobretudo, porque a democratização do ensino requer professores com valores, conhecimentos, habilidades, competências que lhes permitam responder aos desafios que o cotidiano lhes apresenta (PEDROSA, 2003, p.13).
os movimentos de renovação pedagógica ou de inovações educativas e de expansão da EAD não podem ser percebidos ou analisados como sendo determinados por simples “diretrizes governamentais”, resultado da vontade dos governantes, pois estão enraizados na cultura e experiências locais, nos processos sociais de democratização, nas lutas e nos embates dos movimentos sociais e das organizações dos profissionais da educação e de organismos políticos. Buscam a consolidação de novos valores, a construção de novos sujeitos, atores e autores de seus destinos, de uma sociedade mais solidária e democrática (PRETTI, 2001, p. 37).
7. Dialética:
São discursos que buscam romper com a visão cartesiana e mercadológica de fazer educação. Propõe-se uma visão dialética superando a holística e sistêmica, que enfatizam o todo perdendo de vista o particular, as diferenças, que propõem as metáforas da rede e da teia, das relações e conexões, em contraste com a lógica evolutiva e horizontal da árvore, mas esquecem dos vazios, dos pontos de desencontro, de rupturas, dos aspectos singulares e diferenciadores (PRETTI, 2001, p. 31).
concepção dialética de educação, na qual educador e educando aprendem juntos, buscando contínuo aperfeiçoamento numa relação dinâmica que integra teoria e prática (Freire, 1999), colaboram para que haja uma consciência mais clara dos determinantes sócio-políticos da educação (VILARINHO, 2001, p.04).
8. Diálogo:
a redefinição do papel do professor é crucial para o sucesso dos processos educacionais presenciais ou a distância. Sua atuação tenderá a passar do monólogo sábio da sala de aula para o diálogo dinâmico dos laboratórios, salas de meios, e-mail, telefone e outros meios de interação mediatizada; do monopólio do saber à construção coletiva do conhecimento, através da pesquisa; do isolamento
109
individual aos trabalhos em equipes interdisciplinares e complexas; da autoridade à parceria no processo de educação para a cidadania (BELLONI citada por SÁ, 2003, p21).
O resultado de dinâmicas tão ricas é que o exercício da crítica, do expressar a opinião própria e o do diálogo, sem o qual não há efetivamente, a relação educador-educando se fazem em processo contínuo e dialético. Afinal educador não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa é educado, em diálogo, com o educando que, ao ser educado, também educa. Ambos assim, se tornam sujeitos do processo em que crescem juntos. Neste momento, ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém educa a si mesmo, as pessoas se educam em comunhão, mediatizados pelo diálogo com o mundo (FREIRE, citado por SOUZA e OLIVEIRA, 2003, P.09).
9. Emancipar / Emancipação:
Neste quadro de dificuldades para os países periféricos como o Brasil, as possibilidades de mudança, no sentido da democratização do acesso aos meios técnicos disponíveis na sociedade e da diminuição das desigualdades sociais, situam-se no nível das escolhas políticas da sociedade, ou seja, da capacidade de a escola e os cidadãos acreditarem – e agirem conseqüentemente – em uma concepção dos processos de educação e comunicação como meios de emancipação e não apenas de dominação e exclusão (BELLONI, 2002, p. 121).
A indissociabilidade entre a teoria e a prática reforça ainda mais a concepção teórica e metodológica do princípio do trabalho pedagógico escolar, porquanto demarca a observância constante no movimento dialético entre a concepção/execução, entre a reflexão e a ação como princípio norteador de todo o profissional da educação comprometido com uma atividade transformadora, emancipadora (SÁ, 2003, p.08).
10. Humanização: Essa palavra-chave não foi encontrada nos artigos/trabalhos
analisados.
11. Liberdade:
Professor tem que ser livre para falar de liberdade para seus educandos (GATTI, 2003, p.203).
O homem através de objetivação busca atingir a meta posta e realiza-se em condições objetivas determinadas, que se expressam em sua consciência e a formam. Assim, o ser humano afirma sua condição,
110
experimentando a liberdade no ato das escolhas, oporem num horizonte de possibilidades determinada pela objetividade social e a natureza. Consumada sua meta, o homem singular transforma seu ser social, e o resultado de sua prática social põe em movimento novos fatos sociais, transformando a objetividade, que lhe apresenta novas necessidades, novas possibilidades de liberdade e de determinações (SILVA JÚNIOR, 2003, p. 91).
12. Prática Reflexiva:
De acordo com a perspectiva formativa da racionalidade técnica, os professores podem agir sem levar em conta o que fazem e como fazem. Agem conforme a determinação superior e os especialistas definem. A racionalidade prático-reflexiva implica em que o professor se torne sujeito de sua própria prática, ou seja, ele próprio capaz de analisar suas atitudes. Para isso, ele precisa enxergar-se a si próprio, a fim de se perceber como professor. Todavia, a prática reflexiva não ocorre sem a oportunidade de encontro com o outro a quem se ouve e a quem se fala: os seus pares. Reuniões de professores, coordenador de discussão e vídeos da TV Escola significam ingredientes propiciadores do encontro consigo mesmo e com os outros. Os vídeos da TV Escola são suscitadores de reflexão, porém, os vídeos, por si só, não promovem reflexão (TOSCHI, 2000, p.12).
Busca-se a formação de um intelectual crítico, capaz de responder às novas exigências educacionais a partir de sua prática reflexiva e de base sólida de conhecimentos e saberes historicamente construídos, com qualidade acadêmica e social (OLIVEIRA e NOGUEIRA, 2002, p.101).
13. Práxis:
a nova prática que resulta desse processo aproximar-se-á do conceito de práxis pelas suas características de intencionalidade e consciência, como se espera do professor reflexivo, necessário à educação dos nossos dias (LIMA, GRIGOLI, BARROS, 2003, p.13).
Tomar o trabalho como princípio educativo na formação do professor é entender que esta categoria contribui para a compreensão da práxis educativa, sem descontextualizá-la, sem deixar de estabelecer as mediações entre o particular e o geral, entre a escola e a sociedade (SÁ, 2003, p.07).
14. Problematizar / Problematização:
Este professor, respaldado por uma concepção libertadora, pratica a problematização, valorizando o diálogo como elemento de superação
111
da contradição aluno-professor. Tal visão deve fundamentar as novas “cenas” do ensino-aprendizagem (VILARINHO e BARRETO, 2004, p. 06).
15. Reflexão crítica:
A formação não se constrói por acumulação (de cursos, de conhecimentos ou de técnicas), mas sim através de um trabalho de reflexividade crítica sobre as práticas e de (re)construção permanente de uma identidade pessoal. Por isso é tão importante investir a pessoa [sic] e dar um estatuto ao saber da experiência (Nóvoa citado por OLIVEIRA, 2003a, p. 13).
Almejando um real acréscimo ao aprimoramento docente, segundo a perspectiva crítico-reflexiva pós-formal, ansiamos por uma opção política favorável ao investimento em programas de formação de educadores a distância que persigam a interação digital na perspectiva dialógica (OLIVEIRA, 2004, p.12).
16. Responsabilidade
os relatos registram mudanças de atitudes e valores pessoais em relação ao ambiente natural e construído, um indicativo do nível de conscientização e da responsabilidade alcançado pelos mesmos como educadores e cidadãos, na construção de uma sociedade sustentável e eticamente justa (GUERRA, 2001, p.13).
a responsabilidade social que resguarda nossa atuação em programas de formação de educadores incita-nos a sublinhar: mesmo em meio a situações complexas e adversas há que se buscar incessantemente uma formação docente que de fato agregue valor aos profissionais da educação, de modo a situá-los como leitores críticos de si e de suas circunstâncias e, conseqüentemente, como sujeitos do seu fazer pedagógico (OLIVEIRA, 2004, p. 13).
17. Sujeito:
o que se quer aqui é tornar mais concreto o jargão pedagógico de que é sempre preciso considerar que o formando é um sujeito, que tem cultura, saber e história (BELINTANE, 2002, p.188).
a formação dos professores a distância deve ser pensada não somente quanto à apropriação e utilização das tecnologias da informação e comunicação, mas como a formação de sujeitos construtores de conhecimento e pensadores de sua prática pedagógica, num mundo de velozes mudanças e avanços tecnológicos (OLIVEIRA, 2003a, p.10).
112
18. Tomada de consciência:
O uso das TIC na EaD poderá levar à tomada de consciência sobre a importância da participação de professores e tutores em todas as etapas da formação, a qual implica compreender o processo do ponto de vista educacional, tecnológico e comunicacional (ALMEIDA, 2003, p. 338).
Não se pode esquecer que, para a concretização desta autoformação, precisa-se ter como meta uma formação continuada, entendida tanto como uma ação na busca de um conhecimento formal, como numa tomada de consciência de sua práxis, da própria atividade pedagógica. Este processo de contínuo aperfeiçoamento e atualização proporciona segurança ao professor e permite-lhe visualizar novos desafios e perspectivas na sua atuação (PEDROSA, 2003, p.06).
19. Transformação:
formação do ser integral, capaz de atuação profissional ética e competente e de participação nas transformações da sociedade (OLIVEIRA e NOGUEIRA, 2002, p.100).
As Tecnologias de Informação e Comunicação podem ser consideradas ricos processos que auxiliarão uma transformação radical da educação brasileira, na busca de construir um país e um mundo mais justos (PRETTO, 2002, p.130).
20. Vir-a-ser / Devir:
a prática educativa deve ser pensada como um sistema, simultaneamente aberto e fechado: organizacionalmente fechado, para preservar sua organização, identidade e funcionalidade, e estruturalmente aberto, para permitir a flexibilidade, a plasticidade, a criatividades, a auto-organização, a autonomia, num contínuo vir-a-ser (MORAES citada por PRETTI, 2001, p. 35).
113
3.4.3. Os Artigos/Trabalhos Alinhados à Perspectiva Emancipatória
Do universo de 37 artigos/trabalhos, que compõem o corpus desta pesquisa,
selecionamos 24 (64%), os quais segundo nossa análise encontram-se alinhados à
perspectiva emancipatória. Destes 24 artigos/trabalhos, 16 atenderam à totalidade dos
critérios estabelecidos, a saber: tinham em suas referências os autores reconhecidos por
sua visão emancipatória; empregavam as palavras-chave em seu contexto; e,
principalmente, apresentavam citações dos autores que assumem ou defendem a
perspectiva emancipatória (OLIVEIRA, 2004; DUARTE, 2004; VILARINHO e
BARRETO, 2004; CARNEIRO, 2003; FREITAS, 2003; LIMA, GRIGOLLI e
BARROS, 2003; OLIVEIRA, 2003a; PEDROSA, 2003; SÁ, 2003; SOUZA e
OLIVEIRA, 2003; BRUNO, 2002; LIMA, 2002; PRETTI, 2001; VILARINHO, 2001;
PAIVA e MACIEL, 2000; TOSCHI, 2000).
A presença da perspectiva emancipatória também foi constada em outros oito
artigos/trabalhos, embora em suas referências não houvesse citações de qualquer autor
considerado no embasamento teórico desta pesquisa. Inseriram-se na perspectiva
emancipatória pela veemência da defesa de suas idéias nesta linha (BARRETO, 2004,
2003 e 2000; BELLONI, 2003 e 2002; ALMEIDA, 2003; PRETTO, 2002; DEMO,
2000).
Apresentamos, a seguir, cada um dos artigos/trabalhos selecionados, assim
como, os indicadores considerados.
Analisando as referências do artigo de Oliveira (2004), verificamos a citação de
duas obras de Freire. Em seu discurso, constatamos o uso de nove palavras-chaves:
114
consciência, crítica, diálogo, emancipadora, responsabilidade, reflexão crítica, cidadão,
problematização e transformação, que reforçam a concepção emancipatória defendida
por esta autora no estudo da dialogia digital:
como já dissemos, o interesse desta investigação advém de nossa histórica preocupação com a linguagem, aliada à crença no potencial dos ambientes de interação digital para otimizar a formação docente, sob enfoque crítico-reflexivo pós-formal (TARDIF et al., 1997; KINCHELOE, 1997). Nessa perspectiva, entendemos que a formação do professor como leitor crítico seja um longo processo de crescimento pessoal e profissional, através do qual esse ator social poderá intervir conscientemente sobre a realidade que o entorna (OLIVEIRA, 2004, p. 8).
Não coube, nesta investigação, uma visão simplista e dogmática da dialogia digital como panacéia a todos os problemas relativos à formação de educadores, em ambientes telemáticos. Coube apenas buscar na dialogia digital contribuições à formação do professor como leitor crítico de si e de suas circunstâncias, o qual, situando-se como cidadão responsável e sensível, conduz sua própria história sócio-política, com ética, inteligência e solidariedade (OLIVEIRA, 2004, p.12).
Duarte (2004) apoia-se em três autores: Nóvoa, Schön e Zeichner, para analisar
duas experiências de formação docente (presencial e mista) nos estados de São Paulo e
Minas Gerais. Emprega, em seu discurso, sete das palavras-chaves selecionadas em
nossa pesquisa: democratização, autonomia, sujeito, reflexão crítica, consciência,
criticidade e transformação. Ela constata que dois aspectos para o sucesso de um projeto
de formação de professores referem-se a: uma maior parceria entre universidade e
escola e consideração das especificidades, singularidades, de cada unidade escolar. Do
seu artigo retiramos a seguinte fala:
as agências de capacitação trabalharam predominantemente com um modelo mais tradicional de educação continuada, o que dificultou a incorporação da perspectiva de formação de professores reflexivos, destacada na literatura atual, tendo como um dos principais defensores Schön (1992). Segundo essa perspectiva, a realidade da prática docente não se encaixa em esquemas preestabelecidos, pois é uma atividade complexa, marcada por incertezas e conflitos de valores. O modelo seria mais compatível com a formação continuada com base
115
no tripé ação–reflexão–ação, também difundida por Nóvoa (1992), Perrenoud (1999), Zeichner (1992) e outros (DUARTE, 2004, p. 150).
A autora considera a escola como espaço de formação docente, como forma de
privilegiar:
a construção de uma prática reflexiva, capaz de identificar os problemas e resolvê-los mediante uma prática construída conjuntamente pelos docentes da instituição escolar (DUARTE, 2004, p. 154).
Vilarinho e Barreto (2004) citam sete obras alinhadas à perspectiva
emancipatória dos autores: Freire, Japiassu, Nóvoa e Gadotti. No corpo do artigo,
verificamos o uso de onze palavras-chaves: crítica, práxis, transformação sujeito,
autonomia, reflexão crítica, cidadão, consciência, compromisso, problematização e
responsabilidade. As autoras analisam o redimensionamento do papel do professor
diante do uso das tecnologias e assumem a perspectiva emancipatória ao afirmar que o:
homem só alcança sua verdadeira dimensão na busca e na práxis, esta entendida como ação e reflexão, tendo como vetor a transformação do mundo. Fazendo, pois, uma ancoragem no pensamento freireano, o professor redimensionado tem compromisso com a prática libertadora, sendo cúmplice do aluno em suas prerrogativas pedagógicas, entendendo-o como sujeito de sua formação (VILARINHO e BARRETO, 2004, p. 5).
Destacamos duas das oito novas competências do professor, apresentadas pelas
autoras, que melhor representam a concepção adotada por elas:
O professor redimensionado seria, então, aquele que: (a) é autônomo na busca da informação e crítico na sua transformação em conhecimento. Autonomia é competência para libertar-se; ela possibilita a presença no mundo. O sujeito autônomo, ativo e construtivo se contrapõe ao sujeito autômato, passivo e reprodutivo (FREIRE, 1999); (b) é autor, participando construtivamente da produção do conhecimento e articulando-o na rede. Gadotti (1995) diz que a autoria exige esforço filosófico, ou seja, competência de levar o pensamento a alcançar a essência de um fenômeno; segundo ele a autoria depende de prática e de reflexão sobre a prática vivida (VILARINHO e BARRETO, 2004, p. 6).
Em suas conclusões articulam o uso das tecnologias com o processo de conscientização
da inconclusão do homem:
116
a interface construcionista com a tecnologia permite ao homem reconhecer a sua própria inconclusão (FREIRE, 1994) e, a partir, daí romper as estruturas que o restringem, encontrando caminhos para ressignificar seu papel como professor e ser humano, independentemente se vai ou não usar a tecnologia no cotidiano de seu trabalho (VILARINHO e BARRETO, 2004, p. 14).
Nas referências de Carneiro (2003), encontramos dois autores reconhecidamente
defensores da perspectiva emancipatória; são eles: Freire e Nóvoa. Essa autora emprega
seis palavras-chaves: criticidade; autonomia; sujeito; práxis; liberdade e diálogo. Apóia-
se em Freire para defender a integração da TV à prática pedagógica e à formação dos
professores, conforme o trecho a seguir destacado:
Paulo Freire (1983:42) declarou ser impossível “resistir à nova linguagem, à audiovisual”. Não se deveria temer “o fim da palavra escrita”. A linguagem audiovisual acrescentará algo à outra, não a substituirá. Não haverá vias antagônicas, mas constantemente conciliáveis. A riqueza dessa conciliação é imensa. Destaca a ajuda da linguagem audiovisual à “leitura de mundo”; que a leitura do mundo encerra-se na leitura da palavra; que a escrita e a leitura associam-se dinamicamente à leitura do mundo. (CARNEIRO, 2003, p. 2).
No estudo que conduziu sobre o curso de extensão “TV na Escola e os desafios
de hoje” destaca a importância da elaboração do memorial, um “documento do processo
que consiste num diário do cursista registrando impressões, comentários, reflexões
sobre acertos, avanços, experiências, dificuldades, iniciativas”, que vem ao encontro do
pensamento de Nóvoa, quando este afirma:
que “resgatar experiências pessoais ou coletivas é forma única de evitar a tentação das modas pedagógicas”. Concomitantemente, combata-se a mera reprodução de práticas de ensino sem criticidade, sem esforço metodológico, sem vontade de mudança (CARNEIRO, 2003, P.3).
Em seu artigo Freitas (2003) faz referência à Saviani e emprega as seguintes
palavras-chaves: democratização, compromisso, emancipação e responsabilidade. A
perspectiva emancipatória é claramente defendida no parágrafo transcrito abaixo:
117
este momento é propício para recuperarmos nossas concepções históricas de formação dos educadores, avançando para novas formas de organização e desenvolvimento dos espaços em um projeto histórico social emancipador (FREITAS, 2003, p. 1119).
Lima, Grigoli e Barros (2003), ao discutirem os desafios da formação do
professor reflexivo por meio da modalidade a distância, fundamentam-se em Schön e
Zeichner. Em seu artigo empregam cinco palavras-chaves: sujeito, autonomia,
consciência, problematização e práxis. A visão das autoras a respeito da EaD já indica
uma tendência emancipatória.
Podemos dizer que não vemos a educação a distância “como um recurso para a transmissão de um saber. A entendemos como um meio de ensino onde há um distanciamento físico e/ou temporal entre professor e aprendiz sim, mas que pressupõe uma relação mediada por meios de comunicação, representações de mídias e conhecimentos mútuos que vão determinar as necessidades desse processo, do aprender. Não desconsideramos que no contexto há uma informação a ser trabalhada, mas não a consideramos pronta e fechada, mas aberta para ser reconstruída por sujeitos reflexivos” (Lima, 200). Em outras palavras, uma educação capaz de formar professores reflexivos e capazes de exercer uma autonomia no aprender, capazes de aprender a aprender (LIMA, GRIGOLI E BARROS, 2003, p.4).
Esta tendência é confirmada com outro posicionamento das autoras:
A nossa posição é de que a prática precisa ser entendida como ponto de partida e de chegada. Como ponto de partida porque é através da prática que o professor expressa os seus valores, suas concepções e seus saberes acerca do ensinar, do aprender, da profissão, da instituição universitária, etc. E como ponto de chegada porque, partindo da reflexão sobre essa prática é possível alcançar uma compreensão mais elaborada da mesma examinando seus pressupostos – agora com a necessária mediação da teoria – e desdobramentos. E assim, elevar-se do terreno da cotidianidade e re-elaborar os seus saberes da experiência como pratica criativa, intencional e consciente, avançando, então, para um patamar mais elevado de formação e profissionalização (LIMA, GRIGOLI E BARROS, 2003, p.6).
Para discutir a formação de professores a distância e a transição paradigmática,
Oliveira (2003a) baseia-se em quatro autores que compartilham a visão emancipatória;
118
são eles: Freire, Nóvoa, Schön e Zeichner. No discurso da autora, verificamos o uso de
seis palavras-chaves: compromisso, reflexão crítica, diálogo, autonomia, sujeito e
dimensão emancipadora. A concepção de formação de professores está expressa no
trecho a seguir:
o modelo emergente de formação do professor reflexivo-investigativo (que pretende sintetizar as características do novo professor), ao opor-se ao paradigma conservador fundado no racionalismo técnico, vê o professor “como um intelectual em processo contínuo de formação” (Pimenta, 1999, p. 29), cuja formação deve apoiar-se na reflexão e investigação antes, durante e após a ação pedagógica [...] a formação dos professores a distância deve ser pensada não somente quanto à apropriação e utilização das tecnologias da informação e comunicação, mas como a formação de sujeitos construtores de conhecimento e pensadores de sua prática pedagógica, num mundo de velozes mudanças e avanços tecnológicos (OLIVEIRA, 2003a, p.10).
A proposta metodológica apontada pela autora (idem, p, 12) valoriza a
“subjetividade do aprendiz na busca de seus nexos no passado e compromissos com o
futuro para garantir a continuidade histórica e o senso de pertença a uma sucessão de
gerações”. Essa proposta articula-se ao pensamento de Nóvoa:
o uso das narrativas pode contribuir para a formação de sujeitos reflexivos à medida que esses se habituem a registrar suas práticas, a refletir sobre elas e até partilhar, discutir e tentar gerir angústias e sucessos contidos naquelas narrativas (OLIVEIRA, 2003a, p.13).
O artigo de Pedrosa (2003) faz referência a quatro obras de autores reconhecidos
na perspectiva emancipatória: Demo, Freire, Nóvoa e Schön. Esta autora também
emprega sete palavras-chaves pertinentes; são elas: autonomia, tomada de consciência,
práxis, dialética, crítico, diálogo e democratização. Além desses indícios, salientamos a
preocupação da autora com o uso crítico das TIC na EaD:
a capacidade de difusão de informação é uma característica básica da educação. Mais do que uma qualidade, a capacidade de difusão de informação é uma conquista da educação a distância. Porém, em seu sentido pleno, não pode ater-se à transmissão de informações, sob o risco de reproduzir a “educação bancária” apontada por Freire (1975) (PEDROSA, 2003, p.10).
119
Sá (2003) fundamenta-se em Demo, Freire e Saviani para analisar a implantação
do Curso de Graduação em Pedagogia, na UFPR. Seu artigo emprega nove palavras-
chaves: democracia, práxis, cidadania, emancipação, transformação, autonomia, sujeito,
compromisso e diálogo. O autor defende a perspectiva emancipatória da educação ao
analisar a escola:
a especificidade da escola é garantir o acesso, o domínio do conhecimento gerado pela humanidade, ao longo de sua história, bem como a permanência por parte das classes subalternas, propiciando-lhes a apreensão, a incorporação e a compreensão dos conteúdos escolares necessários ao exercício da cidadania e a emancipação moral e intelectual dos trabalhadores (SÁ, 2003, p. 7).
Ao propor o princípio da pesquisa como norteador do trabalho docente, Sá
apóia-se em Freire e Demo:
para Freire (1997, p. 32), pode-se dizer que o princípio da pesquisa “...Faz parte da natureza da prática docente a indagação, a busca, a pesquisa. O de que se precisa é que, em sua formação permanente, o professor se perceba e se assuma, porque professor, como pesquisador” [...] Conforme alude Demo (1993, p. 129): “pesquisa significa diálogo crítico e criativo com a realidade, culminando na elaboração própria e na capacidade de intervenção. Em tese, pesquisa é atitude do ‘aprender a aprender’, e, como tal, faz parte de todo processo educativo e emancipatório” (SÁ, 2003, p. 8).
Souza e Oliveira (2003) baseiam-se no pensamento de Freire para analisarem as
implicações do programa de rádio “Para ouvir e aprender” nas práticas pedagógicas das
escolas da região amazônica. O artigo emprega cinco palavras-chaves condizentes com
a perspectiva emancipatória: autonomia, sujeito, crítica, diálogo, democratização e
dialética. Os autores assumem essa perspectiva ao discutirem o processo indireto de
formação continuada de professores, que ocorre simultaneamente à aprendizagem dos
alunos.
O resultado de dinâmicas tão ricas é que o exercício da crítica, do expressar a opinião própria e o do diálogo, sem o qual não há efetivamente, a relação educador-educando se fazem em processo contínuo e dialético. Afinal educador não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa é educado, em diálogo, com o educando que, ao ser educado, também educa. Ambos assim, se tornam sujeitos do processo em que crescem juntos. Neste momento, ninguém educa
120
ninguém, como tampouco ninguém educa a si mesmo, as pessoas se educam em comunhão, mediatizados pelo diálogo com o mundo (FREIRE, 1982) (SOUZA e OLIVEIRA, 2003, p. 9).
Bruno (2002) faz referência às obras de Freire e Nóvoa. Em seu artigo emprega
cinco diferentes palavras-chaves, a saber: transformação; sujeito; conscientização;
reflexão crítica; compromisso. Ao defender o uso da linguagem emocional nos ambiente
virtuais de aprendizagem, considera “as emoções, expressas no linguajar das
conversações, como mediadoras do processo de construção do conhecimento,
facilitando a dinâmica relacional entre os seres, o meio e suas circunstâncias”. Nesta
perspectiva, busca apoio no pensamento freireano, como podemos perceber a partir da
leitura dos trechos retirados de seu artigo:
Freire (1987), ao nos apontar a questão da não neutralidade da prática educativa, exigindo definição, decisão, ruptura e posição por parte do professor, infere-nos a necessidade de mudanças posturais desse educador, que possivelmente só se transformará a partir do desenvolvimento do pensamento crítico reflexivo desse profissional, articulando os aspectos emocionais com os racionais – como estamos propondo em nossos estudos (BRUNO, 2002, p. 2). Assim podemos inferir que a emoção pode estar associada, e ser diferencial, a fatores que envolvem o processo de conscientização, numa visão freireana, ou seja, conscientizar para a ação deve considerar os aspectos afetivos/emocionais que envolvem os sujeitos, como propulsores desse processo. Poderíamos pensar e propor a “afetivação” para conscientização (BRUNO, 2002, p.10).
O artigo de Lima (2002) cita dois autores emancipatórios: Nóvoa e Schön. Em
sua análise sobre as representações de professores sobre a questão da formação
continuada a distância, verificamos a presença de cinco palavras-chave: reflexão crítica,
autônomo, problematizar, transformação e democracia. A autora apóia-se em Nóvoa
para defender a formação do professor crítico, capaz de problematizar sua prática para a
construção de novos saberes.
Segundo Nóvoa (1997, p.25), a formação “deve estimular uma perspectiva crítico-reflexiva, que favoreça aos professores os meios de
121
um pensamento autônomo e que facilite as dinâmicas de autoformação participada” (LIMA, 2002, p.86).
Nas referências inseridas no artigo de Pretti (2001) encontramos a indicação do
autor Nóvoa e em seu discurso destacamos sete palavras-chave: sujeito, dialética,
autonomia, vir-a-ser, cidadão, crítica e democratização. O autor assume a perspectiva
emancipatória no parágrafo transcrito abaixo.
Os movimentos de renovação pedagógica ou de inovações educativas e de expansão da EAD não podem ser percebidos ou analisados como sendo determinados por simples “diretrizes governamentais”, resultado da vontade dos governantes, pois estão enraizados na cultura e experiência locais, nos processos sociais de democratização, nas lutas e nos embates dos movimentos sociais e das organizações dos profissionais da educação e de organismos políticos. Buscam a consolidação de novos valores, a construção de novos sujeitos, atores e autores de seus destinos, de uma sociedade mais solidária e democrática (PRETTI, 2001, p. 37).
Vilarinho (2001) fundamenta-se nos autores: Demo, Freire, Japiassu e Gadotti
para analisar a educação continuada e a educação a distância no contexto das mudanças
paradigmáticas. Em seu artigo, constatamos o emprego de nove palavras-chaves, são
elas: dialética, crítica, consciente, emancipatório, autonomia, diálogo, compromisso,
sujeito e práxis. A autora assume a perspectiva emancipatória ao propor alguns
princípios norteadores da educação continuada:
(a) princípio da comunicação interativa [...] cabe ao professor estudar as teorias que tratam da interação, compreendendo os fundamentos da interatividade, para se tornar um provocador do diálogo, da participação livre e plural; (b) princípio do provisório: todo conhecimento deve ser visto como passível de evolução/reformulação. [...] (c) princípio da interdisciplinaridade/integração do conhecimento: não há mais sentido nas separações rígidas entre áreas de conhecimento. Sem desconsiderar a importância do conhecimento específico, este terá que ser sempre trabalhado nas suas inúmeras possibilidades de interface com outros campos do saber (VILARINHO, 2001, p.7-8).
A autora apoia-se em Demo ao indicar a prática da pesquisa como princípio
educativo e destaca a importância do diálogo na visão de Freire:
122
para Demo (1992, p.42) ela (a pesquisa) se apresenta como a instrumentação teórico-metodológica fundamental à construção do conhecimento. Pesquisa que transite da lógica formal à dialética, permitindo aos seus protagonistas fazerem parte de um processo emancipatório, no qual se constrói o sujeito histórico auto-suficiente, crítico e auto-crítico, participante, capaz de reagir contra a situação de objeto e de não cultivar os outros como objeto (VILARINHO, 2001, p.8).
Incorporar este sentido implica, necessariamente, aceitar o diálogo, ou mais especificamente a relação dialógica que se caracteriza como uma situação de comunicação na qual diversas concepções de mundo se entrecuzam, se mesclam, com o objetivo fundamental de tornar crítico, legível, o objeto de conhecimento, tendo como perspectiva a construção de um mundo mais justo (Freire, 1985) (VILARINHO, 2001, p.138).
O pensamento de Freire também está presente no artigo de Paiva e Maciel
(2000) ao empregarem nove palavras-chave da dimensão emancipatória: dialética,
problematizando, sujeito, autonomia, responsabilidade, reflexão crítica, diálogo,
cidadão e democratização. Estes autores, ao analisarem a construção do conhecimento
em rede, afirmam:
pensar conhecimento em rede, portanto, é ato histórico, possível a partir das produções dos sujeitos sociais em interação. [...] a produção do conhecimento em rede determina uma sistemática atitude de investigação da realidade, incorporando a prática e sua análise crítica permanente, o que significa a adoção da atitude de assumir a pesquisa como componente organizador de qualquer proposta curricular (PAIVA e MACIEL, 2000, p.6).
Articulam a interatividade facilitada pelo uso das TIC na EAD com a pedagogia
do diálogo de Freire:
a perspectiva de que a aprendizagem é experiência humana e, como tal, se dá entre sujeitos em interlocução, o que altera o lugar de quem pode produzir discurso e da linearidade entre quem o enuncia e quem o recebe. Como sujeitos em experiência, não se pode prescindir de suas singularidades e da diversidade de saberes que esses sujeitos portam, estabelecendo, nessa diferença, nexos e possibilidades de sentidos múltiplos, não únicos, enredados entre si com os objetos de conhecimento (PAIVA e MACIEL, 2000, p.8).
Segundo os autores, o professor,
123
ao registrar e endereçar as suas questões e inquietações, começa a (re)elaborar sua prática e adquirir olhar e prática de pesquisador. Observando, narrando a sua prática, dialogando com as construções teóricas e com seus pares cria novas possibilidades de produção de conhecimento para todos os atores da instituição educacional (PAIVA e MACIEL, 2000, p.14).
Nas referências do artigo de Toschi (2000), verificamos a presença dos autores:
Nóvoa e Zeichner. Ela emprega seis palavras-chaves enquadradas na visão
emancipatória: transformação, consciência, reflexão crítica, autonomia, sujeito, prática-
reflexiva. Além desses sinais, percebemos a preocupação da autora em analisar o
projeto TV Escola a partir de uma perspectiva emancipatória, conforme se verifica no
trecho a seguir.
A racionalidade prático-reflexiva implica em que o professor se torne sujeito de sua própria prática, ou seja, ele próprio capaz de analisar suas atitudes. Para isso, ele precisa enxergar-se a si próprio, a fim de se perceber como professor. Todavia, a prática reflexiva não ocorre sem a oportunidade de encontro com o outro a quem se ouve e a quem se fala: os seus pares. Reuniões de professores, coordenador de discussão e vídeos da TV Escola significam ingredientes propiciadores do encontro consigo mesmo e com os outros. Os vídeos da TV Escola são suscitadores de reflexão, porém, os vídeos, por si só, não promovem reflexão (TOSCHI, 2000, p.12).
Embora em seus artigos, Barreto (2000; 2003; 2004) não faça referências aos
autores emancipatórios selecionados nesta pesquisa, constatamos o uso das seguintes
palavras-chave: sujeito; transformação, crítica, compromisso, cidadão, prática reflexiva
e emancipatória.
Em seu discurso, a autora afirma que as políticas de formação de professores
têm sido marcadas pelo caráter de certificação em escala, com ênfase no uso das
tecnologias como recursos para homogeneização e aligeiramento do processo,
considerando as tecnologias no lugar de sujeito.
No discurso oficial, está posto o “instrumentalismo universal e abstrato”, com a apologia das ferramentas às quais é atribuída uma “revolução educacional” (BARRETO, 2003, p.284).
124
Sua posição é claramente defendida ao criticar o discurso oficial que restringe o
uso das TIC à EaD:
o que está em jogo não é só o discurso competente [...] são os embates contemporâneos entre a proposta de educação como mercadoria e a sua defesa como direito e prática emancipatória (BARRETO, 2004, p.1197).
Belloni (2002, 2003) emprega sete palavras-chaves em seus artigos:
democratização, emancipação, autonomia, crítica, transformar, cidadão e reflexão
crítica. Ao analisar os novos modos de percepção e de aprendizagem das novas
gerações, constata o distanciamento destes em relação à prática escolar. Esses novos
modos buscam a construção de conhecimentos relacionados às experiências concretas,
porém a escola ainda se limita à transmissão bancária de conhecimentos desconexos,
sem significação, resistindo à integração com as novas tecnologias. Segundo a autora
(idem, 2002, p.121) o processo de democratização dos recursos tecnológicos e a
diminuição das desigualdades sociais só serão possíveis quando se compreender os
“processos de educação e comunicação como meios de emancipação e não apenas de
dominação e exclusão”.
Belloni (2003, p. 296) verifica as dificuldades encontradas pelos professores em
participarem como sujeitos críticos de seu próprio processo de aprendizagem, no caso o
projeto TV Escola, e assume a perspectiva emancipatória ao afirmar que:
falta a reflexão que possibilitaria ao professor emancipar-se e exigir melhor formação inicial e continuada, mais sintonizada com as demandas da sociedade, indo contra a inércia que paralisa a instituição escolar em todos seus níveis, especialmente na formação de professores.
Almeida (2003) emprega as palavras-chave: diálogo, autonomia, consciência,
sujeito e tomada de consciência para discutir as contribuições dos ambientes de
aprendizagem. Destaca a importância do diálogo, da interação e do estar junto virtual
125
como forma de expressar seus pensamentos, tomar decisões, trocar informações e
experiências, visando a construção de conhecimento. Neste processo de contínuas
interações,
cada pessoa busca as informações que lhe são mais pertinentes, internaliza-as, apropria-se delas e as transforma em um nova representação, ao mesmo tempo em que se transforma e volta a agir no grupo transformado e transformando o grupo (ALMEIDA, 2003, p. 334).
Em seu artigo Demo (2000, p.3) utiliza oito palavras-chave: dialética,
autonomia, emancipar, crítica, transformação, sujeito, compromisso e cidadania. Em
seu discurso é proeminente a crítica ao neoliberalismo que exige competência formal do
professor, sem promover seu processo de emancipação, que estaria relacionado com:
primeiro, flagrar a subalternidade, ou descobrir a condição de massa de manobra criticamente; segundo, significa usar este conhecimento crítico como estratégia de confronto, visando condição alternativa; terceiro, implica organização coletiva em nome da competência mais efetiva.
Pretto (2002) discute as possibilidades de democratização do uso das tecnologias
e analisa a exclusão digital, empregando as palavras-chave: democratização,
transformação e cidadão. Na citação abaixo, o autor assume os ideais emancipatórios:
a inserção do Brasil na chamada Sociedade da Informação não pode configurar mais um desses mecanismos de alinhamento do país a essas lógicas internacionais. As tecnologias de informação e comunicação podem ser ricos processos que auxiliarão uma transformação radical da educação brasileira, na busca de construir um país e um mundo mais justos (PRETTO, 2002, p. 130).
Para complementar nossa análise interpretativa sobre a presença da visão
emancipatória no sub-conjunto dos 24 artigos assim classificados, incluímos, como
Anexo A, a lista das obras que foram tomadas como referência em seu âmbito e que nos
ajudaram a alinhá-los à visão emancipatória.
126
3.5. SUBSÍDIOS ENCONTRADOS NOS ARTIGOS/TRABALHOS COM
VISTAS À MELHORIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA DE DOCENTES A
DISTÂNCIA
No sentido de dimensionar a relevância dos artigos/trabalhos pesquisados, em
termos de oferecimento de subsídios para elaboração de novas propostas de formação
continuada a distância de professores, coletamos as sugestões apresentadas dirigidas à
transformação da prática. Essas sugestões foram agrupadas segundo os focos de análise
dos artigos/trabalhos, anteriormente destacados.
Foco Políticas Públicas: sugestões para a transformação da prática
Os artigos/trabalhos que analisam as políticas públicas tendem a oferecer
propostas genéricas de reestruturação da prática pedagógica, entre elas destacamos:
(a) definição de uma política de formação e valorização do professor, atendendo à
formação inicial e continuada, melhoria nas condições de trabalho, salário e carreira
(FREITAS, 2003);
(b) fortalecimento de processos horizontais de formação, com maior envolvimento dos
professores, gestores locais e regionais na elaboração e atualização de projetos e
políticas de formação continuada de professores, ou seja, mudança no papel desses
profissionais como autores e colaboradores no processo de formação e não apenas como
consumidores de pacotes instrucionais homegêneos, elaborados por uma minoria de
especialistas (PRETTO, 2002; BELLONI, 2002 e DEMO, 2000);
(c) formação dos educadores priorizando o desenvolvimento de competências para o
trabalho coletivo e para a gestão democrática, promovendo a participação ativa, baseada
127
na visão interdisciplinar, nos princípios de solidariedade e no compromisso com a
emancipação (FREITAS, 2003);
(d) elaboração de políticas centradas nas tecnologias, visando a democratização do
acesso e a apropriação crítica que possibilite ao professor redimensionar as práticas de
ensino (BARRETO, 2003), por meio da reflexão crítica e da discussão a partir das
situações concretas e singulares enfrentadas no dia a dia (BARRETO, 2004);
(e) preocupação com uma formação geral sólida, fundamentada em valores éticos, que
se contrapõe ao aligeiramento do processo e de certificação em grande escala.
não podemos simplesmente seguir as exigências do mundo do trabalho, as demandas do mercado por novas habilidades e competências a serem apreendidas para o exercício profissional. E a formação para a vida? E os nossos valores e nossa cultura? Temos que recuperar os vínculos entre educação, trabalho, produção, vida cotidiana de existência. Aí é que estão o educativo e o formativo. Eles acontecem, não importa se de maneira presencial ou a distância (PRETTI, 2001, p.37).
Foco Ambientes Virtuais de Aprendizagem: sugestões para a transformação da
prática
Neste foco, muitas das propostas dizem respeito às questões relativas à
interatividade e à importância do papel do mediador, assim como à formação de uma
equipe interdisciplinar comprometida com a prática pedagógica. Selecionamos sete
propostas apresentadas a seguir:
(a) a interatividade, potencializada nos ambientes virtuais de aprendizagem, deve estar a
serviço da produção coletiva do conhecimento, possibilitando a participação ativa e a
metacognição sobre os processos de aprendizagem (PAIVA e MACIEL 2000);
(b) a mediação pedagógica nos ambientes de aprendizagem deve ser permeada por uma
linguagem emocional e afetiva, possibilitando a formação de um espaço harmônico e
propiciador de construções e reflexões em níveis crescentes de complexidade (BRUNO,
2002 e OLIVEIRA, 2004);
128
(c) é fundamental a implementação de uma equipe multidisciplinar, na qual os
mediadores estejam envolvidos em todas as etapas do processo educativo de modo a se
evitar a fragmentação do discurso entre a equipe desenvolvedora dos conteúdos e
módulos e a equipe responsável pela interação com os alunos (OLIVEIRA, 2004);
(d) há necessidade dos formadores a distância participarem de processos de formação
continuada com uso das TIC, para refletirem sobre o seu próprio processo de
aprendizagem e sobre as contribuições das tecnologias em sua prática pedagógica
(ALMEIDA, 2003);
(e) a elaboração de material didático deve fundamentar-se em uma visão de matriz
gerativa, que permita a co-autoria e promova a interação, ou seja, a partir de uma
estrutura genérica que vá possibilitando a criação de novos módulos, visando os
interesses e singularidades regionais (BELINTANE, 2002);
(f) deve haver uma aproximação entre a pesquisa universitária e os projetos
desenvolvidos nas redes escolares, de modo a intensificar o intercâmbio e estreitar as
relações entre a produção do conhecimento e suas aplicações contextualizadas
(BELINTANE, 2002);
(g) os cursos a distância devem ser desenvolvidos por equipe interdisciplinar,
responsável pela elaboração de um plano instrucional detalhado, que possibilite a
autonomia dos alunos; devem incluir uma unidade introdutória para familiarizar o aluno
com a tecnologia, que precisa ser coerente com as estratégias de ensino adotadas; os
professores devem ter experiência no ensino presencial e os responsáveis pelo seu
desenvolvimento devem acompanhá-lo pelo menos uma vez; a avaliação deve incluir
exercícios e testes semanais para os alunos manterem-se atualizados; as diversas
atividades devem compor a nota final (LEITE e TEIXEIRA, 2001);
129
Foco Profissionalização Docente: sugestões para a transformação da prática
(a) o espaço privilegiado para a integração da educação continuada e a distância seria o
ensino superior devido ao suporte tecnológico (as instituições já estão conectadas) e
metodológico (experiência com pesquisa e orientação acadêmica) (VILARINHO,
2001);
(b) implementação de uma cultura institucional que incentive a formação continuada de
professores, tendo em vista seu desenvolvimento profissional e implementação de um
processo de acompanhamento que apóie as práticas inovadoras (LIMA, GRIGOLI e
BARROS, 2003);
(c) projetos de EAD onde as tecnologias estejam a serviço da construção do
conhecimento por meio da realização de trabalhos colaborativos, baseados em pesquisa
e resolução de problemas (OLIVEIRA, 2003a);
(d) os cursos a distância devem considerar a base cultural e socioeconômica, interesses,
experiências e familiaridade dos participantes com a tecnologia (PEDROSA, 2003);
(e) sugestões específicas ao projeto TV Escola: inclusão de um mediador para atuar
junto aos professores, promovendo o debate de idéias e o planejamento de ações
pedagógicas; planejamento de momentos específicos na jornada de trabalho do
professor, visando a reflexão coletiva e a formação de uma equipe escolar
comprometida com a transformação da prática pedagógica; reestruturação dos materiais
e programas para promover maior interatividade entre os participantes (TOSCHI, 2000).
130
Foco Descrição e Análise de Projetos: sugestões para a transformação da prática
Devido às peculiaridades dos projetos analisados nestes artigos/trabalhos,
apresentamos as propostas e/ou sugestões relacionadas aos cursos estudados.
(a) Curso de Formação de Professores das Séries Iniciais do Ensino Fundamental da
UFPR:
• necessidade de fortalecer o diálogo aberto na instituição, por meio de discussões e
avaliações, de modo que a importância do curso seja reconhecida por toda a
comunidade acadêmica (BARRENECHEA, 2003);
• estabelecimento de convênios entre a universidade e instituições da sociedade civil
para garantir o funcionamento do curso, devido ao seu limitado financiamento (SÁ,
2003);
(b) Projeto TV Escola:
• discutir as necessidades de formação continuada da equipe e, em especial, as
possibilidades e limitações da educação a distância. (LIMA, 2002);
(c) Curso de Extensão “TV na Escola e os Desafios de Hoje”
• discutir conteúdos e enfoques novos por meio da problematização da prática e da
experiência dos próprios professores participantes, refletindo criticamente sobre a
presença da mídia na educação e na sociedade (COUTO e LIMA, 2003);
(d) Projeto de Educação Continuada – PEC/SP e Programa de Capacitação de
Professores – PROCAP/MG:
131
• atender ao conjunto dos professores de uma escola para a formação de uma equipe
de trabalho comprometida com a modificação das práticas; oferecimento de
incentivos para motivar os professores a se envolverem em programas de
capacitação; centralizar os projetos nos problemas cotidianos e vivências dos
professores; construir instrumentos para avaliar a eficiência desses programas e
orientar a tomada de decisões e os planejamentos políticos (DUARTE, 2004).
Foco Prática Pedagógica: sugestões para a transformação da prática
Nos artigos/trabalhos enquadrados neste foco, observamos que as sugestões
referem-se às situações específicas ali consideradas.
(a) Projeto Rádio pela Educação – Programa “Para Ouvir e Aprender”: maior
participação dos professores na escolha dos temas, textos, músicas e técnicas de
trabalho a serem veiculadas nos programas, com vistas ao aproveitamento de suas
experiências; aperfeiçoamento do material com a elaboração de novos guias
pedagógicos para orientação aos professores; melhorias na transmissão do programa e
planejamento de um acompanhamento pedagógico dos docentes e das escolas
participantes do projeto (SOUZA e OLIVIERA, 2003);
(b) Projeto TV Escola: criação de uma estrutura técnica responsável por gravar e
catalogar os programas; formação de uma equipe pedagógica para orientar os
professores no planejamento e realização de atividades de aproveitamento do material,
nas duas vertentes: para autoformação e uso didático com os alunos; estabelecimento de
parcerias com as universidades, visando criar estratégias de uso coletivo a serem
integradas aos grupos de estudos; inclusão de seu uso durante as formações iniciais e
continuadas dos professores (BELLONI, 2003);
132
(c) Proformação: maior integração dos conteúdos abordados com as experiências
pessoais e profissionais dos participantes do projeto, visando promover a
contextualização e a aprendizagem significativa; e envolvimento das administrações
educacionais locais na realização direta do programa, promovendo a constituição de
vínculos socioculturais (GATTI, 2003).
133
CAPÍTULO IV
CONCLUSÃO
Analisando os resultados encontrados em nossa pesquisa sobre a formação
continuada de professores a distância à luz da perspectiva emancipatória, foi possível
estabelecer algumas conclusões acerca dos objetivos específicos apresentados no
capítulo I. Assim, retomamos a seguir esses objetivos, tecendo considerações sobre eles.
(a) Analisar, na produção acadêmica, os artigos/trabalhos que abordam a
formação continuada de professores na modalidade de EaD; identificando as
questões mais recorrentes.
A partir do levantamento realizado em 15 periódicos e nos trabalhos
apresentados na ANPEd, no período de 2000-2004, selecionamos 37 artigos/trabalhos
que abordavam o tema em estudo. A princípio, esse número nos pareceu pequeno se
comparado ao grande volume de artigos/trabalhos sobre formação de professores. No
entanto, com a leitura e análise da produção, constatamos a riqueza dos artigos/trabalhos
pela diversidade de temas e problemas abordados em torno da formação continuada de
professores a distância. Assim, uma primeira conclusão que se impõe é que esta é uma
área em expansão.
Essa diversidade demandou a organização dos temas e questões, tratados nos
artigos/trabalhos, em núcleos de compreensão, denominados focos. Concluímos, então,
que cinco focos se destacavam, a saber: políticas públicas, ambiente virtual de
aprendizagem, profissionalismo docente, descrição e avaliação de projetos e práticas
134
pedagógicas. Com a análise do conteúdo desses focos pudemos traçar um paralelo entre
as questões recorrentes neles inseridas e o embasamento teórico dessa pesquisa.
O foco Políticas Públicas foi o que se apresentou mais proeminente, não só por
reunir maior número de artigos/trabalhos (doze), mas, principalmente, por apresentar as
críticas mais contundentes e mais instigantes. Entre elas, destacamos a preocupação
com políticas de aligeiramento e certificação em escala, que estão em conformidade
com a concepção neoliberal. Essa concepção está aliada a uma visão de negócio
lucrativo e promissor, baseado na produção e distribuição de pacotes com “soluções”
educacionais, reduzindo as potencialidades da EaD. As críticas encontradas nos
artigos/trabalhos também estão presentes nos estudos de Zeichner (2005) e Nóvoa
(1999). Eles alertam para o crescente “mercado de formação” que, embora possa
empregar o discurso da formação de professores prático-reflexivos, veiculam propostas
centralizadoras e distanciadas do contexto e dos problemas enfrentados na escola.
Verificamos, aqui, que na busca de alternativas para esse modelo e visando preservar
(ou implementar) a qualidade educacional na EaD, há uma afinidade entre as idéias
apresentadas nos artigos/trabalhos e as dos autores que compõem nossa abordagem
teórica. Eles propõem a necessidade da apropriação críticas das TIC, o estabelecimento
de parcerias com universidades no desenvolvimento de pesquisas que abordem as
questões concretas e especificidades vividas nas escolas.
No foco Ambiente Virtual de Aprendizagem, os artigos/trabalhos estão
preocupados com o processo de construção de conhecimento nos cursos de formação a
distância diante do grande volume de informações disponibilizadas pelas TIC. Em
linhas gerais, indicam a necessidade de uma reestruturação ampla dos cursos, a qual
envolve desde a adoção de uma matriz curricular flexível e interdisciplinar; a
implementação de metodologias de pesquisa, estimulando a atitude de investigação; até
135
o fortalecimento da interação digital baseada em vínculos afetivos e motivacionais, que
possibilitem a construção coletiva do conhecimento. Ficou-nos evidente que essas
propostas, pelo menos em nível de discurso, estão alinhadas à perspectiva
emancipatória, na medida em que têm por objetivo o processo de conscientização e
formação do cidadão crítico e comprometido com as transformações sociais.
O foco Profissionalização Docente, entre outras questões, aborda as mudanças
paradigmáticas e a formação do professor enquanto profissional reflexivo, temas
recorrentes nas discussões atuais, presentes, também, nos discursos de diversos autores,
que integram nosso embasamento, como: Libâneo (1999 e 2003), Nóvoa (1999 e 1995),
Schön (2000) e Zeichner (1993). A análise depurada dos conteúdos encontrados neste
foco nos levou a concluir que seus autores entendem que as mudanças paradigmáticas
geram a necessidade de buscar uma formação profissional adequada ao novo contexto
social, o que demanda um profissional preparado para atuar em situações singulares e
incertas. Para tanto, a formação continuada de professores a distância, comprometida
com as transformações das práticas pedagógicas, precisa estar baseada nos processos de
reflexão na ação e sobre a ação, valorizando as experiências e os saberes dos
professores.
O foco Descrição e Avaliação de Projetos retoma o princípio básico da EaD: a
democratização do acesso à educação, com a discussão sobre suas possibilidade no
sentido de facilitar a interiorização da universidade. Os autores vinculados a este foco
acreditam que a EaD pode propiciar o diálogo crítico com a realidade, na medida em
que o aluno não precisa se ausentar de seu contexto, ao mesmo tempo que fortalece a
construção de uma identidade coletiva e regional. Para se efetivar a abertura da
universidade e provocar as transformações nas práticas no cotidiano das escolas, é
importante ressaltar o papel da mediação pedagógica, responsável pelo
136
acompanhamento da aprendizagem, avaliação e motivação dos alunos, numa
perspectiva de contextualizar e atender às especificidades da escola. A importância da
mediação pedagógica é uma das questões mais recorrentes no foco das Práticas
Pedagógicas; o que evidencia a complementaridade das idéias apresentadas em
diferentes focos.
(b) Verificar em que medida a perspectiva emancipatória se faz presente nos
artigos/trabalhos em análise
Para tecer nossas conclusões a respeito deste objetivo, julgamos importante
resgatar resultados da pesquisa de Carvalho e Simões (1999) tomados como ponto de
partida em nosso estudo, apresentados anteriormente na seção Procedimentos
Metodológicos, do Capítulo I.
Essas autoras, ao analisarem a produção acadêmica no período de 1990 a 1997,
concluíram que a visão instrumental, ligada à idéia de treinamento, ainda predominava
no uso das TIC na formação continuada de professores. No entanto, os dados obtidos
em nosso estudo indicam que 64% dos artigos/trabalhos, constitutivos do corpus da
pesquisa, estão alinhados à perspectiva emancipatória, evidenciando que há um
movimento em busca de uma formação mais democrática e comprometida com as
transformações sociais. Aqui, portanto, uma conclusão se impôs a mudança no discurso
pedagógico; parece que saímos da fase instrumental e que estamos consolidando o
discurso emancipatório. Resta, no entanto, investigar a denúncia de Nóvoa (1999, p.13)
em artigo no qual ele afirma que na virada do milênio há um excesso de discurso
científico-educacional e uma “pobreza das práticas pedagógicas”.
Um dos critérios de nossa análise foi a presença de referências aos autores que
assumem e defendem a perspectiva emancipatória em seu discurso. Foi importante
verificar que, embora conste de nosso embasamento teórico, não existem referências à
137
Giroux nos artigos/trabalhos selecionados. Este fato nos surpreendeu, já que o autor tem
se destacado no cenário educacional, na medida em que situa as possibilidades do
professor ser um intelectual transformador, que valorize a reflexão crítica para a
formação de uma sociedade mais democrática.
Outro critério utilizado em nossa pesquisa foi o uso de determinadas palavras-
chave que integram o discurso emancipatório. Constatamos que as palavras-chave
estavam presentes na totalidade dos artigos/trabalhos pesquisados, porém nem todas
estavam atreladas a essa perspectiva, já que em seu contexto significativo não assumiam
plenamente a força da concepção de transformação.
A presença da perspectiva emancipatória foi além das referências aos autores ou
do uso das palavras-chave, expressando-se na defesa de diferentes propostas:
redimensionamento do papel do professor; visão da escola como espaço de formação;
parceria universidade-escola; abordagens que priorizem a prática-reflexiva e a pesquisa;
exercício da crítica e do diálogo por meio da problematização da realidade; construção
coletiva do conhecimento e fortalecimento da interação e dos vínculos emocionais.
Essas propostas estão coerentes com os princípios de solidariedade, democracia e justiça
social defendidos pela visão emancipatória, já que também se baseiam no diálogo para o
desenvolvimento da criticidade, participação e conscientização.
(c) Dimensionar a importância desses artigos enquanto subsídios para a
elaboração de propostas de formação continuada de docentes via EaD
Constatamos a riqueza das sugestões apresentadas nos artigos/trabalhos que
podem contribuir efetivamente para elaboração e/ou reformulação de propostas de
formação continuada de professores a distância. As contribuições de cada
138
artigo/trabalho já foram destacadas anteriormente na seção 3.5 do Capítulo III -
Resultado do Estudo. Nessa análise pudemos perceber algumas relações entre as
sugestões oferecidas nos artigos/trabalhos e os indicadores de qualidade propostos pelo
MEC, apresentados na seção 2.1 do Capítulo II – Embasamento Teórico. Considerando
que esses indicadores do MEC são, por princípio, generalistas, as críticas tecidas pelos
autores acabam por clarear a sua compreensão e, ainda, indicam caminhos mais
coerentes para uma educação emancipatória. A seguir apresentamos os indicadores e as
relações que pudemos estabelecer.
(1) Integração com políticas, diretrizes e padrões de qualidade definidos para o ensino
superior e para o curso específico, independente da modalidade presencial ou a
distância – essa preocupação com a qualidade é freqüentemente defendida nos
artigos/trabalhos, em especial, pelos autores que compõem o foco das políticas
públicas ao defenderem uma formação geral sólida, pautada nos valores éticos, e
que são contrários à visão da EaD apenas como instrumento para certificação e
aligeiramento do processo de formação.
(2) Desenho do projeto e a identidade da EAD, com adequação do conteúdo,
linguagem, acompanhamento, avaliação, recursos tecnológicos e pedagógicos às
características do público alvo – Pedrosa (2003) alerta para a necessidade de
considerar a base cultural e socioeconômica, assim como o interesse dos
participantes e sua experiência com as tecnologias.
(3) Formação de uma equipe profissional multidisciplinar, preocupada com a
construção coletiva do projeto político-pedagógico do curso e com a mediação
entre o conhecimento e o aluno – Essa questão também está muito presente em
Pretto (2002), Belloni (2002) e Demo (2000) ao se referirem à importância de um
maior envolvimento dos profissionais na construção coletiva dos projetos de
139
formação continuada, visando sua contextualização. Oliveira (2004), também,
afirma que a constituição de uma equipe multidisciplinar pode colaborar para evitar
uma visão fragmentada.
(4) Comunicação/interatividade entre professor e aluno e entre os alunos do curso,
oferecendo atuais recursos de telecomunicação e momentos presenciais, que
possam contribuir para evitar o isolamento e manter a motivação no processo de
aprendizagem – Esse aspecto foi freqüentemente abordado nos artigos/trabalhos
agrupados no foco dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem. Paiva e Maciel (2000)
afirmam que a interatividade potencializada pelo uso das TIC deve proporcionar a
construção coletiva do conhecimento por meio da participação ativa dos alunos nos
processos de aprendizagem. Já Toschi (2000) propõe uma reestruturação dos
materiais e projetos, visando incentivar a interatividade dos participantes, por meio
do debates de idéias que levem à reflexão coletiva para a real transformação das
práticas pedagógicas.
(5) Qualidade dos recursos educacionais coerentes com a concepção e com o currículo
do curso, levando em consideração: a convergência e a integração entre as
diferentes tecnologias; a elaboração de um guia com orientações para os alunos; a
apresentação em cada unidade dos objetivos e competências favorecendo a auto-
avaliação; a indicação de outras fontes de informação, evitando a centralização na
disseminação do conhecimento; a promoção da interdisciplinaridade,
ultrapassando o modelo fragmentado e descontextualizado – Leite e Teixeira
(2001) afirmam que as tecnologias utilizadas nos projetos de EaD devem estar
coerentes com as estratégias de ensino adotadas e com o público a que se destina,
necessitando este de um período de familiarização que permita melhor
aproveitamento e participação no curso. Souza e Oliveira (2003) indicam a
140
necessidade de se buscar aperfeiçoar os guias pedagógicos para melhor orientar o
processo de aprendizagem dos alunos à distância, facilitando também a transposição
para a prática pedagógica. Já Oliveira (2004) reforça a importância de uma visão
interdisciplinar que ultrapasse o modelo fragmentado do ensino.
(6) Infra-estrutura de apoio proporcional ao número de alunos, aos recursos
tecnológicos e a cobertura territorial, incluindo os núcleos de atendimento ao
aluno adequadamente equipados – Gatti (2003) propõe o envolvimento das
administrações educacionais, locais e regionais, visando o estabelecimento do
serviço de tutoria que atenda às reais necessidades das unidades escolares.
(7) Avaliação de qualidade contínua e abrangente de acordo com as exigências da
legislação e que possibilite ao aluno o desenvolvimento da autonomia, da
criticidade e da responsabilidade quanto ao seu próprio processo de aprendizagem
– Os autores concordam que os programas de formação de professores a distância
devem provocar o desenvolvimento da autonomia, criticidade e responsabilidade na
administração do seu próprio processo de aprendizagem, como forma de atender aos
princípios de educação emancipatória. Duarte (2004) chega a destacar a importância
de se construir instrumentos efetivos para avaliação dos projetos, visando orientar
as políticas para o setor.
(8) Estabelecimentos de convênios e parcerias para garantir o padrão de qualidade do
curso e a legitimidade do diploma oferecido – Esse é outro aspecto muito discutido
pelos autores dos artigos/trabalhos favoráveis ao estabelecimento de parcerias e
alianças entre escola-universidade para o desenvolvimento de pesquisas
contextualizadas, que promovam as desejadas transformações nas práticas
pedagógicas (BELLONI, 2002).
141
(9) Edital e informações sobre o curso, esclarecendo as exigências aos alunos de
cursos a distância na tentativa de se evitar o grande número de evasão nesta
modalidade de ensino – Embora esse aspecto não tenha sido ressaltado pelos
autores, é notória a preocupação com a evasão nessa modalidade de ensino. Os
autores indicam que para enfrentar esse grande problema da EaD é necessária
adoção de várias medidas, desde a elaboração de programas que atendam aos reais
problemas vivenciados no cotidiano da escola (BELLONI, 2003) até a organização
de serviço de acompanhamento dos alunos, por meio de uma efetiva mediação
pedagógica, que privilegie, não apenas os aspectos cognitivos envolvidos do
processo, mas, sobretudo, os aspectos afetivos, emocionais e motivacionais
(BRUNO, 2002 e OLIVEIRA, 2004).
(10) Planejamento criterioso dos altos custos de implementação e manutenção de
cursos a distância para que não ocorra qualquer interrupção no seu oferecimento,
prejudicando a instituição e principalmente os alunos – A questão do alto
investimento necessário para o funcionamento de cursos a distância é abordada por
Sá (2003) ao propor o estabelecimento de convênios entre a universidade e
instituições da sociedade civil, visando à manutenção da qualidade da educação.
Em face do exposto, podemos ressaltar que os artigos/trabalhos, analisados nessa
pesquisa, contribuíram significativamente para que a formação continuada de
professores a distância seja repensada, tendo como base os princípios da educação
emancipatória. É válido, também, admitir que eles constituem subsídios importantes
para as instituições interessadas em elaborar/implementar propostas de formação
docente via EaD, na medida em que iluminam as diretrizes estabelecidas pelo MEC para
142
esta modalidade educativa, diretrizes essas que têm, necessariamente, de ser observadas
na oferta de cursos.
143
REFERÊNCIAS ALARCÃO, I. Formação continuada como instrumento de profissionalização docente. In VEIGA, I. P. A. (Org). Caminhos da profissionalização do magistério. Campinas, São Paulo: Papirus, 1998, p. 99-122 (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico). ALMEIDA, M. E. B. Educação a distância na internet: abordagens e contribuições dos ambiente digitais de aprendizagem. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.29, n.2, p.327-340, jul./dez. 2003. ______. Incorporação da tecnologia de informação na escola: vencendo desafios, articulando saberes, tecendo a rede. In: MORAES, M.C. (Org.) Educação a Distância: fundamentos e práticas. SP, Campinas: UNICAMP NIED, 2002, p. 71-79. ALVES-MAZZOTI, A. J.; GEWANDSZNAJDER, F. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. São Paulo: Pioneira, 2000. BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1992. BARRENECHEA, C. A. A formação da identidade do aluno na educação a distância: reflexões para um debate. Educar, Curitiba, n.21, p.117-131, Editora UFPR, 2003. BARRETO, R. G. Tecnologia e educação: trabalho e formação docente. Educação e Sociedade, Campinas, v.25, n.89, p.1181-1201, set/dez. 2004. ______. Tecnologias na formação de professores: o discurso do MEC. Educação e Pesquisa, v.29, n.2, p.171-286, jul./dez. 2003. _______. Multimídias, organização do trabalho docente e políticas de formação de professores. 23ª Reunião Anual ANPEd, Sessão Especial, 2000. BELINTANE, C. Por uma ambiência de formação contínua de professores. Cadernos de Pesquisa, n.117, p.177-193, novembro, 2002. BELLONI, M. L. Ensaio sobre a educação a distância no Brasil. Educação e Sociedade, Campinas, ano XXIII, n. 78, p. 117-142, abril, 2002. ______. A televisão como ferramenta pedagógica na formação de professores. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.29, n.2, p.287-301, jul./dez. 2003. ______. Educação a Distância. Campinas, São Paulo: Autores Associados, 1999. ______.(Org.) A formação na sociedade do espetáculo. São Paulo: Loyola, 2002. BRUNO, A. R. A linguagem emocional: tecendo a razão e a emoção nos cursos de formação em ambientes telemáticos. 25ª Reunião Anual ANPEd, GT 16 – Educação e Comunicação, 2002.
144
CARNEIRO, V. L. Q. Integração da TV na prática, na formação do professor: desejos, propostas, desconfianças, aprendizados. 26ª Reunião Anual ANPEd, GT 16 – Educação e Comunicação, 2003. CARVALHO, J.M.; SIMÕES, R.H.S. O processo de formação continuada de professores: uma construção estratégico-conceitual expressa nos periódicos brasileiros. Caderno de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Espírito Santo, v. 1, n. 1, p. 11-39, 1999. CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999. COUTO, M. E.; LIMA, E. F. O curso TV na Escola e os desafios de hoje sob a ótica dos participantes. Revista Tecnologia Educacional. v.31, n.161/162, p.89-99, abr./set. 2003. DELUIZ, N. Formação do Trabalhador: produtividade e cidadania. Rio de Janeiro: Shape Ed., 1995. DEMO, P. Conhecimento, tecnologia e formação dos professores das séries iniciais. 23ª Reunião Anual ANPEd, GT 13 - Ensino Fundamental, 2000. ______. Ambivalências da sociedade da informação. Ciência da Informação. vol.29, nº 2, p. 37-42, maio/ago. 2000a. DESCHÊNES, A. J. (et al) Construtivismo e Formação a Distância. Tecnologia Educacional, v. 26 (140) p. 3-10, Jan/Fev/Mar, 1998. DREIFUSS, R. A. A Era das Perplexidades: mundialização, globalização e planetarização: novos desafios. Rio de Janeiro: Vozes, 1996. DUARTE, V. C. Capacitação docente em Minas Gerais e são Paulo: uma análise comparativa. Cadernos de Pesquisa, v.34, n.121, p.139-168, jan/abr. 2004. FAZENDA, I.(Org.) Didática e Interdisciplinaridade. Campinas, São Paulo: Papirus, 1998. FRANCO, M. A.; CORDEIRO, L. M.; CASTILHO, R. A. F. D. O ambiente virtual de aprendizagem e sua incorporação na Unicamp. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.29, n.2, p.341-353, jul./dez. 2003. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2002. ______. Medo e Ousadia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. ______. Professora sim, Tia não. São Paulo: Editora Olho d’Água, 1997. ______. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.
145
______; FAUNDEZ, A. Por uma pedagogia da pergunta. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985 (Coleção Educação e Comunicação, v. 15) ______. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005. FREITAS, H. C. L. Certificação docente e formação do educador: regulação e desprofissionalização. Educação e Sociedade, Campinas, v.24, n.85, p.1095-1124, dez. 2003. FURTER, P. Educação e Vida. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1992. GADOTTI, M. História das Idéias Pedagógicas. São Paulo: Ática, 1996. ______. Perspectivas atuais da educação. São Paulo em Perspectiva, vol.14, nº. 2, p.03-11, abr./jun.2000. GATTI, B. A. Formação Continuada de professores: a questão psicossocial. Cadernos de Pesquisa, n.119, p.191-204, julho, 2003. GIROUX, H.A. A escola crítica e a política cultural. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1992. GÓMEZ, M.V. Educação em rede: uma visão emancipatória. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2004 (Guia de escola cidadã; v.11). GONÇALVES, A. A. M. R. Educação à distância: ampliando caminhos para a formação de professores. Revista Tecnologia Educacional, v.30, n.156, p. 74-81, jan./mar. 2002. GUERRA, A. F.S. Navegando em um ambiente de aprendizagem cooperativa para formação de professores em uma dimensão ambiental. 24ª Reunião Anual ANPEd, GT 16 – Educação e Comunicação, 2001. INEP. Estatísticas do Professor no Brasil. Brasília: MEC, 2003. Disponível em: http://www.inep.gov.br/estatisticas/professor2003/ Acesso em 14/06/2005. JORGE, J.S. A ideologia de Paulo Freire. São Paulo: Loyola, 1981. JAPIASSU, H. Interdisciplinaridade e Patologia do Saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976. LEITE, L. S.; TEIXEIRA, C. M. A educação a distância capacitando professores: em busca de novos espaços para a aprendizagem. Revista Tecnologia Educacional, v.30, n.152/153, p. 136-143, jan./jun. 2001. LIBÂNEO, J. C. Adeus professor, adeus professora?: novas exigências educacionais e profissão docente. São Paulo: Cortez, 2003 (Coleção questões da Nossa Época, v. 67). ______.; PIMENTA, S.G. Formação de profissionais da educação: visão crítica e perspectiva de mudança. Educação e Sociedade, vol.20, nº 68, p. 239-277, dez. 1999.
146
______. As políticas de formação de professores no contexto da reforma universitária: das políticas educativas para as políticas da educação. Revista Profissão Docente Online, UNIUBE/MG,v.04, nº 12, 2004. Disponível em http://www.uniube.br/institucional/proreitoria/propep/mestrado/educaao/revista/artigos.htm. Acessado em 09/01/2006. LIMA, C. M de A formação contínua do professor e a educação a distância: conteúdos de representação social. Revista Tecnologia Educacional, v.31, n.157/158, p.85-94, abr./set. 2002. ______; GRIGOLI, J.A. G.; BARROS, H. F. A educação a distância e o desafio da formação do professor reflexivo: um estudo sobre as possibilidades da EAD na formação pedagógica de professores universitários. 26ª Reunião Anual ANPEd, GT 16 – Educação e Comunicação, 2003. LITWIN, E. (Org.) Educação a Distância: temas para o debate de uma nova agenda educativa. Porto Alegre: Artmed, 2001. LOBO NETO, F. J. da S. EAD e Formação de educadores: educação a distância. Revista Tecnologia Educacional, v.30, n.152/153, p.69-80, jan./jun. 2001. LOPES, E. M. T. Tendências teórico-metodológicas de pesquisa em história da educação. MEC/INEP. Seminário História da Educação Brasileira: a ética dos pesquisadores. Série documental: Eventos, nº 5, p.19-27, maio, 1994. LÜDKE, M; ANDRÉ, M.E.D.A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma e reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003. NOVA, C; ALVES, L. Educação a Distância: limites e possibilidades. In NOVA, C; ALVES, L. (Org.) Educação a Distância: uma nova concepção de aprendizado e interatividade. São Paulo: Futura, 2003, p.1-23. NÓVOA, A. Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992. ______. O passado e o presente dos professores. In NÓVOA, A. (Org.) Profissão Professor. Porto: Porto Editora, 1995. ______. Os professores na virada do milênio: do excesso dos discursos à pobreza das práticas. Educação e Pesquisa, São Paulo, vol.25, nº1, p-11-20, jan./jun. 1999. OLIVEIRA, E. G. Formação de professores a distância na transição de paradigmas. 26ª Reunião Anual ANPEd, GT 08 – Formação de Professores, 2003a. ______. Formação de professores à distância na transição paradigmática Campinas, São Paulo: Papirus, 2003b. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).
147
OLIVEIRA, E. da S. G; NOGUEIRA, M. L. de L. Educação a distância e formação de professores; desafios e perspectivas. Revista Tecnologia Educacional, v.31, n.157/158, p.95-103, abr./set. 2002. OLIVEIRA, L. M. P. Dialogia digital: em busca de novos caminhos à formação de educadores, em ambientes telemáticos. 27ª Reunião Anual ANPEd, GT 08 – Formação de Professores, 2004. ______. Educação a Distância: novas perspectivas à formação de educadores. In MORAES, M.C. (Org.) Educação a Distância: fundamentos e práticas. SP, Campinas: UNICAMP NIED, 2002, p. 91-97. PAIVA, J.; MACIEL, I. M. Redes cooperativas virtuais e formação continuada de professores: estudos para a graduação. 23ª Reunião Anual ANPEd, GT 16 – Educação e Comunicação, 2000. PEDROSA, S. M. P. A. A educação a distância na formação continuada do professor. Educar, Curitiba, n.21, p.67-81, Editora UFPR, 2003. PEREIRA, Eliana P. Programando a tela nas amarras da arte de governar a distância: um estudo do “Curso de extensão TV na escola e os desafios de hoje”. 25ª Reunião Anual ANPEd, GT 08 – Formação de Professores, 2002. PERRENOUD, P. Formação contínua e obrigatoriedade de competências na profissão de professor. In: BITAR, H. A. de F. et al. Idéias – Sistemas de avaliação educacional. São Paulo: SESP - Fundação para o Desenvolvimento da Educação – Diretoria de Projetos Especiais, 1998, p.205-251. PIMENTA, S. G. Formação de professores: identidade e saberes da docência. IN PIMENTA, S. G. (Org) Saberes Pedagógicos e atividade docente. São Paulo: Cortez, 2002. PRADO, M E; VALENTE, J. A. A Educação a Distância possibilitando a formação do professor com base no ciclo da prática pedagógica. In MORAES, M.C. (Org.) Educação a Distância: fundamentos e práticas. SP, Campinas: UNICAMP NIED, 2002, p. 28-38. PRETTI, O. A formação do professor na modalidade a distância: (des)construindo metanarrativas e metáforas. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, v.82, n.200/201/202, p.26-39, jan./dez. 2001. PRETTO, N. de L. Formação de professores exige rede! Revista Brasileira de Educação, n.20, maio/jun./jul./ago. 2002. RAMAL, A.C. Educação a distância:entre mitos e desafios. In NOVA, C; ALVES, L. (Org.) Educação a Distância: uma nova concepção de aprendizado e interatividade. São Paulo: Futura, 2003, p.43-50. RIZZINI, I. et.al. Pesquisando: guia de metodologia da pesquisa para programas sociais. Rio de Janeiro: Editora Universidade Santa Úrsula, 1999.
148
SÁ, R. A. Licenciatura em pedagogia – séries iniciais do ensino fundamental na modalidade de educação a distância: a construção histórica possível na UFPR. Educar, Curitiba, n.21, p.173-204, Editora UFPR, 2003. ______. Educação à distância: considerações preliminares de um percurso na UFPR. Revista Tecnologia Educacional, v.30, n.152/153, p. 23-30, jan./jun. 2001. SANTOS FILHO, J.C. dos. Pesquisa quantitativa versus pesquisa qualitativa. In SANTOS FILHO, J.C. dos. e GAMBOA, S.S. (Org.) Pesquisa educacional: quantidade e qualidade. São Paulo: Cortez, 1997, p. 13-59. SANTOS, L.C.P. Dimensões políticas da formação contínua. In VEIGA, I. P. A. (Org). Caminhos da profissionalização do magistério. Campinas, São Paulo: Papirus, 1998, p.123-136. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico). SAVIANI, D. Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações. São Paulo: Cortez: 1991 (Coleção Polêmica do Nosso Tempo, v.40). ______. Percorrendo caminhos na educação. Educação e Sociedade, vol.23, nº 81, p.273-290, dez. 2002. SCHÖN, D.A. Educando o Profissional Reflexivo: um novo design para o ensino e aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2000. SILVA JÚNIOR, J. dos R. Reformas do Estado e da educação e as políticas públicas para a formação de professores a distância: implicações políticas e teóricas. Revista Brasileira de Educação, n.24, set./out./nov./dez. 2003. SOARES, S. G. Inovações no ensino superior: reflexões sobre a Educação a Distância. In CASTANHO, S. e CASTANHO, M. E. O que há de novo na educação superior: do projeto pedagógico à prática transformadora. São Paulo, Campinas, Papirus, 2000, p.221-238. SOUZA, O. N. B. de; OLIVEIRA, N. C. M. de. Irradiando o currículo: a proposta curricular do projeto rádio pela educação em análise. 26ª Reunião Anual ANPEd, GT 16 – Educação e Comunicação, 2003. TOSCHI, M. S. Formação de professores e TV Escola. 23ª Reunião Anual ANPEd, GT 16 – Educação e Comunicação, 2000. TRIGUEIRO, D. Um mundo novo, uma nova educação. Rio de Janeiro, Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, 51 (113): 9-18, jan./mar. 1969. QUALIS. Sistema de Classificação de Periódicos, Anais e Revistas. Brasília: CAPES/MEC, 2003. Disponível em http://qualis.capes.gov.br/ Acesso em 14/06/2005. VEIGA, I. P. (Org). As dimensões do Projeto Político Pedagógico. Campinas, São Paulo: Papirus, 2001.
149
VILARINHO, L. R Educação continuada e educação a distância: anomalias no contexto do paradigma tradicional de ensino? 24ª Reunião Anual ANPEd, GT 04 – Didática, 2001. _______; BARRETO, R. B. R. Da tecnologia para além da tecnologia: a internet como possibilidade de redimensionamento do papel do professor. 27ª Reunião Anual ANPEd, GT 04 – Didática, 2004. ZEICHNER, K.M. A formação reflexiva de professor: idéias e práticas. Lisboa: Educa, 1993. ______; DINIZ-PEREIRA, J.E. Pesquisa dos educadores e formação docente voltada para a transformação social. Cadernos de Pesquisa, v.35, n.125, maio/ago. 2005.
150
ANEXO A – Obras que Subsidiaram a Visão Emancipatória Encontrada nos
Artigos/Trabalhos que Integram o Corpus da Pesquisa.
Artigo: BRUNO, A. R. A linguagem emocional: tecendo a razão e a emoção nos cursos de formação em ambientes telemáticos. 25ª Reunião Anual ANPEd, GT 16 – Educação e Comunicação, 2002. Referências: FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz eTerra, 1987. ______. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1996. NÓVOA, A. (Org.).Os professores e a sua Formação. Portugal: Publicações Dom Quixote, 1992. Artigo: CARNEIRO, V. L. Q. Integração da TV na prática, na formação do professor: desejos, propostas, desconfianças, aprendizados. 26ª Reunião Anual ANPEd, GT 16 – Educação e Comunicação, 2003. Referências: NÓVOA, A. Entrevista a Paola Gentile. Revista Nova Escola. Edição Nº142, Maio de 2001. Disponível em http://www.jcwilke.hpg.ig.com.br/novoa4.htm . Acesso em 23 junho de 2003. FREIRE, P.; GUIMARÃES, S. Sobre educação: diálogos. Rio Janeiro: Paz e Terra, 1984. Artigo: DUARTE, V. C. Capacitação docente em Minas Gerais e são Paulo: uma análise comparativa. Cadernos de Pesquisa, v.34, n.121, p.139-168, jan/abr. 2004. Referências: NÓVOA, A. Formação de professores e profissão docente. In: NÓVOA, A. (coord.) Os Professores e a sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992. SCHÖN, D.A. Formar professores como profissionais reflexivos. In: NÓVOA, A. (coord.) Os Professores e a sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992. p.77-92. ZEICHNER, K. Novos caminhos para o practicum: uma perspectiva para os anos 90. In: NÓVOA, A. (coord.) Os Professores e a sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992. Artigo: FREITAS, H. C. L. Certificação docente e formação do educador: regulação e desprofissionalização. Educação e Sociedade, Campinas, v.24, n.85, p.1095-1124, dez., 2003.Referências: SAVIANI, D. Uma estratégia para a reformulação dos cursos de pedagogia e licenciatura: formar o especialista e o professor no educador. Em aberto, Brasília, DF, v. 1, n. 8, ago. 1982.
151
Artigo: GONÇALVES, A. A. M. R. Educação à distância: ampliando caminhos para a formação de professores. Revista Tecnologia Educacional, v.30, n.156, p. 74-81, jan./mar. 2002. Referências: GADOTTI, M. A educação contra a Educação. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. ______. Perspectivas Atuais da Educação. Porto Alegre, 2000. NÓVOA, A (Coord.) Os professores e a sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1995. SCHÖN, D. La formación de profissionales reflexivos. Barcelona: Paidós, 1992. Artigo: LIMA, C. M de A formação contínua do professor e a educação a distância: conteúdos de representação social. Revista Tecnologia Educacional, v.31, n.157/158, p.85-94, abr./set. 2002. Referências: NÓVOA, A. Formação de professores e profissão docente. In NÓVOA , A. (Org.) Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1997. p-15-33. SCHÖN, D.A. Formar professores como profissionais reflexivos. In NÓVOA , A. (Org.) Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1997. Artigo: LIMA, C. M de; GRIGOLI, J. A. G.; BARROS, H. F. A educação a distância e o desafio da formação do professor reflexivo: um estudo sobre as possibilidades da EAD na formação pedagógica de professores universitários. 26ª Reunião Anual ANPEd, GT 16 – Educação e Comunicação, 2003. Referências: SCHON,D.A. Formar professores como profissionais reflexivos. In NÓVOA, A. Os professores e sua formação. Lisboa: D.Quixote, 1997. ZEICHNER,K.M. A formação reflexiva de professores: idéias e práticas. Lisboa: Educa, 1995. Artigo: OLIVEIRA, E. G. Formação de professores a distância na transição de paradigmas. 26ª Reunião Anual ANPEd, GT 08 – Formação de Professores, 2003a. Referências: FREIRE. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. NÓVOA, A. (Coord.). Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1995. SCHÖN, D. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
152
ZEICHNER, K.Novos caminhos para o practicum: uma perspectiva para os anos 90. In: NÓVOA, A. (Coord.). Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote,1995,p.115-138. Artigo: OLIVEIRA, L. M. P. Dialogia digital: em busca de novos caminhos à formação de educadores, em ambientes telemáticos. 27ª Reunião Anual ANPEd, GT 08 – Formação de Professores, 2004. Referências: FREIRE, P. Extensão ou comunicação? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. ______. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001. Artigo: PAIVA, J.; MACIEL, I. M. Redes cooperativas virtuais e formação continuada de professores: estudos para a graduação. 23ª Reunião Anual ANPEd, GT 16 – Educação e Comunicação, 2000. Referências: FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1982. Artigo: PEDROSA, S. M. P. A. A educação a distância na formação continuada do professor.Educar, Curitiba, n.21, p.67-81, Editora UFPR, 2003. Referências: DEMO, P. Questões para a teleducação. Petrópolis: Vozes, 1998. FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975. NÓVOA, A. Os professores e sua formação. In: _____. (Org.). Formação de professores e profissão docente. Lisboa: D. Quixote, 1992. SCÖHN, D. A. Formar professores como profissionais reflexivos. In: NÓVOA, A. (Org.). Formação de professores e profissão docente. Lisboa: D. Quixote, 1992. Artigo: PRETTI, O. A formação do professor na modalidade a distância: (des)construindo metanarrativas e metáforas. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, v.82, n.200/201/202, p.26-39, jan./dez. 2001. Referências: NÓVOA, A. Professor se forma na escola. Entrevistadora: Paola Gentili. Nova Escola, São Paulo, v.16, n. 142, maio, 2001. Entrevista
153
Artigo: SÁ, R. A. Licenciatura em pedagogia – séries iniciais do ensino fundamental na modalidade de educação a distância: a construção histórica possível na UFPR. Educar, Curitiba, n.21, p.173-204, Editora UFPR, 2003. Referências: DEMO, P. Desafios modernos da Educação. Petrópolis: Vozes, 1993. FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática docente. São Paulo: Paz e Terra, 1997. SAVIANI, D. Sobre a natureza e a especificidade da Educação. In: SAVIANI, D. Pedagogia Histórico-Crítica – primeiras aproximações. São Paulo: Cortez, 1991. p. 19-30. Artigo: SILVA JÚNIOR, J. dos R. Reformas do Estado e da educação e as políticas públicas para a formação de professores a distância: implicações políticas e teóricas. Revista Brasileira de Educação, n.24, set./out./nov./dez. 2003. Referências: LIBÂNEO, José Carlos, PIMENTA, Selma Garrido. Formação dos profissionais da educação: visão crítica e perspectivas de mudança. Educação e Sociedade, no 68, número especial sobre formação de profissionais da educação: políticas e tendências, p. 239-277, 1999. Artigo: SOUZA, O.N. B. de; OLIVEIRA, N. C. M. de. Irradiando o currículo: a proposta curricular do projeto rádio pela educação em análise. 26ª Reunião Anual ANPEd, GT 16 – Educação e Comunicação, 2003. Referências: FREIRE, P. Educação e Mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. Artigo: TOSCHI, M. S. Formação de professores e TV Escola. 23ª Reunião Anual ANPEd, GT 16 – Educação e Comunicação, 2000. Referências: NÓVOA, A.(org.). As organizações escolares em análise. 2. ed. Lisboa, Dom Quixote, 1995. ZEICHNER, K. A formação reflexiva de professores: idéias e práticas. Lisboa, Educa, 1993.
154
Artigo: VILARINHO, L. R Educação continuada e educação a distância: anomalias no contexto do paradigma tradicional de ensino? 24ª Reunião Anual ANPEd, GT 04 – Didática, 2001. Referências: DEMO, P. Pesquisa: princípio científico e educativo. São Paulo: Cortez, 1992.
FREIRE, P. Pedagogia: diálogo e conflito. São Paulo: Cortez, 1985.
______. Pedagogia da Autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999. GADOTTI, M. História das Idéias Pedagógicas. São Paulo: Atlas, 1996.
JAPIASSU, H. Pedagogia da Incerteza. Rio de Janeiro: Imago, 1983.
Artigo: VILARINHO, L. R; BARRETO, R.B.R. Da tecnologia para além da tecnologia: a internet como possibilidade de redimensionamento do papel do professor. 27ª Reunião Anual ANPEd, GT 04 – Didática, 2004. Referências: FREIRE, P. Educação e mudança. São Paulo: Paz e Terra, 1994. ______ Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1999. ______ Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 2001. GADOTTI, M. Pedagogia da práxis. São Paulo: Cortez, 1995. JAPIASSU, H. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976. ______Um desafio à educação. São Paulo: Letras & Letras, 1999. NÓVOA, A. O processo histórico da profissionalização do professorado. In: NÓVOA, A. (Org.) Profissão professor. Lisboa: Porto Editora, 1995.
155
ANEXO B - Relação de Artigos/Trabalhos Classificados na Visão Emancipatória
ALMEIDA, M. E. B. Educação a distância na internet: abordagens e contribuições dos ambiente digitais de aprendizagem. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.29, n.2, p.327-340, jul./dez. 2003. BARRETO, R. G. Tecnologia e educação: trabalho e formação docente. Educação e Sociedade, Campinas, v.25, n.89, p.1181-1201, set/dez. 2004. ______. Tecnologias na formação de professores: o discurso do MEC. Educação e Pesquisa, v.29, n.2, p.171-286, jul./dez. 2003. _______. Multimídias, organização do trabalho docente e políticas de formação de professores. 23ª Reunião Anual ANPEd, Sessão Especial, 2000. BELLONI, M. L. Ensaio sobre a educação a distância no Brasil. Educação e Sociedade, Campinas, ano XXIII, n. 78, p. 117-142, abril, 2002. ______. A televisão como ferramenta pedagógica na formação de professores. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.29, n.2, p.287-301, jul./dez. 2003. BRUNO, A. R. A linguagem emocional: tecendo a razão e a emoção nos cursos de formação em ambientes telemáticos. 25ª Reunião Anual ANPEd, GT 16 – Educação e Comunicação, 2002. USF. CARNEIRO, V. L. Q. Integração da TV na prática, na formaão do professor: desejos, propostas, desconfianças, aprendizados. 26ª Reunião Anual ANPEd, GT 16 – Educação e Comunicação, 2003. DEMO, P. Conhecimento, tecnologia e formação dos professores das séries iniciais. 23ª Reunião Anual ANPEd, GT 13 - Ensino Fundamental, 2000. UnB DUARTE, V. C. Capacitação docente em Minas Gerais e são Paulo: uma análise comparativa. Cadernos de Pesquisa, v.34, n.121, p.139-168, jan/abr. 2004. FREITAS, H. C. L. Certificação docente e formação do educador: regulação e desprofissionalização. Educação e Sociedade, Campinas, v.24, n.85, p.1095-1124, dez., 2003. LIMA, Claudia M de A formação contínua do professor e a educação a distância: conteúdos de representação social. Revista Tecnologia Educacional, v.31, n.157/158, p.85-94 abr./set. 2002. LIMA, C. M de; GRIGOLI, J. A. G.; BARROS, H. F. A educação a distância e o desafio da formação do professor reflexivo: um estudo sobre as possibilidades da EAD na formação pedagógica de professores universitários. 26ª Reunião Anual ANPEd, GT 16 – Educação e Comunicação, 2003.UCDB
156
OLIVEIRA, E. G. Formação de professores a distância na transição de paradigmas. 26ª Reunião Anual ANPEd, GT 08 – Formação de Professores, 2003a. OLIVEIRA, L. M. P. Dialogia digital: em busca de novos caminhos à formação de educadores, em ambientes telemáticos. 27ª Reunião Anual ANPEd, GT 08 – Formação de Professores, 2004. PUC-SP PAIVA, J.; MACIEL, I. M. Redes cooperativas virtuais e formação continuada de professores: estudos para a graduação. 23ª Reunião Anual ANPEd, GT 16 – Educação e Comunicação, 2000. UERJ. PEDROSA, S. M. P. A. A educação a distância na formação continuada do professor.Educar, Curitiba, n.21, p.67-81, Editora UFPR, 2003. PRETTI, O. A formação do professor na modalidade a distância: (des)construindo metanarrativas e metáforas. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, v.82, n.200/201/202, p.26-39, jan./dez. 2001. PRETTO, N. de L. Formação de professores exige rede! Revista Brasileira de Educação, n.20, maio/jun./jul./ago. 2002. SÁ, R. A. Licenciatura em pedagogia – séries iniciais do ensino fundamental na modalidade de educação a distância: a construção histórica possível na UFPR. Educar, Curitiba, n.21, p.173-204, Editora UFPR, 2003. SOUZA, O.N. B. de; OLIVEIRA, N. C. M. de. Irradiando o currículo: a proposta curricular do projeto rádio pela educação em análise. 26ª Reunião Anual ANPEd, GT 16 – Educação e Comunicação, 2003. UFPA
TOSCHI, M. S. Formação de professores e TV Escola. 23ª Reunião Anual ANPEd, GT 16 – Educação e Comunicação, 2000. FE/UFG VILARINHO, L. R Educação continuada e educação a distância: anomalias no contexto do paradigma tradicional de ensino? 24ª Reunião Anual ANPEd, GT 04 – Didática, 2001. UNESA VILARINHO, L. R; BARRETO, R.B.R. Da tecnologia para além da tecnologia: a internet como possibilidade de redimensionamento do papel do professor. 27ª Reunião Anual ANPEd, GT 04 – Didática, 2004. UNESA