CONSELHO DE CLASSE: UM INSTRUMENTO DE REFLEXÃO … · Conselho de Classe já está inserida no seu...
-
Upload
truongdung -
Category
Documents
-
view
221 -
download
0
Transcript of CONSELHO DE CLASSE: UM INSTRUMENTO DE REFLEXÃO … · Conselho de Classe já está inserida no seu...
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
<>
<>
<>
<>
CONSELHO DE CLASSE:
UM INSTRUMENTO DE REFLEXÃO NA AÇÃO
ESCOLAR
<>
<>
<>
Por: Fabiano Battemarco da Silva Martins
<>
<>
<>
Orientadora: Profa. Mary Sue
Rio de Janeiro
2011
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
<>
<>
<>
<>
<>
CONSELHO DE CLASSE:
UM INSTRUMENTO DE REFLEXÃO NA AÇÃO
ESCOLAR
<>
<>
<>
<>
<>
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Administração
e Supervisão Escolar.
Por: Fabiano Battemarco da Silva Martins
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus por ter me sustentado durante toda a minha pós-
graduação dando-me forças para romper com as dificuldades e a permanecer
com ousadia até o fim dessa jornada.
Agradeço a minha família pelo seu apoio, ajuda, e pela sua sensibilidade
e paciência nos momentos cruciais da minha trajetória acadêmica.
Agradeço o apoio dos parentes e amigos que me incentivaram com
palavras, ajuda, e, sobretudo, com orações a meu favor perante o meu amado
Deus.
Agradeço a minha orientadora professora Mary Sue Pereira por seu
compromisso na Instituição e dedicação na orientação da minha monografia.
.
DEDICATÓRIA
..... À Deus pelo privilégio de romper
com os obstáculos tendo total certeza
de que esteve sempre comigo no
decorrer da trajetória acadêmica. O
Seu sustento, a Sua provisão foi para
mim a maneira pela qual compreendi o
Seu amor. Tudo isso foi necessário
para o amadurecimento da minha
caminhada.
RESUMO
Este trabalho tem por finalidade sugerir uma ponderação sobre o papel
do Conselho de Classe, que além de sua ação histórica como ferramenta de
avaliação do procedimento ensino-aprendizagem, é, também, uma construção
importante na prática de uma Gestão Escolar. Tal asseveração deve-se ao fato
de que o Conselho de Classe reúne os fundamentais atores do processo
educacional envolvidos na procura de uma educação de qualidade, aferindo
não só o desempenho do aluno e da prática docente, porém todos os fatores
administrativos e ambientais que ressoam no cotidiano do educando e,
consequentemente, no sucesso escolar. Sendo assim, o diálogo, a
demarcação de papéis, o planejamento, a avaliação e, sobretudo, a
participação ativa e todos os componentes da comunidade escolar no
Conselho de Classe modificam essa instância numa das principais ferramentas
de uma Gestão participativa.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada para o cumprimento do trabalho encontra-se
situada na leitura da bibliografia sobre o tema, na utilização de informações
sobre Conselho de Classe no Colégio Estadual Barão de Tinguá, situado no
município de Nova Iguaçu. Também motivou-se pela a análise de documentos
do Conselho Estadual de Educação e entrevistas dos docentes que ministram
nessa escola.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I – APONTANDO A GENÊSES
E O CAMINHO DO CONSELHO DE CLASSE 11
CAPÍTULO II - CONSELHO DE CLASSE:
COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS 22
CAPÍTULO III – COMPREENSÃO DA
PRÁTICA NO CONSELHO DE CLASSE 29
CONCLUSÃO 37
ANEXOS 40
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 46
FOLHA DE AVALIAÇÃO 48
INTRODUÇÃO
O Conselho de Classe entendido como organismo constituído que reúne
todos os agentes ligados ao processo de ensino-aprendizagem, presente na
instituição escolar, que tem como objetivo refletir e avaliar o desempenho
pedagógico dos alunos (Dalben, 2004, p: 31) tem se modificado em encontros
de professores que se limitam a passar, ao coordenador, dados pouco
profundos sobre os alunos, muitas vezes identificados apenas por seus
números no diário de classe. Assim, o Conselho de Classe que deveria refletir
sobre o aproveitamento dos alunos e aventar práticas promotoras na busca
para a melhor aplicação pedagógica do corpo discente, transformou-se em
uma reunião de professores acomodados com sua prática, atribuindo aos
alunos o fracasso escolar.
Em concordância a isso, a falta de propostas que promovam a reflexão
crítica sobre os papéis exercidos pelos diferentes intérpretes da comunidade
escolar, que deveriam ser dirigidas pelo corpo dirigente (direção e
coordenação) da unidade escolar como meio de certificar o papel do Conselho
de Classe, ou seja, a busca de instrumentos que agenciem a qualificação do
corpo discente para a apropriação dos diferentes saberes, competências e
habilidades.
Neste contexto, percebe-se que no mesmo palco – a escola – em que
deve-se exercer a democratização da escola e a educação democrática,
estabelecem-se mecanismos (através da prática avaliativa) que classificam e
excluem os alunos, dando ao professor total poder de decisão sobre cada
aluno da escola.
Todavia, na busca da democratização do ensino, a ação docente deve
ser a fonte dinamizadora de todo processo educativo, devendo, para isto,
utilizar-se dos recursos da avaliação educacional com vista à melhor orientação
do ensino e da aprendizagem. (Rosa, 1992, p.2)
Outra ideia que nos norteiam são as concepções que regem as ações de
todas as pessoas envolvidas no processo de avaliação sejam elas, alunos,
família ou profissionais da educação são direta e indiretamente influenciadas
pela sociedade capitalista na qual se vive.
No final do séc. XIX, quando o capitalismo sofreu sua primeira grande
crise pela falta de demanda de produtos industrializados e fortes lutas dos
trabalhadores organizados, houve um grande investimento em tecnologia e o
aperfeiçoamento tem como modelo a produção taylorista/fordista que se
baseava na organização padronizada e na produção em série e,
consequentemente, na fragmentação do processo. Controlava também a
maneira de pensar (racionalidade positiva), contribuindo assim, na alienação do
trabalhados. Essas práticas estão fortemente presentes no modelo de
avaliação encontrado nas escolas hoje, mesmo tendo a sociedade passado
pelo modelo de produção flexível (toyotismo), ao final do século XX. Quando a
escola assume um processo de avaliação que atribui uma nota ou cômputo de
pontos acumulativos, como se a avaliação fosse um processo isolado de todo
caminho percorrido pelo aluno na construção do conhecimento. Esse aluno
assume a postura do “operário executor passivo”, ou seja, aquele que tudo
realiza sem questionar...
A avaliação da aprendizagem escolar no Brasil, está a serviço de uma
pedagogia dominante que, por sua vez, serve a um modelo social dominante, o
qual, genericamente, pode ser identificado como modelo social liberal
conservador. A sociedade prevê e garante aos cidadãos os direitos de
igualdade e liberdade perante a lei. Cada indivíduo pode e deve, com seu
próprio esforço, livremente, contando com a formalidade da lei, buscar sua
autorealização pessoal, por meio das conquistas e do usufruto da propriedade
privada e dos bens. As pedagogias que buscavam a hegemonia, as quais se
definiram historicamente nos períodos subsequentes à Revolução Francesa
estiveram e ainda estão a serviço desse modelo social. Em vista disso, a
avaliação educacional em geral e a da aprendizagem em específico,
contextualizadas dentro dessas pedagogias, estiveram e estão
instrumentalizadas pelo mesmo entendimento teórico-prático da sociedade.
Portanto, o trabalho apresentado tem por finalidade entender o
funcionamento do Conselho de Classe como uma ferramenta de ponderação e
ação de uma gestão preocupada com o sucesso escolar e que para alcançar
sua meta, compreende que a participação de todos os membros da
comunidade escolar é fundamental nesse processo.
O trabalho se motivou em pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo e
em dados publicados pela Secretaria de Estado de Educação do Rio de
Janeiro, tendo em vista que a delimitação do tema compreende uma instituição
da rede pública de ensino do Estado do Rio de Janeiro.
Para entender o tema em questão e as possibilidades de utilizá-lo como
um instrumento de gestão participativa, o trabalho fragmenta-se em três
capítulos que buscam esclarecer a função do Conselho de Classe, suas
competências e expor estratégias para enxerga-lo com sucesso.
Dessa forma, o primeiro capítulo apresenta a história do Conselho de
Classe, suas perspectivas ao longo das últimas décadas.
No segundo capítulo, são elucidadas as competências do Conselho de
Classe e dos agentes envolvidos no mesmo e, também são apresentadas
táticas para enxerga-lo de forma expressiva para o processo de ensino-
aprendizagem.
E, finalmente, o terceiro capítulo é apresentado uma reflexão sobre
pontos norteadores dos docentes para a realização do Conselho de Classe do
Colégio Estadual Barão de Tinguá e possíveis estratégias para superar as
dificuldades geradas por essas orientações.
CAPÍTULO I
APONTANDO A GENÊSES E O
CAMINHO DO CONSELHO DE CLASSE
O capítulo traz a ideia da origem e o caminho do Conselho de Classe
para um melhor aproveitamento. Inicialmente criado como um caminho que
permitisse a discussão entre professores e outros educadores acerca da
avaliação, os Conselhos de Classe, muitas vezes fugindo desse objetivo, têm
se resumido a procedimentos burocráticos, desperdiçando uma valiosa
oportunidade de reflexão quanto a formas de se conhecer melhor os alunos e
de enxer-los na construção do conhecimento.
Segundo Rocha (1986), o Conselho de Classe tem a sua origem na
França, por volta de 1945, surgindo pela necessidade de um trabalho
interdisciplinar com classes experimentais. Por ocasião da reforma do ensino
francês de 1959, foram instituídos três tipos de conselhos: o Conselho de
Classe, no que tange a turma; o Conselho de Orientação, no âmbito do
estabelecimento; e o Conselho Departamental de Orientação, no contexto mais
amplo. Essa reforma almejava declaradamente “organizar um sistema escolar
fundado na observação sistemática e contínua dos alunos com vistas a
oferecer a cada um, um ensino que corresponda a seus gostos e aptidões”.
Para todos os professores em exercício no magistério, a prática do
Conselho de Classe já está inserida no seu planejamento do ano letivo. Para a
grande maioria desses docentes, o Conselho de Classe é entendido como uma
reunião de professores, em que a pauta tem como tema principal a promoção
ou não do discente, em que as palavras aprovado e retido (Guerra, 2006)
ressoam pela sala cumprindo assim, na visão desses docentes, a finalidade
daquele encontro.
Essa prática limitada, retirada dos Conselhos todo significado de sua
existência, sua historicidade e a própria valorização e capacitação do
professor, que tem nesse espaço a oportunidade de buscar, através da troca
de informações com seus pares, metodologias que proporcionem um melhor
aproveitamento do processo ensino-aprendizagem.
Ao conhecer a origem e o processo de constituição do Conselho de
Classe ao longo das últimas décadas, percebemos que sua história está
vinculada ao processo de construção democrática e a busca de melhor
qualidade de ensino para que o aluno possa se tornar um cidadão pleno e
consciente de seu papel político na sociedade.
Assim, ao mesmo tempo em que o Conselho de Classe vai se
construindo como uma instância importante dentro das escolas vão se
construindo caminhos e possibilidades para a elaboração de novos projetos
pedagógicos pautados em ações democráticas, participativas e significativas
para o corpo discente. No entanto, a falta de celebração e valorização desse
momento importante no processo educativo, leva a descaminhos e
desconstruções da proposta central do Conselho de Classe, que é refletir sobre
a própria prática do docente.
A origem do Conselho de Classe, enquanto instância de decisões
pertinentes ao âmbito de cada escola tem, segundo Rocha (1986), sua origem
na França, por volta de 1945. Seu funcionamento está ligado ao
desenvolvimento “de novos métodos de ensino que utilizavam, entre outras
inovações, “métodos ativos”, e visavam adaptar a pedagogia à democratização
do ensino (Tamberlini, 2000, p.46), uma nova proposta implementada pelo
Centre International d’Etudes Pédagogiques – Liceu de Sèvres, criado em
1945.
Todavia, é com a reforma do ensino francês em 1959, que se tem a
ideia clara da função do Conselho de Classe naquele país, definindo sua
atuação para as questões de cada turma (classe), enquanto que para a
discussão de temas ligados à escola e a comunidade escolar, instituiu-se o
Conselho de Orientação.
O Conselho de Classe, nesse momento, tem caráter orientador
(Dalben, 2004), emitindo pareceres que orientavam o educando às diferentes
modalidades de ensino, de acordo com suas habilidades, aproximando-se de
uma orientação vocacional.
Assim, a origem dos Conselhos de Classe está centrada segundo
Dalben (2004, p.22), na avaliação classificatória, determinando a vida futura do
aluno, a busca de novas formas de funcionamento desses Conselhos surgirá
em anos seguintes e será adaptado a realidade de cada Sistema de Ensino
que dele se valer, como o caso do Brasil.
No Brasil, as primeiras experiências com o funcionamento de
Conselhos de Classe se dão a partir de 1959, no Colégio de Aplicação da
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
A implantação dessa nova prática, se fez a partir da experiência vivida
e apreendida por educadores brasileiros que estavam realizando estudos na
França, em 1958, no entanto, precisamente no Instituto de Pesquisas
Educacionais de Sèveres.
Nesse mesmo período, em 1959, vários educadores brasileiros que
buscavam a modernização e a democratização do ensino, redigiram um
documento que ficou conhecido como o segundo Manifesto dos Educadores,
em referência ao Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932), publicado
com o apoio do jornal Folha de São Paulo e o Diário do Congresso Nacional,
segundo Manifesto dos Educadores, teve seu texto transformado em lei e
aprovado em 20 de dezembro de 1961, dando origem a lei n° 4.024/61 (lei de
Diretrizes e Bases da Educação).
A partir disso, podemos dizer que o Conselho de Classe foi trazido para
o Brasil no ano de 1958, após visitas e estágios realizados por dez
profissionais da educação, sendo três orientadoras educacionais e sete
professoras, que tinham a intenção de estudar as classes experimentais que
haviam sido introduzidas no ensino francês desde o ano de 1945, no Instituto
de Pesquisas de Sèvres, segundo Loffredi aput Any Dutra. 1986, p.17.
Nestas classes experimentais, haviam sido desenvolvidas várias
inovações que puderam ser observadas e despertaram o interesse das
estagiárias brasileiras. Apesar de que a maioria das experiências já era do
conhecimento dos profissionais da educação brasileira, uma delas, entretanto,
despertou grande interesse nas estagiárias, o Conselho de Classe, que era
uma atividade educativa não difundida na educação brasileira e apresentava-se
como uma proposta de grande potencialidade para a melhoria da educação.
Em 1959 aplicou-se a prática do Conselho de Classe pelas estagiárias,
primeiramente, no Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Estado do
Rio de Janeiro (Cap) e no Centro Educacional Niterói. Devido ao êxito das
classes experiências, o Colégio de Aplicação da Universidade Federal do
Estado do Rio de Janeiro (Cap) aplicou nas demais classes, teve financiamento
do Ministério da Educação e Cultura (MEC) e recebeu o apoio do seu corpo
docente.
Outras instituições educacionais que realizaram estas experiências
foram: Colégio Brasileiro de Almeida do Estado do Rio de Janeiro, os Colégios
Santa Cruz de São Paulo e o de São João D’el Rei em Minas Gerais e o
Colégio Camilo Castelo Branco no Estado do Rio de Janeiro, com isso o
Conselho de Classe evidencia a sua importância para a educação.
Em 11 de agosto de 1971, foi criada a lei 5.962 que apesar de não
apresentar claramente as normas para o Conselho de Classe, foi uma abertura
para a sua implantação nas escolas. O Colégio de Aplicação foi requisitado por
instituições e profissionais da área interessados em conhecer, entender e
aplicar a nova lei, não só para adequar-se a ela como também porque sentiam
a necessidade de sua introdução a realização de um trabalho de qualidade,
conforme Any Dutra, 1986.
Dentro desse princípio, precisamos compreender que é de
responsabilidade da União legislar sobre as diretrizes e bases da educação
Nacional. Assim, as leis que regem, no momento, a educação são:
- Constituição Brasileira – 1988;
- Lei n° 4.024, de 20 de dezembro de 1961, no presente, somente com alguns
artigos em vigor, após haverem sofrido alterações;
- Lei n° 5.692, de 11 de agosto de 1971 e n° 7044 de 10 de outubro de 1982,
ambas com vigência até dezembro de 1987, inclusive;
- Lei n° 9.131, de 24 de novembro de 1995 – altera dispositivos da Lei 4024/61;
- Lei n° 9.192, de 21 de dezembro de 1995 – altera dispositivos da Lei 5540/68;
- Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – fixam diretrizes e bases da
educação nacional.
Na busca de uma legislação específica que dirigisse e regulamentasse
os Conselhos de Classe, verificou-se que sua expansão formal começou a
partir da lei 5.692/71.
Como afirma Dalben,
“Anteriormente a Lei 5.692/71 o Conselho de Classe
não se apresentava como instância formalmente
instituída na escola, acontecendo de forma
espontânea em escolas que voluntariamente se
dispusessem a enxerga-lo como de importância
pedagógica.” (Dalben, 1992, p.28).
Sobre a referida lei, ainda diz: “Essa lei surge para dirigir o sistema
escolar por meio de um processo político pautado pelo autoritarismo, sem a
participação de setores representados da nacionalidade.” (Dalben, 1992, p.28)
A lei 5.692/71 não fornecia uma base esclarecedora para a formalização
dos procedimentos dos Conselhos de Classe e de acordo com o seu parágrafo
único do artigo 2°:
“A organização administrativa, didática e disciplinar
de cada estabelecimento de ensino será regulada no
respectivo Regimento, a ser aprovado pelo órgão
próprio do sistema, com observância de normas
fixadas pelo respectivo Conselho de Educação”.
E com isto, as escolas que já haviam implantado os Conselhos de Classe como
o Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Cap) e
outras serviam de modelo e orientaram as escolas que estavam iniciando esta
atividade educacional.
Em 19 de fevereiro de 1973 foi criado o Parecer do Conselho Estadual
de Educação de n° 1.367, que instituíam os Conselhos de Classe de forma
obrigatória nos estabelecimentos oficiais de ensino no antigo Estado da
Guanabara, esta implantação ocorreu a princípio no ensino fundamental da
rede Estadual pela portaria “N” SED n° 9 de 16 de dezembro de 1973 e através
da portaria “E” n° 39 de 11 de novembro de 1974, a implantação foi estendida
ao ensino médio e depois, as “Normas para um Conselho de Classe” divulgada
pela coordenação de Ensino do 2° grau da SEEC (CEE) em 1976, todos esses
Pareceres, Normas, vieram para fornecer uma base mais esclarecedora sobre
o assunto.
O Parecer 1.367/73 estipula ainda que os Conselhos de Classe
serão em números correspondentes ao de turmas existentes em cada
estabelecimento, para avaliação do aproveitamento dos alunos, e determina
que ao avaliar o aluno cada membro deva:
- entender cada aluno como uma pessoa humana única e diferenciada;
- ser capaz de uma visualização das potencialidades de cada aluno;
- sentir que a aferição não se resume na medida de conhecimentos
acadêmicos, mas envolve além desta, a aquisição de habilidades e a formação
de atitudes numa avaliação global do aluno.
Dos objetivos gerais explicitados no Parecer, transparece a preocupação
com o caráter avaliativo do Conselho de Classe: três deles referem-se
avaliação do aluno, dois sobre recuperação e apenas um sobre o
desenvolvimento da prática pedagógica.
Concluímos que para os professores que estão na prática docente, o
Conselho de Classe faz parte do seu calendário escolar. Para a maioria desses
professores o Conselho de Classe é uma reunião de professores em que
temos a responsabilidade de promover ou não o aluno. Entendemos que o
objetivo do Conselho de Classe é refletir e avaliar o desempenho pedagógico
dos alunos (Dalben, 2004, p.31). Assim, o Conselho de Classe que deveria
refletir sobre o desenvolvimento dos alunos e discutir ações promotoras na
busca para melhor aproveitamento pedagógico do corpo discente, transformou-
se em uma reunião de professores conformados com sua prática, atribuindo
aos alunos o fracasso escolar.
Além disso, há ainda a ausência de propostas pedagógicas que
promovam a reflexão crítica sobre os papéis desempenhados pelos diferentes
indivíduos na instituição escolar, que deveriam ser encaminhadas pelo corpo
dirigente (direção e coordenação) da unidade escolar como meio de assegurar
a função do Conselho de Classe, ou seja, a busca de ferramentas que
avancem a qualificação do corpo discente para a apropriação dos diferentes
saberes, competências e habilidades.
Neste relato histórico se evidencia que, em qualquer época, o Conselho
de Classe, como uma etapa inclusa na prática da avaliação, teve e tem suas
bases alicerçadas numa concepção teórica de educação “[...]a avaliação
escolar está a serviço de uma pedagogia, que nada mais é do que uma
concepção teórica da educação, que, por sua vez, traduz uma concepção
teórica da sociedade” (LUCKESI, 2005, p. 28). E, sendo o Conselho parte do
processo de avaliação da escola, diz-se que como é a avaliação, é também o
seu conselho de classe. Numa dimensão diagnóstica, a avaliação deve apontar
as causas que interferem positiva ou negativamente e reorientar as ações do
trabalho pedagógico. Neste contexto, se estabelece o Conselho de Classe
como uma reunião de “todos” os responsáveis pelos resultados com o
propósito de análise e levantamento de possíveis medidas a serem tomadas
posteriormente. O Conselho de Classe “[...]é o momento e o espaço de uma
avaliação diagnóstica da ação pedagógico-educativa da escola, feito pelos
professores e pelos alunos [...]” (CRUZ, 1995, p. 116).
Desta forma, o levantamento de notas; dificuldades numa matéria;
comportamentos inadequados; etc. têm sentido se colaborar para a ação
pedagógica e não ficar simplesmente na narrativa e classificação do aluno.
Diagnóstico, aconselhamento, prognóstico, levantamento de soluções
alternativas, elaboração de programas de recuperação, apoio, incentivo,
reformulação de objetivos, preocupação, envolvimento e coleta de evidências
de mudanças de comportamento do aluno são as principais características da
eficiência de um Conselho.
Atualmente, o sistema educacional tem fundamentado a avaliação da
aprendizagem na pedagogia da transformação quando, esta avaliação
enquanto processo, busca ser democrática e a favor do ser humano. Mas, o
que se tem visto a respeito está muito aquém das teorizações pedagógicas e
discurso dos educadores quando:
[...]o julgamento de um professor, em sala de aula,
sobre os possíveis resultados de aprendizagem de
um educando, é praticamente inapelável, pois o
expediente de “revisão de prova” quando é
praticado, dificilmente dá ganho de causa ao aluno.
O chamado “Conselho de Classe”, quando bem
praticado, é a exceção que confirma a regra. Ou
seja, o expediente foi criado para minorar o exercício
do arbitrário por parte do professor (LUCKESI, 2005,
p. 38).
A cultura da avaliação se espalha pelos corredores da escola saindo das
salas de aula e perpassando todos os setores até chegar ao Conselho de
Classe que, finaliza no levantamento dos “aprovados e reprovados” da turma.
A avaliação escolar de uma forma simbólica está instituída pela cultura da
mensuração, legitimado pelos regimentos escolares, que funcionam como uma
vasta rede e envolvem totalmente a escola (LÜDKE; ANDRÉ, M. 1986). No
interior da escola não existe apenas a avaliação como forma de exclusão e
sim, a organização do currículo como um todo (objetivos, conteúdos,
metodologias, formas de relacionamento, etc.). No entanto, além do seu papel
específico na exclusão, a avaliação classificatória acaba por influenciar todas
as outras práticas escolares.
A avaliação normativa para a formativa, implica modificação das práticas
do professor em compreender que o aluno é, não só o ponto de partida, mas
também o de chegada (HADJI, 2001). Para isso é necessário o uso de
instrumentos e procedimentos de avaliação adequados (LIBÂNEO, 1994, p.
204).
A avaliação não deveria “[...]ser autoritária e conservadora, a avaliação
tem a tarefa ser diagnóstica, ou seja, deverá ser o instrumento dialético do
avanço, terá de ser o instrumento da identificação de novos rumos” (LUCKESI,
1999, p. 43). “Para se chegar a obter um resultado a avaliação deverá verificar
a aprendizagem não só a partir dos mínimos possíveis, mas a partir dos
mínimos necessários”. (IDEM, 1999, p.44). O desafio está em pensar e aplicar
a avaliação reformulando o processo didático-pedagógico, modificando o foco
da avaliação do ensino para a avaliação da aprendizagem.
E para isso precisa-se perguntar
[...] dentro da cotidianidade do aluno e na sua
cultura, mais que ensinar e aprender um
conhecimento, é preciso concretizá-lo no cotidiano,
questionando, respondendo, avaliando, num trabalho
desenvolvido por grupos e indivíduos que constroem
o seu mundo e o fazem por si mesmos (SAVIANI,
2000, p.41).
Ao realizar as reuniões no interior da escola, se evidencia então, a falta
de referencial e persistência no mesmo rumo. É necessário que os objetivos de
cada conselho estejam bem claros e definidos por todos a fim de que este
instrumento de avaliação atinja seus propósitos e, os educadores sua missão.
O conselho de classe é o órgão institucionalizado na escola à partir da Lei da
educação nº 5.692/71. Durante o ano letivo, cabe à escola e seu coletivo a
realização de quatro conselhos de classe, mas no cotidiano, o que se percebe
é a prática do fazer diferente, resultando em conselhos de classe diferenciados
de um bimestre para outro. Com isso, fica evidente o descontentamento da
escola com sua prática bem como a preocupação em fazer melhor a cada
tentativa.
Contudo, dessa forma, instalam-se ações fragmentadas,
descontextualizadas e descaracterizadas da proposta pedagógica elaborada
pela própria instituição que elegeu as concepções de LUCKESI prioritárias
sobre a avaliação da aprendizagem. Mesmo as bases legais que dão
sustentação a este órgão da escola, o Conselho de Classe, lhes garante
atribuições específicas que vão além da análise dos resultados somente do
ponto de vista do aluno. O Conselho de Classe é um dos instrumentos
avaliativos que a escola dispõe na perspectiva da construção de uma proposta
de avaliação de caráter diagnóstico. Como concretizar esse tipo de avaliação
no dia-a-dia da escola?
A realização de Conselhos de Classe passa a ser executada meramente
por exigência da lei e cumprimento do Calendário Escolar. Afinal, que
importância o Conselho de Classe tem no processo de ensino e
aprendizagem? Quais os elementos facilitadores e quais as dificuldades a
serem superadas em sua operacionalização?
No decorrer do capítulo 1, ocorreram diversas mudanças através dessas
classes experimentais. Esta análise foi bastante significativa para ajudar a
compreender as competências e estratégias do segundo capítulo.
CAPÍTULO II
CONSELHO DE CLASSE
COMPETÊNCIAS E ESTRATÉGIAS
O termo Conselho de Classe já define, de forma implícita,
algumas de suas competências, ou seja, aconselhar, orientar, decidir sobre o
que diz respeito a uma classe, a um aluno.
Sant’anna (1995) apresenta a seguinte significação das jurisdições do
Conselho de Classe,
É a atividade que reúne um grupo de professores da
mesma série, visando em conjunto chegar a um
conhecimento mais sistemático da turma, bem como
acompanhar e avaliar cada aluno individualmente,
através de reuniões periódicas. (SANT’ANNA, 1995,
p.87-88)
Libâneo (2008), também, destaca como competência do Conselho de
Classe, o acompanhamento e análise de desempenhos do aluno e do
professor, e aponta outras competências, ao afirmar o Conselho de Classe,
Tem a responsabilidade de formular propostas
referentes à ação educativa e didática, facilitar e
ampliar as relações mútuas entre professores, pais
alunos, e incentivar projetos de investigação.
(LIBÂNEO, 2008, p.302)
Afirma, ainda,
“Se essas competências foram levadas a sério, o
Conselho de Classe poderá tornar-se o órgão
colegiado mais interessante sob o ponto de vista
pedagógico-didático,...” (LIBÂNEO, 2008, p.302)
A partir desses conhecimentos pode-se entender que as competências
do Conselho de Classe incluem, entre outras, acompanhar e avaliar o
educando, fundar propostas pedagógicas e promover o diálogo entre os atores
envolvidos no processo educativo.
No entanto, Libâneo levanta a questão de se levar competências a sério,
ou seja, atentar para que o Conselho de Classe seja efetivamente um espaço
que assegure o alargamento de ações voltadas para o sucesso do processo
educativo. Porém, muitas dessas competências são deixadas de lado,
danificando o funcionamento dos Conselhos no alcance de seus objetivos.
Um dos principais fatores, observado por Santos (2007) e que
prejudicam o funcionamento do Conselho de Classe como ambiente coletivo de
decisões e avaliação, reside no fato de que alguns docentes residem a esse
modelo, por considerarem que sua relação com o aluno passa exclusivamente
pela assimilação de conteúdos específicos da disciplina por ele ministrado,
priorizando, muitas vezes, o resultado quantitativo sobre o qualitativo,
desprezando outros métodos de verificação de aprendizado que não seja a
prova única e objetiva de conteúdos. Ignorando assim, as competências da
análise do grupo durante a efetivação dos conselhos.
Outra consideração apontada por Sant’anna (1995), é o despreparo da
gestão escolar e organizar o Conselho de Classe, não definindo fins para a sua
participação.
Assim, percebe-se que a carência de uma metodologia para a realização
dos conselhos interfere, sobremaneira, no desenvolvimento dessas
competências. Nesse sentido, é preciso que tanto a direção quanto à
supervisão escolar desenvolvam organismos que superem os problemas que
se apresentam no exercício dos Conselhos de Classes, inclusive a resistência
de professores.
A busca de estratégias para a direção do Conselho de Classe, passa
pela definição dos objetivos que se almeja atingir, levando-se em consideração
que os Conselhos de Classe, se realizam, segundo a orientação da SEE, ao
final de cada bimestre. Dessa forma, é possível presumir que cada bimestre
tem sua peculiaridade em relação ao planejamento pedagógico anual.
Na questão de definição de objetivos que devem ser levados a termo em
cada bimestre, Sant’anna (1995) propõe a seguinte tabela, com as seguintes
orientações:
Quando? Com que propósito?
Início do ano letivo
(pré-conselho)
- Diagnosticar, esclarecer, planejar.
(visão geral)
1° conselho
Março/abril
- Diagnóstico da turma
- Alguns alunos em particular
2° conselho
Maio/junho
- Acompanhamento (análise do
crescimento dos alunos e da turma)
3° conselho
Agosto/setembro
- Prognóstico, previsão do trabalho a
ser desenvolvido (recuperação
preventiva)
4° conselho
Outubro/novembro
- Avaliação final (e/ou recuperação
terapêutica)
(Sant’anna, 1995, p:90)
Na primeira reunião de professores, que a autora nomeia de pré-
conselho, é feito um diagnóstico da realidade de cada turma, em que é definido
o plano de trabalho e discutidos os critérios que serão adotados quanto à
avaliação.
Nesse primeiro momento, é importante que se determinem metodologias
da prática pedagógica que possam nortear para o aprendizado do aluno e
consequentemente resultar um bom aproveitamento na avaliação. É preciso
ressaltar, nesse pré-conselho, principalmente para os docentes que insistem
em trabalhos isolados e avaliações exclusivistas, que a educação peregrina na
busca de competências que são melhores desenvolvidas e percebidas através
de um ensino interdisciplinar, objetivando formar um aluno capaz de
compreender e agir no mundo dessa forma.
Um estudo das propostas dos Parâmetros Curriculares Nacionais pode
orientar para a formação do projeto pedagógico da escola, bem como promover
a conciliação de correntes contrárias ao planejamento e ao processo de
avaliação com a participação do grupo de docentes. Ao se usar essa
abordagem, a escola estará de acordo com os Parâmetros Curriculares
Nacionais (1997) e em especial as Orientações Curriculares para o Ensino
Médio (2006), dirigem para a prática que leve em conta o desenvolvimento de
aptidões e habilidades do educando, num contexto, preferencialmente,
interdisciplinar. O PCN – Ensino Fundamental orienta da seguinte forma:
Os critérios de avaliação apontam as experiências
educativas a que os alunos devem ter acesso e são
consideradas essenciais para o seu
desenvolvimento e socialização. Nesse sentido, os
critérios de avaliação devem refletir de forma
equilibrada os diferentes tipos de capacidades e as
três dimensões de conteúdos, e servir para
encaminhar a programação e as atividades de
ensino e aprendizagem.
E, as Orientações Curriculares para o Ensino Médio, de 2006, se propõe
a organização curricular com as seguintes componentes (entre outros), como
planejamento e desenvolvimento orgânico do currículo, superando a
organização por disciplinas estanques. Outra proposta que podemos citar e a
integração e articulação dos conhecimentos em processo permanente de
interdisciplinaridade e contextualização. Dessa forma, é necessário que o
professor supere a condição exclusivista de sua prática docente e se integre a
proposta coletiva da escola, não significando que essa atitude represente abrir
mão de sua individualidade e particularidade na ação pedagógica.
Ao definir então as metodologias pedagógicas e suas instâncias de
avaliação, direcionados a cada grupo de alunos (turma), os demais conselhos,
ao longo do ano letivo, terão como objetivos norteadores, a análise de
crescimento, o replanejamento – se houver necessidade -, avaliação contínua e
final.
No entanto, Guerra (2006) observa que mesmo sendo de conhecimento
do corpo docente os objetivos de cada Conselho de Classe, a resistência em
cumpri-los é grande. Ao observar alguns Conselhos de Classes, a autora
constata a falha da coordenação na direção do CoCs e, inclusive a ausência de
membros da gestão escolar, o que permite um reducionismo da função do
conselho, que acaba tomando outros rumos diferentes do que foi criado.
Ao acompanhar alguns conselhos como docente, SANTAN’NA (1995),
descreve da seguinte forma a realização de um conselho:
Esta equipe toda reunida com o propósito de avaliar,
sem saber mesmo para que, se limita as
informações vagas, teóricas, muitas vezes
consistindo em fofocas e desejando concluir a tarefa
o mais rápido possível, para sentir o alívio de ser
cumprido. (SANT’ANNA, 1995, p.88)
Diante de quadro avesso aos objetivos do CoC, novas estratégias são
criadas e organizadas buscando reverter tal situação. Com o propósito de
colaborar na realização do CoC, como uma instância de diagnóstico e
implementação de ações positivas, GUERRA (2006), propõe a utilização de
uma Planilha Reflexiva, a partir de orientações dos PCNs.
GUERRA (2006) observa que a partir da introdução da planilha como
artefato norteador do Conselho, as posturas dos professores e coordenadores
mudam, pois a partir desse momento faz-se necessário a utilização de
argumentos construídos a partir de proposições determinadas na planilha, para
avaliar um aluno. Um dos modelos da Planilha Reflexiva, elaborada pela
autora, orienta o professor no processo de avaliação, como podemos verificar
no exemplo abaixo:
PLANILHA REFLEXIVA – MATEMÁTICA
PCNs
• Identificar o problema
(compreender enunciado,
formular questões etc.).
• Procurar, selecionar e
interpretar relativas ao
problema.
• Formular hipóteses e prever
resultados.
• Selecionar estratégias de
resolução de problemas.
• Aplicar conhecimentos e
métodos matemáticos em
situações reais, em especial
em outras áreas do
conhecimento.
• Relacionar etapas da história
da Matemática com a evolução
da humanidade.
QUESTÕES
• De que forma as aulas levaram
os alunos a desenvolverem as
competências propostas?
• Em quais
momentos/circunstâncias o
aluno não alcançou os
objetivos propostos?
• Em suas aulas, o que
determina o sucesso da tarefa
discente?
• Utilizar adequadamente
calculadoras e computadores,
reconhecendo suas limitações
e pontencialidades.
(GUERRA, 1995, p: 128)
Com a utilização da planilha o professor não só avalia o aluno, todavia,
também, a sua própria prática docente, ao mesmo tempo em que segue um
planejamento de apropriação de competências.
Embora, cada comunidade escolar apresente uma realidade singular no
que tange a seu processo educacional, a estratégia apresentada por GUERRA
(2005) pode ser implementada nas escolas da rede pública, tendo em vista que
a mesma parte de princípios determinados no PCNs, instrumento, este, que
deve ser utilizado como base da organização curricular de todas as escolas
públicas no Brasil.
Na crítica do capítulo segundo, citamos várias competências. Esta
análise foi bastante significativa para ajudar a perceber as diversas diferenças
na pesquisa de campo apresentada no terceiro capítulo.
CAPÍTULO III
COMPREENSÃO DA PRÁTICA
NO CONSELHO DE CLASSE
Neste capítulo faremos a análise da pesquisa de campo de acordo com
os questionários propostos. A primeira pergunta da entrevista (“Para você, o
que é avaliar? Qual a melhor técnica de avaliação?”), inquiriu-se sobre o
desenvolvimento do trabalho do professor em sala de aula e a dinâmica do
Conselho de Classe para os professores. Assim se colocaram:
Entrevistado 1 (Professora de História e Coordenadora Pedagógica)
A avaliação consiste no processo de ensino e aprendizagem de uma
forma que busque diagnosticar o desenvolvimento da aprendizagem de cada
aluno, levando em consideração o processo como meios de revelar os
conhecimentos adquiridos e as dificuldades encontradas pelos alunos,
tornando-se possível fazer uma reavaliação das praticas pedagógicas. Portanto
este sistema precisa estar baseado nos quatro pilares da educação: o saber
conhecer; o saber fazer; o saber conviver e o saber ser, pois é através desses
conceitos que possamos realmente identificar o aluno como indivíduo e não
como parte de uma massa homogênea. “A LDB determina que a avaliação seja
contínua e cumulativa e que os aspectos qualitativos prevaleçam sobre os
quantitativos”, sendo assim uma avaliação formativa trará uma possibilidade de
prevê os educando que possuem ritmos e processos de aprendizagem
diferentes oferecendo assim um suporte aos alunos.
Entrevistado 2 (Professora de Matemática)
Avaliar é analisar cada aluno particularmente, durante todo o processo
de ensino-aprendizagem. Observar o que cada um conseguiu desenvolver,
questionar e construir. A melhor avaliação é aquela que possui foco na
aprendizagem do aluno e não tem nada a ver com memorização a algebrismo.
Entrevistado 3 (Professora de História)
A avaliação consiste na metodologia de ensino e aprendizagem de uma
forma que procure diagnosticar o alargamento da aprendizagem de cada aluno,
salientando o processo como mediadores de revelar as informações adquiridas
e os problemas encontrados pelos alunos, tornando-se possível fazer uma
restauração das praticas pedagógicas.
Diante desses dados analisados percebemos que os três entrevistados
parecem partilham da mesma ideia do que é avaliar, visto que ratificam em
suas falas o caráter retroalimentação – feedback – do processo, negando que o
produto final seja estático, da “nota pela nota” (o que se considera uma
avaliação qualitativa sobre a quantitativa), ainda tão corriqueiro em nossas
escolas.
Em concomitante a essa ideia o que significa o desenvolvimento do
educando no qual deve estar interessada a educação escolar?
O desenvolvimento do educando pressupõe o incremento das diversas
facetas do ser humano: a cognição, a afetividade, a psicomotricidade e o modo
de viver. Cada sujeito – educando, nas diferentes faixas etárias, se educa no
processo social como um todo; trama das relações familiares, grupais, políticas
..... A educação é o meio pelo qual a sociedade se reproduz e se renova
culturalmente e espiritualmente, com consequências materiais. A sociedade
necessita reproduzir-se para manter o estágio de desenvolvimento a que
chegou, mas necessita também renovar-se para atender às necessidades e
aos desafios emergentes. A educação, nas suas diversas possibilidades, serve
à reprodução mas também à renovação da sociedade.
Assim sendo, desenvolvimento do educando significa a formação de
suas convicções afetivas, sociais, políticas; significa o desenvolvimento de
suas capacidades cognoscitivas e habilidades psicomotoras; enfim, sua
capacidade e seu modo de viver. A educação escolar é uma instância
educativa que trabalha com o desenvolvimento do educando, estando atenta
às capacidades cognoscitivas, dão-se também formação de múltiplas
convicções assim como de habilidades motoras. A escola não poderá
descuidar dessas convicções e habilidades. Todavia, o seu objetivo principal é
o desenvolvimento das capacidades cognoscitivas, uma vez que para o
desenvolvimento das convicções sociais, além da escola, contribuem. À escola
cabe trabalhar para o desenvolvimento das capacidades cognoscitivas do
educando em articulação com todas as habilidades, hábitos e convicções do
viver. Capacidades, como as de analisar, compreender, sintetizar, extrapolar,
comparar, julgar, escolher, decidir entre outros têm por suporte conhecimentos
que, ao serem exercitados, produzem habilidades que, por sua vez, se
transformam em hábitos.
Os conhecimentos adquiridos, que servem como um dos elementos de
desenvolvimento do educando, trazem embutidos em si a metodologia e a
visão mundo com as quais foram elaboradas. O conhecimento da adição, em
Matemática, traz dentro de si a metodologia da adição; o conhecimento
histórico sobre a Independência do Brasil traz dentro de si a metodologia com
que esse conhecimento é produzido; o conhecimento sobre análise sintática
em Língua Portuguesa traz em si uma forma metodológica. O conhecimento da
trilha existencial de cada um traz consigo a metodologia pela qual ela se fez.
Ao assimilar os conhecimentos, o educando assimila também as
metodologias e as visões d mundo que os perpassam. O conteúdo do
conhecimento, o método e a visão de mundo são elementos didaticamente
separáveis, porém compõe um todo orgânico e inseparável do ponto de vista
real.
Esses conhecimentos surgiram de necessidades e desafios específicos
que o ser humano veio e vem enfrentando ao longo do tempo, nos mais
variados espaços geográficos, sociológicos e psicológicos. Ao produzir o
conhecimento, o ser humano foi se tornando ativamente hábil em melhor
compreender a realidade assim como em atuar e viver de forma mais
satisfatória dentro dela.
Outro ponto significativo na afirmação da qualidade de ensino que se
busca, fica presente na fala do entrevistado 2, que, apesar de considerar a
diagnose como melhor técnica, acaba por confundi-la com o tipo de avaliação
diagnóstica (Coll, 1996 p.148) recomenda para a importância da avaliação
diagnóstica:
Não só porque harmoniza dados úteis ao professor para decidir os
planos de profundidade, no qual devem ser abordados os novos elementos do
conteúdo e as relações, mas também porque, ao serem expostos e analisados
grupalmente, os resultados da avaliação inicial podem ser uma avaliação
motivadora para realizar novas aprendizagens, na medida em que possibilitam
aos alunos tomar consciência das lacunas, imprecisões e incoerências dos
esquemas de conhecimento e da demanda em superá-los.
A segunda pergunta dirigida aos três entrevistados foi: “Você acha que
uma avaliação diagnóstica implica no abandono de instrumentos de medida
(provas, testes, trabalhos etc.)? Por quê?”
Essa pergunta deixa explícito que para o entrevistado 1 a importância do
diagnóstico no processo de avaliação, apesar de alertar que nem todas as
escolas a utilizam como deveriam, pois declarou:
A avaliação diagnostica tem como função apontar falhas no
desenvolvimento da aprendizagem, esse instrumento é usado para intervir na
edificação no sistema de ensino.
É através desse processo que o professor terá um panorama real das
dificuldades encontradas pelos seus alunos, ou seja, perceber o quanto de
conhecimento exposto foi assimilado pelos educandos e a partir desse ponto
será possível reavaliar seus métodos educativos. Mas nem todas as escolas
utilizam esse processo.
Apontou também que, apesar dos avanços da avaliação, ainda se dá
grande importância às avaliações quantitativas de tendências tradicionais e
conservadoras, porque as aponta como ”função apontar falhas no
desenvolvimento da aprendizagem, esse instrumento é usado para intervir no
aperfeiçoamento no sistema de ensino”.
No que tange o entrevistado 2 foi declarado que: ” Não. A avaliação
serve como – Marco Situacional - , é descobrir “onde estamos” para
planejarmos como chegaremos no nosso objetivo (desenvolvimento pleno do
educando)”.
Fica marcada uma visão otimista em termos de avaliação ao falar que
avaliação serve como Marco Situacional. Como professora a respondente traz
uma ideia que compreendeu o objetivo da avaliação diagnóstica.
Dentro dessa percepção o entrevistado citado compreende que os
conteúdos culturais são elementos fundamentais pelos quais as novas
gerações assimilam o legado da humanidade, assim como servem de meio
para a formação das convicções sociais e para o desenvolvimento das
capacidades cognoscitivas, uma vez que o desenvolvimento do educando não
vai do individual para o social, mas sim do social para o individual. O
desenvolvimento processa-se com a internalização das experiências sociais.
Essa assimilação da cultura, assim como a assimilação dos exemplos
das grandes personalidades da humanidade servem de base para a formação
de múltiplas convicções sociais. De modo semelhante, a assimilação dessa
cultura com a metodologia que perpassa serve de base para o
desenvolvimento das capacidades cognoscitivas de cada sujeito social;
capacidade de pensar coerentemente, observar seletivamente, analisar
situações complexas, produzir sínteses de diversos e variados elementos,
intuir, criar entre outros. Aprender é internalizar ativamente, sob a forma de
hábitos, as experiências práticas com o mundo da natureza e da vida; isso
pressupõe uma cultura existente e anterior aos sujeitos individuais.
A assimilação dos conteúdos socioculturais pela nova geração cria as
condições de sua reprodução; essa assimilação reprodutiva cria as condições
para que a jovem geração ganhe suporte para garantir o avanço dessa mesma
cultura. Assimilar (reproduzindo) para renovar (revolucionando) é a expressão
da dialética entre o velho e novo.
Os conteúdos socioculturais, com suas respectivas metodologias,
servem de suporte para o desenvolvimento de habilidades e hábitos, formando
a personalidade dos educandos como sujeitos ativos, criativos; enfim, como
cidadãos.
O interesse político de que o “educando aprenda e se desenvolva,
individual e coletivamente” é, em síntese, mediado pela assimilação ativa dos
conteúdos socioculturais.
Percebemos que o entrevistado 3 compartilha a ideia academicista e
tradicionalista de avaliação ao se expressar da seguinte forma: “A avaliação
diagnostica tem como desempenho apontar disparates no incremento da
aprendizagem, esse organismo é usado para interferir no aprimoramento no
preceito de ensino”. Esse entrevistado deixa claro que a avaliação é um
processo continuo e progressivo em que o sujeito – o aluno – precisa ser
compreendido no todo.
Ao fazer tais observações fica explicito que há uma igualdade entre as
ideias dos entrevistados 1, 2 e 3, no que tange a avaliação qualitativa sobre a
quantitativa e também todos apontam para o aluno como sujeito desse
processo de ensino-aprendizagem, trabalhando em paridade com todo avanço
tecnológico disponível nesse milênio.
As duas próximas perguntas que se seguem a esses depoimentos
referem-se de perto ao tema proposto no estudo.
Veja como refere-se ao Conselho de Classe o Entrevistado 1:
O Conselho de classe é um mecanismo utilizado para reunir o corpo
docente da escola com intuito de procurar meios que contribuam para
elaboração de planos pedagógicos, com objetivo de analisar as dificuldades
encontradas no ensino-aprendizagem com o aluno e as práticas de ensino
utilizado pelo o professor. Sendo um lugar para reflexão e troca de
experiência, tornando um espaço capaz de promover um processo de
mudanças na instituição escolar.
Observa-se que apesar de entender que o importante para uma auto-
avaliação de alunos e professores e que, para apontar formas interdisciplinares
para o processo avaliativo à professora coloca em prática esse discurso.
O Entrevistado 1 não faz qualquer alusão aos escopos a serem
alcançados que pudessem corresponder aos interesses e necessidades dos
alunos, garantindo-lhes ferramentas que possibilitem o acesso aos
conhecimentos à formação de uma consciência crítica, que os liberte da
fragilidade e impotência diante do poder e da dominação. Os outros dois
entrevistados já sinalizavam tais preocupações ao explanarem;
O CoC é muito importante porque aferi-se ao momento do diagnóstico
das mudanças que aconteceram durante o bimestre, e no caso de possíveis
transformações desfavoráveis, elaboramos uma nova estratégia para obter
modificações positivas.(Entrevistado 2)
O Conselho de classe é um mecanismo utilizado para reunir o corpo
docente da escola com intuito de buscar estratégias que contribuam para
elaboração de planos pedagógicos, com objetivo de analisar as dificuldades
encontradas no ensino-aprendizagem com o aluno e as práticas de ensino
utilizado pelo o professor. Sendo um lugar para reflexão e troca de
experiência, tornando um espaço capaz de promover um processo de
modificações na instituição escolar. (Entrevistado 3)
KENSKI (1990, p.137) adverte que o professor deve estar sempre
questionando sobre “o valor do trabalho que está realizando com seus alunos
e, se ainda não perguntou – o que faço na minha sala de aula contribui de
alguma forma para uma vida mais humana?”.
Ambos parecem se preocupar com uma educação mais transformadora,
que exige posicionamentos diferentes de professores e alunos daqueles que
tradicionalmente são assumidos no desenvolvimento das atividades de ensino-
aprendizagem.
Assim, os dois sinalizam que o CoC é, por excelência, o momento em
que toda a equipe da escola pode se reunir para repensar a práxis e deliberar
sobre reajustes a serem feitos nas idealizações e nos seus alvos.
Enfim, para finalizar a entrevista, foi perguntado como deve ser o projeto
pedagógico na escola e as respostas obtidas salientam que os entrevistados
compartilham de uma mesmo conceito, posto que suas respostas demonstram
a relação entre a escola e a comunidade com preocupação em articular as
atividades escolares com as necessidades do contexto social.
Veja como os entrevistados se posicionaram perante a essa questão:
Entrevistado 1
O projeto pedagógico precisa ser elaborado através do corpo docente,
alunos, pais e comunidade a fim de estabelecer propostas educacionais, a
partir da realidade e necessidade escolar. Será levado em considerações o que
se vai fazer e como será feito o trabalho, para o cumprimento das metas é
preciso de todos os envolvidos assuma seu papel para que possa alcançar o
que foi estabelecido.
Entrevistado 2
Ele pode ser idealizado por uma pessoa, mas deve ser produzido por
toda a comunidade escolar. A proposta deve ir ao encontro das características
de cada comunidade local e deve apresentar: um conceito, princípios, política e
características.
Entrevistado 3
Integrado com todas as disciplinas e com uma boa participação por parte
da direção e coordenação pedagógica da escola com objetivo de envolver
professores, alunos e comunidade.
Diante dos fatos mencionados nesse capítulo, podemos trazer uma
conclusão prévia dos questionários com base nos capítulos anteriores.
CONCLUSÃO
Com este trabalho, conclui-se que, no exercício, a condição da
educação brasileira está muito longe da necessária. Na verdade, tal colocação
se fundamenta no fato do professor, um dos responsáveis por tal educação,
apresentar determinadas lacunas na sua formação.
O afastamento entre a teoria e a prática se apresenta como um dos
pontos focais que ocasiona um disparate levado para a pratica dos professores
em sala de aula. Inúmeros testemunhos apontam que o Conselho de Classe
como ambiente em que a superação da relação social segmentada pode
efetuar-se para o bem comum. Entendemos que no CoC, todas as áreas estão
reunidas para o mesmo objetivo.
Sendo assim, é importante levantar a dimensão que ostenta o CoC,
que, sendo um órgão colegiado, pode constituir-se de uma instância capaz de
propiciar o debate permanente e dar origem a opiniões numa produção social.
Podemos dizer que, hoje em dia, o CoC é um dos poucos segmentos
da escola, senão o único, em que se consente a altercação do trabalho
pedagógico em sua especificidade, já que discute o próprio resultado do aluno
e a relação que se estabelece entre aluno/professor/conteúdo no momento de
análise e decisão para a tomada de novos caminhos desse mesmo processo.
Alguns depoimentos comprovam que já existe a sensibilidade para tais
questões e há a necessidade de se retomar os questionamentos sobre a
existência desses interesses e sua razão de ser.
Sendo assim, todas as comprovações apresentadas perante as
questões propostas pelas praticas do CoC ratificam que os alvos baseados em
inúmeros títulos de consciência têm permeado a configuração de participação
dos sujeitos na instância, revelando que condições objetivas e a opinião
pedagógica construído historicamente não são analisados (ou ao menos não
tem sido), segundo os seus panos de fundo filosófico, ideológico e sociológico,
determinando assim uma prática não-crítica, imparcial e sem a claridade sobre
para que servem.
O Conselho de Classe, hoje, conforme as observações desenvolvidas
durante a pesquisa, tem se apresentado como uma instância centrada no
processo de avaliação do rendimento do aluno, com especialidades que pouco
ultrapassam o processo de medida de cunho estritamente mensurável. Não
consegue constituir a aglutinação dos dados, inclusive os quantitativos, nos
quais se centra no processo ocasionando, desse modo, a impossibilidade da
visão contextualizada do educando.
Enfim, examina-se que o Conselho de Classe tem particularidades de
uma instância interdisciplinar. Por isso, podemos dizer que o CoC é um
organismo integrador e pensar também no seu papel diante de uma nova
lógica, é abranger o desenvolvimento das contemporâneas naturezas de
organização social, segundo uma nova ordem e ainda das condições de
produção do próprio trabalho, leva a repensar a nova relação que se deve
estabelecer entre profissionais e o seu conteúdo de trabalho. Com isso,
percebemos que é um processo que exige a revisão da relação entre os
professores e o seus conteúdos e do eixo metodológico que os norteia no
processo de ensino, e, obviamente, das relações que poderão se estabelecer
na instância diante do novo procedimento de avaliação.
Por consequência a realização de Conselhos de Classe é uma prática
natural no espaço escolar constituída de poder disciplinar que ao analisar cada
um, os transforma em um caso a ser medido, excluído de suas articularidades.
Na maioria das vezes, os efeitos nas pessoas envolvidas passam
despercebidos por sua presença histórica no contexto escolar, sem chegarmos,
até o momento, a avanços mais significativos na realização dos Conselhos de
Classe enquanto processo e, importante instrumento de avaliação da prática
pedagógica como um todo.
O propósito inicial em tecer reflexões a cerca do modo como se
desenvolve o Conselho de Classe neste colégio, consistia em estabelecer
relação entre o desempenho do aluno com o planejamento, o encaminhamento
metodológico do professor e os critérios avaliativos da escola. No entanto,
Aquino (1996) sustenta nossas percepções no que diz respeito a um dos
maiores problemas enfrentados na sala de aula hoje, que consiste na
descrença do professor em seu papel de educador e na eficácia de seus
encaminhamentos pedagógicos, situados em três dimensões.
A primeira, de caráter histórico, que caracteriza o aluno como menos
respeitador e a escola menos exigente e menos dura. A outra, de caráter
psicológico, que diz que as crianças de hoje não têm limites, não reconhecem a
autoridade, não respeitam as regras, e a responsabilidade por isso é dos pais,
que teriam se tornado muito permissivos. Uma terceira hipótese, de caráter
metodológico, afirma que para os alunos, a sala de aula não é tão atrativa
quanto os outros meios de comunicação, e particularmente à televisão.
O autor ainda propõe uma outra hipótese, de caráter escolar que diz que a
intervenção docente não está se processando a contento, sendo necessário
buscar alternativas para solucioná-las. Uma delas é pensar eticamente a
escola e seu sentido, a outra, é rever posicionamentos endurecidos, questionar
crenças arraigadas, debater-se contra fatalidades. Revendo a dinâmica em que
se processa o Conselho de Classe neste colégio, esta última hipótese de
Aquino, se comprova pela ideia que o professor concebe em considerar
somente o aluno como responsável pelo seu baixo rendimento escolar.
ANEXOS
Índice de anexos
Anexo 1 >> Questionário.
Anexo 2 >> Entrevistas.
ANEXO 1
QUESTIONÁRIO
1) Para você, o que é avaliar? Qual a melhor técnica de avaliação?
2) Você acha que uma avaliação diagnóstica implica no abandono de instrumentos de medida (provas, testes, trabalhos etc.)? Por quê?
3) Qual a importância do COC?
4) Como se dá o COC na escola?
5) Como deve ser o projeto pedagógico na escola?
ANEXO 2
ENTREVISTAS
ENTREVISTADO 1
1) Para você, o que é avaliar? Qual a melhor técnica de avaliação?
A avaliação consiste no processo de ensino e aprendizagem de uma forma que busque diagnosticar o desenvolvimento da aprendizagem de cada aluno, levando em consideração o processo como meios de revelar os conhecimentos adquiridos e as dificuldades encontradas pelos alunos, tornando-se possível fazer uma reavaliação das praticas pedagógicas. Portanto este sistema precisar estar baseado nos quatro pilares da educação: o saber conhecer; o saber fazer; o saber conviver e o saber ser, pois é através desses conceitos que possamos realmente identificar o aluno como indivíduo e não como parte de uma massa homogênea.
“Segundo a LDB determina que a avaliação seja contínua e cumulativa e que os aspectos qualitativos prevaleçam sobre os quantitativos”, sendo assim uma avaliação formativa trará uma possibilidade de prevê os educando que possuem ritmos e processos de aprendizagem diferentes oferecendo assim um suporte aos alunos.
2) Você acha que uma avaliação diagnóstica implica no abandono de instrumentos de medida (provas, testes, trabalhos etc.)? Por quê?
Não. A avaliação diagnostica tem como função apontar falhas no desenvolvimento da aprendizagem, esse instrumento é usado para intervir no aperfeiçoamento no sistema de ensino.
É através desse processo que o professor terá um panorama real das dificuldades encontradas pelos seus alunos, ou seja, ate aonde o conhecimento exposto foi assimilado pelos educando e a partir desse ponto será possível reavaliar seus métodos educativos.
3) Qual a importância do COC?
O Conselho de classe é um mecanismo utilizado para reunir o corpo docente da escola com intuito de procurar meios que contribuam para elaboração de planos pedagógicos, com objetivo de analisar as dificuldades encontradas no ensino-aprendizagem com o aluno e as práticas de ensino utilizado pelo o professor. Sendo um lugar para reflexão e troca de experiência, tornando um espaço capaz de promover um processo de mudanças na instituição escolar.
4) Como se dá o COC na escola?
Através da minha experiência em duas escolas pude perceber que a teoria está longe de ser colocada em prática. Infelizmente percebo que os professores estão acorrentados ao sistema de notas, onde os alunos são visto apenas como número.
Professores que apenas querem finalizar os diários, não se importando se o aluno aprendeu ou não, pois é indiferente, seu dinheiro estará na conta no início do mês ou até mesmo pior reuni-se para reprovar seus alunos devido a sua antipatia e chegam até mesmo a vibrar quando os mesmos ficam retidos.
5) Como deve ser o projeto pedagógico na escola?
O projeto pedagógico precisa ser elaborado através do corpo docente, alunos, pais e comunidade a fim de estabelecer propostas educacionais, a partir da realidade e necessidade escolar. Será levado em considerações o que se vai fazer e como será feito o trabalho, para o cumprimento das metas é preciso de todos os envolvidos assuma seu papel para que possa alcançar o que foi estabelecido.
ENTREVISTADO 2
ENTREVISTADO 3
BIBLIOGRAFIA CONSULTADAS
AQUINO, J. G. Confrontos na sala de aula: uma leitura institucional da relação professor-aluno. São Paulo: Summus, 1996. In Resenha de Luciana Cristina Porfírio Calendário Escolar – Ano Letivo 2011.
In: http://www.educação.rj.gov.br\arquivos\calendario_escolar_2011.pdf
Acesso em 10 de março de 2011.
DALBEN, Angela I. L. de Freitas. Conselhos de Classe e avaliação:
perspectivas na gestão pedagógicas da escola. Campinas: Papirus, 2004.
DEMO, Pedro. Educar Pela Pesquisa. Campinas: Autores Associados, 1996.
GUERRA, Mônica Galante Gorini. Conselho de Classe: que espaço é esse?
Dissertação de Mestrado. Pontíficia Universidade Católica de São Paulo,
2006. Orientador: Fernanda Liberali.
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da Escola: teoria e prática.
Goiânia: MF livros, 2008.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 1991.
ROCHA, Any D. C. Conselho de Classe: burocratização ou participação?
3° edição, RJ, Francisco Alves, 1986.
ROSA, V. de Souza: Avaliação Educacional Escolar na Escola Pública de
1° grau: um estudo de caso. Rio de Janeiro, Tese de mestrado, UFRJ, 1992.
SANT’ANNA, Ilza Martins. Por que avaliar? Como avaliar? Critérios e
instrumentos. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.
SANTOS, Alda Lino dos. Conselho de Classe: um exame pela perspectiva
da discrepância e da ação. Dissertação de mestrado. Universidade
Católica de Brasília, 2007. Orientador: José Florêncio Rodrigues Junior.
SAVIANI, Demerval. Escola e Democracia. São Paulo: Autores Associados,
1987.
TAMBERLINI, Angela Rabello Maciel de Barros. Os ginásios vocacionais: a
dimensão política de um projeto político transformador. São Paulo.
Annablume, Fapesp, 2001. In books.google.com.br
________________. Do Senso Comum à Consciência Filosófica. 11ª ed.,
São Paulo: Autores Associados, 1992,319 p.
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
Título da Monografia:
CONSELHO DE CLASSE: UM INSTRUMENTO DE REFLEXÃO NA AÇÃO ESCOLAR
Autor: FABIANO BATTEMARCO DA SILVA MARTINS
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito: