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CONSELHO REGIONAL DE BIOLOGIA DA 4ª REGIÃO 70 Maio de 2016 Fechamento Autorizado. Pode ser aberto pela ECT O QUE ESTAMOS FAZENDO COM NOSSAS ÁGUAS?

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CONSELHO REGIONAL DE BIOLOGIA DA 4ª REGIÃO

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O QUE ESTAMOS FAZENDO COM NOSSAS ÁGUAS?

2 Jornal do Biólogo | Maio de 2016 | CRBio-04

EDITORIAL

CRBio-Av. Amazonas, - º andar Belo Horizonte - MG - - | Telefone: ( ) -www.crbio .gov.br | crbio @crbio .gov.br

Conselheiros Efetivos: Arlete Vieira da Silva, Bruce Amir Da-cier Lobato de Almeida, Carlos Frederico Loiola, Edeltrudes Maria Valadares Calaça Câmara, Evandro Freitas Bouzada, Gladstone Corrêa de Araújo, Helena Lúcia Menezes Ferreira, Mariana Pires de Campos Telles, Renata Maria Strozi Alves Meira e Tales Heliodoro Viana

Conselheiros Suplentes: Afonso Pelli, Aneliza de Almeida Miranda Melo, Elias Manna Teixeira, Emilson Miranda, João Gabriel Viana de Grázia, Juliana Ordones Rego, Laiane da Silva Santos, Meriele Cristina Costa Rodrigues Oliveira, Thiago Metzker, Wenderson Francisco de Almeida

Diretoria ExecutivaPresidente: Tales Heliodoro VianaVice-Presidente: Arlete Vieira da SilvaTesoureiro: Gladstone Corrêa de AraújoSecretário: Evandro Freitas Bouzada

Jornal do BiólogoAno XX - Nº | Maio Produção Editorial: Berlim Comunicação | www.berlimcomunicacao.com.brJornalista Responsável: Vitor Moreira | Registro: /MGApuração pág. : Luisa MoraisProjeto Gráfi co: Rafael ChimicattiDiagramação: Gabriella NoronhaFoto/Capa: imagem gentilmente cedida por Leonardo Merçon / Instituto Últimos Refúgios

Quer sugerir, criticar ou elogiar? Fale com o Jornal do Biólogo: comunicacao@crbio .gov.br

No Período Clássico, os gregos creditavam as forças da natureza a Zeus, o deus regente do Olimpo. Era ele quem comandava os fenôme-nos atmosféricos: quando irado, lançava sobre o mundo tempestades e raios. Por outro lado, nos momentos de paz enviava a chuva mansa que irrigava e fecundava a terra.

Na cultura tupi-guarani o poder supremo é conhecido por Tupã, criador de todo o mundo animal e vegetal. Mas diversos outros deuses também se encarregam das forças da natureza na tradição indígena. É comum encontrarmos referências, por exemplo, a Amanaci como deus da chuva. Até mesmo na cultura cristã existe um ser superior responsável por “abrir as torneiras” dos céus, o apóstolo São Pedro.

Mitologias e crenças religiosas à parte, como pesquisadores da vida que somos sabemos que a natureza e todos os elementos que a compõem repousam em um delicado equilíbrio, passível de graves consequências ao menor distúrbio. Nesse contexto, não é difícil reconhecer que a ação predatória do homem sobre os recursos naturais da Terra, em especial a água, vai muito além de um pequeno distúrbio.

Durante toda a sua história a humanidade tem feito uso de recursos limitados como se pro-viessem de fontes inesgotáveis. Não tardaria para que a conta chegasse, como de fato tem

Delicado equilíbrio

acontecido. Nesta edição do Jornal do Biólogo traçamos um panorama dessa situação do ponto de vista dos recursos hídricos. Começamos por uma reportagem que busca elencar alguns dos fatores relacionados à crise de abastecimento que o país enfrentou nos últimos anos.

Trazemos, também, uma entrevista com o biólogo Ricardo Pinto Coelho, que detalha todos os graves erros cometidos antes e depois do maior desastre ambiental do país, resultado do rompi-mento da barragem da Samarco, no fi m do ano passado. Ricardo, inclusive, esteve na sede do Conselho no mês de março participando de um debate sobre o tema promovido pelo CRBio- , o Papo com Biólogo.

Por fi m, é com grande prazer que apresenta-mos duas novas entidades surgidas no Distrito Federal e que se juntam ao Conselho na luta pela valorização e defesa dos profi ssionais de Ciências Biológicas: o Sindbio-DF e a ASSBIO-DF. Que possamos juntos caminhar para a consolidação de uma profi ssão cada dia mais forte, pois são os biólogos que, por formação, possuem as me-lhores condições técnicas de ditar os rumos para o restabelecimento do equilíbrio ambiental que poderá garantir nossa sobrevivência.

Tales Heliodoro VianaConselheiro Presidente

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CRISE HÍDRICA

Falta de chuva? Melhor repensar

Entre os anos de e , período do Se-gundo Império, uma grande seca atingiu toda a região Nordeste, em especial o Estado do Ceará. Estima-se que mil pessoas morreram, algo em torno de % da população brasileira à época. Outras mil fugiram em direção a diferentes regiões do país. O imperador Pedro II prometeu vender até a última joia da Coroa para ajudar a população...

Saltamos mais de anos na história e todas as joias da Coroa repousam protegidas no Museu Nacional do Rio de Janeiro e no Museu Imperial de Petrópolis. Como não é de se espantar, nenhuma foi vendida. Mas, obviamente, não é esse o foco aqui. O interessante de se observar é que mais de um século parece não ter sido tempo sufi ciente para que algumas lições fossem aprendidas.

Nos anos de , e o Brasil voltou a sofrer com uma severa crise hídrica, que atingiu, sobretudo, a região Sudeste. Segundo dados da Agência Nacional de Águas (ANA), as precipita-ções acumuladas no período de outubro de a setembro de fi caram abaixo da média em

% das quase . estações pluviométricas ava-liadas. Em mais da metade das estações, a chuva foi inferior a % da média registrada, chegando a ser, em algumas localidades, inferior a %.

Mas os baixos índices de precipitações podem ser apontados como os únicos causadores de uma crise hídrica? Qual o papel da gestão? Qual o impacto do desperdício? O que tem sido feito pela preservação das bacias e para a diminuição do consumo? De que forma os biólogos podem contribuir? Descubra nas próximas páginas.

CRISE HÍDRICA

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A escassez na abundânciaPor que mesmo com a maior bacia hidrográfi ca do mundo o Brasil sofreu (e sofre) com a falta d’água

O Brasil é o que se pode chamar de um país pri-vilegiado quando se analisa a oferta de água. Pelo território brasileiro passam, em média, . m³/s. Entretanto, % desse total estão na bacia do rio Amazonas, ou seja, em região de baixa densidade demográfi ca e com pouca atividade industrial. A vazão média para todo o “resto” do Brasil é de . m³/s.

Não que isso signifi que pouca água. Mesmo desconsiderando a bacia do rio Amazonas o Brasil ainda seria um dos dez países com maior acesso a água potável no mundo. Por mais contraditório que possa parecer, talvez resida exatamente na abundância o problema da escassez. Com recursos hídricos que geram essa ilusão de ines-gotabilidade, o país peca na falta de gestão e no desperdício. Segundo dados de do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), a cada litros de água tratada no Brasil

, litros não chegam ao consumidor fi nal, ou seja, se perdem em vazamentos.

Ranking do desperdícioO quanto de água tratada cada país joga pelo ralo*

* dados de 2011

Esses dados posicionam o Brasil em º lugar em um ranking internacional de desperdício de água, formado por países e organizado pela International Benchmarking Network for Water and Sanitation Utilities.

Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Reservatório de Sobradinho, na Bahia, viveu uma das maiores secas de sua história em

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CRISE HÍDRICA

Mas e água que chega efetivamente à tor-neira? De que forma é gasta? De acordo com o Relatório Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil – Informe , elaborado pela Agência Na-cional de Águas (ANA), % desse total destina-se à irrigação. Na comparação com dados de

Por todos esses dados apresentados fi ca claro que o país precisa repensar seu consumo, investir em tecnologias e soluções que levem a reduções de demanda e adotar mecanismos de gestão mais efi cientes. Mais do que nunca, portanto, o conhe-cimento dos biólogos faz-se necessário. Confi ra alguns exemplos de áreas em que profi ssionais de Biologia têm atuado e ajudado a promover uma gestão mais racional dos recursos hídricos:

Agronegócio

Dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) apontam que, há cerca de três décadas, uma usina de cana-de-açúcar captava até m³ de água para cada tonelada de cana processada. Em , auge do programa governamental Proálcool, foram produzidos bilhões de litros de álcool no país. Considerando--se que uma tonelada de cana produz, em média,

(veja gráfi co), o setor foi o único que aumentou percentualmente sua demanda por água. Além disso, a irrigação consome efetivamente % da água que capta, ou seja, apenas % retornam ao ambiente. Para efeitos de comparação, no setor industrial essa taxa de consumo efetivo é de %.

litros de álcool, isso signifi ca um consumo de bilhões de m³ de água.

Felizmente a situação atual é bem distinta, como afi rma o biólogo Bruce Amir, especialista no setor e gerente de projetos da Gaia Consultoria Ambiental. Ele explica que as usinas passaram a

Bruce Amir, gerente de projetos da Gaia Consultoria Ambiental

Onde se gastaComo é consumida a água no BrasilComo é consumida a água no B

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CRISE HÍDRICA

Homenagem: Danilo Gonçalves Saraiva

A Febre Maculosa Brasileira é uma doença transmitida por carrapatos. Entre os pesquisadores que a estudam destacava-se o biólogo Danilo Saraiva,

, que perdeu a vida em um acidente durante uma expedição de pesquisa no Pantanal da Nhecolândia, em de janeiro de . Formado pela PUC-MG, concluiu o mestrado pela Universidade de São Paulo e havia recém ingressado no Doutorado em Epidemiologia Experimental Aplicada às Zoonoses também pela USP.

Mesmo ainda no início de sua carreira, Danilo já acumulava oito publica-ções científi cas. Em o biólogo conduziu um dos mais importantes estudos já publicados em Febre Maculosa, causando a quebra de um paradigma de mais de um século.

Danilo era uma pessoa apaixonada pela natureza, pelos animais, pela fl ora e pelas lendas do Brasil. A ciência perdeu um pesquisador promissor, muitas pessoas perderam um grande amigo e alguns perderam a pessoa mais especial que já conheceram, mas para a humanidade o sorriso do Danilo vai seguir no cora-ção das pessoas que ganharam uma nova vida por causa dele.

Adriano PinterSuperintendência de Controle de Endemias

Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo

investir no fechamento dos circuitos de água e na reutilização dos condensados. “O bagaço da cana hoje, também é aproveitado como combus-tível para a geração de vapor que abastece % da usina. Além disso, a água residual de todo o processo contém alto nível orgânico, sendo apro-veitada diretamente para a irrigação do plantio. Isso evita nova captação e reduz a necessidade de adubação química da cana”, salienta Bruce. Com todos esses avanços o consumo atual de uma usina gira em torno de , m³ de água para cada tonelada de cana processada.

Indústria

Ainda que, na comparação com a agricultura, o uso da água na indústria seja bem mais “mode-rado”, a preocupação com a economia e o reuso também devem se fazer presentes, na visão do biólogo Ricardo Canabrava, gerente industrial da Cervejaria Wäls. “O custo da tecnologia para reaproveitamento de água na indústria ainda é alto. Porém, em tempos de crise hídrica e pen-sando de forma sustentável, são investimentos necessários”, avalia.

Em grandes cervejarias, por exemplo, Ricardo explica que o consumo de água para cada litro de cerveja produzida varia entre , e litros. No início dos anos a média era de litros. Entre as medidas adotadas que explicam essa redução estão a reutilização da água utilizada no processo de resfriamento; o uso de garrafas one way recicláveis, evitando o gasto com lavagens; e as recuperações de condensado de vapor e de água para uso em limpezas.

Ricardo Canabrava, gerente industrial

da Cervejaria Wäls

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ENTIDADES

Representatividade no Distrito FederalBiólogos do DF agora contam com Sindicato e Associação

Gildemar Crispim, presidente do Sindbio-DF e Cristiane Citadin, presidente da ASSBIO-DF

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Gildemar Crispim - Sindbio-DF

Cristiane Citadin - ASSBIO-DFQual a importância da criação do Sindbio-DF?Os biólogos do Distrito Federal têm a clara per-cepção que a Biologia perdeu um campo muito grande para outras áreas. Nesse sentido, ter um sindicato como representante de classe é essencial. Podemos bater na porta dos empre-gadores e discutir horas de trabalho, insalubri-dade, cobra a presença de biólogos em áreas estratégicas etc.

Quais são as metas de curto, médio e longo prazo?De imediato queremos mobilizar os profi ssio-nais e fazer com que os entes públicos e priva-dos do Distrito Federal saibam da existência do sindicato. A médio e longo prazo buscaremos uma forte coalisão entre os biólogos de todas as áreas do DF, melhorar nossa infraestrutura e investir em um departamento jurídico atuante.

De que forma Sindicato, Associação e Conse-lho podem atuar juntos?Precisamos investir em um processo de mobili-zação que ajude a combater esse ceticismo que o brasileiro tem em relação a suas entidades representativas. Essa tríade é a concretização de um sonho, que deveria ter ocorrido há déca-das. Ela signifi ca a Biologia saindo do isolamen-to e atuando com união de forças.

Qual a importância da criação da ASSBIO-DF?Acreditamos em duas frentes: uma delas con-siste em uma luta política diretamente nos órgãos e empresas, enquanto a outra se baseia na capacitação e aperfeiçoamento dos profi s-sionais.

Quais são as metas de curto, médio e longo prazo?Vamos iniciar oferecendo cursos de empreen-dedorismo e outros treinamentos. Queremos criar uma agenda mensal de cursos. A médio e longo prazo queremos ajudar na mudança de postura dos biólogos e do cenário profi ssional, para que aqueles que estiverem saindo da fa-culdade possam ter a garantia de que consegui-rão espaço no mercado de trabalho.

De que forma Sindicato, Associação e Conse-lho podem atuar juntos?Por sermos uma classe profi ssional sem a tradição da união, o fato dessas três entidades se proporem a caminhar juntas já é uma con-quista. Cada uma delas tem seu papel insti-tucional bem defi nido e, com apoio mútuo, todas têm a ganhar. Sejamos a diferença que queremos ver no mundo!

A tríade Conselho-Sindicato-Associação sempre foi uma bandeira defendida pelo CRBio-04 como a estrutura ideal de fortaleci-mento e defesa profi ssional. E, recentemente, ela tornou-se realidade para os biólogos do Distrito Federal, com a criação do Sindbio-DF e da ASSBIO-DF. Confi ra uma pequena entrevis-ta com os presidentes dessas novas entidades representativas:

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REGISTROS

Defi nitivos

Adelson Machado GonçalvesAdriana Heloísa PereiraAdriano de Almeida SilvaAlessandra Cristina ChavesAlessandro Davi Ferreira MendesAlexandre Gontijo Guimarães GuedesAlice Ferreira AraújoAline Gomes de SouzaAline Rodrigues FerreiraAllan de Oliveira MotaÁlvaro Pereira da Silva JuniorAlvina Cristina Dornelas Silva HordonesAlyne Lopes Gomes PersijnAlyria Teixeira DiasAmanda Evellin Santos C. Pires NunesAna Caldeira de BarrosAna Carolina Bento de SousaAna Cláudia Schneider RaslanAna Gabriella Stoff ella DutraAna Graça Moreira AlvesAna Maria BernardoAna Paula Luiz Ribeiro HiginoAndré Rocha FrancoAndrea Martins de OliveiraAndréia Santos OliveiraAndressa Paiva da SilvaÂngela Cristina PereiraÂngela Lucélia de OliveiraAnna Karolina Soares SilvaAnnelisa Pereira MartinsAntônio Carlos AnaniasAntônio Emanuel Ramalho de Albuquerque SouzaBeatriz Teixeira Nunes SamezimaBeatriz Vieira NevesBianco VizioliBruna da Silva FerreiraBruno Eduardo Ferreira de PaivaBruno Esteves CondeBruno Gomes de MenezesBruno PastorinoCaio Cesar RangelCamila Maciel de OliveiraCamila Maria da SilvaCamila Sabino TeixeiraCarla Carolina Ivo BarrosoCarlos Alberto Sampaio de PauloCarolina de Figueiredo FelipeCarolina MussoCaroline de Andrade BezerraCassiana Alves FerreiraCassio Martins MouraCatarina Maria de Jesus Santana ValentimCelso Guimarães BrandãoChesterton Ulysses Orlando EugenioChristiane Marta GenrichCíntia de Campos ChavesCintia Luiz LopesClaudia Araújo SgamatiClaudia Daniela Batista Inserra BortolinClaudinéia Lizieri Dos SantosClaudio Magalhães de AlmeidaCristina Ester da Costa ModestoCristina Rafaela Lucíola de ToledoDaniel Albuquerque PereiraDaniel Campos Rodrigues

Daniel Fonseca TeixeiraDaniela Ferreira GuimarãesDaniele de Fátima Alves VenâncioDaniele Nobre de Lima CostaDarlene Evangelho Moreira MeiraDaryane Ribeiro OliveiraDayana Reis de CarvalhoDeised Mônica Braz da SilvaDenis Prudêncio LuizDenise Braga Gomes de FariaDenise FernandesDiego José CaldasDiego Luiz Leite CamposDione Inácio da SilveiraDouglas de Almeida RochaDouglas de Pádua AndradeDucimeire Clara EurípedesEdilene Souto Costa BragaEdinéia Maria das Graças DiasEduardo Guimarães SantosEduardo Rodrigues CarvalhoEliane Barbosa RangelÉlida Carla da SilvaEloá Oliveira Lemos da SilvaErika Mota HerênioEster Fernandes dos SantosEverton Botelho SáFabio Hudson Souza SoaresFabíola Silva LimaFausto Dias da SilveiraFausto Silva FerrazFelipe Eduardo Brandão LentiFelipe Musardo FirminoFernanda Aparecida BrandãoFernanda Elisa Gomes MirandaFernanda Pinto de Senna ValleFernando Duarte VilaçaFernando Oliveira CondezFilipe Martins Teixeira de SouzaFlávia Nayara Santos SouzaFlávio Mariano Machado MotaFrancielly de Jesus SousaFrancisco Edinardo Ferreira de SouzaFrederico Passini SilvaGabriel Eliseu SilvaGabriel Lessa CatalãoGabriela Cristina Silva SobrinhoGabriela Natália de MeloGeane de Jesus ConstantinoGheysa Nunes Bezerra OliveiraGisele Cristina PereiraGislene Lopes RiosGiuvan Inácio da SilvaGraziela Porto NascimentoGraziella Diogenes Vieira MarquesGuilherme Costa GelapeGuilherme da Costa GuidoGuilherme Henrique FaveroGuilherme Ramos Demetrio FerreiraHelier Gomes MunizHenri Barbosa PecoraHeraldo Ramos NetoHideraldo BuchIsabela Marcomini de LimaIzabela Santos MendesJacqueline Santos MarquesJailton Silva de Castro

Jaine Teixeira do NascimentoJairo Nogueira da Silva JuniorJanaína Ramira Ferreira Dos SantosJaqueline Pirete de AraújoJaqueline Ribeiro de LimaJardel Pereira RodriguesJehimme de Souza AzevedoJennifer Thayane Melo de AndradeJéssica Aparecida Martins TeodoroJéssica Azevedo BatistaJessica Ferreira VieiraJéssica Laiane Alves PimentelJéssica Soares GomesJoão Paulo Gusmão TeixeiraJoão Pedro Lourenço MelloJodson da Silva GlóriaJorge Queiroz de OliveiraJosé Boullosa Alonso NetoJosé Carlos Eloi de QueirozJosé Eduardo Rezende JuniorJosé Mauricio Brandão QuintãoJuliana Arruda dos SantosJuliana Francisco de SouzaJuliana Maira Souza de OliveiraJuliana Vila Verde RibeiroJuliane Nancy Lima PortoJúlio Cesar Barreto MoreiraJulliane Almeida BastosJúnia Paula SantosJúpiter Tokatjian NetoJussara de Souza SilvaJussara Nascimento ChavesKamila Lauany Lucas LimaKamila Souto LeichtweisKaren Mirele CaldeiraKarenina Borba SchmidtKayra Cristine SaramagoKeila Leôncio CavalcanteKellen Anacleto de Oliveira AlmeidaKelly AntunesKelly Patricia de Oliveira AlmeidaKivya Máximo de ArrudaLaine Cristina de S. Miranda LacerdaLaís Marques Fernandes VieiraLamartine Lemos de MeloLaura Cristina Rocha CarvalhoLays Araújo NeryLeandro Barbosa BeruttoLeandro Vasconcelos BaptistaLeonilda Severino SilvaLidyane Alves OliveiraLilian Santos RibeiroLilian Suzan Veloso de GodoyLuana Silveira da Rocha Nowicki VarelaLucas Ferreira SantosLucas MarconLuciana de Lima FerreiraLuciana Mendes de SouzaLuciano Lopes QueirozLúcio FerreiraLudemila Martins de SouzaLudmila Alves RodriguesLudmila Mascarenhas BarrosLudmila Zanandreis de MendonçaLuisa Paim PamplonaMaísa Siqueira VerasMaísa Vieira da Silva

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REGISTROS

Marcela Alves de SouzaMarcela Dias HannaMarcelino Benvindo de SouzaMarcelo Gomes de Carmo JuniorMárcio Alberto BarbosaMárcio Nunes de SouzaMárcio Santos Oliveira FerreiraMarco Antonio de Amorim PeixotoMarcondes Lomeu BicalhoMarcus Vinicius Oliveira GraçaMaria Júlia Barros de FigueiredoMaria Katiana Peters CoelhoMaria Luiza Bicalho MaiaMaria Tereza Lacerda GuimarãesMariana MoreiraMarília Carvalho SilvaMarília Castro de MeloMarina Jurado VicenteMarllon Geff erson Pereira de OliveiraMarluana Almeida Ferreira RodriguesMarta do Rosário AlvesMarta Maria de MartinMateus Vilela PiresMatheus Tavares de SousaMauro Guimarães DinizMayara Ramos SilvaMayra Malvezzi RodriguesMelodi Maciel da CostaMônica Fernandes Souza ChavesMônica Flávia RodriguesMorgana Ferreira Lima e SilvaNágila Rodrigues de Oliveira RabeloNaiara Jorge Senju CostaNathalia Gonçalves de Sousa LimaNathalia Patrocínio PereiraNayara Cristina da Silva TorresNayara Vieira TrevisaniNezito Rodrigues da SilvaNilda Jacinto da SilvaNúbia Carla Santos MarquesOsvaldo Rodrigues de FrançaPaloma Marques SantosPaola Cristina de PizaPatrícia Lopes Andrade CostaPatrícia Saldanha Panisa MoreiraPaula Renata BugançaPaulo Roberto Guimarães Multari BatistaPedro Costa DinizPedro Henrique Morais FonsecaPedro PereiraPéricles Leonardo FernandesRafaela Martins de CarvalhoRafaela Sangiorgi GuimarãesRafaely de Almeida Santos Fonseca VianaRaquel Cassalho de Oliveira BarbosaRaquel Chaves MacedoRaquel Daniele DiasRebeca de Miranda CamargoRegiane Maria da SilvaReila Campos Guimarães de AraújoRejeane Aline Silveira SilvaRenata Barbosa PeixotoRenata Cristina Pereira TeodoroRenata Gonçalves LopesRenata Nascimento GonçalvesRenata Ribeiro da Silva BragaReuther Lincoln Nogueira

Ricardo Augusto TiburzioRodrigo Santana Veloso PerilloRogério Dias MarquesRômulo Augusto Cotta DangeloRonaldo dos SantosRonaldo Justiniano de AlmeidaRonier da SilvaRúbia Praxedes QuintãoSabrina Silva Alves do CarmoSandra Pereira de Góes PaivaSarah Alves MundimSeomara Santos de AlmeidaShayenne Elizianne RamosSilma Alexandre Gonçalves MarquesSilvana Candelária SilvaSilvana Sousa da SilvaSilvio de Andrade SantosSimone Teodoro AfonsoSueyla da Silva AlvesSulivan Higino da Costa JuniorSuzana Neves MoreiraTainá Lucas AndreaniTaíse Farias PinheiroTaiza Moura SilvaTatiane Botelho MendesTatiane Iole Silva PintoTatiane Louise Moreira RodriguesTatiane Ribeiro de SiqueiraThais Diniz da SilvaThais Furtado NaniThais Marques Silva CastellanThales Simioni AmaralThayná de Souza BispoThiago César da SilvaThiago Gonçalves SilvaThiago Souza OnofreValéria Novaes dos SantosValter Luiz da SilvaVanessa Cristina Gonçalves AmorimVanessa Maria da Cruz CarvalhoVanessa Rosa FonsecaVânia Luciana FerreiraVerena da Cruz RabenschlagVerônica Aparecida RicciardiVinicius Alves CruzVivianny Damaso CardosoWander de Sousa LoboWelton Beirão DiasWilielle Cristina de Freitas Neofi tiWilson Nunes de SousaZarife Magalhães de Moraes Rojas

Provisórios

Ana Paula Ribeiro Otoni da SilvaAndréa de Faria VieiraAnna Paula Alves Dos SantosArthur Cupertino Serpa dos SantosBárbara Alves MirandaBárbara Araújo OliveiraBarbara Rúbia da SilveiraBruna Cristina Pereira AraújoBruno Fernandes VazCaio Henrique Pessoa GasparCamila Menta BrittoCarolina Vieira de SouzaClarissa Santos AntunesDaniel Benjamin de Oliveira Dutra

Daniel Lopes GontijoDavi Lee BangDavidson Peruci MoreiraErika Vaz de Oliveira SoaresFabrício Rodrigues de CarvalhoFelipe Angelo de OliveiraFlávia Carolina Simões GomesFlávia Francisca de AlmeidaFrancesca Voltolini PereiraFranciele Cristine Ribeiro PrataFrancisco Homem GabrielFrednando Frederico de Sousa BritoGuilherme Borges de LimaGuilherme Cunha Conrado de MirandaHelama Meireles RezendeHermógenes José dos SantosIgor de Paula Guedes BezerraIris Carolina dos Santos Lacerda LeãoIsabela Ferreira Bastos dos SantosIsis de Jesus Guerra SantosJhessika Moura de JesusJosiane Aparecida de Sousa da CunhaJosilene Maria de SouzaJuliano Queiroz RodriguesKaren Maia RochaKlauss Fernandes Emídio de MeloLarissa Costa SilveiraLaura Virgínia Soares VelosoLidiane Angélica CassimiroLilian Barbosa de MoraisLorena Pereira de SouzaLucas Henrique ClementeLuciene de Jesus Marques NogueiraMarcella Junqueira Goulart Firmino CostaMarco Aurelio da Silva VilhenaMaria Fernanda Silveira SantosMariana Machado Araújo do NascimentoMarianny Aparecida de Oliveira FelicianoMateus de Brito AmâncioMiguel Vinicius da Costa GomesNatalia Cristina Vieira de CarvalhoNayara do Carmo AmorimNelly Stafl eu Fróes de OliveiraNewton Cândido de AssisPablo Burkowski MeyerPablo Leal CardozoPatrícia Carvalho Silva FerreiraPaula Rodrigues Lopes GuimarãesPriscila Rodrigues CalilRamon Gomes de CarvalhoRayane de Jesus de Souza Medeiros VilaçaRenata Alessandra RosaRenata de Azevedo CostaRoberta Alves CunhaRodrigo Machado RibeiroRosangela de Almeida PróximoSuellen de Paiva SoutoTayanne Lovaglio CorbaniTeobaldo GaedeThais Oliveira Santos LobatoThaynara Evellyn Rodrigues RosaThiago Nascimento da Silva CamposTúlio Teruo YoshinagaVanessa de Souza PereiraViviane Figueiredo da SilvaWesclei Pereira dos SantosYngrid Oliveira Rodrigues

Se o rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana, fosse um Jogo dos Erros, com certeza seriam necessários bem mais do que sete “X” para apontar todas as falhas cometidas antes, durante e depois da maior tragédia ambiental do país. Algumas delas já são bem conhecidas: um processo de licenciamento ambiental feito, apa-rentemente, às pressas; alteamentos realizados na barragem sem adoção das devidas precauções; utilização da represa por outra mineradora além da Samarco; ausência de um sistema de alarme e também de treinamento à população para lidar com uma situação de emergência etc.

Mas são os equívocos na gestão ambiental do desastre que mais chamam a atenção do profes-sor do Departamento de Biologia Geral da UFMG Ricardo Pinto Coelho. Segundo ele, os esforços de monitoramento ambiental e de coleta de infor-mações ainda estão muito aquém do ideal, e têm se resumido a análises da qualidade da água, sem nenhum levantamento confi ável sobre a biota: fauna, fl ora, ectiofauna etc. “Estão confundindo o Rio Doce com uma simples calha, mas estamos tratando de todo um ecossistema: além dos pei-xes, há dezenas de comunidades com centenas de espécies de anfíbios, moluscos e aves, dentre outras, que foram afetadas”, salienta.

Ricardo também critica a divulgação de in-formações de que a lama não teria contribuído para elevar o nível de toxicidade da água. “Da-dos do Serviço Geológico do Brasil apontaram que as concentrações nas águas do Rio Doce de vários metais como manganês, arsênio, chum-bo, alumínio e ferro superaram largamente as médias históricas, e algumas superaram limites internacionais. Todo biólogo sabe: se está pre-sente na água, na biota pode ser bem pior. Uma unidade de metal na água pode representar dez

unidades nos peixes e mil no topo da cadeia”, afi rma. Para o professor os números que estão sendo apresentados precisam ser decodifi cados para a população. “Não adianta falar de pH. O que o ribeirinho quer saber é: ‘posso irrigar minha horta?’, ‘posso dar água para a criação?’. Está faltando transparência: mostram os números e escondem os efeitos”, pontua.

Recuperação

De acordo com dados do Centro de Senso-riamento Remoto do Ibama, o rompimento da barragem de Fundão causou a destruição de . hectares ao longo de km de cursos d´água, de Bento Rodrigues até a Represa de Candonga, em Rio Doce. A Fundação SOS Mata Atlântica aponta que foram . hectares, dos quais eram áreas de Mata Atlântica.

A grande questão que fi ca é: como se dará a recuperação dessa vegetação? Ricardo explica que a lama despejada possui uma estrutura muito homogênea em termos de granulometria, o que a transforma em uma crosta quando seca. “Isso impede a sucessão ecológica. É muito difícil haver recuperação se não houver medidas de biorreme-diação. E isso é trabalho para biólogo, recuperar o Rio Doce sem biólogos é impossível”, pondera.

Na opinião do professor, a restauração com-pleta da Bacia, se realizada da forma correta, deve durar mais de uma década, sem contar os problemas que, eventualmente, ainda serão descobertos ao longo do tempo: casos de conta-minação, extinções locais, problemas de erosão. “Estamos tratando aqui do primeiro acidente no mundo, excetuando-se talvez a tragédia do Mar de Aral, que envolveu um ecossistema inteiro, da nascente à foz”. E por isso mesmo Ricardo

Incontáveis errosRicardo Pinto Coelho elenca falhas na tragédia de Mariana e afi rma: “recuperar o Rio Doce sem biólogos é impossível”

DESASTRE AMBIENTAL

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“Morosidade não signifi ca preservação”

Se houvesse mais valorização do trabalho dos biólogos em órgãos públicos a tragédia de Mariana poderia ter sido evitada? Ricardo Pinto Coelho não tem uma resposta conclu-siva para essa questão, mas é categórico ao afi rmar que há defasagem na contratação de biólogos em órgãos como Ibama e que licen-ciamentos como o da Barragem de Fundão ocorrem sob forte pressão, dado os vultos dos investimentos. “O Estado brasileiro precisa se convencer de que sustentabilidade é bom negócio”, analisa.

Por outro lado, mesmo criticando a forma como é feito, Ricardo defende mudanças no processo de licenciamento ambiental. “Mo-rosidade não é sinônimo de preservação am-biental. O licenciamento deve ser agilizado, mas deve ser bem feito e ter todas as suas etapas cumpridas. Não podemos entrar em uma vertente conservacionista. A mineração é uma atividade extremamente importante e seria um erro criar entraves para sua realiza-ção. O que devemos é dar mais força ao setor de Meio Ambiente, com recursos e pessoas bem capacitadas, para impor e cobrar as con-dicionantes ambientais”, conclui.

“O Rio Doce é uma tragédia sem precedentes mundiais”, afi rma Ricardo Pinto Coelho

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Foto: Leonardo Merçon | Instituto Últimos Refúgios

reforça a importância e as oportunidades para biólogos. Para ele, é imprescindível a presença de biólogos atuando nas secretarias de Meio Ambiente dos municípios afetados, algo pouco recorrente em cidades do interior. “Na maioria das prefeituras a Secretaria de Meio Ambiente é moeda de troca política. Se não houver uma gestão muito bem feita, quando os recursos de recuperação chegarem serão deslocados para asfaltamento, obras de saneamento, iluminação pública”, alerta.

Papo com Biólogo

No dia de março o CRBio- promoveu, em seu auditório, a primeira edição do Papo com Biólogo, evento destinado ao debate de assuntos relacionados às áreas de atuação das Ciências Biológicas e sempre com a presença de um especialista. O professor Ricardo Pinto Coelho foi o primeiro convidado do evento. Acompanhe as notícias do Conselho por meio de seu site, blog ou Facebook para manter-se informado sobre as próximas edições do Papo com Biólogo.

Remetente:Conselho Regional de Biologia - �ª RegiãoAv. Amazonas, ��� - ��º andarBelo Horizonte - MGCEP: ���-�

#CRBIO04

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