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Considerações linguísticas para uma análise da historiografia e dos discursos fundantes do Brasil Juliana Cecci Silva 1 1 A imagem de Europa “civilizada” – sinônimo de fonte de educação e cultura que, aliás, foi incutida no Brasil desde a sua colonização é um efeito de sentido que sempre esteve intimamente relacionado à ideologia do dominador, ideologia que, legitimada através da materialidade discursiva 2 , produz e reproduz historicamente a compreensão (seja ela mítica, científica, política, filosófica etc.) de nascimento, desenvolvimento e fixação dos vernáculos pela escrita e, simultaneamente, a reflexão sobre a origem e o devir destes desconsiderando a heterogeneidade constitutiva de cada nação em que o dominador se ancora 3 ; silenciando outros sentidos possíveis e desconsiderando que a identidade de cada uma delas é constituída pela indissociável e complexa articulação entre todas aquelas dimensões que fazem dela o que ela é, que a singulariza, tais como, e principalmente, sua(s) língua(s), suas etnias, sua economia, suas ciências, sua história, sua(s) religião(ões), suas instituições governamentais, seu espaço geográfico, seus costumes, seus mitos fundadores etc. Nesse sentido, e até porque estamos afinados com o a definição dicionarizada o pré-construído de “identidade” como “conjunto de características que distinguem uma pessoa ou uma coisa e por meio das quais é possível individualizá-la” 4 , entendemos que a identidade de um povo é composta pelo conjunto de suas dimensões e que, dentre elas, certamente a da língua, com suas diferentes especificidades decorrentes dos diversos níveis de relação de força 5 , está entre os elementos que melhor “espelham” essa identidade (para 1 Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Linguística do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução da Universidade de Brasília (UnB); [email protected] 2 “O discurso é a materialidade específica da ideologia e a língua é a materialidade específica do discurso” (ORLANDI, 2010, p.17). 3 Nas palavras de Auroux (2014, p. 76), trata-se de colocar em prática uma exotransferência (que é tecnológica e cultural ao mesmo tempo) e uma exogramática, em vez de uma endotransferência e uma endogramática. De qualquer modo, todos esses processos compõe a gramatização. 4 IDENTIDADE. In: Dicionário eletrônico HOUAISS da Língua Portuguesa, nov. 2009. 5 Poderíamos, para citar um exemplo clássico das questões da Sociolinguística e da Linguística Histórica que ilustram essas relações de força (cuja ideia central também pode ser encontrada na Análise do Discurso, mas numa diferente perspectiva, a partir de diferentes noções) chamar a atenção para a construção do status social a partir da cultura dominante (cuja língua é invariavelmente de superstrato) sobre as dominadas (cujas línguas são

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Considerações linguísticas para uma análise da historiografia

e dos discursos fundantes do Brasil

Juliana Cecci Silva1

1

A imagem de Europa “civilizada” – sinônimo de fonte de educação e cultura que,

aliás, foi incutida no Brasil desde a sua colonização – é um efeito de sentido que sempre

esteve intimamente relacionado à ideologia do dominador, ideologia que, legitimada através

da materialidade discursiva2, produz e reproduz historicamente a compreensão (seja ela

mítica, científica, política, filosófica etc.) de nascimento, desenvolvimento e fixação dos

vernáculos pela escrita e, simultaneamente, a reflexão sobre a origem e o devir destes

desconsiderando a heterogeneidade constitutiva de cada nação em que o dominador se

ancora3; silenciando outros sentidos possíveis e desconsiderando que a identidade de cada

uma delas é constituída pela indissociável e complexa articulação entre todas aquelas

dimensões que fazem dela o que ela é, que a singulariza, tais como, e principalmente, sua(s)

língua(s), suas etnias, sua economia, suas ciências, sua história, sua(s) religião(ões), suas

instituições governamentais, seu espaço geográfico, seus costumes, seus mitos fundadores

etc.

Nesse sentido, e até porque estamos afinados com o a definição dicionarizada – o

pré-construído – de “identidade” como “conjunto de características que distinguem uma

pessoa ou uma coisa e por meio das quais é possível individualizá-la”4, entendemos que a

identidade de um povo é composta pelo conjunto de suas dimensões e que, dentre elas,

certamente a da língua, com suas diferentes especificidades decorrentes dos diversos níveis

de relação de força5, está entre os elementos que melhor “espelham” essa identidade (para

1 Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Linguística do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da

Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos da

Tradução da Universidade de Brasília (UnB); [email protected] 2 “O discurso é a materialidade específica da ideologia e a língua é a materialidade específica do discurso”

(ORLANDI, 2010, p.17). 3 Nas palavras de Auroux (2014, p. 76), trata-se de colocar em prática uma exotransferência (que é tecnológica e

cultural ao mesmo tempo) e uma exogramática, em vez de uma endotransferência e uma endogramática. De

qualquer modo, todos esses processos compõe a gramatização. 4 IDENTIDADE. In: Dicionário eletrônico HOUAISS da Língua Portuguesa, nov. 2009. 5 Poderíamos, para citar um exemplo clássico das questões da Sociolinguística e da Linguística Histórica que

ilustram essas relações de força (cuja ideia central também pode ser encontrada na Análise do Discurso, mas

numa diferente perspectiva, a partir de diferentes noções) chamar a atenção para a construção do status social a

partir da cultura dominante (cuja língua é invariavelmente de superstrato) sobre as dominadas (cujas línguas são

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usar de uma expressão leibniziana)6, ou então, como já havia dito o fenomenólogo

Benveniste, que o pensamento, até certo ponto, é dependente da língua e se modela à sua

estrutura:

De mais, a conversão do pensamento em discurso se assujeita à estrutura

formal do idioma considerado, isto é, à organização tipológica que, segundo

a língua, faz predominar tanto o gramatical quanto o lexical. No entanto,

falando grosseiramente, o fato de que se pode “dizer a mesma coisa” numa

como noutra categoria de idiomas é a prova, por sua vez, da independência

relativa do pensamento e ao mesmo tempo de sua modelagem estreita na

estrutura linguística. (BENVENISTE, 2006, p. 233)

2

Esse fenômeno de “falta” de uma perspectiva científica da linguagem, mesmo na Nova

Historiografia Brasileira7, talvez esteja ligado ao fato de ser ela tão natural em nossas vidas

(tão natural como respirar!), que, se não cuidamos, até nos esquecemos da importância de

invariavelmente de substrato) (LUCCHESI, 2009; PAGOTTO, no prelo) 6 Referimo-nos ao filósofo alemão Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716) que no texto Brevis designatio

meditationum de originibus gentium ductis potissimum ex indiciis linguarum de 1710 - cujo trabalho

acreditamos ser a expressão maior da suas investigações linguístico-históricas – começa a desenvolver a sua tese

já nas primeiras linhas, quando diz: “visto que as origens dos povos [mais] remotos estão para além da História,

as línguas, em seu lugar, são os monumentos dos [povos] antigos […] A partir de então, facilmente

compreendemos que muitos vocábulos peculiares assumiram sua forma graças a séculos de trabalho de vários

povos, sobretudo quando o rude [povo] bárbaro possuía mais ímpeto do que razão e, conforme as ocasiões se

davam, transformava o sentimento em som; e deve ter sido [um trabalho] variado, já que tinha a alma [como

fonte] e, além disso, os próprios órgãos da fala, dos quais o uso não fora igualmente fácil para todas as nações.

(2012, p. 125 e 127, grifo do autor, tradução nossa), tese pré-anunciada em sua obra Nouveaux Essais sur

l’entendement humain, par l’auteur du système de l’harmonie préétablie (obra anterior, mas publicada

postumamente em 1765) quando afirma serem as línguas o “espelho do espírito humano”: “[...] je croie

véritablement que les langues sont le meilleur miroir de l’esprit humain, et qu’une analyse exacte de la

signification des mots ferait mieux connaître que toute autre chose les opérations de l’entendement.”. (1990

[livro III, cap. VII, § 6). Mais tarde, essa tese leibniziana será muito cara a Humboldt e a outros comparativistas

(cf. MATTOSO CÂMARA JR., 1979). 7 A Nova Historiografia Brasileira descende de um movimento intelectual surgido na França, na década de 1920,

cujas inovações metodológicas e temáticas, que incluíam essencialmente uma abordagem interdisciplinar na

produção do conhecimento histórico mediada pela visão do próprio tempo do historiador, foram reunidas na

Annales (Annales d’Histoire Économique et Sociale), revista liderada por Marc Bloch e Lucien Febvre (cf.

Burke [1991] para maiores detalhes sobre a Annales). Ainda sobre a Nova Historiografia, o historiador francês

Jacques Le Goff (2003 p. 15, grifo do autor) nos dá a seguinte síntese: “Na atual renovação da ciência histórica –

que se acelera ao menos na sua difusão (o incremento essencial veio com a revista Annales, fundada por Bloch e

Febvre em 1929) –, uma nova concepção do tempo histórico desempenha um papel importante. A história seria

feita segundo ritmos diferentes e a tarefa do historiador seria, primordialmente, reconhecer tais ritmos. Em vez

do estrato superficial, o tempo rápido dos eventos, mais importante seria o nível mais profundo das realidades

que mudam devagar (geografia, cultura material, mentalidades: em linhas gerais, as estruturas) – trata-se dos

níveis das ‘longas durações’”.

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questionar seu funcionamento. É por causa dessa naturalidade, da qual todo ser humano

(independente de gênero, credo, raça etc.) é portador, que se tem o efeito de evidência dos

sentidos, que fica tácito que os sentidos e a sua produção são evidentes, homogêneos, claros,

acordados entre todos os seus falantes...

Mas, os recentes estudos das ciências da linguagem, principalmente os que se

colocam sob perspectivas que se ancoram no pressuposto de que os sentidos são construídos

historicamente – como é o caso, por exemplo, dos estudos da Análise do Discurso

pêcheuxtiana, da Semântica da Enunciação e de certas correntes da Sociolinguística

Variacionista e da Linguística Histórica8 – já provaram que não há nada de homogêneo e claro

na linguagem, mas que, ao contrário, o que há é uma perene transformação das línguas, dos

sentidos e de nós mesmos, os sujeitos da linguagem; no qual, através do jogo naturalmente

contraditório da linguagem, da sua inerente tessitura polissêmica, simbólica e de relações de

poder com a alteridade, o sujeito discursivo faz significar, mas é igualmente significado,

construído pela linguagem, pelo discurso, sempre em relação com as condições externas.

Então, se a investigação e a compreensão das questões referentes ao domínio

linguístico de uma nação, de uma comunidade linguística, são claramente importantes para

uma maior abertura no espaço de compreensão da identidade de seu povo, não seria lacunosa

uma História nacional que não estabelecesse um diálogo epistemológico com os diversos

estudos que, sob diferentes perspectivas, vêm abordando questões importantes para se

compreender a essência histórica e perene da linguagem? Questões que dizem respeito, por

exemplo:

aos modos de dominação/submissão operados na e pela língua;

à interferência dessas relações de força na língua em variações diatópicas e

diastráticas e os status construídos aí simultaneamente;

à importância das circunstâncias de produção e de circulação da

gramatização (produção dos instrumentos linguísticos) na construção da

identidade nacional;

8 Cf., dentre outros, a noção de “sedentarização linguística” em História econômica e formação do português

do brasil: o papel da sedentarização linguística. (PAGOTTO, no prelo) e a noção de “transmissão linguística

irregular” em O português afro-brasileiro (LUCHESI, 2009, p. 41-73).

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aos modos de interação com e na língua por pessoas reais (que executam

variadas funções na vida econômico-social da sociedade colonialista) para

além da ideologia mercantil senhor/escravo, própria da compreensão

tradicional e homogeneizante da história do período colonial.

3

Partindo do pressuposto da Análise do Discurso de que a partir de um efeito

ideológico de transparência nossa “nacionalidade”, assim como ocorreu com as

“nacionalidades” europeias, tem sua identidade historicamente significada e ressignificada à

medida que as línguas faladas em solo brasileiro vão tomando corpo na e pela gramatização9

– instrumentalização linguística dirigida por uma reflexão que, até há poucas décadas, era

definitiva e determinantemente tomada pela angústia e pelo desejo etnocêntrico de identificar

a língua brasileira com a língua portuguesa, como se essa fosse uma “língua perfeita” 10 –

propomo-nos a, no sentido de corroborar nossa hipótese de que a Nova Historiografia e as

Ciências da Linguagem têm muito a ganhar na construção de um diálogo epistemológico

entre si, chamar a atenção para certas imagens e reflexões impactantes do Terra à Vista.

Discurso do confronto: velho e novo mundo (2008) de Eni P. Orlandi; livro em que a

autora, a partir da perspectiva teórico-metodológica da Análise de Discurso, pretende

descrever e analisar discursivamente a história do contato entre os índios e os brancos no

Brasil desde o século XVI, ou melhor, analisar os discursos (os relatos) produzidos pelos

9 A esse importante movimento metalinguístico no qual a reflexão sobre os vernáculos, e suas respectivas

escritas, é seguida da fixação destes, Sylvain Auroux chama de “instrumentalização linguística”; para ele, apenas

uma historiografia, fundada nos preceitos da Filosofia e das Ciências Humanas e Sociais (a qual só despontou no

início do século XIX) têm condições de compreender os desenvolvimentos dessa perene “revolução tecnológica

da gramatização”. Auroux explica que “por gramatização deve-se entender o processo que conduz a descrever e

a instrumentar uma língua na base de duas tecnologias, que são ainda hoje os pilares de nosso saber

metalinguístico: a gramática e o dicionário" (2014, p. 65). 10 Para uma outra interessante perspectiva da história das investigações linguísticas na Europa, da problemática

da protolíngua, sobretudo da adâmica, e de outras questões a isso relativas, aconselhamos a leitura de A busca

da língua perfeita, onde Umberto Eco analisa a história dessas incipientes nações em busca de uma língua

perfeita chamando a nossa atenção para as reais motivações que orquestram tais investigações: “A Europa inicia-

se com o nascimento das suas linguagens vernáculas, e pela reação, às vezes alarmada, a sua irrupção inicia a

cultura crítica da Europa, que enfrenta o drama da fragmentação das línguas e começa a refletir em torno do

próprio destino de civilização multilíngue. Embora sofrendo com o impacto, procura encontrar um remédio: quer

refazendo o seu caminho para trás, em busca da língua falada por Adão, quer para frente, tentando construir uma

língua da razão que possua a perfeição perdida da língua de Adão. (ECO, 2002, p. 38)

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europeus brancos (portugueses, franceses... ) e neles encontrar as vozes apagadas, sufocadas

e deslocadas do índio; e essa empreitada, nessa perspectiva de análise, só pode ser feita a

partir de um deslocamento teórico crucial: em síntese, poderíamos dizer que o modo como

operam historicamente os “instrumentos” (articulações, processos) de produção de sentidos

no discurso e, consequentemente, seus efeitos são levados em conta. O resultado é que

(arriscamos dizer), ainda que não se verifique a consonância entre a Historiografia e as

demais Ciências da Linguagem nessa empreitada (exceto a AD), a autora já fornece ganchos

seguros para proporcionar, em outros trabalhos como esse, que ressignificam a História do

Brasil, diálogos com as outras Ciências da Linguagem.

4

A fim de situar em que pé se encontra mais especificamente a Nova Historiografia

Regional Brasileira, cito abaixo um trecho de Textos para a historiografia de Sergipe,

trecho em que a historiadora Diana Maria de Faro Leal Diniz, coordenadora dessa obra, faz

um alerta aos historiadores regionalistas no que diz respeito à necessidade de se debruçar

sobre as heterogeneidades (sociais, linguísticas, geográficas etc.), as diferenças, as

articulações, os movimentos:

Mesmo quando as novas tendências dos estudos históricos apontam agora

para a necessidade de recuperar a diferença inscrita na sociedade e no

espaço, a polissemia da realidade, os historiadores das regiões pouco se dão

conta de que a cobrança lhe diz respeito. A História regional é

manifestamente a expressão da heterogeneidade sócio-espacial e, nesse

sentido, qualquer História, de qualquer espaço, o é, até mesmo quando e

onde seus historiadores neguem que o seja.

Não se trata de um retorno ao passado, às Histórias/crônicas. Se estas

padeciam da ótica estreita dos “localismos” ou provincianismos ou

estadualismo, sem conseguir apreender as articulações internas e externas

dos respectivos espaços sobre os quais versavam, foram substituídas por

Histórias analíticas, que diluíram os espaços regionais diferenciados na ótica

desmesuradamente larga dos espaços hegemônicos e os constituíram como

territórios reflexivos dos últimos.

Uma nova História regional não poderá ser unidimensional nem negadora da

alteridade, em que o positivismo a converteu. Há de ser uma representação

de um certo espaço na multiplicidade de suas relações e articulações

econômicas, políticas, sociais, culturais etc. como um produto em produção

que especifica e singulariza o movimento de uma história mais geral,

nacional e/ou internacional. Há de ser nem simples cronologia desencarnada

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de explicação, nem mera análise desencarnada de fatos, mas uma explicação

de fatos descritos em sua temporalidade social. (2013, p. 15-16)

A reflexão de Diniz vem de encontro à nossa reflexão e contribui para o

fortalecimento de nossa hipótese de que a Nova Historiografia Brasileira tem muito a trocar

com a Análise do Discurso, a Semântica da Enunciação e certas correntes da Linguística

Histórica e da Sociolinguística Variacionista, em cujos procedimentos teórico-metodológicos

– normalmente desenvolvidos em projetos e programas interdisciplinares mobilizados por

pesquisadores e docentes em todo o Brasil, tais como o História das Ideias Linguísticas (HIL)

e o Projeto para a História do Português Brasileiro (PHPB), para só citar dois – recortam e

acolhem corpora para descrição e análise, desenvolvendo trabalhos, sob diferentes

perspectivas, no âmbito da historicidade da linguagem e da sua relação simbólica e política

com a sociedade em seus outros domínios (economia, ciência, religião, política, costumes

etc.).

Verificamos em algumas obras da Historiografia Brasileira, mais especificamente

nas do Estado de Sergipe, a necessidade de acrescer uma abordagem definitivamente

linguística nesses trabalhos historiográficos; é mister assomar à nova historiografia aportes

teórico-metodológicos já desenvolvidos pelas Ciências da Linguagem que deem conta da

importância do domínio linguístico para a questão da identidade. E, como dissemos acima,

acreditamos que, na linha da construção de saberes realizados por projetos como o HIL e

PHPB11, seria um grande ganho para a Historiografia, seja nacional, seja regional, e de

fundamental importância para a compreensão da identidade de seu povo, que fosse colocada

em prática a articulação entre as atuais investigações sobre a linguagem – sob diferentes

perspectivas com viés histórico, isso é, desde que se afinem, quanto ao escopo, no que se

11 No Estado de Sergipe, o Projeto para a História do Português Brasileiro de Sergipe (PHPB-SE) é desenvolvido

pelo Grupo de Estudos Filológicos do Estado de Sergipe (GEFES) da Universidade Federal de Sergipe (UFS),

ele “articula-se com o projeto temático de âmbito nacional PHPB [Projeto para a História do Português

Brasileiro] com o objetivo de explicar a origem, a história e os rumos da constituição das variedades do

português em Sergipe. Para tanto, desdobra-se em dois objetivos gerais: (a) constituir corpora diacrônicos

representativos do português sergipano dos séculos XVII ao XX, oriundos de arquivos históricos, e (b) explorar

esses corpora em pesquisas sobre aspectos da realidade sócio-histórica de Sergipe e sobre a descrição linguística

pancrônica dessa variedade do português, do nível fonológico ao semântico-discursivo.” (Fonte:

https://gefesblog.wordpress.com/phpbse/).

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refere à linguagem como espaço de contradição, como processo histórico e simbólico de

produção de sentidos – com os saberes já adquiridos pela Nova Historiografia Regional.

E como isso poderia ser feito? Abaixo, sugerimos uma metodologia:

Numa 1ª etapa da pesquisa, a leitura historiográfica do historiador seria

problematizada a partir dos referenciais teóricos e analíticos indicados acima, isso é, o corpus

em questão seria descrito e analisado recorrendo não só à AD e à Semântica da Enunciação,

mas também àquelas correntes da Sociolinguística Variacionista e da Linguística Histórica,

separada ou conjuntamente, entendendo que podemos fazê-lo desde que tal consubstanciação

teórica e prática desses referenciais não fira os preceitos básicos de cada um deles e desnorteie

o sentido da pesquisa.

A análise deve cobrir, principalmente, o modo como se configura, se articula, o

efeito de evidência dos sentidos; em outras palavras, como se dá a produção e reprodução de

sentidos e os mecanismos, dispositivos, processos (tais como os apagamentos, os

silenciamentos, os deslizes, as faltas, as figuras etc.) usados nos mais variados aspectos dos

discursos históricos (próprio da posição de historiador e das condições externas que o cerca),

como, por exemplo, em suas opções por determinadas citações, referências (relatos, livros

clássicos, artigos recentes etc.), períodos históricos, personagens históricos, domínios de saber

(economia, política, cultura, geografia etc.), línguas (indígenas, africanas, portuguesas etc.),

dentre outros, em detrimento de outros. Essa análise, com o auxílio daquelas correntes

“materialistas” da Linguística Histórica e da Sociolinguística Variacionista, possibilitará uma

melhor compreensão do percurso de leitura dos historiadores, uma vez que compreenderemos,

dentre outros, com quais formações discursivas dialogam e até que ponto conseguem se

libertar da reprodução da tradição etnocêntrica da História que homogeneíza as identidades.

Na 2ª etapa, acreditamos que, após o obter os resultados daquela análise, após

adquirir um conhecimento mais profundo no que se refere às brechas, às lacunas deixadas

pelos historiadores no sentido de incluir o linguístico como componente essencial, pois

simbólico e histórico, para se compreender a identidade nacional ou regional, e após avaliar o

modo como articulam significativamente seus saberes (deslizes de sentido, silenciamentos

etc.), estaríamos aptos a delimitar e a organizar tais resultados e as questões de linguagem

possíveis de serem abordadas.

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A 3ª etapa se caracterizaria pelo aperfeiçoamento quantitativo e qualitativo do

levantamento bibliográfico e institucional que já previamente teria sido feito. Inicialmente,

além de pesquisas aleatórias na internet para manter o “arquivo” aberto a contribuições

(sobretudo de artigos “quentinhos”), “exploraríamos” as fontes primárias e secundárias de

algumas instituições para ampliar a bibliografia da pesquisa.

E na 4ª, e última etapa, tendo já uma compreensão mais aprofundada da obra em

questão, do corpus, e dos demais trabalhos que pesquisamos em nosso levantamento,

estaríamos aptos a, finalmente, encetar úteis diálogos epistemológicos entre o que se tem feito

na Historiografia (nacional e regional) e os saberes das citadas perspectivas das ciências da

linguagem.

5

Quanto ao supracitado Programa História das Ideias Linguísticas no Brasil (HIL),

seu pressuposto teórico-metodológico é composto originalmente pelo diálogo da Análise de

Discurso pêcheuxtiana (AD) com o interdisciplinar e multinacional projeto de Sylvain Auroux

e equipe de uma enciclopédia crítica da História das Teorias Linguísticas12; despontado nos

anos 80 no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual de Campinas

(Unicamp), esse programa de pesquisa desenvolve, desde então, e com a participação

interdisciplinar de pesquisadores de universidades nacionais e internacionais, projetos que

reúnem uma produção de conhecimento voltada para “uma” compreensão “brasileira” da

história linguístico-social da língua portuguesa no Brasil, da língua brasileira; escopo atingido

sobretudo pela determinação de seus pesquisadores em analisar os processos de significação

dos instrumentos linguísticos produzidos no Brasil.

Com essas interlocuções interdisciplinares, a HIL propõe fornecer “uma” lente

(dentre incontáveis lentes que podem existir) que dê “visibilidade” para os elementos e

processos articuladores da produção de sentidos dos discursos, inclusive aqueles que, sem

12 Tal enciclopédia histórica e crítica das ciências da linguagem é um compêndio de três volumes e resultou do

programa de mesmo nome, cujos integrantes, liderados pelo filósofo e linguista francês Sylvain Auroux

(departamento Histoire des Théories Linguistiques da Sorbonne Université Paris Diderot), formam um grupo de

pesquisas interdisciplinar e multinacional.

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serem notados pelos sujeitos, apagam, silenciam, deslizam os sentidos nos mais variados

níveis de força dentro da ideologia.

A partir de uma das noções mais caras à AD, a de que os discursos são produzidos

por sujeitos interpelados pela ideologia, o HIL, junto com as apropriações e adaptações

tomadas de certas noções/conceitos das pesquisas lideradas por Auroux, fornece as

ferramentas para acessar os mecanismos ideológicos que existem na prática discursiva,

expondo suas articulações de produção de sentidos ao “desvelar ao nosso olhar” o véu de

evidência de transparência. Esse posicionamento se deve à recusa da ideia agregada à noção

de documento pelas abordagens tradicionais de análise em que esse objeto é considerado

pronto, acabado. Assim, o objeto do HIL não é o documento, uma vez que, assim como a AD,

esse programa considera falsa qualquer ideia de neutralidade no seu processo de significação;

o HIL trabalha com o discurso, mesmo que essa materialidade, qualquer que seja ela

(fotografia, ilustração, canção, poema etc.), nunca tenha sido retida pela abordagem histórica

tradicional como um documento, um testemunho legítimo do(s) fato(s) em questão, pois a

noção de arquivo que a AD coloca à disposição para esse programa está sempre aberto às

possíveis discursividades, mesmo àquelas que foram sufocadas desde sua origem13. Sendo

assim, na perspectiva do HIL, há sempre novas possibilidades de compreensão dos sentidos e

dos elementos e processos articuladores de sua produção.

6

E nesse contexto, em que discutimos a importância de se produzir um diálogo entre a

Nova Historiografia e as Ciências da Linguagem, gostaríamos de ressaltar a importância do

Terra à Vista de Eni P. Orlandi, livro que, se por um lado, foi nutrido pelas pesquisas

interdisciplinares do HIL (que ao longo dos anos vêm se enriquecendo com contribuições de

13 Nas bordagens tradicionais, o arquivo é fechado e os “textos” (em suas mais diversas materialidades, como

paratextos, fotos, ilustrações etc.) são documentos que foram categorizados historicamente como verdadeiros e

acabados. Na abordagem da AD e, consequentemente, na do HIL, o arquivo é aberto e não existem “textos”

meramente; todo texto é potencialmente um discurso no qual o analista deve se debruçar para tentar

compreender historicamente o funcionamento dos seus elementos e processos articuladores, como: as filiações

de sentidos, as condições de produção, o lugar de enunciação, o interdiscurso (memória discursiva), a formação

discursiva etc., para, nesse movimento, reestabelecer novos sentidos da trama discursiva: “[...] Os textos foram

historicamente categorizados como ‘documentos’ aqui tomados como discurso: lugar de significação, de

confronto de sentidos, de estabelecimento de identidades, de argumentação.” (ORLANDI, 1990, p.18).

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outras áreas afins), foi e continua sendo uma referência substancial não só para os trabalhos

desenvolvidos no programa, mas também para trabalhos das Ciências Humanas e Sociais que

dialogam, em sentido amplo, com o aspecto polissêmico, ideológico, político, polêmico,

histórico e heterogêneo da linguagem, e, em um sentido mais restrito, com o discurso

fundador da colonização como lugar de instauração de sentidos que constroem a identidade

linguístico-social do brasileiro.

Gostaríamos de sinestesicamente chamar a atenção do leitor para o conteúdo

principal do Terra à Vista, como o fez de certa forma Orlandi no início de seu texto. Vamos

apelar para a sinestesia de duas imagens/memórias que são bastante férteis para ilustrar não só

o tema do livro expresso metaforicamente pelo “─ Terra à Vista”, em seu título, mas também

a perspectiva do HIL. A primeira imagem/memória é provocada com a leitura de um trecho

do livro O Prazer do Texto do filósofo francês Roland Barthes:

Texto quer dizer 'tecido'; mas, enquanto até aqui esse tecido foi sempre

tomado por um produto, por um véu acabado, por detrás do qual se

conserva, mais ou menos escondido, o sentido (a verdade), nós acentuamos

agora, no tecido, a ideia generativa de que o texto se faz, se trabalha através

de um entrelaçamento perpétuo; perdido nesse tecido – nessa textura – o

sujeito desfaz-se, como uma aranha que se dissolvesse a si própria nas

secreções construtivas da sua teia. (1987, p. 81-82, grifo nosso)

Quanto à segunda imagem/memória, essa está diretamente ligada ao enunciado

inaugural, ao discurso fundante do Brasil... imagem/memória que nos acompanha desde os

primeiros anos escolares:

“─ Terra à vista!”

E daí, fica a pergunta: ─ Que terra é essa? Até onde ela se estende? O que há nela?

Esse enunciado “─ Terra à vista!”, ainda mais com a colaboração sugestiva das fotos

ou ilustrações que acompanham o enunciado em nossa memória, faz-nos pensar no alcance

limitado da visão, não é mesmo? Esse enunciado (diga-se de passagem, um pré-construído),

ainda mais com o auxílio da imagem, faz-nos pensar em quanto confiamos em nossa visão;

parece que pela visão podemos nos apropriar da coisa vista ou de algo sobre ela, não é?

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Assim, e na esperança de termos conseguido direcionar a sua “visão” para “dilatar”

essa sua percepção, poderíamos dizer que a “visão” poderia ser uma metáfora para a noção de

“perspectiva”? E assim, “veja” você: “perspectiva”, seja no sentido corriqueiro, seja no

sentido original, seja no derivado, relaciona-se com as ideias envoltas em expressões como

“ponto de vista”, “ótica”, “vista ao longe, até onde os olhos alcançam”, “horizonte”,

“configuração externa”, “técnica de representação tridimensional que possibilita a ilusão de

espessura e profundidade das figuras”, “forma ou aparência sob a qual algo se apresenta”;

aliás, em latim medieval, perspectiva, ae é parte da Óptica.

Já está com a “vista dilatada”? Então, voltemos aos sentidos de “ver” em “─ Terra à

vista!”, para os quais Orlandi quer chamar a atenção:

[...] ‘Ver’ tem um sentido bem específico nesse contexto: o que é visto ganha

estatuto de existência. Ver, tornar visível, é forma de apropriação. O que o

olhar abarca é o que se torna ao alcance das mãos. O visível (o descoberto) é

o preâmbulo do legível: conhecido, relatado, codificado. (ORLANDI, 2008,

p. 17)

E, assim, fazendo desse pré-construído o enunciado inaugural, o discurso fundador

do Brasil, a perspectiva do olhar europeu silencia a nossa origem e nos estabelece como

sujeito cultural apagando os aspectos histórico-políticos.

Sob essa “perspectiva”, podemos dizer que é um grande problema original acreditar

que com a simples “visão” conseguimos abarcar o todo do objeto que está à nossa mira com

seus detalhes e movimentos; na verdade, a nossa “visão” sempre é condicionada a diversos

fatores (internos e externos); só conseguimos ver uma parte do objeto e, dependendo da

distância (da diferença!) que temos do objeto, sequer conseguimos ver que há complexidades,

movimentos.

A partir dessas sensações e reflexões, sugeridas primeiro a partir da imagem de

“texto” que temos em Barthes e depois pelos limites da noção de “visão/ perspectiva” (e, para

tanto, apoiando-me no enunciado fundante do Brasil seguido da orientação que a

análise/“visão” de Orlandi nos traz sobre tal discurso), acredito que o foco para a

compreensão do alcance da perspectiva do HIL e de seu objeto, o discurso, foi determinado.

Discurso que, quer como objeto do HIL, quer como da AD, é um lugar de contradição, assim

como refere Barthes ao falar da complexa tessitura textual... lugar onde o sentido é

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considerado, a um só tempo, como produto (acabado, pronto) e como representação de um

processo contínuo e heterogêneo (heteróclito); pois, se como diz Orlandi, “o visível (o

descoberto) é o preâmbulo do legível: conhecido, relatado, codificado”, o invisível, isso é,

tudo aquilo que não está ao alcance dos olhos, também significa, também produz sentidos.

Seguindo nessa trilha, nessa corda-bamba que procura apreender o visível e o

invisível, o dito e o não-dito, o político (isso é, as lutas de força antagônicas que subjazem à

produção de sentidos), enfim, o funcionamento contraditório das práticas discursivas, o HIL é

o primeiro programa acadêmico que reúne trabalhos que empreendem reflexões relacionadas

à História da produção de conhecimento linguístico (metalinguístico) no Brasil.

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Portanto, podemos dizer, à guisa de conclusão, que o livro Terra à Vista, além de

fornecer ganchos para esse diálogo entre a Nova Historiografia e as citadas Ciências da

Linguagem, oportuniza reflexões sobre a dimensão político-ideológica (que, como vimos,

necessariamente inclui a linguagem) subjacente à concepção de brasileiro pelos brasileiros,

abordando a questão da “sobrevivência” do índio face ao apagamento; apagamento que foi

instituído de diversas formas pelo discurso colonialista do século XVI e que foi perpetuado

pelos discursos imediatamente posteriores, os quais foram e são produzidos pela permanência

da ideologia eurocêntrica (ou logocêntrica, como diria Derrida [1996]), travestida de diversas

formas.

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