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1 Construindo Comunidade As mudan¸cas clim´ aticas s˜ao re- sultantes das a¸c˜ oes e atividades coletivas da humanidade e todos ser˜ ao impactados. Claro que os in- div´ ıduos,corpora¸c˜ oes e pa´ ıses mais respons´aveispelascontamina¸c˜ oes, frequentemente em os recursos para diminuir (inicialmente) o im- pacto causado por eles e deixar aspopula¸c˜oesepa´ ıses mais pobres sofrer mais. Por isso, os jovens ativistas est˜ ao falando de Justi¸ ca Clim´ atica. Em escala individual, tem pou- cas coisas que podemos fazer mas podemos nos preparar e nos adaptar `as mudan¸ cas que j´ a se apresentam - Podemos plantar nosso pr´oprio alimento por exemplo, cuidar da nossa ´ agua. A possibilidade e momento para mitigar ou diminuir os impactos fortes das mudan¸cas clim´ aticas passou d´ ecadas atr´as, e na´ epoca, nenhum pol´ ıtico teve a coragem e nem inteligˆ encia para agir (e muitos deles ainda est˜ ao mostrando a falta de inteligˆ encia para agir em favor da vida!). Al´ em da escala individual, nossa prepara¸c˜ao e adapta¸c˜ ao pode ser em escala de comunidade local. Na verdade, nossa melhor chance de adapta¸c˜ao para suportar as mudan¸cas do futuro, ser´a em comunidade. Aprodu¸c˜ ao de nossos alimentos pode ser comunit´ aria (por exemplo, com sistemas de aloteamentos ou agricultura comunit´ aria). Al´ em disso, pensando em escala comunit´aria significa que n˜ao pre- cisaremos ser competentes em ´ areas ou fun¸c˜ oes espec´ ıficas e imagin´ aveis (m´ edico, carpinteiro, cozinheiro, dentista, contador, seguran¸ca..... mas tem sentido apren- der tanto quanto puder) e tampouco precisaremos estocar 5 anos de provis˜ oes em nossas casas. A chave ´ e nossa conex˜ao com nossos vizinhos. ´ E nossa comunidade! Existem v´arias pesquisas mostrando que em momentos de emergˆ encia (como no passado com furac˜oes ou incˆ endios, inunda¸ c˜oes ou enchentes por empresas pa- rasitas com a Vale), aquelas comunidades que tˆ em uma liga, que tˆ em um sentido comunit´ ario, v˜ ao responder e se recuperar mais r´ apido do que as comunidades em conflito. Em tempos de adversidade, a tendˆ encia natural por seres humanos ´ e unir e auxiliar uns aos outros. Nossos her´ois s˜ ao aqueles que arriscam at´ e sua pr´ opria vida para auxiliar e resgatar outras pessoas. As pessoas que ficam s´ o observando as dificuldades dos outros sem fazer nada, n˜ao s˜ao nossos her´ois. Mas, esperando pelas crises para come¸car a unir sua comunidade n˜ ao ser´ a t˜ ao produtivo e eficiente. Come¸car agora, com projetos pequenos que une seus vizinhos e gerar um sentido de comunidade. Tarefa: Pensar em sua comunidade/bairro. Se fosse necess´ario vocˆ e se mudar para outra regi˜ao ou outra cidade, vocˆ e sentir´ a saudades de sua comunidade atual? Saudade de que parte de sua comunidade? Essa parte que tem valor pra vocˆ e, como vocˆ e pode aumentar, desenvolver mais? A¸ c˜oes pequenas podem tem impactos fortes!

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Construindo ComunidadeAs mudancas climaticas sao re-

sultantes das acoes e atividadescoletivas da humanidade e todosserao impactados. Claro que os in-divıduos, corporacoes e paıses maisresponsaveis pelas contaminacoes,frequentemente tem os recursospara diminuir (inicialmente) o im-pacto causado por eles e deixaras populacoes e paıses mais pobressofrer mais. Por isso, os jovensativistas estao falando de JusticaClimatica.

Em escala individual, tem pou-cas coisas que podemos fazer mas podemos nos preparar e nos adaptar as mudancasque ja se apresentam - Podemos plantar nosso proprio alimento por exemplo, cuidarda nossa agua. A possibilidade e momento para mitigar ou diminuir os impactosfortes das mudancas climaticas passou decadas atras, e na epoca, nenhum polıticoteve a coragem e nem inteligencia para agir (e muitos deles ainda estao mostrandoa falta de inteligencia para agir em favor da vida!).

Alem da escala individual, nossa preparacao e adaptacao pode ser em escala decomunidade local. Na verdade, nossa melhor chance de adaptacao para suportaras mudancas do futuro, sera em comunidade. A producao de nossos alimentospode ser comunitaria (por exemplo, com sistemas de aloteamentos ou agriculturacomunitaria). Alem disso, pensando em escala comunitaria significa que nao pre-cisaremos ser competentes em areas ou funcoes especıficas e imaginaveis (medico,carpinteiro, cozinheiro, dentista, contador, seguranca..... mas tem sentido apren-der tanto quanto puder) e tampouco precisaremos estocar 5 anos de provisoes emnossas casas. A chave e nossa conexao com nossos vizinhos. E nossa comunidade!

Existem varias pesquisas mostrando que em momentos de emergencia (comono passado com furacoes ou incendios, inundacoes ou enchentes por empresas pa-rasitas com a Vale), aquelas comunidades que tem uma liga, que tem um sentidocomunitario, vao responder e se recuperar mais rapido do que as comunidades emconflito.

Em tempos de adversidade, a tendencia natural por seres humanos e unir eauxiliar uns aos outros. Nossos herois sao aqueles que arriscam ate sua propriavida para auxiliar e resgatar outras pessoas. As pessoas que ficam so observandoas dificuldades dos outros sem fazer nada, nao sao nossos herois.

Mas, esperando pelas crises para comecar a unir sua comunidade nao sera taoprodutivo e eficiente. Comecar agora, com projetos pequenos que une seus vizinhose gerar um sentido de comunidade.

Tarefa: Pensar em sua comunidade/bairro. Se fosse necessario voce se mudarpara outra regiao ou outra cidade, voce sentira saudades de sua comunidadeatual? Saudade de que parte de sua comunidade? Essa parte que tem valor pravoce, como voce pode aumentar, desenvolver mais? Acoes pequenas podem temimpactos fortes!

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AloteamentosAloteamentos sao uma mistura deagricultura urbana e tecnologia so-cial. Esta tecnologia foi a chavecentral, nos programas das ”Hor-tas da Vitoria”, implantados pelosgovernos da Inglaterra, Alemanhae Japao, durante a segunda guerramundial. Tambem e uma tecno-logia frequentemente utilizada emareas centrais nas cidades, e emtempo de recessao.

A ideia e simplesmente usarareas abertas de forma produtiva.Essas areas serao manejadas porum comite local, que as dividiraem lotes bem pequenos e os alu-gara a moradores locais para usa-rem como hortas. Alem de propi-ciar aos moradores, a terra e o con-tato com o solo, esses aloteamen-tos sao produtivos e diversos, poiscada locatario produzira o que qui-ser e, mais ainda, se desenvolverauma vida comunitaria bem impor-tante, especialmente em tempos derecessao e colapso social.

Quando Cuba sofreu um boi-cote internacional instigado porvinganca dos EUA, eles adotaramduas formas principais de agricul-tura urbana (que tambem e todaorganica).

Pequenos lotes baldios foram or-ganizados para serem manejados

por grupos de vizinhos locais (em escala da rua - 5 a 12 famılias). A producaodo trabalho conjunto foi distribuıda entre a creche local (mesmo que nao sejam ascriancas dos usuarios dos aloteamentos) e com os usuarios mesmos.

Terrenos maiores foram organizados por cooperativas. Produziram alimentosem escala comercial e venderam aos vizinhos do bairro. Por isso a cidade de Ha-vana, produz todos os legumes e verduras, 50% da carne e 40% do arroz consumidona cidade!

Na Inglaterra, varias pesquisas mostram que utilizando os terrenos vazios exis-tentes (incluindo aqueles localizados abaixo das linhas de transmissao de energia...)eles podem abastecer ate 33% de alimentos para a cidade....isso no clima da Ingla-terra!

Varias vilas na Inglaterra (Todmorden, Bridgewater...) estao construindo hor-tas e pomares publicos, em escolas, cemiterios, casas de idosos, creches, parquespublicos...e ate em frente a delegacia policial. E qualquer pessoa pode colher econsumir!!

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Tarefa: Dentro de sua comunidade ou bairro, existem espacos ou lotes abando-nados que podem ser utilizados para uma horta comunitaria ou um aloteamento?Quem e o dono, sera possıvel contactar? Qual grupo comunitario podera tomarconta de um projeto comunitario? Existem recursos uteis - como materia organicade uma feira local???

Projetos Artisticas e CulturaisProjetos onde uma expressao artısticade grande escala auxiliou a comu-nidade a definir sua propria visao.No nordeste da Australia, uma pqe-quena cidade rural contratou umartista para auxiliar as lojas a sertornarem mais coloridas. Hoje,Nimbin e uma cidade bem turıstica,e mesmo com sentido de comuni-dade local bem forte. O municıpiotambem desenvolveu muitas areasespeciais na cidade para animar aspessoas a se sentarem e conversa-rem. Nimbin, tambem faz parte docircuıto de uma feira artesanal am-bulante. Cada primeiro domingo,

milhares de pessoas vao as cidades proximas para investigar os artesanatos e rela-xar em uma cidade tao linda.

Por outro lado, na regiao de Patzcuaro (Michoacan, Mexico), a cidade decidiupreservar sua cultura e arquitetura tradicional, ate proibindo o desenvolvimentoarquitetonico moderno na cidade mesmo. De novo, o resultado foi uma cidadelinda e bem visitada.‘

Cada comunidade tem sua visao, sua alma, sua identidade. As vezes, precisade um artista, musico ou poeta local para dar a visao disso.

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Hong Kong e COVID19Estudando a pandemia da COVID-19, alguns detalhes sao interessan-tes. Por exemplo, Taiwan, Coreiado Sul, Nova Zelandia, Islandiae Cuba sofreram poucas conta-minacoes, o numero de mortes foibaixo e conseguiram reabrir suaeconomia em pouco tempo. Emcada caso, um governo que res-pondeu rapido e com forca. Ecom ciencia... implantando servicose testando a populacao como umtodo, rastreando casos confirmadose abastecendo os servicos de saude

e ate a populacao com mascaras e equipamentos de protecao particular. Em poucotempo a infeccao quase sumiu e eles reabriram a economia....mas continuam tes-tando e rastreando os casos de infeccoes.

Por outro lado, os paıses com governantes menos preocupados com a vida dapopulacao (EUA, UK, Brasil) estao sofrendo bem mais com as infeccoes, mortese ainda (maio de 2020) nao conseguiram reabrir a economia sem risco. Podemosrefletir qual o sistema polıtico desses paıses!

Mas, tem uma historia mais interessante. Hong Kong conseguiu ”baixar ocurso”das infeccoes, mesmo sem acao rapida e firme do governo.

Antes da pandemia, Hong Kong teve uma historia de mais de um ano, deprotestos polıticos em todo o paıs. Os protestos tiveram conexoes com questoesde direitos humanos em relacao A conexao entre China e Hong Kong. O fatoimportante e que o movimento polıtico foi bem organizado, em redes e usandocomunicacoes modernas. Eles tiveram esta infraestrutura antes da pandemia. Porisso, foi facil usar a rede estabelecida para que a populacao se organizasse e secomunicasse.

Quando o governo ainda estava pensando e entrando na politicagem normal,essa rede publica foi acionada para atender as necessidades da pandemia. No diaem que o primeiro caso da infecao foi anunciado, essa rede criou uma pagina es-pecialmente para a COVID-19, e comunicava os locais com infeccoes, onde haviaequipamentos de protecao confiaveis e disponıveis, quanto tempo de espera emcada hospital. A pagina foi informada por postagens via Telegram (com sistema

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de confirmacao). A pagina recomendou o uso de mascaras e auto-isolamento. Elesorganizaram a distribuicao local das masccaras, sanitazacao e alcool. Tudo issomapeado nesta pagina por mapas digitalizados. Eles iniciaram uma campanhapara usar bandas(nos bracos) brancas para indicar suporte de medicos e enfermei-ros, produziram materiais educativos em como lavar as maos e usar desinfetante.Eles organizaram equipes para auxiliar a desinfetar predios abandonados (ondepessoas de rua costumavam dormir) com aparelhos de ultra-violeta. Mesmo com apandemia diminuindo eles continuam monitorando novos casos, e estao auxiliandoresturantes a reorganizarem sistemas de entregas para as populacoes mais carentes.

Com todo esse movimento do povo, eles quebraram a pandemia e em poucotempo voltaram com a atividade economica. Interessante refletir e comparar comos paıses onde a populacao esperou pelo governo fazer alguma coisa!!!!

Ruth

Xiye Bastida e um adolescente ativista doclima, atualmente sediado na cidade deNova York, e um dos principais organiza-dores do movimento de sexta-feira para agreve climatica juvenil no futuro. Bastidanasceu e cresceu no Mexico como partedos povos indıgenas Otomi-Toltec. Ela sesenta no comite de administracao do Mo-vimento Popular do Clima, onde ela traza voz da juventude para as organizacoespopulares e climaticas existentes. Recebeuo premio ”Espırito da ONU”em 2018.Contata ele, comunica com ela, entrevistarela. - Twitter @xiyebastida e Instagram@xiyebeara

Durante a quarentena, eu passei 5semanas em um apartamento comminha famılia. E tambem temosuma vizinha (no mesmo andar, por-tas lado a lado) que tambem eamiga. Durante a quarentena, elaprecisava sair para trabalhar maspor varias vezes ela fez compraspara nos. Varias vezes nos deuprodutos que estavamos preciasndo.Varias vezes, a campanhia tocava,e quando abrıamos a porta, en-contravamos sacolas com frutas, ouum prato com alimento. Varias ve-zes nosso filho (de 19 anos) foi paracarregar as compras dela para cima(estamos no 3o andar!).

Sao coisas pequenas, mas saocoisas humanas, que mantera nossaconexao com as pessoas, com a co-munidade e com a Vida.

Existem muitas historias seme-lhantes. Comunidades que se auto-organizam para entregar comprasbasicas aos vizinhos idosos, ou re-feicoes quentes por famılias vizinhascom criancas ou ate mesmo pessoas

carentes. Isso e como sobreviveremos no futuro, em harmonia com nossa comuni-dade e nao esperando que o governo faca por nos.

Tarefa: Durante esta epoca de quarentena, voce ou sua famılia experienciaramesse tipo de suporte/auxilio dos vizinhos ou amigos locais? Voce ou sua famıliaauxiliaram outras pessoas? Como e a organizacao comunitaria em seu bairro?Ela atrapalha ou auxilia?