CONTROLE DE RESÍDUOS GERADOS EM LINHA DE BISCOITO...

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Augusto Cesar da Rosa Correia Poli UFRJ 2019 Universidade Federal do Rio de Janeiro CONTROLE DE RESÍDUOS GERADOS EM LINHA DE BISCOITO DOCE EM UMA FÁBRICA DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS AUGUSTO CESAR DA ROSA CORREIA 2019

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Augusto

Cesar d

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Poli

UFRJ

2019

Universidade Federal do Rio de Janeiro

CONTROLE DE RESÍDUOS GERADOS EM LINHA DE BISCOITO

DOCE EM UMA FÁBRICA DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS

AUGUSTO CESAR DA ROSA CORREIA

2019

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CONTROLE DE RESÍDUOS GERADOS EM LINHA DE BISCOITO DOCE EM UMA

FÁBRICA DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS

Augusto Cesar da Rosa Correia

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Mecânica da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte

dos requisitos necessários à obtenção do título de

Engenheiro.

Orientador: Fabio Luiz Zamberlan

Rio de Janeiro

Abril de 2019

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CIP - Catalogação na Publicação

Elaborado pelo Sistema de Geração Automática da UFRJ com os dados fornecidospelo(a) autor(a), sob a responsabilidade de Miguel Romeu Amorim Neto - CRB-7/6283.

C824cCorreia, Augusto Cesar da Rosa Controle de Resíduos Gerados em Linha de BiscoitoDoce em uma Fábrica de Produtos Alimentícios /Augusto Cesar da Rosa Correia. -- Rio de Janeiro,2019. 49 f.

Orientador: Fábio Luiz Zamberlan. Trabalho de conclusão de curso (graduação) -Universidade Federal do Rio de Janeiro, EscolaPolitécnica, Bacharel em Engenharia Mecânica, 2019.

1. Redução de Perdas. 2. DMAIC. 3. Gestão deProjetos. 4. Indústria de Alimentos. 5. Lean SeisSigma. I. Luiz Zamberlan, Fábio, orient. II. Título.

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Agradecimentos

Dedico este trabalho a todas as pessoas que de alguma forma me incentivaram e

acreditaram em mim e também àqueles que puseram qualquer tipo de dificuldade

durante alguma parte do processo. Um agradecimento especial à minha namorada

Allana que sempre me ajudou e reconfortou em momentos difíceis, como também

esteve presente para compartilhar sua alegria em momentos de diversão.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

Controle de Resíduos Gerados em uma Linha de Biscoito Doce em uma Fábrica de

Produtos Alimentícios

Augusto Cesar da Rosa Correia

Abril/2019

Orientador: Fábio Luiz Zamberlan

Curso: Engenharia Mecânica

Este trabalho tem por objetivo analisar as linhas produtivas de uma fábrica de

produtos alimentícios e identificar qual ou quais são as linhas onde existe maior número

de resíduos, compreendendo a relevância para a empresa e, a partir disto, desenvolver

um estudo para reduzir o desperdício. Para atingir nosso objetivo, foi revisada a

literatura na área de “Melhoria Contínua” em busca de evidências sobre a aplicação do

“Lean Seis Sigma” e do método “DEMAIC” para a solução do elevado número de

perdas geradas na linha de biscoito. Os resultados sugerem relações entre dois setores

de produção (empacotamento e masseira) condicionadas por meio da análise de dados

diários recolhidos pela equipe de produção, estando restritas a aspectos de manutenção,

máquinas obsoletas, redução de custo, e perfil conservador de processo produtivo da

empresa. Concluímos que após observação de dados de cada setor da linha, proposta de

meta e índice atingível, bem como entendimento de causas raízes e implantação de

melhorias no plano de ação, o índice de perdas reduziu consideravelmente. Além disso,

espera-se a possibilidade de replicar este projeto para outras linhas de produção da

fábrica e, com isso, gerar resultados ainda mais expressivos.

Palavras-Chave: Gerenciamento de Projetos. Melhoria contínua. Desperdício.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Mechanical Enginner.

Control of Residues Generated on a Cookies Line at an Food Factory

Augusto Cesar da Rosa Correia

April/2019

Advisor: Fábio Luiz Zamberlan

Course: Mechanical Enginnering

The objective of this work is to analyze the production lines of a food products

factory and to identify which lines contain the largest number of residues, understanding

the relevance to the company and, from this, to develop a study to reduce waste. In

order to reach our objective, the literature on “Continuous Improvement” was searched

for evidence on the application of Lean Six Sigma and the “DEMAIC” method to solve

the high number of losses generated in the cookies line. The results suggest

relationships between two production sectors (packaging and the food mixer)

conditioned by the analysis of daily data collected by the production team, being

restricted to aspects of maintenance, obsolete machines, cost reduction, and

conservative profile of the company’s productive process . We conclude that after

observing data from each sector of the line, a proposal of the attainable goal and index,

as well as na understanding of root causes and implementation of improvements in the

action plan, the loss index has reduced considerably. In addition, it is expected to

replicate this project to other production lines of the plant and, with this, generate even

more expressive results.

Key-words: Project management. Continuous improvement. Waste.

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Sumário

1 - Introdução............................................................................................................................ 11

2 - Motivação e Contextualização da Metodologia DMAIC .................................................... 12

3 - O Processo Produtivo .......................................................................................................... 15

4 - Definição do Problema ........................................................................................................ 19

5 - Medição do Problema.......................................................................................................... 30

6 - Análise do problema e Implementação de Melhorias ......................................................... 33

7 - Controle dos Resultados ...................................................................................................... 41

8 - Conclusão ............................................................................................................................ 43

9 - Bibliografia ......................................................................................................................... 46

10 - Apêndice............................................................................................................................ 47

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Lista de Figuras

Figura 1: Resíduos por linha ........................................................................................... 11

Figura 2: Esquema da linha de produção do projeto ...................................................... 16

Figura 3: Fluxo do processo de produção da linha escolhida ......................................... 17

Figura 4: Fluxo do processo de produção na masseira ................................................... 17

Figura 5: Fluxo do processo de produção na laminação (cilindro) ................................ 18

Figura 6: Fluxo do processo de produção no forno ........................................................ 18

Figura 7: Fluxo do processo de produção no empacotamento ....................................... 19

Figura 8: Perdas mapeadas na masseira ......................................................................... 20

Figura 9:Perdas mapeadas na laminação (cilindro) ........................................................ 20

Figura 10: Perdas mapeadas no forno............................................................................. 21

Figura 11: Perdas mapeadas no empacotamento ............................................................ 22

Figura 12: Gráfico referente aos tipos de perdas na linha (em Kg) ................................ 22

Figura 13: Identificação dos nodos de perdas ................................................................ 23

Figura 14: Perdas nos nodos (etapas da linha) ............................................................... 24

Figura 15: Gráfico referente ao destino das perdas ........................................................ 25

Figura 16: Gráfico referente a razão das perdas ............................................................. 25

Figura 17: Produção x Perda e Índice de perda (%) ....................................................... 26

Figura 18: Gráfico referente à perda por setor ............................................................... 28

Figura 19: Gráfico referente aos índices de perda por semana ....................................... 30

Figura 20: Gráfico referente às causas de perda nos nodos do empacotamento ............ 32

Figura 21: Retalhos despejados de forma desigual ........................................................ 34

Figura 22: Aparência da massa antes e depois do ajuste ................................................ 34

Figura 23: Efeitos e anomalias quando a faca não tem manutenção preventiva ............ 35

Figura 24: Qualidade da faca .......................................................................................... 35

Figura 25: Dados recolhidos na medição da etapa de transferência ............................... 36

Figura 26: Dados programados do painel de controle das lonas .................................... 36

Figura 27: Mini dribble board (rampa de direcionamento) ............................................ 37

Figura 28: Diagrama de causa e efeito ........................................................................... 39

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Lista de Tabelas

Tabela 1: Porcentagem de perda por setor (jan. a mar. de 2018) ................................... 27

Tabela 2: Valores referentes à perda e o total produzido (jan. à mar. de 2018) ............. 29

Tabela 3: Valores já calculados referente à meta, média e Bench ................................. 29

Tabela 4: Plano de coleta de dados (5W1H) .................................................................. 31

Tabela 5: Valores já calculados referente à meta, média e bench no empacotamento ... 32

Tabela 6: 5W2H – Plano de ação e status das pendências ............................................. 33

Tabela 7: Causas levantadas no Brainstorming .............................................................. 38

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1 - Introdução

O projeto foi selecionado a partir de uma análise de dados realizada desde abril

de 2017, onde percebeu-se que uma determinada linha de biscoitos, de uma fábrica do

Rio de Janeiro, apresentava um número considerável de perdas. Perdas referentes aos

maiores volumes quando comparados com outras linhas de biscoito desta fábrica. Sendo

o terceiro maior, totalizando um volume de perda de 98 toneladas. Além disso, este

biscoito do estudo em questão é responsável por 15% do faturamento total da empresa e

18,6% do faturamento total das linhas de biscoito, sendo, hoje, o produto mais vendido

por esta empresa.

Figura 1: Resíduos por linha

Fonte: Autor

Portanto, o objetivo geral do projeto envolve mensurar a eficiência da linha

produtiva, reduzindo o desperdício. Isso será possível com a identificação do gargalo;

evidenciando os pontos críticos que afetam a eficiência da linha; quantificando as

perdas; identificando o destino destas e propondo ações para melhoria do desempenho.

Entende-se a relevância deste projeto pelo fato de estudar uma das linhas de

biscoito mais lucrativa da empresa e, por esta linha apresentar o maior número de

perdas dentre todas as linhas da fábrica. Além disso, a área da Gestão de Projetos tem

sido muito valorizada nas empresas e principalmente nos níveis da alta direção, por

causar relevantes impactos positivos. Por isso, este projeto foi, também, uma demanda

da alta gerência e será capaz de planejar, programar, implementar e controlar tarefas

integradas.

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Ao implantar melhorias para a redução destas perdas, este trabalho poderá ser

um projeto piloto uma vez que as linhas produtivas desta fábrica e seus processos

compartilham semelhanças tecnológicas, organizacionais e características de escala de

produção. Portanto, reduzindo o índice de ineficiência, será possível aumentar a

produtividade e, com isso, obter melhorias por gerar um produto com a qualidade

aceitável pelo consumidor final. Ou seja, evitando a variação das características do

produto e, consequentemente, a insatisfação dos clientes.

Neste contexto, para este trabalho, as áreas relevantes do conhecimento da

gestão de projetos são, principalmente, gerenciamento de custos, de qualidade, das

comunicações e do cronograma. Isto porque, os custos vão impactar diretamente no

orçamento do projeto e serão assunto de tomada de decisão no plano de ação uma vez

que a indústria em estudo vive um momento de reestruturação e corte de gastos. Além

disso, o gerenciamento da qualidade será fundamental para não perder a credibilidade

que a empresa tem, uma vez que o produto já possui uma posição no mercado e alto

valor agregado se comparado com os concorrentes. Junto a isso, o gerenciamento das

comunicações para ser capaz de integrar pessoas de diferentes áreas e com habilidades e

conhecimento diversos. Por fim, o gerenciamento do cronograma para conseguir, de

fato, concluir no tempo esperado, visto que os resultados irão refletir diretamente na

produção e, consequentemente, nas vendas.

2 - Motivação e Contextualização da Metodologia DMAIC

Um tema recorrente e em discussão mundial é o desperdício. Segundo a

Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), cerca de

33% da produção anual mundial é desperdiçada. Isto representa, no Brasil,

aproximadamente 1,3 bilhão de toneladas de alimentos que são perdidos ao longo do

processo produtivo. Paralelo a isto existe a questão da fome. Dados da ONU informam

que, em média, 795 milhões de pessoas ainda passam fome no mundo. Por essa razão, o

atual cenário econômico brasileiro das indústrias alimentícias está mais exigente em

relação ao controle de perdas de produção.

Para este controle de produção, fatores como capacidade, flexibilidade,

qualidade, confiabilidade e eficiência produtiva são relevantes e, por isso, propõe-se

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uma profunda reestruturação dessas áreas a fim de evitar ou reduzir ao máximo o

desperdício no processo produtivo.

Para reduzir ou evitar este desperdício, pensa-se de imediato na área de

Planejamento e Controle da Produção (PCP). O PCP é vital para uma empresa. É a área

responsável pelo gerenciamento de todas as atividades de produção, além de ser a área

que satisfaz continuamente a demanda dos consumidores, reduz os custos de insumos e

mão-de-obra e, está totalmente atrelada a produtividade da organização (SENGE, 2013).

Junto a isso, acrescenta-se o gerenciamento e programação de máquinas e a

coordenação de todas as partes envolvidas, tais como fornecedores, clientes e

funcionários.

Para enfrentar estes desafios, contribuir com o melhor desempenho e controle da

área de PCP, evitando o desperdício, existem métodos dentro da filosofia Seis Sigma

que permitem otimizar a forma como os processos ocorrem. A filosofia Seis Sigma

surgiu da evolução de outras filosofias da Gestão da Qualidade, onde preocupa-se,

sempre, com a padronização de processos, analise e controle de todas as etapas, de

modo a garantir melhor desempenho dos processos produtivos, evitando variabilidades

e desperdícios.

O Seis Sigma (FUJIMOTO, 2010) envolve conceitos mais amplos como: a meta

de alcançar o mais próximo a zero defeito; o benchmark que serve para extrair as

melhores práticas de processos e operações, garantindo um nível mais elevado de

qualidade; a visão de tentar sempre ser a melhor no ramo de atuação; a escala para

medir o nível de qualidade de um processo ao transformar a quantidade de defeitos por

milhão em um valor na Escala Sigma, ou seja, encontrando um número cada vez maior

significa ter maior qualidade; a estatística para mapear o desempenho; a filosofia para

busca constante da melhoria contínua e da redução de variabilidade nos processos e, por

fim, a estratégia entre a fabricação e a qualidade final na entrega para o consumidor.

Paralelo ao Seis Sigma, temos outra filosofia: o Lean Manufacturing que surgiu

da necessidade do Japão, após a Segunda Guerra Mundial, de se reerguer ao necessitar

produzir em massa e sem possuir espaço suficiente para estoque. Surgiu então, por meio

da Indústria automobilística, o Sistema Toyota de Produção, com o objetivo de ter uma

produção enxuta. Gerando resultados expressivos logo se difundiu para o mundo,

tornando esta filosofia do Lean Manufacturing um caminho para reduzir desperdícios.

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Portanto, o Lean Manufacturing visa a eliminação de perdas no processo

produtivo, reduzindo custos, aumentando a produtividade e qualidade na produção. São

numerados 7 desperdícios nesta filosofia, são eles: desperdícios com transporte,

superprodução, movimentação, espera, estoque, processamento e retrabalho.

Visto isso, conclui-se que as duas filosofias possuem o propósito de gerar

impactos na lucratividade das empresas. Porém, de formas diferentes. Enquanto o Seis

Sigma foca na redução de variabilidade e dos defeitos nos processos produtivos para

torna-los mais eficaz; o Lean foca em reduzir os desperdícios e aumentar a velocidade

de produção para torná-los mais eficientes. Por essa razão, surgiu o Lean Seis Sigma

que é a junção das duas filosofias com o intuito de eliminar todas as atividades que não

agregam valor para o processo e para o consumidor final.

Pensando nisso, a proposta deste projeto de controle de resíduos gerados na linha

de biscoito de uma determinada fábrica, apoia-se na utilização de um método do Lean

Seis Sigma, o DMAIC (Define, Measure, Analyse, Improve Control, em inglês). O

DMAIC é um método da área de qualidade que visa a melhoria contínua de processos

(WERKEMA, 2012).

Dentre as etapas do DMAIC, a primeira fase é marcada pela definição do

problema e, principalmente, pela causa raiz destes problemas identificados. Isto é

importante para que o método atinja, de fato, o que causa o problema e não apenas o

efeito sentido pelo cliente (OTAVIANO, 2010). Nesta etapa inicial define-se, também,

a meta a ser atingida, a equipe do projeto, o cronograma e um contrato para formalizar o

projeto. Ou seja, nesta etapa define-se o escopo do projeto.

A etapa seguinte envolverá como o problema, encontrado na etapa anterior, será

mensurado e onde está ocorrendo este problema. Nessa etapa é importante entender o

que influencia no comportamento do problema. Isso é adquirido com coleta de dados

(utilizando, por exemplo, uma matriz 5W2H, que envolve etapas para entender como;

quem; quando; onde e por que, este problema ocorre. Realiza-se, também, a

estratificação do problema com um ‘brainstorming’ (reunião para gerar ideias), com a

equipe, para levantar a maior quantidade de possíveis causas do problema. E, por fim,

realiza-se a priorização dessas causas, elaborando um plano de ação.

Seguindo, na etapa de analisar, é vital identificar a causa raiz (com, por exemplo,

um diagrama de Ishikawa, “espinha de peixe”) e gerar oportunidades de melhoria. Pode-

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se, também, utilizar o método dos 5 porquês (WERKEMA, 2012). Todos esses métodos

serão exemplificados ao longo deste trabalho e ambos possuem o intuito de chegar até a

causa raiz do problema. Ainda nesta etapa é importante realizar o “Plano Ver e Agir”

para eliminar todas as anomalias antes de prosseguir para as análises.

Na etapa de implementar, é preciso realizar uma lista de possíveis soluções para

os problemas definidos e analisados. É válido, também, criar uma matriz de impacto

versus esforço para entender as soluções que necessitam de alto esforço e que vão

possuir um baixo impacto, devem ser descartadas. Por fim, analisar se o plano de ação

está sendo cumprindo e se os colaboradores foram previamente treinados para

implementar as soluções de forma eficaz.

Na última etapa, na fase de controlar, o principal objetivo é garantir que o

alcance da meta seja mantido a longo prazo. Avaliar se a meta foi alcançada, quais os

padrões foram alterados, quais os ganhos efetivos do projeto, quais os colaboradores e

áreas impactadas, se existe a possibilidade de replicar o projeto e se existe algum

problema remanescente ou que ainda precisa ser revisado. Para isto, utilizam-se

diversos tipos de indicadores os quais serão controlados a longo prazo.

Conforme mencionado, todas essas etapas serão detalhadas e exemplificadas ao

longo deste projeto. De forma organizada, este trabalho apresentará cada uma dessas

etapas e seu respectivo desenvolvimento, com o objetivo de apresentar o problema,

desdobrá-lo para entender as principais causas, realizando um plano de ação,

implementando-o e controlando-o, de modo que se certifique a respeito da causa raiz e

avalie se esta foi, de fato, resolvida.

3 - O Processo Produtivo

A fim de contextualizar a origem do problema, faz-se necessário entender, antes,

como ocorre o processo produtivo deste tipo de biscoito.

O projeto será conduzido em uma indústria alimentícia. A planta industrial da

matriz, é composta por duas fábricas, sendo uma de biscoitos e a outra de macarrão. A

estrutura desta planta é vertical, abrangendo um total de 24 linhas de produção e dois

sistemas de máquinas que passam entre os pisos, para a expedição interna.

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O estudo será na linha de produção de um determinado tipo de biscoito.

Teoricamente é uma linha que não apresenta dificuldades na consistência da massa e se

estiver no padrão consegue fluir de forma eficaz. Uma abordagem sistêmica norteará o

recurso metodológico.

A família deste tipo de biscoito escolhido engloba 6 tipos de produtos. Esses

produtos são produzidos em duas linhas diferentes. O processo produtivo é o mesmo

para as duas linhas. Neste projeto será abordado apenas os dados de uma delas pois

trata-se da linha onde ocorre o maior número de perdas. O desenho simplificado da

linha escolhida é representado a seguir:

Figura 2: Esquema da linha de produção do projeto

Fonte: Autor

O fluxo do processo de produção é representado pelo esquema a seguir:

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Figura 3: Fluxo do processo de produção da linha escolhida

Fonte: Autor

O processo inicia-se na masseira, localizada no segundo andar da fábrica, que é

onde ocorre a mistura de ingredientes. De forma sucinta, o operador da masseira recebe

da equipe de planejamento da produção qual o tipo de produto que será produzido no

dia, bem como sua receita e a quantidade necessária para cada turno. O operador, por

sua vez, aciona na máquina a dosagem de ingredientes automática, realizada por uma

máquina (Buhler). Em seguida, coloca os demais ingredientes de forma manual.

Seguindo para a batida e, depois, para a tombagem, ambas na mesma máquina. A

tombagem moverá a massa para a caixa de armazenamento para seguir para a etapa

seguinte da laminação, que fica no primeiro andar.

Figura 4: Fluxo do processo de produção na masseira

Fonte: Autor

Chegando no cilindro, no primeiro andar da fábrica, a lona alimentadora,

transporta a massa da caixa de armazenamento para o rolo alimentador. Este rolo

alimentador irá deixar a massa uniforme, conduzindo para o rolo moldador que dará o

formato do biscoito. Em seguida, a lona transportadora conduz até o forno.

Representado no esquema a seguir:

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Figura 5: Fluxo do processo de produção na laminação (cilindro)

Fonte: Autor

No forno, existem 2 zonas que darão cozimento ao produto. E, na saída existe

uma faca que é responsável apenas pela passagem da lona do forno para a lona de

resfriamento. Esta faca necessita estar sempre amolada para não comprometer a posição

do biscoito para a lona de resfriamento.

Figura 6: Fluxo do processo de produção no forno

Fonte: Autor

Ao sair do forno o biscoito percorre a zona de resfriamento, sendo transportado

por lonas até o segundo andar, onde fica o empacotamento. Nesta etapa, existem calhas

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que separam em seis fileiras os biscoitos, na posição vertical, para serem embalados.

Existem duas máquinas empacotadoras que separam a quantidade de biscoitos por

pacote, de forma já programada.

E, por fim, as auxiliares de produção colocam os pacotes nas caixas.

Figura 7: Fluxo do processo de produção no empacotamento

Fonte: Autor

4 - Definição do Problema

Assimilado o processo produtivo, avança-se para o entendimento e surgimento

do problema. Como visto no início deste trabalho, o problema foi identificado a partir

de uma análise de dados realizada em abril de 2017, onde a linha 09 (linha do biscoito

escolhido) apresentou um grande volume de perdas.

Por isso este projeto tornou-se de extrema importância para reduzir este

desperdício na empresa.

Após um tempo observando a linha de produção e em contato com os operadores

da linha foi possível mapear diversos tipos de perdas, como segue abaixo, dividido por

setor da linha:

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Figura 8: Perdas mapeadas na masseira

Fonte: Autor

Dentre essas perdas, os problemas na farinha e na gordura ocorrem por mudança

de fabricante. Já o problema de massa parada ocorre se a massa ficar, além do previsto,

parada. Ela endurece e gera outros problemas no processo seguinte.

Figura 9:Perdas mapeadas na laminação (cilindro)

Fonte: Autor

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Figura 10: Perdas mapeadas no forno

Fonte: Autor

Dentre esses possíveis problemas, a ponta de falha ocorre quando existe algum

espaçamento na fileira devido a algum problema na etapa do cilindro ou da masseira e,

com isso o forno precisa oferecer menos calor aos outros produtos para que compense

esse espaço.

Na faca de saída ocorre um problema recorrente de desalinhamento do biscoito para as

etapas seguinte. Se esta faca não for trocada e amolada constantemente pela manutenção

preventiva, no momento da passagem da lona do forno para a lona de resfriamento, esse

biscoito poderá desalinhar.

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Figura 11: Perdas mapeadas no empacotamento

Fonte: Autor

Nesta etapa, existe um problema recorrente nas calhas vibratórias devido ao

grande espaçamento entre elas, ocasionando a queda do biscoito e desalinhamento no

fluxo contínuo de produtos. Essas características de perdas podem ser quantificadas, em

Kg, como mostra o gráfico a seguir (referência ao mês de abril):

Figura 12: Gráfico referente aos tipos de perdas na linha (em Kg) Fonte: Autor

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Além disso, foi observado também, onde cada uma dessas possíveis perdas

acontecia. Para isso, essas etapas da linha foram divididas e chamadas de nodos. A

partir disso, segue abaixo os nodos identificados:

• Nodo 1: Masseira

• Nodo 2: Laminação/Cilindro

• Nodo 3: Forno

• Nodo 4 ao 11: Empacotamento

o Nodo 4: Resfriamento

o Nodo 5: Esteira de Rejeitos 1

o Nodo 6: Calhas vibratórias 1

o Nodo 7: Embalagem 1

o Nodo 8: Esteira de Rejeitos 2

o Nodo 9: Calhas vibratórias 2

o Nodo 10: Embalagem 2

o Nodo 11: Pós embalagem

Representados na imagem a seguir:

Figura 13: Identificação dos nodos de perdas

Fonte: Autor

Esses dados também foram quantificados. Extraindo, como exemplo, o último

mês de análise, abril, observou-se o seguinte gráfico:

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24

Figura 14: Perdas nos nodos (etapas da linha)

Fonte: Autor

A partir dessas análises, foi possível identificar, também, o destino dessas

perdas. São eles:

- Moagem

- Repasse

- Lixo

- Reprocesso Massa

- Varrição (Ração)

Da mesma forma, quantificados pelo mês de abril, observou-se o gráfico a

seguir:

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Figura 15: Gráfico referente ao destino das perdas

Fonte: Autor

Por fim, foi necessário mapear os possíveis motivos pelos quais essas perdas

ocorreram e, com isso, enumerar, de forma consolidada, os seguintes parâmetros:

- Características

- Queda de Energia

- Máquina

Figura 16: Gráfico referente a razão das perdas

Fonte: Autor

Portanto, uma vez que as causas, os nodos, os destinos e os motivos, foram

identificados, elaborou-se uma folha gabarito de consulta para que os operadores ou

encarregados designados consultassem no momento de preenchimento do documento

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26

sobre análise de perdas. Isto passou a fazer parte da rotina de turno. Foram oferecidas

palestras, treinamentos e conversas informais para explicar de forma concisa a

importância da obtenção destes dados.

O exemplo da ficha de coleta dos dados quantitativos encontra-se na sessão de

Apêndice.

Para preenchimento desta ficha, foi elaborada uma folha gabarito com as

principais causas de perdas, em cada etapa da linha de produção (chamada de nodos),

para que os operadores ou encarregados designados, consultassem no momento de

preenchimento da ficha de coleta.

O exemplo da folha gabarito de causas nos nodos encontra-se na sessão de

Apêndice.

Os dados foram coletados durante 5 meses, com isso, foi realizado um

acompanhamento sobre as principais causas de perdas.

Como os índices de perda representam uma parcela dos volumes produzidos,

espera-se que estes valores acompanhem os números de produção. Porém, o que se

observou foi a existência de um crescente aumento nos índices de perda entre dez/2017

à fev/2018, seguida de uma queda até valores próximos a dez/2017. Levando em

consideração o gráfico abaixo, ao comparar o total do volume de perda pelo total do

volume produzido, percebe-se um índice médio de 8,3% nestes 5 meses.

Figura 17: Produção x Perda e Índice de perda (%)

Fonte: Autor

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27

Pensando nisso, fez-se necessário definir uma meta. A meta foi definida pelo

método da lacuna. Este método é muito eficiente quando comparado a referências

internas. Ou seja, ao comparar com o melhor valor obtido, é possível chegar a uma meta

atingível. Pensando, por exemplo, no melhor valor dentre os analisados e, comparando

com a média dos demais, existe uma lacuna entre esses valores. E, ao planejar uma

estratégia para reduzir essa lacuna é possível chegar a uma meta SMART (é específica

(Specific), mensurável (Measurable), atingível (Attainable), realística (Realistic) e

temporizável (Time bound)).

No caso deste projeto, a meta foi definida da seguinte forma: foi analisado onde

ocorriam as maiores perdas (quais os nodos) e para isso foram quantificadas essas

perdas. A partir de janeiro foi possível ter uma melhor acreditação nos apontamentos

apresentados. A quantidade de fichas não entregues diminuiu drasticamente, desta

forma os dados estão cada vez mais confiáveis. O setor do Empacotamento, Masseira,

Laminação e Forno representam 52,3%, 20%, 14,4% e 13,3% respectivamente.

Tabela 1: Porcentagem de perda por setor (jan. a mar. de 2018)

Nodo Perda (Ton) Acumulado Porcentagem

Empacotamento 35,19 50,8% 50,8%

Masseira 14,35 71,5% 20,7%

Laminação 9,97 85,9% 14,4%

Forno 9,73 100,0% 14,1%

Fonte: Autor

De um total de perdas de 69,24 toneladas de perdas. Sendo assim, é possível

obter o seguinte gráfico:

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Figura 18: Gráfico referente à perda por setor

Fonte: Autor

Com esse gráfico de Pareto é possível observar que em apenas um setor, o

empacotamento, existe mais da metade das perdas, representando cerca de 50,8% dentre

as perdas de toda a linha 9. Seguido do setor da Masseira que possui 20,7% de perdas.

Uma diminuição nesses setores representaria um impacto muito positivo nos índices de

perda da linha. Pensando nisso, foram quantificadas as perdas em cada nodo, a cada

semana, e visto o total. Foi analisado também, o total produzido em cada nodo, em cada

semana.

Visto isso, foi definida a média com o seguinte cálculo: divisão do total de

perdas da linha, pelo total produzido na linha. O índice individual semanal é encontrado

da mesma forma. A partir dele, é possível identificar o Bench que é o melhor valor, ou

seja, a menor porcentagem de perdas dentre todas essas individuais semanais

encontradas. A seguir, a tabela ilustra a descrição acima:

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Tabela 2: Valores referentes à perda e o total produzido (jan. à mar. de 2018)

Fonte: Autor

A partir disso, fixa-se um valor do quanto se pretende reduzir essa lacuna. Foi

fixado 60% para este projeto. E, com isso, a meta é calculada:

Meta= Média - (Bench*Valor fixado)

E, com essa tabela acima, foram encontrados os seguintes valores:

Tabela 3: Valores já calculados referente à meta, média e Bench

Média 7,4%

Bench 3,4%

Valor fixado 60%

Meta 5,3%

Fonte: Autor

O índice atingível foi calculado da seguinte forma:

Foram levantados os dados semanais de resíduos gerados no empacotamento

bem como na masseira. Depois foi simulado uma redução de 50% em cada um destes

valores, visando obter o impacto gerado por estas reduções. Por fim a formula a seguir

nos dará o índice atingível no cenário de redução de 50% nos nodos já informados.

O que significa que se reduzirmos 50% conseguiremos atingir a meta de redução

total de perdas de 7,4% para 4,9%.

Com isso, é possível ilustrar estes valores descritos no seguinte gráfico:

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30

Figura 19: Gráfico referente aos índices de perda por semana

Fonte: Autor

Observando esta análise, com a meta e índice definidos, definiu-se um

cronograma com a divisão de cada etapa da metodologia DMAIC, que foi utilizada

neste projeto (vide anexo na sessão de Apêndice).

Para cumprir este cronograma foi definida uma equipe de nove pessoas contando

com o líder e o orientador do projeto, mais um representante de cada setor da linha ou

área responsável.

5 - Medição do Problema

A metodologia DMAIC como explicitada na revisão bibliográfica no capítulo 2

engloba as fases: definir, medir, analisar, implementar e controlar, segundo as iniciais

de cada palavra. Sendo assim, entende-se que a primeira fase de definir foi abordada

com o entendimento da relevância do problema, as principais causas, a identificação

onde essas causas ocorrem, a definição de equipe e cronograma.

Seguindo para próxima fase, medir, onde veremos de forma mais aprofundada o

foco do problema, foi realizado um plano de coleta de dados, utilizando a metodologia,

5W1H, para manter o recolhimento de dados confiáveis sobre perdas na linha de

produção e assim, ser capaz de analisar a variação dessa quantidade de resíduos

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gerados. Na metodologia utilizada, 5W1H, significa, do inglês, where (onde?), when

(quando?), what (o que?), why (por que?), who (quem?), how (como?); relacionados às

atividades do projeto.

Tabela 4: Plano de coleta de dados (5W1H)

Fonte: Autor

A partir destes dados e sabendo que o empacotamento é o setor onde ocorrem as

maiores perdas, foi realizada uma coleta de dados apenas deste setor e definida uma

meta com o objetivo de eliminar ao máximo o número de resíduos deste setor.

ItemQuais dados

Coletar?

Qual a unidade de

medida desses

dados?

Onde coletar

esses dados?

Quando os dados

devem ser coletados?

Como coletar os

dados?

Poque devemos

coletar esses dados?

Quem realizará a

coleta de dados?

1 Produção caixa/h na linha toda De hora em hora

Observando a quantidade

que sai no

empacotamento

Para calcularmos a

eficiência da linha

Os coloraboradores do

projeto que estão na

linha de produção

2Quantidade

resíduokg Masseira

durante a produção de

cada turno

toda vez que gerar o

resíduo, o operador deve

pesar o resíduo e registrar

na folha de apontamento

Para garantir a

confiabilidade do valor

correto de geração de

resíduo neste setor da

linha

operador da masseira

de cada turno

3Quantidade

resíduokg Cilindro

durante a produção de

cada turno

toda vez que gerar o

resíduo, o operador deve

pesar o resíduo e registrar

na folha de apontamento

Para garantir a

confiabilidade do valor

correto de geração de

resíduo neste setor da

linha

operador da masseira

de cada turno

4Quantidade

resíduokg Forno

durante a produção de

cada turno

toda vez que gerar o

resíduo, o operador deve

pesar o resíduo e registrar

na folha de apontamento

Para garantir a

confiabilidade do valor

correto de geração de

resíduo neste setor da

linha

operador da masseira

de cada turno

5Quantidade

resíduokg Empacotadeira

Realizar o apontamento

de cada máquina (2)

durante a produção de

cada turno

toda vez que gerar o

resíduo, o operador deve

pesar o resíduo e registrar

na folha de apontamento

Para garantir a

confiabilidade do valor

correto de geração de

resíduo neste setor da

linha

operador da masseira

de cada turno

Plano de Coleta de Dados (5W1H)

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Figura 20: Gráfico referente às causas de perda nos nodos do empacotamento

Fonte: Autor

Tabela 5: Valores já calculados referente à meta, média e bench no empacotamento

Janeiro Fevereiro Março Total (ton) Acumulado Porcentagem

10-Embalagem 2 3848,20 1882,20 4616,20 10,35 29,4% 29,4%

7-Embalagem 1 4067,00 1491,60 4109,88 9,67 56,9% 27,5%

9-Calhas Vibratórias 2 1387,70 331,00 1089,00 2,81 64,9% 8,0%

5-Esteira de Rejeitos 1 839,00 376,00 1512,10 2,73 72,6% 7,8%

8-Esteira de Rejeitos 2 776,00 407,00 1313,10 2,50 79,7% 7,1%

6-Calhas Vibratórias 1 1094,40 343,00 1048,50 2,49 86,8% 7,1%

11-Pós-Embalagem 869,40 442,00 1075,00 2,39 93,6% 6,8%

Não Informado 1474,9 0 236 1,71 98,4% 4,9%

4-Resfriamento 196,63 92,00 270,00 0,56 100,0% 1,6%

Total 14553,23 5364,80 15269,78 35,19

Perda mensal (kg)

Média 7,4%

Bench 3,4%

Valor Fixado 60%

Meta 5,3%

Indice Atingível 5,1%

Fonte: Autor Com o intuito de centralizar os esforços em um nodo específico, percebeu-se que

os nodos 7 e 10, embaladoras 1 e 2 respectivamente, apresentam mais de 50% do total

de perdas existente em todo o setor do empacotamento. Desta forma, concentraremos

nossos esforços na redução de perdas oriundas das máquinas embaladoras para obter um

maior impacto no resultado.

Entende-se que se reduzirmos 60% de resíduos gerados no empacotamento

teremos um índice atingível igual a 5,1%.

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33

6 - Análise do problema e Implementação de Melhorias

Visto isso, iniciou-se a terceira fase do projeto, analisar. Esta fase analisa as

causas de cada problema prioritário, a partir dos dados que foram medidos. Para isso, o

primeiro passo foi entender se a linha estava rodando nas condições básicas de

funcionamento.

Abaixo seguem alguns problemas prioritários bem como as ações planejadas

para a respectiva restauração das condições básicas de funcionamento.

Tabela 6: 5W2H – Plano de ação e status das pendências

Fonte: Autor

Sobre estas ações do plano, o item 1 foi necessário pois o retalho de massa era

despejado de forma desigual e com isso a massa vinha no cilindro com falhas.

Como demonstração a seguir:

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34

Figura 21: Retalhos despejados de forma desigual

Fonte: Autor

Depois de ajustes da manutenção, o item 1 foi concluído. A seguir é possível ver

como a massa vinha com falhas e depois do ajuste, tornou-se lisa e no padrão.

Figura 22: Aparência da massa antes e depois do ajuste

Fonte: Autor

O item 2 foi concluído com o objetivo de realizar uma comunicação eficaz com

o forneiro e o operador do cilindro, usando para isso, rádios comunicadores.

O item 3 foi concluído com sucesso, a rota de inspeção de afiamento está sendo

realizada e a faca sendo trocada toda semana. Quando isso não era feito de forma

preventiva, ocorriam essas anomalias:

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35

Figura 23: Efeitos e anomalias quando a faca não tem manutenção preventiva

Fonte: Autor

A aparência da faca com desgaste, bem como aquela no padrão desejável é a

seguinte:

Figura 24: Qualidade da faca

Fonte: Autor

Já o item 4 apresentou uma particularidade ao realizar a medição em cada etapa

de transferência entre lonas da curva. Como mostra no esquema abaixo:

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Figura 25: Dados recolhidos na medição da etapa de transferência

Fonte: Autor

Os dados do painel de controle das velocidades, já programados, são os

seguintes:

Figura 26: Dados programados do painel de controle das lonas

Fonte: Autor

Ao comparar a análise de medição com os dados do painel programado, observa-

se grande disparidade entre todos os valores e, principalmente, na curva, em que foi

medido 35,30 m/min e no painel mostra programado 17,40 m/min. Ou seja, os valores

não estão iguais e além disso, essa grande diferença de velocidade ocasiona uma

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passagem muito rápida do biscoito de uma lona para a outra, fazendo com que ele mude

de posição ou não fique na posição padrão, para entrar de forma correta na calha de

empacotamento. Isso gera um acúmulo muito grande de biscoitos fora do padrão ao

entrar nas calhas e por consequência, elevado número de perdas.

Pensando nisso, um ajuste na velocidade das lonas entrou na programação do

plano de ação, de forma que balanceasse a velocidade da linha, no geral, para não

impactar na entrada dos biscoitos nas calhas.

Por fim, o item 5 está esboçado abaixo e foi produzido internamente na própria

indústria. A ideia é, também, que o biscoito não chegue desalinhado. O fato dele chegar

desalinhado é uma das causas de perdas.

Figura 27: Mini dribble board (rampa de direcionamento)

Fonte: Autor

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Para identificar as causas influentes do problema prioritário, foi realizado um

brainstorming, ou seja, uma reunião com um representante de cada área envolvida no

projeto. E, com o objetivo de traçar causas plausíveis, cada representante ofereceu uma

hipótese por rodada, até esgotar um número mínimo de 50 causas possíveis sobre as

perdas no empacotamento da linha em estudo. A partir disso, foram mapeadas:

Tabela 7: Causas levantadas no Brainstorming

Causas

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

31

32

33

34

35

36

37

38

39

40

41

42

43

44

45

46

47

48

49

50

Biscoito preso na lateral da calha antes de entrar no ZHG

Troca de turno atrasada

Troca de bobina feita de forma errada

Bobina com layout manchado

Material da faca do forno inadequado

Acumulação de retalho nas laterais da caixa do cilindro

Falta de manutenção preventiva no mixer

Falta de manutenção preventiva nos vibradores

Palhetas de fixação de nylon das calhas vibratórias danificadas

Biscoito deitado embaixo da fileira antes de entrar no ZHG

Biscoito frágil

Zonas do forno funcionando de forma inadequada

Queda de energia

Porção de biscoito fora do padrão no ZHG

Extensão da linha muito grande

Falta de mão de obra no empacotamento

Massa parada na caixa do cilindro

Massa parada na masseira

Falta de mapeamento de processo da linha e documentação em geral

Não uniformidade de aquecimento no interior do forno

Massa colando no cilindro

Bribble Board só funciona em modo manual

Bobina encanoando

Variação de propriedades da farinha

Falta de mão de obra auxiliar no cilindro

Erro de dosagem manual

Falta de comunicação entre setores

Falta de capacitação dos operadores no empacotamento

Material da lona inadequado

Limpeza insuficiente dos rolos de passagem

Presença de repasse

Presença de ponta de falha

Pó de biscoito preso nas calhas

Curva de saída do forno sem emendas de nylon

Biscoito manchado

Curva de ângulo acentuado na embaladora 2

Produto com dimensões fora do padrão

Caroços no biscoito (amonia empedrada)

Falta de manutenção preventiva na faca do forno

Limpeza inadequada das lonas

Lona costurada de forma inadequada

Transferência entre lonas com angulos defasados

Aderência ruim da lona

Erro de dosagem na Buhler

Espaçamento entre calhas vibratórias muito grande

Falta de proteção entre calhas vibratórias

Brainstorming

Quais as causas levantadas no Braisntorming?

Presença de barbeiragem embolando as fileiras

Desalinhamento da 4º lona do resfriamento

Biscoito chega desajustado nas calhas vibratórias

Velocidade das lonas sem padrão entre turnos

Fonte: Autor

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Uma vez mapeadas essas possíveis causas, foi possível realizar um filtro para

organizar somente as mais críticas e agrupá-las no diagrama de causa e efeito ou

diagrama de Ishikawa, conhecido como “espinha de peixe”.

Figura 28: Diagrama de causa e efeito

Fonte: Autor

Nesta sessão, portanto, foram analisadas algumas causas raízes e outras foram,

de fato, resolvidas. De acordo com o método, encerra-se a fase de análise e parte da fase

de implementação.

A partir daí segmentou-se as causas raízes em diferentes naturezas causadoras, a

saber:

Método – Qualquer problema cuja origem seja proveniente de erros no processo em si,

ou seja, a forma padrão de produzir está total ou parcialmente inadequada do ponto de

vista de eficiência.

Máquina – Aqui temos anomalias provenientes única e exclusivamente de problemas

oriundos de máquinas, em outras palavras, se a máquina em questão estivesse na

condição básica de funcionamento, a perda e/ou anomalia não existiria.

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40

Matéria prima – A perda percebida provém de uma não conformidade na matéria

prima usada para abastecer o processo.

Mão de obra – Nesta categoria percebemos erros oriundos de falhas operacionais em

geral, ou seja, o fator humano foi o único responsável para ocasionar a perda.

Meio – Aqui temos o impacto de qualquer variável externa ao processo, ou seja,

variáveis que não estão sob o nosso controle e desta forma não podemos nelas

influenciar.

Medida – Nesta categoria temos as perdas provenientes de erros que envolvam falhas

no método de dosagem, pesagem, tempo de assamento, de mistura e etc. Vale ressaltar

que nesta categoria cabem somente os erros de medida que não puderam ser

anteriormente identificados como oriundos de equívocos operacionais (mão de obra) ou

de erros de máquina.

Após a análise individual de cada causa raiz potencial, concluiu-se que as

soluções apresentadas para a correção dos problemas prioritários apontados no início da

sessão 3.4 somados a correção das duas seguintes causas raízes potencias: “presença de

barbeiragem” e “produto com dimensões fora do padrão”, seriam suficientes para a

redução de perdas inicialmente proposta para o setor do empacotamento.

Seguindo na linha de raciocínio do método, como prevê o cronograma, as

implementações e a fase de controle irão até outubro e dezembro, respectivamente.

Uma solução tanto para a presença de barbeiragem, bem como para o

dimensional inadequado do produto foi a confecção de um sistema de segurança,

puramente mecânico, que desliga instantaneamente a máquina caso algum corpo

estranho entre na mesma.

Percebeu-se que durante o processo de embalagem quando uma porção de

biscoito com uma variação adicional de seu dimensional padrão entrava na máquina

para ser embalado, acontecia uma colisão interna na máquina. Pensando nisso modelou-

se e fabricou-se internamento o seguinte componente que foi o grande responsável por

diminuir drasticamente a perda oriunda da quebra de componentes mecânicos das

máquinas bem como evitar a quebra e consequentemente o desperdício de inúmeras

porções de biscoito.

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41

Figura 29: Sistema de segurança da embaladora Bosh GS90

Fonte: Autor

Ao finalizar a confecção e instalação deste sistema de segurança em ambas as

embaladoras da linha, encerrou-se a fase de implementação do projeto.

7 - Controle dos Resultados

Após todas as medidas e ações adotadas, mostra-se importante a manutenção dos

resultados obtidos de modo que os índices de perda que apresentam uma queda

significativa não voltem a subir.

Nesta etapa se destaca a importância do diálogo com a equipe operacional bem

como a constante fiscalização para garantir o cumprimento das ações anteriormente

acordadas. A mudança de hábitos em uma cultura antiga é um grande desafio.

O colaborador que exercia uma atividade de uma determinada maneira, possui

diversos gatilhos psicológicos que o fazem retornar a exercê-la do mesmo modo. Desta

forma, fica evidente a importância de um acompanhamento mais de perto para que o

líder possa identificar tal comportamento vicioso e prestar auxílio para corrigi-lo.

Ao findar o projeto, ficou evidente a queda significativa nos índices de perda. E

além disso, este talvez até mais importante, os valores não apresentam oscilação

significativa, mostrando assim que o processo está sob controle.

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Figura 30: Índice de Perda ao Longo do ano

Fonte: Autor

Do ponto de vista financeiro, o projeto representou um impacto positivo, uma

vez que ficou mais barato produzir.

Acredita-se que a importância desse projeto foi envolver a linha do produto de

maior lucratividade para a empresa. Portanto, ao reduzir o desperdício nesta linha, o

retorno financeiro será de extrema relevância para futuros investimentos em outros

setores da empresa. Como pode ser visto no gráfico abaixo:

Figura 31: Índice de Perda Monetária por Tonelada Produzida

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43

Pelo gráfico é possível identificar mês a mês o total produzido e o total de

perdas, em toneladas, bem como a taxa referente a quantidade perdida, em valor

monetário, por tonelada produzida de biscoito. Isso foi encontrado da seguinte forma:

Figura 32: Preço da caixa do biscoito (40 pacotes)

Fonte: Autor

Foi utilizado o valor correspondente a R$108,56 como estimativa para o preço

vendido da caixa do biscoito em estudo no projeto. Este valor é referente a nova tabela

de preços do setor comercial da empresa. O valor monetário utilizado no gráfico foi

calculado transformando a perda, de toneladas, para gramas (multiplicando por

1.000.000) e, dessa forma, dividiu-se por 200g (peso de um pacote de biscoito) para

encontrar o total de perdas em um pacote de biscoito. Com esse valor, dividiu-se por 40

(quantidade de pacotes em 1 caixa), para encontrar, a quantidade perdida por caixa. E,

por fim, multiplicou-se pelo valor, em reais (R$108,56), para chegar neste valor

monetário perdido.

Encontrado este valor monetário perdido, dividiu-se pelo total produzido mês a

mês e, com isso, foi possível obter esta taxa apresentada no gráfico. A partir desta taxa,

é possível constatar que, de fato, o valor monetário de perda pela produção de cada mês,

vem reduzindo, principalmente a partir de março, época em que foi iniciada a

implantação de melhorias pontuais.

8 - Conclusão

Sabe-se que o estudo e mensuração da eficiência da linha produtiva e a

respectiva redução do desperdício inerente à produção foram os objetivos do escopo do

projeto. Através da identificação dos pontos críticos de perdas, dos gargalos de

produção, da quantificação da perda propriamente dita e da proposição de ações visando

a melhoria da eficiência; tornou-se possível mitigar as perdas oriundas do processo de

fabricação, além de auxiliar o mantenimento do processo sob controle.

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Por intermédio das ações anteriormente citadas tornou-se possível, não somente

reduzir as perdas, mas também entender a forma como as variáveis de processo se inter-

relacionam mutuamente.

Através da abordagem adotada, o índice de perda que relaciona a quantidade de

resíduos gerados por tonelada produzida reduziu consideravelmente, passando de

valores que ultrapassavam a casa dos 15% no início do projeto para valores abaixo de

5%. E tendo em vista que estamos falando do produto mais rentável da empresa,

alcançar uma redução dessa magnitude representa um ganho importante para a

companhia. Por se tratar de uma perda, que em sua maior parte acontecia no

empacotamento, onde o produto já havia sido beneficiado pelas etapas anteriores do

processo, perde-lo ali, nesta etapa da fabricação, significa perder um produto acabado

com valor agregado muito próximo do valor de venda.

Com respeito aos ganhos financeiros do projeto destaca-se que o retorno

financeiro foi de importante notoriedade.

Ao fazer uma breve comparação das taxas de perda monetária, oriunda da perda

física de produto durante o processo, para cada tonelada de biscoito produzida ficou

evidente o saving decorrente. Nos três primeiros meses, quando as respectivas taxas

apresentavam um valor médio de R$1.475,00 (R$/ton.) reduziram para R$632,00

(R$/ton.) nos últimos três meses do projeto. Portanto ficou 57% mais barato produzir o

Maisena ao findar do projeto.

Por último, um ganho importante foi a possibilidade de manter o processo sob

controle, visto que os índices de perda se mantiveram em valores muito próximos nos

últimos meses do projeto, mostrando assim que as melhorias alcançadas foram

sustentadas ao longo do tempo por meio do controle das variáveis de processo.

Para citar algumas limitações do projeto pode-se destacar o fato de não ter sido

possível englobar toda a produção de biscoito, todos os SKU’s existentes na fábrica,

visto que os processos são de natureza diferentes e não havia mão de obra suficiente

para fazê-lo. Outra limitação importante foi o fato de não ter sido possível confrontar os

valores de perdas, em toneladas, apontados pelas balanças dos operários durante a

produção, com o peso apontado nos caminhões de resíduos que retiram os rejeitos da

fábrica em direção aos aterros sanitários, visto que a balança de caminhões estava

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inutilizada. Outro fator importante foi a limitada verba de investimento, talvez pela

baixa acreditação da diretoria no sucesso do projeto durante os meses iniciais.

Como sugestão de trabalhos futuros a serem desenvolvidos, pode-se citar uma

replicação deste projeto na fábrica de massas da empresa, uma vez que as linhas de

massas longas, espaguete, possuem elevados índices de perdas. Um retrofit na balança

de caminhões tornaria possível uma maior acreditação nos números de projetos futuros

desta mesma natureza. Ademais uma melhor interface de comunicação do setor de

Qualidade com o setor de Produção deveria ser alvo melhorias, uma vez que algumas

anomalias responsáveis por gerar perdas eram oriundas de deficiências do setor de

Qualidade. Desta forma um intenso trabalho focado em treinamento e capacitação de

operadores deveria ser empreendido neste sentido, sobretudo a criação de um setor de

Projetos significaria ter uma mão-de-obra especializada em solucionar problemas e

propor soluções de alto impacto positivo.

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9 - Bibliografia

FUJIMOTO,T., SHIMOKAWA,K.,2010, O Nascimento do Lean - Conversas com

Taiichi Ohno, Eiji Toyoda e Outras Pessoas. 1 ed., São Paulo, Bookman.

OTAVIANO, A., 2010, O Uso da Metodologia DMAIC para a Implementação de

Conceitos de produção Enxuta. Trabalho de Conclusão de Curso, USP, São Carlos, SP,

Brasil.

SENGE, M. PETER, 2013, A Quinta Disciplina: arte e prática da organização que

aprende. 30 ed, Rio de Janeiro, Best Seller.

WERKEMA, C., 2012 , Métodos PDCA e DMAIC e suas Ferramentas Analíticas. 1

ed, São Paulo, Elsevier.

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10 - Apêndice

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101 Parada de linha (O.S.) 101 Parada de linha (O.S.)

102 Queda de energia 102 Queda de energia

1 Massa fora do padrão (textura) 1 Massa fora do padrão (textura)

2 Massa fora do padrão (manchas) 2 Massa fora do padrão (manchas)

3 Massa fora do padrão (sabor) 3 Massa fora do padrão (sabor)

4 Massa fora do padrão (odor) 4 Massa fora do padrão (odor)

32 Problema na farinha 5 Massa fora do padrão (dimensional)

33 Problema na gordura 6 Massa parada

34 Problema de dosagem de outros ingredientes (Buhler) 7 Retalho

8 Resíduo de massa

9 Massa colando no rolo

10 Falta de massa

101 Parada de linha (O.S.) 101 Parada de linha (O.S.)

102 Queda de energia 102 Queda de energia

11 Aparência (bolhas) 11 Aparência (bolhas)

12 Aparência (pontos pretos - amônio) 12 Aparência (pontos pretos - amônio)

13 Aparência (biscoito claro) 13 Aparência (biscoito claro)

14 Aparência (biscoito escuro) 14 Aparência (biscoito escuro)

15 Dimensional (espessura - biscoito fino) 15 Dimensional (espessura - biscoito fino)

16 Dimensional (espessura - biscoito grosso) 16 Dimensional (espessura - biscoito grosso)

17 Dimensional (comprimento - biscoito grande) 17 Dimensional (comprimento - biscoito grande)

18 Dimensional (comprimento - biscoito pequeno) 18 Dimensional (comprimento - biscoito pequeno)

19 Dimensional (largura - biscoito grande) 19 Dimensional (largura - biscoito grande)

20 Dimensional (largura - biscoito pequeno) 20 Dimensional (largura - biscoito pequeno)

21 Barbeiragem 21 Barbeiragem

22 Biscoito queimado 22 Biscoito queimado

23 Amostra 27 Desalinhamento no empilhador

24 Ponta de falha 28 Excesso de biscoito no alisamento

25 Pó de biscoito 29 Defeito na máquina de empacotamento

26 Biscoito cru 30 Resistência do biscoito

Observações:

Nodo 1 - Masseira Nodo 2 - Laminação

Nodo 3 - Forno Nodo 4 ao 11 - Empacotamento

GABARITO DE INSPEÇÃO DO PROCESSO DE FABRICAÇÃO LINHA 09Gestão: Empac.

Data: 15/01/18

Especificações Comprimento - 85 mm Espessura - 4,6 mm Nº Biscoitos/Pac. = 46

Largura - 30 mm Comp. Pacote 214 mm