Controle neuroendócrino do apetite: novas estratégias de ... · que se originam a partir das...

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Controle neuroendócrino do apetite: novas estratégias de emagrecimento Esta atividade educativa é patrocinada por um subsídio educativo independente concedido pela Novo Nordisk.

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Controle neuroendócrino do apetite: novas estratégias de emagrecimento

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Esta atividade educativa é destinada a um público internacional de profissionais de cuidados de saúde de fora dos EUA, especificamente endocrinologistas, diabetologistas, médicos de família, cardiologistas e outros profissionais de cuidados de saúde envolvidos na assistência a pacientes com excesso de peso e obesos.

O objetivo desta atividade é explorar a ligação entre o controle do apetite e o sistema neuroendócrino, e novas perspectivas sobre a fisiologia do controle do peso e novas abordagens terapêuticas.

Após a conclusão desta atividade, os participantes estarão aptos a:

• Descrever a interação fisiológica entre o intestino, cérebro, células adiposas e os vários sinais hormonais no contexto dos mecanismos fisiológicos neuroendócrinos mediadores do controle do apetite, do balanço energético e do emagrecimento sustentado

• Reconhecer a fundamentação das terapias para emagrecimento emergentes e as evidências clínicas para emagrecimento acentuado e sustentado, com o objetivo de prevenir as comorbidades associadas à obesidade

Informações sobre o corpo docente e declarações

A WebMD Global exige que cada indivíduo que tenha controle sobre o teor de uma das suas atividades educativas declare quaisquer relações financeiras relevantes ocorridas nos últimos 12 meses que possam criar um conflito de interesses.

Moderador:

Nick Finer, MBBS, FRCP Endocrinologista Consultor e Cirurgião Bariátrico do Hospital Universitário de Londres [University College London Hospitals, UCLH] e do Centro de Emagrecimento e Cirurgia Metabólica e Endócrina do UCLH; Professor Honorário do Centro Nacional de Prevenção e Resultados Cardiovasculares, Instituto de Ciência Cardiovascular UCL, Londres, Reino Unido

Declaração: Nick Finer, MBBS, FRCP, declarou as seguintes relações financeiras relevantes: Atuou como conselheiro ou consultor para: Novo Nordisk; Orexigen Therapeutics Atuou como palestrante ou integrante do painel de palestrantes para: Novo Nordisk

Outros: Consultor médico do Weight Concern

Integrante do painel

Jens Juul Holst, MD, PhD Professor da Universidade de Copenhague, Faculdade de Ciências da Saúde; Diretor do Centro da Fundação Novo Nordisk de Pesquisa Metabólica Básica, Departamento de Ciências Biomédicas, Copenhague, Dinamarca

Declaração: Jens Juul Holst, MD, declarou as seguintes relações financeiras relevantes: Atuou como conselheiro ou consultor para: AstraZeneca Pharmaceuticals LP; GlaxoSmithKline; Hanmi Pharmaceutical; Intarcia Therapeutics, Inc.; Merck Sharp & Dohme Corp.; Novo Nordisk; Sanofi; Zealand Pharma

Recebeu subsídios para pesquisa clínica de: Merck & Co., Inc.; Novo Nordisk

Editores:

Javier Negron, PhD Diretor Científico, WebMD Global, LLC Declaração: Javier Negron, PhD, declarou ausência de relações financeiras relevantes.

Revisor de conteúdo:

Robert Morris, PharmD Diretor Clínico Associado de CME [formação médica contínua] Declaração: Robert Morris, PharmD, declarou ausência de relações financeiras relevantes.

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CONTROLE  NEUROENDÓCRINO  DO  APETITE:  NOVAS  ESTRATÉGIAS  DE  

EMAGRECIMENTO  Moderador  

Nick  Finer,  MBBS,  FRCP  Endocrinologista  Consultor  e  Cirurgião  Bariátrico  Endocrinologista  Consultor  e  Cirurgião  Bariátrico  do  Hospital  Universitário  de  Londres  [University  College  London  Hospitals,  UCLH]  e  do  Centro  de  Emagrecimento  e  Cirurgia  Metabólica  e  Endócrina  do  UCLH;    Professor  Honorário  do  Centro  Nacional  de  Prevenção  e  Resultados  Cardiovasculares    InsHtuto  de  Ciência  Cardiovascular  UCL,  Londres,  Reino  Unido  

Integrante  do  painel  

Jens  Juul  Holst,  MD,  PhD    Professor  da  Universidade  de  Copenhague  Faculdade  de  Ciências  da  Saúde;  Diretor  do  Centro  da  Fundação  Novo  Nordisk  de  Pesquisa  Metabólica  Básica,  Departamento  de  Ciências  Biomédicas,  Copenhague,  Dinamarca    

Nick Finer, MBBS, FRCP: Olá. Meu nome é Nick Finer. Sou um endocrinologista consultor e cirurgião bariátrico do Hospital Universitário em Londres. É com muita satisfação que os recebo aqui hoje para este programa intitulado “Controle neuroendócrino do apetite: novas estratégias de emagrecimento”. Tenho o prazer especial de ter aqui comigo hoje meu amigo e colega, o Professor Jens Holst. Jens, prazer em revê-lo.

Jens Juul Holst, MD, PhD: Obrigado.

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Prevalência  da  obesidade  em  adultos:    2000  até  o  presente  

>25%

20-­‐25%  10-­‐14%  

15-­‐19%  

hRp://www.worldobesity.org/resources/  

Dr. Finer: Vamos conversar um pouco a respeito da obesidade e os novos paradigmas envolvidos no seu tratamento, mas talvez devamos iniciar dizendo que, é claro, sabemos que estamos encarando este problema enorme de prevalência mundial da obesidade que é de fato bastante extraordinário e que, em muitas partes do mundo, é agora comum ter excesso de peso ou ser obeso.

Dr. Holst: O que ocorre em nosso país também.

Dr. Finer: Há algumas partes do mundo em que isso não ocorre.

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Doença  clínica  ligada  à  obesidade  Pulmonar  

HipovenHlação  Apneia  obstruHva  do  sono  

Asma  

GastrointesZnal  Cálculos  biliares  

Doença  hepáHca  gordurosa  não  alcoólica  

Câncer  de  cólon  Refluxo  gastroesofágico  

Câncer  do  esôfago  Doença  periodontal  

Dermatológico  HirsuHsmo  Sudorese  Psoríase  

SNC  Hipertensão  intracraniana  Enxaqueca  AVC  Psicológico  Demência  Cardiovascular  Hipertensão  arterial  Doença  cardíaca  isquêmica  Insuficiência  cardíaca  Tromboembolismo  

MusculoesqueléZco  Osteoartrose  Gota  

Ginecológico/Obstétrico  Oligomenorreia  

InferHlidade  Câncer  do  útero,  mama,  cervical  

Morbidez  gestacional  

Metabólico  Diabetes  Dislipidemia  Hiperinsulinemia  

Andrologia  Hipogonadismo  Câncer  da  próstata  

Acredito que nada disso seria importante se não fosse pelo fato de que, é claro, o excesso de peso e a obesidade estão tão intimamente relacionados a tantas doenças. Em minha prática clínica, o que acredito ser o que faz com que esta área seja interessante, vejo todo o sistema de órgãos do corpo ser afetado pelo excesso de peso e a obesidade. Evidentemente diabetes mellitus tipo 2 (DM2) é talvez o tipo mais comum, mas agora há coisas como esteatose hepática não alcoólica, doença cardiovascular, problemas ortopédicos, osteoartrose…não há nada que não seja afetado.

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Efeito  da  obesidade  sobre  a  qualidade  de  vida  relacionada  à  saúde  

Jia  H,  et  al.  J  Public  Health  (Oxf).  2005;27(2):156-­‐164.  

Resumo  do  componente  `sico  de  12  itens(Physical  Component  Summary  12-­‐item,  PCS-­‐12)  

0,00  

-­‐0,73  

-­‐1,86  

-­‐4,00  -­‐4,5  

-­‐4,0  

-­‐3,5  

-­‐3,0  

-­‐2,5  

-­‐2,0  

-­‐1,5  

-­‐1,0  

-­‐0,5  

0,0  Peso  normal  (ref.)   Sobrepeso   Obesidade  de  classe  I   Obesidade  de  classe  II  

P  <  0,0001  

P  <  0,0001  

P  =  0,001  

Beta  

É claro que tudo isso se traduz em uma piora na qualidade de vida, bem como em uma redução na esperança de vida.

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É provável que ter um índice de massa corporal (IMC) de 35 é equivalente a aproximadamente uma perda da esperança de vida de fumar 20 cigarros por dia. Este é um problema enorme e uma das coisas que acredito ser realmente interessante a serem discutidas é: quais são os mecanismos envolvidos no desenvolvimento e progressão da obesidade? Um pouco antes de eu lhe passar a palavra para que você fale sobre a ciência e a fisiologia, o que sabemos neste momento é que temos esta fisiologia subjacente representada pelo controle mediado pelo hipotálamo que recebe sinais da periferia.

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Influências  ambientais  sobre  o    peso  corporal  

Peso  corporal  

Mas parece que esta fisiologia é completamente superada pelo ambiente com a alimentação, exercícios e outras alterações.

Dr. Holst: Concordo completamente. Meu laboratório e meus interesses de pesquisas pessoais mostram que é verdadeiramente o papel exercido pelo intestino em tudo isto.

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Hormônios  gastroenteropancreáZcos  que  controlam  o  consumo  de  alimentos    •  Grelina  •  CCK  •  GLP-­‐1  •  Oxintomodulina  

•  PYY  •  Amilina  

•  Polipepvdeo  pancreáHco    •  Glucagon  •  Insulina  

Temos mapeado todos estes hormônios e temos tentado entender qual o papel que eles exercem no controle do apetite e do consumo de alimentos. Temos esperança de que, ao compreendermos o que está acontecendo, será possível dar alguns comandos e ampliar o papel desempenhado por um desses hormônios, e talvez fazer algo a respeito da obesidade. Ainda não chegamos lá.

Dr. Finer: Acredito que, até recentemente, as pessoas pensavam que os sinais que o intestino enviava para o cérebro estavam realmente envolvidos apenas no controle do consumo de alimentos de curto prazo. Isso passou por uma verdadeira mudança, não é?

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LepZna,  tecido  adiposo  e  peso  corporal  

Ahima  RS,  et  al.  J  Clin  Invest.  2008;118(7):2380-­‐2383.  

Controle  homeostáHco  da  alimentação,  gasto  energéHco  e  hormônios  

Grelina  

Nutrientes  

Tecido  adiposo  

Fígado  

LepZna  Insulina    

Pâncreas  

IncreHnas    

IntesHno  

GLP-­‐1  PYY  OXY  

Músculo  

CCK  

Grelina  LepZna  GRP  NMB  

Hipo-­‐  tálamo  

Dr. Holst: O que se sabe é que o hormônio leptina obviamente mudou isso, uma vez que ele é um controlador do apetite e da obesidade de longo prazo. O intestino, fisiologicamente falando, também é um controlador de curto prazo disso. É verdade que os peptídeos do intestino parecem exercer um controle de longo prazo sobre o consumo de alimentos na maioria das pessoas. Isso também é uma área para discussão: quantas pessoas irão de fato apresentar resposta a esses hormônios? Talvez esse seja um tema para a próxima ocasião.

Dr. Finer: Em sua opinião, quais são os principais hormônios intestinais?

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Hormônios  gastroenteropancreáZcos  que  controlam  o  consumo  de  alimento    •  Grelina  •  CCK  •  GLP-­‐1  

•  Oxintomodulina  

•  PYY  •  Amilina  

•  Polipepvdeo  pancreáHco    •  Glucagon  •  Insulina  

Produtos  da  célula  L  

Dr. Holst: Eu coloquei 9 peptídeos na lista. Os principais são a grelina do estômago e também temos a colecistocinina (CCK) do duodeno. Existe um tipo de célula chamado de célula L que produz 3 peptídeos que são muito potentes em relação à inibição do consumo de alimentos. Eu coloquei 4 do pâncreas. Ele não faz verdadeiramente parte do intestino, mas ainda é interessante porque temos a amilina, o polipeptídeo pancreático e o glucagon. Depois temos a insulina que é um pouco controversa porque, como é sabido do diabetes, a insulinoterapia é associada com ganho de peso; assim, como ela poderia figurar em uma lista de substâncias que reduzem o consumo de alimentos? Essa é uma discussão diferente, mas há toda uma lista desses peptídeos; os que se originam a partir das células L parecem ser alvos particularmente bons para a futura farmacoterapia antiobesidade.

Dr. Finer: Acredito que seu trabalho demonstrou e o que agora entendemos é que quando comemos uma refeição ou bebemos algo, esses hormônios são liberados, mas o que eles fazem de fato? Para onde eles vão? De que maneira eles exercem um efeito sobre o apetite?

Dr. Holst: Mais, uma vez, acredito que precisamos separar isso em o que está relacionado à fisiologia e o que conseguimos realizar farmacologicamente mais tarde com doses diferentes, porque acredito que os mecanismos são realmente diversificados. De acordo com nossos (e muitos outros) resultados, os nervos parecem exercer um papel importante.

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Este slide ilustra de que maneira pensamos que o hormônio peptídeo 1 símile ao glucagon (GLP-1) parece agir. Há uma ilustração indicando a célula L, aquela amarela pequena no canto inferior esquerdo, onde este hormônio é liberado e depois é absorvido pela corrente sanguínea. Particularmente este hormônio, mas isso pode ocorrer também com os outros hormônios. Ele é então destruído pelas enzimas. Sua ação principal precisa ocorrer antes de ser destruído. Então, ele encontra aquelas pequenas fibras nervosas e envia sinais do intestino diretamente para o tronco cerebral, e de lá para o hipotálamo, onde ele faz a integração dos sinais nos centros controladores do apetite.

Hoje, sabemos que é isso que está acontecendo. Conseguimos seguir esses sinais. Podemos ver que as células no cérebro são estimuladas quando o sinal do GLP-1 alcança o cérebro, depois do consumo de alimentos. Não há dúvida de que isso acontece como um reflexo e, juntamente com outros mecanismos cerebrais, seu consumo de alimentos será controlado. De fato, essa é uma questão muito importante para o apetite. Isto, juntamente com alguns outros hormônios, influencia o apetite, reduzindo o apetite e, com isso, reduzindo o consumo de alimentos. Isso é diferente da maioria dos fármacos anteriores que agiam sobre o metabolismo da energia para aumentar o gasto energético. Este conta com um mecanismo completamente diferente que age sobre o controle do apetite e, portanto, sobre o consumo de alimentos. O problema de aumentar o gasto energético é que ele impõe uma carga de trabalho sobre o coração e o sistema circulatório. Sabemos que isso eventualmente será associado a problemas em alguns pacientes.

Dr. Finer: É claro que, se você aumenta o gasto energético, as pessoas simplesmente comem mais para compensar.

Dr. Holst: É isso o que evidentemente acontece quando você se exercita. Essa pode ser uma maneira maravilhosa e saudável de conseguir emagrecer, e talvez seja um pouco trapaça reduzir o apetite das pessoas.

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Tratamento  com  AR  do  GLP-­‐1  e  perda  de  apeZte:  lixisenaZda  vs  liragluZda  

18%  

37%  

0  

5  

10  

15  

20  

25  

30  

35  

40  

Perda  de  apeZte  

Kapitza  C,  et  al.  Diabetes  Obes  Metab.  2013;15(7):642-­‐649.  

LixisenaHda   LiragluHda  

Incidê

ncia  (%

)  

De fato, existe um estudo em que as pessoas estavam procurando saber quais os efeitos colaterais durante a terapia com GLP-1 para a obesidade e parece que agora existe um paradigma de que a perda do apetite é um efeito colateral. Isso ocorre porque ele causa uma perda do apetite e talvez você não goste disso. Se você acha que comer é a melhor coisa do mundo, então é claro que você não vai gostar de um fármaco que faz perder o apetite. “Minha vida está horrível, eu não gosto mais de comer”.

Dr. Finer: Essencialmente então o que você está dizendo e o que a sua pesquisa demonstrou é que há respostas intestinais ao alimento que enviam sinais para o cérebro, seus hormônios associados são GLP-1 e o peptídeo YY (PYY), mas também existe o hormônio da fome, a grelina. Evidentemente, aprendemos grande parte desta fisiologia com a cirurgia bariátrica.

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Cirurgia  bariátrica  e  alterações  hormonais  na  grelina,  PYY  e  GLP-­‐1    

a.  Holdstock  C,  et  al.  J  Clin  Endocrinol  Metab.  2003;88(7):3177-­‐3183.  b.  Chan  JL,  et  al.  Obesity  (Silver  Spring).  2006;14(2):194-­‐198.  c.  Falkén  Y,  et  al.  J  Clin  Endocrinol  Metab.  2011;96(7):2227-­‐2235.  

0  

25  

50  

75  

100  

125  

150  

175  

200  

225  

Pré-­‐op.   6  meses   12  meses  

Pmol/L,  1

80  m

in  

Grelina  

303,0  

95,4  

37,0  

0  25  50  75  

100  125  150  175  200  225  250  275  300  325  

Bypass  gástrico  

Obeso   Controles  magros  

PYY  (carga  de  glicose  de  75  gramas)  

P  =  0,03  

0  

5.000  

10.000  

15.000  

Pré-­‐op.   Dia  3   Mês  2   Ano  1  

GLP-­‐1  

P  <  0,05  P  <  0,05  

Dr. Holst: Sim, é onde conseguimos ver isso de forma amplificada, porque as respostas são enormes depois da cirurgia bariátrica. Você tem toda razão; o que é verdadeiramente visível é a mudança na grelina e alterações enormes na liberação do PYY e do GLP-1, e é por isso que pensamos que esses são particularmente importantes.

Dr. Finer: Em termos de efeitos da cirurgia: as pessoas costumavam pensar que era a restrição e a má absorção; agora sabemos que o efeito predominante é sobre o apetite, não é?

Dr. Holst: Sim. Isso é verdade e você pode ver isso claramente. Ele é mensurável e demonstrável.

Dr. Finer: Com este entendimento da fisiologia do apetite e de que maneira ele afeta o controle do peso, acredito que isso realmente ampliou o campo da medicina clínica e de tratamento.

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Manejo  da  obesidade:  modalidades  de  tratamento  •  Comportamentos  de  saúde    

–  Terapias  comportamentais/cogniHvas  

–  Modificação  da  dieta  –  Indicação  de  exercício/

aHvidade  –  Combinações  

•  Farmacológico  –  Monoterapia  –  Combinações  

•  Cirurgia  bariátrica  –  Banda  gástrica  –  Gastrectomia  em  manga  –  Bypass  gástrico  Roux-­‐en-­‐Y  –  Desvio  duodenal/derivação  

biliopancreáHca  

•  DisposiHvos  –  Não  invasivos  –  Invasivos  

hRp://www.nice.org.uk/guidance/cg189/evidence/cg189-­‐obesity-­‐update-­‐full-­‐guideline2  

Agora, além de intervenções no estilo de vida que usávamos no passado, ou seja, dieta, exercício, terapias comportamentais, temos no outro extremo a cirurgia bariátrica, que evidentemente nunca será a resposta à pandemia mundial da obesidade. Temos agora uma maneira de fazer efeito, mediante uma farmacologia, que talvez nunca antes tenha sido tão direcionada.

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Controle neuroendócrino do apetite: novas estratégias de emagrecimento

Aprovação  da  liragluZda  para  o  manejo  do  peso  •  Aprovação  pela  FDA:  23  de  dezembro  de  2014    

•  Aprovação  pela  EMA:  22  de  janeiro  de  2015    

•  Aprovação  pelo  Health  Canada:  26  de  fevereiro  de  2015  •  Indicado  como  adjuvante  à  dieta  e  exercício  para  ajudar  com  

o  manejo  do  peso  em  adultos:  –  obesos  (30  kg/m2  ou  acima);    –  com  sobrepeso  (cujo  IMC  fica  entre  27  e  30  kg/m2)  e  têm  

complicações  relacionadas  ao  peso  como  diabetes,  níveis  anormalmente  elevados  de  lipídeos  no  sangue,  hipertensão  arterial,  ou  apneia  obstruHva  do  sono.  

hRp://www.ema.europa.eu/ema/  

Dr. Holst: Verdade. O primeiro desses agonistas do hormônio receptor está agora à disposição e foi aprovado na Europa, nos Estados Unidos e no Canadá para tratar a obesidade.

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Estudo  SCALE  para  obesidade  e    pré-­‐diabetes:  efeito  da  liragluZda  sobre  o  peso  depois  de  56  semanas  

Pi-­‐Sunyer  X,  et  al.  N  Engl  J  Med.  2015;373:11-­‐22.  

0  

10  

20  

30  

40  

50  

60  

70  

Alteração  no  peso  corporal  em  %  

Perda  de  ≥  5%  de  peso  corporal  

Perda  de  >  10%  de  peso  corporal    

LiragluHda  3  mg  (N=2437)  Placebo  (N=1225)  

P  <  0,001  

P  <  0,001  

P  <  0,001  

Percen

tual  

0  1  2  3  4  5  6  7  8  9  

10  

Alterações  no  peso  corporal  (kg)  

kg  

63%  

33%  27%  

10%  

Ele vai causar o emagrecimento sim, mas saber se ele é ou não um grande avanço é realmente uma questão disputada. O que você pode obter com este medicamento é que em 65% dos pacientes ele alcançará um emagrecimento de mais de 5%. Em 33%, ele alcançará um emagrecimento de mais de 10%. Contudo, isso atenderá às expectativas do paciente e atenderá às expectativas do médico?

Se você for um paciente que está sob risco metabólico devido à obesidade, tenho certeza de que o médico ficará feliz com qualquer quantidade de peso perdido, mas o paciente não ficará feliz se ele tiver um IMC de 35 e você apenas consegue oferecer uma redução de apenas 5% no peso corporal. Isso não será suficiente. Preciso acrescentar mais uma coisa. Isso é o fato de que os agonistas do receptor de GLP-1 (ARs do GLP-1) também são usados para o tratamento do diabetes. Se você tratar a obesidade com os ARs do GLP-1, você recebe um duplo benefício aqui porque você também de certa forma protegerá aquele indivíduo contra desenvolver diabetes. Acredito que talvez esse seja o desenvolvimento mais promissor neste campo; talvez ainda mais importante na obesidade em adolescentes, em que sabemos agora que as complicações ocorrem mais cedo e são sérias. Isso é algo que deve ser feito. O que pode ser feito aqui? Talvez esse seja um campo fértil para novas terapias.

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Controle neuroendócrino do apetite: novas estratégias de emagrecimento

Tratamentos  aprovados  pela  EMA  para  manejo  do  peso  

Orlistate    60  e  120  mg  

Naltrexona  32  mg/  Bupropiona  360  mg  

Liberação  prolongada  LiragluZda  3,0  mg  

hRp://www.ema.europa.eu/ema/  

Aprovado  em    23  de  janeiro  de  2015  

Aprovado  em    22  de  dezembro  

de  2014  

Aprovado  em    23  de  outubro  

de  2008  

Dr. Finer: De fato, na Europa contamos agora com 3 farmacoterapias aprovadas para excesso de peso e obesidade, incluindo a liraglutida (o AR do GLP-1 em uma dose muito mais elevada de 3 mg), usada para tratar o diabetes. Também foi aprovada a combinação de naltrexona e bupropiona, que funciona sobre um via cerebral bem distinta. É claro que ainda temos o orlistate, o inibidor da lipase que também é um fármaco eficaz se for usado em combinação com a dieta certa. De fato, esta é uma época bastante empolgante para estar envolvido no manejo do sobrepeso e da obesidade, porque a lacuna de tratamento entre o estilo de vida e a cirurgia está agora começando a ser preenchida pela farmacoterapia.

Dr. Holst: A palavra “começando” é essencial, porque estas terapias não são assim tão eficazes em termos de magnitude do emagrecimento e não são, de forma alguma, comparáveis à cirurgia. Ainda temos um longo caminho em frente. Acredito que o segredo aqui é fazer o que o intestino faz na cirurgia bariátrica ou depois da cirurgia de bypass gástrico: aumentar a excreção de diversos hormônios e, assim que isso for feito, combinar esses hormônios, e depois talvez possamos obter um emagrecimento muito maior e receber o benefício total dessa abordagem.

Dr. Finer: Vamos falar agora sobre os possíveis efeitos negativos porque sabemos que, por exemplo, há pessoas que não emagrecem depois da cirurgia bariátrica; algumas emagrecem em demasia e algumas apresentam efeitos colaterais bastante significativos. Temos alguns desses problemas com fármacos como os ARs do GLP-1?

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Estudo  SCALE  para  obesidade  e    pré-­‐diabetes:  distribuição  da  alteração  no  peso  

Pi-­‐Sunyer  X,  et  al.  N  Engl  J  Med.  2015;373:11-­‐22.  

14%  

33%  

63%  

92%  

8%  

0%  10%  20%  30%  40%  50%  60%  70%  80%  90%  

100%  

-­‐15   -­‐10   -­‐5   0   >  0  

Pacien

tes  (

%)  

Alterações  no  peso  (%)  

LiragluZda    

4%  11%  

27%  

65%  

35%  

0%  

10%  

20%  

30%  

40%  

50%  

60%  

70%  

80%  

90%  

100%  

-­‐15   -­‐10   -­‐5   0   >  0  

Pacien

tes  (

%)  

Alterações  no  peso  (%)  

Placebo    

Dr. Holst: Se você examinar os estudos com ARs do GLP-1 para a obesidade, há uma pequena proporção de pacientes que apresenta uma resposta muito ruim. Isso tem sido bastante discutido. Por que isso ocorre? Foi sugerido que existem pessoas com uma predisposição genética que não permite que a terapia funcione bem. Acredito que há outras opções que devemos examinar primeiro. Uma é o cumprimento, que acredito ser importante aqui. Assim que chegarmos à administração semanal do AR do GLP-1, talvez os problemas com o cumprimento não ocorram com tanta frequência. Há também este conceito de que uma única dose serve para todos, algo que não acredito ser verdade. É preciso tratar o paciente individualmente e atingir uma dose que funciona, algo que acredito ser sensato, mas que não está atualmente em vias de ser planejado.

Dr. Finer: Acredito que neste estágio seria bom começarmos a resumir esta conversa interessante e abrangente, dizendo que houve mudanças nessa área e que estamos realmente começando a entender a fisiologia do controle do apetite e de que maneira o controle do apetite influencia o controle do peso. Estamos agora começando a ter ferramentas farmacológicas como os ARs do GLP-1 como, por exemplo, a liraglutida, que sabemos que em altas doses suprime o apetite, o desejo de comer, e que elas fazem isso por meio de vias fisiológicas conhecidas. Talvez exista um niilismo em relação à dieta e ao estilo de vida; contudo, sabemos que a combinação de dieta e estilo de vida efetivos e a farmacoterapia pode trazer benefícios verdadeiros, não apenas sobre o peso corporal mas também, como você diz, uma vantagem dupla em termos de diabetes, de outras melhorias metabólicas.

Dr. Holst: Um estudo de combinação foi recentemente iniciado em que estamos combinando uma dose elevada de AR do GLP-1 e exercício. Acredito que será bastante empolgante ver se eles se agregarão em termos de eficácia no emagrecimento mas, todavia, não sabemos o que vai acontecer. Não sabemos de verdade, por isso vai ser empolgante.

Dr. Finer: Foi ótimo conversar com você e acredito que o futuro parece ser bastante empolgante para esta área. Sabemos que há vários fármacos em vias de desenvolvimento chegando e também vamos aprender como combinar os diferentes sinais hormonais dos peptídeos para conseguirmos alcançar o efeito ideal. Obrigado, Jens, pela excelente discussão. Também gostaria de agradecer a todos vocês por sua participação. Muito obrigado.

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Controle neuroendócrino do apetite: novas estratégias de emagrecimento

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