CONVERSÃO DE CAFÉ CONVENCIONAL PARA CAFÉ ORGÂNICO

7/25/2019 CONVERSO DE CAF CONVENCIONAL PARA CAF ORGNICO

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II Seminrio Iniciao Cientfica IFTM, Campus Uberaba, MG. 20 de outubro de 2009.

CONVERSO DE CAF CONVENCIONAL PARA CAF ORGNICO

MAXIMIANO, A.R.1; PIZOLATO NETO, A.1; SILVEIRA, A.L.da1; CAMARGOS,

A.E.V.1

; SILVEIRA, L.H.da1

; SCHENKEL, C.A.2

1Estudante do Curso de Engenharia Agronmica, Instituto Federal do Tringulo Mineiro - Campus Uberaba-MG- Rua Joo Batista Ribeiro, 4000 Bairro Mercs, fone: (34) 3319 6000, email:[email protected]. Instituto Federal do Tringulo Mineiro Campus Uberaba- MG- Rua Joo Batista Ribeiro, 4000 Bairro

Mercs, fone: (34) 3319 6000, email: [email protected].

RESUMO

O caf (Coffea arbicaL.) pertencente famlia rubicea. O seu fruto um dos produtosmais consumidos no mundo, possui um grande mercado, que se encontra em expanso quandoproduzido de forma sustentvel. Com o aumento da demanda de produtos orgnicos nomercado mundial, cresce a oportunidade de agricultores inserirem no cenrio econmico umgro produzido em bases que visam o bem-estar do consumidor, a qualidade dos alimentos,produtos mais saudveis e livres de agrotxicos; e, em sua cadeia de produo, o meioambiente e os indivduos so participantes que esto em equilbrio. O processo de produode caf orgnico, em sua maioria, origina-se de lavouras de caf convencional, as quaispassam por um processo de converso do sistema convencional ao orgnico. Isto traz grandesmudanas na cadeia produtiva, tomando diferentes dimenses: ambiental, social, cultural eeconmica, metas a serem alcanadas gradativamente. Neste contexto, o objetivo deste texto apresentar os passos e processos envolvidos na converso do caf produo orgnica, tendoem vista a certificao dessa produo. Para tanto, desenvolveu-se um trabalho caracterizadocomo pesquisa bibliogrfica, de modo a sumariar a discusso acerca do tema. Com o estudo

realizado, conclui-se que o processo de converso constitui uma alternativa interessante para oagricultor, especialmente se a produo for certificada, pois atribui um diferencial ao seuproduto dentro do agronegcio, valorizando-o e o protegendo-o de ameaas externas,especialmente das decorrentes da flutuao dos mercados convencionais. Essas e outrasvantagens recompensam o produtor pelo prolongado perodo necessrio converso.Palavras-chave: Agricultura orgnica, sustentabilidade, certificao.

INTRODUOO presente texto resultado de um trabalho realizado em uma disciplina do curso de

Agronomia, que propunha o estudo da converso de um sistema de produo do convencional

ao orgnico. A cultura analisada foi a do caf, em razo da sua contribuio e importnciapara a economia regional, do estado e do pas. O trabalho realizado consistiu em consultas

bibliogrficas que apresentavam estudos de caso sobre a produo orgnica de caf, bem

como, sobre os processos necessrios converso dos sistemas de produo. Para tanto, alm

de literaturas bsicas trabalhadas no curso, foram selecionados textos de revistas

especializadas disponveis na rede mundial de computadores.


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DISCUSSOA produo de caf em sistemas orgnicos tem aumentado muito na ltima dcada devido ao

maior conhecimento e conscientizao dos consumidores sobre a qualidade dos produtos

orgnicos e os benefcios que os alimentos produzidos desta forma trazem sade e ao meio

ambiente, em que se destacam a no utilizao de agrotxicos e adubos sintticos,

proporcionando assim uma agricultura de carter mais sustentvel. A demanda por produtos

orgnicos aumenta no mundo todo e gera oportunidades de mercado em diversas regies. Cria

oportunidades, principalmente para pequenos e mdios produtores, incluindo comunidades de

agricultores familiares, em razo das exigncias da produo orgnica caracterizar-se como

intensiva em fora de trabalho, que uma das marcas da agricultura familiar. Alm disso,

promove benefcios, econmicos e no econmicos, a vrios outros agentes da cadeia

produtiva, o que pode auxiliar o desenvolvimento de reas rurais prximas aos grandes

centros urbanos e a corredores de exportao (NEVES et al., 2004). O Brasil o maior

produtor mundial de caf; contudo, em 2003, foi o 6 produtor mundial de caf orgnico, com

uma produo de 80 mil sacas, o que representou 0,2% de sua produo total (MOREIRA,

2003). Segundo Coelho (2002), o Brasil o maior produtor mundial h mais de 150 anos e o

caf teve grande influncia na construo do pas. Atualmente o agronegcio do caf envolve

direta e indiretamente, cerca de 10 milhes de pessoas em uma cadeia que vai do campo

xcara. Atualmente, crescente a preocupao da sociedade com a sade, a qualidade de vida

e do meio ambiente, levando os consumidores a valorizarem a adoo de mtodos de

produo agrcolas que garantam a qualidade dos produtos, que sejam menos agressivos ao

meio ambiente e socialmente justos com os trabalhadores rurais. neste contexto que a

agricultura orgnica surge como alternativa para produo agrcola mais sustentvel,

ambientalmente equilibrada e socialmente justa. De acordo com Pereira & Guimares (2004),

os dados estatsticos e mercadolgicos apontam para um crescimento na demanda por caf

orgnico e as questes de ordem ambiental e social representam novos valores relacionados

com a qualidade, que esto sendo cada vez mais incorporados na diferenciao do caf como

um produto especial. Estudos com produtos orgnicos esto sendo iniciados e h grandecarncia de informaes voltadas para sua anlise sensorial. Embora sem comprovao

cientfica, acredita-se que estes produtos sejam de qualidade superior aos produzidos de modo

convencional, principalmente em se tratando de caf, cujo aroma e o sabor so bastante

influenciados pela composio qumica do gro, que, por sua vez, est diretamente

relacionada com os tratos pr e ps-colheita (CHALFOUN e CARVALHO, 2001; SILVA et

al., 2003 apud MALTA et al., 2008, p. 776). Apesar da pequena porcentagem que representa


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em relao cafeicultura brasileira convencional, o caf orgnico uma atividade com

enorme potencial de promover a preservao ambiental e valorizao social e econmica de

uma regio; representa tambm uma tima oportunidade para fortalecer as organizaes de

pequenos produtores e reduzir as desigualdades sociais. Para tanto, a alternativa que se

apresenta, por se tratar de uma cultura perene, converso das lavouras convencionais

produo orgnica. O novo sistema, durante e ps converso, deve se basear em alguns pilares

fundamentais para que seja bem sucedido: todo aquele que trabalha de forma direta ou

indiretamente na lavoura de caf deve ser orientado para as mudanas de atitudes e

pensamentos necessrias; o preparo da rea deve ser feito de forma a restabelecer o equilbrio

entre a natureza e a lavoura, na perspectiva dos equilbrios agroecossistmicos; os tratos

culturais aplicados ao caf devem ter como princpio bsico a utilizao de produtos da

prpria propriedade ou locais (recursos locais), aumentando a independncia do produtor emrelao ao mercado (desenvolvimento endgeno). Para realizar todas essas modificaes de

forma correta e segura, deve-se buscar junto a um rgo certificador, a certificao da

produo desde os primeiros passos da converso, pois o selo obtido d garantias ao

consumidor que realmente o produto foi produzido de forma orgnica, seguindo os princpios

e as tcnicas adequados produo, beneficiamento e comercializao. Como ainda no

existe um nico selo de certificao orgnica, o produtor poder escolher entre diferentes

certificadoras a que melhor o satisfaa, sempre lembrando que todo o processo de transio

para a produo orgnica e, consequentemente, a certificao do processo, deve ter como baseas regras de produo e de comercializao exigidas para a obteno da certificao desejada.

O conceito orgnico emitido pelas certificadoras abrange aspectos relativos iseno de

agrotxicos, qualidade nutricional, preservao do meio ambiente, conduo da cultura e

ao respeito ao ser humano; deve ser tambm economicamente vivel para o produtor. O

processo de converso aqui descrito refere-se estratgia para converso gradativa e que

pretende estabelecer alguns passos lgicos a serem seguidos, podendo variar de acordo com a

situao de cada lavoura e de agroecossistema correspondente. Porm, no h obrigatoriedade

de realizar a mesma seqncia, devendo sim atender os princpios gerais da produoorgnica em cada etapa. Para converso de um sistema de agricultura convencional para

agricultura orgnica preciso considerar vrios aspectos, tanto culturais, tcnicos,

educacionais, normativos ou mesmo de mercado. Tem-se encontrado hoje, grandes

dificuldades para utilizar conceitos de ecologia em agricultura, porque o sistema orgnico

ainda tem pouco investimento em termos de pesquisa cientfica e est em desenvolvimento

enquanto um sistema de produo. Alm disso, a agricultura uma atividade muito dinmica


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e diversificada; para cada regio do mundo, com condies econmicas ou tradies culturais,

existem diferentes formas de trabalhar a terra. Para fazer agricultura orgnica existe um

conjunto de normas que so necessrias para caracteriz-la; o que a define como tal. O

mercado outro aspecto a ser considerado; no pode ser ignorado na converso para a

agricultura orgnica. Se o mercado um dos componentes determinantes da converso, a

mudana muitas vezes est condicionada por meio de um estmulo oriundos do mercado. Se,

alm disso, uma base tecnolgica determinante da converso, como no caso da converso,

se est diante de um processo que exige educao e mobilizao de recursos, isto , de uma

mudana proporcionada atravs de busca e reflexo.

CONSIDERAES FINAISCom este trabalho, demonstrou-se a preocupao dos autores com a agricultura, o ambiente e

com a proteo vida, propondo a adoo de um sistema que funciona como um

agroecossistema harmnico e integrado, com os diversos subsistemas funcionando de maneira

complementar, sendo a qualificao do sistema para a obteno do certificado de produto

orgnico uma conseqncia do bom trabalho. Para o agricultor, a certificao o coloca sob

um diferencial no mercado, valorizando e protegendo a sua produo das ameaas do

mercado convencional. Essas e outras vantagens recompensam o produtor, no futuro, por sua

perseverana e empenho, uma vez que o processo de converso ocorre em um perodo

prolongado, no mnimo 18 meses, por se tratar de uma cultura perene. Por outro lado, passado

esse tempo, o agricultor pode ofertar ao consumidor um produto mais fino e consumido por

uma clientela muito mais exigente.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

COELHO, M. J. A. Caf do Brasil: o sabor amargo da crise. Florianpolis: Oxfam, 2002. 58

p.

EMBRAPA Agrobiologia, Sistemas de Produo, 2. O Cultivo de Orgnico, Jan 2006.

Disponvel em: < http:/www.cnpab.embrapa.br/publicacoes/sistemasdeproducao/cafe>.

Acesso em: 30 jun. 2009.

MALTA, Marcelo Ribeiro et al. Qualidade sensorial do caf de lavouras em converso para o

sistema de produo orgnico. Bragantia [online], vol.67, n.3, pp. 775-783, 2008. (ISSN

0006-8705).


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MOREIRA, C. F. Caracterizao de sistemas de caf orgnico sombreado e a pleno sol

no sul de Minas Gerais. 2003. 125 p. Tese (Mestrado). Escola Superior de Agricultura Luiz

de Queiroz, Piracicaba, SP.

NEVES, M. C. P. et al. Agricultura Orgnica uma estratgia para o desenvolvimento de

sistemas agrcolas sustentveis. Seropdica: Editora Universidade Federal Rural do Rio de

Janeiro, 2004. 113 p.

PEREIRA, A. C.; GUIMARES, P.T.G. Cafs especiais: iniciativas brasileiras e tendncias

de consumo. Belo Horizonte: Epamig, 2004. 80 p. (Srie documentos, 41)

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