CRISES DA IGREJA EVANGÉLICA BRASILEIRA

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Trabalho de conclusão de curso que aborda temas polêmicos e pontos nevrálgicos do evangelicalismo brasileiro.O tom ácido das críticas revela a indignação do autor diante da descaracterização da igreja evangélica brasileira.Fala com a autoridade de quem nasceu, cresceu e vive ligado à igreja que necessita de restauração URGENTE!!

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SEMINRIO TEOLGICO MORIAHCoordenao de Ensino em Ps-Graduao

"Crises da Igreja Evanglica Brasileira. "

Dissertao de Mestrado

Ideval Gonalves Pereira Jnior

PRAIA GRANDE 10/11/2007

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IDEVAL GONALVES PEREIRA JNIOR

Crises da Igreja Evanglica Brasileira.

Dissertao de MestradoDissertao apresentada como exigncia parcial para a obteno e outorga do Ttulo de Mestre em Cincias da Religio comisso julgadora do SEMINRIO TEOLGICO MORIAH, sob a Orientao do Professor D.D. Pr. Gilvane Machado da Silva.

PRAIA GRANDE 10/11/2007

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JULGAMENTO

SEMINRIO TEOLGICO MORIAH

Mestre em Cincias da ReligioComisso de Doutores e Mestres____________________________________________

Gilvane Machado da Silva Dr.Professor Orientador

___________________________ _________________

Deisemara Corra Conceio da SilvaProfessora Dra. ____________________________________________

Walter Soares Professor MSC.____________________________________________

Isael Arajo de Moraes Professor MSC._____________________________ _______________

Antonio Severo de Souza Professor MSC.

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DEDICATRIA

Dedico este trabalho de Concluso de Curso, quele que me chamou a vida e colocou no meu ser a essncia do Seu Ser Divino. Dedico aos meus pais que desde minha infncia me tm feito estimar o valor do estudo das Escrituras que foram sempre base para conversas e debates em nosso lar. minha esposa e filhas que tm me tolerado nestes anos de estudo que diminuram parte de nosso tempo juntos. Aos irmos e amigos que sempre reconheceram o chamado de Deus para a rea do ensino estimulando sempre o aprofundamento.

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AGRADECIMENTO

Agradeo primeiramente a Deus que foi o incentivo especial, ao meu pai que me ajudou na caminhada, minha famlia que compartilhava comigo cada etapa galgada e aos irmos e amigos que me apoiaram direta ou indiretamente na busca por mais conhecimento.

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FOLHA DE APRECIAO

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FOLHA DE AVALIAOTal avaliao ser expressa em forma de conceito (Insuficiente, suficiente, mais que suficiente e suficientfico) sendo feita somente aps a defesa e este texto ser suprimido na impresso do trabalho.

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RESUMO

Este trabalho trata das principais crises observadas pelo autor, analisando cada uma delas e seu impacto sobre a igreja evanglica reformada e suas variaes. O trabalho aborda temas considerados inquestionveis em certos crculos e analisa em face do entendimento obtido no ensino das Escrituras. A anlise do autor que as instituies religiosas evanglicas esto incorrendo em vrios erros encontrados na igreja romana antiga e medieval e que, portanto, urgente uma reflexo sobre os atuais paradigmas evanglicos. Aqui o aluno dever tratar direta e concisamente do que tratou. No uma introduo mais sim um prlogo, ou como o tema sugere, um resumo geral do tranalho.

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SUMRIO

JULGAMENTO ________________________________________________________________________________________________ 3 DEDICATRIA________________________________________________________________________________________________ 4 AGRADECIMENTO ____________________________________________________________________________________________ 5 FOLHA DE APRECIAO ______________________________________________________________________________________ 6 FOLHA DE AVALIAO _______________________________________________________________________________________ 7 RESUMO _____________________________________________________________________________________________________ 8 SUMRIO ____________________________________________________________________________________________________ 9 INTRODUO _______________________________________________________________________________________________ 10 CAPITULO I Onde Tudo Comea? _______________________________________________________________________________ 12

1. 2. 3. 4.

1 O Significado do Culto ________________________________ __________________17 1 A Crise de Autoridade ________________________________ ___________________22 1 A Falta de Impacto diante do Mundo ________________________________ ______ 33 1 A Verdadeira Diaconia ________________________________ __________________42

CAPITULO II O Que as Denominaes Pretendem? _________________________________________________________________ 19

CAPITULO III A Falta de Modelos e a Perda do Paradigma inicial. ______________________________________________________ 29

CAPITULO IV A Questo Financeira _____________________________________________________________________________ 37

A) Distores Lucrativas da Palavra ________________________________ ______________44CONCLUSO ________________________________________________________________________________________________ 47 ANEXOS ____________________________________________________________________________________________________ 52 BIBLIOGRAFIA ______________________________________________________________________________________________ 53

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INTRODUO

Os tempos mudaram, a modernidade chegou, e com ela um novo estilo de vida, especialmente aqui no Ocidente onde o modelo capitalista tem sido a base das relaes econmicas, pessoais e sociais. As motivaes pessoais tm sido profundamente afetadas pela onda de consumo fcil e a possibilidade de progresso e prosperidade ilimitados. Esse estado de coisas e situaes tem originado uma gerao de crentes deformados, alguns, por terem se corrompido, outros, por terem sido mal formados em instituies religiosas que tambm sofrem com sculos de perda de viso e com o estabelecimento de objetivos formulados fora da vontade de Deus. Nesta situao desastrosa, muitos no sabem mais em que direo seguir, enquanto outros fazem uma opo consciente pelo sucesso sem se preocupar em ter um compromisso com Deus. O trabalho da Igreja, denominado genericamente de a obra, tem se tornado um trampolim para todo tipo de salto: promoo pessoal, ascenso ao poder (eclesistico ou pblico), gerao de emprego e renda, enriquecimento escandaloso, e tantos outros absurdos; porm, vale pena lembrar, que o mais freqente o salto mortal; ou morre o povo (de fome, sede e desabrigo espiritual), ou morre o aventureiro que tenta usurpar a glria de Deus. Mas, graas a Deus, no meio desta parafernlia babilnica existe um remanescente fiel que est sendo incomodado e levado a resistir ao sistema e a tender ao chamado que o Senhor faz Sua Igreja. A verdadeira Igreja, sem mcula, ruga ou coisa semelhante ( vide Ef 5:27), est diluda no meio dos grupos e denominaes religiosas, parecendo refm de sistemas humanos, de liturgias, e administraes, mas a cada dia aumenta o nmero dos que no se conformam com esse estado de coisas, daqueles que a cada dia, a todo o momento falam insistentemente a verdade que queima em seus coraes. Para estes, a esperana que a palavra dEle jamais

11volta vazia (quando parte de l para c), mas, com certeza, prospera naquilo para o que foi designada ( vide Is 55:11). Deus tem enviado Sua Palavra, ela vai surtir efeito em seu tempo. Que Deus use estas pginas para iluminar as mentes e coraes daqueles que realmente querem cultuar a Deus, e no se deixam dominar pela cultura que prevalece por a.

.

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CAPITULO I Onde tudo comea?

A Gnese da Igreja deve ser resgatada do meio dos vrios sistemas eclesisticos que hoje existem. A Palavra diz :

Vs,

porm, sois raa eleita, sacerdcio real, nao santa, povo de propriedade

exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; 1 Pe 2:9.

Esta raa eleita, nao santa, povo de propriedade exclusiva tem um propsito, uma finalidade: proclamar as virtudes DAQUELE que a chamou (para fora). Contudo, para proclamar estas virtudes, primeiramente deve-se conhec-las; e como podemos conhecer as virtudes de algum de quem no nos aproximamos, nem somos conduzidos para perto dEle? Lendo o livro Teologia da Alegria de (John Pipper), pode-se entender o que realmente no tem permitido o avano da Igreja como organismo. A base de nossa teologia e doutrinas est calcada em uma afirmao que carece um melhor exame. Qual a finalidade principal da existncia humana e em particular dos cristos? O catecismo de Westminster enuncia: Glorificar a Deus e goz-Lo para sempre. O escritor de Teologia da Alegria reinterpreta como: Glorificar a Deus ao goz-Lo para sempre, ou seja, quando desfrutamos Deus como nossa maior e verdadeira alegria, motivao e alvo, O estaremos glorificando (e nosso desfrutar no est em receber dEle, mas em receb -Lo), e Ele, naturalmente, manifesta a sua natureza na qual a bondade, parte intrnseca de seu amor, nos abenoa de acordo com o que est em Seu corao que pode, ou no, ser igual ao desejo do nosso corao. Neste ponto, gostaria de fazer um comentrio que julgo pertinente. O homem traz em sua natureza a caracterstica peculiar de assimilar o comportamento, a linguagem

13(inclusive o sotaque), e em estgio mais elevado at a maneira de pensar daqueles que esto sua volta Isto no uma regra, e sim uma constatao derivada de o bservao; ela encontra base bblica no Livro de Provrbios de Salomo onde somos aconselhados a no andar com pessoas de m ndole para no sermos contaminados.No te associes com o iracundo, nem andes com o homem colrico,para que no aprendas as suas veredas e, assim, enlaces a tua alma. Pv 22:24,25 (RA)

Paulo, escrevendo pela primeira vez aos Corntios, no captulo 15 e verso 33No vos enganeis: as ms conversaes corrompem os bons costumes .

Entendo que esta caracterstica tenha sua origem na vontade de Deus, que fez o ser humano assim para que, andando com o Criador, assimilasse suas caractersticas e carter. Mas o pecado de Ado interrompeu este contato. Mas o que o Deus Supremo tem querido com o homem desde a fundao do mundo? No foi o que Ele encontrou em Enoque, que andou com Deus, e segundo HebreusPela f, Enoque foi trasladado para no ver a morte e no foi achado, porque Deus o trasladara, visto como, antes da sua trasladao, alcanou testemunho de que agradara a Deus Hb 11:5 (RA)

... alcanou testemunho de que agradara a Deus? Como? Andando no sentido da palavra hebraica (Klh halak) da concordncia de Strong da Bblica On-Line indica uma maneira de viver. Ento percebo que Enoque viveu relacionando-se com Deus da maneira que o Senhor queria que fosse desde Ado, sem mediadores e sem sistemas humanos predefinidos, somente a presena do Criador. No verso seguinte deste mesmo captulo de Hebreus, vemos o mesmo conceito subentendido:De fato, sem f impossvel agradar a Deus, porquanto necessrio que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam. Hb 11:6 (RA)

porquanto necessrio que aquele que se aproxima de Deus.... a busca voluntria do homem por Deus que o agrada, a f necessria como firme fundamento, mas o que move a pessoa em direo a Deus no a f, a f apenas permite que as pessoas o encontrem, ou seja, ela d substncia ao que no se pode ver, mas torna-o concreto por dar certeza de que existe mesmo que no se veja. Alguns se aproximam de Deus por interesse, outros por curiosidade, muitos por desespero de tudo mais, como que (frequentemente) colocando Deus como

14derradeiro na lista de opo, ltima linha de defesa. Mas ao crerem, atravs da f, o encontram e a partir da, inicia-se um relacionamento que pode ter continuidade ou no Trazendo a questo para a igreja, vemos que h um propsito bsico e primordial a ser atingido que : andar, estar, ter comunho com Deus. Tudo mais deve derivar da presena dEle na igreja. Este estreitamento de relao trar intimidade com o Senhor e desta intimidade vai, naturalmente, brotar a direo para todo aquele que participa do Corpo de Cristo. J que estamos falando sobre intimidade, quero fazer um breve comentrio sobre o assunto. Tenho crido que uma parte considervel da baguna teolgica que temos hoje se originou de um sofisma a respeito de Intimidade com Deus. As pessoas que se aproximam de Deus porque O amam, reconhecem e almejam conhec-Lo melhor, desfrutam, de uma ou de outra forma, das suas bnos, que nem sempre, porm em alguns casos so materiais. Mas, j que o motivo que originou a busca de Deus o amor, sempre haver intimidade entre Ele e seus Filhos. Da conclui-se, erroneamente, que todos os que se aproximam de Deus sero abenoados com coisas materiais. Outra idia igualmente errada a de que s beno, ou vitria, aquilo que se pode contabilizar positivamente e que possa ser exibido com honra diante das pessoas. Infelizmente esta idia equivocada tambm tem sido amplamente aceita em praticamente todos os meios evanglicos, a prosperidade como objetivo e no como mtodo ou conseqncia. A prosperidade deve ser um subproduto do relacionamento com Deus e no o relacionamento com Deus ser um mtodo para alcanar prosperidade. Desta forma, hoje nas igrejas acontece uma avalanche de pessoas que se aproximam do Senhor com o objetivo nico de receber bnos, e isso no traz nenhuma intimidade com Deus porque o Salmo 25 nos ensina que a intimidade do Senhor para aqueles que O temem, no para aqueles que o buscam interesseiramente.Ao homem que teme ao SENHOR, ele o instruir no caminho que deve escolher. Na prosperidade repousar a sua alma, e a sua descendncia herdar a terra. A intimidade do SENHOR para os que o temem, aos quais ele dar a conhecer a sua aliana. Sl 25:12-14 (RA) (grifo meu)

Podemos concluir tambm, a partir do texto do Salmista que a intimidade com o Senhor com certeza traz bnos (o prprio alcance da intimidade j uma grande beno), mas a busca de bnos raramente produzir intimidade. Nosso interesse por Deus pode comear com nossa necessidade de salvao, libertao, etc.; mas depois de conhec-Lo, se ficarmos maravilhados, extasiados, diante de

15Sua grandeza, misericrdia e amor; a partir de ento nosso interesse passa a ser por Ele, pelas suas caractersticas. Ento, naturalmente, a proclamao das virtudes dEle ser feita com a maior facilidade e ousadia; falaremos, assim como os apstolos, do que vimos e ouvimos na intimidade de nosso relacionamento com Deus.pois ns no podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos. At 4:20 (RA)

O que vemos nos dias de hoje um sistema religioso (evanglico, pentecostal, carismtico, gospel, crente ou qualquer outro apelido que se queira dar) que tem - em alguns casos propositalmente e em outros incompetentemente - passado por cima desta condio bsica e indispensvel. Quando digo passado por cima, quero dizer que os modelos que temos hoje, reservam muito pouco tempo, espao, esforo e investimento (principalmente financeiro), no estreitamento da comunho com Deus. A maioria dos grupos j tem seus estatutos prprios e a direo perfeitamente clara de quem so e o que pretendem. A busca de Deus acaba sendo apenas um meio de se alcanar estes objetivos e no a meta principal. como ir a um depsito de material de construo buscar o que se quer para edificar a obra na qual se est envolvido. Ou seja, vou at Deus no por causa dEle, mas por causa daquilo que Ele pode, ou deve, me dar ou proporcionar, (j que a obra dEle). Porque Ele pode dar o que se deseja. E neste item de desejo, colocam-se as mais fantsticas utopias e sofismas que uma mente e um corao corruptos podem produzir; alguns querendo ganhar a nao inteira sem conseguir sequer dar conta dos poucas que pertencem prpria congregao. Quando digo dar conta, trago baila o texto de Hebreus :Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que faam isto com alegria e no gemendo; porque isto no aproveita a vs outros (grifo meu) Hb 13:17

Aqui se percebe que deve haver realmente uma viglia, tal qual a que o prprio Deus faz sobre a sua Palavra, em relao aos que so confiados aos tais guias. Em Igreja Lugar de Vida, p. 13, Naam Mendes afirma que em boa parte das organizaes religiosas evanglicas, os membros no passam de scios contribuintes que recebem pouca ou nenhuma ateno e acompanhamento para o desenvolvimento pessoal e espiritual contrrio ao descrito por Paulo com relao queles que so dados igreja como presentes para que aperfeioem os santos para a obra que cada um deles tem no ministrio (servio) cristo.

16E ele mesmo deu uns para apstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeioamento dos santos, para a obra do ministrio, para edificao do corpo de Cristo, at que todos cheguemos unidade da f e ao conhecimento do Filho de Deus, a varo perfeito, medida da estatura completa de Cristo, para que no sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que, com astcia, enganam fraudulosamente. Ef 4:11-13 (RC)

Novos irmos entram para o grupo, sem que se coloquem junto a eles irmos mais velhos para ajudar no seu crescimento espiritual e verificar o andamento do processo de transformao pelo qual todo cristo deve passar. Esses novos membros so apenas informados da agenda da organizao e cobrados pela participao pela freqncia e contribuio, mas no existe o Departamento de Como Andar com Deus. O que parece acontecer que muitos pensam que ir s reunies seja andar com Deus, erro perpetuado por anos de opresso eclesistica que foi herdado da Igreja Papal da Idade Mdia. Os participantes so estimulados a estarem todos os dias nas reunies de determinados grupos, dando a entender que s haver beno enquanto estiverem participando das reunies como se Deus no abenoasse a ningum mais alm dos que l estejam. Vejo que hoje em dia temos poucas pessoas que realmente saibam o que significa Andar Com Deus como Enoque o fez. Por isso criamos mtodos religiosos de comunho, j que no sabendo, no podemos ensinar esta lio aos nossos irmos mais novos. Creio que para poder ensinar, deve-se primeiro aprender a lio com algum que saiba o que esta ensinando. E ensina porque aprendeu com algum que andou com Deus. Porm parece que estamos numa escassez de pessoas deste tipo. Se elas existem, no as encontramos com facilidade. A Igreja necessita de pessoas com a coragem e maturidade para chamar a responsabilidade para si, e dizer: eu sei para onde ir, que como Paulo digam: sede meus imitadores. A partir da, teramos uma igreja que se move de acordo com o que recebe do prprio Senhor, atravs de homens e mulheres, sim, mas ungidos com a Presena, cheios de intimidade e maduros na palavra. Desta forma haver em ns a percepo de tantas virtudes do Senhor que, para proclamar, no necessitaramos de planos mirabolantes de evangelismo em massa; que se vale com freqncia de mtodos de propaganda e marketig criados pelo mundo.

17A convico que se tem ao anunciar algo que se experimentou to poderosa, que no pode ser contida e difcil de ser contestada. Os testemunhos ganham poder e vida extraordinrios, tornando-se poderosos instrumentos nas mos de Deus. Mas talvez seja eu quem esteja sendo utpico, discorrendo sobre o bvio que ningum pretende praticar. As denominaes, tanto histricas quanto emergentes (diga-se de passagem, que emergem aos borbotes), tm seus alvos e metas perfeitamente mensurveis em nmeros, e todos querem exercer um grande ministrio que possa ser alvo de admirao por parte de muitos. Quantos de ns j ouvimos a frase: -L na minha igreja temos um coral/louvor maravilhoso! ou No nosso ministrio o Senhor tem operado maravilhas! ? Sempre com um tom de propaganda para tentar fazer com que as pessoas se interessem em ir at o nosso grupo para l receber a mensagem. Quanto esforo e determinao tem empregado para os que o nosso ministrio cresa e no temos mais nem idia do que significa a palavra culto .

1.

1 O significado do Culto.A palavra "culto" vem do verbo latino CLERE, que significa "cultivar". Da vem a

palavra "colono", a pessoa que cultiva a terra. O particpio passado de clere "cultus". Da vem tambm "cultura": tudo o que o ser humano cultiva para, em ltima instncia, garantir a vida e a sobrevivncia. Falamos de uma pessoa "culta", a saber, a pessoa que cultiva o saber, o conhecimento, a cincia. Ento podemos perguntar: O que seria "cultuar" Deus, ou tambm, prestar culto a Deus? Culto no deveria ser apenas um momento marcado para acontecer semanalmente na vida da humanidade recriada os cristos. Mas uma vez que descendem do segundo Ado, que Esprito vivificante, Cristo, deveria fazer do culto um ato contnuo em sua vida. Apesar de pouca prtica com a etimologia percebo que culto e cultura tm uma estreita relao. Nossa cultura deriva, em ltima instncia, daquilo ou daquele que cultuado. Nossos valores so influenciados por este cultivar do que realmente nos proporciona vida. Desta forma, toda nossa vida deveria estar voltada para o GLORIFICAR A DEUS, prestando homenagem a Ele, dando-LHE primazia em todas as circunstncias, da maneira que fosse necessria ou apropriada no momento. Isso derruba muitas regras humanas de conduta eclesistica, mas creio que agradaria em cheio o Pai do cu. Nossos cultos da atualidade parecem um programa de entretenimento onde, de aco rdo com o grupo, temos os mais variados espetculos: canto, danas, teatro (o mais abrangente de todos), enchendo nossos olhos e emoes de motivos para voltar na prxima oportunidade, at

18porque na realidade estes entretenimentos no preenchem o vazio dos seres humanos. Somos forados a assistir, vez aps vez, algo de durao efmera e sem profundidade; tornamos-nos espectadores e no participantes da atividade religiosa. Em certos locais, o que valorizado a experincia emocional que por v ezes gera desde arrepios at as mais inusitadas expresses que beiram a histeria coletiva, dando a impresso que a presena de Deus mais parece um estimulante psquico. Programas rgidos e muito bem elaborados tentam dar reunio o fluir de um show de variedades, onde a naturalidade no relacionamento entre os assistentes fica reduzida semelhana de uma platia de teatro ou at de cinema, onde a multido e o escuro produzem uma confortvel sensao de anonimato. Da mesma forma, as pessoas sentam-se umas ao lado das outras em nossos templos e todas as atenes se voltam para o espetculo que se desenrola no plpito que ganhou nuanas de palco e em alguns casos aproximando-se perigosamente de um picadeiro. necessrio achar o caminho de volta ao princpio que balizou a instituio da igreja (do grego ekklsia: chamados para fora) e retornar direo que foi perdida.

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CAPITULO II O Que as denominaes pretendem?

Temos visto as mais variadas formas de grupos denominacionais. Alguns grupos tm feito do Senhor um servo que trabalha pelo que Nele espera para dar a tua vitria disseminando um triunfalismo antibblico. Outros grupos fazem do poder e da uno um fim e no um meio; em alguns lugares o que chamado de uno tem at conotao com uma droga de efeito passageiro cujo uso deve ser repetido de maneira freqente, contudo, no consegue deixar uma diferena duradoura na pessoa sob seu efeito. Creio que boa parte do que se chama por a de uno, no passa de emoo e outro tanto no passa de teatro e induo. A uno ensina quem a recebe, e ela permanece, muito embora possa ser consumida (como um combustvel) na realizao do trabalho designado pelo Esprito de Deus para cada um. A propsito, entendo que ela na realidade tem o objetivo de capacitar para a realizao do trabalho; a palavra poder significa, entre outras coisas, capacidade para realizao. De acordo com dicionrio Michaelis a palavra poder possui estas acepes de nosso interesse: 1. Tr. dir. Ter a faculdade ou possibilidade de. 2. Tr. dir. Ter autoridade, domnio ou influncia para. 3. Intr. Ter fora ou influncia. 4. Tr. dir. Ter permisso ou autorizao para Muitos evanglicos de igrejas histricas tradicionais repudiam todo este

posicionamento pentecostal; conhecendo bem as escrituras, mas, no experimentando o poder de Deus, ficam com pouco impacto no testemunho prtico, conseguindo o pouco progresso custa de muito trabalho e esforo prprios. Estudos demonstram que as igrejas ditas pentecostais crescem muito mais que as protestantes histricas e suas variaes

20Veja-se o texto abaixo extrado de um artigo do site do Centro Apologtico Cristo de Pesquisas: O Brasil abriga cerca de 16 milhes de pentecostais e cinco milhes de protestantes tradicionais. So 21 milhes de evanglicos, ou 12,5% da populao. O boom evanglico de inteira responsabilidade do pentecostalismo. Entre 1980 e 1991, os pentecostais cresceram 12 vezes mais que os protestantes. Enquanto as denominaes protestantes, com exceo da Batista, encontram-se estagnadas, as pentecostais conquistam atualmente a extraordinria cifra de mais de um milho de novos adeptos por ano. A maioria dos quais concentra-se nos estratos mais pobres, menos escolarizados e na populao negra. As denominaes esto perdidas em si mesmas como uma criana que brinca sozinha sem ter brinquedos, ento usa sua criatividade e faz do seu corpo instrumento de diverso ou usa qualquer sucata para brincar e se distrair. Umas vivem pedindo a Deus que as faa crescer e progredir; outras, por no cuidar do rebanho tm um monte de problemas e atribuem ao inimigo toda a culpa dizendo que: -o diabo est furioso com o que Deus tem operado aqui em nosso meio. H ainda aqueles que (tanto histricos quanto pentecostais) simplesmente ignoram o mundo espiritual e planejam e organizam seus eventos sem tomar conhecimento da vontade de Deus; em lugares assim o calendrio anual e inflexvel, o comportamento centrado em torno da organizao e suas metas, gerando uma cultura eclesioc ntrica (neologismo meu) onde a palavra de Jesus sobre aquele que nascido do Esprito (simbolizado pelo vento)O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas no sabes donde vem, nem para onde vai; assim todo o que nascido do Esprito JOO 3:8 (RA)

tratada como linguagem antropomrfica, meramente figurativa, afinal, o homem evoluiu tanto que pode at prever o tempo, a direo e velocidade dos ventos. Assim sendo, as aes de algum dirigido pelo Esprito Santo provavelmente devam ser previsveis . Estamos presos em um labirinto que ns mesmos construmos e agora s conseguimos ter uma viso limitada das coisas e dos episdios que acontecem nossa volta; perdemos a viso do alto porque olhamos demais para ns mesmos e para os outros ao contrrio do salmista que diz:A ti, que habitas nos cus, elevo os olhos! Como os olhos dos servos esto fitos nas mos dos seus senhores, e os olhos da serva, na mo de sua senhora, assim os nossos olhos esto fitos no SENHOR, nosso Deus, at que se compadea de ns Sl 123:1,2. (RA)

21Quando uma determinada congregao promove uma mudana que acaba por conseguir o resultado esperado casa cheia -, as demais comeam a us-la como referncia, seus lderes passam a conseguir unanimidade nos congressos e seminrios. Escrevem livros sobre o que fazer e como fazer e mais uma vez baixamos os nossos olhos para nossos objetivos mesquinhos. Soube de um testemunho sobre um grande pregador que s falava para uma pessoa de cada vez; isso para ns no a frmula do sucesso. Queremos megaeventos onde milhares se convertam mesmo sem termos pessoas preparadas em quantidade suficiente para cuidar adequadamente destes novos crentes e assim acabamos como que aplicando uma vacina evangelical que os imuniza a outra vez decidirem-se pela mensagem pregada, mas no vivida. Pastores tm a pretenso de cuidar sozinhos de 100, 200, 500 pessoas dando uma rao de duas horas de pregao fracionada em trs cultos semanais. No sou defensor de G12 ou coisas parecidas, porm, vejo que Jesus com toda a sua sabedoria e poder, discipulou 12 apstolos. Qual de ns teria a capacidade de fazer mais individualmente? Quando Jesus disse que aqueles que cressem nele fariam obras maiores, referia-se totalidade da igreja como seu corpo. Os irmos mais velhos na igreja no tm sido ativados nem motivados a copastorear o rebanho e assim as pessoas passam pela igreja e no querem mais saber dela porque o que viram na prtica no sequer uma pequena frao daquilo que foi apresentado no mega-show. Os no crentes esto sendo disputados como um nicho de mercado que pode atender a demanda sempre crescente de aumento do nmero de membros em que os grupos se empenham. Desta forma as pessoas que por acaso entram nestes grupos, so imediatamente contaminadas por um modelo que no funciona como deveria. No existe espao para questionamentos sobre a forma das coisas, os recm chegados, quando muito, so ensinados sobre temas pertinentes ao seu novo estilo de vida, tipo o que no fazer mais agora que crente. Muitos esto ali h tanto tempo sem saber o qu ou para qu esto fazendo o que fazem, pois inquirir praticamente vedado, assunto proibido, verdadeiro tabu. Isso me faz lembrar uma ilustrao que ouvi quando trabalhei em uma grande siderrgica. Nas clulas (grupos) voltadas a mudar o comportamento em relao qualidade do material fabricado, contava-se que certo funcionrio antigo de uma ferrovia estava aposentando-se e por isso colocaram um novato para aprender o servio com ele por ser o mais antigo. O servio era simples: Cada composio (grupo de vages) que chegava, tinha

22suas rodas inspecionadas com uma marreta que era batida contra as mesmas. Ao final do dia o novato perguntou: - Por que temos que bater com uma marreta nas rodas dos trens? O funcionrio antigo respondeu, um tanto aborrecido: - Trabalho aqui h 30 anos e at hoje no sei, voc chegou ontem e j quer saber?! Porm todos os grupos tm algo em comum, separam-se uns dos outros por entenderem que tm o melhor posicionamento cristo, ou bblico e querem alcanar o maio r nmero de pessoas para o seu grupo. Por Qu? Alguns por vanglria, outros por contendas, outros por inveja, competio, dinheiro, fama, poder (controle), mas graas a Deus sempre existe um remanescente fiel que, em meio a todas estas opes egostas, faz pelo motivo correto. triste perceber que pouqussimos grupos conhecem, ainda que teoricamente, o Eterno Propsito de Deus; e desta forma no podem de nenhuma maneira cooperar com o Senhor para realizao do mesmo. Ainda que tenham recebido de Deus uma viso local, excluem a viso dos seus companheiros que no esto em seu grupo. Poucos se detm diante do Senhor para buscar a direo macroscpica para seu ministrio, as linhas gerais que o conectam aos demais que interagem a favor do Plano Maior que se desenrola desde a criao do mundo, e no somente em seu mundo microscpico de egocentrismos eclesisticos mesquinhos que pouco pode acrescentar ao Reino de Deus. H um batalho fazendo as coisas certas pelos motivos errados e outro batalho que faz as coisas erradas propositadamente para obter vantagem pessoal sem o menor escrpulo ou tica.

2.

1 A crise de autoridade.Nesta perda de direo, em que as denominaes se encontram, outra coisa comum a

defesa excessiva da autoridade dos lderes (palavra adaptada ao vocabulrio cristo, importada da Administrao de Empresas) que mais parecem gerentes que pastores. Quem autoridade no precisa defend-la, apenas utiliz-la da melhor maneira de acordo com a finalidade para a qual foi investido da mesma. A propsito, pastor uma funo que precisa ser desmistificada. H um mito sobre pastores que tem prejudicado tanto o rebanho quanto os prprios pastores. Da maneira que esto sendo tratados, tem-se a impresso de que so seres especiais, dotados de capacidades sobrenaturais, invulnerabilidade e sabedoria ilimitada. Raramente um pastor se coloca como uma pessoa comum dotada de um ministrio (servio) a cumprir. Em A arte de pastorear,

23David Hansen, relata este tipo de pastor; humano, frgil, contudo perseverante e ativo. Infelizmente, o pastor tornou-se a figura central dos grupos denominacionais, tornaram -se responsveis por tudo o que ocorre dentro do grupo que pastoreiam ou falando mais adequadamente, gerenciam. Meu pai que, durante um perodo de seu ministrio, participou de vrios encontros e seminrios, contou-me sobre um grupo na regio sul do pas onde os pastores no interferem na parte fsica da igreja. Se os irmos quiserem demolir o templo e construir outro, eles simplesmente saem de dentro do templo e deixam os irmos trabalharem em paz. Eles tm tarefas mais elevadas e urgentes (por exemplo, visitar um irmo) a realizar. Creio que foi por isso que os apstolos disseram:No razovel que ns deixemos a palavra de Deus e sirvamos s mesas At 6:2b.

O que relativo ao fsico e exige empenho, dedicao, tempo e ateno excessiva, no deve competir com Ministrio da Palavra e a Orao, to necessrios sade espiritual do rebanho e do prprio pastor. Muitos pastores colocam-se como pessoas especiais, e dificultam o acesso ao grupo de elite da igreja, quando pastor deveria ser simplesmente algum que cuida e fornece mantimento apropriado. Esse o significado de pastorear e apascentar. Em outros grupos a ascenso ao pastorado mais se parece com uma carreira militar, onde se promovido de uma patente a outra at chegar ao posto mais elevado. No sei se em breve no teremos um Papa Evanglico em algum grupo, afinal de contas temos muitos Bispos e Apstolos que j esto merecendo uma nova promoo e faltam postos com patentes mais elevadas. Alguns grupos religiosos acabam estabelecendo assim uma cadeia de comando muito semelhante dos militares. Talvez porque estejam levando bem a srio esse negcio de Exrcito de Deus. H inclusive certo consenso em relao a um novo jargo - dar a beno-; parece-me que estamos regredindo idade mdia onde a igreja dominava os ignorantes atravs do medo, e hoje, alguns lderes acenam com maldies veladas para os seus liderados que possam vir a ser rebeldes. H lugares em que se chega ao absurdo de no permitir que um membro procure melhorar seus conhecimentos bblicos fora dos limites estabelecidos pelas autoridades constitudas. Os membros precisam consultar a liderana antes de estudar a Palavra em outro local, mas podem ir ao cinema, parques de diverso, praia, teatro, shows gospel e outra infinidade de atividades sem consultar os lderes; no importando o grau de contaminao que esses lugares e eventos possam oferecer. Desde que os lderes destas organizaes possam

24continuar a dar a instruo sem serem questionados quanto ao que ensinam; as vezes com um alto grau de distoro, pouco importa o que cada um faz com seu tempo livre fora da igreja. D at a impresso de que o que mais interessa manter o controle sobre as pessoas. Recentemente tive mais uma experincia desta triste realidade. Um irmo que tem um poderoso ministrio evangelstico e proftico (ele foi ressuscitado depois de haver sido morto com 25 tiros) esteve em certa congregao e tendo percebido a viso desprendida e arrojada do pastor dali, comprometeu-se em voltar para dar seu testemunho em outra oportunidade. Para surpresa nossa, e dele, o pastor da denominao que ele estava freqentando, o proibiu de retornar na outra, porque a denominao onde este esteve teria (segundo comentrios improvveis) plano de expanso que poderia -pasmem- invadir a rea territorial daquela. Ezequiel escreve algo interessante sobre esse tipo de pastor:E veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza e dize aos pastores: Assim diz o Senhor JEOV: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! No apascentaro os pastores as ovelhas? Comeis a gordura, e vos vestis da l, e degola o cevado; mas no is apascentais as ovelhas. A fraca no fortalecestes, e a doente no curastes, e a quebrada no ligastes, e a desgarrada no tornastes a trazer, e a perdida no buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza. Assim, se espalharam, por no haver pastor, e ficaram para pasto de todas as feras do campo, porquanto se espalharam. As minhas ovelhas andam desgarradas por todos os montes e por todo o alto outeiro; sim, as minhas ovelhas andam espalhadas por toda a face da terra, sem haver quem as procure, nem quem as busque. Portanto, pastores, ouvi a palavra do SENHOR: Vivo eu, diz o Senhor JEOV, visto que as minhas ovelhas foram entregues rapina e vieram a servir de pasto a todas as feras do campo, por falta de pastor, e os meus past res no procuram as o minhas ovelhas, pois se apascentam a si mesmos e no apascentam as minhas ovelhas, portanto, pastores, ouvi a palavra do SENHOR: Assim diz o Senhor JEOV: Eis que eu estou contra os pastores e demandarei as minhas ovelhas da sua mo; e eles deixaro de apascentar as ovelhas e no se apascentaro mais a si mesmos; e livrarei as minhas ovelhas da sua boca, e lhes no serviro mais de pasto. EZEQUIEL 34:1-10 (RC) (grifo meu)

Quero deixar claro que apesar de toda a ironia, eu sou defensor ferrenho da autoridade na igreja, mas aquela que realmente o constituda por Deus e entende que est investida de autoridade para servir. queles que querem de pronto sacar o famoso texto de no toqueis nos meus ungidos, quero dizer que todo o povo de Deus ungido. Vejamos o que nos diz a Palavra:

25E vs possus uno que vem do Santo e todos tendes conhecimento. Quanto a vs outros, a uno que dele recebestes permanece em vs, e no tendes necessidade de que algum vos ensine; mas, como a sua uno vos ensina a respeito de todas as coisas, e verdadeira, e no falsa, permanecei nele, como tambm ela vos ensinou. 1 Jo 2:20 e 27.(RA)

O Senhor Jesus falou:Eu, porm, vos digo que todo aquele que se encolerizar contra seu irmo, ser ru de juzo; e quem disser a seu irmo: Raca, ser ru diante do sindrio; e quem lhe disser: - Tolo-, ser ru do fogo do inferno. Mt 5:22. (RA)

Existe juzo at para quem fala mal de seu irmo; e isto est no novo testamento, j na dispensao da graa. Nem preciso lembrar que todo pastor irmo das ovelhas que pastoreia e tambm irmo dos pastores concorrentes dos quais os comentrios, freqentemente recprocos, no so dignos de serem listados aqui. As autoridades no so inquestionveis e sempre haver um profeta como Nat no episdio do adultrio de Davi com Bate-Seba, com sabedoria e ousadia suficiente para dizer: tu s esse homem (culpado), quando algum lder se desviar da vontade do Senhor. Existem alguns que iniciam um grupo, montam uma rdio, uma escola bblica e mantm as pessoas como se fossem refns de suas doutrinas e ensinamentos, e ai daqueles que se atreverem a sair do grupo sem a beno deles, esto debaixo de maldio pela rebeldia. Conheo grupos que no fazem a menor questo de saber donde a pessoa vem quando chega; o que fazia l e por que saiu daquele grupo, se saiu em paz e veio direcionada pelo Senhor... Mas quando falam em sair... A uma santa inquisio: ser que o tempo de Deus, e se sair sem direo e sem a beno dos pastores... Est debaixo de maldio. Outros grupos h que no do a devida assistncia, seja espiritual ou material, ao rebanho, mas cobram a prestao de contas at daquilo que o membro pretende fazer com a quantia acumulada do FGTS quando se aposenta. Alguns lderes, de to inseguros, chegam a afirmar que qualquer direo s ser dada por Deus a eles porque a uno desce primeiro sobre a cabea esquecendo que em alguns momentos usamos o tato (mos e ps) para nos localizar e sabermos a direo a seguir, e isso no tira nenhum pouco a primazia da cabea (os lderes).

26Os escatologistas so quase unnimes em se referir ao fenmeno do arrebatamento como rapto da Igreja; entretanto, parece-me que boa parte da Igreja j sofreu outro tipo de rapto, o sistema que prolifera vertiginosamente nossa volta tem engolfado rebanhos sem conta para dentro de celas ministeriais, onde se consegue corromper alguns bons costumes com muita conversao ruim, teologia de convenincia de ltima hora, e outros artifcios que no merecem registro nestas pginas. Tratam rebanhos inteiros como massa de manobra at para fins eleitoreiros; isso em se tratando de fins (comerciais, financeiros, etc.); mas quando se trata de meios, as regras simplesmente so ignoradas, vale praticamente qualquer coisa. O estado de alguns grupos est a poucos passos da falta de respeito para com a inteligncia das pessoas. As ovelhas no so desprovidas de nexo e capacidade de avaliao, mas, por escolha do Senhor no lhes foi confiado o chamado para o servio, e sim para serem servidas pelos escolhidos por Deus para o servio.Mas Jesus, chamando-os a si, disse-lhes: Sabeis que os que julgam ser prncipes das gentes delas se assenhoreiam, e os seus grandes usam de autoridade sobre elas; mas entre vs no ser assim; antes, qualquer que, entre vs, quiser ser grande ser vosso servial. E qualquer que, dentre vs, quiser ser o primeiro ser servo de todos. Marcos 9:43,44 (RC)

No foi sem propsito que o Senhor usou um irmo recentemente para entregar uma mensagem proftica onde o prprio Jesus clamava Devolvam a minha Igreja. Sim, parece estranho que o Senhor dos senhores precise fazer tal apelo, mas h uma palavra nos evangelhos que se encaixa como uma luva nesta poca e situao atualPorm, se aquele mau servo disser consigo: O meu senhor tarde vir, e comear a espancar os seus conservos, e a comer, e a beber com os bbados, vir o senhor daquele servo num dia em que o no espera e hora em que ele no sabe, e separ-lo-, e destinar a sua parte com os hipcritas; ali haver pranto e ranger de dentes. Mt 24: 48-51 (RC)

A Palavra diz que Jesus mesmo deu pessoas para a Igreja com ministrios (servios) especficos com um objetivo nico: o aperfeioamento dos santos, a edificao da Igreja; vejamos:E ele mesmo deu uns para apstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeioamento dos santos, para a obra do ministrio, para edificao do corpo de Cristo, at que todos cheguemos unidade da f e ao conhecimento do Filho de Deus, a varo perfeito, medida da estatura completa de Cristo,

27Ef 4:11-13 (RC) (grifo

meu),

Ou seja, aqueles que tm um ministrio o tm como mtodo (do grego: caminho para se chegar a um fim) para conseguir aquilo que Cristo quer para a sua noivaa fim de a santificar, tendo-a purificado com a lavagem da gua, pela palavra, para apresent-la a si mesmo igreja gloriosa, sem mcula, nem ruga, nem qualquer coisa semelhante, mas santa e irrepreensvel Ef 5:26-27 (RA) (grifo meu).

algo bem diferente do que estamos acostumados a pensar. Imagine voc tendo que viajar para bem longe e deixando para o seu filho pequeno, pessoas que ensinariam, confortariam, protegeriam e zelariam pelo seu filho, essas pessoas seriam como um presente para o pequeno. desta forma que devemos interpretar os ministrios descritos em Efsios 4. As pessoas que so chamadas ao ministrio, so elas mesmas dons (ddivas) da parte de Jesus para a sua igreja. Desta forma a prioridade d o Senhor quem est sendo servido; neste caso, a congregao. O que temos presenciado so pessoas que fazem do ministrio um alvo a ser conquistado, e depois passam a almejar o prximo degrau e o prximo, e o prximo, fazendo da autoridade um trofu a ser conseguido, exibido e defendido. Desta maneira, a autoridade acaba no sendo um mtodo dado por Deus para abenoar, proteger e responder pelo rebanho que lhe foi confiado e sim uma aspirao mesquinha pelo domnio sobre outros; deixou de ser o meio pelo qual Deus usa alguns para abenoar muitos, e passou a ser o meio do qual alguns se valem para serem abenoados, ou reverenciados por muitos. Paulo escreveu que se esforava o mais possvel para apresentar todo homem perfeito em Cristoo qual ns anunciamos, admoestando a todo homem, e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo; para isso tambm trabalho, lutando segundo a sua eficcia, que opera em mim poderosamente. Colossenses 1:28-29 (RA)

Todo esforo da Igreja deve ser na direo do propsito eterno de Deus que tornar a congregar todas as coisas em Cristo no tempo (kairs) de Deus....,descobrindo-nos o mistrio da sua vontade, segundo o seu beneplcito, que propusera em si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensao da plenitude dos tempos, tanto as que esto nos cus como as que esto na terra; Ef 1:9-10 (RC).

28Contudo o que acontece que as denominaes, na pessoa de suas lideranas, esto querendo usurpar a primazia de Cristo no corpo, dando a entender, cada uma delas, que autodidata e autocrtica no dependendo em nada de qualquer outro grupo, e acabando por tornarem-se independentes da liderana de Cristo. E quando enfrentam problemas internos de indisciplina, esquecem-se de que eles mesmos esto em freqente inobservncia. A lei da semeadura implacvel e inaltervel.No vos enganeis: de Deus no se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso tambm ceifar. Gl. 6:7

importante recordar a todo irmo que exerce autoridade, que o faa em nome do Senhor, isto , no Esprito e da parte de Cristo; no sendo guiado por suas prprias opinies mas pela vontade do Senhor. Atribuir a Deus nossos prprios pareceres, dizendo que direo dEle, uma ofensa grave e pode causar muito dano a ns e a outras pessoas. H lderes que por no ter autoridade autntica, forjam revelaes e direes como recebidas de Deus para assim tornarem-se inquestionveis. Em O lder que Deus usa, R. P. Shedd nos mostra que Cristo exercia sua autoridade sem ser coercitivo, sem oprimir, procurando formar os seus discpulos de maneira que eles pudessem desenvolver bons critrios e juzo prprio, tornando-os capacitados para avaliar e julgar nas situaes e circunstncias especficas afim de adotar a deciso ou conduta mais adequada. Jesus submetia-se ao Pai no que faziaEnto, lhes falou Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que o Filho nada pode fazer de si mesmo, seno somente aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o que este fizer, o Filho tambm semelhantemente o faz. Porque o Pai ama ao Filho, e lhe mostra tudo o que faz, e maiores obras do que estas lhe mostrar, para que vos maravilheis. Joo 5:19 (RA)

O homem s capacitado a julgar quando julga segundo o corao de Deus, seu raciocnio tem que passar pela cruz antes de ser til a Deus. Atos de bom senso podem acabar gerando a apresentao de fogo estranho ao Senhor, quem pode dizer que no era razovel amparar a Arca que caa ou apresentar sacrifcio com fogo de qualquer lugar, contudo Deus abominou estes atos e puniu quem errou para se julgar as coisas de Deus deve se julgar como Deus, infelizmente poucos de ns o fazemos desta forma. Se os lderes de hoje realmente velassem pelas almas como quem vai prestar contas, poderiam reivindicar a posio de guias que contam com a obedincia daqueles a quem estivessem de fato guardando e apontando o caminho a seguir.

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CAPITULO III A Falta de Modelos e a Perda do Paradigma Inicial.

Como triste verificar que nos faltam modelos hoje em dia; estamos to distanciados daquilo que inicialmente Jesus chamou de Igreja que sequer sabemos como modificar nossos estilos de liturgia e maneira de agir. Temos que decidir entre opes que variam muito pouco e acabam no nos permitindo nem ao menos um vislumbre de um novo mtodo, seja ele de abordagem ou mesmo de ao. certo que as refutaes no tardaro com discursos do tipo: - Nosso mtodo a infalvel Palavra de Deus que adotamos como regra de f e prtica. Mas a resposta a tais refutaes, a princpio to austeras vista de um leigo, : - Podemos nos enganar o quanto quisermos, acreditando em nossas prprias encenaes, mas Deus pesa as nossas motivaes. O temor aprendido de homens, maquinalmente, continua a fazer suas vtimas.O Senhor disse: Visto que este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lbios me honra, mas o seu corao est longe de mim, e o seu temor para comigo consiste s em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu, Is 29:13c

Vivemos um momento dramtico em que muitos dos lderes hoje em atuao, se empenham com tanto vigor e dedicao que no tm tempo para avaliar o que aprenderam, nem desconfiando que foram formados erroneamente. Vivem numa constante roda-viva de atividades que s so interrompidas quando acontece uma catstrofe ou tragdia; seno, seguem seu caminhar com a agenda cheia, sem refletir sobre o que esto fazendo, seguindo sempre em frente sem se dar conta que esto, no raro, perdidos num sistema que se distancia cada vez mais da vontade de Deus.

30 momento de descer do carrossel do ativismo crnico, deixando as interminveis tarefas e parar um pouco para pedir, de corao, direo a Deus, pois, por mais estranho que possa parecer, possvel, e realmente tem acontecido com relao vida espiritual e ministerial, o mesmo efeito da Pirmide de Maslow (anexo 1), onde uma conquista logo esquecida e imediatamente voltamos nossos olhos em direo a um objetivo mais elevado buscando sempre executar mais, adquirir mais, sem, contudo verificar com Deus o seu desejo para ns. A propsito, essa coisa de desejo tem sido alvo dos mais absurdos comentrios sobre:Deleita-te tambm no SENHOR, e Ele te conceder o que deseja o teu corao. Sl 37:4.(grifo meu).

Temos desejado cada coisa... E ainda queremos coagir Deus a nos conceder a realizao de tais desejos. Alguns chegam ao absurdo de se valer de fragmentos das Escrituras como este:Porque, como imaginou na sua alma, assim ; ele te dir: Come e bebe: mas o seu corao no estar contigo. Pv 23:7 (DO)

Dizem que devemos imaginar grandes coisas, desejar grandes coisas para que Deus nos conceda grandes coisas. verdade que Jesus operou dentro do sistema vigente de sua poca falando grego coin, aramaico e freqentando a sinagoga (uma inveno judaica no perodo do exlio), contudo o Mestre jamais se curvou ao modelo farisaico de sua poca, mas estando junto, inseriu ensinamentos que confrontaram as estruturas do sistema o suficiente para que Ele estabelecesse a verdade da Palavra viva e eficaz de tal maneira que atraiu inmeras pessoas que tinham fome e sede de Justia, no um novo Show na sinagoga. No creio que Jesus esteja satisfeito com os modelos que vicejam em nosso meio hoje em dia. Nos dias hodiernos muitos perderam o objetivo, e, desta forma, obra de Deus e emprego tornaram-se sinnimos. Muitos desempregados por contexto social, vem a obra como fonte alternativa de sustento e realizao material, ou seja, a obra torna-se um emprego atravs do qual se consegue adquirir o que se deseja: casa, carro, TV, CD player, DVD etc. Assim sendo, trabalha-se com o mesmo compromisso que se teria em uma indstria, comrcio ou prestao de servio. Infelizmente a Obra de Deus tornou-se um setor de mercado onde muitos tm se encaixado muito bem. So contratados por aqueles que querem pagar para que algum assim lhes sirva de mestre, desde que fale o que querem ouvir.Porque vir tempo em que no sofrero a s doutrina; mas, tendo comicho nos ouvidos, amontoaro para si doutores conforme as suas pr prias concupiscncias; e desviaro os ouvidos da verdade, voltando s fbulas. 2 Timteo. 4:3-4 (DO)

31Assumimos esse modelo que a est porque j era assim quando chegamos e cremos que continuar assim quando nos formos, mas cresce a insatisfao interi r daqueles que o buscam a vontade de Deus e o sistema j no agrada mais, falta algo... A verdade que a Igreja no comeou assim, em Atos dos Apstolos podemos ter uma idia de como a igreja operava, existem hoje alguns grupos tentando retornar ao princpio da igreja primitiva, introduzindo clulas nas casas, mas tambm no se tem certeza de que esse o modelo correto, no templo, o modelo herdado da Igreja Romana permanece e prevalece com sua hierarquia militarizada onde manda quem pode e obedece quem te m juzo", mesmo a reforma de Lutero no conseguiu remover a idia do clero e assim, o que temos hoje fruto de adaptaes sucessivas para atender a demanda humana sem levar em conta o que Deus pensa a respeito. Ficamos satisfeitos porque Ele continua operando em nosso meio e isso parece ser um sinal de aprovao. Esquecemos que muitos que no estaro conosco na Nova Jerusalm, tambm operaram sinais e prodgios.Muitos, naquele dia, ho de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, no temos ns profetizado em teu nome, e em teu nome no expelimos demnios, e em teu nome no fizemos muitos milagres? Ento, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqidade. Mt 7:22,23

O que eu quero dizer com isso que operao divina no meio do povo nem sempre sinal inequvoco de que a vontade de Deus est sendo realizada naquele lugar. Deus sempre opera por misericrdia, mas se fizermos uma estatstica veremos o quanto esses sinais tm diminudo em nossas reunies. Trazemos as pessoas para o templo para serem curadas quando a ordem : Ide; eis que vos envio como cordeiros ao meio de lobos... curai os enfermos que nela houver, e dizei-lhes: chegado a vs o reino de Deus, Queremos vincular as curas e operaes divinas ao NOSSO MINISTRIO situado rua tal n. tal. Trazemos homens dotados de poderes miraculosos em nossas cruzadas evangelsticas para que o templo se encha, quando Deus pode estar querendo usar o irmo Zningum numa Tera-feira tarde (ou a qualquer hora) na esquina (ou meio da quadra) de uma rua qualquer do bairro mais afastado para curar uma nica pessoa talvez tal como o Senhor fez com Filipe. O sistema diz que melhor um mega evento de curas ministradas por um estrangeiro. A sndrome de Naam que pensava:

32Eis que eu dizia comigo: Certamente ele sair, pr-se- em p, e invocar o nome do SENHOR, seu Deus, e passar a sua mo sobre o lugar, e restaurar o leproso. 2 Re 5:11b

um problema srio em nossas reunies. Assim como aquele oficial srio, muitos esto acostumados com performances espetaculares como sinal de que Deus est operando. Recentemente estive na inaugurao de um novo local de reunies de uma denominao conhecida mundialmente. No decorrer do evento, foi aberta oportunidade para que pessoas dessem testemunho do que Deus est fazendo em suas vidas. Um irmo bem simples veio frente e contou com a maior naturalidade que o Senhor havia feito duas coisas interessantes: a primeira que o depsito da sua aposentadoria foi antecipado e assim ele pde dizimar antes do previsto. A Segunda foi que ele no conseguia pagar nem a prestao de um carro velho, mas com a beno de Deus, agora ele estava dando entrada na compra de um caminho. At a tudo bem, o que me chamou a ateno foi a indignao do seu pastor porque o irmo contou uma grande beno sem nenhuma alterao no tom da voz e nenhuma dose de emoo. Disse o pastor: - Ele conta uma maravilha dessas, desse jeito?. Dando a entender que era preciso criar um clima, fazer suspense, emocionar-se, valorizar ao mximo o relato. E o que muitos tm feito hoje, valorizado demais a falao, a retrica, a homiltica, as performances mirabolantes. Usamos tcnicas de palco no plpito e por pouco no o transformamos em um picadeiro. Creio que se Jesus visitasse (fisicamente) alguns templos hoje, Ele viraria algumas mesas e vrios plpitos. Ser que conseguiramos viver a vida crist num ambiente diferente do que temos hoje? Seguem abaixo algumas perguntas para meditao:y y y y y y

J imaginou um culto sem msica? Voc conseguiria se emocionar em silncio e de olhos fechados? J pensou numa igreja sem templo? J viu um pastor que no prega? J participou de um culto sem ofertas ou discurso sobre dinheiro? Porque os conjuntos musicais precisam ocupar lugar de destaque no salo?

Ser que possvel permanecer cristo em uma comunidade com essas caractersticas? Precisamos urgentemente distinguir o que realmente essencial na vida crist do que acessrio, para no dizer escria, ganga, verdadeiras pelancas que admiimos no culto t para agradar a ns mesmos. Temos nos reunido muitas vezes s por motivo de auto-satisfao

33e talvez aliviar a conscincia pesada, dando a ela uma dose de religiosidade como um falso indicador de mudana de direo. Somos como aqueles motoristas que no desligam a seta de seu carro enquanto rodam nossa frente, deixando a falsa impresso de que iro mudar de faixa a qualquer instante. Assim tem sido nossa religiosidade, d mostras de que parece que vai nos levar faixa exclusiva da vontade divina, mas decepcionantemente fica s no pisca-pisca.

3. 1 A falta de impacto diante do mundoO que tem incomodado muita gente sria a diferena cada vez menor entre algumas denominaes e o mundo. A crise passa pelo vocabulrio e termina no vesturio, nesse meio est o comportamento, o modo de agir e reagir do chamado povo de Deus. Nas minhas parcas observaes, tenho notado que o que tem existido por a uma mudana de referncia. Os crentes tm deixado de pautar a sua vida pela palavra e pela pessoa de Cristo, nosso padro (hupogrammos: pauta onde se escreve, veja-se o grego de 1 Pe 2:21) e substitudo por uma distncia confortvel dos padres do mundo, ou seja, apenas um pouco melhor que o mundo. Com isso nossas vidas no geram impacto em mais ningum, pois num mundo de agitao e correria, tudo que parecido tratado como igual. E diga-se de chofre que, em alguns casos, igual o que muitos tem sido em relao ao mundo. Agindo assim, corrompemos a Glria de Deus, assemelhando-a a coisa corruptvel e cometemos como Israel no deserto o pecado de idolatria. Gostaria de lev-lo a uma reflexo comigo a respeito do que poderia estar ocorrendo no interior dos crentes. Afirmamos que a vida espiritual mais real e duradoura que a vida material; at seria um contra-senso afirmar o contrrio, visto haver extensa tese bblica para tal afirmao. Contudo nossas atitudes e empenho mostram para todos o que realmente valorizamos: investimos tempo e dinheiro em nossas carreiras profissionais, no estudo dos nossos filhos para que eles obtenham sucesso e independncia financeira. Aplicamos nossa inteligncia para obter patrimnios durveis como imveis, aposentadorias e tantos outros bens no to durveis, mas que nos do extrema sensao de realizao, conforto e prazer e segurana. E enquanto corremos atrs destas coisas, agimos tal qual o mundo, muito embora com um pouco mais de tica (nem sempre), porm, com o mesmo objetivo.

34Dizemos acreditar que existe vida eterna aps a morte, mas nossas aes parecem valorizar mais os mseros 80 anos que, se formos muito robustos, diz Davi, passaremos aqui nesta terra. Vamos abstrair e fazer propor um enunciado matemtico com base bblica: se para cada dia vivido na terra Deus nos desse o equivalente a mil anos com Ele no porvir, teramos quanto tempo com Ele?y y y

2 Pedro 3:8 afirma que 1 dia para Deus como 1000 anos e vice-versa. Uma vida de 80 anos teria 29.200 dias (80 X 365 dias) Multiplicando 29.200 dias X 1000 anos teramos 29 milhes e 200mil anos

Seria apenas um valor mensurvel para que ns, to afeitos quilo que palpvel e compreensvel pudssemos utilizar para comparao entre a vida aqui e o que Deus pode oferecer; isso apenas em termos de durao, no entraremos no mrito da qualidade da vida que nos espera por concordar com o texto de Paulo nem jamais penetrou no corao do homem o que Deus tem preparado I Co 2:9 Matematicamente seria uma falta de inteligncia, em termos de investimento, escolher as coisas desta terra, que duram to pouco, em face da durao daquilo que Deus tem proposto para aqueles que O amam. No obstante necessrio adicionar o ingrediente f a esta receita; pois se eu no creio que o que Ele prometeu verdade, no adianta se fazer qualquer conta. Deveramos viver uma vida desprendida das coisas desta terra, e acima de tudo desprendida do sistema deste sculo que jaz no maligno. Mas no o que podemos notar com a freqncia que deveria existir. Na prtica, a mudanas propostas por alguns grupos to mal direcionada, que no se pode dar a elas o status de alternativa Assim sendo, o impacto que o mundo precisa sofrer no acontece e ficamos a elaborar planos fantsticos de alcanar as almas quando a nossa j est quase perdida nesta desenfreada busca de tudo o que pudermos adquirir e usufruir. Inclusive os teologistas da prosperidade afirmam que se quisermos comeremos o melhor desta terra Is 1:19 (grifo meu); o ouvir e o viver segundo a vontade dEle ficam em segundo plano, o que realmente importa querer (ter e usufruir) o melhor desta terra. Isso afeta nossa vida espiritual em cheio, pois a busca de coisas e situaes mais confortveis suplanta o desejo de santificao e comunho com Deus. Deus nosso Pai, e sendo assim, se estar bem social ou financeiramente estiver no plano do Senhor para nossas vidas, Ele mesmo nos colocar em posio para recebermos estas

35bnos, a questo que ns queremos decidir o que ou no melhor para ns e no confiamos nas escolhas do Senhor para as nossas vidasPortanto, no vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? Porque os gentios que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justia, e todas estas coisas vos sero acrescentadas. Mateus 6:31 a 33.

Nosso comportamento geralmente assim: - escuta senhor que o teu SERVO est falando. O povo de Deus no quer mais saber das prioridades de Deus, isso nos est levando morte. Ficamos sem mensagem de arrependimento e mudana de vida, pois ns mesmos no mudamos quase nada em relao ao mundo. Sem vida transformada no h poder de Deus na pregao, e sem mensagem, os sinais no podem seguir quem no vai a parte alguma (falo de resultado), mas fica rodando em crculos como um cachorro que corre atrs do rabo. Mais uma vez o impacto no acontece como resultado de uma crise de identidade, pois j no sabemos quem somos ou para onde vamos; pelo menos o que demonstramos com nossas insensatas atitudes. Outra questo que exerce uma influncia direta na formao da igreja o esvaziamento dos contedos. Vivemos numa poca em que uma repetio tediosa e irritante de jarges so a marca de certos plpitos. Frases de efeito so copiadas e reproduzidas nos sermes. Muitas delas vazias de contedo, criam xtases sem nenhum resultado. Servem para esconder o despreparo teolgico e a falta de aplicao ministerial. Os auditrios so manipulados, aumenta-se a temperatura emocional dos cultos, mas no se cria uma sedimentao de princpios bblicos. Geram-se ferramentas de uma falsa alegria, mas no se fornecem ferramentas para criar convices espirituais. Qual ser o futuro de uma gerao que se contenta com um matraquear contnuo de frases vazias que s prometem prosperidade, vitria sobre demnios e triunfo na vida? O que eu tenho percebido um xodo constante de pessoas que vem e vo de um para outro grupo religioso, alternando com longas estadias na completa ausncia da presena de Deus. Vm procura de solues, escutam um monte de promessas baseadas em distores da Palavra e depois de se cansarem de esperar, partem em busca da terra prometida, quer seja em outro grupo religioso, quer seja no mundo, pois como j falamos, o discurso no muito diferente. H uma legio de desviados que se tornou praticamente imune

36 pregao do evangelho devido instilao de doses mnimas de um veneno letal chamado sofisma que acaba por desvi-los do caminho por efeito da decepo. Eles buscam O Deus que Abenoa pregado nos plpitos de muitas denominaes, e no a beno que cultuar a Deus em nossas vidas proposta na palavra. Muitos pastores devem se preocupar com aqueles que tm feito tropear por causa de sua falta de cuidado na ministrao da palavra.Qualquer, porm, que fizer tropear a um destes pequeninos que crem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoo uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar. Ai do mundo, por causa dos escndalos; porque inevitvel que venham escndalos, mas ai do homem pelo qual vem o escndalo! (grifo meu) Mt 18:6,7

O sangue destes ser cobrado daqueles que para si chamam a autoridade pastoral iludidos pelo glamour dos plpitos de grandes congregaes e mega-shows espirituais.

37

CAPITULO IV A Questo Financeira.Hoje em dia as denominaes so conhecidas no mundo, e at no meio cristo como lugar onde se pede dinheiro. Chega a ser constrangedor o tempo do culto que gasto com o objetivo de angariar fundos para a obra. um momento no qual alguns tm se especializado pois os resultados so visveis e palpveis e extremamente aguardados por muitos. Quando olho a questo da contribuio, vejo duas passagens que mostram o padro bblico para contribuio para causas especficas, uma no velho testamento e outra no novo: Quando da construo do tabernculo:Fala aos filhos de Israel que me tragam uma oferta alada; de todo homem cujo corao se mover voluntariamente, dele tomareis a minha oferta alada. xodo 25:2 (RC)(grifo meu)

No socorro igreja em Jerusalm:Cada um contribua segundo tiver proposto no corao, no com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem d com alegria.. 2 Corntios 9:7 (RA) Grifos meus.

Nos dois textos a atitude requerida voluntariamente, contudo o que mais se v por a hoje em dia constrangimento descarado, desmedido e sem escrpulos. Outra atitude que chega a ser repugnante o atrelamento a promessas de prosperidade, justamente durante a sesso de coletas, induzindo as pessoas a uma teologia mercantilista, base de troca com Deus. Quando Jesus disse que a viva dera mais do que todos os outros, Ele no deu sequer a entender que ela iria receber um monto em troca, apenas que, proporcionalmente, deu mais do que todos os outros.

38E, chamando os seus discpulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta viva pobre depositou no gazofilcio mais do que o fizeram todos os ofertantes. Porque todos eles ofertaram do que lhes sobrava; ela, porm, da sua pobreza deu tudo quanto possua, todo o seu sustento. Marcos 12:43,44.

E possivelmente, devido s circunstncias, ela nem tenha deixado se ser pobre. Ela no enriqueceu nem ficou mais pobre porque deu, apenas recebeu reconhecimento de seu ato e o galardo ser na vida futura. J no se sabe se a igreja existe para angariar dinheiro ou se o dinheiro apenas um mero servo para realizao da obra. Canta-se para louvar a Deus ou para entreter o povo e quem sabe faturar com a venda de CDs? Publicam-se livros para divulgar idias ou para realizao de um negcio lucrativo. Tem pastor que grava seus sermes e depois transcreve e sai vendendo os livretes, a pregao de graa, mas o livro custa caro. Os programas de televiso visam popularizar determinado ministrio ou proclamar a mensagem divina? A corrida desenfreada por fama e prestgio, a paixo por ttulos, a obsesso por dinheiro, revelam que muitas igrejas j no sabem se existem apenas para faturar. A confuso entre meios e fins acaba asfixiando determinados grupos. Freqentemente utiliza-se o texto abaixo para dizer que quem no d o d$imo est debaixo de maldio.Roubar o homem a Deus? Todavia, vs me roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dzimos e nas ofertas. Com maldio sois amaldioados, porque a mim me roubais, vs, a nao toda. Ml 3: 8,9 (RC)

Ora, se querem utilizar um texto do Velho testamento e fazer afirmaes equivalentes Lei, devem estudar e entender a qu se destina o mantimento da CASA DE DEUS. Em Deuteronmio existe uma espcie de regulamentao da utilizao do dzimo, vejamos:

Certamente dars os dzimos de toda a novidade da tua semente, que cada ano se recolher do campo. E, perante o SENHOR, teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comers os dzimos do teu cereal, do teu mosto, do teu azeite e os primognitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer ao SENHOR, teu Deus, todos os dias. E, quando o caminho te for to comprido, que os no possas levar, por estar longe de ti o lugar que escolher o SENHOR, teu Deus, para ali pr o seu nome, quando o

39SENHOR, teu Deus, te tiver abenoado, ento, vende-os, e ata o dinheiro na tua mo, e vai ao lugar que escolher o SENHOR, teu Deus. E aquele dinheiro dars por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, e por ovelhas, e por vinho, e por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; come-o ali perante o SENHOR, teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa; porm no desamparars o levita que est dentro das tuas portas; pois no tem parte nem herana contigo. Ao fim de trs anos, tirars todos os dzimos da tua novidade no mesmo ano e os recolhers nas tuas portas. Ento, vir o levita (pois nem parte nem herana tem contigo), e o estrangeiro, e o -se-o, para rfo, e a viva, que esto dentro das tuas portas, e comero, e fartar que o SENHOR, teu Deus, te abenoe em toda a obra das tuas mos, que fizeres. Dt 14: 22 a 29 (RC)

Chamo a ateno para a extravagante permisso de se utilizar parte dele para se comprar o que alegra a alma de quem dizima, inclusive o abominado vinho e outras bebidas fortes, que deveriam ser usados perante o Senhor; seria interessante saber como algum alegrado pelo vinho ou bebida forte se comportaria diante do Senhor. Seria difcil manter as aparncias como o fazem to bem os que esto sbrios! Depois h a recomendao de no desamparar aqueles que vivem para o altar (no somente do altar, mas para o altar), seguida pela instruo de atender com esse dispositivo (o dzimo), o rfo, a viva e o estrangeiro. Ser que nossos rfos e vivas tm sido atendidos com o proveniente dos dzimos, e o que dizer do estrangeiro?. Quem seria o estrangeiro para a igreja hoje? Um preletor famoso que vem do exterior? Crentes refugiados da perseguio poltico-religiosa vindos de outros pases? Ou seria aquele que no do meu povo e nesse caso seriam os incrdulos que ainda no fazem parte do corpo de Cristo? Com certeza alguns que lem isto pensam que a administrao que fizer isso certamente vai quebrar o caixa e devemos nos assentar e calcular se com X conseguiremos concluir o que comeamos; mas o que pesa no fundo de tudo isso que muitos e muitos tm confiado mais na tesouraria da instituio que na Palavra de Deus que diz:dai, e dar-se-vos-; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos daro; porque com a medida com que tiverdes medido vos mediro tambm. Lc 6: 38.

Usa-se este texto com relao ao povo na hora de contribuir, mas pouqussimos administradores das verbas sagradas confiam verdadeiramente neste poder multiplicador que existe no dar, e dar com alegria como eles mesmos requerem do povo. Usamos o texto de Paulo aos glatas como desculpa para no abenoar o mundo que agoniza nossa volta.

40Por isso, enquanto tivermos oportunidade, faamos o bem a todos, mas principalmente aos da famlia da f. Gl 6:10 (RA)

Assim, temos

nos tornado insensveis s

necessidades

dos de fora

e

consequentemente, o corao endurecido, logo se fecha tambm para os de dentro porque se ele no est sendo abenoado, deve estar em pecado. O fluxo de caixa passa a ser o determinante das aes no sentido de amenizar o sofrimento alheio e fica reprovado na -se matria onde Jesus enuncia:Ide, porm, e aprendei o que significa: Misericrdia quero e no sacrifcio. Porque eu no vim para chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento. Mt 9: 13.

Temos fechado os olhos e o corao para necessidade material de muitos que esto em volta de ns. J no di o corao de muitos saber que crianas esto passando fome em idade pr-escolar, o que determinante para o restante de suas vidas. Passamos ao largo como o sacerdote e o levita da parbola do Bom Samaritano, e no nos incomoda mais o sofrimento alheio. A palavra compaixo tornou-se incua e j no nos afeta mais a ponto de pararmos o que estamos realizando para atender algum necessitado. Em Cristos ricos em tempos de fome, Ronald J. Sider relata uma triste situao no mundo em relao aos cristos que seguem indiferentes ao que acontece sua volta visto que a quantia de dinheiro que est nas mos dos que se dizem cristo poderia facilmente acabar com a misria no mundo. Faz tambm um alerta que um dos motivos da execuo de juzo contra o reino do norte, Israel, foi o descaso com a justia social. Efraim, a tribo central neste reino, recebe as crticas palavras do profeta Ams.Assim diz o SENHOR: Por trs transgresses de Israel e por quatro, no sustarei o castigo, porque os juzes vendem o justo por dinheiro e condenam o necessitado por causa de um par de sandlias. Suspiram pelo p da terra sobre a cabea dos pobres e pervertem o caminho dos mansos; um homem e seu pai coabitam com a mesma jovem e, assim, profanam o meu santo nome. Ams 2:6 e 7 Ouvi esta palavra, vacas de Bas, que estais no monte de Samaria, oprimis os pobres, esmagais os necessitados e dizeis a vosso marido: D c, e bebamos. Ams 4:1 Aborreceis na porta ao que vos repreende e abominais o que fala sinceramente. Portanto, visto que pisais o pobre e dele exigis tributo de trigo, no habitareis nas casas de pedras lavradas que tendes edificado; nem beb ereis do vinho das vides desejveis que tendes plantado.

41Porque sei serem muitas as vossas transgresses e graves os vossos pecados; afligis o justo, tomais suborno e rejeitais os necessitados na porta. Portanto, o que for prudente guardar, ento, silncio, porque tempo mau. Buscai o bem e no o mal, para que vivais; e, assim, o SENHOR, o Deus dos Exrcitos, estar convosco, como dizeis. Aborrecei o mal, e amai o bem, e estabelecei na porta o juzo; talvez o SENHOR, o Deus dos Exrcitos, se compadea do restante de Jos. Ams 5:10-15 Vs que imaginais estar longe o dia mau e fazeis chegar o trono da violncia; que dormis em camas de marfim, e vos espreguiais sobre o vosso leito, e comeis os cordeiros do rebanho e os bezerros do cevadouro; Portanto, agora, ireis em cativeiro entre os primeiros que forem levados cativos, e cessaro as pndegas dos espreguiadores. Ams 6:3, 4,7.

necessrio se reavivar o evangelho social, no como meio de propaganda, mas como resultado de uma compaixo ativa que vem do corao de Jesus. O Evangelho Social apareceu no final do sc. XIX e dava bastante nfase aos aspectos sociais do cristianismo. O Evangelho Social se caracterizou por uma dupla nfase, que so: 1. Uma funo mais ampla da Igreja; Deus quem santifica, mas quem vai atuar ativamente para conservar ? No deveria a igreja intervir para aliviar o sofrimento de quantos pudessem?E o prprio Deus de paz vos santifique completamente; e o vosso esprito, e alma e corpo sejam plenamente conservados irrepreensveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. 1 Ts 5: 23

2. Uma crtica crescente dos sistemas e ideologias da ordem vigente; como os textos aos Romanos e Efsios exortam:E no vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovao da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradvel, e perfeita vontade de Deus Romanos 12: 2 (RA) E no sejais cmplices nas obras infrutferas das trevas; antes, porm, reprovai-as. Efsios 5:11 (RA)

Ser que a crena de que o mundo vai mesmo piorar, deve tornar a igreja insensvel ao sofrimento alheio? Este evangelho foi sem dvida alguma uma aplicao da tica crist em resposta as exigncias de uma necessidade do mundo agonizante sua volta. Hoje, creio eu, a situao

42continua desesperadora em termos sociais; porm os grupos que se intitulam cristos (pequenos Cristo) tm atitudes muito opacas diante das necessidades sociais. Preferimos no interferir na liberdade de cada um fazer o que quiser com aquilo que seu. Em F & Finanas no reino de Deus, Loren Cunningham, fundador da Jocum (Jovens com uma misso), relata que em certa ocasio, ele que vive pela f, recebeu certa quantia para si mesmo como oferta. Porm como era costume em suas reunies, freqentemente o Senhor os movia a dar tudo o que possuam; ento ele passando por uma loja comprou um agasalho para prtica de corrida. Na reunio o Senhor o repreendeu dizendo:- No posso dar uma quantia maior para voc, voc no resistiu tentao de se auto-satisfazer com aquele valor to baixo, mostrou-se um mordomo infiel. Alguns grupos fazem da assistncia social uma arm adilha para capturar as pessoas para o seu meio. Fazem a coisa certa pelo motivo errado, s investem se vislumbrarem a possibilidade de aquela pessoa tornar-se um membro do rol. um investimento com retorno certo, s se gasta com quem pode gerar retorno, isso tremendamente mundano! Precisamos resgatar a atitude de fazer o bem a todos, abenoando as pessoas ao nosso redor enquanto passamos. Jesus instruiu os que ele enviou dizendo que quando entrassem numa cidade, curassem os enfermos que l existissem (Lucas 10:8-9), no apenas os que aceitassem, mas os que houvessem.Quando entrardes numa cidade e ali vos receberem, comei do que vos for oferecido. Curai os enfermos que nela houver e anunciai-lhes: A vs outros est prximo o reino de Deus. Lc 10: 8, 9 (RA)

Outra questo nos grupos a escolha do tesoureiro e do cont dor, preferimos os a critrios tcnicos e profissionais aos bblicos. Na maioria das vezes o tesoureiro s v os nmeros e no se utiliza da f. Na instituio dos diconos, relatada no livro de Atos dos Apstolos, tratado como importante negcioo atender as necessidades de distribuio de alimentos, justia social.

4.

1 A Verdadeira DiaconiaDiaconia, deriva do grego HMEOSRS^ (diaconos), que significa servo, porm na igreja,

mais que servo o dicono irmo; somos todos servos do mesmo Senhor e a Diaconia um dom (ddiva) dEle para a sua Igreja. Entendemos que sendo assim, deveria possuir um grau de intimidade suficiente para se aproximar de seu irmo e na comunho (koinonia) verificar o que necessrio para que o irmo esteja suprido. Pode-se afirmar que sem comunho no h

43diaconia. O que pode ocorrer um assistencialismo frio desprovido dos entranhados afetos de misericrdia que inicia o captulo dois da carta de Paulo aos Filipenses e culmina com o no buscar somente o prprio interesse, mas tambm o de outros no verso quatro.Se h, pois, alguma exortao em Cristo, alguma consolao de amor, alguma comunho do Esprito, se h entranhados afetos e misericrdias, completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. Nada faais por partidarismo ou vanglria, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. No tenha cada um em vista o que propriamente seu, seno tambm cada qual o que dos outros. Fl 2:1-4 (RA)

A diaconia no pode se restringir aos oficiais da igreja que so chamados diconos, ela deve ser o resultado de uma comunidade que aprendeu com Deus a amar verdadeiramente e desenvolveu a mesma caracterstica de seu Jeov-Jireh, que o Deus que v e prov aquilo que necessrio aos seus. Na igreja todos devem ser diconos em termos de servir em amor Gl 5:13, estando disposio uns dos outros sem cerimnias ou formalismo.Porque vs, irmos, fostes chamados liberdade; porm no useis da liberdade para dar ocasio carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor. Gl 5:13

Quando se tem relacionamento verdadeiro e transparente com algum, no so necessrios tratamentos formais de etiqueta. Na realidade os tratamentos formais demonstram falta de intimidade, o que no deveria acontecer entre irmos. Imagine se eu tratasse o meu irmo carnal de querido e amado irmo Jos (esse o nome de meu irmo) e perguntasse : Voc poderia, encarecidamente, emprestar-me o seu cortador de unhas? Soaria muito estranho, no? Mas porque na igreja isso ocorre? Por falta de comunho e verdadeiro relacionamento. Da mesma forma se sou criado longe de meu irmo, durante toda a infncia; ao encontr-lo anos mais tarde, meu sentimento por ele vai ser o mesmo que o por qualquer estranho que se acaba de conhecer. o convvio que traz a afinidade, no o parentesco. A prpria palavra diz queh amigo mais chegado que um irmo. Pv 18:24b.(RA)

Esse tipo de amigo que Jesus citou no texto abaixo:

44Disse-lhes ainda Jesus: Qual dentre vs, tendo um amigo, e este for procur -lo meia-noite e lhe disser: Amigo, empresta-me trs pes, pois um meu amigo, chegando de viagem, procurou-me, e eu nada tenho que lhe oferecer. E o outro lhe responda l de dentro, dizendo: No me importunes; a porta j est fechada, e os meus filhos comigo tambm j esto deitados. No posso levantar -me para tos dar; digo-vos que, se no se levantar para dar -lhos por ser seu amigo, todavia, o far por causa da importunao e lhe dar tudo o de que tiver necessidade. Lc 11:5 a 8. (RA)

O relacionamento derruba os protocolos e as etiquetas e leva a comunho para a luz, onde nos damos a conhecer sem reservas e aprendemos a aceitar o outro tambm, mesmo com todos os defeitos que, se somos verdadeiramente amigos, deveremos nos ajudar mutuamente a sanar.A) Distores Lucrativas da Palavra

Temos ouvido vez aps vez a declarao de Jesus em Joo 8:32 conhecereis a verdade e a verdade vos libertar; porm a dura e triste realidade em nosso meio que a grande massa de discpulos continua presa pelo desconhecimento da Palavra da Verdade. A proliferao explosiva de grupos pequenos e autnomos tem causado um efeito desastroso no meio do povo e uma reao catastrfica por parte de outros grupos que, tendo crescido sem base na Palavra, usam qualquer ttica para no perder terreno (platia) para grupos menores. Como j mencionamos anteriormente, a noo de sucesso da maioria dos grupos casa cheia; uns por interesses monetrios, outros por desejo de fama, e muitos porque foram ensinados de que o objetivo a ser buscado. No passa pela mente de nenhum deles deixar as multides para se dedicar apenas a um indivduo como Felipe o fez em Samaria, onde uma multido se convertia.Um anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Dispe-te e vai para o lado do Sul, no caminho que desce de Jerusalm a Gaza; este se acha deserto. Ele se levantou e foi. At 8:26 (RA)

Seria improdutivo deixar o avivamento que estava acontecendo em Samaria para ir a um caminho que conduzia a uma regio histrica de conflito (Gaza) e ainda mais estando deserto. A falta de conhecimento na Palavra leva a um outro problema que a falta de escrpulos na interpretao das Escrituras, que so distorcidas ao sabor de objetivos diversos. Lamentavelmente h uma corrente de pensamento anti-teolgico que tem disseminado uma averso ao estudo profundo e srio das Escrituras. Isso tem produzido uma

45gerao de obreiros que no maneja bem a Palavra da Verdade e insiste em basear a sua f e pregaes em revelaes que no possuem respaldo bblico. H alguns que chegam a criticar quem estuda antes de pregar e outros que abominam um esboo de sermo, chamando de po bolorento. Entre os tais esto os que afirmam barbaridades nos plpitos e nem percebem o mal que esto causando aos rebanhos e a si prprios, pois se um cego guiar outro cego, ambos cairo no barranco, mais dia menos dia, isso inevitvel. impressionante como as pessoas tm interpretado as passagens bblicas a partir de pensamentos prprios j estabelecidos (pr-conceito na acepo mais literal da palavra) sem nem sequer procurar analisar a anttese de sua tese Para esses tais exegese e hermenutica . (cincias bblicas para a correta interpretao dos textos sagrados) so quase ofensas a um homem espiritual. Desta forma utilizam-se, sem o menor escrpulo, apenas uma linha de um versculo, para fazer afirmaes convenientes aos interesses que quiserem atender. Creio que vivemos a poca, profetizada pelo apstolo Paulo, em que as pessoas no suportam a s doutrina e tem coceira nos ouvidos incircuncisos; e desviando-se da verdade, amontoam para si mestres contadores de fbulas.Pois haver tempo em que no suportaro a s doutrina; pelo contrrio, cercar-se-o de mestres segundo as suas prprias cobias, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusaro a dar ouvidos verdade, entregando s fbulas. -se 2 Tm 4:3,4 (RA)

Muitos destes mestres conhecem a verdade mas desviaram-se, deram a volta, passaram de lado pela verdade, para atender o desejo de seus coraes orgulhosos e por que no dizer cobiosos: por fama , poder, dinheiro, prestgio ou outra fonte de deturpao do carter que freqentemente faz sucumbir queles cujo propsito no firme em seguir o Senhor. Outros fazem parte do grupo j mencionado de obreiros super-atarefados e que no tm tempo para avaliar at porque no conhecem outra realidade- se o que esto fazendo e ensinando est de acordo com o Original. E no estou falando de Original grego ou hebraico, no, estou afirmando que muitos bons obreiros foram mal formados e mal ensinados e andam por a pregando sofismas que acreditam de fato ser verdadeiros porque do o resultado esperado: casa cheia, platia lotada, tesouraria abastada etc., etc. Desta forma saem do plano Original de Deus para a vida de qualquer homem: estar com Ele. Certo dia ouvi um irmo dar um testemunho que era uma verdadeira apologia ao dzimo, e pude perceber que para ele, o dzimo era quase uma pessoa. Ele finalizou dizendo

46que tudo isso foi o meu dzimo que me deu. Culpa dele? No tenho certeza; ele novo convertido e tem pouco tempo para estudar a Palavra, mas tem percepo suficiente para notar a nfase dada, pelos seus mestres, pessoa do dzimo. Em alguns grupos, as pessoas tm sido enganadas quase que unanimemente em determinados assuntos como: prosperidade e finanas, amor e comunho, autoridade e submisso e tantos outros temas em que a manuteno do controle sobre os ouvintes seja interessante ou conveniente. Outra distoro proposital e descarada a que se faz na hora de pedir dinheiro, colocando a contribuio atrelada beno. D-se a entender que Deus s abenoa quem d dinheiro para a obra dEle . Dizem que : Deus vai te dar 100 vezes tanto, quando a palavra nunca deu respaldo para este absurdo. No fundo no passa de uma induo grosseira para apelar cobia daqueles que contribuem, ou melhor, investem na Obra. Gostaria que um dia desses, um banqueiro entrasse na igreja e aplicasse uma vultosa quantia e exigisse o recibo de depsito bancrio e a clusula do contrato que estipula a remunerao anunciada de 100 vezes. Onde que esses mentirosos iriam achar uma passagem para justificar o seu embuste. Nas passagens de Marcos 10 e Mateus 19 a promessa de 100 vezes tanto (com perseguies) para que tiver deixado tudo, tanto pessoas (famlia) como coisas. Porque no se fala das perseguies na hora da coleta das ofertas? Ser que algum desses embrulhes conseguiria distorcer isso e ainda levantar um trco? Gritariam esses: D uma oferta de R$ 100,00 e receba 100 vezes mais com perseguies!? Pode ser que por R$ 10.000,00 algum se arrisque a passar por perseguies. O difcil vai ser receber este dinheiro de Deus. Quando o tal for cobr-Lo, vai ouvir a sonora frase: Errais no conhecendo as Escrituras... Eu jamais prometi isso! Agora que as igrejas ganharam caractersticas de associao, juridic amente falando, seria interessante que as pessoas tomassem mais cuidado ao fazer afirmaes que no podem ser explicadas nem custa de muita emenda de trechos desconexos das Escrituras. As associaes esto passveis de aes jurdicas em caso de fraude e eu no consigo ver essas ocorrncias de que falamos de outra maneira. Quem sabe Deus ainda venha a usar a lei dos homens para fechar certos recintos nos quais faturar a ordem do dia. s vezes me passa pela cabea a imaginao da cena do Senhor Jesus purificando o templo de Jerusalm, e fico a pensar se Ele no tomaria a mesma atitude se entrasse em determinados locais na hora das ofertas...

47

CONCLUSO

Acredito que muitos estaro indignados ao terem lido estes captulos, mas se esta dissertao conseguiu chamar a ateno, j me dou por satisfeito, creio que o Esprito Santo tambm vai conseguir uma oportunidade para impressionar com as idias dEle. Se no deixei claro durante o transcorrer dos captulos, no quero perder a chance de colocar de forma explcita que no sou contra a Igreja, nem acho que ela vai definhar e morrer. Apenas creio que os sistemas implantados por homens tm sufocado o que deveria ser o Corpo de Cristo, a plenitude dAquele que enche todas as coisas.E ps todas as coisas debaixo dos ps, e para ser o cabea sobre todas as coisas, o deu igreja, a qual o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas.Efsios 1:22,23. (RA)

Est na hora do remanescente fiel sair de suas cavernas e colocar a postos para -se escutar a Deus, quer Ele se manifeste com fogo, vento, terremoto, retet, ou um cicio suave e tranqilo. Estamos vivendo desta maneira h tanto tempo que, para a esmagadora maioria, no faz diferena nenhuma porque ningum conhece uma alternativa que funcione adequadamente durante tempo suficiente para conseguir-se o efeito da comparao. Os sonhadores no conseguem implementar seus sonhos a ponto destes ganharem expresso e vida. Talvez at porque isto freqentemente leva para a cruz, de onde quase todos queremos fugir. Mas creio que h muitos por ai suspirando, se no pela soluo, pelo menos por uma alternativa que atenda o anseio de seus coraes e mais ainda os anseios do corao do nosso Pai Celestial.

48Como fazer ento para romper com sculos de vcios e caprichos humanos que transformaram a noiva do Cordeiro numa caricatura de mau gosto, que pouco tem de santa e quase nada de gloriosa? A resposta est na carta do apstolo Joo, outrora boanerges, agora, apstolo do amor.E vs possus uno que vem do Santo e todos tendes conhecimento. Quanto a vs outros, a uno que dele recebestes permanece em vs, e no tendes necessidade de que algum vos ensine; mas, como a sua uno vos ensina a respeito de todas as coisas, e verdadeira, e no falsa, permanecei n ele, como tambm ela vos ensinou. 1 Jo 2:20,27(RA)

A uno que recebemos do Senhor, deve nos conduzir para o caminho especfico que Ele mesmo tem para ns. No devemos ficar presos a sistemas e clubes denominacionais que nos impedem de ser livres como aqueles que so nascidos do Esprito devem ser. Neste ponto necessrio que voc pare e medite alguns instantes, usando inclusive a sua imaginao para ter uma idia do que seria ser como o vento, que realiza algo, mas ele mesmo no visto; somente a sua atuao vista e em certos casos de forma marcante, contundente; em outro momento refrescante e produtivo; incontrolvel (exceto pela autoridade de Deus), de curta durao, porm muitas vezes veemente e impetuoso. So caractersticas que no se encaixam muito bem nos sistemas que conheo, onde lderes fortes exigem obedincia adestrada e condicionada a determinados comandos. Muitas vezes agindo assim por subestimarem o potencial daqueles que esto lado a lado com eles, bem como daqueles que se encontram sob seus cuidados. Porm existem determinadas situaes em que os que se destacam so sufocados propositalmente para no haver risco de motim. preciso romper com as tradies humanas que invalida