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Cristiane Gonçalves da Mota Avaliação do impacto de um programa de exercícios físicos para pessoas com síndrome de Down São Paulo 2017

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Cristiane Gonçalves da Mota

Avaliação do impacto de um programa de exercícios físicos para pessoas

com síndrome de Down

São Paulo

2017

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Cristiane Gonçalves da Mota

Avaliação do impacto de um programa de exercícios físicos para pessoas

com síndrome de Down

(Versão corrigida. Resolução CoPGr 6018/11, de 13 de outubro de 2011.

A versão original está disponível na Biblioteca da FMUSP)

São Paulo

2017

Dissertação apresentada à Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo para

obtenção do título de Mestre em Ciências

Programa de Ciências Médicas

Área de Concentração: Educação e Saúde

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Patrícia Zen Tempski

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Preparada pela Biblioteca da

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

reprodução autorizada pelo autor

Mota, Cristiane Gonçalves da

Avaliação do impacto de um programa de exercícios físicos para pessoas com

síndrome de Down / Cristiane Gonçalves da Mota. -- São Paulo, 2017.

Dissertação(mestrado)--Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Programa de Ciências Médicas. Área de Concentração: Educação e saúde.

Orientadora: Patrícia Zen Tempski.

Descritores: 1.Síndrome de Down 2.Exercício 3.Aptidão cardiorrespiratória

4.Força muscular 5.Equilíbrio postural 6.Apneia obstrutiva do sono

USP/FM/DBD-317/17

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Dedico este trabalho à você Julia, minha querida mãe, que sempre esteve ao meu lado, me

apoiando e me auxiliando com seu carinho e atenção e a você pai, Sr. Milton (in

memorian), mesmo não presente entre nós, sei que está feliz com essa conquista, a

realização de um sonho de nossa família.

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À Deus, possuidor de todo conhecimento.

Everton meu amor, agradeço por toda paciência e compreensão nesse período. À minha

amada Piruleta, que me ajudou muito nesse processo mesmo sem saber com seu carinho e

companhia em todos os momentos.

Agradeço imensamente aos meus amigos de trabalho Cristiane Vieira Cardoso, Susana

Cristina Oliveira, Barbara Teixeira Vilar, Ednaldo Ardelino, Patricia Seles Araujo e

Edneia Santos, por todo o apoio e amizade.

Às minhas amigas do Grupo Quali, Fernanda Brenneisen Mayer, Silvia Nigro,

Luciana Tavares, Estefania Lima, Rosangela Chao, Rosana Aparecida dos Reis da Paz

Vilela, meu muito obrigado.

Meus queridos professores da graduação e pós graduação Denise de Oliveira Alonso e

Wagner Silva Dantas, foi olhando para vocês que o amor pela pesquisa científica

floresceu em mim e tomou tamanha proporção que me fez chegar até aqui, e sei que esse é

apenas o começo!

Não poderia deixar de agradecer à banca examinadora da minha qualificação, José

Alberto Aguilar Cortez, Paulo Yasbek Junior e Sylvia Classen Enns, pela contribuição e

ensinamentos a mim proporcionados.

Agradeço aos queridos Alfredo José da Fonseca, Ronaldo Aparecido da Silva, Marlene

Alves, Livia Maria Sabbag, Rita de Cassia Montelli Rocha e Adilson Gonçalves pela

realização das avaliações cardiorrespiratórias e isocinéticas.

Agradeço à direção do Instituto de Medicina Física e Reabilitação do Hospital das

Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Margarida

Miyazaki, Katia Lina Miyahara, Mariane Tateishi, Isabel Cristina da Silva Prado

Sampaio, por permitirem que esse estudo fosse realizado, e à equipe do Programa de

Reabilitação para Pessoas com síndrome de Down, Katia Leme, Andrea Rosangela,

Vanessa Nascimento e Sabrina Teixeira Lima por todo apoio.

Celso Ricardo Fernandes de Carvalho e Milton de Arruda Martins, obrigada pela

dedicação, orientações e contribuições para com este trabalho.

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Gostaria de agradecer também aos cuidadores dos participantes da pesquisa, que

gentilmente permitiram suas fotos fizessem parte deste trabalho.

Por fim, agradeço a minha querida orientadora Patricia. Muito obrigada por todo o

carinho, por cada comemoração, cada elogio, cada apontamento, cada conversa. Levarei

para sempre comigo suas palavras de incentivo e confiança. Obrigada por essa

oportunidade, obrigada por ter sido minha orientadora, obrigada por contribuir na minha

vida pessoal, profissional e na realização dessa conquista.

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A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo de busca...”

(Paulo Freire)

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Resumo

Mota CG. Avaliação do impacto de um programa de exercícios físicos para

pessoas com síndrome de Down [Dissertação]. São Paulo: Faculdade de

Medicina, Universidade de São Paulo; 2017.

A síndrome de Down (SD) é a alteração cromossômica mais comum nos seres

humanos e traz consigo algumas co-morbidades como: hipotonia muscular,

baixo condicionamento cardiorrespiratório e obesidade. A prática de exercícios

físicos diminui o risco desses fatores, o que pode contribuir para melhora da

qualidade de vida e autonomia dessas pessoas. Este estudo teve por objetivo

avaliar o impacto de um programa de exercícios físicos para pessoas com

síndrome de Down. Participaram desse estudo 21 pessoas com SD com idades

entre 18 e 32 anos. Foram avaliados: adesão ao programa, condicionamento

cardiorrespiratório, força muscular, composição corporal, equilíbrio postural,

nível de atividade física diário dos participantes da pesquisa e de seus

principais cuidadores e a correlação entre estes, o risco para Síndrome da

Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) e as principais barreiras que influenciavam

essas famílias a adotarem a prática de exercício físico. Houve boa adesão ao

programa. Os resultados mostraram aumento da força muscular, melhora no

condicionamento cardiorrespiratório e equilíbrio postural. Não houve diferença

para composição corporal e no nível de atividade física dos participantes e de

seus principais cuidadores no pós-programa. Houve correlação moderada em

atividade física moderada e vigorosa (AFMV) e correlação forte em passos

diários entre os participantes e seus principais cuidadores. A falta de tempo

disponível, de condições financeiras, falta de incentivo e de interesse em

praticar exercício foram fatores mencionados pelos principais cuidadores como

os mais impeditivos para inclusão do exercício físico em seu cotidiano. Conclui-

se que a prática de exercícios traz benefícios à saúde das pessoas com SD, e

que há correlação positiva no nível de atividade física das pessoas com SD e

de seus principais cuidadores.

Descritores: síndrome de Down, exercício, aptidão cardiorrespiratória, força

muscular, equilíbrio postural, apneia obstrutiva do sono.

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Abstract

Mota CG. Evaluation of the impact of an exercise program in people with Down

syndrome [Dissertation]. São Paulo: “Faculdade de Medicina, Universidade de

São Paulo; 2017.

The Down syndrome (DS) is the most common chromosomal alteration in

humans and brings some comorbidities such as muscle hypotonia, low physical

conditioning and obesity. Physical exercise reduces these risk factors, which

can contribute to the improvement of quality of life and autonomy of DS

individuals. This study aim evaluate the impact of physical exercise program in

individuals with DS. Twenty one DS individuals with 18-32 years old were

evaluated in: adherence to the program, cardiorespiratory fitness, muscle

strength, body composition, balance, level of physical activity, the risk for sleep

apnea syndrome and the information about the obstacles that influenced these

caregivers and the DS to adhere to regular exercise in their daily. After physical

exercise program, were observed increase in muscle strength, cardiorespiratory

fitness and balance. The body composition and physical activity level of the

participants and their caregivers not changed, and there was a moderate

correlation between in the moderate vigorous physical activity (MVPA) and

strong correlation steps day between the participants and the carevigers. The

lack of available time, financial conditions, lack of incentive and interest in

practicing exercise was factors impeding to include exercise in their daily. It was

concluded that the practice of exercise brings benefits to the health of people

with DS, and that there is a correlation of physical activity and people of their

caregivers.

Descriptors: Down syndrome; exercise, cardiorespiratory fitness; muscle

strength; postural balance, sleep apnea obstructive.

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LISTA DE QUADROS E FIGURAS

Quadro 1 – Classificação IMC proposta pela OMS .............................................. 26

Quadro 2 – Estudos que aplicaram programas de exercícios físicos para jovens

adultos com síndrome de Down, publicados em revistas indexadas, no período

de 1993 à 2016 .................................................................................................... 37

Figura 1 – Imagem de dois participantes durante o teste de condicionamento

cardiorrespiratório ................................................................................................ 42

Figura 2 – Imagem de um participante durante teste de força muscular .............. 43

Figura 3 – Imagem de um participante durante a avaliação de composição

corporal ................................................................................................................ 44

Figura 4 – Imagem de um participante e sua principal cuidadora e o aparelho

acelerômetro ........................................................................................................ 46

Figura 5 – Imagem de três participantes na realização dos exercícios físicos ..... 50

Figura 6 – Fluxograma de perdas do estudo ........................................................ 54

Figura 7 – Distribuição de frequência dos participantes do estudo ao programa . 55

Figura 8 – Distribuição de idades dos participantes com síndrome de Down do

estudo .................................................................................................................. 56

Figura 9 – Distribuição do IMC dos participantes com SD do estudo ................... 56

Figura 10 – Modelo de mudança transteórico proposto por Di Clemente &

Prochaska (1982) ................................................................................................. 77

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Caracterização da amostra ................................................................ 57

Tabela 2 – Resultados no condicionamento cardiorrespiratório dos participantes

com síndrome de Down no pré e pós-programa .................................................. 58

Tabela 3 – Resultados na força muscular dos participantes com síndrome de

Down no pré e pós-programa, obtidos por meio do teste 7 – 10 RM ................... 59

Tabela 4 – Resultados do teste isocinético para extensores e flexores do tronco

dos participantes com síndrome de Down no pré e pós-programa ...................... 60

Tabela 5 – Resultados para composição corporal obtidos dos participantes com

síndrome de Down, obtidos por meio da bioimpedância elétrica no pré e pós-

programa .............................................................................................................. 61

Tabela 6 – Resultados no equilíbrio postural dos participantes com síndrome de

Down, obtidos por meio do Mini Best Test no pré e pós-programa ...................... 62

Tabela 7 – Nível de atividade física dos participantes geral, por sexo e

comparação sexo feminino e sexo masculino no pré e pós-programa ................. 63

Tabela 8 – Nível de atividade física dos principais cuidadores e a correlação

entre os participantes com síndrome de Down e seus principais cuidadores no

pré e pós-programa .............................................................................................. 64

Tabela 9 – Resultados para as categorias 1, 2 e 3 para o risco SAOS dos

participantes com síndrome de Down, obtidos por meio do Questionário de

Berlim, no pré e pós-programa ............................................................................. 65

Tabela 10 – Barreiras identificadas pelos principais cuidadores dos

participantes com síndrome de Down para a prática de exercício físico no pré e

pós-programa ....................................................................................................... 66

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LISTA DE SIGLAS E SÍMBOLOS

AFMV Atividade física moderada/vigorosa

AHA American Heart Association

ATP Adenosina trifosfato

BPM Batimentos por Minuto

CAAE Certificado de Apresentação para Apreciação Ética

CAPPesq Comissão de Ética para Análise de Projetos de Pesquisa

CIA Comunicação interatrial

CIV Comunicação interventricular

DEXA Absorciometria com raios-X de dupla energia

DSAV Defeito do septo atrioventricular

FC Frequência cardíaca

HAS Hipertensão arterial sistêmica

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IMC Índice de massa corpórea

IMREA Instituto de Medicina Física e Reabilitação

LV 1 Limiar ventilatório 1

LV 2 Limiar ventilatório 2

LV Limiar ventilatório

Nm Newton/metros

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O2 Oxigênio

OMS Organização Mundial da Saúde

PCA Persistência do canal arterial

PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

QR Quociente respiratório

RM Repetições máximas

SAOS Síndrome da apneia obstrutiva do sono

SD síndrome de Down

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

VE Ventilação

VO2 máx. Volume máximo de oxigênio

VO2 pico Consumo máximo de oxigênio alcançado antes da

estabilização

VO2 Volume de oxigênio

∆ Delta

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Normalização adotada

Esta dissertação está de acordo com as seguintes normas, em vigor no

momento desta publicação:

Referências: adaptado de International Committee of Medical Journals Editors

(Vancouver).

Universidade de São Paulo. Diretrizes para Apresentação de Dissertações e

Teses da USP - Parte IV (Vancouver). Elaborada por Vânia Martins Bueno de

Oliveira Funaro, Maria Cláudia Pestana, Maria Cristina Cavarette Dziabas,

Eliana Maria Garcia, Maria Fátima dos Santos, Maria Marta Nascimento, Suely

Campos Cardoso 3a ed. São Paulo: Revisada, Ampliada e Modificada. Sistema

Integrado de Bibliotecas; 2016.

Abreviaturas dos títulos dos periódicos de acordo com List of Journals Indexed

in Index Medicus.

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Sumário

1. Introdução .............................................................. ......................................... 18

2. Objetivos .......................................................................................................... 21

2.1. Geral.............................................................................................................. 21

2.2 Específicos ..................................................................................................... 21

3. Revisão de literatura ........................................................................................ 23

3.1 Síndrome de Down ......................................................................................... 23

3.2 Cardiopatias congênitas e síndrome de Down ............................................... 24

3.3 Obesidade ...................................................................................................... 25

3.4 Equilíbrio postural e hipotonia muscular ......................................................... 28

3.5 Instabilidade atlantoaxial ................................................................................ 29

3.6 Atividade física e sedentarismo ...................................................................... 30

3.7 Autonomia ...................................................................................................... 31

3.8 Exercício físico e síndrome de Down ............................................................. 32

4. Métodos............................................................................................................ 40

4.1 Avaliação físicas pré e pós-programa ............................................................ 40

4.1.1 Condicionamento cardiorrespiratório ........................................................... 41

4.1.2 Força muscular ............................................................................................ 42

4.1.3 Composição corporal e dados antropométricos .......................................... 43

4.1.4 Equilíbrio postural ........................................................................................ 45

4.1.5 Nível de atividade física dos participantes e seus principais cuidadores .... 45

4.1.6 Outras variáveis analisadas ........................................................................ 46

5. Intervenção ....................................................................................................... 49

6. Análise estatística ............................................................................................ 52

7. Resultados ....................................................................................................... 54

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8. Discussão ......................................................................................................... 68

9. Conclusão ........................................................................................................ 81

10. Anexos ........................................................................................................... 83

11. Referências .................................................................................................... 92

Apêndice

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17

1| Introdução

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18

1. Introdução

A síndrome de Down (SD), ou trissomia do cromossomo 21, é a alteração

cromossômica mais comum nos seres humanos e a principal causa genética

de deficiência intelectual. É entendida como um modo de estar no mundo que

demonstra a diversidade humana, não uma doença. Estima-se que sua

incidência seja de 1-600/800 nascidos vivos1,2.

A primeira descrição foi feita em 1866, pelo médico John Langdon Down,

que trabalhava em uma enfermaria para pessoas com deficiência intelectual no

Hospital John Hopkins, em Londres. Por ter sido a primeira descrição completa

em um grupo de pacientes, esse conjunto de sintomas recebeu o nome de SD

em reconhecimento a John Langdon Down1,3.

Sabe-se que a expectativa de vida das pessoas com SD cresceu de

maneira considerável a partir da segunda metade do século XX. Em 1900,

estava entre nove e 11 anos de idade e atualmente, está entre 49 e 56 anos.

Isso se deve aos avanços na área da saúde, principalmente da cirurgia

cardíaca. Com isso, diversos programas com vistas à escolarização, ao futuro

profissional, autonomia e qualidade de vida foram elaborados, pelo

entendimento das potencialidades das pessoas com SD1,4.

A presença do cromossomo 21 extra traz comorbidades como: atraso

psicomotor, instabilidade atlantoaxial, frouxidão ligamentar, cardiopatias

congênitas, baixo condicionamento cardiorrespiratório, obesidade e hipotonia

muscular5,6.

A hipotonia muscular, que é a redução do tônus da musculatura,

ocasiona além de atraso no desenvolvimento motor, problemas respiratórios,

devido à diminuição do volume pulmonar proveniente da fraqueza muscular de

tronco e extremidades. Além disso, a baixa capacidade cardiorrespiratória é um

fator de risco para problemas cardíacos. Essas questões influenciam

diretamente o desenvolvimento e a qualidade de vida das pessoas com SD,

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pois níveis adequados de força muscular tornam as pessoas mais ativas e

independentes6,7.

A baixa atividade associada à fatores metabólicos e hábito alimentar

contribui para o desenvolvimento e manutenção da obesidade, considerada

hoje uma patologia epidêmica, e que se tornou uma das maiores preocupações

na saúde pública, com maior prevalência na SD6. Estudos demonstraram que

os valores do Índice de Massa Corporal (IMC) nas pessoas com SD são mais

altos quando comparados às pessoas sem a síndrome, em qualquer idade8,9.

Nesse sentido, o cuidado com a saúde tanto do adolescente quanto do

adulto com SD deve estar focado na manutenção de um estilo de vida

saudável, o que inclui a prática de exercícios físicos, por ser uma importante

estratégia para melhorar a condição cardiorrespiratória e muscular, diminuir o

peso corporal, além de melhorar a qualidade de vida1,5,10.

Neste contexto surgiram diversos estudos com programas de exercícios

físicos para pessoas com SD. Alguns com exercícios aeróbios, outros com

exercícios de treinamento resistido e também, com a combinação de exercícios

aeróbios com exercícios resistidos10-21. Há estudos que se propuseram a

investigar o nível de atividade física dessa população e comparar os resultados

com seus pares, sem a síndrome22-25. Além disto, a implementação da prática

de exercícios enquanto jovem atua como um importante preditor de um padrão

de hábitos saudáveis a ser continuado na fase adulta, o que contribui, em

muito, para uma melhor qualidade de vida e autonomia5.

Assim, justifica-se este estudo pela necessidade de se compreender o

impacto de um programa de exercícios físicos em jovens com SD.

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20

2| Objetivos

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21

2. Objetivos

2.1 Geral

O objetivo deste estudo foi avaliar o impacto de um programa de

exercícios físicos orientado por profissional dentro de uma instituição de

reabilitação, direcionado à jovens com SD.

2.2 Específicos

a) Avaliar a adesão ao programa;

b) Analisar os resultados pré e pós-programa no condicionamento

cardiorrespiratório, na força muscular, na composição corporal, no equilíbrio

postural e no nível de atividade física dos participantes e seus principais

cuidadores;

c) Identificar o risco pré e pós-programa para Síndrome da Apneia

Obstrutiva do Sono (SAOS);

d) Identificar as barreiras para a inclusão da prática de exercícios físicos

no cotidiano dos participantes e de seus principais cuidadores.

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22

3| Revisão da literatura

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23

3. Revisão de literatura

3.1 Síndrome de Down

A SD é a alteração cromossômica mais comum nos seres humanos e a

principal causa genética de deficiência intelectual. John Langdon Down, em

1866, fez a primeira descrição clínica e assim, esse conjunto de sintomas

recebeu o nome de SD em seu reconhecimento1,3.

Esses indivíduos, com cabelos lisos, base nasal achatada, baixa estatura,

fendas palpebrais oblíquas e deficiência intelectual, foram denominados na

época como “mongoloides” por John Langdon Down. Este termo entrou em

desuso devido sua conotação pejorativa. Em decorrência disso, o termo

“mongolismo” foi excluído da Revista Lancet em 1964, das publicações da

Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1965, e do Index Medicus em

19753.

Na sua primeira descrição, John Langdon Down apontou como possível

etiologia sífilis materna. A explicação de que a SD poderia ser decorrente de

uma alteração cromossômica foi proposta pela primeira vez em 1932 pelo

médico oftalmologista holandês Waardenburg e, dois anos depois, em 1934,

Adrian Bleyer nos Estados Unidos da América, sugeriu que essa alteração

poderia tratar-se de uma trissomia. Em 1956, Tijo e Levan estabeleceram que o

número adequado de cromossomos na espécie humana era de 46 e então, em

1959, Jerome Lejeune e colaboradores descreveram, quase que

simultaneamente com Patricia A. Jacobs e colaboradores, a presença de um

cromossomo extra no par 21 nas pessoas com SD26.

Polani e colaboradores em 1960 descreveram a presença do

cromossomo extra em outro par, que não o par 21. Ao investigarem três

crianças com SD, perceberam que uma das crianças parecia apresentar o

complemento normal de 46 cromossomos, porém tinha todos os achados

típicos de uma criança com SD. Em análise detalhada, notou-se que parte do

cromossomo 21 havia se unido ao cromossomo 14. Esse processo foi

denominado de translocação27.

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24

Clarke e colaboradores descreveram os primeiros casos de mosaicismo

em 1961, no qual apenas algumas células apresentam a trissomia, enquanto

outras não. Conforme descrito, o genoma da SD apresenta-se em três

possibilidades: trissomia simples (cerca de 95% dos casos); translocação

(cerca de 3% dos casos) e mosaicismo (cerca de 2% dos casos)26. A

apresentação fenotípica tem características gerais comuns aos três genótipos e

pode ter expressões variadas.

Alguns fatores associados à SD são limitantes para prática de exercício

físico e aumentam a inatividade física, diminuem a autonomia e aumentam a

prevalência de sedentarismo. Dentre eles, citam-se: cardiopatias congênitas,

obesidade, alterações neuromotoras que alteram padrões de movimento como

equilíbrio postural, hipotonia muscular e instabilidade atlantoaxial26.

3.2 Cardiopatias congênitas e síndrome de Down

Pessoas com deficiência intelectual apresentam níveis mais baixos de

condicionamento cardiorrespiratório e esses níveis são ainda menores para

pessoas com SD28.

Alguns autores relatam que 0,8% dos nascidos vivos na população em

geral nascem com alguma cardiopatia congênita29. Nas pessoas com SD, a

estatística cresce para 40-60%. As cardiopatias congênitas são as principais

causas de morbidade e mortalidade nos dois primeiros anos de vida, porém

tratamentos clínicos e cirúrgicos têm contribuído para o aumento da

expectativa de vida deste grupo30-32.

As cardiopatias mais comuns são: Comunicação Interatrial (CIA),

Comunicação Interventricular (CIV), Persistência do Canal Arterial (PCA),

Defeito do Septo Atrioventricular (DSAV) e Tetralogia de Fallot. Dentre esses,

destaca-se o DSAV, responsável por cerca de 50% das cardiopatias nesse

público33.

Algumas dessas alterações podem fechar espontaneamente ou diminuir

sem intervenção cirúrgica. Os sintomas ou sinais podem estar ausentes nos

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25

primeiros dias, o que leva a um diagnóstico tardio, e isso pode ser

determinante para o desenvolvimento de insuficiência cardíaca, penúria,

arritmias cardíacas ou hipertensão pulmonar, além de ocasionar atraso no

desenvolvimento da criança32,39.

Pessoas com SD, mesmo sem cardiopatias congênitas, apresentam

frequência cardíaca (FC) reduzida ao exercício ou incompetência cronotrópica,

que é a incapacidade em alcançar 85% da FC máxima prevista pela idade em

um teste de esforço. Essa redução na resposta da FC durante o exercício

aeróbio contribui para a baixa capacidade física e condicionamento

cardiorrespiratório nessa população40. A incompetência cronotrópica também é

considerada clinicamente relevante e tem sido relacionada tanto com

mortalidade quanto com morbidade em pessoas com ou sem doença cardíaca

coronariana estabelecida41.

3.3 Obesidade

A obesidade é considerada hoje uma patologia epidêmica, e um dos

fatores associados ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares. A OMS

prevê que em 2025, haverá cerca de 2,3 bilhões de adultos com sobrepeso e

700 milhões de obesos. Observa-se que há maior prevalência da obesidade na

SD42.

Para que a obesidade ou o sobrepeso possam ser prevenidos, o estado

do peso do paciente deve ser reconhecido. O IMC é o cálculo mais comum

utilizado para avaliação da adiposidade corporal. Esse índice é um bom

indicador, porém não está totalmente correlacionado com a gordura corporal

por haver diferenças na composição corporal em função do sexo, idade, raça,

no cálculo de pessoas sedentárias e atletas, na perda de estatura por cifose e

outros fatores e também, por não diferenciar massa de gordura de massa

magra43.

Na população brasileira, tem-se usado a tabela de IMC proposta pela

OMS para classificação de sobrepeso e obesidade e, essa tabela apresenta

correlação com comorbidades. Essa classificação foi adaptada, fundamentada

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em padrões internacionais desenvolvidos para pessoas adultas descendentes

de europeus. O ponto de corte para adultos está fundamentado na associação

entre IMC e doenças crônicas ou mortalidade43.

Define-se por sobrepeso o IMC de 25 a 29,9 kg/m², obesidade o IMC

maior ou igual a 30 kg/m². O IMC maior ou igual a 25 kg/m² (incluindo a

obesidade) também é definido como excesso de peso. Os pontos de corte de

<16 kg/m2 (baixo peso grave), 16,0-16,9 kg/m2 (baixo peso moderado), 17,0-

18,4 kg/m2 (baixo peso leve) também fazem parte da classificação internacional

(Quadro 1)43.

Quadro 1. Classificação IMC proposta pela OMS.

IMC (kg/m2) Classificação

Obesidade grau/classe

Risco de doença

<18,5 Magro ou baixo peso 0 Normal ou elevado

18,5-24,9 Normal ou eutrófico 0 Normal

25,0-29,9 Sobrepeso ou pré–obeso 0 Pouco elevado

30,0-34,9 Obesidade I Elevado

35,0-39,9 Obesidade II Muito elevado

≥40,0 Obesidade grave III Muitíssimo elevado

Fonte: Associação Brasileira de Obesidade – ABESO (2016)

Os valores de IMC nas pessoas com SD são mais altos quando

comparados às pessoas sem a síndrome, em qualquer idade9. Nesse sentido,

indica-se que o IMC seja utilizado em conjunto com outros métodos de

determinação de gordura corporal para melhor análise do perfil corpóreo da

pessoa43.

A obesidade e outros fatores associados como aumento da relação

cintura-quadril, Diabetes Mellittus e hipotireoidismo, trazem co-morbidades

como a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS). A SAOS se

caracteriza pela obstrução completa ou parcial recorrente das vias aéreas

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superiores durante o sono, o que resulta em períodos de apnéia, dessaturação

de oxihemoglobina e despertar frequente, o que causa sonolência diurna44.

Essa síndrome afeta cerca de 2 a 5,7% da população pediátrica em geral e, na

SD, esse número cresce para 30 a 80% devido ao tônus muscular reduzido e

hipoplasia maxilar45-47, e essa prevalência pode se estender até a fase adulta48.

Há vários métodos para avaliar o peso e a composição corporal: pesagem

hidrostática, composição corporal por absorciometria com raios-X de dupla

energia (DEXA), técnicas de imagem como ressonância magnética e

tomografia computadorizada. Alguns deles têm aplicação prática limitada

devido ao alto custo. Métodos como a soma das medidas das pregas cutâneas,

ultrassonografia e bioimpedância são de acesso mais fáceis e menos

onerosos49.

A soma das medidas das pregas cutâneas é realizada por meio do

aparelho adipômetro. Esse método utiliza equações para obter a densidade

corporal e o percentual de gordura. Fundamentado na correlação entre a

gordura localizada nos depósitos adiposos subcutâneos e a gordura corporal

total, soma as medidas das pregas cutâneas subescapulares, triciptal, biciptal,

supra ilíaca e coxa. Este método pode não trazer resultados fidedignos, devido

à experiência do avaliador, tipo de adipômetro utilizado, fatores individuais do

avaliado, equação utilizada, hidratação e espessura da pele49,50.

A análise da composição corporal por meio da bioimpedância elétrica é

realizada a partir da condução de uma corrente elétrica indolor. A impedância é

baixa no tecido magro, onde estão principalmente os líquidos intracelulares e

eletrólitos e alta no tecido adiposo. É dada pelos valores de reactância e

resistência. Nos modelos tetrapolares, os resultados são obtidos a partir de

equações preditivas que utiliza sexo, idade, raça, peso e altura, estima a

massa gorda, massa livre de gordura, água corporal total extra e intracelular.

Fatores como alteração no balanço hidroeletrolítico, realização de atividade

física intensa, presença de edema ou retenção hídrica em certos períodos do

ciclo menstrual previamente à avaliação podem diminuir a precisão dos

resultados, porém essa é uma técnica de fácil utilização, independe da

experiência do avaliador e apresenta alta reprodutibilidade43,49,51.

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28

3.4 Equilíbrio postural e hipotonia muscular

Equilíbrio postural é o estado em que todas as forças que atuam sobre o

corpo estão adequadas para mantê-lo na posição e orientação desejada. Para

que isso seja alcançado, são necessárias a percepção (integração das

informações sensoriais para analisar a posição e o movimento do corpo no

espaço) e a ação (capacidade de produzir forças para controlar os sistemas de

posicionamento do corpo)52. As alterações neuromotoras presentes nas

pessoas com SD, podem resultar em padrões de movimentos alterados como

lentidão, tempo de reação diminuído e déficit de equilíbrio postural. Assim,

essas pessoas tendem a trocar a eficiência do movimento pela segurança do

movimento e então, os movimentos aparentam ter menos fluidez, velocidade e

eficiência, quando comparados à população sem a síndrome, o que os tornam

menos capazes de fazer ajustes posturais antecipatórios. Tarefas como

ultrapassar obstáculos podem representar perigo significativo para pessoas

com SD, pelo seu padrão de movimentação, que aumenta o risco de

queda52,53.

O controle postural requer uma continua interação entre o sistema

nervoso e musculoesquelético. Portanto, as alterações posturais estão também

relacionadas à anatomia e função do sistema nervoso central. Há menor

volume do cerebelo, alterações celulares na região do hipocampo e redução

das sinapses no córtex temporal, o que ocasiona alterações motoras que

afetam o controle postural e essas alterações, que se iniciam na infância,

parece continuar ao longo da vida das pessoas com SD54.

A manutenção da postura em superfícies estáveis tem mostrado maior

velocidade de oscilação postural medida pelo deslocamento do centro de

pressão, tanto em adolescentes quanto em adultos com SD54.

O controle postural também pode ser alterado pela hipotonia muscular,

definida como a redução do tônus da musculatura, ou seja, o estado de

turgidez do músculo, ocasionado pela plasticidade muscular e pelos reflexos de

estiramentos. O tônus muscular depende da integridade do arco reflexo, que é

a unidade motora periférica desde o motoneurônio medular até o músculo, no

qual várias influências suprassegmentares moduladoras atuam55.

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Fisiologicamente, a hipotonia muscular é caracterizada como uma diminuição

segmental da excitabilidade do pool de motoneuronônios, e como um

mecanismo de reflexo de estiramento comprometido, consequência de um

déficit do controle sensório-motor 6,56.

A hipotonia muscular na SD manifesta-se na fase fetal e mantém-se

após o nascimento de maneira moderada. Apresenta-se clinicamente com

flacidez, diminuição dos movimentos, atraso no controle cervical na criança e

hipermobilidade. Isso interfere na aquisição do tônus postural adequado,

ocasiona atraso no desenvolvimento motor e problemas respiratórios, pois a

fraqueza muscular do tronco e extremidades diminui o volume pulmonar6,26. A

hipotonia associada à frouxidão ligamentar pode contribuir para gerar

instabilidade articular, déficit de equilíbrio postural e coordenação, o que pode

desfavorecer biomecanicamente a realização de exercícios físicos57.

3.5 Instabilidade atlantoaxial

A instabilidade atlantoaxial é caracterizada por aumento da mobilidade da

articulação da primeira e segunda vértebra cervical, devido à frouxidão

ligamentar e tônus muscular diminuído. Essa condição permite uma maior

mobilização entre as vértebras, principalmente nos movimentos de flexão e

extensão cervical, o que pode levar a compressão medular58.

A maior parte das pessoas com instabilidade atlantoaxial é assintomática.

Aqueles sintomáticos apresentam fadiga, alterações na marcha, dor e limitação

da mobilidade cervical, torcicolo, déficits sensoriais, espasticidade, alterações

urinárias e de coordenação motora59,60.

A instabilidade atlantoaxial não contraindica exercícios físicos. No

entanto, protocolos internacionais de cuidado à pessoa com SD orientam

investigação por imagem prévia as atividades esportivas competitivas,

principalmente aquelas que requerem movimentos da coluna cervical como

rolamentos, natação, ginástica artística e saltos59,61.

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3.6 Atividade física e sedentarismo

A atividade física é definida como qualquer movimento corporal gerado

pela musculatura esquelética que resulte em gasto energético maior do que os

níveis em repouso62. Consequentemente, o sedentarismo é a ausência ou a

irregularidade da atividade física, realizada de maneira insuficiente para

promover benefícios à saúde63,64.

O nível de atividade física pode ser avaliado por meio do pedômetro ou do

acelerômetro. O pedômetro oferece a contagem diária dos passos, já o

acelerômetro, mede a aceleração do corpo da pessoa em movimento e é

considerado um instrumento mais preciso e confiável para medir o nível de

atividade física e tempo em sedentarismo65-67.

Estudos demonstram baixo índice de atividade física na população com

SD. Um estudo aplicou o aparelho acelerômetro em 40 pessoas, e os dados

obtidos mostraram média de 25,5±17,7 minutos/dia em atividade física

moderada a vigorosa (AFMV) e 6949±2673 passos/dia. Outra pesquisa aplicou

o acelerômetro em 152 pessoas com deficiência intelectual, sendo 79 com SD.

Os resultados apresentaram média de AFMV de 29,8±15,6 minutos/dia e

5541±2214 passos/dia, considerado pouco ativo quando o número de passos

diários para classificar a pessoa como ativa é de 10000 passos22,24,68,69.

As diretrizes da OMS recomendam que adultos entre 18 e 64 anos de

idade realizem 150 minutos de atividade física moderada, ou 75 minutos de

atividade física vigorosa por semana, para melhorar as funções

cardiorrespiratórias e musculares. Para maiores benefícios, esses valores

devem ser aumentados para 300 minutos de atividade física moderada ou 150

minutos de atividade física vigorosa semanalmente. As atividades físicas

moderadas propostas pela OMS incluem atividades de lazer (dança,

caminhada e jardinagem), trabalho, atividades domésticas, brincadeiras e jogos

no contexto familiar ou da comunidade. Já as atividades vigorosas são, por

exemplo, ciclismo, natação rápida, exercícios aeróbios que aumentem

consideravelmente a frequência cardíaca (FC) e jogos de competição43.

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Adultos costumam apresentar estilo de vida mais sedentário, porém

pouco se sabe sobre tempo em sedentarismo e nível de atividade física das

pessoas com deficiência intelectual70.

3.7 Autonomia

O conceito de autonomia assumiu lugar importante nas discussões de

diversos campos do saber como aqueles da ética, da teologia, da filosofia e da

psicologia. Um dos primeiros autores a definir a autonomia foi Immanuel Kant,

em 1785, como o princípio da dignidade da natureza humana e de toda

natureza racional. Para ele, a autonomia é a capacidade de autodeterminação.

Uma pessoa pode ser considerada autônoma quando suas ações são

verdadeiramente suas, não motivadas por influências externas71,72. May (1994)

define a autonomia como autorregulação da pessoa, presente nas ações

práticas de seu cotidiano, numa mediação entre os determinantes de seu

entorno e suas próprias necessidades e desejos, no decorrer de sua vida73.

Dessa maneira, o ser autônomo aprenderia a incorporar as influências

externas, ao mesmo tempo em que buscaria autorregular-se em suas ações,

antes de submeter-se passivamente a essas influências71,72,73.

Apesar das variações de conceitos quanto à autonomia, sabe-se que ela

é importante para melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas, inclusive

para aquelas com deficiência intelectual72. Quando pessoas com SD tem

oportunidade em realizar atividades de maneira independente, a aprendizagem

de habilidades motoras é beneficiada. A evolução do desempenho funcional

dessas pessoas e sua autonomia estão relacionadas ao grau de suporte social-

familiar que elas recebem74,75.

Algumas famílias apresentam limitações em compreender as capacidades

de seus filhos, desejando que eles permaneçam sob sua proteção e

dependência76. Já outras promovem ações para contribuir na independência e

autonomia de seus filhos, com educação, inclusão social e assistência à saúde,

fatores que influenciarão no grau de autonomia que uma criança com SD terá

em sua vida adulta77,3.

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A saúde da pessoa com SD está relacionada com seus hábitos de vida. O

trabalho de educação em saúde para essas famílias contribui para a aquisição

de um estilo de vida saudável3. A inclusão da prática de exercícios físicos no

cotidiano traz benefícios para o condicionamento físico, melhora a qualidade de

vida e consequentemente, contribui para a autonomia e independência das

pessoas com SD5,7.

3.8 Exercício físico e síndrome de Down

O exercício físico é caracterizado por um processo que retira o organismo

de sua homeostase, por aumentar a demanda energética da musculatura

exercitada e consequentemente, o organismo como um todo. É uma atividade

planejada, estruturada e orientada, que tem por objetivo a manutenção ou a

melhoria de um ou mais componentes da aptidão física das pessoas, os quais

são: resistência cardiorrespiratória, composição corporal, flexibilidade,

resistência e força muscular78.

No que se refere ao tipo de exercício, pode-se citar dois tipos principais:

exercício aeróbio e exercício resistido. Exercício aeróbio é aquele no qual o

metabolismo aeróbio, que ocorre na presença do oxigênio, é a via principal

para a ressíntese de trifosfato de adenosina (ATP), garantido por atividades

contínuas e dinâmicas na participação de grandes grupos musculares. Esse

tipo de exercício é considerado o método mais eficaz para a melhora da

capacidade cardiorrespiratória e elevada oxidação de ácidos graxos. São

exemplos de exercícios aeróbios a natação, caminhada e a corrida79.

O exercício resistido tem por objetivo desenvolver as funções musculares

por meio da aplicação de sobrecargas, seja por pesos livres (halteres, anilhas e

barras) como por máquinas específicas, elásticos ou a própria massa corporal

do indivíduo. Pode ser classificado em dois tipos: exercícios dinâmicos ou

isotônicos, no qual há contração muscular e movimento articular, e estáticos ou

isométricos, em que há contração muscular, porém sem movimento

articular78,80.

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33

A literatura afirma que adotar um estilo de vida que inclui exercícios

físicos é uma importante estratégia para melhorar a condição

cardiorrespiratória e muscular, diminuir o peso corporal, além de melhorar a

qualidade de vida e autonomia das pessoas7,10-12. Além disso, há relação

inversa entre mortalidade e estilo de vida que inclui a prática de exercícios no

cotidiano81,82. Doenças como Diabetes Mellitus, osteoporose, sarcopenia e

cardiopatias são potencialmente prevenidas quando se pratica exercícios79.

Para avaliar o condicionamento cardiorrespiratório, utiliza-se como

indicador o consumo máximo de oxigênio (VO2 máximo), variável obtida por

meio de teste de esforço físico. Pessoas com estilo de vida sedentário

apresentam esses valores aproximados a 35 mL.Kg-1.min-1 e atletas de alto

rendimento, cerca de 60 mL.Kg-1.min-1, com declínio de 1% ao ano a partir da

segunda década de vida79,83,84, porém equações preditivas auxiliam na

interpretação dos resultados alcançados em VO2 máximo em um teste de

esforço85,86.

Sabe-se que pessoas com deficiência intelectual apresentam baixa

capacidade cardiorrespiratória e, essa população quando adulta com idades

entre 20 e 30 anos, apresenta capacidade semelhante à de pessoas entre 50 e

60 anos de idade, sem deficiência intelectual ou que tenham sofrido infarto do

miocárdio, com valores de VO2 máx. aproximadamente de 25-30 mL.Kg-1.min-1

79.

A SD traz também alterações dos sistemas envolvidos com a condução

do oxigênio (O2)87 e de sua extração pelos tecidos, ou seja, diferença

arteriovenosa de O2, devido à baixa capacidade musculoesquelética88 e das

alterações da função cardíaca79.

Acredita-se que outros fatores também contribuem para o baixo

condicionamento cardiorrespiratório das pessoas com SD como estilo de vida

sedentário, falta de motivação para prática de exercícios e dificuldade em

compreender as atividades propostas, o que os impede em manter níveis

adequados de esforço durante os exercícios e também, a incompetência

cronotrópica89,90.

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Pessoas com SD apresentam força muscular diminuída e o exercício

físico contribui para a manutenção e desenvolvimento dessa aptidão, o que

facilita a realização das tarefas diárias e a independência14,91.

A literatura traz algumas pesquisas que propuseram avaliar o

condicionamento cardiorrespiratório, a força muscular e a composição corporal

das pessoas com SD, e aplicaram exercícios aeróbios ou exercícios resistidos

e também, a combinação desses dois tipos de exercícios10-19. Pesquisadores

propuseram um programa de exercícios aeróbios com caminhada e/ou corrida

em ambiente externo, em um grupo com 14 pessoas (11 homens e 3

mulheres), com idades entre 17 e 18 anos, sendo 10 no grupo de treinamento e

4 no grupo controle. Os exercícios foram realizados três vezes por semana, em

sessões de 30 minutos, durante 10 semanas. Como resultados, houve

diferença no tempo em que os participantes do grupo de treinamento

conseguiram permanecer em um teste de esforço, porém não houve diferença

para pico da ventilação (VE pico), VO2 pico, FC máx. e Quociente Respiratório

(QR) entre os grupos10.

Outro estudo foi realizado para verificar as alterações no peso e

composição corporal, VO2 pico, FC máx., VE pico, QR, tempo em esteira,

distância percorrida e a carga, em 16 pessoas com SD com média de idade de

21,4±3,0 anos, divididas em dois grupos, sendo oito no grupo experimental e

oito no grupo controle. Essas pessoas realizaram exercícios em ergômetro de

remo, três vezes por semana, durante 15-25 minutos, por 12 semanas. Como

resultados, não houve diferença para peso e gordura corporal, VO2 pico, FC

máx., VE pico e QR, porém houve diferença para tempo em esteira, distância

percorrida e carga no teste ergoespirométrico para o grupo experimental11.

Um grupo com 25 pessoas com média de idade de 24,5±3,9 anos (grupo

experimental = 15) e 24,7±2,7 anos de idade (grupo controle = 10) participaram

de um estudo no qual o grupo experimental realizava caminhada e corrida em

esteira ergométrica, três vezes por semana, por 30 minutos, durante 12

semanas. Houve melhora para VE pico, VO2 pico e tempo em esteira no teste

de esforço para o grupo experimental, porém não houve diferença para peso

corporal e FC máx. entre os grupos12.

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Uma pesquisa aplicou exercício aeróbio (30-45 minutos) e exercício

resistido (15-20 minutos) em 52 pessoas com média de idade de 39,4 anos

(sendo 30 no grupo experimental e 22 no grupo controle), quatro vezes por

semana, por 12 semanas. Não houve diferença para composição corporal,

porém houve diferença para força muscular, VO2 pico, FC máx. e tempo em

esteira13.

Doze pessoas com média de idade de 34,5±7,0 anos, participaram de

um programa de exercícios aeróbios em esteira rolante, elíptico, ciclo

ergômetro estacionário vertical ou ergômetro de remo, duas vezes por semana,

em sessões de 40 minutos, por 28 semanas e obtiveram melhora no VO2 pico,

no VE pico e no tempo em que conseguiram permanecer em um teste de

esforço, porém não houve diferença para peso e composição corporal, IMC,

VO2 e FC em repouso14.

Outros dois estudos foram realizados pelos mesmos pesquisadores, e

com o mesmo método. Em um, foram aplicados exercícios resistidos, três

vezes por semana, em sessões de 60 minutos, por 12 semanas, em 12

pessoas (oito no grupo experimental e quatro no grupo controle), com idades

entre 15 e 35 anos. Já o outro estudo foi aplicado em um grupo com 15

pessoas (oito no grupo experimental e sete no grupo controle), com idade

média de 22,1±7,5 anos. Ambos os estudos tiveram como objetivo avaliar as

alterações no peso e composição corporal. Nos dois estudos houve diferença

para gordura corporal e massa magra, porém não houve diferença para peso

corporal15-16.

A literatura também traz um estudo composto por programa de exercícios

combinado (aeróbio e resistido) para 25 pessoas com idade de 36,5±5,5 anos,

sendo 13 com SD e 12 sem a síndrome. O exercício aeróbio foi realizado três

vezes por semana, em sessões de 30 minutos e, o exercício resistido, duas

vezes por semana, em circuito. O programa teve duração de 12 semanas.

Houve diferença no tempo em que conseguiram permanecer em um teste de

esforço, porém não houve para FC máx. e gordura corporal17.

Um programa de exercícios resistidos aplicado em 68 pessoas com idade

média de 17,9±2,6 anos, sendo 34 pessoas no grupo experimental e 34 no

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grupo controle, verificou as alterações na força muscular dos participantes. O

grupo experimental realizou exercícios resistidos, duas vezes por semana, por

60 minutos, durante 10 semanas. Houve diferença para força muscular,

principalmente de membros inferiores, para o grupo experimental18.

Pesquisadores aplicaram um programa de exercícios aeróbio contínuo e

intervalado em bicicleta ergométrica e esteira, em um grupo com 42 pessoas

(25 homens e 17 mulheres) com idade de 33,8±8,6 anos, sendo 13 pessoas no

grupo de treinamento contínuo, 13 no grupo de treinamento intervalado e 16 no

grupo controle, três vezes por semana em sessões de 30 minutos, por 12

semanas. Como resultados, houve diferença para FC máx. alcançada no teste

ergoespirométrico e no peso corporal para os dois grupos de intervenção. Não

houve diferença para percentual de gordura corporal e massa livre de

gordura19. Todos estes estudos estão apresentados no Quadro 2.

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Quadro 2. Estudos que aplicaram programas de exercícios físicos para jovens

adultos com SD, publicados em revistas indexadas no período de 1993 à 2016.

Autor/ano População Intervenção Resultados

Millar (1993)

N = 14 (experimental/ controle); 17-18 anos.

Caminhada, corrida, trote,

ambiente externo, 3x/sem.,

30 min., 10 sem.

Diferença tempo esteira (grupo experimental). Não houve diferença: VE, VO2 pico, FC máx., QR entre os grupos.

Varela (2001)

N = 16 (experimental/

controle); 20,8- 22

anos.

Aeróbio ergômetro de remo, 3x/sem., 15-25 min., 12 sem.

Diferença tempo esteira, distância,

carga (grupo experimental). Não houve

diferença: peso, gordura corporal, VO2

pico, FC máx., VE pico, QR entre os

grupos.

Tsimaras (2003)

N = 25 (experimental/

controle); 24,5 a 24,7

anos.

Caminhada/corrida em esteira, 3x/sem., 30 min., 12 sem.

Diferença VE, VO2 pico, tempo esteira

(grupo experimental). Não houve

diferença: peso, FC máx. entre os

grupos.

Rimmer (2004)

N = 52, média idade: 39,4 anos.

Aeróbio elíptico vertical/

inclinado, esteira,

cicloergômetro, 30-45 min.

exercício resistido 15-20

min., 4x/sem., 12 sem.

Diferença VO2 pico, FC máx., tempo esteira, força muscular e peso corporal. Não houve diferença composição corporal.

Mendonça (2009)

N = 12, 34,5±7,0 anos. Aeróbio esteira, elíptico, ciclo

ergômetro vertical,

ergômetro de remo, 2x/sem,

40 min, 28 sem.

Diferença para tempo esteira, VO2

pico, VE pico, composição corporal.

Não houve diferença peso, IMC, VO2,

FC rep., FC máx., QR.

Neto

(2009)

N = 12 (experimental e controle), 15-35 anos.

Exercícios resistidos, 3x/sem., 60 min., 12 sem.

Diferença percentual de gordura,

massa magra (grupo experimental).

Não houve diferença peso entre os

grupos.

Neto

(2010)

N = 15 (experimental e

controle), 22,1 ± 7,5

anos.

Exercícios resistidos, 3x/sem., 60 min., 12 sem.

Diferença percentual de gordura, massa magra (grupo experimental). Não houve diferença peso.

Mendonça

(2011)

N = 25 (experimental e controle), 36,5±5,5 anos.

Aeróbio esteira, 3 x/sem, 30 min, exercícios resistidos, 2x/sem, 12 sem.

Ganho em VO2 pico, força muscular. Tempo esteira semelhante entre os grupos. Não houve diferença composição corporal.

Shields (2013)

N = 68 (experimental e controle), 17,9±2,6 anos.

Exercícios resistidos, 2x/sem., 60 min., 10 sem.

Diferença força muscular de membros inferiores e superiores.

Boer (2016) N = 42, 33,8±8,6 anos.

Exercício cicloergômetro, esteira, 3 x/ sem, 30 min, 12 sem.

Diferença FC máx., VO2 pico, tempo esteira, peso corporal. Não houve diferença composição corporal.

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Em todos os estudos observou-se que a prática de exercícios físicos

trouxe benefícios às pessoas com SD, como melhora do condicionamento

cardiorrespiratório e da força muscular10-19.

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4| Métodos

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40

4. Métodos

Trata-se de um estudo intervencionista, clínico, longitudinal e quantitativo,

que se propôs a desenvolver um programa de exercícios físicos para pessoas

com SD e analisar seu impacto.

O presente estudo foi aprovado pela Comissão de Ética para Análise de

Projetos de Pesquisa, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo (CAPPesq), sob registro n° 11724, Parecer n°

795.037 e Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) n°

33307314.5.0000.0068 (Anexo A), e aprovado pela diretora executiva e

coordenadora do Centro de Pesquisa Clínica do IMREA – Instituto de Medicina

Física e Reabilitação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo – IMREA HCFMUSP – Rede Lucy Montoro,

unidade Lapa, São Paulo, São Paulo, Brasil, onde foi realizada a intervenção

(Anexo B).

A amostra do estudo teve como critérios de inclusão: ter diagnóstico

clínico e laboratorial de SD, em acompanhamento no Programa de Reabilitação

para pessoas com SD do IMREA HCFMUSP – Rede Lucy Montoro, idade

superior a 18 anos e inferior a 35 anos de idade, com mobilidade preservada,

teste ergoespirométrico normal.

Foram definidos como critérios de exclusão: cardiopatia atual, subluxação

atlantoaxial, deficiência intelectual grave, problemas ortopédicos, doenças

neurodegenerativas e musculoesqueléticas.

A participação foi voluntária, não sendo prevista nenhuma recompensa, e

a participação estava atrelada a assinatura do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) pelo responsável legal (Anexo C).

4.1 Avaliações físicas pré e pós-programa

Todas as avaliações físicas foram realizadas no início e ao término do

programa de 24 semanas. Foram avaliadas: a força muscular,

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condicionamento cardiorrespiratório, composição corporal, dados

antropométricos, equilíbrio postural, o risco para SAOS, as barreiras para

prática de exercícios físicos e o nível de atividade física dos participantes e

seus cuidadores.

4.1.1 Condicionamento cardiorrespiratório

O condicionamento cardiorrespiratório foi avaliado por meio da

ergoespirometria, pelo sistema Micromed®. Esse teste de esforço avaliou o

VO2 pico e o VO2 nos limiares ventilatórios 1 e 2 (LV1 e LV2). Antes de iniciar a

avaliação, realizou-se o eletrocardiograma do participante. O teste consistiu em

caminhar em uma esteira ergométrica da marca Imbramed®, com velocidade

inicial de 1,5 km/h e final de 6,5 km/h, inclinação inicial de 2% e final de 22%,

com duração máxima de 12 minutos, resultando incremento minuto de 0,417

km/h e 1,67% de inclinação. O QR (Quociente Respiratório) foi de 1,15. O teste

foi interrompido quando os participantes demonstraram ou sinalizaram

exaustão física e atingiram QR no valor de 1,15.

Este protocolo de teste de condicionamento cardiorrespiratório foi

definido em conjunto pela pesquisadora, seus orientadores e o médico

cardiologista, de acordo com teste piloto realizado anterior ao programa, no

qual se verificou que esses valores eram adequados para os participantes do

estudo92,93.

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42

Figura 1. Imagem de dois participantes durante o teste de condicionamento

cardiorrespiratório.

A. Eletrocardiograma. B. Teste ergoespirométrico

4.1.2 Força muscular

Verificou-se a força muscular por meio do Teste de 7 a 10 repetições

máximas (RM). O teste consistiu no indivíduo realizar no mínimo sete e no

máximo 10 repetições em cada exercício. Se o participante conseguisse

realizar a 11ª repetição com facilidade, aumentava-se a carga naquele

aparelho e repetia-se o teste. Caso o participante não conseguisse executar a

7ª repetição, diminuía-se a carga naquele aparelho e repetia-se o teste. A

carga utilizada para cada exercício e o número de repetições executadas foi

aplicada na fórmula matemática de Brzycki ([100 x carga/102.78 - (2.78 x

repetições])94 para estimar uma repetição máxima. A prescrição de exercícios

resistidos considerou 60% de uma RM para cada musculatura62. Os aparelhos

utilizados para esta medida foram da marca Sportin®. A força muscular de

tronco também foi verificada por meio do teste isocinético, em um dinamômetro

da marca Cybex® modelo 10000. A avaliação foi realizada com o participante

em posição ortostática, membros inferiores fixados para promover apenas o

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43

movimento de flexão e extensão do tronco. Foram realizadas repetições

concêntricas com velocidade angular de 60 graus por segundo, o que permitiu

com que a pessoa realizasse o movimento respeitando suas limitações e

dentro dos parâmetros mensuráveis do aparelho. Essa velocidade angular foi

escolhida por ser considerada mais segura para testes de flexão e extensão do

tronco95. Os parâmetros avaliados foram: pico de torque (em newtons por

metro), trabalho total (em joules) e potência máxima (em watss).

Figura 2. Imagem de um participante durante o Teste de Força Muscular.

A. Teste sete – 10 RM. B. Teste isocinético

4.1.3 Composição corporal e dados antropométricos

A composição corporal foi avaliada por meio da bioimpedância elétrica,

no aparelho da marca Sanny®, na qual foram verificadas a distribuição da

massa livre de gordura e a gordura corporal. Como preparo, foi necessário não

consumir café preto, chá mate e refrigerante no dia da avaliação e também,

jejum de alimentos e bebidas nas 4 horas antecedentes à avaliação. Além

disso, a ingestão de dois litros de água no dia anterior foi solicitada. Esse

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preparo é necessário, pois a hipoidratação ou a hiperidratação altera as

concentrações eletrolíticas do corpo96.

A pesagem foi realizada na balança digital para pesagem de pessoas

Micheletti®, com a pessoa em uso de roupas leves e sem calçados, em

posição ortostática. A medida de estatura foi realizada em estadiômetro fixo na

parede da marca Sanny®. A bioimpedância foi realizada com o participante em

decúbito dorsal, membros inferiores afastados. Eletrodos foram afixados na

pele, sendo dois na mão direita (um na região do punho entre o rádio e a ulna e

outro na região do carpo, próximo ao capitato) e dois no pé direito (um na

região do tornozelo entre a tíbia e a fíbula e outro na região do tarso, no

intermédio lateral). Os cabos elétricos foram conectados em seus respectivos

eletrodos96.

Os dados antropométricos e os resultados dos testes de força muscular

de 7 – 10 RM foram registrados na ficha de avaliação de cada participante

(Apêndice I).

Figura 3. Imagem de um participante durante a avaliação de composição

corporal.

A. Verificação do peso. B. Verificação da altura. C. Teste de Bioimpedância Elétrica

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4.1.4 Equilíbrio postural

O equilíbrio postural foi avaliado por meio do teste Mini Best Test (Anexo

D), com total de 28 pontos, composto por 14 exercícios divididos em quatro

domínios:

a) Transições – ajustes posturais antecipatórios (6 pontos);

b) Respostas Posturais Reativas (6 pontos);

c) Orientação sensorial (6 pontos);

d) Estabilidade na marcha (10 pontos)97.

4.1.5 Nível de atividade física dos participantes e seus principais

cuidadores

O nível de atividade física dos participantes e dos principais cuidadores foi

verificado pelo aparelho acelerômetro modelo 3GTX da marca Actigraph®,

triaxial, com capacidade para verificar a aceleração em três planos: vertical,

anteroposterior e médio-lateral. Os aparelhos foram entregues pessoalmente

aos avaliados, previamente inicializados e com nível suficiente de bateria para

o período de coleta dos dados. Foram detalhados os procedimentos de uso

como o período e o tempo de utilização, o posicionamento correto do aparelho

no corpo e também, a necessidade de retirar o aparelho nos momentos de

banho ou atividades aquáticas. Os principais cuidadores assinaram o Termo de

Responsabilidade (Apêndice II), comprometendo-se em utilizar o aparelho de

maneira adequada, mantendo-os em perfeito estado de conservação e os

devolvendo na data e horário previamente agendados. O aparelho não foi

utilizado durante a realização dos exercícios do programa deste estudo. Os

acelerômetros foram colocados na cintura dos participantes e dos principais

cuidadores por meio de uma cinta elástica. O aparelho foi utilizado por dois

dias inteiros e consecutivos durante a semana. Os avaliados não utilizaram o

aparelho em finais de semana. O cálculo do nível de atividade física foi

realizado por meio do software Actlife® 6.13.198.

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Figura 4. Imagem de um participante e sua principal cuidadora e do aparelho acelerômetro.

A. Participante e sua principal cuidadora em uso do aparelho acelerômetro. B. Aparelho acelerômetro.

4.1.6 Outras variáveis analisadas

Também foram analisadas:

- O risco para SAOS, por meio do Questionário de Berlim (Anexo E),

instrumento composto por dez questões, dividido em três categorias:

a) Categoria 1: refere-se ao ressonar, sua intensidade e frequência;

b) Categoria 2: verifica os episódios de sonolência diurna e

adormecimento durante as atividades cotidianas;

c) Categoria 3: questiona sobre histórico de hipertensão arterial

sistêmica (HAS) e IMC. Valores de IMC igual ou acima de 30 kg/m2 torna essa

categoria positiva, independente do histórico de hipertensão arterial sistólica

(HAS). Considera-se alto risco para SAOS duas ou mais categorias positivas99.

- As barreiras para prática de exercício físico, por meio do Questionário

Barreiras adaptado (Apêndice III), composto por 11 itens considerados

impeditivos para a prática, na qual o principal cuidador respondeu se cada item

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interferia para prática de exercício físico sempre, quase sempre, às vezes,

raramente ou nunca100.

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48

5| Intervenção

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49

5. Intervenção

O programa de exercícios físicos para pessoas com SD foi realizado duas

vezes por semana, em sessões de 60 minutos, durante 24 semanas no IMREA

HCFMUSP – Rede Lucy Montoro, unidade Lapa, São Paulo, São Paulo, Brasil.

Dois grupos realizaram a intervenção em dois períodos diferentes. O 1° grupo

participou do programa no período de julho/2015 à dezembro/2015 e o 2°

grupo, de fevereiro/2016 à julho/2016. Os dados dos dois grupos foram

analisados em conjunto para obtenção dos resultados.

Antes de iniciar as atividades em cada sessão do programa, os

participantes tiveram aferida sua FC de repouso por meio de palpação do pulso

radial. Caso não apresentasse alteração de pulso, era encaminhado ao

exercício aeróbio em bicicleta ergométrica estacionária da marca Biocycle®.

No exercício aeróbio, os três primeiros minutos foram realizados com a

bicicleta ergométrica sem carga, para aquecimento. A partir do 4° minuto,

ajustava-se a carga para que o participante conseguisse alcançar ou se

aproximar de 60 a 70% da FC máxima alcançada no teste ergoespirométrico. A

FC foi aferida no 10° e 20° minutos de exercício aeróbio e também, três

minutos após o término (FC de recuperação). Essas informações foram

registradas na ficha de controle diário de cada participante (Apêndice IV).

Na sequência, realizaram-se oito exercícios resistidos para as

musculaturas: dorsal, peitoral, abdome, abdutores do quadril, adutores do

quadril, flexores plantar, extensores e flexores dos joelhos, e exercício em duas

séries com 10 repetições, com intervalo de 40 segundos entre as séries,

intensidade de 60% do valor estimado de 1 RM e duração de 30 minutos62,86.

Os aparelhos de musculação utilizados foram da marca Sportin®. O trabalho

de fortalecimento de pequenos grupos musculares como bíceps e tríceps não

foi prescrito, pois alguns participantes apresentaram dificuldade em

compreender os movimentos.

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Figura 5. Imagem de três participantes na realização dos exercícios físicos.

A. Dois participantes na realização de exercícios resistidos. B. Participante na realização de exercício aeróbio.

Exercícios com pesos livres também não foram prescritos por ser mais

segura a realização de exercícios em aparelhos, pelo alto risco de queda de

um peso livre, o que poderia ocasionar lesões. Todos os exercícios foram

orientados aos participantes visual e verbalmente, para facilitar a

compreensão5,101.

Ao término de cada sessão, foram realizados exercícios de alongamento

muscular, por dez minutos. Os exercícios resistidos foram registrados na ficha

de prescrição de exercícios (Apêndice V).

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51

6| Análise estatística

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52

6. Análise estatística

A normalidade dos dados foi verificada por meio do teste Shapiro-Wilk.

O Test T pareado foi utilizado para comparar as variáveis pré e pós-programa,

com nível de significância p<0,05. Os valores foram apresentados em média e

desvio padrão. Foi realizada análise descritiva e distribuição de frequência da

amostra. O Teste de Correlação de Pearson foi utilizado para analisar a

correlação entre as variáveis do nível de atividade física dos participantes e dos

principais cuidadores. O programa utilizado foi IBM® SPSS, versão 22.0.

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7| Resultados

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7. Resultados

Foram selecionadas 29 pessoas com SD. Quatro foram excluídas por não

atenderem aos critérios de inclusão (uma pessoa foi excluída por problemas

ortopédicos e três por deficiência intelectual grave). Iniciaram no programa 25

pessoas e quatro descontinuaram a intervenção. Os motivos da

descontinuidade ao programa por dois participantes foram intervenções

cirúrgicas (colecistectomia e retirada de cisto lombar), um participante alterou o

horário escolar e a outro, mudou de município. Finalizaram o programa de

exercícios 21 pessoas. A adesão foi de 84% e a média da frequência foi de

96,03% (Figuras 6 e 7). O fluxograma de perdas foi construído de acordo com

as diretrizes CONSORT (2008)102.

Figura 6. Fluxograma de perdas do estudo.

Excluídos por não atenderem aos critérios de inclusão (problemas

ortopédicos e deficiência intelectual grave) (n=4)

Selecionadas

(n=29)

Descontinuaram a intervenção

(intervenções cirúrgicas,

alteração horário escolar,

mudança de município (n=4)

25 participantes no estudo

Analisados (n=21)

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Figura 7. Distribuição de frequência dos participantes do estudo ao

programa.

Entre os participantes, sete (33,3%) eram do sexo feminino e 14 (66,6%)

eram do sexo masculino. A idade média foi de 21,95, e variou entre 18 e 32

anos (Figura 8). Quanto aos dados antropométricos, o peso e altura médios

foram de 61,12 kg e 152,19 cm respectivamente. O IMC médio foi de 26,53

kg/m2, e variou entre 17,3 e 37,1 kg/m2 (Figura 9) (Tabela 1). Todos os

participantes residiam com os pais.

86,0%

88,0%

90,0%

92,0%

94,0%

96,0%

98,0%

100,0%

102,0%

1 2 3 4 5 6

94,7%

90,7%

98,1%

99,8%

96,8% 96,1%

Meses

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56

Figura 8. Distribuição de idades dos participantes com SD do estudo.

Figura 9. Distribuição IMC dos participantes com SD do estudo.

0

5

10

15

20

25

30

35

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21

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Tabela 1. Caracterização da amostra.

Sexo

Feminino Masculino

N = 7 N = 14

Média (DP) Média (DP)

Idade 23,24(5,36) 21,35(3,65)

Peso (kg) 58,48(12,77) 62,45(9,42)

Altura (cm) 141,57(3,77) 157,50(3,81)

IMC (kg/m2) 29,68(6,50) 24,95(4,04)

Cor/Raça N N

Branca 07 13

Preta - -

Parda - -

Amarela - 01

Indígena - -

Quanto à escolaridade, sete participantes (33,3%) tinham ensino

fundamental incompleto, um (4,7%), ensino fundamental completo, quatro

(19%), ensino médio incompleto e nove (42,9%) ensino médio completo.

Dentre todos os participantes, seis (28,6%) eram analfabetos, nove (42,8%)

alfabetizados funcionais rudimentares e seis (28,6%), alfabetizados funcionais

básicos. Segundo dados do prontuário, todos foram diagnosticados com

deficiência intelectual leve.

No que se refere aos principais cuidadores, 20 (95,2%) eram do sexo

feminino (mães dos participantes) e um (4,7%) do sexo masculino (tio paterno

de um dos participantes). A média de idade foi de 54,1 anos, variando entre 41

e 68 anos. Haviam 16 cuidadores (76,2%) casados, três (14,3%) solteiros, um

(4,7%) divorciado e um (4,7%) viúvo. Quanto à escolaridade, oito (38%) tinham

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ensino fundamental incompleto, dois (9,5%) ensino fundamental completo, seis

(28,6%) ensino médio completo e cinco (23,8%), ensino superior completo.

A avaliação do condicionamento cardiorrespiratório avaliada no início e

no final do programa mostrou melhora no VO2 pico (p=0,001; ∆=3,40) com

melhora significativa no percentual do predito (p=0,003)85. Nos limiares

ventilatórios 1 e 2 também houve melhora (p=0,001 e p=0,002

respectivamente) (Tabela 2).

Tabela 2. Resultados no condicionamento cardiorrespiratório dos participantes com SD, pré e pós-programa.

Máximo Pré Pós

Média (DP) Média (DP) ∆ p

VO2 pico (mL.kg.min-1

) 24,40(5,20) 27,81(5,75) 3,40 0,001

% predito 69,25 78,08 8,83 0,003

LV 1, mL.kg.min-1

17,77(3,74) 21,96(4,84) 4,19 0,001

LV 2 mL.kg.min-1

21,02(4,18) 25,50(4,83) 4,47 0,002

VO2: consumo de oxigênio; LV 1: limiar ventilatório 1; LV 2: limiar ventilatório 2; ∆: final - inicial

Os participantes apresentaram ganho em força muscular quando

avaliados pelo teste de 7-10 RM no pós-programa (p=0,0001) e, ao analisar por

sexo, houve diferença tanto para o sexo masculino quanto para o sexo

feminino (Tabela 3).

A força muscular de tronco avaliada pós-programa por meio do teste

isocinético, apresentou aumento no percentual do predito para flexores e

extensores do tronco. Houve diferença em potência para os extensores e

flexores do tronco e também, em trabalho total. Ao analisar por sexo, não

houve diferença para o sexo masculino em potência dos extensores do tronco

e torque, trabalho e potência dos flexores do tronco (Tabela 4).

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59

Na composição corporal, não houve diferença para peso, gordura corporal

e massa livre de gordura para o grupo e, ao analisar por sexo, também não

foram encontradas diferenças (Tabela 5).

Tabela 3. Resultados na força muscular dos participantes com SD no pré e pós-programa, obtidos por meio do teste 7 – 10 RM.

Participantes (total) Pré Pós Ganho

Média (DP) Média (DP) (%) p

Abd. Quadril 63,62(19,54) 86,88(19,21) 36,5 0,0001

Adut. Quadril 51,63(18,14) 69,78(19,97) 35,1 0,0001

Ext. joelhos 14,02(4,78) 24,20(11,58) 72,6 0,0001

Flex. Joelhos 16,53(4,13) 27,10(7,82) 63,9 0,0001

Dorsal 21,33(6,75) 31,80(5,99) 49,0 0,0001

Peitoral 34,62(21,03) 67,45(22,53) 94,8 0,0001

Flex. Plantar 71,94(22,31) 127,99(42,47) 77,9 0,0001

Sexo Feminino

Abd. Quadril 52,91(9,57) 69,61(6,15) 31,5 0,0001

Adut. Quadril 44,12(11,35) 54,32(11,14) 23,1 0,002

Ext. joelhos 9,85(1,70) 16,10(4,11) 63,4 0,006

Flex. Joelhos 14,22(3,43) 20,67(3,87) 45,3 0,008

Dorsal 18,38(4,16) 26,62(2,66) 44,8 0,002

Peitoral 18,52(17,04) 49,74(18,73) 168,5 0,01

Flex. Plantar 66,64(29,81) 113,91(58,74) 70,9 0,030

Sexo Masculino

Abd. quadril 68,97(21,21) 95,51(17,59) 38,4 0,0001

Adut. Quadril 55,38(20,04) 77,51(19,07) 39,9 0,0001

Ext. joelhos 16,10(4,44) 28,25(12,07) 75,4 0,001

Flex. joelhos 17,68(4,06) 30,32(7,33) 71,4 0,0001

Dorsal 22,80(7,43) 34,38(5,51) 50,8 0,0001

Peitoral 42,67(18,35) 76,30(19,12) 78,8 0,0001

Flex. plantar 74,60(18,23) 135,02(31,97) 80,9 0,0001

Abdt.: Abdutores; Adut.: Adutores; Ext.: Extensores; Flex.: Flexores

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Tabela 4. Resultados do teste isocinético para extensores e flexores do tronco dos participantes com SD no pré e pós-programa.

Extensores Flexores

Participantes

(total)

Pré Pós Pré Pós

Média (DP) Média (DP) p Média (DP) Média (DP) p

Torque (Nm) 61,57(40,45) 81,90(46,84) 0,004 67,76(56,51) 91,57(56,13) 0,02

% predito 44,5 59,2 73,5 99,3

Trabalho (J) 57,66(45,88) 84,61(55,92) 0,002 71,95(64,04) 91,57(62,65) 0,026

Potência (W) 44,23(38,64) 54,80(41,45) 0,029 57,23(55,80) 74,85(54,54) 0,019

Sexo Feminino

Torque (Nm) 34,57(27,48) 56,71(27,28) 0,009 39,85(31,92) 67,71(36,89) 0,033

% predito 24,9 40,9 43,2% 73,4

Trabalho (J) 27,00(27,37) 52,00(30,08) 0,005 32,28(28,77) 56,71(35,98) 0,018

Potência (W) 23,42(32,61) 38,71(31,60) 0,003 23,57(33,35) 48,00(37,22) 0,055

Sexo Masculino

Torque (Nm) 75,07(39,74) 94,50(50,19) 0,051 81,71(61,76) 103,50(61,31) 0,127

% predito 54,2 68,3 88,6 112,2

Trabalho (J) 73,00(46,19) 100,92(59,45) 0,028 91,78(68,24) 109,00(66,79) 0,168

Potência (W) 54,64(38,16) 62,85(44,42) 0,233 74,07(57,98) 88,28(57,92) 0,142

J: joule; Nm: Newton/metro; W = watt.

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61

Tabela 5. Resultados para composição corporal dos participantes com SD, obtidos por meio da bioimpedância elétrica no pré e pós-programa.

Pré Pós

Participantes Média (DP) Média (DP) p

Peso (kg) 61,20(10,27) 61,00(10,27) 0,648

GC (kg) 23,29(12,10) 22,97(11,57) 0,635

MLG (kg) 46,60(9,16) 46,52(8,97) 0,847

Sexo

Feminino Masculino

Pré Pós Pré Pós

Média (DP) Média (DP) p Média (DP) Média (DP) p

Peso (kg) 51,85(16,01) 51,07(15,34) 0,158 62,37(9,38) 62,54(9,58) 0,752

GC (kg) 37,49(8,59) 36,39(7,85) 0,510 16,18(5,33) 16,26(5,67) 0,902

MLG (kg) 35,95(3,38) 36,11(3,38) 0,830 51,92(5,68) 51,73(5,55) 0,678

GC: Gordura corporal; MLG: Massa livre de gordura.

O equilíbrio postural mostrou diferença para o domínio I Transições –

ajustes posturais antecipatórios (p=0,016) e no escore total da avaliação

(p=0,02). Não houve diferença para os demais domínios (Tabela 6).

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62

Tabela 6. Resultados no equilíbrio postural dos participantes com SD, obtidos

por meio do teste Mini Best Test no pré e pós-programa.

Domínios Pré Pós

Média (DP) Média

(DP)

p

Transições e ajustes posturais antecipatórios 4,1(0,5) 4,4(0,7) 0,016

Respostas posturais reativas 4,9(1,1) 4,6(1,4) 0,208

Orientação sensorial 5,6(0,6) 5,7(0,5) 0,162

Estabilidade na marcha 7,7(1,3) 8,3(1,1) 0,062

Escore Total: 22,3 (2,17) 23,4 (2,26) 0,002

Quanto ao nível de atividade física, não houve diferença do pré para o pós-

programa em AFMV/dia (p=0,751), passos diários (p= 0,181) e tempo em

sedentarismo (p=0,431). Também não foram encontradas diferenças na análise

por sexo (Tabela 7). Ao comparar o sexo feminino com o masculino, não houve

diferença. Quanto aos principais cuidadores, notou-se também que não houve

diferença do pré para o pós-programa em AFMV/dia (p=0,265), passos diários

(p=0,946) e tempo em sedentarismo (p=0,775). No que se refere à correlação

do nível de atividade física dos participantes e seus principais cuidadores, no

pós-programa, houve correlação moderada em AFMV/dia e correlação forte em

passos diários (Tabela 8).

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Tabela 7. Nível de atividade física dos participantes geral, por sexo e comparação sexo feminino e sexo masculino.

Participantes Pré Pós

Média (DP) Média (DP) p

AFMV/dia (min.) 30,96 (±23,23) 32,42(17,86) 0,751

Passos/dia 8144(±4429) 9789(5416) 0,181

Tempo sedent. 514,99(129,76) 485,43(96,43) 0,431

Sexo Feminino

AFMV/dia (min.) 34,73(33,95) 35,96(24,66) 0,907

Passos/dia 7165(5089) 8974(5829) 0,502

Tempo sedent. 540,10(184,58) 506,11(133,74) 0,629

Sexo masculino

AFMV/dia (min.) 27,13(12,67) 27,30(11,17) 0,599

Passos/dia 7723(3076) 8587(3364) 0,148

Tempo sedent. 473,87(59,33) 470,56(65,88) 0,582

Comparação entre os sexos no pré-programa

Sexo Feminino Sexo Masculino

Pré Pré

Média (DP) Média (DP) p

AFMV/dia (min.) 34,73(33,95) 27,13(12,67) 0,694

Passos/dia 7165(5089) 7723(3076) 0,822

Tempo sedent. 540,10(184,58) 473,87(59,33) 0,387

Comparação entre os sexos no pós-programa

Sexo Feminino Sexo Masculino

Pós Pós

Média (DP) Média (DP) p

AFMV/dia (min.) 35,96(24,66) 27,30(11,17) 0,421

Passos/dia 8974(5829) 8587(3364) 0,770

Tempo sedent. 506,11(133,74) 470,56(65,88) 0,336

AFMV: atividade física moderada/vigorosa; sedent.: sedentarismo.

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Tabela 8. Nível de atividade física dos principais cuidadores e a correlação entre os participantes com SD e seus principais cuidadores no pré e pós-programa.

Principais cuidadores Pré Pós

Média (DP) Média (DP) p

AFMV/dia (min.) 39,47(28,14) 27,95(17,76) 0,265

Passos/dia 9493(6487) 9351(7521) 0,946

Tempo sedent. 515,35(100,88) 521,58(122,11) 0,775

Correlação pré-programa

Participantes Principais cuidadores

Pré Pré

Média (DP) Média (DP) R p

AFMV/dia (min.) 30,96 (±23,23) 39,47(28,14) 0,649 0,031

Passos/dia 8144(±4429) 9493(6487) 0,586 0,058

Tempo sedent. 514,99(129,76) 515,35(100,88) -0,040 0,908

Correlação pós-programa

Participantes Principais cuidadores

Pós Pós

Média (DP) Média (DP) R p

AFMV/dia (min.) 32,42(17,86) 27,95(17,76) 0,563 0,071

Passos/dia 9789(5416) 9351(7521) 0,800 0,03

Tempo sedent. 485,43(96,43) 521,58(122,11) 0,078 0,819

AFMV: atividade física moderada/vigorosa; sedent.: sedentarismo

Nas avaliações pós-programa observou-se diminuição no número de

participantes com alto risco para SAOS, três participantes no início para um

participante ao final. No que se refere à análise do ressonar e sonolência

diurna, houve diminuição no número de participantes com estas categorias

(categorias 1 e 2) positivas (Tabela 9).

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65

Tabela 9. Resultados para as categorias 1, 2 e 3 para o risco SAOS dos participantes com SD, obtidos por meio do Questionário de Berlim, no pré e pós-programa.

Categorias

Pré Pós

Positiva

N (%)

Negativa

N (%)

Positiva

N (%)

Negativa

N (%)

1 – Ressonar 4 (19,0%) 17 (81,0%) 1 (4,7%) 20 (95,3%)

2 – Sonolência diurna 1 (4,7%) 20 (95,3%) 0 (0,0%) 21 (100,0%)

3 – Hipertensão arterial/IMC > 30 kg/m2 5 (23,8%) 16 (76,2%) 5 (23,8%) 16 (76,2%)

IMC: Índice de Massa Corpórea.

No que se refere às barreiras para prática de exercício físico, as mais

assinaladas pelos principais cuidadores no pré-programa foram: falta de tempo

disponível, falta de condições financeiras e falta de interesse em praticar

exercício físico. Já no pós-programa, a falta de tempo disponível e a falta de

condições financeiras ainda foram as mais assinaladas, seguidas por falta de

incentivo (Tabela 10).

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66

Tabela 10. Barreiras identificadas pelos principais cuidadores dos participantes com SD para prática de exercício físico, no pré e pós-programa.

N (%)

Pré-programa

Barreiras Sempre Quase

sempre

Às vezes Raramente Nunca

Falta tempo disp. 11 (52,38%) 4 (19,05%) - - 6 (28,57%)

Fatores climáticos 3 (14,28%) - - - 18 (85,72%)

Falta dispon. amb. 2 (9,52%) 1 (4,76%) 1 (4,76%) - 17 (80,96%)

Falta equip. disp. 2 (9,52%) - 1 (4,76%) - 18 (85,72%)

Falta companhia 3 (14,28%) - 1 (4,76%) 1 (4,76%) 16 (76,20%)

Falta incentivo 2 (9,52%) - 3 (14,28%) - 16 (76,20%)

Falta cond. financ. 6 (28,57%) 1 (4,76%) 1 (4,76%) 1 (4,76%) 12 (57,14%)

Dores/mal estar 2 (9,52%) - 1 (4,76%) - 18 (85,72%)

Falta conhecimento - 1 (4,76%) - - 20 (95,24%)

Falta amb. Seguro - 1 (4,76%) 1 (4,76%) - 19 (90,47%)

Falta int. prat. ex. fís. 3 (14,28%) 2 (9,52%) 2 (9,52%) 2 (9,52%) 12 (57,14%)

Pós-programa

Sempre Quase

sempre

Às vezes Raramente Nunca

Falta tempo disp. 9 (42,85%) 6 (28,57%) - - 6 (28,57%)

Fatores climáticos 1 (4,76%) 2 (9,52%) - 2 (9,52%) 16 (76,20%)

Falta dispon. amb. 1 (4,76%) 1 (4,76%) 2 (9,52%) - 17 (80,96%)

Falta equip. disp. 3 (14,28%) 2 (9,52%) 2 (9,52%) 1 (4,76%) 13 (61,91%)

Falta companhia 3 (14,28%) - 2 (9,52%) - 16 (76,20%)

Falta incentivo 4 (19,05%) 1 (4,76%) 1 (4,76%) 2 (9,52%) 13 (61,91%)

Falta cond. financ. 6 (28,57%) - 3 (14,28%) 1 (4,76%) 11 (52,38%)

Dores/mal estar 2 (9,52%) 1 (4,76%) 2 (9,52%) - 16 (76,20%)

Falta conhecimento 1 (4,76%) 1 (4,76%) 2 (9,52%) - 17 (80,96%)

Falta amb.seguro 2 (9,52%) 2 (9,52%) 1 (4,76%) - 16 (76,20%)

Falta int. prat. ex. fís. 2 (9,52%) - 4 (19,05%) 1 (4,76%) 14 (66,66%)

amb.: ambiente; cond.: condições; disp.: disponível; dispon.: disponibilidade; equip.: equipamento; ex.: exercício; financ.: financeiras; fís.: físico; int.: interesse; prat.: praticar.

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67

8| Discussão

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68

8. Discussão

Esse estudo propôs avaliar o impacto de um programa de exercícios

físicos orientado para jovens adultos com SD. A inclusão do exercício físico no

cotidiano previne doenças e melhora o condicionamento físico geral, além de

ser um importante preditor de estilo de vida saudável7,10-12.

Pessoas com SD que praticam exercícios apresentam melhor aptidão

física, devido essa prática contribuir na melhora do condicionamento

cardiorrespiratório, força muscular e peso corporal10-19, porém essa população

apresenta pouca participação em programas de exercícios por razões

multifatoriais como falta de motivação, inclusão social, programas e supervisão

adequados14. Em geral, apenas 50% das pessoas que ingressam em um

programa de exercícios físicos permanecem nele por mais de seis meses103.

Nesse estudo com duração de seis meses, a adesão foi de 84%. Acredita-se

que esse valor foi alcançado devido à pouca oportunidade de programas de

exercícios direcionados a essa população e ao comprometimento dos

cuidadores em comparecer ao programa.

Os valores de VO2 pico pós-programa para os participantes dessa

pesquisa foram um pouco mais altos do que os encontrados por Millar et al11

(25,56±7,82 ml.kg.min-1), Rimmer et al21 (17,8±4,6 ml.kg.min-1), e um pouco

mais baixos do que os encontrados por Varela et al10, Mendonça et al16 Boer et

al18 e Tsimaras et al12 (31,7±4,0; 37,3±7,9; 31,7±7,9 e 35,7±10,7 ml.kg.min-1,

respectivamente). No estudo de Millar et al11, os participantes tinham idade

média de 17,7 anos, e apresentaram diminuição na capacidade aeróbia após o

programa de exercícios. Para esses autores, pessoas com síndrome de Down

não respondem da mesma maneira que pessoas sem a síndrome a um

treinamento físico.

A idade dos participantes do estudo de Rimmer et al21 foi de 38,6±6,2

anos, o que provavelmente justifique o condicionamento cardiorrespiratório um

pouco mais baixo. Já os participantes do estudo de Varela et al10 e Mendonça

et al16 realizavam trabalho físico de cinco a seis horas por dia, cinco vezes por

semana e isso provavelmente contribuiu para que apresentassem melhor

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condicionamento cardiorrespiratório. No estudo de Boer et al18, não há

informações sobre o nível de atividade física dos participantes e, a intervenção

do programa de exercícios de Tsimaras et al12 foi realizada três vezes por

semana, em sessões de 45 minutos, apenas com exercício aeróbio.

Assim como no presente estudo, Mendonça et al16, Rimmer et al21,

Mendonça et al17 e Boer et al18, encontraram também diferenças para VO2 pico.

Não foi encontrada diferença no estudo de Varela et al10, que aplicou um

programa de exercícios aeróbio em ergômetro de remo, três vezes por

semana, em sessões de 15-25 minutos, durante 12 semanas e no estudo de

Millar et al11, que propôs caminhada, corrida e trote em ambiente externo três

vezes por semana, por 30 minutos, durante 10 semanas. É provável que a

duração do programa não tenha influenciado no resultado, já que outras

pesquisas com tempo semelhante apresentaram melhora nessa variável16,18,21.

Esses resultados podem ter ocorrido devido ao método de exercício utilizado

pelos pesquisadores. O ergômetro de remo solicita movimentos variados e

complexos quando comparado à esteira rolante ou cicloergômetro estacionário

de membros inferiores e, pessoas com deficiência intelectual podem apresentar

dificuldade em realizar esse exercício de maneira adequada. Já o ambiente

externo não foi controlado, o que pode influenciar no desempenho dos

participantes por alterações como a temperatura e o tipo de solo.

No presente estudo, houve importante ganho no condicionamento

cardiorrespiratório dos participantes. Isso provavelmente ocorreu devido

apresentarem baixa condição cardiorrespiratória. Os valores pós-programa

ainda continuaram baixos, porém no pré-programa alcançaram 69,2% do

predito e no pós-programa, 78%.

No que se refere à força muscular do tronco avaliada por meio do teste

isocinético, foram analisados os seguintes parâmetros: trabalho total, potência

e pico de torque. A medida do trabalho total representa a capacidade da

musculatura em gerar força ao longo de toda a amplitude de movimento. A

velocidade com que a musculatura é capaz de gerar esse trabalho é definida

como potência. Já pico de torque é o momento em que o pico de força é

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aplicado em uma alavanca durante o movimento rotacional, e reflete a

capacidade da musculatura em gerar força95.

Valores normativos para força de tronco trazem média aproximada de

torque de 138,3 Nm para extensores e 92,2 Nm para flexores104. No pré-

programa, os participantes alcançaram média para os extensores de 61,57 Nm

(44,4% do predito) e 67,66 Nm para os flexores (73,5% do predito). Já no pós-

programa, os valores para os extensores do tronco alcançaram valor médio de

81,90 Nm (59,2%) e 91,57 Nm para os flexores (99,2% do predito).

No presente estudo, notou-se que os flexores do tronco das pessoas com

SD apresentaram maior força quando comparados aos extensores, o que

demonstra um desequilíbrio muscular. Isso pode ser devido ao déficit de

controle postural relacionado ao equilíbrio e hipotonia presentes nas pessoas

com SD52-54. Observou-se dificuldade de compreensão por parte dos

participantes para realização do movimento solicitado no teste, o que pode ter

contribuído para que não obtivessem pontuação melhor. Na literatura há

estudos que avaliaram a força muscular de pessoas com SD por meio do teste

isocinético para flexores dos cotovelos, extensores e flexores dos joelhos,

porém não encontramos relatos desse tipo de avaliação para extensores e

flexores do tronco, como realizado no presente estudo105-107.

Quanto à força muscular avaliada por meio do teste de sete a 10 RM,

pode-se observar diferença do pré para o pós-programa. Rimmer et al21,

Mendonça et al16 e Shields et al15 também aplicaram programa de exercícios e

analisaram os resultados em força muscular. Rimmer et al21 aplicaram um

programa de exercícios resistidos para sete grupos musculares (peitoral,

flexores e extensores dos joelhos, extensores e flexores dos cotovelos, ombros

e dorsal), em duas séries de 10 a 20 repetições, quatro vezes por semana,

durante 12 semanas. Assim como no presente estudo, houve aumento de força

e resistência da musculatura peitoral (p=0,0001). As demais musculaturas

trabalhadas não foram analisadas isoladamente. Os autores realizaram teste

de preensão manual, o qual não apresentou diferença. Mendonça et al16

aplicaram exercícios resistidos em 2 séries de 12 repetições para oito grupos

musculares (extensores e flexores dos joelhos, peitoral, ombros, lombar,

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flexores e extensores dos cotovelos e abdominais). Os resultados mostraram

que os participantes do grupo experimental obtiveram ganho aproximado de

35% em força muscular dos extensores dos joelhos, valor inferior ao

encontrado no presente estudo (68,7%), porém a idade dos participantes da

pesquisa de Mendonça et al16 era maior (36,5±5,5 anos) e o tempo de

intervenção, menor (12 semanas).

Shields et al15 aplicaram programa de exercícios para cinco grupos

musculares (dorsal, peitoral, extensores e flexores dos joelhos, tricepssural),

em três séries de 12 repetições, duas vezes por semana, durante 10 semanas.

Os resultados mostraram aumento de 21% em força muscular nos membros

superiores e 30% nos membros inferiores. Estes estudos demonstram que as

pessoas com SD que realizam exercícios resistidos obtêm aumento na força

muscular, mesmo quando esses programas são realizados por períodos mais

curtos.

Não foram encontradas diferenças de composição corporal do pré para o

pós- programa. Estes resultados corroboram com os encontrados por Rimmer

et al21 e Mendonça et al16, que aplicaram programas de exercícios aeróbio e

resistido, e avaliaram a composição corporal por meio do adipômetro e da

bioimpedância elétrica respectivamente e Boer et al18, que aplicou apenas

exercício aeróbio e avaliou a composição corporal por meio da bioimpedância

elétrica.

Já Mendonça et al17, Neto et al13 e Neto et al14 em seus estudos,

encontraram diferença na composição corporal. Mendonça et al17 aplicaram

programa de exercícios aeróbios utilizando quatro tipos de equipamentos

diferentes (esteira ergométrica, elíptico, cicloergômetro vertical e ergômetro de

remo), duas vezes por semana, por 40 minutos, durante 28 semanas. A

avaliação da composição corporal foi realizada por meio da bioimpedância

elétrica. Neto et al13 e Neto et al14 aplicaram programa de exercícios resistidos

para os grupos musculares: peitoral, flexores e extensores dos joelhos, dorsal,

tricepssural, flexores e extensores dos cotovelos, abdominais, em sessões de

60 minutos, três vezes por semana e avaliação da composição corporal foi

realizada por meio do adipômetro.

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Os participantes do estudo de Mendonça et al17 realizaram apenas

exercício aeróbio, em sessões e tempo de intervenção maiores. Neto et al13 e

Neto et al14 aplicaram exercícios resistidos, em sessões com maior duração,

porém com tempo menor de intervenção. O método avaliativo utilizado por

esses autores foi o da medida de dobras cutâneas, por meio do aparelho

adipômetro. Sabe-se que este método pode não trazer resultados fidedignos,

pois diversos fatores podem influenciar como a experiência do avaliador, o tipo

de adipômetro e a equação utilizada49,50, ao contrário da bioimpedância

elétrica, que independe da experiência do avaliador e apresenta alta

reprodutibilidade43,49,51. Faz-se necessário então investigar se programas

apenas com exercício aeróbio ou apenas com exercício resistido, em sessões

mais longas ou com tempo maior de intervenção trazem melhores resultados

para a composição corporal das pessoas com SD, avaliadas por meio da

bioimpedância elétrica.

Em relação aos distúrbios do sono, sabe-se que afetam de 9 a 24% da

população adulta48. Pessoas com SD, quando comparadas a outras com

deficiência intelectual, são mais suscetíveis a SAOS desde a infância, com

prevalência de 30 a 80% aproximadamente108,109. Algumas características

físicas dessa população contribuem para esse risco aumentado como

hipoplasia facial, hipotonia muscular, além da obesidade e hipotireoidismo110.

Poucos estudos avaliaram a eficácia de um programa de exercícios físicos para

diminuir os sintomas da SAOS na população em geral. Schultz et al (2013),

realizaram uma pesquisa com 25 homens, idades entre 25 e 55 anos, divididos

em três grupos: um grupo utilizou máscara nasal, o outro utilizou aparelho oral

e o terceiro grupo realizou exercício aeróbio e resistido, três vezes por semana,

em sessões de 60 minutos. A pesquisa teve duração de dois meses. Houve

diminuição nos índices de apneia dos participantes que utilizaram a máscara

nasal e o aparelho oral e, aos que realizaram exercícios, houve diminuição da

sonolência diurna subjetiva. Ackel-D’Elia et al (2011), também realizaram uma

pesquisa com 32 homens com idades entre 25 e 65 anos, divididos em dois

grupos, um que utilizou máscara nasal para dormir e o outro grupo que, além

de utilizar a máscara, também participou de um programa de exercícios

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aeróbios com caminhada ou corrida, três vezes por semana, em sessões de 60

minutos, durante dois meses. Como resultados, ambos os tratamentos foram

efetivos na diminuição da sonolência diurna subjetiva, porém o uso da máscara

nasal associado à prática de exercícios foi mais eficaz na manutenção desses

resultados111,112.

Não foram encontradas pesquisas que avaliaram o risco para SAOS após

um programa de exercícios para pessoas com SD. No presente estudo, foi

observada diminuição do número de participantes com alto risco para

desenvolvimento da SAOS no pós-programa, de acordo com o Questionário de

Berlim.

Quanto ao equilíbrio postural, houve diferença no escore total da

avaliação (p=0,02). Ao analisar isoladamente cada domínio, notou-se que

houve diferença para o domínio I – Transições/ajustes posturais antecipatórios

(p=0,016), e não houve diferença para os demais domínios. Os exercícios

solicitados no domínio II – Respostas posturais reativas exigiam boa

compreensão por seus executores. Crianças e adolescentes com SD

apresentam oscilações nas direções ântero-posterior e látero-lateral, que pode

ser decorrente da dificuldade em compreender as informações sensoriais que

determinam a posição do corpo no espaço e a velocidade com que o corpo

está se movimentando52, fatores solicitados nos exercícios do domínio III –

Orientação sensorial e IV – Estabilidade na marcha. Talvez essas questões

permaneçam não só na infância e adolescência, mas também na fase adulta.

Além disso, pessoas com SD também apresentam dificuldade na marcha

quando há obstáculos a serem ultrapassados, provavelmente devido às

alterações neuromotoras presentes nessa população26.

No que se refere ao nível de atividade física, não houve diferença do pré

para o pós-programa, tanto para os participantes, independente do sexo,

quanto para seus principais cuidadores. Neste estudo, as participantes do sexo

feminino apresentaram AFMV/dia superior ao recomendado pela OMS,

enquanto que para aqueles do sexo masculino era inferior.

Nordstrom et al22 avaliaram o nível de atividade física de pessoas com SD,

comparando com outros tipos de deficiência intelectual na Noruega, com

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idades entre 16 e 45 anos. A AFMV diária das pessoas com SD foi de

25,5±17,7 minutos, enquanto os passos diários foram de 6949±2673. Phillips et

al24 avaliaram 152 pessoas com deficiência intelectual, com idades entre 12 e

70 anos na Inglaterra. Os autores não descreveram o número de pessoas com

SD, porém relataram que o grupo estudado apresentou valor de AFMV/dia de

29,8±15,6 minutos e passos diários, 5541±2214, e que as mulheres mostraram

ser menos ativas que os homens.

No geral, nota-se que os participantes do presente estudo mostraram maior

nível de atividade física do que os participantes dos estudos de Nordstrom et

al22 e Phillips et al24, porém deve-se considerar que esses resultados foram

obtidos em diferentes países, e que diferenças em fatores políticos, culturais e

ambientais podem influenciar nesses achados. Outro fator a ser considerado é

a média de idade dos avaliados, pois a faixa etária é um fator que influencia

diretamente o nível de atividade física. Nos estudos de Nordstrom et al22 e

Phillips et al24, as amostras tinham variações de idade muito extremas,

incluindo idosos, o que pode ter resultado em um menor nível de atividade

física encontrado por esses autores.

Shields et al15 avaliaram o nível de atividade física de 68 jovens com SD

com idade média de 17,9±2,9 anos após um programa de exercícios resistidos,

realizado duas vezes por semana, em sessões de 45-60 minutos, durante 10

semanas. Não houve diferença nos níveis de atividade física entre o grupo

experimental e controle ao final da intervenção, porém houve diferença ao

serem reavaliados 14 semanas após o término do programa. Os autores

relataram que esse resultado ocorreu devido o grupo experimental ter mantido

seu nível habitual de atividade física, enquanto que o mesmo não ocorreu com

o grupo controle. Da mesma forma, no presente estudo, não se verificou

diferença no nível de atividade física no pós-programa imediato.

Ao correlacionar os participantes e seus principais cuidadores, notou-se

uma correlação moderada em AFMV/dia e correlação forte em número de

passos diários pós-programa.

Quanto às barreiras para prática de exercício físico, os principais fatores

mencionados no pré-programa e no pós-programa foram: falta de tempo

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disponível e falta de condições financeiras. Observou-se uma mudança na

atitude dos cuidadores no que tange ao incentivo para prática de exercícios

físicos, uma vez que esse fator foi mais apontado no pós-programa. É provável

que antes do programa de exercícios, as famílias desconheciam os benefícios

que essa prática traz e, após o término do programa, passaram a ter interesse

em praticar exercícios. Quanto à falta de condições financeiras, pode-se

argumentar que existem espaços públicos de lazer adequados a prática de

atividade física e de exercícios, assim como programas mantidos pelo governo,

que precisam ser reconhecidos pela família para uma busca ativa desses

espaços e sua utilização.

De acordo com Hallal et al (2012), 30% da população mundial adulta,

acima de 15 anos de idade, é fisicamente inativa. Esses pesquisadores

afirmam que, três a cada 10 pessoas não seguem as recomendações de

atividade física da OMS113.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) de

2015, divulgada em maio de 2017 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), mostrou que 60% dos brasileiros, com mais de 15 anos de

idade não praticam nenhum tipo de atividade física, o equivalente a 100,5

milhões de pessoas sedentárias. Na comparação entre os sexos, o feminino se

exercita menos que o masculino. Aproximadamente 42,7% das pessoas do

sexo masculino possuem algum hábito esportivo, enquanto que para aquelas

do sexo feminino, esse número foi de 33,4%. A faixa etária mais ativa é a de

adolescentes com idades entre 15 e 17 anos114.

A PNAD também trouxe os dados dos motivos pelos quais as pessoas

não praticavam algum tipo de atividade física ou esporte e os resultados

mostraram como principal fator a falta de tempo. O nível de escolaridade

também mostrou influência positiva sobre a adesão à prática e também, o

rendimento mensal domiciliar per capita. Em relação aos motivos pelos quais

as pessoas que praticam algum tipo de atividade física aderem à prática,

28,9% apontaram a necessidade em relaxar e se divertir114.

Existem pesquisas que comprovam a associação entre atividade física e

qualidade de vida115-120, como o estudo que avaliou atividade física e qualidade

de vida em jovens universitários, e verificou que o percentual dessas pessoas

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que não pratica atividade física foi igual ao da população geral, mesmo se

tratando de jovens saudáveis, e estudantes na área da saúde115. Portanto,

avaliar as motivações e dificuldades que interferem para mudança e

manutenção de hábitos de vida saudáveis é fundamental em processos de

cuidado e promoção da saúde120.

Prochaska & Di Clemente (1982), propuseram o Modelo de Mudança

Transteórico, que demonstra o caminho percorrido por uma pessoa em

processo de mudança comportamental, seja por iniciativa pessoal ou em

contextos terapêuticos. Esse processo é entendido como qualquer ação

iniciada para modificar o modo de pensar, sentir ou comportar-se (Figura 10).

Esses autores observaram que esse processo ocorre de forma a cumprir

determinado padrão de etapas, caracterizadas como:121

- Contemplação: Reflete-se sobre a possibilidade de mudanças com

reconhecimento de que essa ação é necessária, porém ainda não há iniciativa;

- Decisão: Há comprometimento em mudar seu comportamento e já se

programam pequenas mudanças, que muitas vezes não são duradouras;

- Ação: Nessa etapa, a decisão em colocar em prática novos

comportamentos se efetiva e as ações decorrentes dessa decisão são

obsevadas. Há evidências de que os objetivos estão sendo buscados e/ou

alcançados;

- Manutenção: Ao longo do tempo, a pessoa dedica-se a consolidar o que

alcançou, evitando retornar aos comportamentos anteriores. Se a pessoa

conseguir manter o novo comportamento, entende-se que esse ciclo encerrou

ou que está sendo controlado como, por exemplo, no caso de fumantes, que

ainda podem ter desejo em fumar, porém buscam evitar por terem percebido os

efeitos nocivos que esse hábito traz. Na maioria dos casos, antes que a pessoa

consiga concluir o estágio de manutenção, ela experimentará a próxima etapa:

- Recaída: Etapa em que a pessoa retorna temporariamente ao

comportamento anterior.

De acordo com esses autores, a evolução das mudanças depende da

compreensão da pessoa sobre a necessidade em mudar determinado

comportamento ou hábito, a fim de consolidá-lo121.

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77

.

Figura 10. Modelo de Mudança Transteórico proposto por Di Clemente &

Prochaska (1982)

Para que algum comportamento seja alterado, é necessário repeti-lo

várias vezes, até que ele se torne um hábito. Acreditava-se que apenas 21 dias

eram suficientes para que uma pessoa conseguisse mudar qualquer hábito.

Essa ideia surgiu da observação do doutor e cirurgião Maxwell Maltz que, em

1950, notou que seus pacientes demoravam no mínimo 21 dias para se

habituarem ao seu novo estado de saúde122. Lally et al (2010), desenvolveram

um estudo para investigar o desenvolvimento da automaticidade de

comportamentos em 96 estudantes universitários, com idades entre 21 e 45

anos. Os autores sugeriram alguns comportamentos relacionados à

alimentação, bebidas (como por exemplo, ingestão de água), exercício ou outro

tipo de comportamento (como por exemplo, meditação), dos quais os

participantes deveriam escolher um deles para repetirem diariamente. Esses

autores verificaram que foram necessários em média 66 dias para que esse

novo comportamento se tornasse um hábito, e que esse intervalo pode variar

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entre 18 e 254 dias, a depender do hábito escolhido. Os participantes que

optaram por repetir comportamentos relacionados à ingestão de água

conseguiram tornar isso um hábito em tempo menor do que aqueles que

escolheram por repetir comportamentos relacionados a exercício físico. Os

autores acreditam que iniciar a pratica de exercício pode ser considerado mais

complexo do que mudar outros hábitos. Assim, a complexidade do

comportamento pode dificultar que o mesmo se torne um hábito além do que,

para que um novo hábito seja mantido, é necessário auto-controle123.

Dessa maneira, orientar as pessoas quanto aos benefícios que a prática

de exercício traz, pode ser uma estratégia para adesão de um estilo de vida

mais saudável e que para isso, é necessário um período de adaptação.

Direcionar as pessoas em como realizar essas mudanças pode facilitar a

adesão, como por exemplo, sugerir que elas façam uma caminhada de 15

minutos antes do jantar, ou que desembarquem do ônibus duas paradas antes

do que o costume ao retornar do trabalho ou do colégio, pode ser mais

motivador do que apenas solicitar que elas façam uma caminhada diariamente.

O investimento de políticas públicas e privadas em locais de acesso livre

à população, com espaços, equipamentos e orientação adequados, também

pode incentivar o interesse das pessoas em praticar exercício.

No que se refere às pessoas com deficiência intelectual, sabe-se que elas

podem apresentar dificuldade de aprendizagem, além de comprometimento na

memória, percepção e habilidades motoras, o que dificulta que essas pessoas

realizem atividades de maneira independente1. Dessa maneira, essas

condições podem modificar o Modelo de Mudança Transteórico de Di Clemente

& Prochaska (1982), e os tempos para essa mudança propostos por Lally et al

(2010)121,123. Talvez estratégias como criação de programas de exercício que

incluam não apenas as pessoas com SD, mas também seus familiares e

cuidadores, associados à processos educacionais em saúde, possam

incentivar essas famílias a mudar o estilo de vida, incluindo a prática de

exercícios em seu cotidiano.

O programa de exercício aeróbio e resistido durante 24 semanas para

pessoas com síndrome de Down, obteve boa adesão, provavelmente pelo

comprometimento dos principais cuidadores em comparecer às sessões de

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exercícios, tendo em vista a baixa oferta de programas semelhantes para essa

população. Além disto, o local em que as atividades foram realizadas pode ter

facilitado a adesão, por ser um serviço de saúde no qual eles já eram

assistidos.

O presente estudo apresentou algumas limitações como o número

pequeno de participantes. Por outro lado, no que se refere às pesquisas que

envolveram adultos com SD e exercício físico no Brasil, o presente estudo

apresentou o maior número de participantes. Além disso, este estudo foi o

primeiro de conhecimento dos pesquisadores a avaliar o risco para SAOS

dessa população após um programa de exercício físico orientado, e também, a

correlacionar o nível de atividade física dos participantes com SD e seus

principais cuidadores. A boa adesão ao programa de 24 semanas demonstrou

a confiança dos principais cuidadores no benefício das atividades realizadas.

Pesquisas futuras podem ampliar os conhecimentos do presente estudo

com objetivo de investigar a composição corporal das pessoas com SD após

um programa de exercícios, prescrito apenas com um tipo de exercício, aeróbio

ou resistido, em sessões de maior duração, juntamente com acompanhamento

nutricional.

Outra possibilidade a ser investigada é avaliar o tempo para a adesão

dessa população a um estilo de vida ativo, com orientação sobre suas

potenciais vantagens como manutenção da composição corporal, bom

condicionamento físico e também, melhora da autonomia para a realização das

atividades cotidianas. Uma vez que a participação de jovens adultos com SD

em programas de exercícios físicos promove melhora em sua aptidão física, o

que contribui para que tenham boas condições de saúde, maior autonomia e

independência.

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9| Conclusão

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9. Conclusão

O objetivo do presente estudo foi avaliar o impacto de um programa de

exercícios físicos orientado por profissional dentro de uma instituição de

reabilitação, direcionado à jovens adultos com SD.

O programa de exercício aeróbio e resistido durante 24 semanas para

pessoas com síndrome de Down, obteve boa adesão e promoveu melhora no

condicionamento cardiorrespiratório, na força muscular e no equilíbrio postural.

Houve diminuição do número de participantes que apresentavam ressonar e

sonolência diurna. Não houve diferença na composição corporal e no nível de

atividade física dos participantes e de seus principais cuidadores no pós-

programa em relação à avaliação pré-programa.

Houve correlação moderada na medida de Atividade Física Moderada e

Vigorosa e correlação forte em número de passos diários entre os participantes

e seus principais cuidadores no pós-programa.

A falta de tempo disponível, de condições financeiras, de incentivo e de

interesse em praticar exercício físico foram fatores mencionados pelos

principais cuidadores como os mais impeditivos para inclusão do exercício

físico em seu cotidiano.

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10| Anexos

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10. Anexos

10.1 Anexo A – Aprovação Comissão de Ética para Análise de Projetos de

Pesquisa – CAPPesq

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10.2 Anexo B – Aprovação Centro de Pesquisa Clínica – IMREA

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10.3 Anexo C – Termo de consentimento livre e esclarecido – TCLE

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10.4 Anexo D – Mini Best Test

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10.5 Anexo E – Questionário de Berlim

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11| Referências

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Apêndice

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Apêndice I – Ficha de avaliação do participante

1. Identificação Prontuário: _______________

Nome do Paciente:_____________________________________________________________

Co-morbidades:________________________________________________________________

Data de Nascimento: __/__/__ Idade: _______Sexo: ( ) F( )M Data da Avaliação __/__/__

Dados antropométricos

Data ___/___/____ ___/___/____ ____/___/____

Peso

Altura

IMC

Classificação IMC

Força Muscular – Teste 7 – 10 RM

Data Exercício Nº Rep Carga 1 RM Data Exercício Nº

Rep

Carga 1 RM

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Apêndice II – Termo de responsabilidade

TERMO DE RESPONSABILIDADE

Eu,__________________________________________________________________

____, inscrito(a) no CPF sob o nº ________________ e no RG nº

_________________, residente e domiciliado(a) à

__________________________________________________, na cidade de

_______________________, por meio deste instrumento declaro me responsabilizar

pela conservação de 2 acelerômetros, de propriedade de Hospital das Clinicas da

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, pelo prazo de ___ (_______)

dias, a contar desta data.

Comprometo-me a devolver o mencionado bem em perfeito estado de conservação,

como atualmente se encontra, ao fim do prazo estabelecido.

Em caso de extravio ou danos que provoquem a perda total ou parcial do bem, fico

obrigado a ressarcir o proprietário dos prejuízos ocasionados.

___/___/___

___________________________

(assinatura)

Atesto que o bem foi devolvido em ___/___/___, nas seguintes condições:

( ) Em perfeito estado

( ) Apresentando defeito

( ) Faltando peças ou acessórios

_______________________

(assinatura)

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Apêndice III – Questionário Barreiras adaptado

1. Identificação Prontuário: __________

Nome do Paciente:______________________________________________________________

Nome do responsável: __________________________________________________________

Indique com que frequência às barreiras abaixo dificultam você a realizar exercício físico.

Barreiras

Sempre

Quase

sempre

Às

vezes

Raramente

Nunca

Falta de tempo disponível

Fatores climáticos (vento, frio, chuva)

Falta de disponibilidade de ambiente

Falta de equipamento disponível

Falta de companhia (amigos)

Falta de incentivo

Falta de condições financeiras (dinheiro)

Dores ou mal estar

Falta de habilidade (conhecimento)

Falta de ambiente seguro

Falta de interesse em praticar exercício

físico

Adaptado de Sousa (2012)

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Apêndice IV – Ficha de controle diário

NOME: _______________________________________________________________ Prontuário:_______________________________

Data de Nasc.:___/___/___ Idade: ______ Mês de Início: _____/_____ Tel: ____________________ Turma: _________ Horário: ___________

Diagnóstico:________________________________________________________________________________________________________________

Medicação: ____________________________________________________________________________________________________________

ECGE Data: _____/______/_____ Resultado:___________________ PA. Inicial: _________ PA. Máx: _________ FC Inicial _________FC Máx:

_________ Prescrição: ___________ FC Treino ________-________ FC Limite de Exercício: _____________

Data FC Inic.

PA TEMPO CARGA TEMPO CARGA FC esf 10’`

FC esf 20`

FC Rec PA Rec Obs.

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APÊNDICE V – Ficha de prescrição de exercícios

Nome: _______________________________________________________________________ Prontuário: ___________________

Observações: _______________________________________________________________________________________________________________

MEMBROS INFERIORES

PEITORAL

Observações Data: ____/_____/______ ____/_____/______ ____/_____/______

Observações Data: ____/_____/______ ____/_____/______ ____/_____/______

Exercício Série Rep Carga Série Rep Carga Série Rep Carga Exercício Série Rep Carga Série Rep Carga Série Rep Carga

Gêmeos Supino Maq.

Adução quadril

Abdução quadril

Extensão joelhos

Flexão joelhos

DORSAL

ABDOME

Observações Data: ____/_____/______ ____/_____/______ ____/_____/______

Observações Data: ____/_____/______ ____/_____/______ ____/_____/______

Exercício Série Rep Carga Série Rep Carga Série Rep Carga Exercício Série Rep Carga Série Rep Carga Série Rep Carga

Pulley Frente Aberto

Supra

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