CRÍTICA DE DANÇA: História e Contextos Atuais de São Paulo
Transcript of CRÍTICA DE DANÇA: História e Contextos Atuais de São Paulo
USP - Universidade de São Paulo
ECA - Escola de Comunicações e Artes
PROJETO DE PESQUISA
CRÍTICA DE DANÇA: História e Contextos Atuais de São Paulo
LUIZ FERNANDO RAMOS
Pesquisador Responsável (Supervisor)
HENRIQUE ROCHELLE MENEGHINI
Candidato
RESUMO
Discutir a crítica de dança, em seus papeis históricos e seus contextos atuais é uma forma de
avançar o entendimento desse tipo de produção, que tem acompanhado a criação artística na
área, desempenhando diversas funções na mediação entre públicos e obras de arte, e
cumprindo papeis cada vez mais relacionados a aspectos mercadológicos da validação,
circulação, e economia da dança. O que aqui se propõe é um estudo que foca a produção já
desenvolvida e em desenvolvimento na cidade de São Paulo, identificando seus autores e
meios de circulação em uma abordagem comparativa a partir de meados da década de 1950,
discutindo como é e como foi a crítica de dança, caracterizando seu desenvolvimento no
tempo, as mudanças em seus propósitos, formas e estilos, com o objetivo de alcançar questões
maiores e ontológicas, tais quais o que é a crítica de dança, quem se interessa por ela, e qual o
seu papel na economia da arte e sua midiatização dentro do jornalismo cultural histórico e
atual. Através de um intenso contato e trabalho com acervos presentes e passados, propõe-se a
investigação, elaboração, e divulgação de informações e de um entendimento circunstanciado
da crítica de dança enquanto fator relevante nas dinâmicas de recepção das obras,
preenchendo uma lacuna teórica dentro desse campo de estudo, uma lacuna histórica dentro
dessa área, e oferecendo subsídios para pesquisas futuras.
Agosto, 2017
USP - Universidade de São Paulo
ECA - Escola de Comunicações e Artes
RESEARCH PROJECT
DANCE CRITICISM: History and Current Contexts in São Paulo
LUIZ FERNANDO RAMOS
Responsible Researcher (Supervisor)
HENRIQUE ROCHELLE MENEGHINI
Candidate
ABSTRACT
Discussing dance criticism, its historical capacities and current contexts is a way of advancing
the understanding of this kind of production, that has accompanied artistic creation in the area
and played various roles in the mediation between audiences and works of art, assuming
functions increasingly related to the marketing aspects of dance validation, circulation and
economy. Here is proposed a study focused on the production already developed and in
development in the city of São Paulo, identifying its authors and means of publication, in a
comparative analysis starting in the 1950s, to discuss how dance criticism is made and has
been made, characterising its development in time, the changes in its purposes, forms and
styles, with the objective of debating bigger ontological questions, such as what is dance
criticism, who is interested in it, and what is its role in art economy and its mediatisation,
regarding historic and contemporary cultural journalism. Through intense contact and work
with past and present archives, this research proposes to investigate, build and divulge
information and knowledge of dance criticism as a relevant factor to spectatorship dynamics
of dance works, fulfilling a theoretical void in this field of study, a historical gap in this area,
and offering subsidies to future researches.
August, 2017
1. ENUNCIADO DO PROBLEMA
A partir da pesquisa de doutorado desenvolvida com Bolsa FAPESP, intitulada A
Crítica como Metodologia e Análise da Recepção na Dança (ROCHELLE, 2017b), foi
observada uma deficiência em estudos comparativos da atividade crítica, que acompanha a
produção artística em dança desde muito cedo e que cumpre um papel relevante na atual
circulação e apreciação de obras de dança (OLIVEIRA, 2016). O papel do crítico moderno,
associado em sua origem aos salões de arte, aos espaços públicos de convívio e discussão, e
aos processos de apresentação das obras para uma burguesia socialmente ascendente no
século XVIII (EAGLETON, 1984) ainda possui reflexos contemporâneos (LAVENDER,
2000). Com o aumento da produção e circulação das obras, a partir da modernidade, a crítica
passou a se mostrar importante elemento da economia da dança, sendo usada por seus leitores
como indicativo das escolhas de repertório, assim atuando como atividade de mediação na
formação no gosto e no juízo de valor (COELHO, 2006; MOSTAÇO, 2015), sobretudo nos
grandes centros de produção e de circulação.
Independentemente da relevância que os estudos teóricos apontam para a atividade
crítica, seu espaço nas publicações periódicas encontra-se notavelmente reduzido, não apenas
em frequência de publicações, mas também quanto aos tamanhos dos textos que são
publicados (COELHO, 2007, MARTINS, 2007), levantando traços da atual crise do
jornalismo opinativo. Ao mesmo tempo, a persistência de editores e autores e, sobretudo, a
utilização de novas mídias e novas propostas de escrita (SIEGEL, 1996; ZIMMER, 2002;
MORRIS, 2006), são fatores que pontuam o interesse na produção e na leitura desse tipo de
texto. Nos estudos já desenvolvidos acerca do tema, podem ser encontrados múltiplos, ainda
que frequentemente breves, apontamentos do que certos autores consideram como a
característica da atividade crítica na dança (ADSHEAD-LANDSDALE, 1993; CARTER,
1998; BORNHEIM, 2007; ABREU, 2012), bem como estudos mais verticalizados dentro da
obra de um autor ou de um pequeno grupo de autores (BEAUMONT, 1950; SWINSON,
1950; MCDONALD, 1975; MILLER, 1993; THEODORES, 1996; CERBINO, 2011), além
de uma pequena produção brasileira em estudos pós-graduados que, em sua maioria, investem
na especificidade dos acervos (ROSSI, 2009), nos recortes espaciais (FONTES, 2007;
ARRAIS, 2008; XAVIER, 2009), ou na pontualidade dos textos que abordam as obras de uma
companhia de dança (BENVEGNU, 2007).
!1
O que se encontra pouco dentro desse domínio são estudos que atravessem as
peculiaridades de um ou outro caso e estabeleçam as comparações que permitam o
entendimento daquilo que foi feito em matéria de crítica de dança e de seu percurso
transformativo (BRITTO, 1993) até se tornar aquilo que hoje figura publicado dentro desse
espectro. As diversas mudanças que ocorreram na crítica de dança ao longo de sua história por
vezes dificultam um entendimento daquilo que seja, ontologicamente, a crítica, em oposição a
outras formas textuais, como a análise ou a notícia, por exemplo (ROCHELLE, 2016b), traço
que vem da estrutura própria do jornalismo opinativo e de seu grau de pessoalidade
(MEDINA, 1998). O que aqui se propõe é que tal entendimento é fundamental para que se
possa discutir o papel da crítica de dança na economia da arte e na sua mediação e
midiatização contemporâneas, bem como o seu público.
Para determinar o campo de estudo dessa atividade é considerada a construção e a
modificação da atividade crítica dentro do espaço jornalístico. Se a crítica, enquanto
legitimação da burguesia, no século XVIII dominava quase totalmente as publicações
culturais (BALLERINI, 2015), o que se observou foi que o paradigma da cultura enquanto
conhecimento foi paulatinamente substituído pelo paradigma da cultura enquanto
acontecimento, e então aparecem os guias, com os editores preferindo informar o público
daquilo que é imperdível, e não daquilo relevante que o leitor não necessariamente tenha visto
(SIEGEL, 1996): a imprensa diminuindo seu espaço para as obras que não estejam em cartaz
(HAN, 2015a), e se prendendo a um domínio do best-seller (WERNECK, 2007).
Frente a temporadas de dança cada vez mais curtas, o trabalho de mediação do crítico
— enquanto um especialista, que se dirige a um público geral, de formação, conhecimento e
experiência diversa, mas interessado pelas obras (EAGLETON, 1984; COELHO, 2010) — é
progressivamente substituído por um domínio de um trabalho de midiatização, profundamente
ligado às assessorias de imprensa (STYCER, 2007). Assim, o polo ideológico do jornalismo
(a notícia enquanto serviço público) cede espaço ao polo econômico (a notícia enquanto
produto) (MEDINA, 1988; TRAQUINA, 2012), e a crítica se coloca cada vez mais ligada à
divulgação, a um jornalismo de serviço (MEDINA, 2007), uma forma de promoção (CARRÉ,
CHÂTELET, 2015) que deixa o jornalismo cultural opinativo cada vez menos influente na
recepção das obras (PIZA, 2011).
No entanto, o valor da crítica se situa além da divulgação e da atração de públicos.
Ainda que a crítica, em um primeiro grau, reporte o evento das obras, ela se articula em
esferas maiores. Enquanto espaço de criação e de contribuição, a crítica ultrapassa obra,
!2
artista e imprensa, fazendo a ligação entre passado e futuro (SIRACH, 2015), sendo, ela
própria, instrumento de registro histórico, e, portanto, testemunhando uma responsabilidade
cultural a longo prazo (MORAES, 2007), para além da carência reflexiva para a qual, na
crítica, encontram referências tanto o público (OLIVEIRA, 2016) quanto o meio artístico
(PIZA, 2011).
Um tal entendimento informa acerca dos processos de interação que se deram e que se
dão entre as obras e os públicos através da crítica, prestando-se a orientar, e, sobretudo, a
evidenciar aspectos do ciclo de recepção da dança. O que se espera com esse projeto é
esclarecer alguns desses aspectos de interlocução, com um paralelo analítico focal no caso de
São Paulo. Assim, partindo e ampliando o que já existe no que tange os mapeamentos da
produção crítica daqui, espera-se chegar às reflexões sobre esse conjunto e, mais ainda, sobre
as modificações que se deram na crítica ao longo da história da dança que aqui se faz e que
por aqui circula.
A pesquisa que se mostra necessária e que neste projeto se propõe, articula-se
investigando historicamente a produção crítica de São Paulo, em seus veículos de maior
circulação e caracterizando-a através da comparação com outros grandes centros de circulação
de dança e de produção de crítica de dança no mundo, a partir dos pontos em que esses
espaços convergem — sobretudo na observação da circulação de artistas, de grupos e de
escritores. Para tanto, esse projeto propõe um mapeamento analítico comentado — de acordo
com procedimentos de documentação aplicáveis aos registros escritos a partir de produtos
artísticos (tais quais os apresentados em DANCE HERITAGE COALITION, 1994, 2006;
LOPEZ, 1998; JOHNSON & SNYDER, 1999; THE NEW YORK PUBLIC LIBRARY, 2001)
— da produção crítica em São Paulo, e, paralelamente, uma reflexão comparativa — a partir
de pontos de encontro — dos modos como a crítica de São Paulo reflete, se inspira e dialoga
com as críticas de outros lugares.
Com isso, pretende-se discutir a crítica de dança de São Paulo como uma forma de
aproximação da nossa histórica produção em dança, cuja memória está guardada de forma
esparsa em múltiplos acervos, cujo apagamento tem ocorrido com o tempo e situações
administrativas específicas (ROCHELLE, 2015a). Através desse estudo, pode haver não
apenas a compreensão acerca da crítica paulistana enquanto evento específico, mas também
torna-se possível através de comparações desenvolver as generalizações que abordem
elementos ontológicos da crítica de dança, evidenciando-se os aspectos de múltiplas ordens,
sobre os quais propõe debruçar esta pesquisa:
!3
- suas características identitárias (STODELLE, 1970; CARTER, 1976; COPELAND,
COHEN, 1983; FERREIRA, 1995; THODOROV, 2015);
- as funções percebidas na crítica tanto como material de estudo (TAPLIN, 1979;
BANES, 1994; THEODORES, 1996; ROCHELLE, 2016b) quanto como campo de atividade
profissional (BOAS, 1937; HASKELL, 1960; SORELL, 1965; FERDUN, 1967; COHEN,
1970; CROCE, 1978; VAN CAMP, 1980; ACOCELLA, 1992; SIEGEL, 1992; PEREIRA,
2004; ARRAIS, 2013).
- sua função dentro do ciclo da economia da arte (BOURDIEU, 1971; VENTURI,
1984; RUBIN, 2010; BERNARD, 2011);
- o espaço da crítica (e, especificamente, da crítica de dança) dentro do domínio do
jornalismo cultural (VARGAS, 2004; JANUÁRIO, 2005, FARO, 2006; GADINI, 2006;
LEÃO, 2012; CAMARGO, 2014);
- as modificações de seus espaços de publicação ao longo do tempo (THEODORES,
1996; JOWITT, 2000; CERBINO, 2010; KERI, 2015; MAINWARDING, 2015; BETTMAN,
2017);
- e, consequentemente, as características do leitor que desse tipo de texto se serve
(HAUSMAN, 1966; TAPLIN, 1979; HELIODORA, DEL RIOS, MAGALDI, 2012;
BALLERINI, 2015; ROCHELLE, 2017d).
Para discutir tais questões, o presente projeto se propõe investigar como foi e como é a
crítica de dança, caracterizando seu desenvolvimento no tempo, as mudanças em seus
propósitos, formas e estilos, para, a partir dessa constatação, chegar às indagações maiores de
o que é a crítica de dança, quem se interessa por ela, e qual seja o seu papel na economia da
arte e na sua midiatização; numa proposta determinada e atravessada por uma incursão
topológica demonstrativa que qualifique e evidencie a história da crítica de dança em São
Paulo, comparativamente com o que se deu e se dá em outros pólos de circulação de dança e
de produção de crítica.
2. RESULTADOS ESPERADOS
O que se espera principalmente dessa pesquisa é um entendimento circunstanciado e
comparativo da crítica enquanto fator relevante nas dinâmicas de recepção das obras de
dança, assim preenchendo uma lacuna teórica dentro desse campo de estudo. A partir do
trabalho com múltiplas fontes de acervos, espera-se um mapeamento em dois níveis: um
deles, mais imediato, traçando o panorama e as especificidades da crítica de dança em São
!4
Paulo; o segundo, mais abrangente, desenhando características mais gerais da crítica,
enquanto um fenômeno que tem acompanhado continuamente a produção de dança, e
pontuando as particularidades desse acompanhamento.
A comparação e o contraste entre esses mapeamentos proporciona um entendimento
da crítica dentro de seus propósitos e a partir de seus materiais, mostra a sua relevância, tanto
histórica quanto atual, e oferece subsídios que servem para a compreensão daquilo que se
percebe e se transmite da dança (MONAHAN, 1962; MONTERO, 2013). Contando com as
características específicas dessa linguagem (ROCHELLE, 2013, 2015b), que deixa rastros de
sua comunicação em múltiplas e perecíveis formas (ROCHELLE, 2017a), desponta como
fundamental o entendimento de um tipo de registro tal qual a crítica, que, não raro, dada sua
mídia de apresentação e sua possibilidade de conservação, resta como determinante indício
para a pesquisa histórica e para o conhecimento que se tem de danças que não são mais
dançadas, que não estão mais presentes em palcos, temporadas e repertórios (GUEST, 1962;
ROCHELLE, 2016a, 2017d).
A esses resultados, sustentados por um ensejo de avanço acadêmico desse campo de
estudo, se somam resultados de uma outra natureza. Trata-se da identificação dos
profissionais envolvidos com essa atividade, ao longo da história, para além da compilação de
seus nomes, incluindo — à parte uma caracterização específica dos indivíduos, suas origens e
percursos profissionais — a apresentação de suas particularidades de escritura. Essas
identificações, que cabem bem em formatos de listas e tabelas, serão apresentadas ao longo de
relatórios de pesquisa, e podem se tornar novas formas de subsídio para a pesquisa na área.
Além disso, entendendo a importância da crítica como agente historiográfico contínuo,
dentro dos preceitos anteriormente estudados das suas possibilidades de realização levando
em conta o registro da recepção das obras (ROCHELLE, 2017b), propõe-se manter a
produção contínua de textos de crítica de dança iniciada em 2013 dentro da pesquisa doutoral
já mencionada, agora expandida para publicações tanto em português como em inglês.
Dessa forma, pode-se pontuar que os resultados dessa pesquisa tratam tanto da ordem
do informativo, no sentido de esclarecerem processos e elementos caros à cultura da dança,
quanto da ordem do indicativo, organizando referências e materiais que possam atuar,
futuramente, como fonte para pesquisas que não se limitam unicamente à crítica, mas se
expandem à produção, circulação, divulgação e recepção da dança.
Estes resultados se estruturam tanto dentro do espaço de São Paulo como para fora
dele. Através da comparação que visa situar a produção daqui no mundo, espera-se uma
!5
projeção teórica da dança e da discussão da dança de São Paulo em outros lugares, numa
forma de reconhecimento do trabalho que aqui se faz dentro desse campo pouco discutido do
estudo das artes. Por outro lado, considerando o nível ainda tímido de avanço dos estudos
contínuos desse campo, espera-se que o resultado intelectual desse trabalho possa ser recebido
pela comunidade acadêmica internacional dentro de sua característica de inovação.
Finalmente, espera-se que a proposta de elucidar os aspectos da mediação e da
midiatização da dança através do jornalismo cultural esclareça detalhes dessa produção dentro
do contexto atual do jornalismo, de forma a oferecer subsídios acadêmicos para essa
discussão, mas, também, potencialmente de ordem prática, alcançando artistas e gestores de
cultura através de um maior entendimento das operações que organizam tais processos, frente
aos fenômenos de recepção da dança (HAN, 2015b).
3. DESAFIOS CIENTÍFICOS E TECNOLÓGICOS, MEIOS E MÉTODOS DE
SUPERAÇÃO
Para o entendimento de como a crítica opera enquanto sistema de produção de
conhecimento, o grande trabalho para esta pesquisa é transpor a parcialidade apontada nos
estudos já existentes acerca da crítica de dança, que se debruçam pontualmente sobre
determinados indivíduos, companhias, curtos períodos temporais e assim por diante, como já
retratado. Considerando a crítica de dança publicada em São Paulo como objeto da pesquisa,
o recorte que a ele aqui se aplica é construído a partir da consideração do seu espaço dentro
do jornalismo cultural. As editorias críticas de dança despontam com um processo de
profissionalização e oficialização da dança em São Paulo, que serve para a seleção do ponto
de partida desse estudo.
Quatro grandes datas para essa possibilidade são marcadas pela criação do Ballet do
IV Centenário, em 1953, pela criação do Balé da Cidade de São Paulo (fundado como Corpo
de Baile Municipal) em 1968, pela fundação do Ballet Stagium em 1971, e pela inclusão da
dança enquanto linguagem na premiação da APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes)
em 1973. Esses marcos retratam um ápice da produção profissional de dança na capital
paulista e de sua discussão dentro das editorias de cultura. Seria possível usar a premiação de
dança na APCA como ponto de corte, e seus membros ao longo desses 44 anos como as fontes
dessa pesquisa, mas, ainda que sirvam como interessante ponto de partida, a investigação
inicial realizada para a organização desse projeto revela outros nomes relevantes, bem como
!6
uma necessidade de retroceder a esse momento mencionado na década de 1950 para um
mapeamento mais completo da atividade crítica.
É também a esse ponto na história se começa a se dar o estabelecimento e evolução
das editorias culturais dos grandes jornais da cidade, que serão as fontes que formam o recorte
do objeto dessa pesquisa. É importante um mapeamento que considere esse histórico, partindo
da identificação dos profissionais envolvidos nessa atividade e de seus veículos de publicação,
que demarcam o tom do qual despontam as figuras notáveis da crítica em São Paulo, muitas
delas ligadas a esses quatro eventos pautados como ponto inicial, como Nicanor Miranda,
Lineu Dias, Casemiro Xavier de Mendonça, Suzana Braga, Fausto Fuser, Rui Fontana Lopez,
Sérgio Viotti, Acácio Vallim Junior, Ana Francisca Ponzio, Helena Katz, Erika Palomino,
Marcos Bragatto, Inês Bogéa, Fabiana Dultra Britto, Karla Dunder, Flávia Couto, Joubert
Arrais, Kátia Calsavara, e Iara Biderman — alguns desses autores ainda em atividade.
Para além de sua participação, e do reconhecimento de alguns desses dentro da APCA,
esses autores contribuíram com regularidade, durante distintos tempos de trabalho para os
múltiplos veículos que formam o escopo dessa pesquisa. Inicialmente, o recorte que aqui se
propõe além do tempo e do espaço, foca os veículos de maior circulação, e que marcaram as
estruturas da publicação da crítica de dança em São Paulo. São eles O Estado de São Paulo
(fundado em 1875, como A Província de São Paulo), a Folha de São Paulo (fundada em
1921, e vindo de uma trajetória de três diários, a Folha da Noite, a Folha da Manhã e a Folha
da Tarde), o Diário de São Paulo (fundado em 1884, e vindo de duas outras publicações, o
Diário Popular e Popular da Tarde), e os já extintos Correio Paulistano (1854 - 2007) e
Jornal da Tarde (1966 - 2012).
O tratamento que se dará a esses materiais, através da consulta de seus acervos, em
primeiro momento é o de trabalho de tabulação. Listar e organizar em tabelas as informações
referentes a cada texto, como seu autor, veículo de publicação (com identificação do caderno
e da editoria), data de publicação (com identificação do dia da semana), artista(s),
companhia(s) e obra(s) discutidas no texto, e tamanho do texto. Assim cria-se um banco de
dados inicial de referência, que será constantemente alimentado para atualização. Deseja-se
também a constituição de um acervo desses materiais, através de registro fotográfico digital
— item que depende de questões e permissões específicas de cada acervo.
Há aqui uma etapa intermediária, de pesquisa acerca desses autores, a se construir
através de documentos oficiais, pessoais, e entrevistas, no sentido de caracterizar as
informações básicas acerca de suas vidas e percursos profissionais. Após a tabulação dos
!7
materiais encontrados na primeira etapa, passa-se à segunda etapa dessa pesquisa, o momento
de análise e de discussão comparativa desse objeto, assim passando para as possibilidades de
se evidenciar tendências, e para a possibilidade de construção de generalizações e de
inferências acerca dessa produção e de seu espaço.
O que se pretende com isso é verificar em que graus e de que modos a produção crítica
constrói um mapeamento historiográfico da produção de dança da cidade de São Paulo. Para
essa atividade, a pesquisa se alimenta não apenas daquelas outras pesquisas já realizadas
dentro de determinados segmentos, mas também de constantes revisões bibliográficas dos
temas de trabalho e de seus desdobramentos, sobretudo frente à historiografia da dança e ao
jornalismo cultural.
Para a abordagem comparativa dos textos de crítica, a metodologia proposta foca nas
diversas operações desenvolvidas pela crítica de dança, a partir da seminal proposta de Sally
Banes (1994), já trabalhada dentro de outras pesquisas próprias (ROCHELLE, 2016b, 2017b,
2017e), que aplicam e discutem esses elementos em textos de crítica, sugerindo uma
percepção qualitativa dos aspectos formativos e estruturantes desses textos e da forma como
eles abordam as obras de dança.
A partir do uso, defesa e oposição que múltiplos autores fazem às quatro operações
nomeadas por Banes (1994) — descrição (BEARDSLEY, 1982; COPELAND, 1993; HAN,
2015a), contextualização (DENBY, 1979; BURNSIDE, 1991; WALLON, 2015), interpretação
(VAN CAMP, 1996) e avaliação (FARNDALE, 1990; BARRET, 1994) — e à variação de sua
proeminência nos discursos críticos, já se aponta uma forma de caracterização que identifica
tendências estilísticas específicas ao longo do tempo e uma ligação direta entre essas
tendências e as formas de dança que elas discutem. Assim, o primeiro tratamento a ser feito
com os múltiplos textos que formam o corpus dessa pesquisa consiste na sua análise a partir
dessas operações textuais, de onde se espera depreender as características formadoras de
estilos e tendências, e, comparativamente, a qualificação de tendências maiores, sejam elas
ligadas a indivíduos, a locais, à publicações, ou a momentos históricos.
Especificada a natureza dos objetos e a forma de trabalho com eles, restam alguns
desafios com o encontro desses materiais. O caráter segmentar identificado nas pesquisas já
realizadas neste campo também se reflete na obtenção desses objetos, posto que não há um
acervo que centralize os textos desse interesse. Este é um dos motivos pelos quais aqui se
propõe a tabulação e a reunião desses materiais. Para tanto, a pesquisa se constituirá a partir
do corpus encontrável em Bibliotecas, em Arquivos (Públicos e privados), em Museus, e
!8
outras instituições que tenham como propósito a guarda e disponibilização a pesquisadores
dos textos críticos, além dos acervos específicos das publicações que constituem o recorte
desta pesquisa.
Além desse tipo de acervo, existe uma produção que é importante levar em conta, de
livros que apresentam coletâneas de textos de crítica. Esses materiais (GAUTIER, 1932;
DENBY, 1968; JOHNSTON, 1971; SIEGEL, 1972; VAN VECHTEN, 1974; AUSTIN, 1975;
COTON, 1975; JOWITT, 1977; CROCE, 1978; ANDERSON, 1987; NETROVSKY, 2004;
BANES, 2007; PEREIRA, 2009; PERRON, 2013) não podem ser desconsiderados, mas o
tratamento deles precisa ser ainda mais cuidadoso para a verificação de suas fontes e de sua
inserção histórica: posto que são materiais feitos como registro parcial dos trabalhos dos
autores, é importante identificar as mídias e formas de publicação originais dos textos, bem
como possíveis aspectos de sua alteração entre a publicação original e a publicação no
formato livro. Fundamentalmente, observa-se nessa ordem de materiais, a partir das
referências acima listadas, que o mercado editorial dá pouca atenção a essas coletâneas, sendo
poucos esses livros (frente à produção crítica de dança) e ainda menos no caso específico
brasileiro, observando-se na lista uma única publicação encontrada até o momento com o foco
específico dentro do recorte de estudo aqui proposto (NETROVSKY, 2004 — que trata da
crítica na Folha, mas a partir da seleção de alguns dos textos publicados entre 1990 e 2003).
Esses materiais, devido à verticalização que possuem em seus objetos, se associam à
mesma dificuldade encontrada nas pesquisas já realizadas na área: são informativos, mas
apegadas a estudos de caso limitados. Com relação a essa carência, o foco de trabalho dessa
pesquisa está em uma abordagem mais completa dentro do recorte proposto, com o universo
do objeto de estudo sendo investigado e apresentado a partir de um exercício rigoroso de
mapeamento e tabulação das informações coletadas através da observação e do trabalho com
as fontes cotejadas. Somente partindo dessa extensa organização desse universo de
publicações dentro de um sistema padronizado será possível proceder a uma atividade
historiográfica que se dedique a atravessar o apontamento — que, sim, é reconhecidamente
fundamental, ainda que inexistente em seu sentido amplo, para além dos estudos de caso —
dos aspectos envolvidos na realização e publicação da crítica de dança em São Paulo,
passando para o trabalho com esses dados e sua análise contextual e conceitual.
Também em resposta à dificuldade da verticalização dos estudos observados, essa
pesquisa propõe o estabelecimento de redes, inicialmente através da organização cruzada e da
análise comparativa desses muitos objetos de pesquisa, mas, também no nível das parcerias
!9
acadêmicas, com o objetivo da organização de eventos de discussão, apresentação de
pesquisas e publicações ligadas a esses debates. Previamente, na construção conceitual deste
projeto e organização de sua proposta, foram estabelecidos contatos com duas pesquisadoras
que lideram grupos de pesquisa nos quais se inserem programaticamente as discussões da
historiografia e da crítica de dança. São elas Cássia Navas e Beatriz Cerbino.
Os trabalhos de Cássia Navas em pesquisa histórica e em documentação, que
frequentemente se utilizam ou discutem a produção em crítica de dança (NAVAS, 1997, 1999,
2001, 2009, 2013), seu desenvolvimento atual da Plataforma Digital Dança Para Todos (um
site agregando textos e áudios de crítica para espetáculos de dança, realizado com
financiamento ProAC Publicações), sua participação na APCA, e, sobretudo, a sua contínua
atuação em São Paulo, a apontam como importante referência para aquilo que aqui se postula
realizar, bem como — tanto a pesquisadora quanto seu grupo de pesquisa (o GEPETO -
Grupo de Pesquisas Topologias do Espetáculo), que conta com críticos de dança de São Paulo
— relevante interlocutora da pesquisa a se desenvolver.
Beatriz Cerbino, da Universidade Federal Fluminense, lidera o Grupo de Pesquisa
Arte, Crítica e Pensamento, que conta com historiadores ligados às questões da crítica de
dança, e possui um histórico de pesquisas dedicadas ao traçado dessa história no Rio de
Janeiro (CERBINO, 2003, 2010, 2011), cujas abordagens historiográficas servem como
exemplo para a metodologia de trabalho que aqui se propõe construir. Consultadas, ambas as
pesquisadoras se mostram interessadas pelas possibilidades de troca e organização de
encontros dedicados aos debates dessa área, que frutificarão a partir desta pesquisa pós-
doutoral.
4. CRONOGRAMA
A pesquisa proposta tem um intenso trabalho com materiais, em múltiplos acervos, e
uma intensa carga de reflexão e produção teórica e analítica, motivos que justificam sua
extensão temporal, proposta em 24 meses — para este cronograma distribuídos em 4
Semestres —, aos quais pode vir a ser somado o tempo de Estágio de Pesquisa no Exterior,
previsto pelas possibilidades de Bolsa BEPE, caso, no momento da análise dos materiais, se
mostre interessante investir seja na comparação com acervos internacionais, seja na interação
com pesquisadores de instituições internacionais onde a discussão aqui proposta possa ser
produtivamente desenvolvida. Na organização que segue abaixo, em formato de tabela, é
!10
possível observar as ações contínuas da pesquisa, e aquelas que se propõem realizar
especificamente dentro de cada bloco temporal do trabalho.
5. DISSEMINAÇÃO E AVALIAÇÃO
Cronograma de Atividades, organização semestral
1º Sem
2º Sem
3º Sem
4º Sem
Atividades
X revisão bibliográfica 1: acervos e mapeamento de dados
X recolhimento e tabulação do material do corpus de pesquisa 1: Folha de São Paulo
X verificação da proposta de tabulação de dados
X Xrecolhimento e tabulação do material do corpus de pesquisa 2:
O Estado de São Paulo
X X X revisão bibliográfica 2: crítica de dança
X recolhimento e tabulação do material do corpus de pesquisa 3: Diário de São Paulo
X recolhimento e tabulação do material do corpus de pesquisa 4: Correio Paulistano
Xrecolhimento e tabulação do material do corpus de pesquisa 5:
Jornal da Tarde
X produção de relatório de acompanhamento
X X análise comparativa dos materiais do corpus
X X revisão bibliográfica 3: jornalismo cultural
X X revisão bibliográfica 4: a crítica dentro do jornalismo cultural
X investigação: críticos de dança de São Paulo
X X revisão bibliográfica 5 - a crítica e o leitor
X X atualização do corpus, para inclusão de publicações recentes
X produção de relatório final de pesquisa
X X X X produção e alimentação de banco de dados do corpus
X X X X participação em cursos de interesse para a pesquisa (eventual)
X X X X produção de textos de crítica de dança (português e inglês)
X X X X participação em eventos acadêmicos e científicos
X X X X estabelecimento de redes entre grupos e pesquisadores da área
!11
O que se espera principalmente da pesquisa é a produção de um material de referência
e de análise comparativa que não existe. Suas muitas etapas podem ser disseminadas ao longo
de sua realização na participação em eventos científicos nacionais e internacionais,
desenvolvendo a produção intelectual da área a partir de uma iniciativa inaugural e que, dada
a sua referencialidade ao Brasil, tem grande potencial de aumento da percepção e recepção do
conhecimento aqui produzido, academicamente, mas também artisticamente: colocar a
produção artística brasileira e a produção crítica brasileira nas escalas comparativas àquelas
de outros grandes centros é uma forma de valorização daquilo que aqui se faz.
Após o término da pesquisa, deseja-se estruturar os seus resultados em forma de livro,
num estudo que almeja o caráter seminal de obras como História da Crítica de Arte, de
Lionello Venturi (1984), que figura entre as poucas publicações centradas no tema da crítica,
ainda que não discuta em seu escopo a dança.
Além da participação intensa em eventos acadêmicos e científicos há outras duas
formas de disseminação de resultados fundamentais para a pesquisa proposta: tratam-se da
escrita e publicação de críticas de dança, e da publicização de relatórios dos acervos
estudados. Desde 2013, como parte da já mencionada pesquisa de doutorado levada a cabo
com o financiamento da FAPESP e convidada para apresentação em múltiplos eventos
internacionais, um site tem sido mantido pelo pesquisador, no qual se apresentam textos de
crítica de dança. Propõe-se para este pós-doutoramento, a manutenção e expansão do site Da
Quarta Parede (https://daquartaparede.wordpress.com), com um aumento das publicações de
textos de crítica de dança que têm informado diversos leitores sobre a produção brasileira de
dança, mas também a inserção desses textos em novas plataformas de apresentação, como o
Criticatividade (www.criticatividade.com), um site criado em 2017 formado por dossiês
críticos com textos de seus dois autores e de outros convidados, assim aumentando o espaço e
as vozes da crítica de dança em São Paulo.
Tendo em vista a importância da recepção desses textos no exterior, para que a crítica
produzida no Brasil também possa se tornar material de referência para futuros pesquisadores,
se propõe a criação e um novo site, para a publicação de textos de mesmo conteúdo, porém
em língua inglesa, um pedido reiterado por pesquisadores internacionais que tomaram contato
com a produção crítica associada à pesquisa doutoral mencionada. Uma outra alternativa para
suprir essa demanda seria a inserção desses textos em plataformas internacionais
colaborativas de crítica de dança, que incluem autores e discutem a produção que circula por
diversos pólos globais, porém nenhuma delas até o momento trata de São Paulo, ou do Brasil.
!12
Contatos iniciais já foram estabelecidos com os editores de plataformas como a Critical
Dance e a Dance Tabs, e há uma inicial demonstração de interesse na possibilidade de uma
parceria com um correspondente brasileiro, que será levada adiante e, espera-se, efetivada.
Finalmente, o que se propõe é incluir a apresentação seriada de etapas e estágios da
pesquisa em desenvolvimento, através de relatos públicos, dentro do ambiente e dos formatos
previstos para o Da Quarta Parede e seu site-irmão, do passo-a-passo dos contatos com os
arquivos. Assim, quando se encerrar, por exemplo, a pesquisa dos textos críticos dentro do
acervo da Folha de São Paulo, textos informativos e/ou tabelas de conteúdos podem ser
disponibilizadas online, criando-se, sem custos operacionais, sem desvios do plano de
trabalho, e sem dependência de chamadas para publicação, uma divulgação contínua e
publicização dos resultados da pesquisa, assim disponibilizando, para outros pesquisadores e
para pesquisas futuras, materiais de consulta de fácil acesso; enquanto, para o público em
geral, mostra-se uma identificação e um mapeamento das fontes, que valoriza os resultados e
dimensiona a percepção da produção aqui realizada e estudada.
Assim, os resultados que serão obtidos durante essa pesquisa, também se mostram
permanentemente durante a sua realização, através dessas propostas múltiplas: participação
em eventos acadêmicos e científicos; publicação em revistas especializadas; manutenção e
ampliação do site Da Quarta Parede; apresentação de textos de críticas a outras plataformas
colaborativas, nacionais e internacionais; e criação de um site para publicação de textos
críticos em inglês.
A melhor forma de avaliação dos resultados esperados dessa pesquisa é a identificação
de seu impacto, através de sua apresentação à comunidade acadêmica da área, de sua
publicação em respeitadas revistas ou como capítulo de obras maiores; de seu impacto social,
que poderá ser mesurado a partir dos acessos dos leitores aos textos publicados online; e da
verificação da concretização de uma maior exposição internacional, seja através da inclusão
do autor como colaborador em plataformas globais, seja através da repercussão em eventos,
revistas e livros de outros países.
6. OUTROS APOIOS
A grande massa dos materiais dessa pesquisa é sustentada pelos múltiplos acervos
específicos de cada uma das publicações cotejadas, ou que se encontram em bibliotecas e
arquivos, em sua quase totalidade de acesso público para pesquisadores. Bibliotecas
universitárias, bibliotecas especializadas, museus e arquivos municipais são as estruturas onde
!13
se buscarão as publicações que divulgaram os textos de crítica de dança que são o objeto de
trabalho primeiro dessa pesquisa. Com as possibilidades da bolsa FAPESP não há necessidade
de solicitar outras formas de apoio a esse projeto, para além daquelas fornecidas pela
mensalidade da bolsa, sua reserva técnica, e suas possibilidades de desdobramento, como a
Bolsa BEPE.
7. BIBLIOGRAFIA
ABREU, E. G. Crítica ou Críticos: um dilema do teatro. Sala Preta, v. 12, n. 2, nov 2012.
ACOCELLA, J. How Critics Work. Dance Ink. Vol. 3, N. 2. p. 8-10, Summer 1992.
ADSHEAD-LANSDALE, J. Dance and Critical Debate: towards a community of dance intellectuals. Dance Theatre Journal. Vol. 11, N. 1. p. 22-33, Winter 1993.
ANDERSON, J. Choreography Observed. Iowa City: University of Iowa Press, 1987.
ARRAIS, J. A. Processos co-evolutivos entre dança e crítica: de um contexto cearense a uma crítica contemporânea de dança. Dissertação, Mestrado em Dança, UFB, Salvador, 2008.
ARRAIS, J. A. Dança com a Crítica. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2013.
AUSTIN, R. Images of the Dance. Plymouth: Clarke, Double and Brendon, 1975.
BALLERINI, F. Jornalismo Cultural no Século 21. São Paulo: Summus, 2015.
BANES, S. Before, Between, and Beyond: three decades of dance writing. Madison: University of Wisconsin, 2007.
BANES, S. Writing dancing in the age of postmodernism. Middletown: Wesleyan University Press, 1994.
BARRETT, T. Critics on Criticism. The Journal of Aesthetic Education, Vol. 28, No. 2, pp. 71-82, Summer, 1994.
BEARDSLEY, M. C. What Is Going on in a Dance?. Dance Research Journal, Vol. 15, No. 1, pp. 31-36, Autumn, 1982.
BEAUMONT, C. (org.) Dancers and Critics. Edinburgh: A. and C. Black, 1950.
BENVEGNU, M. Reflexões para uma Crítica de Dança: o Balé da Cidade de São Paulo na Visão dos Cadernos Culturais da Folha de S. Paulo e de O Estado de S. Paulo. Dissertação, Mestrado em Comunicação e Semiótica. PUC - SP, São Paulo, 2007.
BERNARD, M. Généalogie du Jugement Artistique. Paris: Bauchesne, 2011.
BETTMANN, R. The Waning Impact of Dance Critics. Dance Critics Association Blog, 1 Março 2017. Disponível em: http://www.dancecritics.org/blog/?p=276. Acesso em 28 Março 2017.
!14
BIET, C. Des Théâtres et Leurs Critiques: une affaire de points de vue, de croisements et de choix. In: WALLON, E. (Dir.) Scènes de la Critique. Paris: Actes Sud, 2015.
BOAS, G. A Primer For Critics. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1937.
BORNHEIM, G. As Dimensões da Crítica. In: MARTINS, M. H. (Org.). Rumos da Crítica. (2ª ed.). São Paulo: Editora Senac / Itaú Cultural, 2007.
BOURDIEU, P. Le Marché des Biens Symboliques. L'Année sociologique, Troisième série, Vol. 22, pp. 49-126, 1971.
BRITTO, F. D. A crítica de dança no Brasil: funções e disfunções. Dissertação, Mestrado, Escola de Comunicações e Artes, USP, São Paulo, 1993.
BURNSIDE, F. In Defence of Dance Criticism. Dance Theatre Journal. Vol. 9, N. 1. p. 22, Summer 1991.
CAMARGO, A. V. A. A Dança que o Jornal Reporta: considerações sobre dança e jornalismo cultural no Brasil. Dança, Vol. 3 N. 2, p. 11-22, 2014.
CARDONA, P. Anatomía Del Crítico. Ciudad de Mexico, Portico, 1991.
CARRÉ, A.; CHÂTELET, C. Espaces et Usages de la Critique en Ligne. In: WALLON, E. (Dir.) Scènes de la Critique. Paris: Actes Sud, 2015.
CARTER, A. Reviewing Dance: Introduction. In: CARTER, A. (org). The Routledge Dance Studies Reader. London: Routledge, 1998.
CARTER, C. Some Notes on Aesthetics and Dance Criticism. Dance Scope, V. 10, N. 2, S/S, p.35-39, 1976.
CERBINO, B. Críticas de dança: considerações preliminares, aproximações possíveis. In: NORA, S. (Org.). Temas Para a Dança Brasileira. São Paulo: Edições SESC, 2010.
CERBINO, B. Jacques Corseuil e a Crítica de Dança no Brasil. O Percevejo Online, PPGAC UNIRIO, Vol. 3, N.1, janeiro-julho, 2011.
CERBINO, B. Nina Verchinina e a dança moderna brasileira: o papel da crítica jornalística na formação de um pensamento em dança. Dissertação, Mestrado em Comunicação, PUC - SP, São Paulo, 2003.
COELHO, M. Crítica Cultural: Teoria e Prática. São Paulo: Publifolha, 2006.
COELHO, M. Jornalismo e Crítica. In: MARTINS, M. H. (Org.). Rumos da Crítica. (2ª ed.). São Paulo: Editora Senac / Itaú Cultural, 2007.
COHEN, S. J. The Critic Prepares. Dance Magazine. p. 24, February 1970.
COPELAND, R. Dance criticism and the descriptive BIAS. Dance Theatre Journal. Vol. 10, N. 3. p. 26-32, S/S 1993.
!15
COPELAND, R.; COHEN, M. What is Dance? Readings in Theory and Criticism. New York: Oxford University Press, 1983.
COTON, A. V. Writings on Dance 1938-68. London: Dance Books, 1975.
CROCE, A. Alter-Images. New York: Alfred A. Knopf, 1978.
CROCE, A. et al. Writing about the Dance: a symposium. Ballet Review. Vol. VII, N. 4. p.108-124,1978.
DALLAL, A. La Danza contra la Muerte. 3ª Ed. Ciudad de Mexico, UNAM, 1993.
DANCE HERITAGE COALITION. Beyond Memory: preserving the documents of our dance heritage. Washington, DC, 1994.
DANCE HERITAGE COALITION. Documenting dance: a practical guide. Washington, DC, 2006.
DENBY, E. Looking at the Dance. New York: Popular Library, 1968.
DENBY, E. Reminiscences of a Dance Critic. Performing Arts Journal, Vol. 4, No. 1/2, p. 52-61, May, 1979.
EAGLETON, T. The Function of Criticism. London / New York: Verso, 1984.
FARNDALE, N. Against Dance Criticism. Dance Theatre Journal. Vol. 8, N. 3. p. 16-18, Autumn 1990.
FARO, J. S. Nem tudo que reluz é ouro- contribuição para uma reflexão teórica sobre o jornalismo cultural. Comunicação e Sociedade, Vol. 28, N. 46, p. 144-163, 2006.
FERDUN, E. M. Of Criticism and Dance. Dance Magazine. p. 51, February 1967.
FERREIRA, V. S. Do lugar da crítica. Análise Social. Vol. 30, No. 134, pp. 977-1022, 1995.
FONTES, F. A Dança e a Crítica, uma análise de suas relações na cidade de São Paulo. Dissertação, Mestrado em Comunicação e Semiótica, PUC - SP, São Paulo, 2007.
GADINI, S. L. Grandes estruturas editoriais dos cadernos culturais: principais características do jornalismo cultural nos diários brasileiros. Revista Fronteiras - Estudos Midiáticos, Vol. 3 n. 3, p. 233-240, 2006.
GAUTIER, T. The Romantic Ballet. London: C. W. Beaumont, 1932.
GUEST, I. Ballet Criticism: the historian’s view. Ballet Annual. N. 16 . p. 63-71. 1962.
HAN, J. Creuser la Distance dans le Temps des Revues. In: WALLON, E. (Dir.) Scènes de la Critique. Paris: Actes Sud, 2015a.
HAN, J. Critique Dramatique et Alentours. Paris: Frictions, 2015b.
HASKELL, A. On Criticism. Dancing Times. Vol. 50, N. 596. p. 410-419, May 1960.
HAUSMAN, J. J. Journalism and Art Criticism. Art Journal. Vol. 26, No. 1, pp. 18-20, 1966.
!16
HELIODORA, B.; DEL RIOS, J.; MAGALDI, S. A Função da Crítica. São Paulo: Giostri, 2012.
JANUÁRIO, M. O Olhar Superficial: as transformações no jornalismo cultural em São Paulo na passagem para o século XXI. Dissertação, Mestrado em Ciências da Comunicação, ECA - USP, São Paulo, 2005.
JOHNSON, C. J., SNYDER, A.F. Issues in the Documentation and Preservation of Dance. Washington, DC: Council on Library and Information Resources, 1999
JOHNSTON, J. Marmalade Me. New York: E. P. Dutton, 1971.
JOWITT, D. Dancebeat. New York: Marcel Dekker, 1977.
JOWITT, D. The Critical Burden of History. Dance Research Journal, Vol. 32, No. 1, pp. 131-137, Summer, 2000.
KERI, N. F. Questão de gosto: o discurso da arte no jornalismo cultural impresso. Dissertação, Mestrado em Ciências da Comunicação, ECA - USP. São Paulo, 2015.
LAVENDER, L. Post-Historical Dance Criticism. Dance Research Journal, Vol. 32, No. 2, pp. 88-107, Winter, 2000-2001.
LEÃO, D. S. Uma fábrica de mentiras: a (in)comunicação da economia da dança. Tese, Doutorado em Comunicação e Semiótica, PUC - SP, São Paulo, 2012.
LOPEZ, A. P. A. Como descrever documentos de arquivo: elaboração de instrumentos de pesquisa. São Paulo: Arquivo do Estado, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2002
MAINWARDING, M. The Death of the American Dance Critic. The Atlantic, 6 Agosto 2015. Disponível em: https://www.theatlantic.com/entertainment/archive/2015/08/american-dance-critic/399908/. Acesso em 13 Março 2017.
MARTINS, M. H. (Org.). Rumos da Crítica. São Paulo: Editora Senac / Itaú Cultural, 2007.
MAYEN, G. Danse, La Part en Fuite. In: WALLON, E. (Dir.) Scènes de la Critique. Paris: Actes Sud, 2015.
MCDONALD, N. Diaghilev Observed by Critics in England and the United States 1911-1929. New York: Dance Horizons, 1975.
MEDINA, C. Leitura Crítica. In: LINDOSO, F. (org.). Rumos [do] Jornalismo Cultural. São Paulo: Summus / Itaú Cultural, 2007.
MEDINA, C. Notícia, um Produto à Venda: jornalismo na sociedade urbana e industrial. São Paulo: Summus, 1988.
MILLER, R. F. George Beiswanger and Dance Criticism. Dance Chronicle, Vol. 16, No. 1, p. 45-71, 1993.
!17
MONAHAM, J. Ballet Criticism: the practising critic’s view. Ballet Annual. N. 16 . p. 63-71. 1962.
MONTERO, B. G. The Artist as Critic: Dance Training, Neuroscience, and Aesthetic Evaluation. The Journal of Aesthetics and Art Criticism, 71:2, p. 169-175, Spring 2013.
MORAES, A. Sensibilidade Crítica. In: LINDOSO, F. (org.). Rumos [do] Jornalismo Cultural. São Paulo: Summus / Itaú Cultural, 2007.
MORRIS, G. The Institutes for Dance Criticism and the Emergence of an Alternative Critical Writing. Dance Research Journal, Vol. 38, No. 1/2, pp. 89-93, Summer - Winter, 2006.
MOSTAÇO, E. Soma e Sub-tração: Territorialidades e Recepção Teatral. São Paulo: Editora da Universidade Estadual de São Paulo, 2015.
NAVAS, C. Dança brasileira em Lyon, França: estudo de uma bienal verde-e-amarela. Tese, Doutorado em Comunicação, PUC - SP, São Paulo, 1997.
NAVAS, C. Dança e Mundialização: Políticas da Cultura no Eixo Brasil-França. São Paulo: Hucitec, 1999.
NAVAS, C. Do íntimo, do particular e do público- subsídios para a gestão em dança. In CALABRE, L. (org). Políticas Culturais: Reflexões sobre gestão, processos participativos e desenvolvimento. Rio de Janeiro: Fundação Casa Rui Barbosa, 2009.
NAVAS, C. Permanente e Efêmero, Questões e um Exemplo da Recepção em Dança. In: VIEIRA, A. P. Fruição em Dança. Visconde do Rio Branco: Suprema, 2013.
NAVAS, C. Seis Criadores Brasileiros. Pós-Douturado, USP, São Paulo, 2001.
NESTROVSKY, A. (Org.). Em Branco e Preto: Artes brasileiras na Folha, 1990-2003. São Paulo: Publifolha, 2004.
OLIVEIRA, I. M. G. Recepção em Dança: o especialista e o espectador. Curitiba: Editora Prismas, 2016.
PEREIRA, R. A Arte da Crítica/ Dança. Jornal do Brasil, 16 março 2004.
PERRON, W. Through the Eyes of a Dancer: Selected Writings. Middletown: Wesleyan University Press, 2013.
PIZA, D. Jornalismo Cultural. 4ª Ed. São Paulo: Contexto, 2011.
ROCHELLE, H. A Crítica como Metodologia e Análise na Recepção da Dança. Tese, Doutorado em Artes da Cena. Unicamp, Campinas, 2017b.
ROCHELLE, H. A Crítica como Possibilidade de Aproximação das Artes da Cena de Culturas Distantes. IX Congresso da ABRACE. Uberlândia, UFU, 2016a.
!18
ROCHELLE, H. Além da Opinião: três possíveis definições da crítica de dança. Sala Preta, v. 16, n. 2, 2016b.
ROCHELLE, H. Austerity in the Archive. Society of Dance History Scholars Annual Conference. Atenas, 2015a.
ROCHELLE, H. Communication through Dance Writings: Criticism, History, Manuals, and Theory. In: AQUILINA, S.; THOMAS, M. S. (Orgs). Interdisciplinarity and the Performing Arts: Contemporary Perspectives. Valletta: Malta University Press, 2017a. (No prelo)
ROCHELLE, H. Dance Spectatorship and Dance Criticism Readership. PCA / ACA International Conference. San Diego, 2017c.
ROCHELLE, H. Elementos da Dança como Linguagem. Dissertação, Mestrado em Artes da Cena, Unicamp, Campinas, 2013.
ROCHELLE, H. Getting to Know Dances We Will Never Watch: Dance Criticism as a Way of Shortening Distances. Interweaving Cultures: Theory and Practice, University of Malta, School of Performing Arts Annual Conference, Valletta, 2017d.
ROCHELLE, H. Rethinking Dance Theory Through Semiotics, Studies About Languages, Kaunas, Lituania, No 26, 2015b.
ROCHELLE, H. Structure, Form and Function of Dance Criticism. In: FARINA, R.; HANKS, C. Engagement: Philosophy and Dance. New York: Routledge, 2017e. (No prelo)
ROSSI, P. D. Espetáculos do Balé da Cidade de São Paulo (1968-2007): mapeando quarenta anos de arquivo. Dissertação, Mestrado em História, USP, São Paulo, 2009.
RUBIN, N. A Dança como notícia. In: NORA, S. (Org.). Temas Para a Dança Brasileira. São Paulo: Edições SESC, 2010.
SIEGEL, M. B. An Audience of One. Dance Ink. Vol. 3, N. 2. p. 26-27, Summer 1992.
SIEGEL, M. B. Virtual Criticism and the Dance of Death. TDR, Vol. 40, No. 2, pp. 60-70, Summer, 1996.
SIEGEL. M. B. At The Vanishing Point: A critic looks at dance. New York: Dutton, 1972.
SIRACH, M. La Critique de Presse, Un Sport de Combat. In: WALLON, E. (Dir.) Scènes de la Critique. Paris: Actes Sud, 2015.
SORELL, W. To Be a Critic. Dance Scope. Vol. 1, N. 1. p. 1-9, Winter 1965.
STODELLE, E. Towards an Art of Dance Criticism. CORD News, Vol. 2, No. 2, Dec. 1970.
STYCER, M. Seis Problemas. In: LINDOSO, F. (org.). Rumos [do] Jornalismo Cultural. São Paulo: Summus / Itaú Cultural, 2007.
SWINSON, C. (Ed.). Dancers and Critics. London: Adam and Charles Black, 1950.
!19
TAPLIN, D. T. (Ed.) New Directions in Dance. Ontario: Pergamon, 1979.
THE NEW YORK PUBLIC LIBRARY. The collaborative editing project to document dance: an initiative of the Dance Division The New York Public Library for the Performing Arts. New York (NY): NYPL, Astor, Lenox and Tilden Foundations, 2001.
THEODORES, D. First We Take Manhattan: four American women and the New York school of dance criticism. Amsterdam: Hardwood Academic Publishers, 1996.
TODOROV, T. Crítica da Crítica. São Paulo: Editora Unesp, 2015.
TRAQUINA, N. Teorias do Jornalismo, Vol I: porque as notícias são como são. 3ª Ed. Florianópolis: Insular, 2012.
VAN CAMP, J. Anti-Geneticism and Critical Practice in Dance. Dance Research Journal, Vol. 13, No. 1, pp. 29-35, Autumn, 1980.
VAN CAMP, J. Non-Verbal Metaphor- A Non-Explanation of Meaning in Dance. British Journal of Aesthetics, Vol 36, No 2, p.177-187, April 1996.
VAN VECHTEN, C. The Dance Writings of Carl Van Vechten. New York: Dance Horizons Press, 1974.
VARGAS, H. Reflexões sobre o jornalismo cultural contemporâneo. Estudos de Jornalismo e Relações Públicas, N. 4, 2004.
VENTURI, L. História da Crítica de Arte. Lisboa: Edições 70, 1984.
WALLON, E. La Fonction Critique à l’Épreuve du Théâtre. In: WALLON, E. (Dir.) Scènes de la Critique. Paris: Actes Sud, 2015.
WERNECK, H. A Ditadura do Best-Seller. In: LINDOSO, F. (org.). Rumos [do] Jornalismo Cultural. São Paulo: Summus / Itaú Cultural, 2007.
XAVIER, R. O (não) lugar da dança na imprensa e nos acervos públicos na cidade de São Paulo. Tese, Doutorado em Comunicação e Semiótica. PUC - SP, São Paulo, 2009.
ZIMMER, E. Dancing on Air: Criticism Migrates into Cyberspace. Dance Research Journal, Vol. 34, No. 1, pp. 69-73, Summer, 2002.
!20