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Tópicos Especiais em Produção Vegetal VI 294 Capítulo 14 CULTIVO DO CAFEEIRO EM SISTEMAS BIODIVERSOS Dionicio Belisario Luis Olivas Bruno Fardim Christo Glaucio de Mello Cunha José Francisco Teixeira do Amaral Wagner Nunes Rodrigues 1. INTRODUÇÃO Frente à necessidade de modificar o sistema produtivo para modelos mais sustentáveis, a agricultura moderna tem passado por constantes mudanças por parte de pesquisadores, técnicos, extensionistas e produtores rurais. Essa nova filosofia de produção tem sido objeto de estudos de vários pesquisadores, onde se tem buscado alternativas menos impactantes ao meio ambiente e que conserve o uso do solo, da água e diminua a demanda de insumos externos nas propriedades agrícolas. Nesse contexto, as mudanças climáticas previstas para as próximas décadas podem trazer reflexos aos agricultores familiares e suas formas de cultivos. Assim, pesquisas que buscam minimizar os efeitos das mudanças climáticas na agricultura e tornar os cultivos mais eficientes e sustentáveis são de grande importância. Nesse sentido, o consórcio de culturas tem sido apontado como uma prática muito vantajosa no âmbito econômico, produtivo, social e ecológico. Principalmente, quando se refere à sustentabilidade de sistemas de produção com base na agricultura familiar. Particularmente, com relação ao cafeeiro, o sistema de produção diversificado vem sendo utilizado por alguns produtores no sentido amenizar, entre outros, os efeitos prejudiciais da elevada temperatura do ar, bem como de melhorar a estabilidade de produção do café. Além disso, o cultivo de café associado a outras espécies de interesse agronômico se constitui numa alternativa

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Capítulo 14

cuLTIVO dO cafEEIrO EM sIsTEMas BIOdIVErsOs

Dionicio Belisario Luis OlivasBruno Fardim Christo

Glaucio de Mello CunhaJosé Francisco Teixeira do Amaral

Wagner Nunes Rodrigues

1. INTrOduÇÃO

Frente à necessidade de modificar o sistema produtivo para modelos mais sustentáveis, a agricultura moderna tem passado por constantes mudanças por parte de pesquisadores, técnicos, extensionistas e produtores rurais. Essa nova filosofia de produção tem sido objeto de estudos de vários pesquisadores, onde se tem buscado alternativas menos impactantes ao meio ambiente e que conserve o uso do solo, da água e diminua a demanda de insumos externos nas propriedades agrícolas.

Nesse contexto, as mudanças climáticas previstas para as próximas décadas podem trazer reflexos aos agricultores familiares e suas formas de cultivos. Assim, pesquisas que buscam minimizar os efeitos das mudanças climáticas na agricultura e tornar os cultivos mais eficientes e sustentáveis são de grande importância. Nesse sentido, o consórcio de culturas tem sido apontado como uma prática muito vantajosa no âmbito econômico, produtivo, social e ecológico. Principalmente, quando se refere à sustentabilidade de sistemas de produção com base na agricultura familiar.

Particularmente, com relação ao cafeeiro, o sistema de produção diversificado vem sendo utilizado por alguns produtores no sentido amenizar, entre outros, os efeitos prejudiciais da elevada temperatura do ar, bem como de melhorar a estabilidade de produção do café. Além disso, o cultivo de café associado a outras espécies de interesse agronômico se constitui numa alternativa

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de renda, principalmente para os cafeicultores de base familiar.Entretanto, a adoção ou não deste sistema de cultivo, carece de avaliação

minuciosa, embasada em critérios técnicos, que envolve a análise de diversos fatores, dentre os quais: aspectos climáticos, altitude, manejo, disponibilidade de irrigação, fertilidade do solo, exigência nutricional das espécies que constituirão o sistema de cultivo, aspectos socioeconômicos, comercialização, entre outros.

2. cafÉ EM cuLTIVO BIOdIVErsIfIcadO E asPEcTOs fuNcIONaIs dO sIsTEMa

As principais espécies de café exploradas no mundo, Coffea arabica L. e Coffea canephora Pierre ex Froehner, têm seus centros de origem na África, e as regiões tropicais onde as mesmas evoluíram apresentavam naturalmente sistemas biodiversificados onde as plantas de café se desenvolviam em condições de sub-bosque. Com a domesticação das espécies e seu emprego em cultivos comerciais, a prática de cultivar o cafeeiro em associação com culturas de maior porte ainda era comum dentre as primeiras plantações. Entretanto, os altos níveis de produtividade alcançados por lavouras em monocultivo, a pleno sol, fizeram com que essa prática fosse gradativamente abandonada (Beer et al. 1998; DaMatta et al. 2007).

O monocultivo de café a pleno sol foi a prática mais amplamente adotada no Brasil desde o início do século XIX, resultando na instalação generalizada de sistemas com baixa diversidade biológica. Apesar das vantagens inerentes de um sistema mais homogêneo, que permite a facilitação da padronização da lavoura e dos tratos culturais, existem algumas desvantagens relacionadas ao monocultivo, dentre elas, o ressurgimento de pragas da cultura do café a um possível efeito da simplificação dos agroecossistemas (Aguiar-Menezes et al. 2007; Lopes et al. 2011). Moguel e Toledo (1999) caracterizaram policultivos tradicionalmente sombreados no México como importantes repositórios de riqueza biológica para diversos grupos de organismos (vegetais, mamíferos, aves, répteis, anfíbios e artrópodes), e Philpott et al. (2008) recomendam a promoção de sistemas de cultivo de café mais parecidos com os modelos rústicos encontrados na América Latina, com aumento da densidade de outras espécies no sistema, especialmente pela

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restauração de espécies nativas, de modo a balancear as vantagens da conservação da biodiversidade no agroecossitema com a sustentabilidade econômica da produção de café.

Com o aumento da preocupação com o aspecto ambiental da produção agrícola, da necessidade de conservação dos recursos naturais e da preservação da biodiversidade, tem se tornado mais comum a adoção de sistemas alternativos ao monocultivo de café (DaMatta and Rena 2002). Dentre as alternativas, existe um crescente interesse no cultivo biodiversificado, com associação entre diferentes espécies, que tem sido explorado com sucesso por cafeicultores. Esse sistema permite a extração de mais produtos agrícolas na mesma área e gera um agroecossitema diferenciado em termos de diversidade, ciclagem de nutrientes, microclima e regulação morfofisiológica.

A biodiversificação dos sistemas de produção agrícola tem agregado diversas vantagens, que se expressam em diferentes magnitudes dependendo das características específicas do sistema e da região, dentre elas, cita-se: geração de sombreamento entre as espécies, aumento do aporte de matéria orgânica, melhoria da ciclagem de nutrientes, aumento da diversidade e maior hospedagem de organismos benéficos, além de gerarem fontes de renda extras para os produtores rurais. A diversificação do cultivo em lavouras cafeeiras também é listada como uma possível medida mitigadora para regiões com vulnerabilidades climáticas (Martins et al. 2015).

2.1. Microclima

O cultivo do cafeeiro em condições semelhantes às quais as espécies evoluíram, com outras espécies vegetais causando o sombreamento de sua copa, modula o desenvolvimento da planta e causa algumas alterações que devem ser levadas em consideração. Espécies arbóreas podem ser empregadas como estratégia de proteção do cafeeiro contra as adversidades climáticas, causando alterações no agroecossistema que podem ser exploradas para viabilizar o cultivo do café em regiões consideradas marginais no seu zoneamento agrícola por apresentarem oscilações naturais de temperatura e déficit hídrico acima do recomendado para lavouras de café.

Existem relatos na literatura científica evidenciando que a associação com

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espécies arbóreas pode reduzir os impactos negativos causados por excesso de radiação, geadas, extremos de temperaturas e ventos fortes na cultura do café (Cavatte et al. 2013).

Além de promover maior retenção de água no sistema, sistemas biodiversificados podem causar a sobreposição de copas das espécies vegetais, explorando diferentes extratos no sistema e gerando um microclima diferenciado que, em muitos casos, pode diminuir a evapotranspiração das culturas e aumentar a eficiência de uso da água (Miguel et al. 1995). No geral, a combinação das diferentes arquiteturas radiculares e de copas, faz com que sistemas com associação entre espécies vegetais apresentem maior manutenção da umidade, quando comparados a sistemas de monocultivo. Pezzopane et al. (2010, 2011) observaram e quantificaram esse fenômeno em lavouras cafeeiras arborizadas e Mangabeira (2012) descreve que, em sistemas agroflorestais, a presença de estratos diferenciados na composição de copas do sistema pode atenuar os efeitos nocivos de secas.

O regime térmico de agroecossistemas com associação de espécies vegetais diferentes, no geral, apresenta diminuição dos efeitos de extremos de temperatura do ar e do solo. O microclima gerado dentro das copas das plantas nesses sistemas tende a atenuar a temperatura, mantendo-a mais estável e amena do que em sistemas de monocultivo a pleno sol. Efeitos benéficos relacionados a esse fato já foram relatados em lavouras cafeeiras arborizadas, com atenuação das temperaturas do ar (Pezzopane et al. 2010, 2011), das folhas (Leal et al. 2007) e do solo (Beer et al. 1998).

A sobreposição de copas em sistemas biodiversificados também pode contribuir para redução de estresses causados pelo excesso de radiação incidente sobre as plantas de café (Camargo and Pereira 1994; DaMatta 2004). Apesar de o cafeeiro possuir mecanismos relativamente eficientes para dissipação de energia, o excesso de radiação pode fazer com que os processos de fotossíntese e fotorrespiração não sejam capazes de consumir o poder redutor das reações, gerando o risco de sobre-redução da cadeia de transporte de elétrons do cloroplasto e de redução do oxigênio molecular a formas reativas. Estas formas são capazes de causar danos fotooxidativos que comprometem o metabolismo vegetal (Ramalho et al. 2000; DaMatta 2004; Pinheiro et al. 2004).

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A arborização da lavoura pode reduzir a velocidade média do vento, protegendo as plantas de café contra os efeitos nocivos causados por ventos fortes (Pezzopane et al. 2010, 2011). Para cultivos no Estado do Espírito Santo, essa proteção é especialmente interessante, já que ventos fortes tendem a ocorrer com maior frequência durante o final da estação seca do ano, quando as plantas ainda se encontram em fase de recuperação da desfolha causada pela colheita e pelas podas, além do próprio déficit hídrico (DaMatta et al. 2007).

Como medida protetora contra eventos extremos, Philpott et al. (2008) descreve que os danos causados pela passagem do furacão Stan em Chiapas foram maiores em sistemas simplificados e menores em lavouras cafeeiras de sistemas com maiores níveis de diversidade de outras espécies vegetais.

2.2. Aspectosedáficos

A exploração do perfil do solo pelos sistemas radiculares das espécies que compõem o sistema biodiversificado tende a formar uma rede de raízes de diferentes arquiteturas, que exploram o solo em profundidades e proporções diferenciadas, garantindo um potencial de atividade biológica e uma ciclagem de nutrientes que tende a ser maior do que em monocultivos. Além disso, a cobertura da área pelas diferentes copas pode atuar como uma medida de proteção contra os efeitos erosivos de ventos, sol e chuvas fortes (Mendonça et al. 2010).

As diferenças de eficiências nutricionais entre as espécies que compõem o sistema podem garantir uma maior ciclagem de nutrientes e gerar condições físico-químicas que predispõem as plantas a aproveitar os nutrientes do solo de modo mais eficiente. Alvarenga e Martins (2004) relatam que cafeeiro cultivado em sistema arborizado foi capaz de atingir a mesma produtividade de um sistema de monocultivo a pleno sol empregando uma menor quantidade de adubos para seu manejo nutricional.

Mendonça et al. (2010), estudando o cafeeiro cultivado em associação com espécies arbóreas, relata que o maior aporte orgânico desse sistema resulta em ganhos em termos de carbono orgânico e substâncias húmicas no solo, as quais geram cargas e contribuem para a retenção de água, capacidade de troca de cátions e estabilidade dos agregados do solo. Além disso, a formação de uma camada de material vegetal de diferentes espécies sobre o solo do sistema pode contribuir

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para o aumento do conteúdo de nutrientes na manta orgânica (Perez et al. 2004).Sistemas biodiversificados também atuam como uma medida de proteção do

solo, seja por meio do maior aporte orgânico sobre a superfície ou pela proteção contra o encrostamento superficial (Pires et al. 2009). Sistemas bem formados, com a interseção de copas, atenuam os efeitos dos processos erosivos, podendo reduzir a perda de solo do sistema até níveis compatíveis com os de comunidades florestais (Franco et al. 2002). O maior aporte orgânico também pode favorecer a diversidade de microrganismos, promoção da multiplicação de micorrizas e até aumento da labilidade do fósforo no solo (Xavier et al. 2006).

2.3. Manejo Apesar das vantagens do uso do sistema de cultivo biodiversificado, diversos

aspectos do manejo ainda necessitam de esclarecimento científico para embasar a melhor recomendação de técnicas adaptadas para a exploração das sinergias e interações entre as diferentes espécies vegetais.

Alterações na arquitetura, taxas de crescimento, vigor e capacidade produtiva das plantas de café podem requerer que os sistemas de poda e de condução de hastes sejam adaptados para evitar sombreamentos excessivos, dependendo do porte das espécies associadas no sistema.

Mudanças nas características físicas, químicas e biológicas do solo e o complexo de raízes gerado pela interação entre sistemas radiculares diferentes podem gerar um sistema com dinâmica diferenciada daquele observado em lavouras em monocultivo. É provável que o uso da água e nutrientes possa ser modulado pela expressão de competição e sinergismo específica de cada sistema, fazendo com que diversas tecnologias como a irrigação, correção do solo, adubação, escolha de espaçamento e cultivares, poda e manejo fitossanitário requeiram adaptações. A grande quantidade de interações entre espécies possíveis nos sistemas biodiversificados acaba por gerar a necessidade de constante avaliação do sistema e ajuste das práticas de manejo por parte do produtor, de modo que sejam potencializadas as relações sinérgicas e minimizados efeitos competitivos entre as espécies.

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2.4. ProdutividadeA diminuição da população de plantas ou hastes de café por unidade de

área causada pela presença de outras espécies no sistema contribui para que a produtividade média do cafeeiro de sistemas biodiversificados seja relativamente menor do que os níveis praticados em sistemas de monocultivo. Mas é importante frisar que a sustentabilidade agronômica desses sistemas é embasada na diversificação dos produtos de valor agrícola que podem ser extraídos da mesma área, mantendo a eficiência do uso da área.

Além da redução da população, em sistemas muito densos ou quando outras espécies causam sombreamento excessivo às plantas de café, pode ocorrer a diminuição da produtividade do cafeeiro; devido, especialmente, à limitação da assimilação de carbono e ao favorecimento do crescimento de estruturas vegetativas em detrimento de estruturas reprodutivas causado pelo sombreamento excessivo (Cannel 1975; DaMatta 2004). Desse modo, a associação de espécies deve ser explorada racionalmente, evitando o fechamento demasiado da lavoura, permitindo a exploração das vantagens da diversificação, sem potencializar a redução da produtividade do sistema.

Miranda et al. (1999) e DaMatta et al. (2007) relatam que, mesmo com a redução da produtividade média do cafeeiro, os ganhos relacionados a diminuição da variação temporal da produção e redução dos estresses ambientais sobre as plantas de café podem ser vantajosos. Menores cargas pendentes, aliadas a atenuação de estresses microclimáticos, tornam as plantas de café mais vigorosas para sustentar uma produção mais estável em função do tempo, diminuindo a bienalidade da produção e aumentando a chance de que o processo de floração e frutificação das plantas ocorra sem estresses, os quais poderiam levar a formação de grãos defeituosos ou de menor qualidade.

Para Caramori et al. (2004), a produção de café em sistemas onde espécies arbóreas estão presentes, desde que as mesmas estejam em densidade e população adequadas (sem causar excesso de sombra ao cafeeiro), pode não apenas diminuir a bienalidade do cafeeiro, mas também favorecer a formação de frutos maiores, que maturam mais lentamente e resultam em um produto de qualidade superior.

A existência de variabilidade genética entre materiais de Coffea spp. tem se mostrado suficiente para permitir a seleção de genótipos mais tolerantes à

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diferentes condições de cultivo (sequeiro, convivência com pragas, ocorrência de sombreamento, limitação nutricional, entre outros). É ainda possível, então, que cultivares mais adaptadas ao cultivo em sistemas biodiversificados sejam desenvolvidas pelos diferentes programas de melhoramento genético das principais espécies de café, apesar de ainda não existir, atualmente, uma recomendação de cultivares especificamente para esse fim (DaMatta et al. 2007; Cavatte et al. 2013).

3. QuaLIdadE dO cafÉ EM sIsTEMa BIOdIVErsO

A qualidade do café para fins de consumo é influenciada por diversos fatores (Vaast et al. 2006; Borém et al. 2008) como por exemplo, características edafoclimáticas, cultivares, manejo da lavoura, colheita e processamento, incluindo a seca e a torra (Siqueira and Abreu 2006; Borém et al. 2008; Bosselmann et al. 2009; Alves et al. 2011; Scholz et al. 2013).

A busca pelo aumento de produtividade das lavouras de café tem sido o eixo principal da pesquisa cafeeira (Vaast et al. 2006), inclusive no Brasil. Obviamente que a sustentação do Brasil como maior produtor mundial de café deve-se, em parte, a essa estratégia. Contudo, Carvalho et al. (1994) já enfatizavam que a melhoria da qualidade do café seria a garantia de sobrevivência da cafeicultura no país. Portanto, o esforço em aprimorar técnicas de cultivo, colheita e processamento alavancou a qualidade do café brasileiro nos últimos anos.

A qualidade do café pode ser averiguada basicamente de duas maneiras: pelas características físicas (tipo) e pelo aroma. No aspecto organoléptico em que se baseia a classificação da bebida, tem-se verificado relação entre a composição química e a qualidade do café (Carvalho et al. 1994).

O aroma e o sabor são decorrentes de inúmeros compostos químicos contidos no grão de café que ao ser torrado convertem-se em outros compostos químicos que conferem características à bebida. Alguns dos atributos químicos como o pH, acidez, teor de cafeína, teor de trigonelina, atividade de polifenoloxidase e atividade de peroxidase, variam entre os diferentes tipos de café bebida (Carvalho et al. 1994; Franca et al. 2005).

Em um estudo envolvendo a qualidade da bebida de café a atividade de polifenoloxidase decresceu quando se compara café de bebida Mole e café bebida

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Rio (Carvalho et al. 1994), assim como a acidez, concluindo que as atividades de polifenoloxidase e peroxidases aumentaram enquanto que a acidez decresceu com a melhoria da qualidade da bebida.

Os compostos químicos que conferem o sabor na bebida do café desenvolvem-se no processo de torra e em razão de sua complexidade química (Montavon et al. 2003) ainda não é bem entendida. Nesse processo, importante para a produção da bebida, mais de 800 compostos voláteis já foram identificados e a questão de quais compostos são os precursores mais relevantes que conferem o sabor e o aroma permanecem sem respostas (Franca et al. 2005).

A produção de café arábica de alta qualidade precede de três fatores principais: recursos genéticos, condições ambientais e manejo. Neste último, embora não seja uma condição sine qua non, a produção de café orgânico certificado e especialmente cafés gourmet são frequentemente associados a várias formas de manejo de sombra promovida por árvores em sistema biodiverso (Bolssemann et al. 2009).

O tempo de maturação do fruto de café é um aspecto importante para conferir qualidade final ao grão torrado (Montavon et al. 2003). Vaast et al. (2006) e Geromel et al. (2008) observaram retardo no processo de maturação do café arábica em condições de sombra. A exposição direta ao sol força a maturação dos frutos e adiantou o pico de colheita em um mês comparado ao café sombreado. A maturação mais lenta do café cultivado sob sombra tem sido proposta como uma das razões que condicionam diferenças na qualidade da bebida em relação ao sistema de produção pleno sol (Vaast et al. 2006).

O fruto de café quando maduro, assim como outros frutos tipo baga apresentam elevado teor de açúcares. Esses carboidratos encontrados no grão de café são importantes componentes que condicionam o sabor do café. Assim, quanto maior o teor de açúcares no grão não torrado mais intenso é o sabor do café, e o maior teor de sacarose em grãos não torrados de café arábica explica parcialmente melhor qualidade de bebida (Ky et al. 2000). No entanto, além dos açúcares, gorduras e cafeína são importantes na promoção da qualidade do café (Somporn et al. 2012).

Em estudo envolvendo sombra controlada artificialmente e o uso de árvores de Lichia (Lichia chinensis) o teor de açúcares foi maior do que em sistema pleno

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sol, e a frutose foi encontrada em maior proporção. A atividade de antioxidantes neste estudo apontou maior atividade para o sistema com 60% de bloqueio da luz solar e no tratamento sob sombreamento por Lichia. Dos ácidos fenólicos encontrados, o ácido clorogênico foi o mais abundante e seu teor aumentou com o sombreamento (Somporn et al. 2012).

Estudando a qualidade de frutos de café arábica, Geromel et al. (2008) confirmaram a importância do regime de luz no controle das características do grão formado. Foi demonstrado que a sombra retardou o desenvolvimento e a maturação do fruto em ao menos um mês, sem afetar o peso do fruto. Nos tecidos que constituem o fruto observaram que a sombra reduziu o pericarpo mas aumentou o endosperma levando ao aumento de cerca de 10% no peso e no volume do grão.

Outro aspecto importante no estudo de Geromel et al. (2008) reporta-se a importância da atividade fotossintética do fruto no estádio verde, contribuindo para suprir o endosperma. Assim, o retardo na maturação proporcionado pelo sombreamento favorece o enchimento do grão. No entanto, o efeito da sombra no teor de açúcares permanece controverso. Guyot et al. (1996) relataram aumento no teor de açúcares em café arábica cv. Catuaí crescendo sob condições de sombra. Por outro lado, Vaast et al. (2006) encontraram efeito negativo da sombra sobre o teor de açúcares em café arábica cv. Costa Rica 95. Geromel et al. (2008) não apontaram efeito do sombreamento no teor de açúcares totais, ao invés disto, o teor de açúcares redutores foi maior no grão de café cultivado sob sombra. Essas discrepâncias poderiam ser explicadas pelo fato de que cultivares respondem de forma diferente em condições ambientais semelhantes, além disso, os materiais genéticos Costa Rica (Vaast et al. 2006) e IAPAR 59 (Geromel et al. 2008) contém genoma de C. canephora, enquanto que a cultivar Catuaí (Guyot et al. 1996) não possui essa condição. Dessa forma, estudos envolvendo regime de luz e o metabolismo da sacarose devem ser conduzidos objetivando conhecer se a redução de sacarose sob sombreamento é realmente uma herança de C. canephora (Geromel et al. 2008).

Desvendar a química que constitui os grãos de café e suas transformações que ocorrem pelo efeito da torra é relevante em razão de o café ser considerado, conforme Dórea e Costa (2005) em alimento funcional, cujos benefícios para a

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saúde são confirmados por muitos estudos. Tais benefícios advêm da presença de substâncias como o ácido nicotínico, trigonelina, ácido quinólico, ácido tânico e cafeína, constituindo-se como fonte de antioxidantes como os ácidos clorogênicos, caféico, coumárico e fenílico.

Por outro lado, o prazer em consumir a bebida de café está diretamente relacionado com o sabor e o aroma produzidos após o preparo para o consumo. Os constituintes químicos que atuam proporcionando essas características do café como bebida é preponderante na definição da qualidade do café.

Vaast et al. (2006) encontraram efeito significativo do sombreamento do cafeeiro na qualidade da bebida. O amargor e a adstringência foram mais elevados na bebida preparada com grãos cultivados pleno sol em relação ao café sombreado artificialmente, indicando que a alta concentração de ácido clorogênico e trigonelina encontrados nos grãos de café cultivados pleno sol apontam incompleta maturação dos frutos.

À despeito da melhoria da qualidade do café cultivado em sistema sombreado, Bolssemann et al. (2009) estudando o efeito do cultivo de café arábica associado com espécies arbóreas em altitudes elevadas (acima de 1200 m) na Colômbia, o sombreamento restringiu a qualidade sensorial da bebida em razão da redução da temperatura e radiação provocados pelo sombreamento. Assim, em baixas altitudes estudos têm demonstrado impactos positivos do sombreamento na qualidade do café. Portanto, a otimização do manejo da sombra para a qualidade do café depende das condições locais e que a recomendação desse manejo deve ser indicado levando-se em consideração condições climáticas locais entre outras condições ambientais.

4. asPEcTOs EcONôMIcOs

O comportamento dos consumidores de café no mundo vem sendo gradualmente alterado por cenários de crises financeiras, mudanças climáticas, preocupação com a preservação ambiental e com os avanços tecnológicos. Essas mudanças devem ser rapidamente percebidas pelos produtores e empresas que trabalham com esse produto, afim de se manter a atividade competitiva no mercado. Na sociedade contemporânea, a preocupação dos consumidores com

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o meio ambiente se torna cada vez mais evidente. Os consumidores temem uma série de consequências geradas pelos males ambientais, sociais e econômicos, incluindo mudanças climáticas globais, comércio justo e direitos trabalhistas.

Essa mudança de comportamento tem feito com que os consumidores se preocupem cada vez mais com a origem do produto, levando em consideração elementos de toda a cadeia produtiva antes de selecionar o produto a ser comprado, preocupando-se com a preservação do meio ambiente e sua manutenção para as futuras gerações (Kotler et al. 2010). Nesse sentido, percebe-se uma visão positiva dos consumidores a respeito da aquisição de produtos certificados por apresentarem benefícios ecológicos, com aumento da demanda por esses produtos e geração de um mercado específico que necessita ser satisfeito pelos produtores (Barone and Frederico 2015).

Mundialmente, o Brasil é reconhecido como o maior produtor de café, no entanto, a maioria dos cafés brasileiros possuem preços baixos devido ao nível de qualidade dos grãos; ao contrário de outros países como a Colômbia, Guatemala e Costa Rica, que se destacam por produzir cafés especiais, com atributos sensoriais diferenciados e melhores preços de mercado (D’Alessandro 2015). Na Tabela 1, pode-se observar, dentre outras informações, que outros países produtores de café conseguem preços mais elevados quando comparados com o Brasil. Assim, por exemplo, a Costa Rica, México e Nicarágua recebem 61,63; 49,40 e 35,02% respectivamente, a mais pelo seu café do que o Brasil.

Tabela 1. Comparativo de produção e preços para o café no ano de 2015

País exportador

Valor exportado (mil USD)

Quantidade exportada (toneladas)

Valor unitário

(USD/Ton.)

Participação nas exportações mundiais (%)

Comparação de preços

Brasil 5565582 2006745 2773 18,2 100,00%Colômbia 2576546 717945 3589 8,4 129,43%Honduras 932274 285363 3267 3,0 117,81%Guatemala 664534 183824 3615 2,2 130,36%Peru 584507 176176 3318 1,9 119,65%México 415296 100234 4143 1,4 149,40%Nicarágua 396537 105905 3744 1,3 135,02%Costa Rica 309703 69093 4482 1,0 161,63%

Fonte: www.trademap.org

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Dentre as características do sistema de produção que diferem entre os supracitados países, existe a associação entre o cultivo de café com outras espécies vegetais, já que em muitos desses países a produção de café é realizada sob sombreamento de espécies arbóreas, alterando o ambiente (Pezzopane 2004) para favorecer a produção de cafés com características diferenciadas (Mancuso et al. 2013). No Brasil, existem condições para a produção de café com variadas características, devido à vasta gama de ambientes englobados na produção cafeeira. Desse modo, a produção de cafés especiais, com características de produção e atributos organolépticos diferenciados, cresce em importância para aumentar o valor do produto. A produção em sistemas biodiversificados é uma excelente alternativa para atingir esse fim em pequenas propriedades de base familiar (Incaper 2016), permitindo a produção de cafés especiais, além de diversificar a produção agrícola ou aumentar a sustentabilidade ecológica do sistema.

Turbay et al. (2014) evidenciaram que pequenos cafeicultores vêm implementando uma série de estratégias em sistemas agroflorestais para enfrentar a vulnerabilidade climática nas bacias de Porce e Chinchiná, na Colômbia. Os autores descrevem que o café é cultivado em associação com bananeira (Musa sp.), ingá (Inga sp.), louro (Cordia alliodora), cedro (Cedrela sp.), entre outras, que causam sombreamento parcial das plantas de café e promove melhor enfolhamento das mesmas, melhor qualidade fitossanitária, favorece a produção de frutos maiores e permite a produção de café de alta qualidade na região. Cabe ressaltar que os autores descrevem que o cultivo de espécies arbóreas (como o cedro) permite gerar renda adicional pela venda da madeira, além disso, o emprego de espécies frutíferas no sistema (como a bananeira) permite também o aumento a segurança alimentar da família.

Devido à insustentabilidade, à vulnerabilidade, perda da riqueza ecológica e ao risco econômico dos monocultivos, os sistemas de produção biodiversificados vêm sendo adotados como alternativa sustentável e eficiente na produção agrícola, diminuindo a dependência e a importação de commodities dos países de primeiro mundo (Sarcinelli and Ortega 2006; Lopes et al. 2012).

A implementação de sistemas biodiversificados tende a favorecer os aspectos econômicos do agronegócio em comparação a sistemas convencionais para pequenas propriedades. Existem relatos de sistemas biodiversificados causando

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incrementos no índice de desenvolvimento humano (IDH) e o produto interno bruto (PIB) nas regiões onde essa prática é adotada, impactando positivamente na renda dos produtores rurais (Rathmann et al. 2008).

Uma das vantagens econômicas dos cultivos biodiversificados está relacionada com a diversificação de culturas agrícolas na área de cultivo. Segundo Vandermeer e Perfecto (2007), a diversificação do sistema produtivo diminui consideravelmente as incertezas e riscos da exploração agrícola. A adoção desses sistemas ainda promove ganhos econômicos diretos e indiretos, relacionados, principalmente, à diminuição dos custos de produção e à diminuição do impacto econômico oriundo de crises econômicas (Jose 2009). Nesse sentido, os cultivos biodiversificados configuram uma interessante alternativa para evitar as incertezas do setor agrícola e proteger o produtor contra as vulnerabilidades referentes ao preço do produto, pragas, doenças, clima, entre outros (Williams-Guillén et al. 2008; NAIR et al. 2009).

O Gráfico 1 apresenta a variação de preços de três produtos agrícolas: cacau (Theobroma cacao), café arábica (Coffea arabica) e banana prata (Musa sapientum), durante o período de 2011 até o primeiro semestre de 2015 no Estado do Espírito Santo (CONAB 2015).

Gráfico1. Variação dos preços de 2011 até 2015 de 60kg de café, cacau e banana, comercializado pelos produtores do Estado do Espírito Santo.

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Nota-se que o preço do cacau sofreu uma queda no final de 2012, no entanto, o preço do café se manteve praticamente constante nesse período. Por outro lado, o preço do café sofreu uma queda no primeiro semestre de 2014, entretanto, o preço do cacau se elevou consideravelmente. Diante desse fato, pode-se evidenciar que o produtor rural que apresentava diversificação com cultivo de ambas as espécies foi menos vulnerável às incertezas do mercado, mantendo uma remuneração consistente mesmo em épocas de queda de preços de um dos produtos, devido a compensação com a renda provinda do aumento do preço do outro. Vale lembrar que a cultura da bananeira possui uma importante função, mesmo sendo considerada uma cultura economicamente terciária, pois ela proporciona rendimentos financeiros ao produtor durante todo o ano (durante as entressafras das demais culturas agrícolas).

Realizando algumas avaliações agronômicas e econômicas de um sistema consorciado entre café e banana, em pequenas propriedades de Uganda, Van Asten (2011) evidenciou que, apesar de menores rendimentos no café consorciado, os acréscimos econômicos na renda gerados pela produção conjunta com a banana eram significativos. Em seu trabalho, a produção de banana consorciada com café arábica gerou um incremento adicional de $1.754,00, representando uma taxa marginal de retorno de 911%; e quando consorciado com café robusta, gerou $323,00, representando uma taxa marginal de retorno de 200%. Assim, o autor simula que, mesmo que o preço do café sofresse queda de 50%, a renda gerada pela cultura da bananeira seria capaz de amortecer a situação econômica familiar. Corroborando com este autor, Lopes (2014) também indica maior rentabilidade econômica em sistemas de produção do cafeeiro biodiversificado em relação a sistemas convencionais em monocultivo, em Pontal do Paranapanema (São Paulo).

Ainda conforme Lopes (2014), no que se refere aos aspectos econômicos por unidade de área (ha), observou-se que a receita bruta do café produzido no sistema biodiversificado foi de R$ 5.115,00, enquanto a receita bruta do cafeeiro convencional foi de R$ 4.146,00. Nota-se que a receita bruta do sistema de produção biodiversificado foi aproximadamente 20% maior do que o observado no sistema convencional. No que se refere a receita líquida do cafeeiro, foi encontrado um valor de R$ 2.813,00 para o sistema biodiversificado, enquanto a

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receita líquida do cafeeiro convencional foi de R$ 1.451,00, resultado assim em quase o dobro do lucro no sistema de produção biodiversificado.

Cabe ressaltar que os sistemas biodiversificados de produção de café possibilitam a produção de outros alimentos e produtos de valor econômico que não foram computados no trabalho de Lopes (2014), evidenciando que esses sistemas podem apresentar uma eficiência econômica ainda maior do que o apresentado.

Os estudos de Rossi et al. (2011) mostraram que a produção de café em sistemas biodiversificados é uma prática economicamente competitiva e vantajosa, no entanto, para alcançar uma melhor eficiência econômica, recomenda-se que o manejo do sistema seja baseado na exploração de insumos orgânicos, complementando-se com insumos químicos quando necessário. Cabe ressaltar que a estratégia de diversificação com espécies fixadoras de nitrogênio pode contribuir como fonte de nitrogênio e reduzir a necessidade de adubação no sistema (Espíndola et al. 1997).

Ações direcionadas para diversificação da produção podem, além de aumentar a produção de alimentos e oferta dos mesmos no mercado, trazer consideráveis benefícios econômicos para os agricultores, deixando-os menos vulneráveis as incertezas do mercado (Christo et al. 2014). Além disso, a busca pela produção de um café especial e ecologicamente correto pode favorecer o aumento do valor do café produzido nesses sistemas, desde que o mesmo possa suprir a demanda do mercado consumidor por cafés produzidos com preocupação ambiental e com riquezas de sabor específicas dessas condições.

5. aGradEcIMENTOsOs autores agradecem à FAPES pelo apoio financeiro aos projetos

relacionados ao tema deste capítulo.

6. rEfErÊNcIas

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