cultura, currículo, escola - UFRGS · Assim, o curso nos moldes propostos pretendeu superar um...

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CULTURA, CURRÍCULO, ESCOLA Projetos e experiências de professores com temas transversais Organizadoras Jusamara Souza Ana Cláudia Specht SCIENTIFIC/SCIBOOKS

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  • cultura,currculo, escolaProjetos e experincias de professores com temas transversais

    OrganizadorasJusamara SouzaAna Cludia Specht

    SCientifiC/SCiBookS

  • ORGANIZADORASJusamara Souza

    Ana Cludia Specht

    cultura, currculo, escolaProjetos e experincias de professores com temas transversais

    Porto Alegre

    Scibooks

    2014

  • C968 Cultura, currculo, escola: projetos e experincias de professores com temas transversais / organizadoras Jusamara Souza, Ana Cludia Specht; [autores Adalberto de oliveira Bernardes... et al.]. - Porto Alegre: Scientific/Scibooks, 2014. 102 f. : il. Inclui referncias ao final de cada captulo. ISBN: 978-85-99706-07-7 1. Educao infantil 2. Meio ambiente 3. Trnsito 4. Sexualidade 5. Msica 6. Educao fiscal I. Souza, Jusamara, org. II. Specht, Ana Cludia, org. III. Ttulo. CDD 372.21

  • Crditos

    Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGSReitorCarlos Alexandre Netto

    Pr-Reitora de ExtensoSandra de Deus

    Curso: Cultura, Currculo, Escola: um programa de formao para educadores da Rede Municipal de Salvador do Sul e Regio

    CoordenaoJusamara Souza

    Ana Cludia Specht

    Prefeitura Municipal de Salvador do Sul RSPrefeitaCarla Maria Specht

    Secretria Municipal de EducaoRejane Maria Graf Kfer

    Prefeitura Municipal de So Pedro da Serra - RSPrefeitoAri Miguel Weschenfelder

    Secretria Municipal de EducaoMaria Neuza Weschenfelder

    Prefeitura Municipal de Marat - RSPrefeitoFernando Schrammel

    Secretria Municipal de EducaoMirtes Sost

  • AutoresAdalberto de Oliveira Bernardes

    Adriana Valandro

    Alexandra Medeiros Lemes Viegas

    Alice Maria Kuhn

    Aline Kerber Bruniczak

    Aline Klein

    Ana Claudia Orth

    Ana Maria Lermen

    Ana Mariane Hoffmann

    Andria Cristiana de Brito Schossler

    Aneli Klein Stein

    Anelise Maria Cornelius Escher

    Anelise Neumann

    Anelise Schmitt Pittelkow

    Ange Aline Kerber

    ngela Mara de Vargas

    Angelia Berenice Schmitz Meurer

    Anisete Elisabete Schreiner

    Beatriz de Vargas

    Caren Cristine Heck

    Crin Daniele Schmitz Wojahn

    Carine Haupt

    Carine Reidel

    Carla da Cruz

    Carla Janana Rocha Rick

    Carlos Adriano Schlindwein

    Casiane Lopes Mendes de Almeida

    Catiane Dalcin

    Ceclia Pech Selau

    Cinara Moreno

    Cintia Magali Schuster

    Clarine Sebastiana Pittelkow Luft

    Cludia Belizario da Silva Ritter

    Claudiane Braum

    Cleonice Forcelini Zanon

    Cristiane Lff

    Cristiani Haupt

    Daiana Cristine Knob

    Dalva Regina Artus

    Daniela T. da Motta Rommel

    Daniele Deuner Girotto

    dela Maria Forneck Werner

    Elaine Ebeling

    Elrio Graff

    Elizabeth Dalcin do Olival Schneider

    Eliziane Thums

    Enir Maria Phillipsen

    Erno Incio Kirch

    Etiane Thums

    Eva Cabrera

    Fabiana Schmitz

    Fabiane Feyh

    Fabiane Klein

    Fabiane Simon

    Fabricia Bttenbender

    Gabriela Schneider

    Geni Liani Scherer Arnhold

    Gerusa Iriete Coltro

    Glades Lauermann

    Graciele Maria Zimmer Hensel

    Graciele Orth

    Helen Camillo

    Ivania Terezinha Thums

    Jamile Walter Roesler

    Jeane Maria de Freitas da Conceio

    Joanete Maria Kerkhoven

    Joaquim Incio Lunckes

    Jussara Henriques Dutra

    Jussara Maria Luft

    Jussara Valmorbida

    Jussiani de Arajo Bergold

    Karine Muller

  • Katie da Silveira Brum

    Ladi Maria Renner

    Leda Denicol Andrioli

    Leila Brumelhaus Zagonel

    Liamara Rodrigues Nunes

    Liane Maria Brummelhaus

    Lidiane Gabriela Paes

    Lisandra Maria Malmann

    Lisiane Ramos Kirsten

    Luana da Silva

    Luana Felin

    Luana Rech

    Lucia Maria Marques Vrielink

    Luciane Beatris Ritter Mossmann

    Luciano Henrique Scherer

    Lucimar Alberti

    Luzia da Silveira Rech

    Maira Nonnemacher

    Mrcia Carine Kerber Reidel

    Mrcia Glzer

    Marcia Schu

    Marciane Suzete Zaro Willvvock

    Marcieli Zaro Hoff

    Maria Cleonice Roesler

    Maria Fabiane de Souza

    Maria Ins Schtz

    Maria Ins Weber

    Maria Juracy Artus Migot

    Maria Margarete Tonietto

    Mariane Marques

    Mariani Weschenfelder

    Maristela Gasperin

    Maristela Janete Mallmann

    Marlice Teresinha da Silva

    Marnice Weschenfelder

    Melasia Krindges Ludwig

    Meri Sidnia Camillo Weschenfelder

    Mnica Matusa da Silveira Andrade

    Nades Specht Kfer

    Neiva Fernades Grtzmann

    Nelsi Maldaner

    Noele Hoffmann

    Odete Ritter

    Patrcia Chassot Pertile

    Paulo Cesar Mombach

    Paulo Isaias Joner

    Renati Eliza Weschenfelder

    Reni Metz

    Rogeli Neuhaus

    Salete Carneiro

    Sandra Gehring

    Sandra Schu

    Sandrina Klein Kerber

    Scheila Margane Schneider

    Sibele Maria Dessbesel

    Silvane M. B. Simmi

    Silvane Nogueira da Silva

    Simone Daniela Pittelkow Vogt

    Sirlei Maria Spohn Stein

    Sueli Camillo Reichert

    Sueli Santos dos Santos

    Tatiane Rpke Carvalho

    Tiago Luiz Weschenfelder

    Tiane Forneck

    Valquria de Mello Rossi

    Vanessa Maria Werner

    Veranice Maria Wolf

    Verenice Adriana Guntzel

    Viviane Fagundes da Silva

    Viviane Sauthier

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    ApresentaoEste livro traz uma coletnea de textos que resultaram do curso

    Cultura, Currculo, Escola: um programa de formao para educadores da Rede Municipal de Salvador do Sul e Regio, proposto como atividade de extenso pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

    O curso integrou a Jornada Pedaggica realizada pela Secretaria de Educao do Municpio de Salvador do Sul com a parceria dos municpios de So Pedro da Serra e Marat, localizados no Rio Grande do Sul, e visou oferecer formao continuada para professores das Redes Municipais dos referidos municpios, buscando uma qualificao para o trabalho nas escolas a partir de uma viso sociocultural de currculo.

    Para esta proposta foram previstas trs etapas com uma carga horria total de 60 horas desenvolvidas no perodo de fevereiro a julho de 2013. A primeira etapa, com a durao de 32 horas, foi estruturada em oito mdulos de 4 horas, abordando os seguintes temas: Educao Musical, Educao Sexual, Educao para o Trnsito, Educao Ambiental, Educao Fiscal, Relaes tnico-Raciais, Educao para as Mdias, Projeto Poltico Pedaggico (PPP).

    Na segunda etapa foram dedicadas 20 horas para o aprofundamento nas temticas propostas e a preparao de projetos interdisciplinares que pudessem ser implantados nas escolas. Nessa etapa os projetos contaram com apoio dos professores-formadores. A terceira etapa, com um total de 8 horas, visou a realizao de um seminrio com apresentao pblica dos resultados parciais dos projetos em desenvolvimento nas escolas.

    O curso atingiu 130 professores que atuam na educao infantil, ensino fundamental, mdio, EJA e turno integral bem como diretores e supervisores dos municpios participantes. Indiretamente foram bene-ficiadas as comunidades escolares compostas de mais de 20 escolas e 1400 estudantes.

    Acreditamos que o sucesso da formao continuada de professo-res em servio deve ancorar no esforo colaborativo para desenvolver propostas, em que as demandas concretas dos municpios expressadas por professores, diretores, alunos, pais e dirigentes orientem o traba-lho de formao. Da a relevncia de ter os projetos e aes na escola como parte integrante da formao. A temtica Cultura, Currculo, Escola mostrou-se adequada para a elaborao de conceitos e reflexes dos professores sobre a relao da escola com a comunidade e com a cultura local. Procuramos com esse curso transformar o espao dos municpios em espaos de aprendizagem, nos quais todos podem ser envolvidos nas diversas formas de parcerias e trocas de conhecimento, permitindo a interao entre os educadores participantes do curso e a comunidade. Assim, o curso nos moldes propostos pretendeu superar um modelo de formao continuada de professores concebida de forma homognea, fragmentada e descontnua.

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    Os cursos de formao continuada de professores tambm devem criar condies efetivas, em cada escola, para o debate e promoo de espaos para a construo coletiva de saberes e propostas curriculares. A divulgao dos textos desenvolvidos pelos professores a respeito de suas experincias com projetos nas escolas serve como ferramenta para consolidar espaos para discusses tericas e prticas.

    O processo de escrita iniciou-se ainda na segunda etapa do curso, quando uma primeira verso dos projetos foi apresentada e discutida em grupos, separados por temticas. Revisados e reformulados os textos, estes agora ganham o formato de livro como um registro e resultado do que foi apresentado no seminrio final. Cabe ressaltar que naquele momento os projetos no estavam concludos e, por isso, nos textos so descritas vrias etapas ainda a serem desenvolvidas.

    Os textos esto disponibilizados de acordo com as temticas de-senvolvidas durante o curso, divididos em seis partes. Embora em muitos dos relatos vrias outras reas apaream interligadas, optamos por consi-derar os temas focos, para dar uma organizao ao livro. A primeira parte engloba os relatos de experincias na rea de educao ambiental. Na segunda parte esto reunidos os trabalhos que se dedicam educao no trnsito. A terceira parte apresenta projetos sobre a educao sexual. Na quarta parte so relatadas experincias no campo da educao musical. A quinta parte traz relatos de projetos desenvolvidos sobre educao fiscal. A ltima parte agrupa projetos que por sua natureza so interdis-ciplinares, abrangendo diversas temticas.

    No momento atual, o debate sobre a qualidade da educao ganha cada vez mais espao nas discusses e na pauta de reivindicaes da populao brasileira. Vivemos o momento da implantao da educao integral e a proposio de programas governamentais, como Mais Edu-cao e Mais Cultura. Essas aes sinalizam para um desejo de trans-formao da educao bsica indo alm dos indicadores do ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica - IDEB.

    Ou seja, faz-se necessrio ampliar o nmero de horas-aula para as crianas e jovens, mas tambm oferecer uma educao de qualidade, garantindo o acesso e o direito a diversas atividades, como arte, espor-te, lazer, cultura, contedos cientficos, dentre outros elementos, que conduzam a uma profissionalizao, construo de valores, cidadania e tica e valorizao das identidades tnicas de cada regio.

    Tambm precisamos de uma educao que trabalhe as diversidades e diversas dimenses do ser humano: cognitivas, afetivas, espirituais, fsicas, artsticas, esportivas/ recreativas. As crianas e jovens em idade escolar esto em fase de desenvolvimento; portanto, quanto mais se investir e inovar, mais criativas, curiosas e abertas para o mundo estaro.

    Por isso, as formas de ensinar e aprender e as metodologias que utilizamos so to importantes. O que apresentado nesta coletnea de textos revela como as experincias e atividades organizadas em projetos podem contribuir para esse debate. O registro escrito e a divulgao desses relatos podem colaborar para a construo de polticas pblicas, mostrando que ainda preciso investir mais na infraestrutura, nos espa-

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    os para arte e cultura, nas quadras de esporte, nos laboratrios, assim como na capacitao de professores para que as escolas possam avanar em seus projetos polticos pedaggicos.

    Agradecemos aos professores e s professoras participantes do curso e queles que se envolveram na elaborao deste livro e em suas atividades, mostrando o quo esto empenhados em construir uma so-ciedade mais solidria, mais humana, mais justa, mais tica.

    Um agradecimento especial s Secretarias de Educao dos Mu-nicpios de Salvador do Sul, So Pedro da Serra e Marat, bem como s suas equipes tcnicas pelo apoio e colaborao recebidas.

    Tambm somos muito gratas a todos os professores ministrantes do curso que aqui gostaramos de nomear: Agnes Schmeling, Cristina Rolim Wolffenbttel, Elaine Beatriz Ferreira Dulac, Helena Edilamar Ri-beiro Buch, Juciane Araldi Beltrame, Lygia Maria Portugal Oliveira, Silvia Nunes Ramos (Ministrantes da primeira etapa); Denise Blanco SantAn-na, Lcia Helena Pereira Teixeira, Michelle Girardi, Jaqueline Marques, Rosalia Trejo, Cristina Rolim Wolffenbttel, Nedli Magalhes Valmorbida (Participantes da segunda etapa) e Elaine Beatriz Ferreira Dulac, Cristina Rolim Wolffenbttel, Maria de Ftima Quintal de Freitas e Nedli Maga-lhes Valmorbida (Debatedoras no Seminrio Final, na terceira etapa). Em todas as etapas foram feitos registros fotogrficos e audiovisuais pelos professores Graciano Lorenzi e Matheus Carvalho Leite, a quem tambm agradecemos. Um agradecimento especial RNK Assessoria, na pessoa de Renita Klsener, pela parceria e apoio administrativo.

    Finalmente, cabe destacar o apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul atravs da Pr-Reitoria de Extenso, sem o qual este projeto no teria sido possvel.

    Jusamara SouzaAna Cludia Specht

  • sumrio

  • Parte 1

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    Meio ambiente: conhecer para preservar Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre Antnio Feij - Salvador do Sul

    Liane Maria BrummelhausMaria Juracy Artus Migot

    Simone Daniela Pittelkow VogtSirlei Maria Spohn Stein

    Sueli Camillo Reichert

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    A sade de uma populao est fundamentalmente ligada qua-lidade de vida e qualidade ambiental. Nossos desejos e necessidades so satisfeitos pelo nosso poder de compra. Como consumidores, somos indiretamente responsveis pelos impactos causados no meio ambiente, desde a extrao da matria prima da natureza at seu descarte final.

    A ao do homem perigosa e gera muitos impactos para o am-biente. Nenhuma outra espcie que habita a terra capaz de poluir o meio ambiente com tamanha habilidade. Como diz Albert Schweitzer: O mundo tornou-se perigoso, porque os homens aprenderam a dominar a natureza antes de se dominarem a si mesmos.

    Durante toda a nossa vida, nos beneficiamos do meio ambiente sem preocupao de preservar os recursos que ele nos oferece. Devido a esse uso indiscriminado, muito j foi destrudo, causando s-rios danos e diminuindo a qualidade de vida do ser humano. Segundo Leonardo Boff (2006) damo-nos conta de que podemos ser destrudos. No por algum meteoro rasante nem por algum cataclismo natural de propores inimaginveis. Mas por causa da irres-ponsvel atividade humana. Faz-se necessrio que a escola proponha novos caminhos que levem a uma nova relao com o meio ambiente.

    O mundo est enfrentando uma crise ambiental; consumimos mais recursos naturais do que a natureza tem condies de produzir; geramos mais resduos do que a Terra tem capacidade de reciclar. J tempo de de-senvolver conscincias que adotem atitudes de crescer de forma sustentvel para a satisfao de necessidades das geraes futuras. A escola, atravs da educao, o caminho mais seguro de proporcionar aos educandos vivencias de preservao do meio ambiente.

    Para garantir o bem-estar da humanidade, so necessrias novas maneiras de pensar e agir para que o mundo seja mais justo e o meio ambiente equili-brado. Segundo Dorothy Nolte (2003): As crianas aprendem o que vivenciam. O exemplo dos adultos, dos educadores, dos pais e das comunidades em geral de fundamental importncia nesse processo.

    O termo sustentabilidade tem se tornado cada vez mais popular e os preceitos bsicos esto na relao entre as coisas. As aes de cada um repercutem na famlia, na escola, na cidade, no pas e no mundo. Devemos considerar que cada um de ns participante de um sistema e deve fazer o que estiver ao seu alcance para o seu equilbrio.

    Como diz o fsico austraco Fritjof Capra, autor do livro O Ponto de Mutao, a sustentabilidade no uma propriedade individual, mas uma teia completa de relacionamentos.

    Meio ambiente: conhecer para preservar

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    O redimensionamento dos princpios ou valores humanos essencial para que mais pessoas vivam num ambiente harmonioso e respeitoso. Ter a sensibi-lidade de observar a realidade, pensar na relao entre as pessoas, compartilhar oportunidades de conheci-mento e discutir sobre tudo aquilo que nos cercam.

    Diante disso, observamos a necessidade de tra-balhar com a educao ambiental no mbito escolar, por acreditar que a escola um veculo com grandes poderes de transmisso de pensamento e tambm au-xiliadora no processo de construo de conhecimento.

    O Projeto Meio Ambiente: conhecer para Pre-servar ser realizado na escola pelo fato de termos em nosso entorno tantas riquezas e farturas. Levar a comunidade escolar a compreender a importncia da preservao do meio ambiente, contribuindo com a mudana de postura diante da nossa realidade.

    Preocupados com essas questes e com o futuro do nosso planeta, montamos o projeto com o objetivo de mobilizar a comunidade escolar e nos engajarmos na necessidade de um trabalho vinculado aos princ-pios da dignidade do ser humano, da participao e da corresponsabilidade. Desenvolvendo atitudes simples no nosso dia a dia, colaboramos para a preservao do meio ambiente.

    Pensando nessas questes, conclumos que a escola tem um papel fundamental na formao de novos hbitos e atitudes, desenvolvendo uma conscincia ecolgica nos educandos e na comunidade escolar. Se observarmos e nos questionarmos sobre o que a natureza nos ensina, veremos, assim como Leonardo Boff (2006), que ela nos ensina que a lei bsica do universo e da vida no a competio que divide e exclui, mas a cooperao que soma e inclui.

    Espera-se que, durante o desenvolvimento da prtica pedaggica aplicada educao ambiental, ocorra a relativa mudana de comporta-mento dos educandos da comunidade e o pleno exerccio da cidadania, da solidariedade e da cooperao entre escola e comunidade. Segundo Sara Pain (1999), legitimo e til buscar que os saberes populares sejam cada vez mais ricos, mais profundos e mais estruturantes. Que as leis ge-rais (sem esquecer que a especificidade necessria ao progresso) sejam conhecidas de maneira que uma atitude crtica possa ser exercida.

    No entanto, ainda estamos muito aqum do que podemos alcan-ar, pois, para isso, preciso educar-se. E a nasce uma outra esperana: quando uma conscincia desperta, ela se torna educadora, uma luz, uma referncia, uma fonte de significado.

    Bibliografia

    AMARAL, Josiane Carolina Soares Ramos do (org). A arte de ensinar e aprender. Bento Gonalves: IFRS Campus Bento Gonalves, 2011.

    Boff, Leonardo. A fora da ternura. Rio de Janeiro: Sextante, 2006.

    NOLTE, Dorothy. As crianas aprendem o que vivenciam. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.

    PAin, Sara. Corpo, pensamento e aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 1999.

    POLUIO ameaa a sustentabilidade do planeta. Revista Amigos da Natureza, n. 16, ago. 2012.

    SUStentABiLiDADe. Revista Nova Escola, n. 252, maio 2012.

    WeRneCk, Hamilton. Ousadia de pensar. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.

    Meio ambiente: conhecer para preservar

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    O meio ambiente ainda tem salvao?Escola Municipal de Ensino Fundamental Selma Wallauer - Salvador do Sul

    erno incio kirch Paulo Cesar Mombach

    tiago Luiz Weschenfelder

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    O rpido desmatamento, as queimadas desnecessrias, o uso cada vez mais frequente de inseticidas, o depsito de lixo em lugares indevidos, a poluio das vertentes, a poluio sonora, a poluio visual e, alm disso, a poluio provinda de chamins de indstrias, carros em excesso, dando assim, a poro da poluio que deixa a camada de oznio em perigo so exemplos da agresso do homem ao meio ambiente.

    O desmatamento excessivo sem planejamento causa um de-sequilbrio total da nossa me na-tureza, porque acaba com o habitat natural de todos os seres existen-tes em qualquer recanto do planeta Terra. Acaba rapidamente com as espcies de animais e plantas, rvores que deram origem a nomes de muitas localidades. Por exemplo: Linha Canjerana (rvore chamada can-jerana), Morro do Cedro (que se originou da rvore chamada cedro), bairro Timbava (que se originou da rvore chamada timbava) e a localidade de Linha Guabiroba. Mas o grande resultado do desmatamento a destrui-o da semente dessas preciosas raridades de rvores nativas que deram origem aos nomes de tantas localidades expressivas acima mencionadas.

    A localidade de Linha Canjerana deu origem ao incio do nosso projeto em defesa do meio ambiente. Nessa localidade, durante a visita a um stio1 com a turma do 6 ano, com grande surpresa, pudemos ob-servar e constatar, graas a pessoas conscientes, que ainda h meia dzia de rvores que deram origem ao nome da localidade Linha Canjerana.

    Com a vinda do progresso, ou seja, com a chegada do trem Maria Fumaa, mais espcies de rvores foram derrubadas para fazer dormen-tes que deveriam servir para colocar os trilhos. As rvores usadas eram a canjerana, que deu origem ao nome da localidade Linha Canjerana, e o angico. Na entrada de Linha Canjerana, hoje ocupada pela Vila Canjerana, havia, como carto de visitas, duas canjeranas enormes que deram o belo nome comunidade. A Linha Canjerana era uma vasta mata principalmente composta por angicos e canjeranas. Atualmente, graas a pessoas cons-cientes, ainda preserva-se a rvore que deu origem ao nome da localidade.

    Atualmente, preservam-se, no stio, todas as espcies de rvores nativas existentes antes da chegada do trem. Se mais pessoas tivessem conscincia, respeitassem mais a natureza e plantassem algumas rvores, com certeza, se salvaria o planeta azul.

    O meio ambiente ainda tem salvao?

    1Trata-se do stio do professor Erno Incio Kirch, uma propriedade particular localizada na linha Canjerana, no municpio de Salvador do Sul. Diversas espcies de rvores nativas so preservadas nessa rea, que tambm apresenta algumas aes ecologicamente corretas em relao ao lixo produzido na propriedade (sistema de compostagem do lixo orgnico e sua utilizao no plantio de verduras). [Nota das Organizadoras]

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    As queimadas criminosas que ocorrem em nos-so meio rural acabam, principalmente, com os mi-croorganismos existentes no solo, encarregados do arejamento da terra. Mas, tambm, afastam outros animais do habitat natural, que muitas vezes acabam morrendo. Essas queimadas tambm contribuem para a destruio da camada de oznio, responsvel pela filtrao dos raios solares. Os dois fatores, desmata-mento e queimadas, interferem na fotossntese. Com poucas matas, haver naturalmente grande influncia e desequilbrio nesse fenmeno natural.

    O uso cada vez mais abusivo de inseticidas, venenos em geral, aos poucos acaba com todos os seres (como pssaros e sapos), responsveis pelo equilbrio da cadeia alimentar. As guas da chuva levam esse veneno para os crregos, matando os nicos peixinhos que talvez ainda possam existir. Assim o borrachudo agradece...

    E as pequenas cacimbas, vertentes que ainda brotam da terra, como ficam com tanto veneno que os agricultores jogam na natureza?

    Assim, o prprio homem, que se diz racional, acaba matando a si prprio. As vertentes que ain-da existem acabam sendo destrudas pelo prprio homem, sem d, pois este pensa ser o dono da me natureza. Deveria, como ser humano, agradecer natureza, mas jamais destru-la atravs de venenos cada vez mais potentes. As vertentes poludas entram nos crregos e estes, por sua vez, desaguam nos rios, promovendo prejuzos incalculveis.

    Outro fator cada vez mais presente na nossa natureza a poluio sonora causada pelos carros, cujo nmero est crescendo desordenada-mente. Alm de sons altssimos, nos bailes e festas, a ponto de estourar os tmpanos. E tambm nas salas de aula, as quais deveriam ser locais sagrados de silncio, para que todos pudessem ter um ambiente propcio e agradvel para estudar. Portanto, a poluio sonora, talvez seja uma das poluies mais perigosas para o prprio homem, porque atinge o crebro deixando o ser humano nervoso e com a terrvel doena do sculo chamada estresse.

    Outro mal que atinge a viso do ser humano a poluio visual atravs de depsitos de lixo em lugares imprprios. Com o lixo no selecio-nado depositado em tonis beira das ruas e, principalmente, nos fins de semana, o vento ou os cachorros derrubam os tonis e os ratos avanam. As moscas varejeiras completam a festa, espalhando mau cheiro e at transmitindo doenas perigosas pelos bairros da cidade. Isso muito grave.

    As pessoas deveriam se conscientizar, separar o lixo orgnico e enterr-lo no fundo do terreno e jamais mistur-lo com o plstico. Mas, um dos piores lixos visuais so as carcaas de veculos velhos e, s vezes, at novos, depositadas na entrada da cidade beira do arroio Salvador, as quais, em dias de chuva, certamente liberam restos de gasolina e leo no

    O meio ambiente ainda tem salvao?

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    crrego, poluindo-o. E, logo abaixo, as pessoas tomam banho. O cr-rego poludo passa por potreiros onde animais bebem a gua suja.

    Carros abandonados formam um belo cemitrio, no qual os ro-edores, responsveis por diversas doenas perigosas e contagiosas, podem instalar-se, criar um dos melhores habitats que os ratos querem para sobreviver e fazer a sua multiplicao.

    A camada de oznio precisa ser preservada, mas o que fazer para salv-la? Ns, professores do projeto Educao Ambiental, es-tamos plenamente conscientes e tambm conscientizando o grupo de alunos do 6 ano de que a sada para salvarmos a camada de oznio e o meio ambiente seguirmos os fatores acima mencionados. Isto , no desmatar tanto, no queimar desnecessariamente, evitar o uso de inseticidas em excesso, cuidar mais do lixo e das nossas vertentes, evitar sons de alta potncia, aproveitar mais e melhor as oportunidades em sala de aula, no desmatar a beira dos crregos e preservar as rvores nativas que ainda existem a exemplo do stio que foi visitado e observado.

    Ns, grupo de professores, levamos, no dia 9 de maio, o grupo de alunos do 6 ano ao stio localizado na Linha Canjerana, no qual os alunos e os professores puderam observar um grande nmero de vertentes de gua cristalina descendo de um lado do crrego e, no outro lado, ainda a mata nativa em plena preservao.

    Pudemos observar tambm grandes queimadas prximo ao stio, enquanto, no stio, no se queima nada. Observamos ainda que no stio existe um grande nmero de rvores nativas emplacadas, tais como: cedro, canjerana, timbava, caroba, louro, etc. Com isso, constatamos que ainda h pessoas dando bom exemplo, cuidando e preservando a natureza.

    Observamos, ao longo do caminho, a formao de uma vila formada por um grande nmero de casas sem rede de esgoto e cujo esgoto atinge uma vertente cuja gua entra no crrego posteriormente.

    Portanto, ns e os nossos alunos estamos cientes pelo que foi ob-servado e prontos para lutar em favor da natureza. O trabalho do projeto at o momento foi avaliado como positivo. Pretende-se continuar a lutar em prol da nossa me natureza.

    Em virtude dos fatores relacionados anteriormente, ficam evidentes os males causados pela destruio do meio ambiente. Seria importante que o homem, ser racional, buscasse frmulas efetivas de restabelecer a harmonia existente outrora.

    O meio ambiente ainda tem salvao?

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    Resduos destinados, meio ambiente preservado

    Escola Municipal de Ensino Fundamental Carlos Klein - Salvador do Sul

    Caren Cristine HeckMeri Sidnia Camillo Weschenfelder

    Sibele Maria Dessbesel

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    Ao iniciar as atividades do-centes em fevereiro, participamos da jornada pedaggica, em Salvador do Sul, que teve como tema: NE-NHUM DE NS TO BOM QUANTO TODOS NS JUNTOS. Houve a par-ceria dos municpios de So Pedro da Serra e Marat, e a jornada foi ministrada pela UFRGS. Foram abor-dados vrios temas transversais, como: Educao Musical, Etnias, Sexualidade, Trnsito, Meio Ambiente e Mdias. Observando todos os assuntos, e sendo todos de muita re-levncia, consideramos que a nossa escola se enquadrou melhor no tema Educao Ambiental. Levamos isso ao conhecimento dos pais, e o tema foi debatido. Os pais concordaram conosco, e levamos essa ideia adiante. A Escola tem como Projeto Anual: RESDUOS DESTINADOS, MEIO AMBIENTE PRESERVADO.

    O meio ambiente tornou-se um tema de extrema relevncia nas ltimas dcadas, no s para a poltica como para a educao. A educao ambiental surgiu na dcada de 1970 e era considerada uma espcie de aula de cincias, na qual temas relacionados ecologia eram inseridos no currculo escolar e nos livros didticos.

    Hoje, j se sabe que o assunto muito mais amplo e tem que ser apresentado a toda a sociedade. A temtica do meio ambiente no se refere s a plantas, animais e as-pectos da natureza, mas tambm a questes sociais.

    Queremos tornar a educao ambiental um processo participa-tivo, em que o educando assume o papel de elemento central do processo de ensino/aprendizagem que pretendemos, participando ativamente no diagnstico dos pro-blemas ambientais e na busca de solues, sendo preparado como agente transformador, atravs do desenvolvimento de habilidades e formao de atitudes, por meio de uma conduta tica, condizentes com o exerccio da cidadania.

    Resduos destinados, meio ambiente preservado

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    A educao ambiental deve buscar valores que conduzam a uma convivncia harmoniosa com o ambiente e as demais espcies que ha-bitam o planeta, auxiliando o aluno a analisar criticamente o princpio antropocntrico, que tem levado destruio inconsequente dos recursos naturais e de vrias espcies.

    Cuidar do meio ambiente responsabilidade de todos, e a escola um local favorvel a esse processo. Sabendo que as escolas so grandes geradoras de resdu-os slidos, importante que tra-balhemos no sentido de envolver nossos alunos e educadores para que essa situao seja modificada, formando novos hbitos.

    Para tanto, nosso projeto objetiva alertar sobre o problema da grande produo de lixo pelos seres humanos e estudar conceitos importantes como: Coleta Seletiva, Reciclagem do Lixo, Horta Escolar, Compostagem, Reflorestamento e outros que se fazem necessrios. Tambm objetivamos possibilitar a alunos, pais, comunidade e educa-dores a aquisio de conhecimentos, desenvolvendo habilidades para resolver problemas, implementar mudanas na prtica de valores e adotar atitudes ambientalmente adequadas em seu cotidiano.

    Queremos tambm fazer com que o educando desenvolva habi-lidades de trabalho em equipe, or-ganizao e planejamento de uma horta escolar, para enriquecer a merenda escolar, sem agrotxicos.

    Entre tantas atividades, j foram realizadas as seguintes: reunio de pais juntamente com os alunos da escola, recolhimento de embalagens (salgadinhos, suco, chocolate, shampoo, condiciona-dor, tintura de cabelo e creme dental), que so encaminhados Mega Embalagens2 e depois a uma empresa de reciclagem.

    Resduos destinados, meio ambiente preservado

    2A Mega Embalagens uma empresa fabricante de embalagens flexveis localizada no Distrito Industrial de Salvador do Sul e emprega aproximadamente 250 pessoas de Salvador do Sul e regio. http://cidademegaconsciente.wordpress.com/a-mega-embalagens/

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    Tambm assistimos a vdeos no YouTube sobre gua, visitamos e tivemos palestra na Corsan (es-tao de tratamento), analisamos a nossa gua e descobrimos que ela no contm flor nem cloro. Juntos elaboramos um ofcio Secretaria da Sade solicitando um laudo da qualidade da gua por ns consu-mida e montamos uma linha do tempo dessa atividade.

    Presenteamos nossos alunos com a Sacola Ecolgica na Pscoa, evitando o uso da sacola plstica.

    Por vrias vezes desenvolvemos atividades na horta, como limpeza, plantio e colheita de hortalias, confeccionamos o Sr. Alpiste (boneco ecolgico) e criamos uma composteira.

    Realizamos o concurso de desenho para escolher o logo do projeto, confeccionamos a camiseta do projeto com este logo.

    Utilizamos vrios livros referentes ao meio ambiente para fazer a hora do conto, realizamos um passeio pela comunidade, recolhemos restos deixados pelo homem e restos deixados pela natureza, criamos os caminhos ecolgicos, confeccionamos lixeiras coloridas de acordo com o tipo de lixo, assistimos ao filme Tain I, que mostra a preservao da natureza, organizamos painis fotogrficos, fazendo o paralelo das boas e ms atitudes com suas consequncias e estamos organizando uma coletnea de msicas sobre o meio ambiente.

    Promovendo essas prticas de valores e atitudes ambientalmente adequadas ao nosso cotidiano, lanamos as primeiras sementinhas, que sero a base do nosso futuro.

    Bibliografia

    BARBieRi, Jos Carlos. Desenvolver ou preservar o ambiente?. So Paulo: Cidade Nova, 1996.

    CARVALHO, Luiz Marcelo. A temtica ambiental e a escola de primeiro grau. So Paulo: USP, 1989. Tese (Doutorado) - Faculdade de Educao, Universidade de So Paulo, So Paulo, 1989.

    CASCINO, Fbio; JACOBI, Pedro; OLIVEIRA, Jos flvio. Educao, meio ambiente e cidadania: reflexes e experincias. So Paulo: SEMA, 1998, 122 p.

    Resduos destinados, meio ambiente preservado

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    Despertando uma conscincia ecolgica Escola Municipal de Ensino Fundamental Albino Cassel - Marat

    Anisete elisabete SchreinerAnelise Schmitt Pittelkow

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    A principal funo do nosso trabalho com o tema Despertando uma conscincia ecolgica con-tribuir para a formao de cidados conscientes, comprometidos com a vida, com o bem-estar de cada um, com a sociedade local e global.

    Nos tempos atuais, impres-cindvel que a educao aborde o meio ambiente de forma inter-disciplinar, para que as crianas conheam e valorizem as leis da natureza e, acima de tudo, apren-dam a cuidar dos nossos recursos naturais, promovendo o desenvol-vimento sustentvel.

    Para atingirmos esses objeti-vos, trabalhamos com a formao de valores e atitudes, resgatando o plantio da horta domstica, com a finalidade de mudar hbitos e gostos alimentares. Colocamos o aluno em contato com a terra, para que valorize a importncia do trabalho e a cultura do homem do campo.

    Nessa perspectiva, tivemos como objetivo despertar nos alunos a necessidade da preservao do meio ambiente, como tambm conscien-tiz-los da importncia de uma alimentao saudvel em benefcio de sua sade e bem-estar. Estimulamos a mudana de atitudes e a formao de novos hbitos com relao utilizao dos recursos naturais, favo-recendo a reflexo sobre a responsabilidade tica de nossa espcie e o prprio planeta como um todo, auxiliando para que a sociedade possua um ambiente sustentvel, garantindo a vida no planeta.

    Implantamos a horta escolar de forma interdisciplinar e vivenciada, onde a natureza possa ser compreendida com um todo dinmico, e o ser humano, como parte integrante e agente de transformao do ambiente em que vive. Dessa forma, conscientizamos nosso aluno para a necessi-dade de pensar no problema do lixo, nas formas de coleta e destino, na reciclagem, nos responsveis pela produo e pelo destino na escola, em casa e em espaos comuns, e que venha se tirar proveito e lucro da coleta e reciclagem, trazendo retorno para a escola e para o municpio ao mesmo tempo. Sendo assim, buscamos parcerias que envolvam em-presas e setor pblico. Queremos que percebam que o lixo pode ser uma fonte importante de recursos financeiros atravs da reciclagem. Confeccionamos, com materiais reciclveis, brinquedos, instrumentos musicais e objetos que possam ser utilizados no seu dia a dia. Enten-demos que atravs do canto e da dana conseguimos, de uma maneira ldica, conscientizar os alunos sobre a importncia da preservao do meio ambiente para evitar doenas.

    Despertando uma conscincia ecolgica

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    Atravs dessa conscientizao e da implantao da horta escolar em nossa escola, incentivamos os alunos a degustar os diferentes tipos de alimentos, estabelecendo relaes entre o valor nutritivo dos alimentos cultivados, compreendendo a importncia de uma alimentao saudvel e nutritiva, sem agrotxico, para a sade.

    Despertamos o interesse da criana para o cultivo da horta e o co-nhecimento do processo de germinao. Acreditamos que um alimento semeado, cultivado e colhido pelos prprios alunos despertar o inte-resse por degustar esses alimentos. Juntamente com a nutricionista da prefeitura, elaboramos receitas nas quais as verduras plantadas pelos alunos foram os ingredientes bsicos. Os alunos foram incentivados a criar personagens com a massa preparada com esses ingredientes sau-dveis por eles colhidos em nossa horta escolar.

    Estimulamos os alunos a fa-zerem a separao e a reciclagem do lixo, percebendo a necessidade dessa atitude para a preservao do meio ambiente. Para trabalhar essa questo, a escola mobilizou vrias estratgias, entre elas: pa-lestras, discusses em grupos, montagem de painis, decorao das latas de lixos, preparamos um espao apropriado para a horta es-colar usando materiais reciclveis, confeccionamos um mascote, par-ticipamos da gincana da alimenta-o saudvel, reaproveitamos as sobras da merenda escolar, folhas velhas de hortalias em forma de compostagem, que ser usada como adubo na horta escolar.

    A avaliao aconteceu ao longo do desenvolvimento do projeto atravs da observao do desempenho e do interesse dos alunos no desenvolvimento das tarefas propostas.

    No primeiro momento, funcionrios da prefeitura e pais nos auxi-liaram na construo de escadas usadas para a montagem da horta es-colar. Os alunos trouxeram embalagens de produtos de limpeza, esterco, sementes e mudas. Preparamos os canteiros, semeamos e plantamos. A expectativa foi grande! Todos os dias, os alunos, ao chegaram na escola, iam correndo observar a germinao das sementes e o crescimento das mudas. A aluna Dienefer, do 4 ano, adorou a ideia de implantar uma horta, segundo relato, ela falou: Na minha casa, fiz uma horta s para mim. Plantei alface, brcolis e beterraba. Alface que eu adoro comer, beterraba que eu no gosto, mas que vou comer!

    Assistimos ao vdeo Um mundinho para todos, confeccionamos um painel representando que o mundo de todos e que ningum tem o direito de destruir esta maravilhosa obra por Deus criada. Cada aluno representou algo sobre o que compreendeu referente histria. O aluno

    Despertando uma conscincia ecolgica

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    Cristian, do 5 ano, explicou o que ele representou em seu trabalho, dizendo: Todos precisam cuidar do planeta Terra, mesmo cada um sen-do diferente, o cego, o que est na cadeira de rodas, o surdo, o mudo, ns que achamos que somos per-feitos, os bichinhos, tambm as plantas, todos precisam da mesma coisa, que o meio ambiente.

    Foi colhido o primeiro p de alface e utilizado para incrementar a merenda escolar.

    Todos demonstraram muito interesse pela salada, valorizando o alimento que foi plantado e cul-tivado por eles.

    importante lembrar que, entre a alimentao adequada, sua aceitao e o entendimento de que esta a melhor opo, h uma grande distncia, que certamente diminuda quando a criana tem a oportunidade de acompanhar o desenvolvimento do prprio alimento.

    Este projeto promove mudanas de valores, hbitos e atitudes com a implantao da horta e por meio da educao ambiental, usando a sensibilizao com a participao dos alunos.

    Conhecer o meio ambiente em que vivemos faz com que desen-volvamos um vnculo positivo com a natureza, fazendo da escola e do lar exemplos dessas mudanas. Entende-se que, para se trabalhar essa educao permanente e dinmica como deve ser, preciso criar na escola um ambiente capaz de envolver os professores de todas as disciplinas, discentes, funcionrios em geral e tambm a comunidade.

    Entende-se que a merenda escolar assume um papel importante na formao da criana, desde que elaborada por meio de cardpios ricos e nutritivos, contribui para uma vida saudvel e uma aprendizagem mais eficiente e acarreta em uma melhor qualidade de vida e sade.

    Bibliografia

    BRASIL. Ministrio do Meio Ambiente. Programa Nacional de Educao Ambiental: lei 9795/99. Braslia: MMA, 1999.

    SILVA, Marina. Encontros e caminhos: formao de educadoras(res) ambientais e coletivos educadores. Braslia, MMA, 2005.

    SATO, Michle. Educao ambiental. So Carlos: Rima, 2002.

    Despertando uma conscincia ecolgica

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    Aprendendo valores para cuidar melhor do nosso ambiente Escola Municipal de Educao Infantil Descobrindo a Vida - Marat

    Clarine Sebastiana Pittelkow LuftMaria Fabiane de Souza

    katie da Silveira BrumBeatriz de Vargas

    Graciele orthMaira Nonnemacher

    Mariani WeschenfelderLuana da Silva

    Aline Kerber BruniczakFabiane Feyh

    ngela Mara de VargasCarine Reidel

    Cinara MorenoMarcia Schu

    Valquria de Mello RossiGlades Lauermann

    Carla da CruzDaniela T. da Motta Rommel

    Mariane Marques Sandra Schu

    Claudiane BraumHelen Camillo

    Luana felin

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    A realidade dos nossos edu-candos, bem como seus interesses e anseios foram os pontos rele-vantes que nos levaram a definir o tema do projeto anual de 2013. Percebendo diariamente o interes-se pela leitura e a apreciao por livros infantis desde as turmas de Berrio, do Maternal e do Jardim, decidimos desenvolver o tema Edu-cao Ambiental atravs do contato com as histrias infantis, conside-rando esta a melhor maneira de en-volver as crianas de todas as faixas etrias num assunto que deve ser discutido desde a infncia.

    Julgamos imprescindvel, nos tempos atuais, que a educao in-fantil, de forma ldica e dinmica, aborde a questo ambiental, para que as crianas conheam e valorizem as leis da natureza desde pequenas e, acima de tudo, aprendam a cuidar dos nossos recursos naturais, promo-vendo o desenvolvimento sustentvel. A educao ambiental no deve ser tratada como algo distante do cotidiano dos nossos alunos, mas como parte de suas vidas. A conscientizao da preservao do meio ambiente de suma importncia para a nossa vida e a de todos os seres vivos.

    Tambm, atravs do convvio dirio nas tur-mas da nossa EMEI, observou-se a dificuldade de relacionamento, a falta de limites, a dificuldade de concentrao e ateno nas atividades realizadas, a inexistncia de valores e a ausncia familiar no pro-cesso ensino-aprendizagem. Portanto, diante desse contexto, abordaremos o tema Educao Ambiental: Aprendendo valores para cuidar melhor do nosso am-biente. Enfatizaremos, atravs da literatura infantil, o resgate de valores, visando um ambiente escolar, familiar e social mais saudvel.

    Os objetivos do nosso projeto so: preservar os recursos naturais; perceber os cuidados necessrios preservao da vida e do ambiente; mostrar que a reciclagem pode trazer inmeros benefcios; traba-lhar o respeito para com a natureza e para consigo mesmo; trabalhar as diversas formas de vida existentes no meio ambiente: fauna, flora, vida marinha; identificar-se como parte integrante do meio ambiente; man-ter o meio ambiente limpo; confeccionar objetos atravs de materiais reciclveis; desenvolver o hbito da leitura; estimular a criatividade; desenvolver a ateno e a concentrao; reproduzir histrias atravs da dramatizao; estimular a desinibio; desenvolver a oralidade, resgatar valores e estimular a participao da famlia. Espera-se que no decorrer do projeto as crianas aprendam os valores atravs das histrias infantis, sensibilizando-as a preservarem o meio no qual esto inseridas, seja ele escolar, familiar ou social.

    Canteiro e latas decoradas na cercaTurma: Maternal B

    Conhecendo as partes da planta

    Turma: Berrio B

    Aprendendo valores para cuidar melhor do nosso ambiente

  • 30

    Os recursos e procedimentos metodolgicos utilizados so diversifi-cados, pois o trabalho com educao infantil exige criatividade, diversidade e ludicidade, para que consigamos prender a ateno dos nossos alunos num determinado espao e tempo. Desenvolvemos o projeto principal-mente atravs da contao de histrias, brincadeiras, dinmicas de grupo, filmes, encenaes, com fantoches, confeco de painis, criao de livros, maquetes, dobraduras, desenho livre, criao de objetos e bonecos com materiais reciclveis, horta escolar, plantio de flores, passeios, msicas, experincias, atividades de recorte, montagem e colagem.

    Definimos tambm um cronograma de temas/assuntos que sero abordados durante o ano: maro municpio (histria, cultura, msica, comidas tpicas, pontos tursticos) e Pscoa (sentido/significado); abril ndio (respeito s diferenas/diversidade), literatura infantil; maio famlia, amor, afeto; junho meio am-biente (reciclagem), festas juninas (msica, brincadei-ras); julho amizade e Dia da Vov; agosto folclore e Dia dos Pais; setembro Revoluo Farroupilha; outu-bro Oktoberfest (cultura alem) e Dia das Crianas; novembro amor Ptria; dezembro significado do Natal. Os temas e assuntos acima apresentados so focados principalmente no resgate de valores, bus-cando a participao familiar no processo de ensino-aprendizagem. Afinal, famlia e valores so alicerces para a construo de um mundo melhor, tornando o meio em que vivemos mais agradvel de viver.

    Uma das atividades, consideradas destaque pelo grupo de educado-ras da turma do Berrio B, foi o trabalho com a histria Cad Clarisse? Atravs dessa histria, as educadoras trabalharam o convvio e o relacio-namento familiar. O trabalho foi iniciado na escola, atravs de contao da histria e discusso com as crianas. No decorrer da semana, cada aluno levou a histria para casa para ser lida e discutida com os seus pais. A tarefa exigida foi um desenho livre da criana e um relato por escrito dos pais, descrevendo como foi a atividade. Todos os pais participaram e se envolveram com a tarefa, elogiando a iniciativa das docentes. Muitos pais enviaram fotos para a escola, mostrando a realizao da atividade. Alguns at fizeram a divulgao nas redes sociais (facebook). Aps o recebimento dos trabalhos das crianas, foi confeccionado um painel, utilizando papel pardo, com as fotos e trabalhos. gratificante ver o envolvimento da famlia! Destacou uma das educadoras.

    A turma do Maternal A desenvolveu a atividade Meine Kleine Fishe (Meu pequeno peixe). O ttulo foi dado em alemo devido cultura alem, uma das mais fortes descendncias do municpio de Marat. Explicao dada pela professora da turma, professora Aline. A atividade ocorreu da seguinte maneira: durante cada dia da semana, um dos alunos levava o aqurio para sua casa, para cuidar do peixinho durante um dia. A tarefa do dia seguinte era relatar como foi a permanncia do peixe na sua casa. As crianas, numa conversa inicial em sala de aula, nomearam o peixe de Nino, conversaram sobre a alimentao e sobre o habitat dos peixes. A professora relata que a base do trabalho ocorreu atravs da contao de histrias infantis sobre peixes. Foi maravilhoso ver a euforia das crianas

    Bolo confeccionado com bandejas de isopor

    turma: Jardim

    Aprendendo valores para cuidar melhor do nosso ambiente

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    quando chegava o momento de levar peixe para casa!, relatou a profes-sora. De acordo com o levantamento realizado na turma, nenhuma das crianas tinha em casa um peixinho como animal de estimao.

    Houve muita diverso na turma do Maternal B no dia em que a professora anunciou a ati-vidade que seria realizada. A ta-refa foi organizar um canteiro, no porto de entrada da escola. Para a concretizao do canteiro foram utilizadas taquaras de bambu, ma-deiras, terra, flores e plantas ver-des. Cada aluno pde contribuir, ajudando no plantio das flores e plantas verdes. Foi uma ativida-de muito legal!, relatou um dos alunos. A turma tambm decorou a cerca da escola, confeccionando latas decoradas, para, em seguida, plantar a muda de flor que trouxe de casa. Os alunos se sentiram ma-ravilhados com a atividade.

    A turma do Jardim tambm realizou uma atividade supercriativa. Na semana de aniversrio do mu-nicpio, aps conhecerem um pouco da histria e da cultura de Marat, os alunos confeccionaram um lindo bolo com bandejas de isopor. Aps a concluso da atividade, os alunos fizeram uma visita ao prefeito, levan-do o bolo confeccionado. O bolo ficou exposto no gabinete do prefeito durante o ms de aniversrio do municpio. O prefeito parabenizou as educadoras pelo belo trabalho realizado.

    Assim como as atividades acima citadas, muitas outras foram de-senvolvidas, sempre baseadas no tema central do projeto, que vem sendo um sucesso.

    A avaliao do projeto aconteceu continuamente atravs de de-bates, anlises e discusses nas reunies pedaggicas das educadoras na escola. Refletindo periodicamente sobre o trabalho pedaggico que vem sendo desenvolvido, observando, tambm, diariamente o envol-vimento dos alunos nas atividades realizadas, bem como o interesse, a participao, a responsabilidade, a ateno e a criatividade. O fechamento do projeto acontecer em novembro, junto II Mostra Educacional do Municpio, onde sero expostos os trabalhos realizados pelos alunos.

    ninhos de pscoa feitos com potes de sorvete

    Turma: Maternal A

    Bibliografia

    DORNELES, Valdeci Antonio Pahins. Recreao, arte mgica e a msica, como instrumento pedaggico. So Leopoldo: Oikos, 2003.

    HAiDt, Regina Clia Cazaux. Curso de didtica geral. So Paulo: tica, 2000.

    koUDeLA, ingrid Dormien. Jogos teatrais. So Paulo: Perspectiva, 1992.

    SoL, isabel. Estratgias de leitura. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.

    KLEIMANN, Angela. Oficina de leitura: teoria e prtica. 9. ed. So Paulo: Pontes, 2002.

    Aprendendo valores para cuidar melhor do nosso ambiente

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    O meio ambiente e suas relaes, enfocando valores

    Escola Municipal de Ensino Fundamental Estao Vitria - Marat

    Jussara Henriques Dutra Jussiani de Arajo Bergold

  • 33

    IntroduoEste artigo parte do projeto que est sendo desenvolvido na escola,

    com o tema: O meio ambiente e suas relaes, enfocando valores.

    Nossa escola situa-se na localidade de Vitria, em Marat, e per-tence zona rural. Possui duas turmas multiseriadas com 18 alunos ao todo, distribudos em: 1 e 2 anos; 4 e 5 anos.

    Como diz a Constituio Federal de 1988, no seu artigo 225, cabe ao Poder Pblico promover a Educao Ambiental em todos os nveis de ensino.

    A Educao Ambiental deve ser trabalhada na escola desde as sries iniciais, pois o perodo em que desenvolvemos as atitudes e os valo-res que formam a base da personalidade de nossos alunos. As crianas devem interagir com a natureza e aprender a respeit-la.

    por isso que a escola deve oportunizar situaes nas quais as crianas consigam experimentar e explorar materiais que iro estimul-los, tornando assim a aprendizagem mais significativa e preparando-os para o exerccio da cidadania.

    A valorizao do ambiente escolar fundamental para que os alu-nos consigam ressignificar a importncia das boas relaes, do respeito e do dilogo em todos os contextos, estabelecendo relaes com trocas de saberes e vivncias e explorando novos conhecimentos.

    Desenvolvendo a autonomia e proporcionando situaes de apren-dizagem em que seja possvel formar conceitos bsicos, que auxiliem na preservao do meio ambiente, estaremos estimulando a capacidade de pensar e agir de forma crtica e consciente, visando a melhoria das condies de vida junto ao meio.

    O meio ambiente e suas relaes, enfocando valores

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    A proposta do projeto Nossa proposta de atuao docente parte do princpio de que pela

    prtica constante do dilogo que acontecem as trocas, os confrontos, as construes e reconstrues de prticas sociais. E nessa prtica de di-logo que o professor abre caminhos para articular um projeto pedaggico.

    fundamental que o professor esteja comprometido com o seu fa-zer, desenvolvendo o seu trabalho com compromisso social, planejamento participativo, ao e reflexo, responsabilidade e autonomia. Acreditamos que assim o professor ir possibilitar condies para que, gradativamente, a criana possa desenvolver capacidades ligadas a tomada de decises, construo de regras, cooperao, solidariedade, respeito por si mesmo e pelo outro. Sabemos que preciso preparar o aluno para a vida e no para o acmulo de informaes.

    Numa perspectiva interdisciplinar, todas as reas do conhecimento precisam estar relacionadas, buscando desenvolver o aluno como um todo, no seu lado afetivo, moral e intelectual. Como diz Sayo:

    Nossa proposta pedaggica visa oportunizar situaes em que as crianas consigam explorar locais e materiais, respeitando o meio em que se est inserido e se comprometendo com as aes do projeto.

    Essas aes sero fundamentadas em estudos, pesquisas sobre ques-tes ambientais, confeces de painis, livros, folders, palestras e oficinas, atravs dos quais resgataremos os valores e a relao com o meio ambiente.

    O aluno precisa ser motivado a desenvolver e expressar seu pensa-mento. Devemos oportunizar a ele situaes que o conduzam ao levanta-mento de hipteses, coleta de dados e reflexo do seu conhecimento prvio. Essa reflexo parte da produo individual para a coletiva, na qual valorizado o debate, a discusso, a troca de ideias e informaes, pois assim estaremos contribuindo para que o aluno desenvolva conceitos que o ajudaro a ler e analisar o mundo e o seu tempo, adquirindo au-tonomia e conscincia crtica.

    Consideraes finais A escola deve ser o lugar onde o aluno aprende a pensar por conta

    prpria, preparando-o para a vida e ensinando-o a ter senso crtico, noo de valores e virtudes. Os alunos aprendem pelo exemplo e por isso, ns professores precisamos estar em constante aperfeioamento, buscando uma educao integral.

    O professor que olha seus alunos e os percebe para alm da mera

    presena fsica, v no mais crianas, adolescentes ou adultos de

    uma ou de outra srie, no mais alunos que devem ser ensinados,

    formatados, domesticados e, sim cidados capazes de transformar

    uma realidade. (SAYO, 2005, p. 127)

    O meio ambiente e suas relaes, enfocando valores

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    A avaliao, portanto, ser durante todo o projeto, pois ela um processo que deve respeitar as individualidades de cada um, estimulando, promovendo, gerando avano e crescimento dos alunos. Segundo Stecanela:

    Ao longo do projeto os alunos devero relacionar atitudes que consideram importantes para que tenhamos um mundo melhor e um ambiente mais harmonioso, onde a conscincia ambiental seja primor-dial no seu relacionamento com o meio, tornando-se assim um cidado comprometido com o seu fazer social.

    A avaliao um processo que auxilia o aluno no seu processo de

    construo do conhecimento, sendo um instrumento auxiliar da

    aprendizagem que no pode ser visto isoladamente do planejamento

    do professor, em especial de sua postura metodolgica. Ampliando

    essa ideia, podemos afirmar ainda que a avaliao tem fins de

    diagnstico e mediao no processo de construo do conhecimento,

    devendo ser processual e permanente. Nessa perspectiva, assume uma

    nova concepo, diferente do paradigma em que foi criada, passando a

    ter um carter emancipatrio, libertador, dialtico e dialgico.

    (STECANELA, 2006, p. 243)

    Bibliografia

    PeReiRA, Luciana teixeira. Projetos Telecoteco. Uchoa, SP: Sapienti, 2010.

    SAYo, Sandro Cozza. Fundamentos da educao: sociologia, filosofia. Caxias do Sul: Educs, 2005.

    ZUBEN, Fernando Von. Meio ambiente, cidadania e educao. Campinas: Horizonte Geogrfico, 2003.

    SteCAneLA, nilda. Fundamentos da prxis pedaggica: volume 2: pedagogia.Caxias do Sul: Educs, 2006.

    O meio ambiente e suas relaes, enfocando valores

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    Todos pelo meio ambiente

    Escola Municipal de Ensino Fundamental Arthur Martins - Marat

    Aline Kerber BruniczakDaniela Terezinha da Motta Rommel

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    IntroduoO meio ambiente est sofrendo com o desrespeito, a explorao

    desenfreada, a poluio, enfim, com o descaso do ser humano para com ele. O consumismo do mundo moderno leva a uma produo exagerada de lixo e o meio ambiente sofre. A natureza tudo nos d, e nosso dever preserv-la, a fim de garantirmos nossa sobrevivncia.

    A Lei Federal n 9.795, de 27 de abril de 1999, atravs de artigo 2, diz: A Educao Ambiental um componente essencial e permanente da educao nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os nveis e modalidades do processo educativo, em carter formal e no formal.

    Assim, a escola deve promover atividades e estudos que propor-cionem, a toda a comunidade escolar, condies de refletir sobre a sua forma de agir e repensar os cuidados com o meio ambiente.

    Nosso desafio envolver toda a comunidade escolar na luta por um mundo melhor de se viver.

    Objetivos Desenvolver conhecimentos, habilidades e atitudes voltadas

    sustentabilidade e preservao do meio ambiente; Enriquecer o currculo escolar com a explorao do tema edu-

    cao ambiental; Levar os participantes a repensar atitudes e assim diminuir o

    consumismo e os desperdcios da atualidade; Conscientizar os alunos quanto necessidade de cuidar do

    meio ambiente como forma de garantir a sua sobrevivncia e a das geraes futuras;

    Incentivar a reciclagem e/ou reaproveitamento do lixo; Reforar valores e posturas de bom cidado, indispensveis a

    uma boa convivncia em sociedade; Conscientizar de que o lixo mais um problema que o ser hu-

    mano vem causando ao planeta; Ampliar os conhecimentos dos alunos sobre questes e pro-

    blemas ambientais; Contribuir, significativamente, para a formao de sujeitos cr-

    ticos e reflexivos que contribuem para a melhoria da qualidade de vida do planeta.

    Aplicar no dia a dia a filosofia dos 4 Rs = Reduzir, Reciclar, Re-aproveitar e Repensar.

    Todos pelo meio ambiente

    (...) Todas as coisas so interligadas como o sangue que une uma

    famlia. O que acontecer com a Terra, acontecer com seus filhos. O

    homem no pode tecer a trama da vida; ele meramente um dos fios.

    Seja o que for que ele faa trama, estar fazendo consigo mesmo.

    (Chefe Indgena Seattle).

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    Atividades/Aes Decidimos iniciar o projeto com a sensibilizao dos alunos atra-

    vs do filme Wall-e que trata do assunto Lixo X Meio Ambiente. Aps, foi feita uma reflexo sobre a atual situao do nosso planeta e o que podemos fazer para salv-lo.

    Para tornar o projeto estimulante aos alunos, desafiamos cada alu-no a confeccionar um mascote com materiais reciclveis e, em seguida, promovemos um concurso em que os alunos e a comunidade puderam votar para escolher o mascote do projeto.

    Ao longo do ano, esto sendo realizadas diversas atividades em torno do projeto, as quais levam os alunos a refletir sobre os cuidados com o meio ambiente e a mudar suas atitudes em prol de um mundo melhor. Dentre as atividades, destacam-se: confeco de horta suspensa; coleta seletiva de lixo; desenhos livres; oficina de fuxico; criao de textos e poesias; assistir e analisar vdeos e filmes; manipular jogo eletrnico; jogar trilha da reciclagem; jogar domin do bom cidado; entrevistar familiares e comunidade, verificando como esto cuidando do meio ambiente; participar da palestra com o gestor ambiental Ronei Rommel Cuidando do Meio Ambiente; confeco de maquetes; acompanhar, nos meios de comunicao, atravs de pesquisas, notcias relacionadas ao tema; brincar e aprender atravs de jogos de tabuleiro e da memria; representao de contedos atravs de atividades com massa de modelar; confeco de jornal informativo com distribuio s famlias, retratando as principais atividades desenvolvidas no projeto ao longo do ano; grficos e tabelas; confeco de brinquedos com sucata; painel para mostra dos trabalhos (Mostra Pedaggica do Municpio); coleta de sobras de leo de cozinha para trocar por barras de sabo; msicas e clipes musicais; estudos de campo; distribuio de folders informativos; dinmicas de grupo; Semana do Meio Ambiente (cartaz, textos, palestra, desenhos e oficina da reciclagem); confeco de presentes ecologicamente corretos para o Dia das Mes e o Dia dos Pais.

    A proposta desenvolver o projeto utilizando materiais diversos que levem cada indivduo envolvido no projeto a tornar-se mais crtico e ativo na resoluo dos problemas atuais relacionados ao meio ambiente.

    A forma de anlise de textos, filmes, reportagens, estudos de campo, trabalhos em grupos etc. tem como objetivo oportunizar aos alunos a construo do conhecimento e a formao de sua identidade de forma prazerosa e eficaz.

    Para tal, sero utilizados materiais reciclveis, cola quente, caneti-nhas, lpis de cor, giz de cera, guache, pincel, folhas, EVA, TNT, livros, DVDs, massa de modelar, mquina fotogrfica, cola, tesoura, computador, jogos pedaggicos, rdio, televiso, aparelho de DVD, Data Show, mudas/semen-tes, terra, adubo orgnico, ferramentas de jardinagem, arame e demais materiais que ao longo da aplicao do projeto se fizerem necessrios.

    Todos pelo meio ambiente

  • 39

    Avaliao A avaliao ser feita de forma contnua, observando a participa-

    o, o comprometimento, a criatividade dos alunos e a elaborao das atividades propostas, bem como a mudana de atitudes dos envolvidos em relao ao prximo e ao meio ambiente.

    De acordo com Luck (2003):

    Est previsto para a etapa final do projeto uma exposio comu-nidade na 2 Mostra Pedaggica do Municpio de Marat.

    (...) A avaliao, embora associada ao monitoramento, corresponde ao

    processo de medida e de julgamento dos resultados parciais e finais

    obtidos pelo projeto e seu impacto sobre a realidade. Corresponde,

    portanto, a uma verificao de eficcia do projeto. (p. 129)

    Bibliografia

    ASSOCIAO DOS FUMICULTORES DO BRASiL. Levando a srio a natureza. Brasil: Vision, 2003. (Coleo Projeto Verde Vida).

    GiL, ngela; fAniZZi, Sueli. Porta aberta: Cincias, quarto ano. So Paulo: FTD, 2008.

    LUCk, Helosa. Metodologia de projetos: uma ferramenta de planejamento e gesto. Petrpolis, RJ: Vozes, 2003.

    MARQUES, Cristina; BUTZKE, Ivani; NASCIMENTO, Sandra. Coleo Meio Ambiente.

    PANZA, Sylvio Luiz. Coleo Ecologia. So Paulo: Ciranda Cultural, 2010.

    SANTOS, Maria Helena Arajo. Caderno de ensino e aprendizagem: Cincias 4. Braslia: MEC, 2010.

    fotos ilustrando o concurso dos mascotes, oficina de material

    reciclado, palestra Cuidando do Meio Ambiente e confeco de

    cartazes sobre o tema.

    Todos pelo meio ambiente

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    Todos juntos se apaixonando pelo planeta

    Escola Municipal de Educao Infantil MIMO - So Pedro da Serra

    Anelise Maria Cornelius EscherReni Metz

    Silvane nogueira da Silva

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    O presente projeto surgiu de uma pesquisa realizada com as famlias, na qual as famlias su-geriram o tema. Percebemos ento a necessidade de formarmos ci-dados conscientes, a importn-cia de cuidarmos do meio em que vivemos, bem como as mudanas de hbitos, a fim de garantirmos nossa sobrevivncia e um mundo melhor a partir de nossas vivncias e mudana de postura.

    Temos como objetivo opor-tunizar criana a compreenso de assuntos importantes para a sua vida, do mundo que a cerca, da importncia dos nossos atos em relao ao planeta, analisando o modo de estar no mundo. Observar as transformaes da sociedade e do comportamento humano quanto alimentao, sade, ao meio em que est inserida, ao consumo consciente, propondo uma prtica responsvel tica, cooperativista e respeitosa a todas as formas de vida, trabalhando de forma interdisciplinar, criativa, investigativa e ldica para que tambm aprendam atravs do brincar. Oportunizar aos alunos o contato com di-ferentes tipos de linguagens para favorecer o desenvolvimento motor, cognitivo, oral, matemtico, esttico e expressivo. Com isso, pretendemos resgatar a histria de vida do aluno, da famlia, da escola, do municpio em que vive, o cuidado com as plantas e animais, bem como a utilizao da gua, os cuidados com a sade, a alimentao, o corpo e a mente e a importncia da coleta seletiva do lixo que produzimos, a fim de que perceba os prejuzos causados por ele no meio ambiente.

    O projeto est sendo desenvolvido de forma conjunta, no perodo de fevereiro a dezembro de 2013, envolvendo professores, monitores, direo, funcionrios, pais e alunos. Contamos com a parceria da Secre-taria Municipal de Educao, Esporte e Lazer (SMEEL), do Posto de Sade e da Prefeitura Municipal de So Pedro da Serra.

    O presente projeto foi dividido em quatro focos: Eu e o ambiente (meu corpo, minha sade, alimentao, plantas,

    gua, lixo e consumo consciente) Famlia e ambiente (gua, animais, plantas, consumo) Escola e ambiente (histrico da escola, pessoas que nela traba-

    lham, lixo, consumo) Comunidade e ambiente (municpio, nota fiscal, coleta seletiva)

    Todos juntos se apaixonando pelo planeta

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    A divulgao inicial do pro-jeto foi feita em todas as salas de aula, atravs da apresentao do globo, via explorao e conversa informal com as crianas, como tambm por meio de um vdeo musical sobre os cuidados e a pre-servao do Mundinho, intitulado Um novo Lugar (Xuxa 11).

    A partir dessa msica, foi reali-zada uma apresentao s famlias, envolvendo as turmas de Berrio, Maternais I, II e III, Jardins A e B, com o objetivo de sensibilizar as famlias, fazendo-as pertencentes ao meio escolar, integrando-as ao projeto.

    Dando continuidade, as ati-vidades foram direcionadas s tur-mas e cada professor pde usar sua criatividade. Foi trabalhado o corpo, a higiene, atravs de ginsticas historiadas, modelagem, contao de histrias, msicas, pinturas, amostra da caixa de lembranas (identidade da criana), utilizao do estetoscpio (ouvir o corao), dobradura da casinha, pesquisa da origem do nome e da composio das famlias, confeco de fantoches dos membros da famlia, como tambm brincadeiras envolvendo o assunto.

    Prosseguindo, envolvemos a alimentao em nosso Projeto, pois ela tambm faz parte do cuidado com o meio, uma vez que descartamos muitos materiais, embalagens que, se no forem destinadas corretamen-te, podem prejudicar a ns mesmos, bem como a questo do consumo consciente e da importncia da alimentao saudvel e balanceada. Foram realizadas atividades de visita ao Mercado das Frutas, elaborao de grficos, construo da pirmide dos alimentos, confeco do livrinho da alimentao, cupcakes de cenouras (colhidas na horta de uma aluna), acompanhamento do desenvolvimento dos feijes, construo de hortas em garrafas pet e caixas de leite. A partir da histria Prxima parada: estao barriga!, de Anna Russelmann, foi confeccionado um trem com sucatas, classificao dos alimentos com embalagens, visitao do boneco Barriguinha s famlias, com o registro escrito e fotogrfico. Tambm, durante a Pscoa, produzimos ovos de chocolate com auxlio das crianas e construmos cestas com material reciclvel. Por fim, tivemos a visita da nutricionista, que fez a pesagem, mediu as crianas e realizou palestra com os pais, com o objetivo de obter uma parceria com os mesmos no acompanhamento de uma alimentao saudvel.

    Num terceiro momento, vimos a necessidade de falar sobre a gua, que no um bem durvel, necessitando ser economizada e preservada. A partir da, realizamos diversas atividades, como: confeco de fanto-ches do Bob Gota de TNT, contao de histrias sobre o ciclo da gua, confeco do livro sanfonado, teatro com a histria Rogrio Salva o Rio, elaborao de painis, vdeo Planetinha gua (Guilherme Arantes), dra-matizao da msica A Sementinha, conversas informais e observaes

    Todos juntos se apaixonando pelo planeta

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    de nossas atitudes. Realizou-se tambm pesquisas enviadas para os pais sobre o consumo de gua em suas casas e se praticam aes voltadas preservao do meio ambiente.

    Para dar continuidade ao projeto, trabalhamos com as questes do lixo, reciclagem e separao. Fo-ram realizadas atividades como confeco de lixeiras, separao do lixo, visita ao local do destino do lixo orgnico da escola, coleta de lixo nos arredores da escola, visita a usina de reciclagem e confeco de al-gum brinquedo com material alternativo previamente solicitado aos pais atravs de bilhete. A exposio dos brinquedos confeccionados foram escolhas das crian-as conforme suas vivncias e experincias durante o processo do projeto.

    A avaliao se dar no decorrer do projeto, levando em conta os objetivos alcanados e os resultados, tanto na perspectiva de ensino quanto de aprendizagem. Sendo que, at o momento, pudemos perceber que conseguimos desenvolver, em nossa prtica pedaggica, habilida-des variadas, representadas pelos diferentes sentidos, envolvendo as artes visuais e cnicas, a oralidade e os aspectos corporais, gerando nas crianas valorizao de si mesmas e do meio, como a integrao social em seus diferentes nveis: na escola, na famlia e na comunidade.

    Bibliografia

    MANDINE, Selma. Beijinhos. So Paulo: Ciranda Cultural, 2011.

    EMORINE, Marie-Pierre; GACHET, Fabrice. Meu coraozinho. So Paulo: Ciranda Cultural, 2011.

    feRnAnDeS, Paulo Dias. Rogrio salva o rio. Erechim: Edelbra, 2009.

    RUSSELMANN, Anna. Prxima parada: estao Barriga. So Paulo: tica, 1996.

    YOGI, Chizuki. Aprendendo e brincando com msicas e jogos. So Paulo: Todolivro, 2012. (Coleo Sustentabilidade).

    BeLLinGHAUSen, ingrid. Coleo Mundinho. So Paulo: Ciranda Cultural, 1998.

    RoCHA, Ruth. Coleo Os Sentidos. DVD 11.

    MORAES, Vinicius de. A casa. Disponvel em: . Acesso em: 20/08/2013.

    ARAnteS, Guilherme. Planetinha gua. Disponvel em: . Acesso em: 20/08/2013.

    Todos juntos se apaixonando pelo planeta

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    Eu e o meio ambiente: vivendo em harmonia e de maneira saudvelEscola Municipal de Ensino Fundamental Saldanha Marinho - So Pedro da Serra

    fabiane SimonMarnice Weschenfelder

    Karine Muller

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    O estudo do meio ambiente tem um contexto muito amplo, englo-bando temas diversificados, cada um com suas peculiaridades. Porm, so temas que possuem uma situao de interdependncia, j que o estudo do meio ambiente se refere s relaes entre os seres vivos. No entanto, esse tema se torna complexo e de uma difcil assimilao coerente com a realidade do educando quando tentamos trabalh-lo de forma global.

    Entendemos que, para haver essa assimilao, necessrio partir de um estudo especfico sobre determinado tema. Neste caso, o limitamos ao mbito escolar.

    Abordar temas relacionados ao meio ambiente de forma globalizada e esperar dos educandos resultados positivos sem que estes vivenciem isso no seu cotidiano familiar e escolar no mnimo um paradoxo.

    essencial a elaborao de um projeto que articule aes voltadas realidade do aluno, em que ele possa ter oportunidade de conhecer, re-fletir, sensibilizar-se e atuar dentro do seu prprio ambiente. Comeando no seu universo, que um tanto limitado em funo de sua viso de mundo estar perpassando por nvel de aprendizagem e ainda se restringir ao espao em que vive, o aluno precisar vivenciar situaes concretas para compreender os conhecimentos em estudo.

    Compreendemos que de nada adianta abordarmos temas como aque-cimento global, preservao dos recursos naturais etc. sem partir de ques-tes conhecidas e vivenciadas pelos nossos alunos como: jogar papel no cho, cuidados com o meio ambiente no dia a dia familiar e escolar, cuidados com a higiene e a sade, desperdcios de gua nas torneiras e bebedouros, merenda desperdiada etc. Enfim, o grande desafio que a sociedade atual-mente enfrenta em conscientizar as pessoas sobre a preservao ambiental est inteiramente ligado educao familiar e escolar. J que a famlia no trabalha o assunto com a preocupao especfica com o meio ambiente e a escola geralmente enfatiza o tema num contexto muito amplo.

    Cabe a ns, educadores, conscientizar nossos alunos de que o mau uso do espao e dos recursos que o meio ambiente oferece acarreta prejuzos a ele e ao meio em que ele vive. Evidentemente, a educao sozinha no suficiente para mudar os rumos do planeta, mas certamente condio necessria para tanto.

    Diante disso, pensou-se em como fazer para despertar nos educan-dos e, consequentemente, na comunidade escolar a reflexo para a ao, para a mudana de postura e hbitos adotados e os valores bsicos como o amor e o respeito, principalmente, que permitam viver numa relao construtiva consigo mesmo e com o seu meio, preocupando-se com as questes ambientais, buscando sobretudo a transformao de atitudes que remetam proteo e valorizao do meio ambiente.

    Eu e o meio ambiente: vivendo em harmonia e de maneira saudvel

    Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,

    bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida,

    impondo-se ao poder pblico e coletividade o dever de defend-lo

    e preserv-lo para as presentes e futuras geraes.

    (Constituio Federal de 1988, Art. 225.)

  • 46

    Para isso, preciso fazer com que o aluno identifique-se como parte integrante da natureza, percebendo-se como responsvel pelos seus atos e como agente transformador do meio ambiente, estimulando novos hbitos, atitudes e comportamentos que conduzam a um rela-cionamento mais harmnico entre nossa espcie, as outras espcies, o meio ambiente e o planeta como um todo, por meio de aes prticas no cotidiano familiar e escolar.

    Primeiramente, levamos os alunos para o ptio para analisarmos o que poderia ser feito para melhorar o entorno da escola. Foi sugerido plantar flores, rvores frutferas e criarmos canteiros para cultivo de chs, temperos e algumas hortalias. Aps, providenciarmos o material necessrio, levamos os alunos para o ptio para prepararmos os canteiros para o plantio. Os alunos foram divididos em grupos e cada grupo ficou responsvel por regar as plantas e cuidar das mesmas. Estamos usando o que colhemos na merenda escolar. Tambm foi realizado um passeio ao stio do Professor Erno Kirch para observar espcies de rvores nativas em extino que so preservadas em sua propriedade, bem como observar um pequeno riacho que passa costeando a propriedade, que resultado do encontro de duas nascentes ali prximas. Aproveitamos tambm para conhecer o sistema de compostagem que realizado com o lixo orgnico produzido em sua propriedade e depois aproveitado na horta.

    Tambm visitamos as famlias para incentivarmos a implantar a horta em suas residncias, j que no levantamento feito com os alunos, verificou-se que a maioria no tem horta e que compra as verduras. Per-cebeu-se que muitos alunos desconhecem as verduras e rvores frut-feras que podem ser cultivadas, a maneira que cada espcie cultivada (sementes, mudas...), pois no possuem o hbito de cultiv-las. Levamos os alunos ao cinema para assistir ao filme: Tain, a origem. No filme pu-deram observar os cuidados que se deve ter com o meio ambiente e que possvel viver em harmonia com o mesmo.

    Atravs de palestras, os alunos aprendero a importncia de desen-volver hbitos de alimentao saudvel, bem como manter a higiene fsica e mental, tomar pequenos cuidados para evitar acidentes domsticos e aplicar primeiros socorros.

    Tambm analisamos questes relacionadas ao lixo produzido, ao destino correto desse lixo e ao seu reaproveitamento em trabalhos com reciclagem e trabalhos artsticos, os quais foram expostos.

    Durante a realizao do projeto, j foram verificadas mudanas sig-nificativas de hbitos e atitudes em relao ao objetivo do projeto. Nos relatos, nos textos produzidos, nos desenhos ou mesmo em conversas dirigidas, possvel verificar como os alunos esto entusiasmados com os trabalhos que esto sendo realizados.

    Bibliografia

    COMO elaborar projetos escolares com garrafas pet. Disponvel em: . Acesso em: 20/08/2013.

    CONSUMIDOR consciente. Disponvel em: . Acesso em: 20/08/2013.

    MEIO ambiente e sustentabilidade. Disponvel em: . Acesso em: 20/08/2013.

    RIO GRANDE DO SUL. Fundao de Proteo Ambiental Henrique Luiz Roessler. Disponvel em: . Acesso em: 20/08/2013.

    TAIN, a origem. Direo: Rosane Svartman. So Paulo: Sony Pictures, 2010. 1 DVD (83 min).

    Eu e o meio ambiente: vivendo em harmonia e de maneira saudvel

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    Hbitos saudveis: a arte de amar o mundo como uma inspirao para uma vida saudvelEscola Municipal de Ensino Fundamental Imaculado Corao de Maria - So Pedro da Serra

    Aline kleinAnelise neumann

    dela Maria Forneck Wernerfabricia BttenbenderJamile Walter RoeslerLeda Denicol Andrioli

    Lucia Maria Marques Vrielink Luzia da Silveira Rech

    Maria Cleonice RoeslerMarciane Suzete Zaro Willvvock

    Marciele Zaro HoffMaria Ins Schtz

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    Iniciamos nosso artigo com Augusto Cury (2003, p. 79), que nos fala que bons professores educam para uma profisso, professores fascinan-tes educam para a vida, pois acreditamos que trabalhar com projetos de extrema importncia e que os alunos levaro para toda a vida esses conhecimentos. So atividades diferentes, muito prticas, muitas delas realizadas fora da sala de aula, pelas quais os alunos demonstram bas-tante empolgao e interesse. Por isso, nossa escola realiza um projeto diferente todos os anos.

    Para sensibilizar nossos alunos, este ano, os levamos para uma sada de campo no Stio da famlia do Prof. Erno Incio Kirch, em Linha Canjerana, Salvador do Sul, para observar, conservar, preservar e lutar pela qualificao do meio ambiente. Esse o significado maior da educao para um projeto de vida sustentvel.

    Depois da sensibilizao, foram criadas floreiras, e cada turma de-cidiu o que plantar ou semear. Alguns plantaram chs, outros verduras, e uma turma fez semeadura e posteriormente os alunos levaram as mudas para plantar em casa. Como nossos alunos tm o hbito de trazer flores para os professores, criamos tambm as Ikebanas.

    Iami Tiba (2006, p. 183) nos diz que quando a escola e a famlia falam a mesma lngua e tm valores semelhantes, a criana aprende sem grandes conflitos. Por isso, no dia 13 de abril, a escola realizou a IV Festa da Famlia Imaculado, com a integrao de todos os pais e da comunidade em geral. Todos os alunos apresentaram a msica Imaginem do cantor Toquinho, relatando a importncia de todos juntos cuidarmos e preservarmos a natureza. No final da apresentao, cada famlia recebeu o refro da msica com um bombom de licor representando muita paz e um meio ambiente repleto de amor.

    Dentro do projeto, ocorreram atividades dirias, como a hora da leitura, em que os primeiros 15 minutos de aula eram destinados a lei-turas com foco no assunto do projeto. Semanalmente, fizemos ginstica laboral em grande grupo, ou seja, todos os alunos fizeram alongamentos com a professora de Educao Fsica no ptio da escola com o objetivo de desenvolver esse hbito saudvel.

    No decorrer de todo o ano, os alunos recebero folders e selinhos ecolgicos com informaes sobre como ajudar o nosso planeta e que atitudes devemos ter para ajud-lo. Esses itens sero colocados na ge-ladeira de casa como um lembrete dirio.

    Foram feitas publicaes no jornal local sobre as atividades de-senvolvidas no projeto.

    Hbitos saudveis: a arte de amar o mundo como uma inspirao para uma vida saudvel

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    Tambm ocorre semanalmente a coleta de reciclagem, durante a qual pais, alunos, funcionrios e comunidade em geral trazem material reciclado para a escola. medida que os alunos trazem o material recicla-do, marcam pontos (por famlia), e, no encerramento do ano letivo, as 35 famlias que mais trouxerem material sero premiadas. O valor arrecada-do bastante significativo para a escola, sendo revertido para os alunos atravs da compra de materiais esportivos e pedaggicos, alm de mimos para as datas comemorativas do ano. Este ano, por exemplo, o coelhinho da Pscoa presenteou os alunos com uma regata do uniforme da escola.

    Continuando o projeto, ocorreu, no ms de maio, o Dia do Talento na escola, com apresentaes artsticas dos alunos, conforme o talento de cada um. As apresentaes envolveram msicas, maquetes, confec-es com material de sucata, painis, atividades esportivas, etc. Enfim, um grande nmero de apresentaes diferenciadas, pois procuramos trabalhar na escola pensando na Teoria das Mltiplas Inteligncias de Howard Gardner (1994, p.7), segundo o qual: existem evidncias persu-asivas para a existncia de diversas competncias intelectuais humanas relativamente autnomas com inteligncias humanas. exatamente esse o objetivo do Dia do Talento: valorizar todos os conhecimentos e oportunizar aos alunos que demonstrem, muitas vezes, a sua realidade.

    Nossa escola tambm participou com a comunidade do dia de Corpus Christi. Fizemos a coleta de alimentos no perecveis, que foram colocados dentro de cestos e expostos no altar da igreja. Os alimentos foram doados para a Clnica de Recuperao de Dependentes deste mu-nicpio. Essa doao foi acompanhada pelo Padre Ademar, pela Direo, pelos professores e alunos da escola. Ao invs de fazermos tapetes com serragem, foi realizada essa campanha.

    Na semana de So Joo, ensinamos todos os alunos da escola a fazer o refrigerante caseiro para ser degustado no dia da festa de So Joo. A festa ocorrer no dia 24 de junho para todos os alunos da esco-la. A receita contm gengibre, que um antibitico natural. Essa planta ser estudada com mais detalhes em sala de aula, e ser realizada uma pesquisa no laboratrio de informtica. A receita do refrigerante caseiro constar do livro de receitas, que incluir uma coletnea de receitas ca-seiras enviadas pelos pais. Esse livro ser encaminhado para as famlias no final do ano letivo. Vygostsky (2007, p. 166) nos diz que tanto as estruturas sociais como as estruturas mentais tm de fato razes histricas muito definidas, sendo produtos bem especficos de nveis determinados do desenvolvimento dos instrumentos. Acreditamos ser de extrema im-portncia resgatar os hbitos saudveis dos nossos antepassados para termos uma vida mais saudvel.

    Como nosso projeto planejado para o ano inteiro, ainda no se-gundo semestre, realizaremos um soletrando3, jogos de intersries, apresentao de uma histria em slides para todos os alunos e, aps a pesagem dos alunos, ser feito um estudo sobre a pirmide alimentar com a nutricionista e posteriores estudos em sala de aula.

    Hbitos saudveis: a arte de amar o mundo como uma inspirao para uma vida saudvel

    3Soletrando (tambm chamado de Campeonato Nacional de Soletrao) um concurso brasileiro de soletrao realizado anualmente pelo programa de televiso Caldeiro do Huck, da Rede Globo, com a participao de alunos da Rede Pblica de Ensino do Brasil. http://pt.wikipedia.org/wiki/Soletrando

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    Para o Dia das Crianas, tambm faremos uma Gincana Ambiental. E o projeto culminar com um Piquenique Ecolgico, para o qual todos os alunos, os professores, a direo e os funcionrios iro trazer somente alimentos saudveis. O piquenique ocorrer na rea do Esporte Clube Veteranos, na qual existe bastante natureza para ser apreciada. Alm dis-so, sero exibidos slides de fotos sobre o desenvolvimento do projeto na Praa Municipal de So Pedro da Serra para os pais e a comunidade em geral. Isso ocorrer juntamente com o encerramento do ano letivo de 2013.

    Para concluir, queremos dizer que no fcil ser sustentvel num mundo de altssimo consumo, onde as pessoas valem pelo que podem consumir e pelo que tm. Porm, muito em breve, ser sustentvel ser uma questo de sobrevivncia, porque o ser humano est colocando sua prpria existncia em risco.

    Nos resta torcer para que a conscientizao ocorra a tempo; que no seja necessrio o planeta chegar aos seus limites de sustentabili-dade, o que vai fazer com que esse modo de vida seja aceito por toda a sociedade como a nica forma realmente possvel de prolongarmos a nossa existncia no planeta.

    Referncias

    CURY, Augusto Jorge. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.

    GARDNER, Howard. Estruturas da mente: a Teoria das Mltiplas Inteligncias. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1994.

    TIBA, Iami. Quem ama, educa. 6. ed. So Paulo: Gente, 2002.

    VYGOTSKY, Lev. Formao social da mente. So Paulo: Martins Fontes, 2007.

    Hbitos saudveis: a arte de amar o mundo como uma inspirao para uma vida saudvel

  • Parte 2

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    Trnsito na Educao Educao no Trnsito

    Escola Municipal de Ensino Fundamental Selma Wallauer - Salvador do Sul

    Viviane Fagundes da SilvaCeclia Pech Selau

    Liane Maria BrummelhausCatiane DalcinTiane Forneck

    Elrio GraffSibele Maria Dessbesel

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    Para a humanidade, sempre foi indispensvel deslocar-se de um lugar a outro em busca de suas necessidades. Porm, o que come-ou com meia dzia de pessoas disputando o espao com animais, transformou-se em milhares de pes-soas se acotovelando diariamente em busca desse espao, alm de o disputarem com variados tipos de meios de transporte. Atualmente, o trnsito representa um dilema para a vida das pessoas, pois, assim como permite acesso a inmeros locais, tambm fonte de males como congestionamentos, problemas de convivncia e acidentes.

    O trnsito reflete o que e quem somos. A educao, como instru-mento de transformao da sociedade, configura-se como uma possi-bilidade, se no a maior de todas, de organizar o bem viver atravs da conscientizao. Nos ltimos anos, polticas educacionais vm tentando construir um trnsito seguro, desenvolvidas atravs da preveno e da orientao nas escolas para a formao de cidados mais conscientes e responsveis, investindo na (...) aquisio de valores, posturas e atitudes na conquista de um ambiente solidrio e pacfico entre os indivduos, uma vez que o trnsito no necessita somente de leis e normas, mas tambm de amor vida, solidariedade, respeito e amor ao prximo (OLIVEIRA, 2010), resultando assim na soluo desses problemas.

    A frase do filsofo Pitgoras Educai as crianas e no ser preciso punir os homens fundamenta o trabalho educativo da escola. No coti-diano da E.M.E.F. Selma Wallauer, eram comuns incidentes resultantes da falta de cuidado dos alunos ao trafegar pela escola, alm de problemas no uso do transporte escolar, tornando evidente que a conduta das crianas reflete o caos que a sociedade vive no trnsito. Dessa forma, o Projeto Trnsito na Educao - Educao no Trnsito, tomando como exemplo prticas j existentes em todo o Pas, pretende desenvolver os valores e virtudes importantes para a vida em sociedade, para a convivncia socialmente saudvel, contribuir efetivamente na reduo de acidentes e auxiliar no conhecimento e conscientizao quanto proteo da vida, para a paz no cotidiano em todos os espaos.

    Trnsito na Educao Educao no Trnsito

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    Segundo Soares (2013), a criana considerada pedestre as-sim que comea a andar e, para cres-cer com conscincia, precisa receber informaes sobre seus direitos e deveres como tal, pois trnsito no se resume s responsabilidades dos condutores, mas de todos que se movimentam em ruas e estradas, a p ou de bicicleta. Com essa finali-dade, os educandos sero instiga-dos a reconhecer a educao para o trnsito como fator de segurana pessoal e coletiva, intervindo na re-alidade para transform-la.

    Partindo da anlise de com-portamentos de motoristas e pe-destres, comparando-os com nor-mas estabelecidas no Cdigo de Trnsito Brasileiro, da observao de atitudes positivas e negativas, tanto no trnsito das ruas como no movimento de pessoas dentro da escola, os alunos sero levados a identificar regras de circulao, a res-peitar formas de sinalizao, interiorizando atitudes corretas frente ao trfego de pessoas e veculos.

    Para Oliveira (2010), um dos aspectos mais relevantes para a con-quista da paz e da segurana no trnsito que os agentes envolvidos consigam conviver consigo e com o prximo. Para tanto, a conquista de valores referentes s relaes humanas, j que no vivel apenas exibir dados de acidentes e mortes no trnsito, mas elaborar aes de preveno aos acidentes envolvendo motoristas, motociclistas, ciclistas, passageiros e pedestres se faz atravs da educao.

    A visualizao de vdeos referentes a condutas no trnsito servi-ram de sensibilizao, abrindo o dilogo sobre o tema. Em consonncia, houve uma palestra com um representante da Brigada Militar, na qual os alunos foram orientados do ponto de vista da legalidade. Dessa maneira, a discusso sobre o tema, intermediada pelos professores, resultou na construo de maquetes e na confeco de placas de orientao, sinali-zao e sensibilizao, que foram colocadas no espao escolar.

    A msica, como forma de expresso e experimentao de situaes atravs da encenao, permeia o projeto com canes cuja mensagem positiva refora o que discutido em sala de aula.

    Dentre as aes ainda previstas no projeto, destacam-se uma sada de campo at o centro da cidade com o intuito de observar comporta-mentos de motoristas e pedestres, a visita a uma pista de trnsito infantil, onde ser oportunizado vivenciar situaes concretas como motorista e como pedestre, e a confeco de um folder informativo sobre cuidados no trnsito, que servir de ponte entre escola e comunidade, ampliando assim a abrangncia do projeto.

    Trnsito na Educao Educao n