Cultura Da Manga

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Introdução

A manga é uma das frutas mais procuradas no mundo. Consumida

principalmente ao natural, pode, contudo, ser transformada em numerosos

produtos: polpa simples, suco, sorvete, geléias, compotas, etc. É ótima fonte de

vitaminas A, B, B2, PP e C.

É uma fruta deliciosa e nada tem de indigesta, mesmo consumida após

as refeições, quando consumida ao natural. Na Índia, fervem mangas verdes,

coam o líquido e o misturam com leite e açúcar. Quando muito nova, a manga

é cortada em pedaços pequenos e consumida como salada.

Os indianos também usam as mangas e as folhas da mangueira no

combate ao escorbuto, à disenteria e à hemorragia.

A procura pela manga tem aumentado bastante nos mercados interno e

externo, alcançando preços compensadores. Por isso a mangueira (Mangifera

indica L.) representa uma opção importante, em matéria de frutas, para o

Brasil, especialmente para as zonas semiáridas do Nordeste. Mas para que se

tenha êxito na sua cultura é preciso adotar práticas de cultivo adequadas, de

modo que o produto atenda às exigências do mercado consumidor. É essencial

que a fruta tenha boa qualidade e o custo de sua produção seja competitivo.

Os portugueses trouxeram a mangueira para o Brasil. Introduziram-na

na Bahia, onde depressa se generalizou. Espalhou-se no nosso país. Hoje,

difundidíssima, tornou-se quase obrigatória na paisagem do Nordeste úmido de

aquém e além Borborema, onde encontra calor e longa estação úmida seguida

de uma estação seca que lhe é indispensável. Aí se encontra a maior produção

brasileira de manga. Mas a mangueira alarga-se na Amazônia, no Sudeste e

no Centro- Oeste, chegando mesmo a ser cultivada no Paraná. Apenas o Rio

Grande do Sul e Santa Catarina não figuram nas estatísticas. O Brasil é um

dos maiores produtores mundiais de manga, talvez unicamente ultrapassado pela Índia. Ademais, produzimos mangas excelentes, graças principalmente

aos trabalhos de seleção a ás boas condições ecológicas que a mangueira

encontrou na maior parte do país.

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Descrição Botânica

A mangueira (Mangifera indica) é uma bela árvore de 15 a 25 m de

altura, 2,5 m de diâmetro, muito esgalhada e de copa muito densa e frondosa.

Folhas alternas, pecioladas, coriáceas, lanceoladas, de 10 a 25 cm de

comprimento. As flores são pequenas, verdes, polígamas, dispostas em

panículas terminais.

O fruto – a manga – suspensa num longo pedúnculo, é uma drupa

oblonga, ovóide ou mesmo arredondada ou lembrando um S. a forma varia

muito com a variedade, o mesmo sucedendo quanto ao tamanho. A coloração

da casca também varia muito, podendo ser verde, verde com pintas pretas,

amareladas, douradas ou ainda rósea, quando madura. A polpa é suave,

sumarenta, saborosa, amarela ou amarelo-alaranjada, fibrosa em algumas

variedades, quase sem fibras ou mesmo totalmente privada de fibras nas

melhores variedades selecionadas. O mesmo ocorre quanto ao sabor de

terebentina, um tanto acentuado numas variedades, quase inexistente ou

praticamente inexistente nas melhores. A semente, de tamanho variável, é

chata, de testa delgada, com cotilédones plano convexos, geralmente lobados.

Cultivares

Cuidados especiais devem ser tomados na escolha da cultivar a plantar,

sabendo-se que são necessários grandes investimentos na instalação de um

pomar de mangueiras e que só a partir do quarto ano elas começam a dar

produção econômica.

As cultivares mais indicadas são as que aliam a alta produtividade a

qualidade como a coloração atraente do fruto (de preferência vermelha), bom

sabor, pouca fibra, resistência ao manuseio e ao transporte para mercados

distantes. Devem ainda ser tolerantes à antracnose e não sujeitas á alternância

de produção.

Até recentemente a cultivar Haden era a mais aceita e difundida em

plantios comerciais no Brasil. Outras cultivares, contudo, tem surgido como

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promissoras, quanto à produtividade e qualidade dos frutos. A seguir,

descrevem-se algumas características de cultivares, que poderão ser incluídas

em novos plantios.

Tommy Atkins: Frutos médios a grandes, de 400 a 700 g, cor amarela a

vermelha brilhante, superfície polpa amarelo-escura, de excelente sabor, doce

(17% de açucares) e pouca fibra. Semente pequena e monoembriônica.

Precoce a meia-estação produção regular e árvore vigorosa. Relativamente

resistente à antracnose e ao transporte, mas bastante suscetível ao colapso

interno do fruto.

Haden: frutos médios a grandes, 400 a 600 g, cor amarelo-rosada; polpa

sucosa, sem fibras, doce (17% de açucares), de cor laranja- amarelada.

Semente pequena, monoembriônica. Precoce a meia-estação. A planta, além

de vegetar muito, é considerada alternante e suscetível à antracnose e à seca

da mangueira.

Keitt: frutos grandes, 600 a 900 g, cor amarelo-esverdeada com laivos fracos

avermelhados; polpa amarelo intenso, sem fibras, sucosa; semente pequena;

poliembriônica; planta muito produtiva, com hábito de crescimento típico, com

ramos longos e abertos. Tardia, quanto à época de maturação. Relativamente

resistente à antracnose e ao transporte.

Kent: frutos grandes, 600 a 750 g, ovalados, de casca verde-claro-amarelada,

tornando-se avermelhada, quando madura, e de maturação tardia; polpa

amarelo-alaranjada, doce, sem fibra, aromática e sucosa. Semente pequena e

monoembriônica. Árvore vigorosa e produtiva.

Van-Dyke: frutos médios, 300 a 400 g, cor amarela com laivos vermelhos;

polpa firme e resistente ao transporte, sabor agradável, muito doce. Semente

pequena, planta muito produtiva. De meia-estação, quanto à época de

maturação.

Surpresa: frutos médios a grandes, 400 a 600 g, cor amarelo intenso; polpa

agradável e sem fibra, sucosa, muito doce, sabor agradável e sem fibra.

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Semente pequena, planta muito produtiva, relativamente resistente à

antracnose. De meia-estação a tardia, quanto à época de maturação.

Variedades mais conhecidas

Rosa: Talvez seja a melhor das mangas brasileiras. É encontrada no Nordeste

úmido, principalmente em Pernambuco, Paraíba, e Alagoas. Quando madura é

rósea, aromática, doce e com poucas fibras, deliciosa, além de ser muito

bonita. Seu tamanho varia um pouco, podendo ser considerada de tamanho

médio. É globoide.

Carlota: É uma manga amarela, quando madura, achatada saborosíssima.

Tem um sabor delicado, que lhe é próprio. Pode ser comida de colher. Em

média pesa 300 g.

Espada: Fruta grande, comprida e estreita com a forma aproximada de um S,

esverdeada mesmo madura. Resiste bem a longos transportes. Peso médio,

400 g.

Manguita: É uma manguinha pequena, mas muito saborosa. As manguitas de

Ipu tem uma certa fama.

Coração–de–boi: Arredondada, vermelho–escura quando madura, grande,

polpa tenra aromática quase sem fibra. Peso médio 350 g.

Sabina: embora algo fibrosa, a polpa amarelo–alaranjada, é muito saborosa. É

uma fruta muito grande pesando em média 900 g, é proveniente do Triângulo

Mineiro. Tem o nome da família de quem a selecionou.

Primavera: Excelente manga, selecionada na Ilha de Itamaracá. É amarela

quando madura, sem fibras, sucosa, muito saborosa. Peso médio de 250 g.

Clima

O melhor clima para a mangueira é o quente e úmido, porém com

estações seca e chuvosa bem definidas. O período seco deve ocorrer bem

antes do florescimento, de modo a permitir a planta um período de repouso

vegetativo, e prolongar-se até a frutificação para evitar os danos causados pela

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antracnose e oídio. Após a frutificação, é benéfica a ocorrência de chuva, pois

estimula o desenvolvimento dos frutos e impede sua queda.

Nas regiões semi-áridas, as chuvas deixam de ser relevantes, desde

que se possa recorrer a irrigação. Quando se pode contar comum sistema de

irrigação, o plantio da mangueira pode ser feito em qualquer época do ano.

Quando não se dispõe dele, realiza-se o plantio no período das águas.

O clima de parte do litoral e dos planaltos e serras do Nordeste e quente

e úmido muito propicio a produção de manga, daí a excelência de suas

mangas: grandes, de pele colorida, brilhante, sadia e com uma polpa muito

saborosa. As florações são pouco atacadas pela antracnose, porque chove

pouco ou não chove. As frutas crescem em pleno sol, que impede o

desenvolvimento de moléstias criptogâmicas e da colorido, brilho e sabor as

frutas.

Também encontra ecologia favorável nos planaltos do Sudeste e do

Centro-Oeste, muito principalmente nos mais baixos não sujeitos a geadas

nem mesmo a temperaturas muito próximas de 0°.

Solo

A mangueira cresce bem em qualquer solo, desde que não seja

encharcado, alcalino, rochoso, extremamente raso ou demasiado pobre.

Prefere solos profundos, moderadamente férteis e bem drenados.

A mangueira vegeta e frutifica bem tanto em solos arenosos quanto em

solos argilosos, ligeiramente ácidos ou alcalinos. Quando se tem em vista a

exploração comercial, sempre que possível preferem solos areno-argilosos,

soltos profundos e de boa fertilidade. As áreas que permitem a mecanização

são especialmente indicadas.

As operações de preparo do solo são feitas com antecedência e consiste

na roçagem, queima do mato, encoivaramento e destoca. Após a limpeza da

área, procede-se a aração e depois de 20 a 30 dias procede-se a gradagem,

coletando-se, então amostras do solo para análise.

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Quando se utiliza área com declive acentuado, alinha-se em curvas de

nível a fim de evitar a erosão.

Preparo da Muda

A muda ou enxerto podem ser feitos na propriedade ou adquiridos de

viveiristas idôneos. Conquanto todas as cultivares sirvam para porta-enxertos,

as mais utilizadas tem sido a Espada, Carlota, Coité, Úba, Soares Gouveia,

Coquinho, Santa Alexandrina e Itamaracá, entre outras.

Colhidos os frutos destinados ao preparo de porta-enxertos, procede-se

a retirada da polpa, lavagem das sementes e secagem a sombra, em local

ventilado. Com o auxílio de uma tesoura de poda retira-se o invólucro coriáceo(

endocarpo ou casca), que envolve as amêndoas. A seguir essas são postas a

germinar em sulcos de areia grossa, a espaços de 20cm um do outro. Devido

às perdas com a germinação e pegamento do enxerto, deve-se usar 40% a

mais de sementes, em relação ao número desejado de mudas.

Entre 40 e 60 dias após a germinação, as plantinhas previamente

selecionadas, são transferidas para sacos de polietileno de 34 x 17cm,

contendo uma mistura de três partes de terra vegetal, uma parte de esterco de

curral bem curtido, 3kg de superfosfato simples e 0,5 de cloreto de potássio por

metro cúbico de mistura de terra e esterco. Sete meses após o transplante, os

porta-enxertos estão em condições de receberem o enxerto.

Os métodos comumente utilizados para enxertia, com algumas

variações, são a borbulha e a garfagem. O primeiro permite maior economia de

material de propagação, no caso de gemas e borbulhas, enquanto o segundo

confere desenvolvimento mais rápido do enxerto, o que possibilita transplantá-

lo para o local definitivo três a quatro meses após a enxertia.

Plantio

As operações de plantio propriamente ditas são precedidas pelo

preparo, cerca de trinta dias antes, da mistura do solo para reenchimento das

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covas, fazer aração e gradagem no terreno do futuro pomar e se possível faz

adubação verde.

De preferência procede-se ao plantio na primavera ou no início da

estação chuvosa, preferem-se os dias úmidos.

Os enxertos serão plantados com o compasso de 7x7 m,

aproximadamente. Se o solo for bastante fértil, convém plantar com compasso

de 8x8 m. Os pés-francos terão o espaçamento de 10x10 m ou 11x11 m,

também dependendo da fertilidade do solo. Não se deve esquecer que nas

regiões ecologicamente favoráveis as mangueiras se tornam gigantescas.

As covas, abertas com o espaçamento de 50x50x50 cm, e com bastante

antecedência, só serão adubadas se o solo for muito pobre. Neste caso a

adubação será feita uns dois a três meses antes do plantio. Aplicam-se uns 5 a

10kg de estrume de curral bem curtido e misturado com terra da superfície.

Podem-se acrescentar 2,5 a 3,5 kg de farinha de ossos ou superfosfato. Lança-

se dentro da cova metade da terra misturada, e sobre esta acomoda- se a

muda, uma vez removido o envoltório de plástico. Coloca-se a muda de tal

modo que fique com seu colo ligeiramente acima do nível do terreno.

A outra metade da mistura é usada para completar o enchimento da

cova. Finalmente, faz-se uma bacia em torno da muda e irriga-se com 10 a 20

L de água.

Deita-se palha ou capim seco sobre a cova, a fim de evitar o

aquecimento excessivo do solo junto a muda recém-plantada. A cobertura da

muda, alguns dias após o plantio com palhas ou outro material disponível na

região, também ajuda a evitar a insolação direta sobre o enxerto.

Tratos culturais

Ação mecânica

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O controle de plantas indesejáveis pode ser feito através de

equipamentos motomecanizados, manuais e a tração animal e do pastejo

direto de ruminantes no pomar.

O controle mecanizado de plantas indesejáveis deve estar associado ao

método de irrigação, seja ele de superfície (sulcos e bacias), aspersão subcopa

fixa ou móvel, ou localizada (gotejamento e microaspersão).

O uso de equipamentos que promovem a movimentação do solo, como

grades, cultivadores, enxadas rotativas, entre outros, no controle de plantas

invasoras, deve ser feito de preferência fora do período chuvoso, visando

proteger o solo dos processos erosivos, mantendo a menor profundidade

possível (suficiente para eliminar as plantas invasoras), a fim de que os órgãos

ativos do implemento, não agridam o sistema radicular da mangueira.

O ideal é manter o solo com uma diversidade de espécies vegetais que

favoreçam a estabilidade ecológica e minimizem o uso de herbicidas. Nos

pomares em produção deve-se manter na fileira da mangueira, uma faixa

controle de ervas espontâneas, por meio de “mulching”, roçadas ou capinadas.

Ação Química

O controle químico de plantas indesejáveis é permitido com algumas

restrições. Utilizar herbicidas preferencialmente no período chuvoso e mediante

receituário técnico, conforme a legislação vigente, e minimizar seu uso para

evitar resíduos. Não são recomendados herbicidas de princípio ativo pré-

emergente na linha de plantio. O herbicida deve ser utilizado somente na

entrelinha da cultura da mangueira.

No sistema de Produção Integrada de Frutas (PIF), o controle químico

de plantas indesejáveis na cultura da mangueira, é permitido com algumas

restrições, devendo ser empregado somente como complemento aos métodos

culturais e na faixa de projeção da copa das mangueiras, utilizando, no

máximo, duas aplicações anuais com produtos de pós-emergência.

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Tutoramento

Recomenda-se o uso de um tutor (pequeno poste de madeira), que

servirá para conduzir o caule da planta verticalmente, evitando a ação danosa

dos ventos na instalação da muda.

Fig. 1. Tutoramento em planta jovem da cultivar Tommy Atkins, com 18 meses

do plantio. Foto: Maria Aparecida do Carmo Mouco.

Poda de Formação

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A poda de formação proporciona à planta uma conformação compatível

com o método de exploração e, pela redução do porte da árvore, facilita os

tratos culturais, do solo, a proteção contra queimaduras do sol e a colheita dos

frutos, além de possibilitar o aumento da densidade de plantio.

Para acelerar a maturação dos ramos das mangueiras, é necessário

produzir uma estrutura bem ramificada. Isso é feito por meio da poda de

formação, despontando os brotos vegetativos no primeiro ou segundo entrenó.

A poda de formação consiste em cinco a seis operações para formar uma

planta com esqueleto equilibrado e robusto. A primeira poda é feita a uma

altura de 60 a 80 cm do solo. O local deve ser abaixo do nó, quando o tecido se

encontrar lignificado (maduro). Após a brotação, são selecionados três ramos,

que formarão a base da copa, sendo os demais eliminados. Os cortes deverão

ser tratados com uma pasta à base de benomil ou oxicloreto de cobre.

Fig. 2. Poda de formação na mangueira, 1ª poda. Desenho: Embrapa

semiárido.

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Fig. 3. Poda de formação na mangueira, 2ª poda. Desenho: Embrapa

semiárido.

Fig. 4. Poda de formação na mangueira, 3ª poda. Desenho: Embrapa

semiárido.

A partir da quarta poda, o corte deverá ser feito acima do nó, em tecido

lignificado, com tratamento dos ramos podados com fungicida, selecionando-se de três

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ramos voltados para a parte externa da copa. Essa fase é atingida pela planta entre

2,5 e 3 anos de idade.

Podas anuais ou de produção

As podas de produção referem-se às realizadas durante a fase produtiva

da planta. Nesta prática, estão incluídas as atividades de limpeza,

levantamento de copa, abertura central, equilíbrio, correção da arquitetura,

além da poda lateral e de topo.

Forma “piramidal” - Uma vez que a árvore tenha alcançado o espaço

disponível, é necessário realizar uma poda de manutenção, que permita

conservar o máximo da superfície produtiva. A poda, visando a forma piramidal,

é recomendada principalmente para espaçamentos menores e deve ser feita

logo após a colheita, seletivamente, cortando os brotos situados na parte alta

da árvore até o primeiro nó (abaixo) e eliminando-se todos os brotos verticais.

A variedade Kent se adapta muito bem a este tipo de poda.

Fig. 5. Mangueira podada na forma piramidal. Foto: Embrapa semiárido.

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Forma em “vaso aberto” - Consiste em abrir espaços no centro da copa,

eliminando os ramos que tenham um ângulo de inserção menor que 45º com o

tronco. Com isso, consegue-se uma melhor iluminação interna.

Fig. 6. Mangueira após a poda em vaso aberto. Foto: Embrapa semiárido.

Podas para manejo da floração

Eliminação da brotação vegetativa - Quando há ocorrência de brotação

vegetativa, próximo à época de aplicação do nitrato para quebrar a dormência

da gema, pode-se manter o estresse hídrico para aumentar o grau de

maturação do fluxo vegetativo inferior (folhas quebradiças) e, em seguida,

podar a vegetação nova e iniciar as pulverizações com nitrato (potássio ou

cálcio) para estimular a brotação das gemas axilares.

Eliminação da inflorescência - Quando se quer eliminar a inflorescência

de um ramo sem que haja imediata emissão de novos brotos florais, deve-se

cortá-la, pelo menos, aos 5 cm do nó terminal, quando os frutos estão no

estádio denominado de chumbinho (após a fertilização). Essa prática vai

estimular a emissão de brotos vegetativos vigorosos.

A eliminação da floração terminal em algumas cultivares provoca uma

segunda emissão de inflorescência axilar, que deve produzir um número menor

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de frutos abortados. Essa eliminação deve ser feita acima do nó terminal (na

base da inflorescência), no estádio em que a flor estiver aberta (ainda não

polinizada). Essa prática permite retardar a floração por um período curto, de

até 30 dias.

Fig. 7. Eliminação da inflorescência antes da polinização. Foto: Embrapa

semiárido.

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Fig. 8. Panícula polinizada, mostrando o local da poda para evitar floração.

Foto: Embrapa semiárido.

Desfolha

A desfolha na mangueira é praticada com a finalidade de melhorar a

capacidade produtiva da planta e a coloração dos frutos.

Quando há folhagem abundante, o sombreamento traz como

conseqüência a existência de um material vegetal que atua de forma

parasitária e reduz o acúmulo de reservas para a produção de frutos. A

remoção de 15 a 20% da vegetação velha, incluindo ramos, com a finalidade

de melhorar a disposição e o balanço da copa da árvore, produz uma melhora

significativa na eficiência produtiva. Essa desfolha é feita por meio da poda

praticada logo após a colheita.

Fig. 9. Aspecto da mangueira após a realização da desfolha. Foto: Maria

Aparecida do Carmo Mouco.

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Manejo do Solo e Adubação

Para o investimento tecnológico na cultura da mangueira deve-se

considerar, além dos aspéctos fitotécnicos, fitossanitários e de manejo de

água, o manejo do solo e adubação, pois, para a obtenção de altas

produtividades, torna-se necessário favorecer as condições físicas e biológicas

do solo bem como satisfazer as exigências nutricionais da planta.

Adubação

A adubação da mangueira deve ser baseada nos resultados das

análises de solo e de planta (foliar), bem como nos requerimentos nutricionais

da fase em que a cultura se encontra. A seguir, são apresentados os

procedimentos para amostragem e análise de solo e de planta, as fases do

manejo da adubação, os principais nutrientes requeridos pela mangueira e a

necessidade de calagem.

Amostragem e análise do solo

O resultado da análise química do solo é essencial na recomendação de

adubação. No entanto, é necessário que se faça uma amostragem de solo

criteriosa, de modo que represente as condições reais do campo.

A amostragem em pomares implantados também deve ser feita

aleatoriamente em pelo menos 20 pontos, na projeção da copa das árvores,

evitando a coleta em faixas de terra recém adubadas. Deve-se fazer a

amostragem após a colheita e antes de efetuar a adubação de base, no local

onde serão realizadas a calagem e a adubação.

Amostragem e análise de planta

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A análise mineral de planta é outra informação importante para se fazer

a recomendação de adubação, mas, para isso, é necessária uma amostragem

adequada. Escolher para a coleta apenas as folhas inteiras e sadias. As folhas

devem ser coletadas na parte mediana da copa, nos quatro pontos cardeais,

em ramos normais e recém-maduros. Coletar as folhas na parte mediana do

penúltimo fluxo do ramo ou do fluxo terminal, com, pelo menos, quatro meses

de idade. Retirar quatro folhas por planta, em 20 plantas selecionadas ao

acaso, e colocá-las em saco de papel.

Realizar a coleta antes da aplicação de nitratos ou outro fertilizante foliar

para a quebra de dormência das gemas florais. Não amostrar plantas que

tenham sido adubadas ou pulverizadas ou após períodos intensos de chuvas.

Após a coleta, deve-se acondicionar as amostras em sacos de papel,

identificando-as e enviando-as, imediatamente, para um laboratório. Se isto

não for possível, armazená-las em ambiente refrigerado. Realizar amostragem

de folhas anualmente, pois os teores foliares de N condicionam as doses de

fertilizantes nitrogenados a serem aplicadas.

Recomendação de adubação

O manejo de adubação da mangueira envolve três fases:

1) Adubação de plantio;

2) Adubação de formação; e

3) Adubação de produção.

Adubação de Plantio

Depende, essencialmente, da análise do solo. Os fertilizantes minerais e

orgânicos são colocados na cova e misturados com a terra da própria cova,

antes de se fazer o transplantio das mudas.

Adubação de Formação

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As adubações minerais devem ser iniciadas a partir de 50 a 60 dias após

o plantio, distribuindo-se os fertilizantes na área correspondente à projeção da

copa, mantendo-se uma distância mínima de 20 cm do tronco da planta.

Adubação de Produção

A partir de três anos ou quando as plantas entrarem em produção, os

fertilizantes deverão ser aplicados em sulcos, abertos ao lado da planta. A cada

ano, o lado adubado deve ser alternado. A localização destes sulcos deve ser

limitada pela projeção da copa e pelo bulbo molhado, por ser esta a região com

maior concentração de raízes. Após a colheita, aplica-se 50% do nitrogênio,

100% de fósforo e 25% do potássio. Antes da indução, aplica-se 20% do

potássio. Na floração, aplica-se 15% do potássio. Após pegamento dos frutos,

aplica-se 30% do nitrogênio e 15% do potássio. Cinquenta dias após o

pegamento dos frutos, aplica-se 20% do nitrogênio e 15% do potássio.

Nutrientes

Os nutrientes mais importantes para a cultura da mangueira são

nitrogênio, fósforo, cálcio, potássio, magnésio, boro e zinco. Os requerimentos

destes e dos demais nutrientes, bem como a importância de cada um na

produção e/ou qualidade dos frutos são descritos a seguir.

Nitrogênio

O nitrogênio (N) é um dos nutrientes mais importantes para a mangueira

e exerce um importante papel na produção e na qualidade dos frutos. Seus

efeitos se manifestam principalmente na fase vegetativa da planta e

considerando a relação existente entre surtos vegetativos/emissão de gemas

florais/frutificação, sua deficiência poderá afetar negativamente a produção.

Mangueiras adequadamente nutridas com nitrogênio poderão emitir

regularmente brotações que, ao atingirem a maturidade, resultarão em

panículas responsáveis pela frutificação. Nitrogênio em excesso pode

aumentar a susceptibilidade a desordens fisiológicas, tais como colapso

interno, a doenças pós-colheita, e, se for aplicado no momento errado, pode

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prejudicar o florescimento. Altos teores de nitrogênio podem, ainda, deixar os

frutos verdes, ou manchados de verde, o que diminui o seu valor de mercado.

Fósforo

O fósforo (P) é necessário na divisão e crescimento celular da planta. É

especialmente importante no desenvolvimento radicular, comprimento da

inflorescência, duração da floração, tamanho da folha e maturação do fruto.

Influencia positivamente na coloração da casca, uma característica de grande

importância para o mercado consumidor.

Cálcio

O cálcio (Ca), juntamente com o nitrogênio (N), é um nutriente exigido

em grandes quantidades pela mangueira. O cálcio participa do

desenvolvimento celular da planta e dos frutos. Ele influencia na firmeza e na

vida pós-colheita dos frutos. Baixos níveis de cálcio estão associados com o

colapso interno. Os períodos críticos para a absorção de cálcio são durante o

fluxo pós-colheita e o desenvolvimento inicial dos frutos. O cálcio é melhor

absorvido pelo sistema radicular. Aplicações foliares de cálcio não têm sido

eficientes uma vez que ele é praticamente imóvel na planta.

Potássio

O potássio (K) exerce um importante papel na fotossíntese e produção

de amido, na atividade das enzimas e na resistência da planta a doenças. Ele

está estreitamente relacionado com a qualidade dos frutos, em particular cor da

casca, aroma, tamanho e teor de sólidos solúveis. Influencia ainda a regulação

de água na célula, controlando as perdas de água das folhas através da

transpiração. É o nutriente mais importante em termos de produção e qualidade

de frutos. No entanto, o excesso desse nutriente pode causar desbalanço nos

níveis de cálcio e magnésio, causando, ainda, queima nas margens e ápice

das folhas velhas.

Magnésio

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Embora o magnésio (Mg) não seja exigido em grandes quantidades, sua

deficiência poderá provocar redução no desenvolvimento, desfolha prematura

e, em decorrência, diminuição da produção. Adubações com altas doses de

cálcio e de potássio diminuem a absorção de magnésio, motivo pelo qual deve

ser verificada, antecipadamente, a relação potássio/cálcio/magnésio.

Boro

O boro (B) é importante para a polinização e desenvolvimento de frutos

e essencial para a absorção e uso do cálcio. A deficiência de boro resulta em

pobre florescimento e polinização, além de frutos de tamanho reduzido. Os

sintomas de deficiência são mais visíveis durante o florescimento, produzindo

inflorescências deformadas, brotações de tamanho reduzido, com folhas

pequenas e coriáceas. Poderá ocorrer ainda redução significativa em termos

de produção, uma vez que a gema terminal poderá morrer ou, então, baixa

germinação do grão de pólen e o não desenvolvimento do tubo polínico. A

morte de gemas terminais resulta na perda da dominação apical, induzindo

assim a emissão de grande número de brotos vegetativos, originados das

gemas axilares dos ramos principais. Deve-se tomar extremo cuidado com as

quantidades de boro aplicadas, uma vez que o limite entre deficiência e

toxicidade é muito próximo. A toxidez de boro causa queima das margens e

queda das folhas.

Zinco

Plantas deficientes em zinco apresentam encurtamento dos entrenós,

além do aumento da espessura do limbo foliar, que se torna quebradiço. Os

distúrbios denominados malformação floral ou “embonecamento” e

malformação vegetativa ou “vassoura de bruxa” podem, em parte, serem

confundidos com a deficiência de zinco, uma vez que as plantas emitem

panículas pequenas, de forma irregular, múltiplas e deformadas.

Calagem

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A calagem tem a finalidade de corrigir a acidez do solo, elevando o pH e

neutralizando os efeitos tóxicos do alumínio e manganês, concorrendo assim,

para que haja um melhor aproveitamento dos nutrientes pelas culturas. Além

da correção da acidez, a calagem eleva os teores de cálcio e magnésio do

solo, porque o calcário, que é o corretivo normalmente usado, contém teores

altos desses nutrientes.

A mangueira é uma cultura das mais exigentes em cálcio, pois possui

quase sempre o dobro desse nutriente nas folhas em relação ao nitrogênio,

que predomina nas folhas da maioria das espécies cultivadas. Também são

freqüentes, no campo, os sintomas de deficiência de magnésio, considerado o

quarto nutriente mais importante para a mangueira. Em solos ácidos, os

problemas de deficiência de Mg são facilmente corrigidos mediante a aplicação

de calcário dolomítico, que é uma fonte eficiente e a mais econômica do

nutriente. Entretanto, em solos alcalinos, a deficiência de Mg só é corrigida pela

aplicação de sais solúveis de Mg, como sulfato, cloreto ou nitrato, os quais

normalmente têm custo elevado, principalmente quando comparados com o

calcário dolomítico. Em pomares corrigidos com calcário ou naqueles em que o

pH elevado não permite a utilização de calcário, a concentração de cálcio nas

folhas pode ficar abaixo do nível crítico, predispondo as plantas a distúrbios

fisiológicos, como o colapso interno (soft nose). Uma fonte alternativa de cálcio

é o gesso ou o fosfogesso. Nestas situações, o gesso é um material que vem

sendo usado para aumentar os teores de cálcio, sem alterar o pH do solo.

Existem também, os produtos quelatizados com ácidos orgânicos

(polihidroxicarboxílicos) como fonte de cálcio.

A calagem deverá promover a elevação da saturação por bases (V) a

80% e/ou o teor de Ca2+ a 2 cmolc dm-3 e o de Mg2+ a 0,8 cmolc dm-3. A

quantidade dos corretivos deve ser determinada pelo técnico especialista, com

base nos resultados da análise de solo.

Manejo de Solo

Page 23: Cultura Da Manga

23

Em áreas onde a cultura já esteja implantada (condução do pomar) e

para as condições de clima tropical do Nordeste do Brasil, sistemas de manejo

adequados à conservação do solo e produtividade devem ser basicamente

fundamentados na cobertura do solo por culturas ou seus resíduos, objetivando

protegê-lo das chuvas de alta intensidade e mal distribuídas, típicas da região

semi-árida; aumentar a infiltração e retenção de água; aumentar o teor de

matéria orgânica, com conseqüente mineralização de nutrientes; e diminuir as

oscilações de temperaturas e evaporação no solo, elevando a disponibilidade

de água para as plantas.

Espécies vegetais consorciadas entre as plantas é uma prática utilizada

na fruticultura da região. Essa mistura é conhecida como coquetel vegetal

(leguminosas, gramíneas e oleaginosas), cujo resíduo é deixado como

cobertura morta do solo.

É comum na região, na condução dos pomares de manga, roçar o mato

(das ruas entre as fileiras), deixando-o sobre o solo. Em pomares isentos de

problemas fitossanitários, é prática também, depois da poda pós-colheita,

deixar os restos dos galhos podados entre as linhas. Depois de secos, estes

restos serão roçados. Esse manejo, além dos benefícios já mencionados,

protege o solo dos riscos de salinização, pois evita a ascensão dos sais no

perfil do solo. Restos de outras culturas, desde que também isentos de

problemas fitossanitários, têm apresentado bons resultados tanto na cobertura

do solo como na produção de matéria orgânica, como é o exemplo de colmos

de bananeira. O abaciamento ao redor da planta cultivada também deve ser

mantido com cobertura de resíduos vegetais.

Page 24: Cultura Da Manga

24

Fig. 10. Cobertura do solo com galhos verdes da própria planta. Foto: Maria

Aparecida do Carmo Mouco.

Irrigação

A água é um fator que afeta o metabolismo da mangueira. O manejo

adequado da água está intimamente relacionado com outros fatores como

nutrição, aplicação de fito-reguladores, tratos fitossanitários e principalmente

estresse hídrico e indução floral. Nenhum dos fatores mencionados é capaz de

assegurar alta produtividade, se não for realizado no tempo e na quantidade

adequada.

Ao se adotar a irrigação, surgem as indagações relativas aos métodos

mais adequados e as formas mais apropriadas de manejo da água para

atender às necessidades hídricas da cultura para seu desenvolvimento e

produção. A escolha do método de irrigação é uma questão ligada às

condições topográficas, disponibilidade do recurso hídrico, qualidade da água,

eficiência de irrigação, economicidade do sistema utilizado, entre outros.

Quadro 1: Área cultivada, produção e produtividade dos três estados

brasileiros maiores produtores de manga no ano de 2002.

Estado Área Cultivada (ha) Produção (t) Produtividade (t.ha-1)

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São Paulo 20.354 208.947 10,3

Bahia 16.240 252.952 15,6

Pernambuco 6.632 136.488 20,6

Fonte: Ministério da Integração Nacional (2002).

No Quadro 1, pode-se perceber a importância do uso da irrigação no

incremento da produtividade na cultura da mangueira. No estado de São Paulo,

onde a manga é cultivada pela maioria dos produtores, em condições de

sequeiro, tem-se uma produtividade média de 10,3 t.ha-1. Já no estado de

Pernambuco, onde a mangueira é cultivada sob condições é cultivada sob

condições irrigadas obtém-se uma produtividade média de 20,6 t.ha-1, ou seja,

o uso da irrigação possibilito a expansão da cultura para novas áreas, além de

otimizar a tecnologia de produção, o que permitiu duplicar a produtividade da

mangueira quando comparada com os cultivos de sequeiro.

Entretanto, para que as técnicas de irrigação sejam bem sucedidas, é de

suma importância o seu manejo adequado, visando maior competitividade

econômica e sustentabilidade ambiental, exigidas por um mercado globalizado

e consciente da necessidade de preservação do meio ambiente.

Vários métodos podem ser escolhidos com base na viabilidade técnico-

econômica e benefícios sociais advindos de seu uso.

As diversidades edafoclimáticas, econômicas e sociais das regiões

brasileiras possibilitam o uso dos diferentes sistemas de irrigação, que podem

ser agrupados em três grandes métodos, conforme apresentado a seguir.

a) Irrigação por superfície: a água é aplicada no perfil do solo, utilizando

sua própria superfície para conduçãoa condução e infiltração, podendo

ser:

1) Por Sulco, que consiste na condução da água em pequenos canais

ou sulcos, paralelos às fileiras de plantio, durante o tempo

necessário para umedecer o perfil do solo ocupado pelas raízes;

2) Por Faixa, onde a aplicação da água no solo ocorre em faixas de

terreno compreendidas entre diques paralelos;

Page 26: Cultura Da Manga

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3) Por Inundação, no qual a água é aplicada em bacias ou tabuleiros,

que são áreas limitadas por diques ou taipas. A inundação pode ser

permanente ou temporária;

4) Por Microbacias, que se caracteriza pela aplicação da água por meio

de mangueiras flexíveis em pequenas microbacias em torno da

planta;

5) Subterrânea ou Subirrigação, que significa a manutenção e controle

do lençol freático a uma profundidade pré-estabelecida.

b) Irrigação por aspersão: a água é aplicada ao solo sob a forma de chuva

artificial, por fracionamento de um jato de água, em grande número de

gotas que se dispersam no ar e caem sobre a superfície do terreno ou do

dossel vegetativo. Destacam-se, nesse grupo, os sistemas, Convencional,

Ramal Rolante, Montagem Direta, Autopropelido, Pivô Central e Linear.

c) Irrigação localizada: a água é aplicada na superfície ou subsuperfície do

solo, próximo à planta, em pequenas intensidades e com alta freqüência.

Um sistema completo de irrigação localizada consta de conjunto

motobomba, cabeçal de controle, sistemas de automação, linhas de

tubulação (sucção, recalque, principal, secundária, derivação e lateral),

vávulas e gotejadores ou microaspersores, que irão constituir,

respectivamente, os sistemas de irrigação por gotejamento e

microaspersão.

Segundo Coelho et al. (2000), a microaspersão (Figura 3) tem sido o

sistema de irrigação localizada mais empregado na cultura da mangueira por

promover uma área molhada superior à gerada pelo sistema de irrigação por

gotejamento.

Page 27: Cultura Da Manga

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Fig. 11: Sistema de irrigação por microaspersão na cultura da mangueira,

utilizando-se dois microaspersores por planta.

A escolha de um dos métodos citados deve ser baseada na viabilidade

técnica e econômica do projeto, bem como dos benefícios sociais advindos. O

processo é complexo e exige conhecimentos relativos ao solo, à topografia, à

planta, à água, ao clima, ao manejo, à energia, aos custos, entre outros.

Pragas e doenças

Há doenças que podem comprometer a produção de frutos. As mais

danosas, em nossas condições, estão a seguir:

Antracnose

As folhas apresentam manchas escuras dde tamanho e contorno

irregulares, e nessas áreas os tecidos morrem. As inflorescências também

ficam escuras, tornam-se quebradiças e acabam por cair. Nos frutos surgem

lesões irregulares, deprimidas e escuras, chegando a atingir até a parte interna.

O fungo causador da doença (Colletotrichum gloesporioides) permanece nos

galhos secos de um ano para outro. A poda deles é, por isso, importante

medida de controle. Controla-se também com uso de fungicidas: benomyl (30

g/100 litros de água), mancozeb (250 g/100 litros de água) ou chlorotalonil (250

g/100 litros de água). Deve-se manter um intervalo mínimo de quinze dias entre

a última aplicação de benomyl e a colheita, e de sete dias no caso de aplicação

Page 28: Cultura Da Manga

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dos outros dois fungicidas. As cultivares Tommy atkins e Keitt são

consideradas medianamente resistentes.

Seca-da-mangueira

É causada pelo fungo Ceratocystis fimbriata. As folhas da ponta dos

ramos atacados amarelecem, murcham e secam. Posteriormente, os ramos

também secam e a planta chega a morrer. É importante inspecionar

periodicamente o pomar, cortando (a 40 cm do ponto de infecção) e queimando

os ramos atacados. Pincela-se com pasta a base de cobre a face cortada.

Além disso, pulverizam-se as plantas atacadas e vizinhas, com calda contendo

1% a 2% de oxicloreto d ecobre (50%) mais 0,25% a 0,40% de carbbaryl.

Marcam-se as plantas tratadas para facilitar nos inspeções. As cultivares

Tommy Atkis, Keitt e Kent são consiideradas medianamente resistentes.

Oídio

O fungo Oidium magiferae causa sérios prejuízos às folhas, flores e

frutos. Apresenta-se sob a forma de um pó branco-acinzentado, que se

deposita sobre a superfície dos órgãos atacados. Estes perdem suas funções e

caem. Para seu controle, fazem-se pulverizações com produutos à base de

enxofre. A primeira aplicação se alguns dias antes do florescimento; a

segunda, após a queda das flores, e a última, depois da formação dos frutos.

Botrioploidia

O pedúnculo e a parte basal do fruto assumem a coloração escura e

consistência mole. Os frutos, chegados do campo, são imersos em água

quente (55 oC), em mistura com benomyl (por dois minutos) ou com fungicidas

cúpricos (por cinco minutos).

Colapso interno do fruto

Ocorre o amolecimento da polpa, às vezes, com separação da casca.

Como medida de controle, colhe-se o fruto “de vez”. Efetuar calagem, e se

necessário, aplicar cálcio complementar.

Page 29: Cultura Da Manga

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Malformação

As inflorescências formam uma massa compacta de flores estéreis. Nas

gemas vegetativas há a formação de brotos curtos e folhas rudimentares.

Como medida de controle, eliminam-se os ramos e panículas infectadas.

Fazem-se pulverizações com produtos à base de enxofre.

Diversas espécies de insetos causam danos à mangueira. As principais

são as descritas abaixo, onde também se indicam os métodos de controle:

Mosca-das-frutas

As espécies que mais prejudicam a mangueira são a anestrepha

obliqua, A. Fraterculum e Ceratitis capitaata, esta conhecida como mosca-do-

mediterrâneo.

As principais medidas de controle consistem em evitar plantios próximos

às fruteiras muito atacadas pelas moscas, coletar os frutos atacados e enterrá-

los em covas fundas. O controle direto do insteo se efetua com o uso de iscas

tóxicas, à base de trichlorfon (80%, 200 g) ou malathion (200 ml) e 1 litro de

proteína hidrolisada. Esses produtos são misturados com melaço ou açúcar

mascavo (5 kg/100 litros de água). Após o preparo uniforme da mistura,

borrifam-se as plantas em aproximadamente 1 m2 de copa. O tratamento é

repetido quinzenalmente e suspenso trinta dias antes do início da colheita.

No caso de exportação, os frutos são mergulhados em um tanque com

água quente (46 oC), circulante, durante 75 minutos (frutos com até 425 g) ou

90 minutos (frutos com 426 a 650 g). Em volta da área de empacotamento

deve-se usar um telado (plástico ou metálico), para evitar uma possível

infestação pelas moscas-das-frutas, após o tratamento/resfriamento. Faz-se,

também, obrigatoriamente, o monitoramento do pomar.

Cochonilhas

A principal espécie é a Aucalopsis tubercularis, encontrada nas regiões

semi-áridas e nos cerrados ( baixa umidade relativa do ar). Essa praga suga a

seiva de todas as partes verdes da planta, causando queda de folhas,

Page 30: Cultura Da Manga

30

secamento de ramos e aparecimento de fumagina, em geral, provocando

maiores danos em pomares com um a três anos de idade.

O controle dessa praga é feito mediante a pulverização de óleo mineral

misturado a um inseticida fosforado, evitando-se a aplicação nas horas mais

quentes do dia e no período de floração.

Broca-da-magueira

Esse besouro (Hypocryphalus mangiferae) está associado à seca-da-

mangueira, como transmissor do Ceratocystis fimbriata, iniciando o ataque

pelos ramos mais finos no topo da copa, onde aparecem os ramos secos.

Efetuam-se inspeções periódicas no pomar e eliminam-se a planta nova ou os

ramos atacados de plantas adultas. Após a poda dos ramos afetados, faz-se a

pulverização ou o pincelamento com carbaril, misturado a um fungicida à base

de cobre.

Besouro-amarelo

Os adultos são de cor amarelo-clara brilhante, com a parte ventral

alaranjada. Ataca outras plantas (abacateiro, bananeira, cajueiro, goiabeira,

etc.), alimentando-se de brotos e folhas novas, causando perfurações típicas

(redondilhas). O controle se faz com fenitrothion, dilametrina ou permetrina.

Ácaros

O principal deles é o Eriopyes mangiferae, de coloração branca e

aspecto de verme. Ataca as gemas terminais e inflorescências, causando

atrofia e morte de brotos terminais de mudas e de plantas adultas. Sua

presença, associada à malformação da inflorescência, exige controle rigoroso

em viveiros e pomares em formação com acaricidas específicos. Nas plantas

adultas, recomenda-se fazer a poda dos ramos e inflorescências atacados.

Colheita

Page 31: Cultura Da Manga

31

Cuidados antes da colheita

Mesmo durante o crescimento e o desenvolvimento dos frutos, alguns

cuidados devem ser observados a fim de que sejam proporcionadas as

condições adequadas à formação da manga e à completa exposição das

características que definem sua qualidade. Determinados tratos culturais e

procedimentos realizados ainda no campo podem favorecer essas

características, principalmente aquelas relacionadas à sanidade e aparência

dos frutos.

Entre os tratos culturais que influenciam diretamente a qualidade, podem

ser citados a limpeza da panícula e o raleio de frutos. Estes cuidados devem

ser observados principalmente nas variedades Tommy Atkins e Keitt que

receberam aplicações de paclobutrazol. O procedimento consiste na retirada

de restos florais, de folhas em excesso e dos frutos com problemas

fitossanitários, mecânicos e fisiológicos. A retirada dos restos florais deve ser

feita assim que estejam secos e possam ser derrubados através da sacudida

das panículas. Posteriormente, após a segunda queda fisiológica dos frutos,

quando estão no estádio “ovo” (diâmetro de aproximadamente 4 cm), realiza-se

a limpeza de frutos mumificados, que sofreram abscisão ou em excesso. Para

a realização desta prática, deve-se utilizar tesoura de raleio ou de poda.

Em função das condições climáticas da Região Semi-Árida brasileira, a

exposição excessiva ao sol pode resultar em problemas de queima da casca

dos frutos, desvalorizando-o comercialmente. Por outro lado, o

desenvolvimento da coloração avermelhada, mais atrativa e exigida pela

maioria dos mercados, depende da incidência dos raios solares sobre a

superfície do fruto. Na região, é comum a realização de desfolha,

aproximadamente aos 30 dias antes da colheita, com a finalidade de expor os

frutos à maior penetração dos raios solares, desenvolvendo,

consequentemente, uma coloração avermelhada mais intensa. Contudo, a

prática deve ser bem orientada, observando-se os riscos de queima,

principalmente daqueles frutos localizados na região da planta exposta ao sol a

partir do meio-dia. Para prevenir o problema, algumas providências podem ser

Page 32: Cultura Da Manga

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tomadas. Muitos produtores realizam o pincelamento dos frutos com hidróxido

de cálcio (cal) a 5 % (1 kg/20 L) ou produtos semelhantes. Outra prática

possível é o ensacamento dos frutos. Existem, ainda, alguns produtos

comerciais, conhecidos como filtros ou protetores solares, que podem ser

aplicados com esta finalidade. A aplicação destes produtos é feita através de

pulverização da parte aérea da planta (frutos e folhas).

Fig. 12. Aspecto da copa de mangueiras após a desfolha. Foto: Maria

Auxiliadora Coêlho de Lima.

Outros aspectos também influenciam diretamente a qualidade da

manga, como o estado nutricional da planta, os tratamentos fitossanitários

realizados, o manejo da irrigação e os sistemas de poda adotados. Estes

fatores influenciam a suscetibilidade a danos e a distúrbios de diferentes

naturezas.

Page 33: Cultura Da Manga

33

Portanto, todas as práticas adotadas e introduzidas durante o ciclo

produtivo devem levar em consideração sua influência sobre a qualidade dos

frutos, observando-se criteriosamente as características exigidas pelo mercado.

Colheita

As mangueiras enxertadas e conduzidas de acordo com os requisitos

técnicos exigidos pela cultura produzem de 2 a 5 anos após o plantio. As

mangueiras de pé-franco custam muito a produzir. Frutificam 10 ou mais anos

após o plantio. A produção aumenta aos poucos, atingindo, nos enxertos, uma

produção considerada normal aos 12 anos de idade. Em regra, a produção

continua a aumentar até os 20 anos, aproximadamente.

No Brasil, o florescimento começa no mês de maio, e a colheita pode ser

feita de cinco a seis meses depois, podendo variar entre as cultivares de uma

região para outra. Nas regiões secas e quentes, a colheita pode ser feita mais

cedo que nas úmidas e frias.

A produção é influenciada pela idade da mangueira, o clima, o solo, os

tratos culturais que lhe dispensam. Varia bastante de um ano para outro. Aos 6

anos de idade as mangueiras produzem, em média aproximada, umas 40 a 70

frutas, nos anos normais. Aos 10 anos, também nos anos normais, a produção

pode ser de umas 3.500 frutas, em média. Naturalmente tais produções são

possíveis em mangueiras enxertadas, em zonas ecologicamente muito

favoráveis e muito bem tratadas.

Colhem-se as mangas antes de completamente maduras, pois então

caem naturalmente. Colhem-se cuidadosamente, torcendo-se os frutos até que

o pedúnculo se rompa ou cortando o pedúnculo com uma tesoura de poda. No

caso de plantas altas, usa-se uma vara com uma sacola presa em sua

extremidade, sempre evitando-se choques, colhidas quando começam a mudar

de cor, acondicionando os frutos cuidadosamente em caixas,que devem ser

mantidas à sombra.

Page 34: Cultura Da Manga

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Embalagem e comercialização

Na comercialização de manga, a caixa comumente utilizada é a do tipo

querosene com as dimensões externas de 52 cm de comprimento, 25 cm de

largura e 36 cm de altura. A tampa é de ripas, o peso bruto é de 27 a 28 kg, o

peso líquido, de 22 a 23 kg. Comporta, em média, 40 frutos grande e 120

pequenos.

O padrão ideal de caixa é o que diminui o número de camadas. De modo

geral, frutos grandes devem ser acondicionados em uma única camada, os

médios em duas, e os pequenos, em três camadas.

A caixa de papelão é a embalagem ideal para manga, apresentando

uma série de vantagens sobre os outros tipos. Seu uso, no entanto, ainda é

limitado, por onerar o produto, restringindo-se a alguns produtores de Minas

Gerais, São Paulo, Pernambuco e Bahia. As caixas usadas em Minas Gerais

têm as seguintes dimensões externas: 42 x 32 x 12 cm; 42 x 21 x 10 cm e 33 x

21 x 10 cm. Esses três tipos comportam, respectivamente, quinze, oito e seis

mangas. São perfurados na tampa e lateralmente para permitir a ventilação e a

eliminação de gás carbônico e etileno, resultantes da respiração dos frutos.

Na comercialização da manga a qualidade é fundamental. Assim é que

os frutos oriundos de pomares bem conduzidos, colhidos cuidadosamente,

beneficiados e acondicionados em embalagens apropriadas têm a preferência

do consumidor e alcançam maior cotação no mercado.

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Referências Bibliográficas

Gomes, Raimundo Pimentel. Futicultura Brasileira, 13a edição. Ed. Nobel. São

Paulo, 2007.

Da Cunha, et. al. Plantar manga. Ed. EMPBRAPA, Brasília, DF, 1997.

http://www.nutricaodeplantas.agr.br/ - acesso em 24 de maio de 2010.