Curriculo e genero

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ESPAÇO DO CURRÍCULO, v.4, n.1, pp.66-77, Março a Setembro de 2011 ISSN 1983-1579 http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/rec 66 CURRÍCULO E AS RELAÇÕES DE GÊNERO: o olhar de pedagogas de uma escola pública da Paraíba Jolene Rocha Bezerra 1 Márcia Veloso Silva¹ Maria zuleide da Costa Pereira 2 Teresinha de Jesus Cruz 3 RESUMO: O presente texto é resultado da pesquisa de conclusão de curso que teve como objetivo investigar como as pedagogas de uma das escolas públicas do Estado da Paraíba, na cidade de João Pessoa, percebíamos os conflitos oriundos das relações entre meninos e meninas, tomando como objeto de análise o currículo, a partir da inserção do Tema Transversal Orientação Sexual, particularmente, as questões centradas nas relações de gênero no âmbito da educação. Pautandose num referencial teórico de autores e autoras que abordavam a referida temática, a exemplo de: Louro (1997), Bourdieu (1999), Silva (1999), Carvalho (2000), Vianna (1997), dentre outros, optouse pela realização de um estudo centrado em uma abordagem qualitativa, utilizando como instrumento de coleta de dados um questionário aplicado para o corpo técnico da citada escola. De posse desses dados fezse análises à luz do referencial teórico proposto, e, constatouse a partir das afirmações das pedagogas participantes da pesquisa que elas têm conhecimentos prévios sobre como as relações de gênero se materializam na sociedade e, que, em suas praticas cotidianas tentam desenvolver atividades de forma não sistematizadas com alunos e alunas. Todavia, também ficou evidenciado a partir dos resultados da pesquisa da necessidade de se realizar um trabalho mais efetivo sobre o encaminhamento dos PCN’s que trata do Tema Transversal Orientação Sexual, a fim de que ele seja visto não só como um ponto de partida para se estabelecer momento de reflexão, análise e debate sobre as questões emergentes centradas no gênero, sexo, raça/etnia, religião, entre outras, mas também, como mecanismo de estudos e pesquisas acerca da origem dos preconceitos sexistas de gênero que dão origem a uma série de conflitos nos diferentes espaços sociais, sobretudo, na escola. PALAVRASCHAVE: Educação, gênero, currículo. CURRICULUM AND GENDER RELATIONS: A VIEW OF EDUCATORS FROM A PUBLIC SCHOOL IN PARAÍBA ABSTRACT: The present text is the result of a graduating paper whose aim was to investigate how the teachers of one of the public schools in the state of Paraíba, in the city of João Pessoa, understood the conflicts derived from the relationships between boys and girls. We took the curriculum as an object of analysis, considering the existence of the crosscurricular theme Sexual Orientation, and we particularly focused on questions of gender relations within the field of education. We used theoretical references of authors that study that theme, such as Louro (1997), Bourdieu (1999), Silva (1999), Carvalho (2000), Vianna (1997), among others, and we chose to use a qualitative approach to research, collecting data through a questionnaire 1 Universidade Federal da Paraíba. 2 Professora Associada I do PPGE/UFPB 3 Professora Adjunta do DHP/CE/UFPB

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    CURRCULOEASRELAESDEGNERO:oolhardepedagogasdeumaescolapblicadaParaba

    JoleneRochaBezerra1MrciaVelosoSilva

    MariazuleidedaCostaPereira2TeresinhadeJesusCruz3

    RESUMO:Opresente texto resultadodapesquisade conclusode cursoque teve comoobjetivo investigarcomoaspedagogasdeumadasescolaspblicasdoEstadodaParaba,nacidade de Joo Pessoa, percebamos os conflitos oriundos das relaes entre meninos emeninas, tomando como objeto de anlise o currculo, a partir da insero do TemaTransversalOrientaoSexual,particularmente,asquestescentradasnasrelaesdegnerono mbito da educao. Pautandose num referencial terico de autores e autoras queabordavam a referida temtica, a exemplo de: Louro (1997), Bourdieu (1999), Silva (1999),Carvalho (2000), Vianna (1997), dentre outros, optouse pela realizao de um estudocentradoemumaabordagemqualitativa,utilizandocomoinstrumentodecoletadedadosumquestionrioaplicadoparao corpo tcnicoda citada escola.De posse desses dados fezseanlises luz do referencial terico proposto, e, constatousea partirdasafirmaes daspedagogas participantes da pesquisa que elas tm conhecimentos prvios sobre como asrelaesdegnerosematerializamnasociedadee,que,emsuaspraticascotidianastentamdesenvolveratividadesde formanosistematizadas comalunosealunas.Todavia, tambmficou evidenciado a partir dos resultados da pesquisa da necessidade de se realizar umtrabalho mais efetivo sobre o encaminhamento dos PCNs que trata do Tema TransversalOrientao Sexual, a fim deque ele seja vistono s comoum pontode partidapara seestabelecermomentodereflexo,anliseedebatesobreasquestesemergentescentradasnognero,sexo,raa/etnia,religio,entreoutras,mastambm,comomecanismodeestudosepesquisasacercadaorigemdospreconceitossexistasdegneroquedoorigemaumasriedeconflitosnosdiferentesespaossociais,sobretudo,naescola.

    PALAVRASCHAVE:Educao,gnero,currculo.

    CURRICULUMANDGENDERRELATIONS:AVIEWOFEDUCATORSFROMAPUBLICSCHOOLINPARABA

    ABSTRACT:ThepresenttextistheresultofagraduatingpaperwhoseaimwastoinvestigatehowtheteachersofoneofthepublicschoolsinthestateofParaba,inthecityofJooPessoa,understoodtheconflictsderived fromtherelationshipsbetweenboysandgirls.Wetookthecurriculumasanobjectofanalysis, considering theexistenceof the crosscurricular themeSexualOrientation,andweparticularly focusedonquestionsofgender relationswithin thefieldofeducation.Weusedtheoreticalreferencesofauthorsthatstudythattheme,suchasLouro(1997),Bourdieu(1999),Silva(1999),Carvalho(2000),Vianna(1997),amongothers,andwe chose touseaqualitativeapproach to research, collectingdata throughaquestionnaire 1 Universidade Federal da Paraba. 2 Professora Associada I do PPGE/UFPB 3 Professora Adjunta do DHP/CE/UFPB

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    answeredbythetechnicalstaffofthereferredschool.Withsuchdata,wemadeouranalysisinthelightofthetheoreticalperspectiveschosen.Wefoundout,throughthestatementsoftheteachersinvolvedintheresearch,thattheyhavesomebackgroundknowledgeofhowgenderrelationsareestablished insociety,andthat, intheireverydaypractices,theytrytodevelopactivities related togenderwith students, though inanonsystematicway.However, itwasalso evident in the research results the need to developmore consistentworkonhow tooperationalize thenational curriculumparameters (PCNs) thatapproach the crosscurricularthemesexualorientation,sothat it isseennotonlyasastartingpoint forreflectionanalysisanddebateaboutemergingquestionsrelatedtogender,sex,race/ethnicity,religion,amongothers,butalsoasamechanismofdevelopingstudiesandresearchabouttheoriginofsexistgenderprejudicethatresults inaseriesofconflicts indifferentsocialspaces,particularly,atschool.KEYWORDS:Education,gender,curriculum.

    INTRODUO:umadiscussoconceitualdacategoriagnero

    EstetextooresultadodapesquisadonossoTrabalhodeConclusodeCurso(TCC)4e, ao inicilonossapreocupao vinculouse adiscusso conceitual da categoria gnero apartiranlisesdePierreBourdieu(1999).Antesdequalqueranliseparecejustofrisarquefoinoberodomovimentofeministacontemporneoqueacategoriagneropodeserrevistaerepensada.Oquesesabenahistriarecentedestesestudosqueadistinoentresexoegneroapesarde complexaepolmicaaponta fortes indciosdeque sexoobiolgicodoindivduo, as caractersticas fsicas distintas, enquanto que, gnero definido como umaconstruosocial,culturalehistrica.

    Mesmo considerando este redirecionamento da categoria gnero a visoandrocntricaparaBourdieu(1999,p.18),surgenumaposioprivilegiada,considerandoqueaforadaordemmasculinaseevidncianofatodequeeladispensajustificao.Essaumaafirmaoarbitrriadaordemnaturalesocial, logo,omundosocialconstriocorpocomorealidadesexuadaecomodepositriodeprincpiosdevisoededivisosexualizantes.

    Isto significa afirmar que: (...) as diferenas visveis entre o corpofeminino e o masculino que, sendo percebidas e constitudassegundo esquemas prticos da viso androcntrica, tornamse openhormaisperfeitamenteindiscutveldesignificaesevaloresqueestodeacordocomosprincpiosdestaviso. (BOURDIEU:1999p.3233).

    Dentrodestecamposocialemboraavisoandrocntricaseja,segundoBourdieu(op.cit.) privilegiada na oposiobinria entre o feminino eomasculino fruto das construessociais, ainda, existem espaos e possibilidades de mudanas? Vislumbrase que sim, se,considerarmos que a oposio construda e no inerente e fixa. Assim sendo, abremse

    4 CURRCULO E ORIENTAAO SEXUAL: o olhar das pedagogas de uma escola pblica de Joo Pessoa/PB quanto ao gnero. Defesa em 2004.2, no Curso de Pedagogia da Universidade Federal da Paraba. Joo Pessoa/PB.

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    espaos para se contemplarem interesses, experincias e questionamentos dos diversossegmentossociais.

    Bourdieu(1999,p.22)concordacomestaratificaoquando falaque:(...)pormaisexataquesejaacorrespondnciaentreasrealidadesouosprocessosdomundonatural,eosprincpios de viso e de diviso que lhes so aplicados, h sempre lugar para uma lutacognitiva a propsito do sentido das coisas do mundo e particularmente das realidadessexuais.

    Portanto,...arepresentaoandrocntricadareproduobiolgicaedareproduosocialsevinvestidadaobjetividadedosensocomum,vistocomosensoprtico,dxico,sobreo sentido das prticas (BOURDIEU: 1999 p. 45). Sendo estabelecida como algo natural ecomum,otrabalhodadominaomasculinaseintensificaatravsdaviolnciasimblicaedasinstituies, famlia,escola, igrejaeEstado.Bourdieu (ibidem,p.47)afirmaque:Aviolnciasimblicaseinstituiporintermdiodaadesoqueodominadonopodedeixardeconcederaodominante...,[fazendo]estarelaoservistacomonatural.

    Todavia,paraBourdieu (1999,p.54)existeumamaneirademudarestasituaodedominao,queseriaatravsdarevoluosimblicaqueocorreriasobaformade:(...)umatransformao radical das condies sociais de produo das tendncias que levam osdominadosaadotar, sobreosdominantese sobre simesmos,oprpriopontode vistadodominante.

    Quantos instituies famlia, igreja,escolaeEstadosabemosqueao longodahistria tem garantido e reproduzido uma sociedade predominantemente patriarcal. Comvalores,costumes,crenas,habitus,comportamentos,regraseensinamentosque fortalecemadominaomasculina.

    A escola h muito est marcada pela forte presena masculina. A produo doconhecimentofoihistoricamenteproduzidapeloshomens,entovalorizado.Contudo,gnerofeminino se inseriu no espao da escola, suas atividades passaram a ser marcadas pelocuidado,pelavigilncia,peloladomaternaledomstico,conseqentemente,vistacomoumatarefafcil,pois,asmulheresconfiadas,anteriormente,noespaoprivadoeramresponsveisporessesafazeres,tidoscomoobrigaesfemininas.

    Bourdieu(1999,p.110),esclarececomoessaquestoestmuitobemhierarquizadaquandoafirmaque:asmulheresocupamsempreasposiesmaisbaixasemaisprecrias...(vemserlhesatribudasposiessubalternaseasilares,deassistnciaecuidadosmulheresdalimpeza,merendeiras,crecheirasetc.).

    Como aescola pode ser tambm considerada como um veculo demudana nesteprocessodehierarquizaodesubmissodepapisdaqualasmulheressorefns?Comoasdasdesigualdadesdegneropodemsermelhortrabalhadasnombitodaeducao,escolaecurrculo?Assim como Bourdieu percebouma positividadealentadorada escola empenharesforos para contribuir paramudanas. Pois, nela encontramos um dos princpiosmaisdecisivosdamudananasrelaesentreossexos,devidoscontradiesquenelaocorremesqueelaprpriaintroduz(BOURDIEU,1999p.105).Dequeformaessasmudanaspodemocorrer?

    Para Bourdieu (1999, ps. 100101), para que isso possa, gradativamente, ir semodificandoprecisoreconstruirahistriadotrabalhohistricode(ds)historizao,ou,...ahistriada(re)criaocontinuadadasestruturasdedominaomasculina,queserealiza...desdequeexistemhomensemulheres.

    Nosepodenegarquesignificativasmudanasocorreramnasociedadeatual,quantoao comportamento feminino e a maior mudana est, sem dvida, no fato de que a

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    dominao masculina no se impe mais com a evidncia de algo que indiscutvel(BOURDIEU,1999p.106).

    Assim sendo, abrese espao na transformao do comportamento feminino,principalmente, nas categorias mais favorecidas que tem acesso ao Ensino Secundrio eSuperior; trabalho assalariado; adiamento do matrimnio e da procriao; independnciaeconmica,etc.

    Contudo,Bourdieu(1999,p.112)explicaque:(...)asprpriasmudanasdacondiofemininaobedecemsemprelgicadomodelotradicionalentreomasculinoeofeminino.Oshomenscontinuamadominaroespaopblicoeareadepoder,...aopassoqueasmulheresficamdestinadas (predominantemente)aoespaoprivado...emqueseperpetuaa lgicadaeconomiadebenssimblicos.

    A foradaestruturadeterminantenaperpetuaodasdesigualdadesdegneros,porqueelaseestabeleceemtodososespaosesubespaossociais.Paraseconseguirromperasbarreirasqueseobstaculizamnasdesigualdadesentreo femininoeomasculinoBourdieu(1999,p.139)nosfalaque:

    Sumaaopolticaque leverealmenteemcontatodososefeitosdadominao,queexercematravsdacumplicidadeobjetivaentreasestruturasincorporadaseasestruturasdegrandesinstituiesemque se realizam e se produzem no s a ordem masculina, mastambm todaaordem socialpoder,a longoprazo, semdvida,etrabalhandocomascondies inerentesaosdiferentesmecanismosou instituies referidas, contribuir para o desaparecimentoprogressivodadominaomasculina.

    Poresseseoutrosmotivos,gneronopodesermais fundamentadoeentendidoapenasporseucarterbiolgico,nemtopoucocomoumacategoriadeestudosrelativasmulheres.Oconceitodegneromuitomaiscomplexoeamplo.Elesurgiudanecessidadedese responder aos diversos impasses que fazem parte da construo das identidades dosgneros.Assimcomo,paraquepudssemosfazerumasociologiadehomensemulherescommaiorequidade.Afinal,umfazpartedavidaoutroeviceversa.

    PARMETROSCURRICULARESNACIONAISPCNs/1997:asrelaesdegnero(des)construindoesteretipos

    A proposta de Orientao Sexual como tema transversal apresentada pelosParmetrosCurricularesNacionaisPCNs/1997,expressono volume10, se caracterizaportrabalharoesclarecimentoeaproblematizaodequestesquefavoreamareflexoearesignificaodasinformaes,emoesevaloresrecebidosevividosnodecorrerdahistriadecadaum,quetantasvezesprejudicamodesenvolvimentodesuaspotencialidades.Ressaltase,tambm,aimportnciadeseabordarasrelaesdegneronosaspectossociais,culturais,polticos,econmicosepsquicos.

    Paraque esse trabalho possa seefetivarde forma coerente com visopluralista necessrioqueosdiversosaspectosligadossquestesdegneroencontremespaoparaseexpressar, pois s atravs do dilogo, da reflexo e da possibilidade de reconstruir as

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    informaes, pautandose sempre no respeito a si prprio e ao outro, que o alunoconseguir transformar e reafirmar concepes e princpios, construindo de maneirasignificativaseuprpriocdigodevalores.

    A integrao deste tema por meio da transversalidade impregnar toda a prticaeducativa,umavezquetantoaconcepoquantoosobjetivosecontedossocontempladospelasdiversasreasdoconhecimento,ondecadareatratardatemticagneropormeiodasuaprpriapropostadetrabalho.

    As recentes reformas curriculares colocam as relaes de gnero como tematransversalnocurrculoOficial.SantomcitadoporCarvalho(2000,p.84)alertaparaoperigodos temas transversais no se [transformarem] em currculos tursticos, ou seja, que essatemticano seja tratadaapenasemdatasespecficasou comemorativas,desconectandoadasrelaesdediversidadenavidacotidiana.

    fundamentalqueoprofessoreaprofessoraseplanejeparatrabalharessassituaesno momento em que elas acontecerem, pois precisa ter atitude de acolhimento a essasexpresses e de disponibilidadepara ouvir e responder questes. Portanto, o trabalho deOrientao Sexual dever acontecer dentro da programao, por meio dos contedos jtranversalizados nas diferentes reas do currculo como tambm em extraprogramaosemprequesurgiremasnecessidades.

    SegundoCarvalho (2000,p.25) [...].Parasuperarasdesigualdadesnasrelaesdegnero, fundamentaladesmistificaodospapis sociais tradicionalmenteestereotipadosemmasculinosefemininos,paraqueoutrassubjetividadespossamfluir[...].

    A interveno do educador e da educadora deve se dar de forma a apontar ainadequaodealgunscomportamentossnormasdoconvvioescolar.Nosetrata,portantodejulgaressasmanifestaes,masapenasdelimitarainadequaodoambienteescolarparasuaefetivao.Entreosmecanismos transmissoresdeuma culturapreconceituosaouumaculturade respeitodiversidade culturalesto currculo,elepodeproduzirno interiordasdiferentesprticaseducativasmudanassignificativasdeatitudesparacomo(a)outro(a),se,for pensado como sugere Carvalho (2000, p. 83), ou seja, [...] O currculo difundido naeducao escolar contribui para uma construo social e corporal dos sujeitos em que atransmisso de valores, conhecimentos e habilidades, combinada com a internalizao degestos, posturas e comportamentos, determina a distino e a posio ocupada por cadasexo[...].

    AodefiniroTemaTransversalOrientaoSexualcomoumadesuascompetncias,aescola estar incluindoo no seu projeto educativo, implicando uma definio clara dosprincpiosquedeveronortearo trabalhoesuaexplicaopara todaa comunidadeescolarenvolvidanoprocessoeducativodosalunos.Paragarantir coernciaao tratarde tema comtograndemultiplicidadedevalores,eladeverestconscientedanecessidadedeseabrirumespaoparaconstantedetodososenvolvidos.

    OsPCNspropeotrabalhodeOrientaoSexualcomobjetivodecontribuirparaquealunos e alunas possam desenvolver e exercer a cidadania que deve ser entendida comonecessriaatenosdiferenasparaarealgarantiadeigualdadededireitos,oportunidadeseacessoaosbenssociais,emtodososcampos(BRASIL,MEC/SEF:1998,p.322)aoseproporatrabalharorespeitoporsiepelooutroeaobuscargarantirdireitosbsicosatodoscomoasade,ainformaoeoconhecimento,quesoelementosfundamentaisparaaformaodecidadosecidadsresponsveiseconscientesdesuascapacidades.

    Dessaforma,oscontedosdeOrientaoSexualelencadospelosPCNsenglobamtrsfundamentais aspectos; so conceituais, procedimentais eatitudinais, proporcionandoumaformao integradado indivduo.Os contedosdevemser flexveis,de formaaabrangeras

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    necessidadesespecficasdecadaturmaacadamomento,devempossibilitaraabordagemdosdiferentes assuntos, que variam de acordo com a faixa etria, cultura regional e fatoscontemporneoveiculadospalamdiaouvividosporumadadacomunidade.

    As Relaes de gnero que, neste texto, damos nfase, so um dos trsblocos decontedosorganizados pelos PCNs que tem como objetivo combater relaes autoritrias,questionararigidezdospadresdecondutaestabelecidosparahomensemulhereseapontarparasuatransformao,umavezqueaflexibilizaodospadresvisapermitiraexpressodepotencialidades existentes em cada ser humanoque sodificultadaspelos esteretipos degnero.

    Asdiferenasnodevemficaraprisionadasempadrespreestabelecidos,maspodemedevemservividasapartirdasingularidadedecadaum,apontandoparaaequidadeentreossexos.Oalcancedestesobjetivosrequerqueaescolaatualparafortaleceraslutasemfavordeumaescolamaisdemocrticanecessriaconstruodeumcurrculomulticulturalqueexigetambmumcontextodemocrticodedecisessobreoscontedosdoensino,enoqualosinteressesdetodossejamrepresentados(CARVALHO:2000p.24).

    O comportamento diferenciado dos alunos e das alunas, dos primeiros ciclosapresentainmerassituaesquedizemrespeitoquestodosgneros,geralmenteocorreoagrupamento espontneo das crianas por sexo onde o relacionamento entre meninos emeninossodificultados.Jnosegundociclocostumahaverespontaneamentetambm,umaaproximao entre eles, revelandosemais claramente a curiosidade pelasdiferenas. Essaaproximaonosedsemconflitos,medoseporvezesagressesdediferentesintensidadesem quemuitas vezes o professor ou professora chamado a intervir nesses conflitos aomesmo tempoemquepodeproporsituaesde trabalhoem conjunto comoestratgiadefacilitaodasrelaesentremeninosemeninas.

    Os contedosdessebloco Relaesdegneropodero serarticulados com vriasreascomo:Histria,LnguaPortuguesa,Arte,EducaoFsicaetodasassituaesdeconvvioescolar,noentanto,abordagemdessetemadeveserumatarefadelicada,considerandoafaixaetriadascrianasdoprimeiroesegundociclos.

    Essasrelaes seapresentamnaescolade formantidaentrealunosealunasenasbrincadeirasemgeraloudiretamente ligadassexualidade,nomodode realizaras tarefasescolares, na organizao do material de estudo e nos comportamentos diferenciados demeninosemeninas.Nessesentido,necessriotrabalharemduasvertentes:criarmateriaisespecficospara objetivos concretos e revisar o contedo, os exemplos, as ilustraesdosmateriaisdidticosexistentes,visandosuperarosesteretipossexistaspresentesnocotidianoescolar(Carvalho,2000p.25).

    Diantedessassituaes,oprofessorouaprofessora,estandoatento,podeintervirdemodoacombaterasdiscriminaesequestionarosesteretiposassociadosaognero,devesinalizar a rigidez das regras existentes nesse grupo que definem o que ser menino oumeninaapontandopara imensadiversidadedos jeitosdesereaindatrabalharorespeitoaooutroesdiferenas.

    Apresunoporpartedoprofessoroudaprofessora,demomentosdeconvivnciaedetrabalhocomalunosdeambosossexospodeajudaradiminuirahostilidadeentreeleseelasepropiciarobservao,descobertasetolernciadasdiferenas,mesmosendovividasdeforma conflituosa. Essa convivncia tambm facilitadora dessas relaes, pois ofereceoportunidadesconcretasparaoquestionamentodosesteretiposassociadosaognero.

    de igual importnciaacriaodemomentosparaqueessetemasejadiretamenteabordado, como trabalho planejado e sistematizado, uma vez que [...] a educao oconjunto das aes, processos, influncias, estruturas, que intervem no desenvolvimento

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    humano de indivduos e grupos na sua relao ativa com o meio natural e social, numdeterminadocontextoderelaesentregruposeclassessociais[...](Libneo,1999,p.2).

    Porserasexualidadealgo inerentevidaeasade,queseexpressadesdecedonoserhumanoequeenglobaopapelsocialdohomemedamulher,o respeitopor seepelooutro,asdiscriminaeseosesteretiposatribudosevivenciadosemseusrelacionamentos,aescola deve ser um espao de informao e formao no que diz respeito s questesreferentesaoseudesenvolvimento.

    Portanto,osPCNstmcomoobjetivoprimordialpromoverreflexesediscussesdetcnicos(as), professores(as), equipe pedaggica, pais e responsveis, com a finalidade sesistematizaraaopedaggicadodesenvolvimentoglobaldosalunosealunas,considerandoosprincpiosmoraisdecadaumdosenvolvidoserespeitandoosdireitoshumanos.

    Inmerasquestes, inquietaes e dvidas so trazidas pelosalunos e alunas paradentrodaescola,assimsendo,cabeaeladesenvolveraocrtica,reflexivaeeducativa,poisaescolaquerendoouno,deparacomsituaesnasquaissempreintervemeaofertaporparteda escola, de um espao em que as crianas possam esclarecer suas dvidas e continuarformulando novas questes, contribui para o alvio das ansiedades que muitas vezesinterferemnoaprendizadodoscontedosescolares.SegundoosPCNs(1997,p.121),cabeescolaabordarosdiversospontosde vistas, valorese crenasexistentesna sociedadeparaauxiliaroalunoeaalunaaencontrarumpontodeautorefernciapormeiodareflexo.

    O Tema Transversal que trata daOrientao Sexual realizado pela escola no visasubstituirnemconcorrercomafunodafamliae,sim,complementar.umprocessoformalesistematizadoqueacontecedentrodainstituioescolar,exigeplanejamentoepropeumainterveno por parte dos profissionais da educao. Este trabalho entendido comoproblematizar, levantarquestionamentoseampliaro lequede conhecimentosedeopesparaqueoalunooualunaescolhaseuprpriocaminho.

    Os PCNs (1997, ps. 121122) prope umaOrientao Sexual nodiretivaque sercircunscritaaombitopedaggicoecoletivo,notendocarterdeaconselhamentoindividual,detipopsicoteraputico.Mas,asdiferentestemticasdevemsertrabalhadasdentrodolimitedaaopedaggica,semseremevasivasdaintimidadeedocomportamentodecadaalunooualuna.

    Aescoladeve informarediscutirosdiferentestabus,preconceitos,crenaseatitudes existentes na sociedade, como, tambm, abordar as repercusses de todas asmensagenstransmitidaspalamdia,palafamliaepelasociedadecomoascrianasejovens,natentativadepreencher lacunasnas informaesqueascrianas jpossuie,principalmente,criarapossibilidadedeformaropiniesarespeitodoquelheoufoiapresentado.

    Aescolaaopropiciar informaesatualizadasdopontode vista cientficoeexplicitarosdiversosvaloresassociadossexualidadeeaocomportamentosexuaisexistentesna sociedade possibilita ao aluno desenvolver atitudes coerentes com os valores que eleprprioelegeucomoseus.

    Nesse contexto o educador deve reconhecer como legtimo e lcito, por parte dascrianasejovens,abuscadoprazereascuriosidadesnoseuprocessodedesenvolvimento.Otrabalhocotidianoprecisateracessoformaoespecfica,e,devementraremcontatocomquestestericas, leiturasediscussessobreastemticasespecficasdesexualidadeesuasdiferentesabordagens.Eledeveterdiscernimentoparanotransmitirseusvalores,crenaseopinies como sendoprincpiosouverdadesabsolutas,uma vezque tantoo(a)professor(a)quanto aluno(a), possui expresso prpria de sua sexualidade que se traduz em valores,crenas,opiniesesentimentosparticulares,paraissodevecontarcomotrabalhocoletivodaequipeescolarnadefiniodosprincpioseducativos.

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    SegundoosPCNs (1997,p.126124),paraque sedesenvolvaumbom trabalhodeOrientao Sexual fazse necessrio o estabelecimentode uma relao de confiana entrealunos(as)eprofessor(a),eleoueladevesemostrardisponvelparaconversararespeitodasquestesapresentadas, no emitir juzode valor sobre as colocaes feitaspelos alunos ealunas,erespondersperguntasdeformadiretaeesclarecedora.

    Na realizaodesse trabalho,aposturadoeducadoredaeducadora fundamentalparaqueosvaloresbsicospropostospossamserconhecidoselegitimadosdeacordocomosobjetivosapontados.Referindosesquestesdegnero,oprofessorouaprofessoradevetransmitir pela sua conduta a equidade entre os gneros e a dignidade de cada umindividualmente,deveainda,respeitaraopiniodecadaaluno(a)eaomesmotempogarantirorespeitoeaparticipaodetodos.

    OS(AS)PEDAGOGOS(AS)ESUASPRTICASEDUCATIVAS:lidandocomocurrculo

    Os(as)pedagogos(as)aodesenvolveremsuasprticaseducativasestolidandocomocurrculo,devendoento,estaratentos(as)paraqueesteartefato,sejavistocomoumespaodeluta,umavezque,eleestintrinsecamenterelacionadosestruturassociaiseeconmicasmais amplas da sociedade. Assim sendo, o currculo no um corpo neutro, inocente edesinteressado de conhecimentos, mas, um artefato que reproduz, produz e cristaliza asrelaesentregnerosmasculinosefemininos.ColocarasrefernciasdoSILva

    A (des) construo destes esteretipos passa, sem dvida, pela necessidade derepensarmosocurrculo,vistoqueeleconstituiumaseleodeconhecimentospautadosemuma cultura hegemnica e no conjunto de aes pedaggicas resultantes das construessciohistricaqueseefetivamnaescoladeformasutil,inconscientee/ouconsciente.Atravsdesuasprticaseducativas,ocurrculoreforapreconceitoseesteretiposquepertencemoraaofemininoeoraaomasculino.

    Porestarazo,aescolanecessitadeumconjuntodeorientaesdidticopedaggicasedeumatomadadedecisosobrequaispressupostospolticos, ideolgicos, filosficos,etc.ir eleger para encaminhar a sua prtica educativa, uma vez que atravs dela muitospreconceitos, discriminaes podem ser transmitidos. A prtica educativa no se restringeapenas ao saber sistematizado frutodeuma culturadominante,mas, incorpora tambm aculturados(as)alunos(as),os(as)quaisenvolvemtodaumateiaderelaessociais,ondeestessaberessoconstrudos.

    Portanto, no que se refere s relaes de gnero h significativas mudanas querequeremdaescolaumamaiorateno,sobretudo,porquejfoiintroduzidooficialmentenocurrculoescolarbrasileirodoEnsinoFundamental,oTema transversalaOrientaoSexual,desdea implementao dos Parmetros CurricularesNacionais PCNs, em 1997.Nele asquestes de gnero passama ser olhadas sob um outro enfoque no interior das prticaseducativas,ouseja,no currculoemaodaescola. Istosignificadizerque,asquestesdegnero , inseridarecentementenoscurrculosescolaresatravsdosPCNs implementadoem1997, comoTemaTransversalaOrientaoSexual,precisa sermais trabalhadanasescolas,considerando que e as desigualdades entre os gneros so, cada vez mais, sutilmenteestabelecidas.

    De que forma o Tema Transversal Orientao Sexual a vem vendo trabalho nasprticas educativas cotidiana grande preocupao de professores (as), uma vez que ocurrculoescolarvistocomoumdosartefatossociaisdosmaisimportantespode,semdvida,intervirounonaconstruoderelaesdegnerosmenosdesiguais.

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    Paraqueocurrculopossaatravsdodesenvolvimentodesuasprticaspedaggicascontribuirparaaconstruodeumprojetosocialdeeducaovoltadoconstruodeumacidadaniamais igualitriaparahomensemulheres, faz senecessrio lutarpelos ideaisdeuma sociedade, cada vez mais justa e igualitria, atravs de aes que priorizem aconscientizao dos gneros (masculino e feminino), como possibilidade de superao dadiscriminao,daopressoedaexcluso,quesesubmeteumgneroaooutro. Asprticas educativas eos livros didticos so caminhos iniciais e importantes para se tentaralcanarestasmetasseforem,gradativamente,sendofeitos(re)leiturasdequalorganizaosocial se evidencia como predominante. De que formas as transformaes econmicas,polticas, sociaise culturaisqueestoocorrendonassociedadesatuais,alteramomododevidadehomensemulheres.Nessesentido,pareceindispensvelqueossignificadosdostextosdoslivrosdidticossejam(re)pensados,considerandoque:

    (...) [que eles], reproduzem a polaridade das relaes, ondeaparecem, de forma dicotmica, selvagens e civilizados, negros ebrancos, e ainda um modelo de famlia nuclear e heterossexual.Contam sempre as histrias dos heris, porm a histria dasmulheres e de outros grupos minoritrios no est contempladanessasnarrativas.(Carvalho,2000p.82).

    Estastransformaesqueassociedadescontemporneasestovivendoexigemnovostiposde comportamentos, valores,gestos,atitudesepadres.Aescoladeveestaratentaaisto,pararedirecionar,flexibilizaredemocratizarsuasprticaseducativasparaquealunos(as)sejam preparados(as) para viver em um mundo em constantes mudanas e, estejamconscienteseatentos(as),paralutarcontratodosostiposdepreconceitosededesigualdadesdeoportunidades,comoformadegarantirascondiespropcias,paraodesenvolvimentodesuaspotencialidades,aspiraeseprojetosdevida.

    A incluso das questes de gnero nos currculos deve ser vista como umcompromisso srioe responsvel, considerandoqueaemergnciada temtica sugereumatomada de posio daqueles que esto frente dos projetos educacionais das sociedadesatuais, pois, temas emergentes como, as relaes de gnero, devem ser repensados econstrudos de formamaisharmoniosa, no snabusca da tolerncia e respeito,mais naofertadeoportunidades iguaistantoparahomenscomoparamulheresnosdiversosespaossociais,sobretudo,nombitodaeducaoedotrabalho.GrossicitadoporCARVALHO(2000,p.26)nos falaque seentendemosqueognerouma construo scioantropolgica,impossvel continuar concebendoaescolaalheiaaessaproblemtica.Portanto,uma tarefanovaedesafiadoraseincluinareinvenoqueaescolaestaexigir.

    A inserodoTemaTransversal sobreaOrientao sexualpropostonosPCN'squeinicia,emparte, todaessadiscussosobreasdesigualdadesentreosgnerosnombitodaeducao, no uma ao isolada de alguns (as) educadores (as), que acreditam nestaproposta,mas,umprojetosocialquedeveserassumidopelaescola.Noentanto,apesquisaque realizamosna Escola Sesquicentenrio para analisar como so percebidos os conflitosoriundosdasrelaesentremeninasemeninos,e,deque formaosespecialistasfazemumaintervenoparasanarestesconflitos,demonstraramque:

    1. Aescolanodesenvolvedeformasistematizadasaesqueprocuramminimizarasdesigualdadesentreosgnerosmasculinoe feminino,mas,afirmaadotarposturas

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    no sexistas ematividadesdesportivas nas aulas de Educao Fsica, de dana ecoro.

    2. Segundoasespecialistasdaescola,asquestesdegneropassamdesapercebidasdevidoaoutrosproblemasmaisurgentesdaescolacomo:alfabetizao,violncia,drogas,leituraeoutrasquestes.Mas,nonegamaimportnciadotema,contudoaescolanotemconseguidosistematizarmuitascoisasimportantes.

    3. Asespecialistas,tambm,deixaramclaroquetrabalharasquestesdegneroumprocesso muito demorado, uma vez que ao trabalhar com essas questes recomearsempreotrabalho,todavezqueaescolarecebenovasmatrculas.

    4. Apesardessesdesafiosaescola tem,namedidadopossvel, tentado trabalharasrelaesdegneronocotidianoescolar.

    Considerandoqueaescolaumdosespaosde formao importante tantoparahomens como para mulheres, fazse necessrio que se repensem suas estratgias scioeducativasreferentessrelaesdegneroeseinstaleumanovapostura,quepossibiliteaosespecialistas responsveispelos projetos pedaggicosdas escolas, emparticular, daEscolanossolcusdepesquisa:

    Ampliarasuavisoquantosrelaesdegneroeperceberarealnecessidadedesedesenvolveratemticadeformaabrangenteeurgente,nodevendosedeterapenas,atrabalhladeformaaleatria,nossistematizadanoscontedosdecincias,masqueviseaconcretizaodainterdisciplinaridadeentreasdiferentesreasdossaberes.

    Noapenasdemonstrar ter conhecimentoa respeitodasquestesdegnero,mas,orientaroseducadoreseaseducadorasaconstruirumprojetocoletivoparaaescola.

    Empenharse em incluir essa temtica de forma mais sistematizada na propostapedaggica da escola, uma vez que afirmaram estar realmente motivadas einteressadas,e,ainda,porentendera importnciaerelevnciadotemanamelhoriadasrelaesconflituosasentreosgneros.

    Ampliarosdebateseasreflexessobreotemanaescolaapartirdaapresentaodeuma fitade vdeoproduzidopeloCentrodaMulher8deMaroemparceria comogrupoNIPAM(NcleoInterdisciplinardePesquisaeAosobreaMulhereRelaesdeGnero)eapoiodoDIFD/ConselhoBritnico,queapontaadivisodotrabalhocomocultural, arbitrriae, portanto, possvel demudana no sentidodemaior equidadeentreosgnerosmasculinoefeminino.

    Seengajarnaconstruodeumprojetosocialcoletivoondeos (as)educadores (as)possambuscarumamaiorequidadeentreosgnerosnasociedade.

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