DIVERSIDADE - Livreto - Genero e Educação.pdf

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Colegas educadoras/es, este simples material é para contribuir nas ações pedagógicas que já são observadas pelas Orientações Curriculares do Estado. Março, mês da Mulher! Gênero Educação e

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  • Colegas educadoras/es, estesimples material para contribuirnas aes pedaggicas que j soobservadas pelas OrientaesCurriculares do Estado.

    Maro, ms da Mulher!

    GneroEducaoe

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    Gerncia de Diversidades

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    Este material direcionado, especialmente, as educadoras eeducadores da rede estadual de Educao Bsica. Entendemos queabordar as questes de gnero na educao significa discutir as rela-es de poder a partir das diferenas de sexo e/ou orientao sexual.

    No que se refere a populao feminina, historicamente foiconstrudo no imaginrio popular a idia da mulher como sexo frgil,dependente do homem. Apesar das conquistas, essas idias persisteme influenciam muitas das prticas sociais e culturais nas sociedadesatuais. Essas construes so marcas ideolgicas da sociedade patriar-cal, na qual a mulher era inteiramente tutelada, inferiorizada fsica,intelectual e moralmente. A luta do movimento feminista possibilitouque essas idias fossem fortemente questionadas. Em meados dosculo XVIII, no bojo da Revoluo Francesa, que as mulheres reivindi-cavam direitos sociais e polticos, como os vivenciados pelos homens.

    Com o advento da Revoluo Industrial, no sculo XVIII, amulher passou a ser vista como objeto de trabalho, sendo explorada,principalmente nas fbricas txteis, onde trabalhavam e situaodesumana.

    Nesse contexto, dia 08 de maro de 1857, em uma fbrica detecido em Nova York, cento e trinta operrias organizaram uma greve,reivindicando melhores condies de trabalho, reduo de jornada esalrios equiparados aos dos homens para as mesmas funes. Aresposta a essa manifestao, foi atear fogo na fbrica com as trabalha-doras trancafiadas, onde as mulheres morreram carbonizadas.

    Assim, no ano de 1910 a data foi definida como DiaInternacional da Mulher, em homenagem quelas mulheres. Contudo,somente em 1975, a data foi oficializada pela ONU Organizao dasNaes Unidas.

    por entender a importncia dessa data para a luta das mulhe-res e para a discusso da temtica das relaes de gnero na escola que apresentamos este simples material, visando contribuir para asaes pedaggicas j contidas nas Orientaes Curriculares doEstado.

    Apresentao

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    necessrio observar que as abordagens sobre gneroso amplas, pois dizem respeito s relaes de poder entremulheres e homens, mulheres e mulheres, homens e homens.Nesse sentido, importante salientar no processo educativoescolar, como os papis de homens e mulheres foram construdosem funo do sexo.

    A inferiorizao social da mulher est correlacionada coma diviso sexual do trabalho. Essa diviso tem relao com osvalores diferentes atribudos ao trabalho feminino e masculino,acarretando uma desvalorizao do trabalho feminino por serassociado ao espao domstico, considerado sem valor produtivo(SECAD,2007).

    Sabe-se que o patriarcalismo alm de inculcar a inferiori-zao das mulheres em relao aos homens, produziu um silenci-amento sobre a participao das mesmas na formao histrica,intelectual, cientifica, social e cultural da nossa sociedade.

    Conhecer e estudar sobre a histria das mulheres contri-bui para a educao de gnero, para a desconstruo das idiasmachistas e principalmente auxilia na valorizao da igualdadede gnero.

    Abaixo, vamos apresentar algumas mulheres importantespara a cultura e histria de Mato Grosso.

    Professora, musicista, historiadorae escritora. Graas ao seu brilhantismointelectual, Dunga Rodrigues tornou-semembro da Academia Mato-grossensede Letras, integrou o Instituto Histricoe Geogrfico do Estado, do Centro de

    Msica Brasileira do Estado de So Paulo

    Dunga Rodrigues

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  • e a Associao dos Diplomados da Escola Superior de Guerra.Maria Benedita Deschamps era seu nome de batismo, a

    mesma nasceu em Cuiab no ano de 1908, de fortes convicessoube enfrentar as regras da sociedade machista da poca einvestiu na sua formao intelectual.

    Era excelente escritora, em sua produo literria incluiobras como: Reminiscncia de Cuiab (1969); Lendas de MatoGrosso (1977); Os Vizinhos (1977); Marphysa (1981); Cuiab:Roteiro de

    Lendas (1984); Uma aventura em Mato Grosso (1984);Memria Musical de Cuiab (1985); Cuiab ao longo de cem anos(1994); Movimento musical em Cuiab (2000); Colcha de Retalhos(2000).

    Foi professora por muitos anos, lecionou no LiceuCuiabano, antigo Colgio Estadual de Mato Grosso, onde minis-trava a disciplina de Francs. Apaixonada por msica tambmdava aulas de piano, instrumento que aprendeu a tocar aindacriana.

    Dunga Rodrigues morreu no dia 6 de janeiro de 2002,deixando um legado para a cultura matogrossense, que so suasprodues literrias e sua contribuio para a educao noEstado.

    Verena de Leite Brito desponta namemria negra mato-grossense comomulher de grande liderana e pela suacontribuio na educao. Nasceu emVila Bela da Santssima Trindade, primei-ra capital de Mato Grosso, numa impor-

    tante famlia local. Filha de Nilo LeiteRibeiro, que lhe deu o nome de uma flor de

    Verena Leite de Brito

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  • grande beleza que aflora na estao primaveril.Em meio s poucas possibilidades e dificuldades de

    acesso a uma carreira intelectual, Verena construiu uma trajetriamarcada pela preocupao com a educao das crianas, com asade e os problemas sociais vivenciado por todos na regio ondeviveu.

    De forte compromisso religioso, vivenciou a Teologia daLibertao, na igreja catlica. Era benzedeira e fazia parte daIrmandade de So Benedito, onde contribui para manter a tradi-o cultural negra, peculiar da cidade de Vila Bela da SantssimaTrindade, devida a forte presena negra. Com rezadeira e benze-deira, gozava de grande prestigio e autoridade na comunidade.Verena assumiu a misso de coordenar, alm da catequese dascrianas, as prticas religiosas da comunidade: organizar a festade So Benedito, do Divino e das Trs Pessoas [...]. Confortavaquem estava no fim da vida, dando-lhe extrema-uno.(GONALVES, 2000, p. 56).

    Com o mesmo afinco como professora, Verena assumiu aposio de rezadeira, desenvolvendo servios comunitrios.Amplia as atividades de rezadeira com a de mestre e zeladora. Opapel de zelador, comumente assumido pelos homens, era dehospedar o bispo e padres, ficavam responsveis pelos casamen-tos e escriturao dos registros religiosos.

    Todas essas atividades passaram a ser desenvolvida porVerena, conforme Gonalves (2000). Como possua grandepreocupao social, buscava sempre colaborar com as pessoasmais necessitadas, aliou a sua prtica social a funo de enferme-ira, assim, dedicava-se com competncia ao exerccio da profis-so. Segundo Gonalves (2000), nessa rea Verena, realizavaatividades de primeiros socorros, vacinao e aplicaes deinjees, a partir dos devidos diagnsticos e prescrio mdica.Como agente de sade aliava os conhecimentos da medicinapopular, respeitando os conhecimentos e cultura local.

    Mas foi na educao seu maior legado. Desde muito cedose preocupou com a instruo da populao local. Sua dedicao

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  • em colaborar com a educao das crianas era tanta que chegou atransformar sua casa em sala de aula, para que as crianas semacesso formao escolar, porque viviam na zona rural da regio,pudessem estudar. Devido a sua formao e competncia, noincio dos anos de 1940, j lecionava numa escola local, em todosos perodos, chegando a ser diretora.

    Possuidora de uma viso pedaggica avanada, rompecom a idia tradicional de educao, abolindo o uso de palmatrianas suas aulas e a separao entre meninos e meninas em sala deaula. Defendia a importncia da relao professor e aluno noprocesso educativo e a ampla participao dos pais no acompa-nhamento da vida escolar dos filhos. Aliado a isso, investia naprtica de ensino que tornasse o processo de aprendizagem maisprazerosa, inclua a msica, o teatro e o desenho como instrumen-to no processo de aprendizagem.

    Para sua poca, Verena traduzia um novo pensamentopedaggico no que refere ao processo de aprendizagem e ensino.Ela morreu em 1977 e faz parte da memria negra, especialmentea vilabelense, tida como uma importante mulher na histria daeducao local. Um ano depois da sua morte foi homenageadapela comunidade que registrou o nome do estabelecimento deensino onde trabalhou como Escola Estadual Verena Leite deBrito.

    (In: Santos, ngela Maria dos.Identidade e Cultura Afro-Bras ileira, 2011).

    A primeira funcionria pblica doestado de Mato Grosso. Assim, MariaDimpina Lobo Duarte se insere na histriamato-grossense. Nasceu em Cuiab noano de 1891. Rompe as barreiras machis-tas, torna-se uma importante militante dos

    direitos da mulher e encabea a luta em

    Maria Dimpina

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  • Mato Grosso pelo direito ao voto feminino.

    Desde muito cedo, dedica-se aos estudos. Foi primeiraaluna a ingressar no Liceu Cuiabano, pois, at o seu ingresso, naInstituio s estudava homens. Formada em Cincias e Letras,ainda muito jovem ingressa no magistrio, dedicando-se a essaprofisso. Mais tarde fundou um Colgio Particular, o Colgio SoLuiz.

    Juntamente com um grupo de mulheres, em 1916, fundouo Grmio Literrio Jlia Lopes, e a revista A violeta, e nela exerceua funo de diretora e redatora. Essa Revista circulou no Estadopor mais ou menos 40 anos.

    De um brilhantismo intelectual invejvel, participa doconcurso nacional para trabalhar nos Correios e Telgrafos,passando em primeiro lugar. Da mesma forma, conseguiu oprimeiro lugar num concurso

    literrio de mbito nacional, promovido pelo Jornal doComrcio do Rio de Janeiro.

    Aps se casar com um militar, comea a acompanhar seumarido nas transferncias de cidades. Frente a essa situao,depara-se com problemas em assegurar sua vaga no serviopblico. Comea a encampar mais uma luta, a de garantir que asmulheres de militares no perdessem seus concursos em decor-rncia de terem de acompanhar os maridos militares transferidos.

    Para tanto, utiliza-se de seu poder de escrita e argumenta-o, solicita junto ao presidente Getlio Vargas, que fosse assegu-rado os concursos pblicos das mulheres nesses casos. Suasargumentaes foram aceitas pelo ento presidente da repblicae abriu, mais tarde, precedentes para regularizao de situaessemelhantes em outras categorias de servidores pblicos.

    Assim, Maria Dimpina, se inscreveu na histria de MatoGrosso, atravs da luta pelos direitos femininos. Morre em 1966em Cuiab. Atualmente, nessa mesma cidade, existe uma escola

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    municipal, que leva o seu nome em homenagem e reconhecimen-to importncia da sua histria to pouco conhecida no Estado eno Brasil.

    (In: Santos, ngela Maria dos. Identidade e Cultura Afro-Brasileira, 2011).

    BRASIL - Caderno n. 4 SECAD. Gnero e Diversidade Sexual naEscola: reconhecer diferenas e superar preconceitos. Braslia,2007.SANTOS, ngela Maria dos. Identidade e Cultura Afro-Brasileira.. Cuiab: EdUFMT, 2011.Revista REDEH Rede de Desenvolvimento Humano. Cidadaniae Gnero: por uma educao no discriminatria. FundaoHeinrich Boll.http://www.diariodaserra.com.br/showtangara.asp?codigo=121952memrias.http://historiografiamatogrossense.blogspot.com/2009/05/historia-na-imprensa-dunga-rodrigues.html

    Realizar um roteiro para entrevistar as pessoas mais velhassobre a histria das mulheres na comunidade. Observandoos casos de mulheres que sobressaram em reas comopoltica, cultura, sade, cincias, etc.

    Pesquisar sobre personalidades femininas importantes nahistria do Brasil.

    Realizar debates sobre o resultado das pesquisas.

    Pesquisar sobre os ndices de violncia contra as mulheres.

    Organizar os dados apresentar em sala de aula fazendodiscusso sobre as origens da violncia contra.

    Sugestes de atividades

    Fontes consultadas:

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  • BRASIL - Caderno n. 4 SECAD. Gnero e Diversidade Sexual naEscola: reconhecer diferenas e superar preconceitos. Braslia,2007.SANTOS, ngela Maria dos. Identidade e Cultura Afro-Brasileira.. Cuiab: EdUFMT, 2011.Revista REDEH Rede de Desenvolvimento Humano. Cidadaniae Gnero: por uma educao no discriminatria. FundaoHeinrich Boll.http://www.diariodaserra.com.br/showtangara.asp?codigo=121952memrias.http://historiografiamatogrossense.blogspot.com/2009/05/historia-na-imprensa-dunga-rodrigues.html

    Fontes consultadas:

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