Curso projeto
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Autor(a): Sebastião Wanderson Ribeiro.
1ª Edição – 2013
Como Elaborar e Desenvolver
Projetos Sociais
Todos os direitos desta edição são reservados a Cresça Brasil Editora S/A.
É proibida a reprodução total ou parcial por quaisquer meios, sem autorização escrita da Editora.
ISBN: 978-85-8153-231-8
_______________________________________________________________________________________________
Cresça Brasil Editora S/A
Rua Jaime Santos, 530 – Jardim Aeroporto - Alfenas/MG – CEP 37130.000
Atendimento: 0800 722 0226
www.crescabrasil.com.br
Sumário
Capítulo 1 - Introdução ao Projeto Social
1.1 Diferenças entre Projetos Sociais e Projetos Empresariais 1.2 Passos metodológicos para elaboração de projetos sociais 1.3 Conceitos de Projeto Social 1.4 Conceitos de Gestão Social 1.5 O Gestor 1.6 Ciclo de Vida de Projetos Sociais
Capítulo 2 - Projeto Social
2.1 Definição das necessidades, problemas e carências 2.2 Árvore de soluções 2.3 Análise de viabilidade – seleção de alternativas 2.4 Metas e objetivos do projeto 2.5 Escopo do projeto
Capítulo 3- Planejamento das Atividades
3.1 Conceitos iniciais 3.2 Detalhamento dos recursos 3.3 Cronograma 3.4 Orçamento 3.5 Riscos do projeto 3.6 Elaboração da proposta do projeto - roteiro
Capítulo 4 - Seleção de Projetos
4.1 Avaliação pelo patrocinador, parceiro, financiador
Capítulo 5 - Detalhamento do Projeto
5.1 Estruturação 5.2 Execução 5.3 Encerramento do projeto
Capítulo 6 - Captação e Fontes de Recursos
6.1 A visão do financiador 6.2 Pesquisa sobre os principais fundos financiadores
Apresentação
Em todos os momentos da vida, as pessoas desenvolvem sonhos e
ideias, e para transformá-los em realidade, elas precisam usar a racionalidade
com o objetivo de decidir, corretamente, sobre os passos a serem dados, como
condição para se chegar com sucesso aos resultados esperados.
Assim, o Projeto é a primeira materialização de uma ideia ou sonho, um
instrumento de planejamento da intervenção numa dada realidade, por meio do
qual são apresentadas as intenções para outras pessoas ou instituições.
Introdução
As empresas e instituições estão, cada vez mais, comprometidas com o
desenvolvimento sustentável das comunidades e com a qualidade de vida de
seus colaboradores e consumidores, pensando seus negócios como processos
de interação social.
Os Projetos Sociais configuram-se em importantes ferramentas para
instituir essas novas práticas. Este Curso de Planejamento e Elaboração de
Projetos Sociais apresentará noções conceituais e abordará os principais
passos necessários para sua elaboração, implementação e acompanhamento.
O Curso possibilitará que você reconheça a complexidade da realidade
social, o papel e a importância do planejamento e, também, que esteja
capacitado (a) para desenvolver projetos sociais.
Para o sucesso do Curso, a primeira coisa que você deve saber é quem
são os seus doadores, patrocinadores ou instituições potenciais. Aqueles cuja
política de doação ou patrocínio abrange entidades e projetos sociais como o
que pretende desenvolver.
Cada uma dessas instituições potenciais tem uma especificação formal, ou
não, para as propostas de projetos que se dispõe a examinar.
A Petrobrás possui programas de investimento em projetos sociais que
contribuem para a promoção do desenvolvimento com igualdade de
oportunidades e valorização das potencialidades locais. A inscrição para esse
programa é feita por intermédio do site da própria instituição, onde
comunidades e diversos segmentos da sociedade recebem orientações sobre
como apresentar os projetos para a inscrição na seleção pública. Neste caso
específico, a instituição escolheu três áreas temáticas estratégicas, para as
quais dirige seu apoio – Geração de Renda e Oportunidade de Trabalho,
Educação para a Qualificação Profissional e Garantia dos Direitos da Criança e
do Adolescente. Ela compreende que essas áreas e públicos são campos
potenciais para a produção de experiências que ajudem a melhorar a qualidade
de vida da sociedade brasileira.
Capítulo 1
Introdução ao Projeto Social
1.1 Diferenças entre Projetos Sociais e Projetos
Empresariais
Nosso objetivo, neste tópico, é mostrar as principais diferenças
existentes entre projetos sociais (esfera social) e projetos empresariais
(mercado), para que você possa entendê-las e aplicá-las no planejamento e
desenvolvimento de projetos.
Embora a diversidade seja elevada, quando se trata de gestão de
projetos e não há limites bem definidos, separando estes dois tipos de projetos,
pode-se identificar algumas diferenças de forma mais presente entre projetos
sociais (PS) e projetos empresariais (PE).
Essas diferenças acabam contribuindo para que o ciclo de vida dos
projetos sociais se diferencie do ciclo de vida dos projetos empresariais.
Projeto Social X Projeto Empresarial
* Nos Projetos Sociais, não há um
produto ou serviço a ser vendido para
clientes e consumidores dispostos a
pagar um preço pelo benefício
oferecido. O produto ou serviço a ser
entregue ao final do projeto,
normalmente, é um produto ou
serviço que atingirá uma população
ou comunidade específica com
necessidades sociais, como
saneamento básico ou educação.
* Nos Projetos Sociais, a executora,
normalmente, busca uma entidade
patrocinadora para angariar os
recursos necessários à execução do
projeto.
* Nos Projetos Sociais, as atividades
posteriores ao desenvolvimento do
produto ou serviço podem passar a
* Nos Projetos Empresariais, o
resultado é um produto a ser oferecido
para um mercado consumidor
disposto a desembolsar uma
determinada quantia para adquiri-lo.
* Nos Projetos Empresariais, é muito
comum a entidade executora ser,
também, a patrocinadora ou
responsável pela inversão dos
investimentos necessários para a
execução do projeto.
* Os Projetos Empresariais possuem
um tempo de vida mais curto, pois
após sua finalização, passa-se para a
produção, comercialização ou
fazer parte de um portfolio de serviços
da instituição, ou ser disseminado
como tecnologia de intervenção social
para outras instituições públicas ou
privadas.
utilização do bem ou serviço
desenvolvido, o que constitui uma
atividade de gerência empresarial
típica.
A viabilidade e o retorno obtido com um Projeto Social não podem ser
expressos em valores econômico-financeiros, por meio de índices de payback
ou taxa de retorno, como nos projetos empresariais. O que determina sua
viabilidade é a possibilidade de satisfazer uma necessidade social específica
de certa população ou comunidade.
Nos projetos sociais, é preciso desenvolver a capacidade de gestão
compartilhada entre agentes governamentais, organizações da sociedade civil
e iniciativa privada, por meio de projetos articulados.
Existem outras diferenças, mas o nosso objetivo não é esgotar esse
assunto. Vamos seguir em frente.
Depois de termos visto as principais diferenças entre projetos sociais e
empresariais, gostaríamos de mostrar como pretendemos desenvolver nosso
Curso a partir dos próximos tópicos.
Para muitas pessoas e instituições, não é fácil preparar e elaborar um
projeto, por isso, criamos um mapa central com os principais passos para
auxiliá-lo nesta caminhada.
1.2 Passos metodológicos para elaboração de projetos
sociais
O objetivo deste tópico é proporcionar uma visão geral do Curso e,
também, mostrar os principais passos para que você possa desenvolver seu
projeto social.
Passo 8
Cronograma
Atividades Datas
1 ............ ......................
2 ............ .....................
3 ............ ......................
1 ............ ......................
2 ............ .....................
3 ............ ......................
Com o roteiro, desenvolveremos o passo-a-passo do planejamento, da
elaboração e do acompanhamento de projetos sociais.
Esta é a nossa proposta.
Seguindo esse roteiro, nosso próximo assunto (passo 1) será conceituar
projetos sociais e mostrar sua importância para o desenvolvimento de
comunidades, pessoas, etc.
1.3 Conceitos de Projeto Social
Agora, você verá os conceitos sobre projetos sociais, para que
compreenda que um projeto é uma ação social planejada, estruturada em
objetivos, resultados e atividades, baseados em uma quantidade limitada de
recursos e de tempo.
Começaremos resgatando o conceito comum da palavra “projetar”.
Segundo Aurélio Buarque de Holanda, projetar é:
a) Atirar longe, arremessar;
b) Reproduzir em tela, em plano;
c) Fazer projeto; etc.
Estes três pontos dão uma ótima orientação sobre o ato de projetar, de
fazer um projeto.
1° ponto: A partir do primeiro ponto, podemos afirmar que arremessar é jogar
para frente, assim, projetar é: lançar para o futuro.
2° ponto: Sobre o segundo ponto, podemos refletir que só reproduzimos
aquilo que podemos ver.
3° ponto: E no terceiro ponto, encontramos o verbo fazer, que sintetizará toda
a ação.
Dessa forma, podemos dizer que elaborar projeto é: reproduzir em
planos a imagem de futuro que conseguimos ter.
Vamos dar um exemplo a partir de um projeto de arquitetura:
Observe que o arquiteto sempre tem um ponto de partida, uma base
concreta, um espaço físico definido, uma área para desenvolver o seu projeto,
mesmo que esta seja fictícia.
E o Projeto Social?
O projeto social não se diferencia do conceito visto anteriormente, o que
significa dizer que também deve reproduzir uma visão de futuro e, da mesma
forma que o do arquiteto, deve ter um ponto de partida.
Entretanto, não aceita ficção, sua base é real, seu ponto de partida é
sempre uma realidade social, uma questão social.
Um projeto social é, também, um documento utilizado para a
formalização de uma proposta destinada à obtenção de financiamento público
ou privado, ou seja, para a captação dos recursos necessários à
implementação de uma solução.
Os projetos sociais são importantes ferramentas de ação, amplamente
utilizadas pelo Estado e pela Sociedade Civil.
Os projetos sociais nascem do desejo de mudar uma realidade.
Os projetos são pontes entre o desejo e a realidade.
São ações estruturadas e intencionais, de um grupo ou organização
social, que partem da reflexão e do diagnóstico sobre uma determinada
problemática, e buscam contribuir, em alguma medida, para um mundo
possível.
Os projetos sociais tornam-se, assim, espaços permanentes de
negociação entre nossas utopias pessoais e coletivas – o desejo de mudar as
coisas – e as possibilidades concretas que temos para realizar tais mudanças –
a realidade.
Agora que já definimos e sabemos o que são projetos sociais e,
também, a sua importância, daremos mais um passo.
Seguindo o roteiro proposto, vamos ao próximo tópico para conceituar
gestão social, mostrar sua importância para o sucesso de qualquer projeto que
se queira desenvolver e, em seguida, começar a trabalhar, conceitualmente, a
elaboração de projetos sociais.
1. 4 Conceitos de Gestão Social
Agora vamos conceituar a gestão social e mostrar sua importância para
o sucesso dos projetos ou programas sociais.
A Gestão Social é o processo de gerência e administração de projetos
ou programas sociais.
A gestão social orienta as empresas nas ações e projetos de
responsabilidade social corporativa, que valorizem o relacionamento ético entre
empresa, trabalhadores e a comunidade, contribuindo para o desenvolvimento
sustentável.
É bom lembrar que o bom gerenciamento de qualquer projeto,
independente de ser na área social ou não, é importante e fundamental , pois
segundo estatísticas, 28% dos projetos elaborados são abortados, 46%
extrapolam prazos/recursos e apenas 26% são bem sucedidos.
Portanto, não adianta apenas fazer o projeto. É preciso gerenciá-lo de
forma eficaz.
1° dica para o sucesso de um projeto: Gerenciamento.
O processo de gestão envolve variados métodos e instrumentos de
monitoria, diagnóstico, análise e tomada de decisão, nas áreas de
planejamento, coordenação intersetorial, implementação, supervisão e
avaliação.
Os objetivos de gestão sempre se relacionam à eficácia, eficiência e
efetividade das ações.
Após a apresentação dos conceitos básicos de projeto social ,
mostramos a importância do seu gerenciamento. Mas ainda não concluímos o
assunto. Fica uma pergunta.
Quem irá gerenciá-lo? Para respondê-la, se faz necessário falarmos
sobre a figura do(s) gestor(es) de um projeto.
1. 5 O Gestor
Em qualquer tipo de projeto, se faz necessária a presença de um ou
mais gestores para gerenciá-lo, através de habilidades indispensáveis para
fazê-lo.
O gestor principal de um projeto é o grande facilitador e mediador da sua
gestão. De sua atuação dependerá, em grande parte, o êxito de um programa
ou projeto.
Mas como ele precisará agir, e quais as habilidades básicas que deverá
possuir ou desenvolver para promover uma gestão dessa natureza?
O gestor precisa:
• ser capaz de comunicar-se com eficácia, interna e externamente, dando e
recebendo as informações necessárias à ação organizacional e social;
• ter capacidade de liderança, buscando a interação e aglutinando esforços;
para tanto, é preciso estar aberto a críticas e permitir a participação;
• ser capaz de analisar, permanentemente, os contextos internos e externos, de
adaptar-se às novas situações e de pensar estrategicamente o futuro; para
isso, concorrem, além da busca constante de informações, o uso da
criatividade, a flexibilidade e uma postura propositiva;
• promover um processo constante de capacitação do seu pessoal, estimulando
a formação e manutenção de um grupo com espírito analítico-crítico, capaz de
compreender o contexto onde se processam as mudanças (organizacionais e
do ambiente externo), o que levará a ser, também, um grupo de agentes de
transformação;
• ter capacidade de negociação e convencimento; essas habilidades
contribuirão para uma melhor administração de conflitos, para a ampliação do
universo de atuação da organização (buscando a formação de parcerias, por
exemplo) e para a “venda” da importância e legitimidade dos projetos, o que
favorecerá a captação de recursos;
• ter sensibilidade para definir prioridades, para decidir; ser intuitivo e assumir
riscos;
• dar transparência à gestão;
• ser capaz de organizar-se “administrativamente”.
Como vimos, o exercício da função de gestor social requer mais do que
conhecimentos técnicos e administrativos. Se esses conhecimentos são
fundamentais, não menos importante é a capacidade que ele deve possuir para
lidar com as relações interpessoais, sejam internas ou externas à organização.
Além das habilidades vistas anteriormente, é preciso que o gestor saiba
gerenciar.
Gerenciar é estabelecer ou interpretar objetivos, e depois planejar,
organizar, dirigir e controlar as atividades e os recursos de uma organização ou
instituição de forma coordenada, visando o alcance dos objetivos previamente
estabelecidos.
Assim, o exercício gerencial requer a capacidade de:
d) Definir um plano de ação,
e) Trabalhar com pessoas,
f) Organizar a utilização dos recursos,
g) Colocar em funcionamento todos os elementos determinados pelo
planejamento e procedendo ao controle de todas essas variáveis,
h) Requer, também, a capacidade de cobrar e apresentar resultados de
todo o trabalho desenvolvido.
Neste momento, cabem algumas perguntas para reflexão.
No projeto que você estará desenvolvendo:
Quem será o coordenador do Projeto?
Como será realizada esta coordenação?
De que maneira a equipe técnica será montada e preparada?
De que maneira a equipe aprenderá com o processo de trabalho?
Não se esqueça de contemplar, no seu projeto, as respostas para as
perguntas acima.
Agora que já sabemos da necessidade de se ter um gerenciamento e os
responsáveis pelos projetos como forma de obter sucesso e resultados
eficazes, chegou o momento de falarmos sobre o ciclo de vida e as fases que
irão compor o seu projeto.
O ciclo de vida é a sequência de fases que vão até o fim de um projeto.
O entendimento do ciclo de vida permite a visualização sistêmica do projeto,
desde seu início até a conclusão, facilitando o estudo e a aplicação das
técnicas de administração de projetos.
1.6 Ciclo de Vida de Projetos Sociais
Em qualquer projeto, existem quatro momentos ou fases, que são:
*concepção,
*estruturação,
*desenvolvimento,
*encerramento.
Administrar um projeto é o mesmo que administrar seu ciclo de vida.
Todas as decisões que são tomadas, desde a ideia inicial até a final, formam o
ciclo de vida do projeto.
As etapas do ciclo de vida do projeto
1- Concepção:
É a fase de preparação, modelagem e conceituação.
Seleção do tema;
Definição do problema ou situação a ser abordada;
Identificação dos parceiros;
Escolha da linguagem;
Definição do objetivo.
2 – Estruturação:
É a fase de detalhamento dos planos operacionais, de organização de
equipes, mobilização de recursos e de meios para a realização do projeto.
3 – Desenvolvimento:
É a fase efetiva da implantação do projeto.
4 – Encerramento:
É a fase que verifica se o projeto atingiu os resultados esperados.
Atividades:
Prestação de contas, consolidação dos resultados, elaboração de
relatórios financeiros, avaliação e obtenção de indicadores de impactos.
O conceito de ciclo de vida tem ajudado os gestores a administrarem, de
forma mais linear, seus projetos.
Definidos os ciclos de um projeto, o que faremos com estas
informações?
É através desse ciclo que deverá ser planejado, desenvolvido e
concluído todo o seu projeto.
No próximo tópico, estudaremos uma parte da concepção do projeto,
que é o diagnóstico da realidade social que levará à determinação de um
objetivo, e este será a base de desenvolvimento de seu projeto.
A elaboração de um projeto social implica, necessariamente, em:
* diagnosticar uma realidade social,
* identificar contextos sócio-históricos,
* compreender relações institucionais, grupais e comunitárias,
* planejar uma intervenção, considerando os limites e as oportunidades para a
transformação social.
Como já vimos, o primeiro passo de um projeto social é a análise do
contexto, também chamada diagnóstico da situação, análise situacional ou
análise do cenário.
Nesta fase, é preciso descrever, analisar e entender as realidades local,
social e institucional, nas quais se pretende intervir.
Capítulo 2
Projeto Social
2.1 Definição das necessidades, problemas e carências
Um projeto social, para ser elaborado, primeiramente, precisa definir
uma necessidade ou problema que será objeto de todo o seu desenvolvimento.
Assim, neste tópico, você conhecerá algumas técnicas de priorização para
definir qual será o foco de um projeto.
Vamos utilizar o quadro a seguir para ilustrar o que desenvolveremos
neste tópico.
O inicio da elaboração do projeto deverá nascer de uma análise do
contexto, no qual deverão ser identificadas as razões da proposta. Nessa
análise, as informações e dados coletados ajudarão a definir o objetivo geral,
mostrando o porquê e para que o projeto deverá ser elaborado (a justificativa).
Quando se está elaborando um projeto, é sempre bom lembrar qual a
causa que ele está atingindo, que público-alvo será beneficiado, quais
resultados serão esperados.
Identificação do
problema/necessidade Diagnóstico
ico
Etapas de
análise
1
2
Análise do
problema/necessida
de
Árvore de
Problemas/necessidades
Definição da
situação esperada
Árvore de objetivos
Análise de
envolvimento
Matriz de envolvimento
Análise de
alternativas
Análise de alternativas
Marco
Referencial
3
Definição da linha de base
Situação-problema: é bastante comum nos depararmos com projetos
bem redigidos e lastreados pelas melhores intenções, mas que não deixam
clara a situação-problema enfrentada. Em decorrência disso, os objetivos são,
geralmente, múltiplos e inconsistentes, quando não são concorrentes entre si.
A precária definição do problema e a discrepância dos objetivos deixam
margem para um alto grau de arbitrariedade no estabelecimento das metas e,
por consequência, uma grande dificuldade na gestão e avaliação do projeto.
Para a caracterização da situação-problema, é necessário reunir
informações atualizadas, que possam descrevê-la em termos quantitativos e
qualitativos. Para isso, precisamos de “indicadores” que possam auxiliar na
construção do cenário do projeto com maior precisão. Além disso, é preciso
também reunir informações que permitam responder, com clareza, certas
questões, como:
* Quem é o público-alvo?
* O que ele pensa?
* Como ele vive?
* Quais são os seus desejos e necessidades?
Nesse sentido, o desejado é que se obtenha informações e impressões
de “primeira mão” junto ao público-alvo.
Veremos, a partir de agora, como chegar na situação-problema e na
priorização de um objetivo, para construir nossos projetos.
1° passo de um projeto social: Como já falamos, o primeiro passo de um
projeto social é a análise do contexto, também chamada diagnóstico da
situação, análise situacional ou análise do cenário.
O diagnóstico elaborado deverá ser um processo em que serão
descritas e explicadas as situações-problemas encontradas e, por meio destas
situações, dever-se-á procurar estabelecer seu prognóstico, ou seja, a situação
desejada.
Identificação do
problema/necessidade Diagnóstico
ico
1
Etapas desse processo:
1 – Levantamento de dados: coleta de informações sobre um grupo social,
com foco em seus problemas.
2 – Análise critica dos dados: comparação crítica entre as informações e
problemas levantados sobre aquele grupo, com as informações e problemas de
toda a população na qual está inserido, buscando identificar quais dificuldades
serão enfrentadas.
Planejamento
Diagnóstico
(situação problema)
Prognóstico
(situação desejada)
1- Levantamento de
dados
2- Análise crítica
dos dados
Elaboração do
projeto
Aspectos Fonte
Os cenários
Sócio-econômico: educação, saúde,
emprego e renda.
Político-administrativo: serviços
público/privado e ações comunitárias.
Histórico-cultural: fatos e hábitos
Geográfico-ecológico: localização e
população
Coleta de dados – Informações básicas a
serem levantadas
Dados primários – serão construídos
pela primeira vez.
Qualitativos: reuniões com cidadãos do
local e com o cidadão-beneficiário com os
objetivos de:
1. Levantar questões;
2. Discuti-las;
3. Dissecá-las;
4. Criar um objetivo comum: a
melhoria da situação ATUAL.
Observação e pesquisa, do cotidiano,
sobre o grupo e o local (técnica: trabalho
de campo).
Quantitativos: entrevistas (questionário)
com o cidadão-beneficiário direto e com
cidadãos beneficiados indiretamente na
localidade.
O questionário permite-nos recolher
informação sobre uma determinada
realidade.
Trata-se de um conjunto de questões que
podem ser ABERTAS ou FECHADAS,
com vários formatos, em que se procede
à sua administração a uma amostra da
população que se pretende auscultar.
Os dados recolhidos são posteriormente
tratados.
Entrevista.
A entrevista é uma ferramenta que
permite levantar informação sobre uma
determinada realidade através de uma
troca comunicacional baseada em
questões.
A entrevista pode ser estruturada ou não,
sendo que, relativamente ao questionário,
permite aprofundar as respostas dos
interlocutores e recolher informação
específica sobre determinados dados.
Focus group.
O focus group corresponde à criação de
um espaço-tempo de troca de
informações em grupo, através da
focalização dos seus elementos num
O diagnóstico deverá ser feito através do levantamento de dados,
análise crítica dos dados e identificação do problema central, que será o foco
da intervenção (projeto).
O ponto de partida é conceber o projeto como resposta a algo que se
pode chamar situação-problema. Exemplo: expressa por uma demanda não
satisfeita por nenhum produto ou serviço, pelo alcance de melhores condições
de vida, etc.
Além disso, a perspectiva é a de que há uma possibilidade de mudança
da situação atual, considerada indesejável, para a situação futura, que se
deseja atingir. Afinal, “um problema sem solução, solucionado está”.
Como formular um problema?
• Considerar uma situação adversa existente no momento;
• Defini-la como uma condição negativa;
• Expressá-la de forma precisa e objetiva.
determinado assunto/tema. Permite-nos
recolher informação diversa e vasta.
Dados secundários – já elaborados –
alguém já fez.
Quantitativos:
Dados oficiais (governos) e
complementares (institutos de pesquisa,
ONG’s) em relatórios, boletins,
reportagens, etc.
Qualitativos:
Pesquisas publicadas em livros, revistas,
jornais e páginas eletrônicas (internet).
Os problemas
Principal (focal)
Específicos (causas e efeitos)
enfrentados por um grupo de pessoas
Pessoas com percepção da realidade
Os atores
Governos: serviços públicos:
municipais, estadual e federal.
Empresas: serviços privados
Sociedade Civil: serviços privados de
interesse público: associações de
moradores, instituições assistenciais,
cooperativas, ONGs, etc.
Pessoas com percepção da realidade
Análise da situação existente com base nas informações disponíveis.
Nesta análise, deverão ser identificados os principais problemas
existentes e as relações causais entre eles.
As relações causais implicam em ordenar e priorizar os problemas que
se apresentam, focalizar o problema que será referência da intervenção e
identificar os elementos que constituem suas causas e seus efeitos, de maneira
que possamos ordená-los dentro de uma lógica.
Para facilitar esta etapa, utilize técnicas de dinâmica de grupo como, por
exemplo, o brainstorming.
Brainstorming: (ou "tempestade cerebral"), mais que uma técnica de
dinâmica de grupo, é uma atividade desenvolvida para explorar a
potencialidade criativa de um indivíduo ou de um grupo - criatividade em equipe
- colocando-a a serviço de objetivos pré-determinados
Uma forma de descrever a situação-problema seria estabelecer as
causas que originam ou agravam o problema, identificado como central, para o
contexto, tentando construir uma árvore de vários níveis de causas.
Esta técnica é conhecida como Árvore de Problemas.
Para a construção da Árvore, parte-se do problema central, focal (é
aquele cuja existência e importância são reconhecidas por todos os agentes
interessados na sua solução).
PROBLEMA
Consequência
Causas
1- Pode-se ramificar a Árvore até o nível que desejar; no entanto, é
interessante limitar-se às causas essenciais e passíveis de mudança.
2- O problema central pode não ser, necessariamente, “o mais importante”,
mas o mais indicado para ser resolvido no momento, por meio da ação coletiva.
3- O problema central escolhido para dar início à construção da Árvore de
Problemas deve representar o cerne da situação analisada. Além disso, a sua
definição deve surgir do consenso entre os atores envolvidos no planejamento,
pois divergências, com respeito ao problema central, podem afetar tanto a
elaboração como a execução do projeto.
4- Uma vez obtido o consenso sobre o problema central, deve-se partir para o
exame das suas causas essenciais. A análise das relações causais pode ser
feita respondendo-se à pergunta “por que?”.
5- A partir do problema central, são apontadas suas causas (que são
registradas abaixo do problema central) e suas consequências (apresentadas
acima do problema).
6- É possível desmembrar a árvore de problemas em diferentes níveis de
causas e de consequências.
7- Cada uma das causas e consequências também podem ser entendidas
como um novo problema a ser solucionado oportunamente.
Geralmente, esta estratégia requer uma leitura de baixo para cima;
assim as causas substanciais e diretas do problema focal aparecem abaixo,
e os efeitos substanciais e diretos, acima, como veremos na árvore que será
mostrada a seguir.
As causas e os efeitos se desenvolvem seguindo o mesmo princípio,
para formar a árvore de problemas.
A análise do problema pode dar-se por terminada, quando os
participantes estão convencidos de que toda a informação essencial foi incluída
na rede, de maneira a explicar as relações causa-efeito mais importantes que a
caracterizam.
Vamos exemplificar.
Para fazer uma árvore de problema, é conveniente:
i) Identificar os problemas existentes mais importantes, baseados na
informação disponível.
j) Selecionar um problema focal (problema central) para análise.
k) Identificar as causas substanciais e diretas do problema focal.
l) Identificar os efeitos substanciais e diretos do problema focal.
m) Construir uma árvore do problema, mostrando a relação causa-efeito
entre os problemas.
Rever a árvore, e verificar sua validez, fazendo os ajustes necessários.
Visualizaremos melhor a aplicação desta ferramenta, por meio da figura a
seguir.
Uma forma alternativa simplificada de analisar a situação-problema seria
responder perguntas, como as seguintes:
• Qual a situação atual? Quais são as condições, necessidades ou finalidades
não satisfeitas que sugerem que existe um problema?
• Quais as causas do problema?
Causas que provocam o
problema
Raízes
Problema a ser tratado pelo projeto Tronco
Efeitos do problema
Galhos e Folhas
PROBLEMAS TERMINAIS: São os que aparecem na árvore sem outros problemas a
contribuírem para a sua existência (são os problemas de raiz).
PROBLEMA CENTRAL: É aquele que resulta da existência
de todos os outros (aparece representado na parte superior
da árvore)
PROBLEMA DE 1º NÍVEL: São os que contribuem diretamente para a existência do
Problema Central;
PROBLEMAS DE 2º NÍVEL: São os que contribuem para os problemas de 1º NÍVEL (e
assim sucessivamente, 3º NÍVEL, 4º NÍVEL, etc.);
• Para quem a situação é percebida como um problema? Existem pessoas para
quem a situação é vantajosa? Que grau de compreensão as pessoas, afetadas
pelo problema, têm a respeito dele?
• O problema foi caracterizado em seu contexto e em todos os aspectos
importantes (por exemplo: social, institucional, econômico-financeiro, político,
tecnológico, administrativo-gerencial, etc.)?
• Foram procuradas informações sobre a situação com outras pessoas, em
livros, estudos, etc.?
• Entre os vários problemas encontrados, esse, em especial, é prioritário, e tem
mais importância? Por quê? Quais os critérios usados para se atribuir essa
importância?
Nem toda situação considerada problemática ou desfavorável será
objeto de um planejamento coletivo que precisará da elaboração de um projeto.
Apenas problemas considerados mais relevantes para o desenvolvimento de
comunidades serão merecedores desse esforço de planejamento,
possibilitando maiores avanços em termos de bem-estar coletivo.
É com a informação elaborada no diagnóstico, que procede à
formulação de hipóteses de trabalho que permitam explicar o comportamento
do sistema estudado, então, se origina a formulação do problema, de que
dependerá o êxito ou fracasso do nosso projeto.
É oportuno lembrar que, ao fazer este diagnóstico, você pode se deparar
com diversos problemas e necessidades ou mesmo ter certa dificuldade em
identificar o que seria relevante e que justificaria a elaboração de um projeto.
O que fazer? Como identificar um problema relevante?
Se você tem dificuldade em identificar um problema relevante, aplique
um método que lhe auxilie nessa identificação.
Um método muito utilizado chama-se Matriz de Priorização.
Matriz de Priorização: é uma ferramenta que você poderá utilizar para
estabelecer prioridades em relação aos problemas a serem resolvidos por um
ou mais projetos, ou seja, estabelecer prioridades das ações para eliminação
de problemas ou mesmo para ações de melhoria.
Tem como objetivo avaliar, dentre as alternativas, aquelas que possuem
maior grau de importância, urgência, impactos ambientais, etc.
Para sua confecção, comece por uma ampla lista de problemas
identificados, classificando-os por meio de uma “Matriz de Priorização”,
escolhendo aquele que apresentar maior pontuação.
Para tanto, é preciso seguir os seguintes passos:
Liste os principais problemas identificados;
Defina quais critérios serão utilizados para avaliar esses problemas;
Atribua notas para cada um dos problemas, com base nos critérios
definidos;
Totalize as notas para identificar o problema mais importante.
Veja um exemplo:
Para facilitar o entendimento, acompanhe o exemplo hipotético a seguir:
1: Em uma determinada comunidade, foram identificados os seguintes
problemas relevantes:
Educação profissionalizante deficiente;
Jovens da comunidade sem oportunidade de trabalho;
Políticas públicas para educação inadequadas;
Alta taxa de criminalidade.
2: As pessoas e instituições (atores) envolvidas na solução dos problemas
definiram os critérios abaixo para avaliação da importância dos problemas
levantados:
Urgência
Governabilidade
Capacidade de mobilização
Oportunidade
Impacto no desenvolvimento local
Potencial de replicabilidade
Competência da Equipe Executora
Possibilidade de atender às exigências dos financiadores
3: Eles atribuíram notas para os problemas, em relação aos critérios, de acordo
com a seguinte legenda:
0 – nenhuma
1 – média
2 – muita
4: Preencheram e totalizaram a Matriz de Priorização abaixo, com as
respectivas notas.
CRITÉRIOS
Problema I II III IV V VI VII VIII TOTAL
A 1 0 1 0 2 1 2 1 8
B 1 1 2 2 2 1 2 2 13
C 1 0 0 0 1 1 1 1 5
D 2 1 1 1 1 1 2 2 11
Neste caso, o problema B – “Jovens da comunidade sem oportunidade
de trabalho” foi eleito o mais importante e deverá ser o problema objeto de um
projeto.
Matriz de priorização
Aplique a Matriz de Priorização para identificar problemas relevantes,
identificados por você ou por um grupo, instituição. Para isso, cumpra as
seguintes etapas:
Indica-se que seja considerado o problema central aquele que obtiver a
maior nota na avaliação.
Problema central que será objeto do projeto:
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
Daremos outras sugestões de uma matriz para que você possa utilizá-
las de acordo com a sua necessidade.
Para criá-la, sugerimos, inicialmente, a elaboração de uma tabela de
pontuação.
Por exemplo:
A partir desta tabela de pontuação, podemos construir nossa matriz de
prioridade.
Para preencher esta tabela, você deverá utilizar os critérios de
pontuação da primeira tabela, pontuando em função do tipo de problema ou
necessidade.
Não aprofundaremos este assunto de matriz de prioridade, pois a
estamos utilizando apenas como um método. Existem outras ferramentas que
você poderá utilizar para obter os mesmos resultados.
O Diagrama de Pareto e o diagrama de causas e feitos (espinha de
peixe), também poderão ser utilizados.
Projetos ambientais: no caso de projetos ambientais, você poderá
incluir, como item de avaliação, a questão dos impactos na natureza, etc.
Empresas, instituições: na área pública ou mesmo no âmbito de
empresas/instituições/ONGS, muitas vezes, os fatores decisivos para
aprovação ou não de um projeto podem estar ligados à questão de verbas, de
prazos ou interesses políticos.
Após todos os conceitos e conteúdos apresentados, você tem um
grande trabalho a fazer: o mapeamento das necessidades, problemas,
oportunidades e, posteriormente, a definição de critérios para avaliação e
definição do foco do projeto a ser desenvolvido.
Uma vez detectado e caracterizado o problema a ser atacado, se faz
necessário buscar, dentre as situações possíveis, aquela que apresente a
melhor solução.
Mas como descobrir a melhor solução para o problema detectado?
Isso é assunto para o nosso próximo tópico.
2. 2 Árvore de Soluções
Pretendemos, neste tópico, mostrar a ferramenta “Árvore de Soluções”
para ensiná-lo (a) a buscar a melhor alternativa para solucionar os problemas.
Durante o processo de caracterização do problema que se deseja
atacar, normalmente, já se começa a imaginar possíveis soluções.
No entanto, esse processo não deve se encerrar com a primeira ideia
que se tenha. É necessário estabelecer condições que permitam dizer que o
problema identificado será solucionado, e imaginar diferentes modos de atingir
essa meta, isto é, alternativas de projetos para concretizá-la.
A Árvore de Soluções é uma técnica que auxilia na definição de
alternativas.
A construção da Árvore parte da proposição de uma possível solução
para o problema identificado como central, que deve expressar uma estratégia
para se alcançar uma situação futura desejada.
A partir da solução escolhida, relacionam-se as condições diretamente
ligadas à sua consecução. Estas condições podem implicar condições
secundárias, que, desta forma, irão compondo os diferentes níveis da Árvore
de Soluções.
1° pergunta - A pergunta-chave para o estabelecimento das relações entre os
distintos níveis da Árvore é “como?”.
Como já dito, a Árvore de Soluções não pode ser vista apenas como a
antítese da Árvore de Problemas, já que a solução para o problema identificado
pode não ser alcançada, simplesmente, pela superação de cada uma das
causas da árvore de problemas.
Muitas vezes, uma solução criativa e inovadora pode causar maior
impacto do que a simples eliminação das causas identificadas na análise da
situação-problema.
Nem sempre o projeto que está sendo planejado poderá oferecer uma
solução global para o problema em questão. Mas é possível, a partir da Árvore
de Soluções, identificar alternativas que podem contribuir, de alguma forma,
para a melhoria da situação-problema. Tais alternativas poderiam constituir
diferentes projetos passíveis de serem implementados.
Cada alternativa de solução, que se resolva considerar, deverá ser
detalhada em grau suficiente para que possa ser analisada e julgada, ou seja,
para que se possa fazer a escolha daquela mais adequada.
O nível desse detalhamento inicial dependerá do tipo de projeto, mas
deverá incluir uma breve descrição da metodologia a ser empregada, uma
estimativa do número de pessoas que serão beneficiadas, do volume de
produtos ou serviços que serão gerados, os custos envolvidos e o horizonte
temporal de realização do projeto.
Uma vez detectado o problema e levantadas as alternativas para
solução, precisamos fazer uma análise de viabilidade, para se obter o melhor
resultado.
2.3 Análise de Viabilidade – Seleção de alternativas
Agora, você aprenderá a fazer uma avaliação de viabilidade das
possíveis soluções para o problema detectado, e a selecionar a melhor, dentro
de critérios previamente estabelecidos.
Análise de Viabilidade: As alternativas de solução escolhidas deverão passar
por uma análise de viabilidade. A análise de viabilidade representa a avaliação
das potencialidades e capacidades de um projeto, antes de sua
implementação.
A ideia é analisar se a solução escolhida, para o problema identificado,
é possível e pode lograr sucesso, a partir das condições existentes, ou seja, se
a sua implementação é viável num determinado contexto, situado e datado.
Os principais aspectos a serem considerados numa análise de
viabilidade são: técnico, operacional, social, financeiro e, às vezes, ambiental.
• Viabilidade social: considera as consequências sociais decorrentes dos
investimentos realizados, bem como, sua relevância para os beneficiários.
• Viabilidade técnica: verifica se as tecnologias e metodologias escolhidas são
adequadas, compatíveis com os recursos disponíveis e com os resultados
esperados.
• Viabilidade operacional: considera a relevância e a justificativa dada pela
instituição executora, bem como, sua experiência anterior no campo social em
questão. Também procura analisar a estrutura organizacional, avaliando
aspectos relacionados à estrutura de decisão, capacitação técnica da equipe,
etc.
• Viabilidade financeira: analisa os custos envolvidos e a disponibilidade dos
recursos para a realização das despesas previstas.
• Viabilidade ambiental: verifica as consequências para o meio ambiente. Esta
análise só se aplica em casos específicos.
Outros aspectos que devem compor o horizonte da análise de
viabilidade são os custos de manutenção das atividades pós-projeto, as
possíveis concorrências institucionais e os riscos previsíveis.
Seleção de alternativas
Uma vez determinadas quais alternativas de solução são viáveis, é hora
de escolher aquela que será, efetivamente, proposta.
É necessário definir, com clareza, como será feita essa escolha e que
critérios, que aspectos do projeto, serão analisados e julgados.
Pode-se atribuir escalas de pontos e pesos aos critérios, ou tentar
chegar a um consenso, sem quantificar.
Seja qual for a metodologia de seleção escolhida, o ideal é que os
participantes do processo de planejamento sejam incluídos em sua definição.
No mínimo, é desejável que ela seja conhecida com clareza por eles, para
diminuir o risco de abalo de seu comprometimento na defesa e na
implementação da alternativa escolhida.
Alguns dos aspectos da alternativa de projeto que podem ser
analisados, e influir na seleção da alternativa de solução, são:
• Aspectos sociais: facilidade ou dificuldade de aceitação da alternativa
proposta, pelos grupos envolvidos na implementação do projeto e por seus
beneficiários, em termos de seus hábitos, valores, cultura, etc.
• Aspectos técnicos: facilidade ou dificuldade técnica de implementação;
adaptabilidade da técnica sugerida às condições em que o projeto será
executado (principalmente as pessoas);
• Aspectos de gestão: se o projeto não é complexo demais para ser
administrado pela instituição; se gerará o fortalecimento das instituições nele
envolvidas; se oferece facilidade de ganhar apoio de outros níveis de decisão
da instituição e de outras organizações; oportunidade do projeto, respondendo
a demandas de outros níveis ou instituições;
• Aspectos financeiros: custos; rendimentos que poderão ser gerados;
facilidade de acesso a financiamentos;
• Aspectos econômicos: sustentabilidade da iniciativa, depois de encerrado o
projeto; geração de emprego e renda pelo projeto; tempo de recuperação do
capital investido.
Uma vez selecionada uma alternativa, verificar, entre as partes
interessadas, se realmente há acordo, a respeito daquela alternativa e
compromisso para sua execução. Verificar, ainda, se as alternativas
“rejeitadas” não contêm elementos que poderão ser incluídos no projeto que
será implementado, complementando a solução proposta.
A partir da definição de uma solução para a situação-problema enfocada
pelo projeto, cabe conceber um plano capaz de apresentar, de forma clara e
objetiva, todos os elementos do projeto.
A “dimensão lógica” representa o encadeamento lógico-causal entre os
elementos do projeto.
Esta concatenação lógica busca evidenciar a coerência entre o objetivo
geral e os objetivos específicos, entre estes e os produtos concebidos ou os
resultados imaginados e, por fim, entre os produtos/resultados e as atividades
relacionadas à concretização dos mesmos.
Como todas as atividades e seus produtos decorrentes estão
relacionados aos objetivos específicos, e em última instância, ao objetivo geral,
estes devem ser claramente definidos, já que são eles que dão o norte às
ações do projeto.
Depois da seleção da melhor alternativa para se resolver um problema,
podemos responder a uma segunda pergunta:
Quando começar a elaboração de um projeto?
Dessa forma, se manifesta a necessidade e se inicia o processo de
constituição de um projeto social.
Vencidas as etapas de definição do problema e de escolha da melhor
alternativa para solucioná-lo, chegou o momento de definirmos os objetivos e
metas do projeto.
Você percebeu o quanto foi importante o que aprendemos
anteriormente, para chegarmos à definição do objetivo do seu projeto?
O diagnóstico e a definição do problema que seu projeto deverá
contemplar são fundamentais para a próxima etapa, que é o estabelecimento
de metas e objetivos.
2.4 Metas e objetivos do projeto
Agora, você verá a importância de definir metas e objetivos, para que os
resultados possam ser alcançados.
Todo projeto precisa ter metas e objetivos a serem atingidos, ao longo
do horizonte de tempo de sua execução.
Os objetivos devem contribuir para solucionar ou amenizar o problema
enfocado pelo projeto, e devem ser uma expressão dos interesses
comunitários amplos. Além do que, os objetivos devem ser expressos como
uma situação positiva a ser alcançada e não podem ser competitivos ou
conflitantes entre si.
Por fim, deve-se tomar o cuidado de não incluir mais de um objetivo
numa mesma declaração singular de objetivo.
Um objetivo deve ser:
•Verificável: a consecução do objetivo deve ser passível de comprovação;
•Alcançável: o objetivo deve indicar uma situação possível de ser
concretizada;
•Realista: a avaliação das condições para realização do objetivo deve ser
realista;
•Específico: o objetivo deve ser claro, bem definido e compreensível para
terceiros;
•Adaptado ao tempo: o objetivo deve poder ser alcançado no tempo previsto.
Quando for elaborar um projeto social, ele, por si só, deverá responder a
algumas perguntas.
Qual é o objetivo geral do projeto?
Começando pelo objetivo geral, é importante que você explicite o que
sua organização ou instituição deseja realizar com o projeto, que mudanças se
quer alcançar, que diferença o projeto pretende fazer.
Para isso, os principais interessados devem ajudar a construir esses
objetivos.
Lembramos que o objetivo geral é a afirmação capaz de demonstrar a
transformação que o projeto pretende alcançar. Algumas vezes, chamamos o
objetivo geral de objetivo superior; e fazemos isso porque ele costuma ser
ousado, ou seja, capaz de sinalizar as mudanças mais profundas que poderão
ser alcançadas pelo projeto, em médio e longo prazo.
Atenção: O objetivo geral expressa a intenção de atingir um determinado
fim, uma mudança na situação social da região. Por isso, não deve ser
quantificado (quando se transformaria no resultado esperado) nem expressar a
forma como se trabalhará (quando se transformaria em ações).
O objetivo geral surge como outra face do problema central,
apresentando-se como solução ao mesmo. Sempre será uma frase curta, que
descreva, de forma clara e precisa, a situação desejada ao finalizar o projeto.
Quais são os objetivos específicos do projeto?
Os objetivos específicos são passos estratégicos para que o objetivo
geral possa ser alcançado, isto é, eles são capazes de mostrar as estratégias
que serão utilizadas pelo projeto.
Os objetivos específicos são as respostas desejadas da população-alvo;
devem prever resultados quantificáveis. Definem o tempo, o número de
pessoas e a faixa etária.
Atenção: Muitos projetos apresentam objetivos frágeis, confusos e
contraditórios. É importante ser claro e explicitar, também, os números que
você pretende alcançar. Sugerimos que você cuide bastante desse aspecto
porque, caso este projeto seja encaminhado para uma instituição
patrocinadora, e seja selecionado, ele o acompanhará ao longo de todo o
tempo de apoio e será diretamente utilizado para o monitoramento e avaliação
do investimento feito pelo patrocinador.
Vamos, a seguir, trabalhar os objetivos de um projeto.
Para uma melhor clarificação, utilizaremos a árvore de objetivos.
Situação Problema Situação Objetivo
Situação negativa atual Situação positiva –
desejada-esperada. Intervenção Social
No processo de elaboração dos objetivos, a árvore de problemas se
transforma em uma árvore de objetivos (soluções futuras do problema).
Para isso, trabalhamos de cima até embaixo, reelaborando todos os
problemas, transformando-os em objetivos (enunciados positivos).
O problema focal também se modifica, de maneira similar, em um
objetivo. É importante que se tenha o controle de que os objetivos alcançados
em um nível sejam suficientes para chegar ao objetivo do próximo nível.
Temos que levar em conta que toda relação de causa-efeito não se
transforma automaticamente numa relação meios-fim; depende da
reelaboração que se pode fazer dela mesma.
Trabalhando de baixo para cima, é necessário certificar-se de que as
relações causa-efeito tenham se transformado em relações meios-fim.
Finalmente, linhas devem ser traçadas para indicar as relações meios-fim na
árvore de objetivos.
Para fazer uma árvore de objetivos, é preciso:
Primeiramente, vamos reproduzir a árvore de problemas, e depois
mostrar a árvore de objetivos.
Árvore de Problemas
Vamos trocar as condições negativas da árvore de problemas para
condições positivas, que se estima que sejam desejadas e possíveis de serem
alcançadas com o projeto.
O problema central se transforma em objetivo central (específico), as
causas se transformam em meios, e os efeitos se transformam em fins.
Causas que provocam o
problema
Raízes
Problema a ser tratado pelo projeto Tronco
Efeitos do problema
Galhos e Folhas
Árvore de Objetivos (soluções futuras do problema).
Quando uma empresa ou instituição decide iniciar uma atuação na área
social, se depara com uma grande diversidade de possibilidades.
De maneira geral, a escolha por uma ou outra forma de ação – pontual
ou permanente - acaba por ser definida de acordo com o porte da empresa,
com a disponibilidade de recursos, questões políticas, a localização e, também,
com sua motivação.
Qualquer que seja a escolha, uma das etapas mais importantes para o
desenvolvimento de ações sociais, eventuais ou estruturadas, é a definição do
foco.
Com a definição do foco, o escopo da ação ou do projeto social começa
a ser definido, com a especificação das áreas temática e geográfica, onde será
feito o investimento, a definição do público-alvo e da natureza dos serviços a
serem prestados.
Quando falamos em foco, estamos falando do escopo de um projeto.
2. 5 Escopo do projeto
Nosso objetivo, nesse tópico, é conceituar o escopo de um projeto e
mostrar sua importância na elaboração de projetos.
O primeiro passo do planejamento de projetos é elaborar o detalhamento
do escopo do projeto.
Meios para se interferir nas causas do problema para
transformá-lo
Raízes
Objetivo do Projeto Tronco
Efeitos positivos que se
buscará
Galhos e Folhas
Afirmação clara e propositiva do que se pretende com o
projeto
Efeitos se transformam
em fins
Causas se transformam
em meios
O escopo de um projeto define o que será feito – quais serviços/produtos
serão colocados à disposição da comunidade, estado, região, etc.
O escopo, âmbito, será o “foco” do seu projeto.
Os elementos que devem constar em um escopo de projeto são:
O projeto deverá ser elaborado a partir da definição do escopo, para
que possa ser gerenciado de forma eficaz.
A definição deve ser feita com base nos resultados esperados para o
projeto e nas possíveis restrições para sua realização.
Uma ação importante para definição do escopo do projeto é transformar
a declaração de 'resultados esperados do projeto' em uma lista de atividades
que precisam ser realizadas. Para fazer isso, é preciso 'quebrar'
sucessivamente o 'resultado esperado do projeto' em partes menores.
Essa divisão deve ser feita até que seja atingido o nível de detalhe que
se pretende gerenciar. O nível mais detalhado é chamado de 'pacote de
trabalho'.
Produzimos, a seguir, um modelo de impresso, que poderá ser utilizado
para a declaração de escopo de seu projeto.
DECLARAÇÃO DE ESCOPO DO PROJETO
Nome do Projeto:
JUSTIFICATIVA DO PROJETO (NECESSIDADES QUE O PROJETO DEVE
ATENDER)
PRODUTO QUE DEVE SER ENTREGUE AO FINAL DO PROJETO (DESCRIÇÃO)
SUBPRODUTOS DO PROJETO QUE DEVERÃO SER ENTREGUES NO DECORRER DA EXECUÇÃO
INDICADORES E METAS
REGISTROS
Anexos:
Data: Assinatura do autorizador:
Capítulo 3
Planejamento das Atividades
3.1 Conceitos iniciais
Pretendemos, neste tópico, mostrar como o planejamento é de
fundamental importância e como deverá ser feito o detalhamento de um projeto
social.
Você sabia que uma das causas mais comuns de atraso em projetos, de
gastos descontrolados, insatisfação da comunidade e de clientes, é a ausência
de um plano de projeto adequado?
O planejamento do projeto é a mais crítica de todas as fases de sua
elaboração. Dentro desta fase, as pessoas, recursos, dinheiro, fornecedores e
tarefas, devem estar corretamente programados, de maneira que o gerente
possa monitorar e controlar a entrega do projeto, efetivamente.
Um projeto social tem começo, meio e fim previsíveis e programados.
Assim como a determinação do prazo de duração do projeto social,
também deve ser estabelecido, previamente, o público-alvo, ou seus
beneficiários, assim como, as atividades a serem desenvolvidas e os recursos
necessários para executá-lo – tempo, dinheiro, equipamentos e pessoas.
Dessa forma, é extremamente importante que haja um planejamento,
construído com clareza, uma proposta técnica de projeto, que apresente o
problema em foco e as possíveis alternativas aparentes para enfrentá-lo,
buscando projetar quais serão os resultados e impactos esperados.
Não devemos fazer uma intervenção junto a uma comunidade ou grupo,
sem que antes tenhamos planejado a possibilidade de se viabilizar o projeto
social.
Esse planejamento evita frustrações para quem executa o projeto social
e também para o público-alvo, que será intimamente afetado em caso de
ruptura de uma ação mal planejada, pois contribuirá com o descrédito e a
desconfiança, inclusive em outros projetos que possam ser implementados
futuramente.
Desde o momento em que a proposta do projeto social é elaborada,
deve ocorrer uma análise de sua viabilidade, sua adequação ao contexto do
momento e aos recursos disponíveis. Essa análise, realizada pelo próprio
grupo que elabora o projeto e/ou por outras instâncias ou organizações, será,
com frequência, a base para decidir se o projeto poderá ou não ser realizado.
A gestão eficiente do projeto social, além de trazer maior
profissionalização na sua implementação, contribuirá para seu êxito, uma vez
que os recursos tendem a ser mais bem aplicados e aproveitados.
Como fazer o planejamento estratégico do seu projeto social?
Basicamente, o planejamento estratégico é um levantamento organizado
de informações que ajudará a definir os caminhos a serem seguidos.
Etapas do planejamento
Se pensarmos o projeto como iniciativa para solucionar um problema,
pode-se dizer que a fase de “elaboração” compreenderá as três etapas a
seguir:
1. “Identificar um problema, uma carência, uma situação sentida como
deficiente”. Para isso, é preciso organizar as informações disponíveis sobre a
situação, reunir-se com outros interessados e tentar caracterizar o problema a
partir de vários pontos de vista. Quando se percebe a existência de problemas,
é preciso decidir para qual deles, por sua importância ou maior facilidade de
solução, será dada a prioridade.
2. “Pensar em como solucionar o problema ou carência e nas ações que
poderiam contribuir para mudar essa situação”. As diferentes alternativas de
solução imaginadas têm que ser analisadas, para saber se são viáveis. Em
seguida, têm que ser comparadas, a fim de se escolher a melhor.
3. Escolhida uma solução, parte-se para programar em detalhes o que será
feito, o que se espera que aconteça como resultado de nossa ação, e o que se
necessita agenciar e disponibilizar de modo a assegurar a sua realização.
4. É sobre o item 3 que iremos trabalhar, a partir de agora. Os detalhes do
projeto. Espero que, ao final do Curso, tenhamos respondidas as seguintes
perguntas:
5. Que atividades são necessárias para colocar em prática a estratégia
escolhida?
(As atividades são um conjunto de ações ou iniciativas, a partir das quais
serão atingidas as metas. No nível operacional, as atividades também
podem ser subdivididas em tarefas). É importante detalhar, ao máximo, as
atividades, porque é daí que virão as informações;
5. Quais são os recursos necessários para a realização de cada uma
dessas atividades?
6. Onde podemos buscar esses recursos?
Depois destes conceitos sobre o planejamento e as etapas que o compõem,
podemos continuar nosso treinamento, partindo para os recursos necessários
para realização de cada uma das atividades previstas no projeto.
3.2 Detalhamento dos Recursos
Nosso objetivo, neste tópico, é auxiliá-lo no detalhamento dos recursos
necessários para a implementação de um projeto.
Um levantamento detalhado dos recursos envolvidos na implementação
do projeto precisa ser realizado, pois o sucesso deste depende do suprimento
dos recursos previstos, no tempo e na forma determinados.
É sobre esses recursos que falaremos, a partir de agora.
Previsão de Recursos
Paralelamente à identificação das atividades, o processo de
planejamento operacional procura definir, inicialmente, quais recursos são
necessários para realizá-las.
A lista de atividades mostra quais recursos são necessários para realizar
o projeto: pessoas, materiais, instalações, fornecedores, etc.
Sobre atividades, classificamos os passos individuais, que são dados,
com o intuito de alcançar um determinado resultado.
As atividades constituem a base para a especificação dos insumos e
custos de assistência interna e externa.
Atividades e recursos exigem o gasto de dinheiro. Nos estágios finais do
processo de planejamento operacional, deve-se definir o custo dos recursos
necessários para assegurar a realização dos objetivos.
Uma das primeiras perguntas que gestores de projetos (e seus
superiores) fazem é: “os recursos disponíveis são suficientes para fazer o
projeto, com os objetivos definidos?”.
Ou “os recursos financeiros e tecnológicos são compatíveis com o tempo
disponível?”. Se não, “que resultados podemos obter com os recursos
disponíveis?”. “Os apoios políticos internos são suficientes para a realização
das expectativas?”. “É possível mobilizar pessoas de todos os departamentos
envolvidos, ou será preciso contratar pessoas especialmente para o projeto?”.
Perguntas como estas são necessárias para a elaboração de estimativas
realísticas (que nem sempre correspondem às expectativas dos seus
patrocinadores) sobre os recursos necessários à realização de um projeto.
Os recursos necessários para a realização das atividades classificam-se,
geralmente, em quatro categorias principais:
Mão-de-Obra
Material permanente (equipamentos e instalações)
Material de Consumo (combustível, material de escritório, peças de reposição,
materiais de manutenção, etc.).
Serviços (viagens, transporte, hospedagem, serviços técnicos especializados,
etc.)
Depois de detalhar os recursos necessários para a execução do seu
projeto, devemos utilizar as ações, atividades previstas para organizá-las e
distribuí-las no tempo, com o auxilio de um quadro que as organize mês a mês.
Um bom e simples instrumento é o cronograma, útil para identificar as
ações no tempo, estimando-o em relação aos recursos, visualizando a
possibilidade de algumas ações paralelas e, por último e mais importante,
verificando a relação de interdependência entre elas.
Antes de entrarmos no próximo tópico, utilizaremos outro exemplo de
projeto da Petrobras para clarificar as ações e atividades. É por meio dessas
ações que será elaborado o cronograma.
3.3 Cronograma
O propósito deste tópico é mostrar a importância do cronograma em um
projeto, e como elaborá-lo a partir das atividades previstas.
A programação consiste em detalhar a execução prevista para o projeto,
definindo seu cronograma e alocando os recursos necessários.
O objetivo a ser alcançado, nesta etapa, é a definição do cronograma
detalhado do projeto e da matriz de responsabilidade (quadro no qual se define
quem fará cada uma das ações necessárias para a execução do projeto).
O cronograma é um poderoso auxilio, tanto no planejamento quanto no
monitoramento do projeto, pois com ele visualizamos o todo das atividades no
tempo, bem como suas interdependências, seu desenvolvimento, seus
resultados e podemos identificar possíveis desvios em relação ao planejado, o
que possibilita uma correção de rota durante o desenvolvimento do projeto.
O gerenciamento do tempo é o processo que objetiva garantir que o
Projeto seja completado no tempo previsto.
Os principais processos desta gestão são: as Definições,
Sequenciamento, Estimativa de Recurso e Estimativa de Duração das
Atividades, o Desenvolvimento e Controle do Cronograma das Atividades.
Veremos como fica este gerenciamento por meio do quadro.
O cronograma de atividades deve ser:
•completo, isto é, com todas as atividades do projeto e seus respectivos
responsáveis;
•preciso, apontando o início e o fim de cada atividade;
•lógico, de modo a mostrar as interdependências entre as diversas atividades
(por exemplo, a atividade de divulgar, para o público-alvo, os critérios de
seleção dos alunos para um curso de capacitação, pressupõe outra, a
confecção de folhetos e cartazes de divulgação; se esta não for bem realizada
e no tempo planejado, aquela estará prejudicada);
• flexível, atualizado e sistematicamente analisado;
• realista, com base em estimativas reais.
O cronograma deve contemplar:
n) Detalhamento das atividades;
o) Estabelecimento das precedências entre atividades/definir ordem em
que elas precisam ocorrer;
p) Definição dos responsáveis pelas atividades;
q) Definição de duração de cada atividade.
Exemplo:
3.4 Orçamento
Neste tópico, você conhecerá as principais técnicas de orçamentação de
projetos para auxiliá-lo no planejamento dos recursos financeiros.
Recursos Financeiros
Chamamos recursos financeiros o dinheiro necessário à concretização
de um projeto.
Não podemos deixar de considerar, entretanto, que outros recursos –
serviços prestados voluntariamente, doações, instalações próprias, etc. –
devem ser quantificados. Isso nos possibilita calcular, com maior fidelidade, o
custo de nosso projeto.
A gestão dos recursos financeiros significa, primordialmente, proceder
ao acompanhamento e ao controle da utilização do dinheiro, de forma a
garantir a execução das atividades, o alcance das metas e a concretização dos
objetivos previstos em nossos projetos.
Esse acompanhamento permite detectar possíveis necessidades de
correção de rumos, prestar contas do seu andamento, bem como, obter dados
úteis para a formulação e apresentação de novas propostas orçamentárias.
Nesse sentido, uma boa gestão dos recursos financeiros consiste na
capacidade de compatibilizar a execução das atividades com o dispêndio do
dinheiro para o período estabelecido para o projeto.
Orçamento
Quanto vai custar o projeto?
A preparação do orçamento é parte integrante do processo de
planejamento.
Após a elaboração do nosso plano de trabalho, ou seja, do nosso
projeto, é preciso orçá-lo, prevendo os recursos necessários para o seu
desenvolvimento e como serão aplicados em um dado período de tempo.
Podemos definir orçamento como a demonstração de um plano de ação
expresso em valores monetários, para um período determinado.
Orçamento: é a demonstração de receitas e dispêndios planejados de
dinheiro.
Após um planejamento detalhado das atividades, pode-se perguntar
quanto custará o projeto, quando se darão as despesas e quando os recursos
deverão estar disponíveis.
Orçamento: é um resumo ou cronograma financeiro do projeto, no qual
se indica com o que e quando serão gastos os recursos, e de que fontes eles
virão.
Você pode estimar os custos depois que atribuir os recursos.
Lembre-se que você já poderá conhecer as pessoas que serão
atribuídas ao projeto, ou já poderá ter utilizado e atribuído nomes genéricos ou
os tipos de recursos que necessita.
A estimativa de custos deve ser feita com muito cuidado e com o maior
nível de detalhes possível. São esses números que determinarão se o projeto
será viável ou não, do ponto de vista econômico e financeiro.
Iniciativa Privada: para a iniciativa privada, a viabilidade econômica é
muito forte e é critério básico na seleção de projetos. Se não for viável
econômica e financeiramente, ou se houver outro projeto mais interessante,
certamente será descartado.
Atividades sociais: para atividades sociais e sem fins lucrativos, o que
mais importa é a viabilidade financeira. Se não houver o dinheiro para realizá-
lo, nem será iniciado.
Empresa pública: para uma empresa pública, existe a necessidade de
que o custo do projeto esteja previsto no orçamento anual. Se não estiver,
mesmo que haja sobra de recursos, o projeto não poderá ser realizado.
Na etapa anterior, no item "Planejamento dos recursos", você fez a
identificação dos recursos necessários para a realização do seu projeto. Cabe
agora, para cada item relacionado, estimar seu custo. O ideal é buscar o
preço/custo de cada item/atividade/recurso no mercado. Porém, nem sempre
isso é possível ou viável. Quando isso não pode ser feito, lança-se mão de
índices e estatísticas confiáveis, projetos semelhantes e analogias.
Embora a estimativa possa ser feita com grande precisão, raramente se
realiza em sua plenitude. Certamente há uma variação para cima ou para
baixo.
É importante que essa variação também seja estimada, de acordo com a
expectativa da equipe do projeto. É claro que é melhor quando a variação é
pequena. Mas, antes disso, o mais importante é o grau de confiabilidade na
previsão, que deve ser bastante significativo.
Além da estimativa e orçamento dos custos, deve-se desenvolver o
Plano de Gerenciamento dos Custos.
Estimar os custos de mão de obra.
Em níveis muito elevados, os custos do projeto são estimados com base
nos custos de mão-de-obra, nos itens relacionados e não relacionados. O custo
de mão-de-obra é calculado analisando as horas de trabalho de cada recurso e
multiplicando-as pela remuneração paga por hora.
Em muitas empresas, os custos estimados com a mão-de-obra de
funcionários internos são presumidos como zero, pois os seus custos já estão
incluídos no orçamento do departamento. Isso não implica a ausência de
custos. Pelo contrário, presume-se que não existam custos adicionais acima
daqueles que a empresa já está pagando.
Se você utilizar recursos contratados, os seus custos deverão ser
sempre calculados e orçados. Você deverá determinar o tipo de recurso
externo de que precisará, qual a remuneração horária a ser paga, e então,
multiplicar pelo custo total por recurso.
Se você não estiver seguro sobre os custos atuais dos recursos
externos, necessitará fazer algumas suposições baseadas no tipo de recurso
geral. Por exemplo, poderá haver um custo por hora, padronizado para os
analistas de sistemas contratados e os programadores. Se você não estiver
seguro de que seu projeto incluirá recursos externos, poderá fazer algumas
suposições básicas, e documentá-las.
Estimar os custos para os itens não relacionados diretamente aos custos
de mão-de-obra.
Nestas despesas, inclua todos os custos não relacionados diretamente
com os salários dos funcionários e os custos dos contratados.
Algumas destas despesas, tais como treinamento e desenvolvimento de
equipe, estão relacionadas às pessoas. Entretanto, estas despesas continuam
sendo consideradas como custos não relacionados diretamente com os custos
de mão-de-obra, porque não são relacionados com os salários dos funcionários
ou com os custos dos contratados.
Cada gerente de projeto deve saber as regras de contabilidade da sua
empresa para assegurar-se de que os custos com a mão-de-obra e os custos
não relacionados sejam alocados corretamente.
Para preparar a estimativa de custos, algumas informações são
necessárias.
Custo unitário de cada recurso
Facilmente, pode-se observar que existem diferentes tipos de despesas
que podem ser agrupadas de forma homogênea, como por exemplo:
Material de consumo;
Custos administrativos;
Equipe permanente;
Serviços de terceiros;
Diárias e hospedagem;
Veículos,
Máquinas e equipamentos;
Obras e instalações.
No orçamento, as despesas devem ser descritas de forma agrupada, no
entanto, as organizações financiadoras exigem que se faça uma descrição
detalhada de todos os custos, que é chamada memória de cálculo.
Memória de cálculo
Na memória de cálculo, devem ser descritos todos os itens de despesa,
individualmente, conforme exemplo:
- Material de consumo - são materiais como: papel, lápis, embalagens
para mudas, pequenas ferramentas, combustível, etc. Dê a especificação do
material (papel, lápis, etc.), unidade de medida (metros, kg, etc.), marca
(quando couber), quantidade, custo unitário e custo total.
- Custos administrativos - são despesas correntes, necessárias ao
funcionamento das entidades, tais como aluguel, contas de luz, telefone,
material de escritório, etc. Normalmente, se faz uma proporção do uso destas
coisas para cada projeto.
- Equipe Permanente - é a equipe de técnicos e outras pessoas que
estarão envolvidas durante e com a implementação do projeto. Indique os
técnicos e outros profissionais que serão contratados para a execução do
projeto, dando nome (se conhecido previamente), horas que trabalharão,
quantidade e custo de cada um.
- Serviços de terceiros - são os serviços temporários prestados ao
projeto, por pessoas físicas ou jurídicas. Especifique o serviço (serviços de
medição de áreas, serviços de engenharia florestal, etc.) unidade de medida
(horas, dias, meses) quantidade, custos.
- Diárias e hospedagem - são despesas correntes de viagem e estadias
de pessoas da equipe em função de atividades previstas no projeto (vistoria em
campo, cursos, seminários) ou de consultores de outras instituições, solicitados
para tarefas específicas. Especifique a atividade (curso, seminário, reunião,
etc.) para a qual serão necessárias as diárias ou hospedagens.
- Veículos, máquinas e equipamentos - dimensione a aquisição de
veículos, máquinas, equipamentos e especifique o tipo de veículo (utilitário pick
up, automóvel, etc.) ou do bem a ser adquirido (fax, TV, vídeo, etc.),
quantidade, marca/modelo e o custo.
- Obras e instalações - relacione o tipo (casa, galpão, depósito, etc.) de
obras e instalações necessárias à implantação do projeto. Indique a unidade de
medida (m2), quantidade e custo. Anexe projeto ou croqui detalhado da obra:
tipo de construção, prazo de execução, áreas e dependências a serem
construídas ou ampliadas, cronograma financeiro da obra, documentação
comprobatória de propriedade ou cessão de posse do terreno.
Roteiro básico para elaboração de um orçamento
Etapa preliminar – elaborar o cronograma de atividades. O cronograma
de atividades é o detalhamento do plano de trabalho.
É a definição do conjunto de ações que devem ser realizadas de forma lógica e
racional, para a concretização dos objetivos que queremos alcançar.
1º passo – De acordo com o plano de trabalho elaborado, estabelecer os itens
e subitens de despesas a serem utilizados. Exemplo:
2º passo – Elaborar a memória de cálculo. Levantar, mês a mês, tipo,
quantidade e custos dos recursos a serem utilizados. Detalhar cada atividade
do período, para completar corretamente a estimativa de todos os recursos.
Exemplo:
3º passo – Consolidar as memórias de cálculo, obtendo a previsão
orçamentária mensal. Exemplo:
4º passo – Montar o cronograma físico-financeiro (ou de desembolso),
transportando os totais do orçamento detalhado mês a mês. Exemplo:
Obs.: O cronograma financeiro deve ser elaborado de acordo com o modelo
utilizado pelo agente financiador.
5º passo – Apresentar o projeto, juntamente com seu cronograma financeiro,
para apreciação da fonte financiadora. É comum a necessidade de efetuar
adequações nas despesas previstas.
Nesse caso, o cronograma financeiro deverá ser reelaborado, a partir da
negociação efetuada com a fonte financiadora.
Vejamos outros conceitos importantes:
Orçamento Global: é a relação dos custos totais, item a item.
Cronograma de desembolsos: é a programação das despesas ao
longo do ciclo de vida do projeto. Nos contratos, o cronograma de desembolsos
estipula o número e o valor das parcelas a serem pagas pelo cliente.
Este cronograma é uma maneira de apresentar o desembolso de
recursos durante o desenvolvimento do projeto.
Definidos o cronograma de atividades e os recursos que serão
necessários à sua execução, é preciso proceder ao seu detalhamento no
tempo, ou seja, é preciso prever a evolução dos gastos, em relação à execução
das atividades programadas para o período estabelecido.
Elaboramos, a partir desses dados, o cronograma físico-financeiro.
O acompanhamento do cronograma físico-financeiro permite compará-lo
com o que foi realizado e medir os resultados dos trabalhos (cumprimento das
atividades), relativamente aos recursos aplicados. Esse acompanhamento,
além de possibilitar a obtenção de informações objetivas sobre o andamento do
projeto, orienta as tomadas de decisão e aponta eventuais necessidades de
agir corretivamente. O cronograma físico-financeiro constitui-se em instrumento
fundamental na gestão dos recursos financeiros.
Antes de concluir a proposta de projeto, se faz necessário avaliar seus
riscos inerentes.
É importante que você contemple seu projeto com uma análise de risco.
Quanto mais baixo for esse risco, mais fácil será sua aprovação.
3.5 Riscos do Projeto
O objetivo, nesse tópico, é mostrar e ensinar que, em qualquer projeto, é
necessário avaliar os riscos inerentes à sua execução.
Sabemos que todo e qualquer projeto tem um risco.
Tradicionalmente, os riscos são tratados como algo que pode trazer
perdas e danos ao projeto. Os riscos também podem ser oportunidades de
ganhos.
Gerenciar riscos de um projeto é um processo crítico dentro de seu ciclo
de vida.
Para mitigar, suavizar os impactos dos riscos previstos no projeto, estes
são identificados e classificados em termos da sua probabilidade de
acontecimento e impacto potencial. Os riscos são priorizados e um grupo de
ações identificadas para reduzir a probabilidade que cada risco possui, e o seu
impacto, caso ocorra.
A etapa final do processo de identificação dos riscos consiste na
elaboração de uma lista dos mesmos que, presumidamente, podem afetar os
objetivos do projeto.
Nesta fase, estimamos a probabilidade de cada risco ocorrer e o
quantificamos quanto ao impacto no projeto. Uma ponderação entre
probabilidades e impactos resulta na classificação dos riscos, de acordo com o
grau de ameaça.
Desenvolvimento de respostas aos riscos
Nem todos os riscos exigem grandes preocupações da equipe. Alguns
podem ser ignorados, enquanto outros podem exigir muita atenção,
monitoramento e tratamento especial.
Para cada risco, devemos escolher uma estratégia ou ação mais adequada,
conforme as seguintes opções:
Evitar: Consiste em concentrar esforços para impedir que o risco se
concretize. Esta estratégia somente se aplica aos riscos para os quais
efetivamente exista alguma forma de evitar que aconteçam;
Mitigar: Consiste em tomar precauções e atitudes para reduzir o risco
ao mínimo possível. Aplica-se somente aos riscos para os quais não
existe uma forma viável de evitá-los;
Aceitar: Consiste em nada fazer para evitar o risco, por impossibilidade,
por falta de interesse, pelo seu baixo impacto ou por estar fora de
alcance.
Evento de risco
Consequência
Probabili
dade de
ocorrênci
a
Impacto
4 = grande
3
=Moderad
o
2 =
Pequeno
Pontuação
Probabilid
ade
x impacto
Priorizaç
ão do
Risco
Estratégia
Indisponibilidade momentânea de
pessoal
Atraso na conclusão do projeto
0,25 3 0,75 Baixo
risco Mitigar
Indisponibilidade de recursos
financeiros
Paralisação do projeto
0,50 4 2,00 Alto risco Evitar
Variação cambial elevada
Aumento dos custos do projeto 0,50 3 1,50
Médio
risco Mitigar
Mudança na legislação
Revisão do escopo do projeto 0,25 2 0,50
Baixo
risco Aceitar
Especificações técnicas errôneas
Possibilidade de inviabilizar o
projeto
0,75 4 3,00 Alto risco Mitigar
No quadro, temos um exemplo bem sucinto de análise de riscos. Além
da identificação, quantificação e qualificação dos riscos, devemos detalhar as
respostas previstas e reunir essas informações em um documento denominado
"Plano de Gerenciamento dos Riscos".
Estruturação do projeto (levantamento de necessidades);
Tecnologia utilizada;
Comprometimento da alta administração (cliente e executor);
Interfaces com outros projetos;
Disponibilidade de recurso.
Lembramos que o planejamento não é algo para ser feito somente uma
vez, no começo do projeto. Observar o progresso de sua equipe e atualizar
adequadamente o plano do projeto, deve ser uma tarefa constante do gerente
ou gestor.
Vamos apresentar, no próximo tópico, como elaborar a proposta do
produto da fase de concepção e preparação do projeto. A proposta é o
instrumento de apresentação das ideias da equipe e servirá como base para a
decisão de iniciar, aprovar ou patrocinar o projeto. Nesta fase, veremos se o
projeto é viável ou não.
3.6 Elaboração da proposta do projeto – Roteiro
Para apresentar uma proposta, precisamos formatá-la dentro de um
padrão pré-determinado.
A partir de agora, iremos juntar o que aprendemos até aqui e colocar
dentro de roteiro, previamente determinado.
Antes de apresentarmos um modelo de roteiro de um projeto, é oportuno
falarmos sobre sua dimensão comunicativa.
A dimensão comunicativa de um projeto refere-se à sistematização do
processo de planejamento e organização da proposta de trabalho.
Externamente, o projeto deverá ser capaz de argumentar e persuadir,
seja para captar recursos, obter apoio político, institucional ou de prováveis
parceiros, seja para explicitar sua relevância para todos os interessados.
O projeto também deve servir como instrumento de informação aos
envolvidos e interessados, no enfrentamento da situação-problema enfocada.
É importante não esquecermos que a natureza específica do projeto
sempre determinará o roteiro do seu documento. Não há sentido em
pretendermos estabelecer, aqui, uma forma padrão.
Lembramos, mais uma vez, que não existe um modelo projeto padrão
que possa ser utilizado em todos os projetos que vamos desenvolver.
Alguns roteiros para elaboração de projetos, normalmente, são
fornecidos pelos próprios destinatários do documento, sobretudo quando se
trata de instituições financiadoras.
Os roteiros sugeridos propõem apenas a importância da incorporação de
alguns componentes básicos na proposta do projeto. Lembre-se da observação
anterior e sinta-se à vontade para incluir ou suprimir itens deste roteiro, caso
considere mais adequado à proposta que pretende elaborar.
O importante é que seu documento esteja completo, isto é, que possa
transmitir aos que o leem todas as informações necessárias, para que sua
proposta seja bem compreendida, não só nos elementos que a compõem,
como também nas suas inter-relações.
DICAS
_ Comentários gerais e opinativos não devem constar dos objetivos.
_ Lembre-se de que aquilo que parece óbvio para você, em geral, não o é para
outro leitor. Não se esqueça de informações que complementam seu projeto,
tais como parcerias ou articulações com outros projetos e instituições.
_ Preocupe-se sempre com a lógica de sua argumentação.
_ Procure não usar jargões. Eles confundem e diminuem a capacidade de
compreensão daquilo que você quer dizer, já que, em geral, os jargões são
como grandes “guarda-chuvas” onde tudo cabe, não deixando claro, para quem
lê seu projeto, a que, exatamente, você se refere.
_ Às vezes, o texto começa a ficar muito longo, pois você sente dificuldade em
explicar as suas ações. Tente fazer um quadro que sintetize o que está
querendo expressar, com uma legenda ou observações que o esclareçam.
Quadros e tabelas sempre permitem uma leitura mais objetiva dos assuntos.
_ O número de páginas não torna o seu projeto melhor. Ao contrário, uma das
características mais procuradas, hoje em dia, é a concisão. Ser capaz de
elaborar um documento claro, preciso e conciso, é fundamental.
_ No caso de seu projeto solicitar, para terceiros, recursos para a compra de
equipamentos ou outro serviço especializado, mande em anexo o levantamento
de preços de pelo menos três fornecedores.
_ No final, peça para outra pessoa ler seu texto e veja se ela o interpreta
corretamente.
_ Por último, lembre-se de realçar as positividades e potencialidades de sua
proposta. Ou seja, é importante que os financiadores entendam o quadro que
você analisou como passível de ser transformado por meio das ações
propostas, e que sua exposição não os leve a considerar uma perda de tempo
financiar o projeto.
Documentação complementar
Dependendo das peculiaridades do projeto, pode ser necessária a
apresentação de informações complementares, como por exemplo:
Memoriais descritivos, documentos de propriedade de imóveis, mapas
de localização, croquis e plantas de imóveis para empreendimentos que
envolvam obras;
Atas de assembleias ou de reuniões para projetos que envolvam
Associações ou Cooperativas, para comprovar sua concordância com o
projeto;
Declaração de participação de instituições parceiras ou documentos que
comprovem o estabelecimento de cooperação entre as instituições;
Termos de referência ou especificação de serviços a serem contratados,
para projetos que prevejam prestação de serviços de terceiros;
Licenças ou autorizações expedidas pelo poder público, caso a
legislação relacionada às atividades desenvolvidas assim o determine;
Fotos que ilustrem a situação inicial ou o contexto em que o projeto se
desenvolverá;
Catálogos contendo matérias publicadas pela imprensa ou relato das
iniciativas já desenvolvidas pela instituição, e que colaborem para o
convencimento sobre a importância do projeto.
Legislação
É muito importante verificar a legislação, que tem impacto direto ou
indireto sobre o projeto.
Sob o aspecto técnico, deve-se atentar para:
profissionais habilitados (responsabilidade técnica);
técnicas regulamentadas ou padronizadas;
normas sanitárias, ambientais, urbanísticas, entre outras, de acordo com
as especificidades do projeto;
licenças e alvarás.
Sob o aspecto administrativo, deve-se atentar para:
normas para licitações e aquisições;
procedimentos e legislação para contratação de equipes;
legislação tributária e trabalhista;
Capítulo 4
Seleção de Projetos
4.1 Avaliação pelo patrocinador, parceiro, financiador
Em algumas situações, muitos projetos sociais são elaborados com o
objetivo único de participar de algum processo de seleção de programas
públicos, objetivando sua adoção por parte de instituições, empresas.
Quando se tratar desta situação, fatalmente os projetos passarão por
uma triagem administrativa e técnica, sendo posteriormente analisados por
uma Comissão de Seleção, formada por profissionais que avaliarão o
alinhamento dos projetos com conceito, diretrizes, proposta e linhas de ação do
programa, segundo critérios definidos pela instituição, empresa que
representam.
Doar dinheiro é bom. Muitas pessoas e muitas empresas querem ter
este prazer, mas cada vez mais, os parceiros se preocupam com o retorno que
este investimento terá para a comunidade, e querem doar os recursos para
organizações que consigam provar que o utilizam da maneira mais eficiente.
Lembre-se de que existem cerca de 220.000 organizações sem fins
lucrativos no Brasil e que, de certa forma, estamos concorrendo com outras
organizações na busca de recursos. Quem for mais eficiente, tem maior
probabilidade de ter parceiros mais fiéis!
Existem vários critérios de avaliação de um projeto. Veja e perceba a
importância de um projeto bem feito e fundamentado, como fator decisivo para
sua aprovação.
Nesta avaliação, o projeto poderá ser aprovado ou não.
Caso o projeto seja aprovado, a formalização de seu início pode ser feita
por meio de um documento que denominamos de Proposta de Projeto ou
Contrato de Projeto.
Uma vez aprovado o projeto, deverá ser nomeada a pessoa responsável
por sua execução.
Caberá a este gerente, ou gestores de projeto, e a sua equipe,
passarem a se preocupar com o processo de planejamento do projeto.
Aprovação do plano: depois de todos concordarem, é necessário obter
a aprovação formal do plano.
Quem deve aprovar: clientes ou principais envolvidos.
Depois de aprovado o projeto, chegou o momento de estruturá-lo,
visando sua execução.
Capítulo 5
Detalhamento do Projeto
5.1 Estruturação
Depois da aprovação da proposta, começa o processo de detalhar o
planejamento inicial e organizar o projeto, preparando-o para a execução.
O projeto entra na fase de estruturação, que abrange as seguintes
tarefas principais:
Designação ou confirmação do gerente ou gestores do projeto;
Definição e montagem da equipe (busca dos recursos humanos
necessários para o projeto);
Elaboração de cronograma e de orçamentos detalhados, agora com a
participação da equipe;
Definição e mobilização de recursos adicionais e contratação de
fornecedores;
Organização das instalações para o início do projeto.
Organização
Para iniciar o gerenciamento de equipes, o gerente deverá identificar as
funções e trabalhos a serem executados, durante a realização do projeto.
A fase de estruturação termina quando fica pronto o plano-mestre do
projeto. O projeto está, agora, pronto para ser realizado.
5.2 Execução
A fase de execução do projeto consiste em colocar em prática todas as
tarefas planejadas, nas condições de qualidade, custos, prazos e de forma a
alcançar os objetivos das partes interessadas.
Esta fase caracteriza-se por um intenso trabalho em equipe, sob a
coordenação geral de uma pessoa responsável pelo projeto.
A eficácia na execução é parte essencial da gestão de um projeto, e
depende do acompanhamento, também chamado seguimento, controle ou
monitoramento.
O propósito é verificar, durante a execução do projeto, se está
acontecendo conforme o planejado, em todos os níveis.
Fase de Controle
A fase de controle segue os passos da execução, podendo dar origem a
diversos retoques e ajustagens no planejamento inicial, mantendo-se, porém, o
escopo do projeto.
O principal ingrediente do processo de controle ou monitoramento é a
obtenção de informações sobre as três variáveis do projeto:
1 – Escopo do projeto e do produto: especificações a serem atingidas pelo
produto principal e produtos ou resultados associados.
Controle do escopo
Verificação de impacto com custos, prazos e alocação de recursos
Formalização da mudança após replanejamento
Lições aprendidas
Mudanças ocorrem por:
-Evento externo
-Erro no planejamento
-Ocorrência de um assunto de risco
2 – Tempo: duração prevista do projeto, datas previstas para o início e
conclusão de fases, datas previstas para a entrega de produtos.
Controle do cronograma
Verificação do andamento do projeto
Medição da performance
Atualização do Cronograma
Ações corretivas
Lições aprendidas
3 – Custo: custos previstos, cronograma de desembolsos previstos,
cronograma previsto de liberação de recursos.
Controle dos custos
Revisões das estimativas de custos
Estimativas para conclusão
Ações corretivas
Lições Aprendidas
Modelo de Gráfico de Desempenho
Quando o projeto depender de fornecimentos, deve-se manter um
registro das entregas que serão feitas: natureza dos produtos e serviços
contratados, quantidade encomendada, data e local de entrega.
Com esse registro, o gerente e a equipe podem fazer o controle e
garantir a continuidade do programa de trabalho do projeto.
Os gestores sociais podem servir-se de ferramentas que contribuam no
acompanhamento do projeto, como: relatórios, boletins, fotografias,
questionários periódicos, reuniões com ata, arquivos de correspondências e
notas fiscais, etc.
Os registros auxiliam na aprendizagem e na avaliação do projeto social.
Outras dicas:
Visitar instalações: significa inspecionar os locais onde o projeto está sendo
realizado. Sempre que o projeto envolver obras, aquisições e montagens de
equipamentos, a visita pode mostrar o andamento das atividades,
possibilitando tomar medidas imediatas de controle.
A equipe do projeto deve sempre estar preparada para as possibilidades
de mudança, embora seja impossível prever as mudanças específicas. É
importante pensar nas implicações: alterações de escopo implicam alterações
no custo e prazo, e vice-versa.
A importância da comunicação nos projetos sociais
A comunicação faz parte do nosso cotidiano, nas relações familiares,
entre amigos, no trabalho, etc. Afinal, ninguém pode adivinhar o que se passa
conosco, se não expormos isso de alguma forma.
O mesmo acontece com os projetos sociais, se não expressarmos os
resultados, provavelmente, os outros julgarão que não existem.
É importante as organizações sociais preocuparem-se em dar
visibilidade para suas ações, tendo em vista, primeiramente, seu propósito de
contribuir para a transformação social, e portanto, suas atividades são de
interesse público, podem impactar diretamente na vida de sua comunidade e
na sociedade.
Além disso, em geral, os projetos são mantidos com recursos de outros:
orçamento público, contribuição do cidadão, agências financiadoras, fundos
públicos, etc.
Para o parceiro, também é fundamental disponibilizar informações sobre
os projetos, como ver e participar de uma matéria na imprensa ou evento,
receber relatórios, fotos, depoimentos, enfim, algo que lhes diga que estão no
caminho certo, que o projeto vale a pena. Mais difícil que conquistar um
parceiro, é mantê-lo.
É preciso ter bom senso, pois nem tudo que fazemos gera belas
imagens, são destaques em relatórios ou precisam de publicização externa.
Basta atentar aos nossos objetivos: foram atingidos? Superamos as
expectativas? Não estava bem e mudou o rumo? Saber como esses resultados
aconteceram é interessante.
Não espere que o momento acabe para avaliar o que foi bom; planeje
suas atividades; visualize antecipadamente, para convidar seu parceiro para
participar, chamar a imprensa ou, simplesmente, registrar por meio de fotos e
depoimentos.
Dicas:
1. Mantenha o ambiente sempre pronto para receber visitas. Surpresas
acontecem, e a primeira impressão é muito difícil de mudar;
2. Todos os envolvidos devem ter clareza do projeto e ser capazes de passar
informações, dar entrevistas ou até escrever sobre.
3. Sente-se com sua equipe e veja que momentos do projeto poderiam ser
mais apropriados para dar visibilidade, convidar a comunidade, os pais, os
parceiros, a imprensa. Às vezes, um projeto começa e acaba, sem ter deixado
nada na lembrança dos que dele não participaram diretamente;
4. Valorize seu (s) parceiro (os). Lembre-se de citá-lo(s) nas entrevistas, de
expor sua marca no material do projeto (camisa, folders, cartazes, livros, etc),
de fazer referência em falas públicas, enviar produtos confeccionados em
oficinas, enviar notícias publicadas nos jornais, etc;
5. Fique atento para as belas histórias de vida que seu projeto está ajudando a
construir. Experiências bem sucedidas, além de serem notícias, podem inspirar
outras iniciativas;
6. Perceba qual é o seu diferencial e aposte nele. É a força da comunidade? A
criatividade das crianças? As ideias dos facilitadores? É um bom time de
voluntários? Fortaleça o que tiver de melhor;
7. Preveja recursos para peças de comunicação, como banners da
organização; eles são práticos e podem identificar seu projeto numa foto ou
sua participação em um evento. Folders simples (1 ou 2 páginas), com
informações básicas sobre os projetos e a organização, também são úteis, e
servem como um cartão de visitas, por isso, não esqueça de colocar contatos
fáceis e atualizados;
8. Se você não possui informativos (jornalzinhos), sites, local apropriado para
eventos, máquina fotográfica, assessoria de comunicação, etc., não se
esqueça de olhar para os lados. Parceiros externos ou da comunidade, redes e
movimentos sociais dos quais faz parte, podem contribuir;
Esperamos que estas dicas sobre a comunicação do seu projeto possam
ajudá-lo(a), mas precisamos seguir em frente, com o nosso treinamento.
5.3 Encerramento do projeto
Fase de Encerramento
Celebrar a conquista!
Verificar e documentar os resultados do projeto
Formalizar a aceitação do produto final
Coletar material para acervo do projeto
Relatório de lições aprendidas
Avaliação do Projeto Executado
A avaliação de programas e projetos sociais é relativamente recente no
Brasil, e tem sido adotada de forma sistemática nos campos da saúde e da
educação. Em outras áreas da política social, a avaliação se comporta, ainda,
de forma descontínua.
A avaliação do projeto social implementado não pode ser apenas uma
simples checagem de dados ou verificação de metas, comparando aquilo que
foi estabelecido como desejável e o que efetivamente aconteceu.
Tratando-se de projetos sociais, a avaliação deve ser vista como uma
forma de “prestar contas” à sociedade das ações que estão sendo
implementadas, de modo que todos possam tomar conhecimento do grau de
eficácia, eficiência e efetividade das mesmas, bem como, das mudanças na
realidade dos beneficiários.
Especial atenção deve ser dada aos beneficiários do projeto, que
devem, na medida do possível, participar do processo de avaliação, e não
apenas serem informados dos resultados contabilizados pelos executores.
A avaliação, cada vez mais, é vista como forma de aprendizagem para a
equipe gestora e para os parceiros, além da função de prestação de contas.
Podemos considerar algumas ferramentas de coleta de dados:
- observação participante;
- questionários fechados ou abertos;
- entrevistas;
- grupos focais;
- filmagens;
- documentos e relatórios rotineiros;
- estatísticas de órgãos públicos;
Avaliação é um processo crítico de identificação, monitoramento e
aferição de situações, processos e resultados. Essas três possibilidades –
situações, processos e resultados – se colocadas na linha do tempo, facilitam a
compreensão das diversas etapas de um processo de avaliação.
Em termos de avaliação de projeto, você poderá utilizar três conceitos:
eficiência, eficácia e efetividade.
Eficiência
Avaliação da eficiência de um projeto: verifica e analisa a relação
entre a aplicação de recursos (financeiros, materiais, humanos) e os benefícios
derivados de seus resultados. Ou seja, a obtenção de “custo” mínimo (menor
número de insumos de pessoal, de moeda) para o maior número e qualidade
de benefícios.
A gestão de um projeto será tão mais eficiente quanto menor for o seu
custo e maior o benefício introduzido.
A avaliação da eficiência é bastante necessária no âmbito das políticas e
programas públicos, devido à escassez de recursos, que pressiona por uma
maior racionalização do gasto; também porque, no Brasil, paralelamente à
escassez de recursos públicos, os universos populacionais, a serem cobertos
pelos programas sociais, são de enormes proporções.
Eficácia
A eficácia de um projeto está relacionada ao alcance de seus objetivos.
A sua gestão será eficaz à medida que suas metas sejam iguais ou superiores
às propostas.
A eficácia deve ser medida na relação estabelecida entre meios e fins,
isto é, o quanto o projeto – em sua execução – foi capaz de alcançar os
objetivos e as metas propostas, e o quanto foi capaz de cumprir os resultados
previstos.
A avaliação da eficácia é uma das mais praticadas. Se a eficiência é um
objetivo democrático, a eficácia e a efetividade são objetivos éticos, porque se
referem aos valores a serem perseguidos, como equidade e justiça social.
Efetividade
A efetividade de um projeto está relacionada ao atendimento das reais
demandas sociais, ou seja, pela relevância de sua ação e sua capacidade de
alterar as situações encontradas.
A efetividade é medida, portanto, pela quantidade de mudanças
significativas e duradouras, na qualidade de vida ou desenvolvimento do
público beneficiário da ação, que o projeto, ou política, foi capaz de produzir.
A efetividade tem sido um alvo buscado na avaliação de políticas
públicas, dada a consciência das desigualdades sociais, pobreza e exclusão,
que atingem parcela majoritária de nossa população.
Para medir o grau de efetividade de um projeto ou programa social,
torna-se necessária a adoção de uma perspectiva comparativa entre o “antes”
e o “depois”, e essa tem sido uma das dificuldades na realização de avaliações
sobre a efetividade de programas sociais.
Também se apresenta como dificuldade, ou desafio, nesse tipo de
avaliação, o estabelecimento das relações de causalidade entre os ganhos de
efetividade e o programa implementado.
A avaliação que antecede a intervenção, comumente chamada
diagnóstico, justificativa, análise de contexto, análise situacional, cenário,
dentre outros termos, é aquela análise que fazemos para determinar onde
nossa intervenção se insere, e como ela poderá fazer a diferença. Essa
avaliação assegura a conexão entre nossa ação, normalmente localizada no
plano micro (comunidade, bairro, grupo social alvo do projeto), e no plano
macro, o cenário maior daquela comunidade, município ou estado.
A avaliação feita ao longo do processo de implantação e
desenvolvimento de um projeto é comumente denominada acompanhamento.
Trata-se de uma avaliação paulatina.
A avaliação feita ao final do projeto, que objetiva medir o resultado da
ação (e mais adiante, o impacto causado pelo projeto), é o que, em geral, se
chama de avaliação stricto sensu.
Prestação de contas
A prestação de contas de um projeto não é a mera descrição de
resultados financeiros.
Como, quando, do que e a quem prestar contas?
É necessário prestar contas para as agências ou órgãos que financiaram
o projeto, no todo ou em parte, de como os recursos concedidos foram
utilizados.
Cada um desses financiadores possui normas próprias que definem a
forma como a prestação de contas deve ser apresentada, bem como, a
periodicidade com que deve ser feita. Portanto, é fundamental ter claro, desde
o início da negociação do projeto, quais são as regras que nortearão a futura
parceria.
De qualquer maneira, o que servirá como indicação da correta e
eficiente utilização dos recursos, deverá estar registrado nos instrumentos
anteriormente apresentados. Se corretamente utilizados, eles conterão as
informações necessárias ao preenchimento dos formulários que cada agente
financiador exige.
A apresentação de extratos bancários é sempre uma exigência nas
prestações de contas, parciais ou finais.
Geralmente, os recursos são recebidos e movimentados através de
contas bancárias, abertas, exclusivamente, para um projeto, encerrando-se
com ele.
Os extratos devem corresponder ao mês ou período de referência, ou
seja, ao período que estiver sendo objeto da prestação de contas.
Os relatórios da prestação de contas podem ser acompanhados de
todas as notas fiscais, recibos ou outros documentos comprobatórios de cada
despesa efetuada pelo projeto.
Mesmo que o agente financiador não exija a apresentação desses
comprovantes, eles devem ser arquivados por cinco anos na organização, por
exigência legal.
Faz parte da prestação de contas a apresentação dos relatórios técnicos
do projeto, com indicação do cumprimento das atividades previstas, das metas
e dos objetivos estabelecidos. Essas informações devem ficar a disposição da
comunidade envolvida.
Esse procedimento confere transparência para a gestão do projeto.
Além disso, é um direito da comunidade o acesso a essas informações.
Uma prestação de contas também pode servir como referencial para a
elaboração de um novo projeto.
Uma vez que apresenta o que efetivamente ocorreu, pode-se compará-
la com o orçamento inicialmente previsto e analisar as informações contidas
em ambos. Certamente, essa análise contribuirá para um melhor planejamento
futuro.
Roteiro básico para elaboração da prestação de contas (relatório técnico-
financeiro)
1º passo – Ter em mãos:
• o cronograma financeiro aprovado;
• o cronograma de atividades;
• o talão de cheques;
• o extrato bancário corrido do mês de referência (daquele que será o objeto de
prestação de contas);
• os comprovantes de despesas do período (recibos, notas fiscais) agrupados
por tipo de despesa, e somados;
• a memória de gastos (especificação das despesas).
2º passo – Perguntar:
• ao extrato bancário: “Quanto recebi?” Verifique o crédito do depósito do
financiador. Lance no campo próprio.
– Qual o meu saldo? Verifique o saldo do extrato. Lance no campo próprio.
• aos comprovantes (notas fiscais, recibos, etc.): “Onde gastei?” Registre o total
de cada item em seu respectivo campo.
O valor recebido, menos o gasto, tem que corresponder ao saldo
apontado no extrato.
Obs.: Pode ocorrer que o extrato não contenha o lançamento, dentro do mês,
de algum pagamento já efetuado, mas que ainda não caiu.
Neste caso, o saldo do extrato não corresponderá ao saldo real
existente.
É preciso verificar sempre os motivos de alguma diferença, para garantir
a eficácia do acompanhamento do planejamento financeiro do projeto.
3º passo
Enviar o relatório financeiro devidamente preenchido, após verificar sua
consistência (extrato versus comprovantes), ao agente financiador,
acompanhado do extrato bancário e do relatório de atividades, atentando-se
para os prazos determinados para sua apresentação.
Obs.: Algumas agências financiadoras exigem que o relatório financeiro
acompanhe a relação dos pagamentos efetuados, com a data do pagamento,
número do cheque utilizado, a quem foi pago o valor, qual o tipo de documento
(nota fiscal, recibo, etc.).
4º passo
Verificar as atividades envolvidas no período, observando se ocorreram dentro
do previsto. Preencher o relatório de atividades, apontando quaisquer
ocorrências relevantes ao andamento do projeto.
Obs.: Discrepâncias entre o previsto (cronograma financeiro, cronograma de
atividades) e o realizado, tanto com relação às despesas quanto com as
atividades, devem ser analisadas e encaminhadas, de forma a garantir o
adequado andamento do projeto e sua conclusão, de acordo com os padrões
estabelecidos.
DICA: o orçamento detalhado é uma excelente ferramenta para comparação
com as despesas executadas, principalmente quando discrepâncias aparecem,
pois permite uma verificação mais “fina” de onde está ocorrendo o problema.
Finalizando o processo:
Uma vez atingido o objetivo, o projeto deve ser encerrado, com algumas
disposições finais, a partir da aceitação do produto (objeto do projeto). Deverão
ser tomadas providências para a conclusão de contratos, encerramentos
administrativos, devolução de materiais, espaços, etc. Nesta fase de
encerramento, deverá ser feita uma avaliação geral, assim como, um
levantamento das lições aprendidas.
Lições aprendidas 1:
Produtos foram entregues conforme a descrição do escopo?
Houve atrasos? Por quê?
Ocorreram riscos não previstos?
Os clientes estão satisfeitos?
A equipe ficou satisfeita?
Lições aprendidas 2:
Houve comprometimento das pessoas?
Houve problemas de comunicação?
O projeto foi bem documentado?
Os fornecedores foram eficientes?
Recomendações para projetos futuros?
Disseminação dos resultados
Planejamento das comunicações
Quem necessita de qual informação?
Quando as informações serão necessárias?
Como fornecer as informações para pessoas certas?
A divulgação das experiências bem sucedidas é de fundamental
importância, tanto para a continuidade do projeto, quanto para o impacto
positivo que se pretende deixar. As ações de disseminação dos resultados
também precisam ser pensadas dentro de cada projeto.
As propostas de divulgação poderão ser planejadas em nível local ou
regional, incluindo os seguintes itens:
. Definição do que será objeto de divulgação (metodologias, técnicas,
experiências);
. Definição dos produtos por meio dos quais será feita a divulgação (livros,
artigos para revistas, jornais, vídeos, seminários);
. Definição das atividades de divulgação (palestras, reuniões);
. Definição da abrangência da divulgação (local ou regional);
. Definição do público que se pretende atingir (outras populações com
características semelhantes às dos beneficiários do projeto, órgãos públicos,
setores acadêmicos, organizações não governamentais, etc.).
Capítulo 6
Captação e Fontes de Recursos
6.1 – A visão do financiador
Veja, a seguir, informações sobre a visão do financiador, assim você
saberá como adequar os projetos para que sejam aprovados ou liberados os
recursos para sua execução.
Fundo Financiador: O objetivo de um Fundo Financiador é aportar
recursos financeiros em projetos que, efetivamente, sejam solucionadores de
um problema e que promovam uma mudança positiva na realidade local.
Para que esse objetivo seja alcançado, a instituição proponente deve
cumprir uma série de exigências e adotar procedimentos para a aceitação do
projeto por parte do financiador.
Apresentaremos, a seguir, alguns aspectos que devem ser observados
para o sucesso da elaboração e execução de um projeto.
Principais motivos de reprovação de projetos
Falta de coerência lógica entre o problema a ser atacado, objetivo e metas.
Metodologia pouco detalhada.
Baixo vínculo com a linha de atuação e interesse do financiador.
Deficiência na apresentação formal.
Falta de documentos.
O que fazer antes da elaboração do projeto:
r) Faça um levantamento das informações sobre a instituição apoiadora;
s) Esclareça eventuais dúvidas;
t) Monte um cronograma de trabalho para a elaboração do projeto;
u) Envolva a comunidade.
O que fazer durante a elaboração do projeto:
Divida as tarefas;
Busque apoio de especialistas;
Envolva a comunidade.
O que fazer após a elaboração e encaminhamento do projeto:
Acompanhe o processo de seleção;
Envolva a comunidade.
O que fazer após a aprovação do projeto:
Zele pelo fiel cumprimento das etapas de execução;
Aplique corretamente os recursos disponibilizados;
Envolva a comunidade na execução e no monitoramento;
Preste conta da aplicação dos recursos.
6.2 Pesquisa sobre os principais fundos financiadores
A finalidade deste tópico é que você conheça fontes de informações
sobre fundos, editais e programas de financiamento, para que possa utilizar
estes dados para captação de recursos para seus projetos.
A captação de recursos, apesar de ser uma preocupação constante de
várias organizações sem fins lucrativos, ganhou, nos últimos anos, uma
enorme importância e passou a ser vista como uma ação que deve ser levada
a cabo com uma dose maior de profissionalismo.
Os recursos governamentais e da cooperação internacional
(governamental e não governamental) vêm sendo reduzidos ou, na sua
maioria, se tornando restritos para certos temas, regiões ou projetos, em vez
do apoio direto à organização como um todo. Além disso, a valorização do
papel das ongs e das organizações sem fins lucrativos em geral, ocorrida após
a Conferência Rio 92, provocou a proliferação de iniciativas e de novas
organizações, que passaram a solicitar e a disputar estes mesmos recursos,
cada vez mais escassos.
Ampliar as fontes de recursos torna-se crucial para que as organizações
possam, além de sobreviver, desempenhar um papel relevante junto aos seus
públicos e à sociedade em geral.
Uma boa estratégia de captação de recursos contribui para que uma
organização seja mais autônoma frente às mudanças ou exigências por parte
das fontes de financiamento, com maior capacidade de manter sua identidade
e de não abrir mão de sua missão e valores. Mais do que autossustentação –
que foi um conceito que virou moda no universo das ongs há alguns anos –
trata-se de garantir a sustentabilidade dos propósitos e iniciativas da
organização, por intermédio da ampliação e diversificação das fontes de
recursos.
Desse modo, reduz-se a vulnerabilidade e a subordinação, tão comuns
quando se depende de poucas fontes financiadoras.
A prospecção de doadores e parceiros é uma atividade estrategicamente
importante no processo de captação de recursos de qualquer organização
social.
O planejamento da captação de recursos de uma organização deve ser
uma consequência do seu planejamento estratégico.
Recursos necessários: uma vez definida a missão da organização, os
problemas que ela se propõe a combater e a forma como atuará na
comunidade (os projetos sociais que serão desenvolvidos), fica fácil definir que
recursos serão necessários para viabilizar estas atividades. Observe que as
informações e orientações, você já teve durante o Curso. Portanto,
entendemos que, até aqui, estamos credenciado para obtenção de recursos.
Origem dos recursos: o próximo passo é definir de onde virão estes
recursos. Existem muitas alternativas de potenciais parceiros para qualquer
projeto social: governos, empresas, fundações, pessoas físicas, entidades
religiosas, projetos de geração de renda, organização de eventos para
captação de recursos, etc. Cada uma destas possíveis fontes de recursos tem
características próprias – doam para fins diferentes, de formas diferentes, tem
interesses diferentes, exigem estruturas diferentes das organizações parceiras
e representam desafios diferentes a serem superados.
Fontes adequadas ao projeto social: a maior dificuldade, neste ponto do
planejamento, é definir que fontes são mais adequadas ao seu projeto
social. Esta decisão deve ser tomada, levando em consideração as
características do projeto, da organização e os objetivos do plano de captação
de recursos. Uma vez definidas as fontes de financiamento, com as quais a
organização tem mais afinidade, deve-se começar o trabalho de prospecção,
propriamente dito.
Doadoras: se uma organização definiu como prioridade a captação de
recursos junto a empresas, por exemplo, precisará selecionar quais são
doadoras em potencial. Nem todas as empresas são candidatas a doadoras.
É preciso verificar a afinidade da missão da organização junto da causa
escolhida pela empresa em seu programa de responsabilidade social.
A elaboração de um plano para prospecção de novos parceiros e
doadores é uma tarefa fundamental no sistema de captação de recursos. A
prospecção bem feita facilitará o trabalho de captação, no sentido de direcionar
as atividades da equipe para contatos com maior probabilidade de sucesso.
A internet pode ser uma ótima fonte de informações, mas não deve ser a
única.
Existem muitas formas de buscar informações pela internet, mas as
organizações precisam tomar cuidado para que este trabalho seja realizado de
forma produtiva. É comum que se perca muito tempo navegando na internet,
sem conseguir informações relevantes.
Desta forma, é importante selecionar bem os caminhos para busca de
informações, para que se tenha informações relevantes, sem um alto custo de
pesquisa.
Informações importantes sobre doadores de recursos
Muitos doadores só permitem pedidos de recursos a partir de um
convite, e exigem que os pretendentes submetam uma carta-requerimento,
para que possam ser convidados a apresentar um pedido completo. A carta
deve ter duas ou três páginas no máximo, deve resumir toda a informação
chave e ser elaborada de modo a convencer o doador a considerar o pedido.
As cartas-requerimento oferecem, ao pretendente, a oportunidade de
passar para o doador uma visão do projeto, do programa proposto.
É pouco provável que um projeto isolado possa resolver um problema ou
oferecer uma solução social que se presuma negativa. Em geral, um projeto
pode estabelecer um impulso para a mudança, pode iniciá-la, mas não basta,
por si mesmo, para que toda a transformação desejada ocorra.
Não reconhecer esse fato é perigoso, pois mesmo um bom projeto pode
estar sujeito a manipulações politicamente perversas, em sua implantação, ou,
ainda, ser transformado em mera peça ideológica, a serviço de jogos do poder.
Pode-se dizer que os aspectos mais importantes a serem observados na
relação de um projeto social, são:
* compreensão do contexto no qual se pretende atuar;
* participação ativa de todos os atores envolvidos de alguma forma, no projeto;
* definição clara do problema a ser abordado e dos objetivos para enfrentá-lo;
* apresentação de soluções consistentes e inovadoras;
* análise de viabilidade (técnica, financeira, operacional, social e ambiental);
* conhecimento dos pressupostos;
* definição dos indicadores de desempenho e dos meios de verificação;
* concatenação lógica de todos os elementos que compõem o projeto
* e elaboração de uma proposta coerente, completa e não muito extensa.
Boa sorte e Sucesso!