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N° 173 S. Paulo, 6 de Fevereiro de 1915 ANNO IV

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O PIEDflDAO DEPOIS DA VICTORIA

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jjjg ^Zl Õ PIRRALHO ===|gj|

A FE DADESociedade Mutua de Pecúlios por NASCIMENTOS, CASAMENTOS e MORTALIDADE

Âpprovada e autorizada a funccionar em toda a Republica pelos decretos Ns. 10.470 e 10.706¦ti-miMii hiiismi i—i Sj^t n=a.;^Bsi—wiiiii m/.

PECÚLIOS PAGOS MAIS DE 350:000$000

Todos os que se inscreverem até 31 de Dezembro cie 1914, nas séries de casamentoreceberão os pecúlios um anno depois da inscripção.

T)épois da inscripção os mutualisicts podem casar quando quizerem.

Quem se inscrever nas séries de nascimento, até o fim do corrente anno, será chamado 10meses depois da inscripção e receberá de uma só vez o pecúlio que lhe couber.

õ nascimento pode dar~se em qualquer tempo.

Todo o sócio que propuzer outro para a sua série terá a seu credito a importância decinco contribuições. Depois de completas as séries, por cada oito chamadas feitas, a sociedadedispensará as contribuições dos mutualistas para as duas chamadas immediatas.

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Sede Social: RUA S. BENTO N. 47 (sob.) - Caixa Postal, U - Telephone, 2588SÃO PAULO *=—^-

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Das marcas mais conhecidasSão estas que causam fé:As mais fortes, mais queridas,São marcas %enau/t e jjer/ief

São os melhores da praça!Pasmem todos! Vejam só!Pois custam quasi de graçaOs autos }$erliet e Renault

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mPedidos: CASA ANTUNES DOS SANTOS - Rua Direita N. 41

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S. Paulo, 6 de Fevereiro de 1915Numero 173

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' & r IPllllÍHÉf%s>Semanário lllustrcid®

de Importância: : : : : evidente

J Caixa do Correio, 1026

RedaoçãoRUA 15 DE NOVEMBRO, 50-B

0 caso do RioQuando na Câmara alta foi votada

a intervenção no Estado do Kio, ossenadores mineiros não compareceramá sessão e a ausência dos dois repre-sentantes das alterosas foi muito notada e commentada.

Agora que o projecto de intervençãodevia ser discutido pela Câmara baixa,quando os papeis já estavam em pu-der dos membros da Commissão deJustiça e o ineffavel sr. Nicanor jáhavia dado o seu parecer favorávela intervenção, o leader da maioria,o sympathico e intelligente dr. Anto-nio Carlos, pede o adiantamento dasessão extraordinária do Congresso, eo seu requerimento é immediatamenteapprovado.

A ausência dos srs. Bernardo Mon-teiro e Benicio de Paiva no Senadono dia em que foi votada a inter-venção no Estado do Rio, mostra cia-ramente que o honrado sr. WenceslauBra// condemna a política nefasta docaudilho, que quer desrespeitar umadecisão do mais elevado corpo de ma-gistrados do paiz e praticar um esbulhoinconfessável, tirando da presidênciaum homem legitimamente eleito e em-possado.

O requerimento do sr. Antônio Car-los é também altamente significativo,pois é mais um óbice interposto ásmanobras diabólicas do malfadado per-recismo.

São as nossas conjecturas; os factosdirão si temos razão...

i COISAS DA RUA—»«

Sobre o assassinato do moço den-tista, nesta capital, trouxe-me um men-sageiro a seguinte carta assignada poruma senhora que se declara minha

admiradora, o.que muito me desvanece,appelanclo para e meu bom senso, e,verberando assim, o assassinato.

Eis a carta:«Illust:e senhor clironista do brilhante

« O Pirralho »

Não posso calar a indignação que me vaen'alma a propósito do modo porque foi no-tieiado pelos jornaes desta capital; oassnssi-nato do cirurjião dentista, por uma infeliz etransviada rapariga.

Os jornaes, na fúria aliás muito inglóriade absolver e cobrir de louros a fria crimi-nosa, não se lembraram de que, defendendo-a,oflendiaru horrivelmente a sociedade e a fa-milia, vilipendiando os lares, em cujos nomesfallavam, disseram elles.

Como mulher, dona de um lar que eu de-fendo e prezo, protesto, snr. clironista, commuita indignação contra essa infâmia ou máfé, da imprensa absolvitoria que tratou dofacto.

Que moça honrada era essa Notari, queno terceiro ou quarto encontro que teve como seu namorado, delle se fez noiva, sem queseus pães soubessem ?!

Que noivado era esse longe das vistas dospães, sob umbrosas arvores, criminosamente,ás occultas do publico, sem o conhecimentodos parentes e sem a approvação dos pães?!

A imprensa, elogiando essa moça cruel-mente assassina, vem contribuir paia queessa moda de noivado illicito se reprodiisa,na sna deshonestidade clftmórosa.

Que espécie de pae honrado é esse queao saber, já suspeitando que sua filha esti-vesse grávida, que ei Ia havia seguido parao Kio, sôsiuha, exclama sorridente: «loucu-ras de meninas !... »

Que honestidade a dessa moça, que fazianoivado na casa de rendez-vous da rua Coutode Magalhães?!

Que honestidade a desse pae, que sabedorde que a sua filha estava deshonrada, nãotendo por cobardia, coragem para assassinaro auctor da sua deshonra, instaura contraelle um processo criminal para obrigal-o ase casar, dolosamente occultando a idade dafilha, que já era então maior?!

Que honestidade- é a dessa moça que sedesespera, não, quando se vê deshonrada, massim quando sente perdida a sua acção cri-minai, com a apresentação em juizo da suaverdadeira certidão de idade que o desven-turado dentista conseguiu e mandou juntaraos autos?! O desespero não foi por ter

perdido a honra, mas sim o casamento queella e os pães almejavam.

Que loucura é essa dessa moça, que pre-medita crimes e comette assassinatos cobar-demente, pelas costas da victima?!

Afora esses, illustre snr. clironista, abun-dam-nie outros argumentos que não expendoporque esta carta já vae longa.

O sentimentalismo dessa imprensa que de-fende uma criminosa só por ser mulher^ epor se acobertar com o phantastico rotuloda defesa da honra, é, snr. chronista, muitoe muito perigoso.

Em nome da mulher paulista, em nomedos lares honestos que não permittem essesagora elogiados noivados ás occultas, é queescrevo ao snr., pedndo um pouco da suaattonção para estas linhas, o pedindo desdejá desculpas por occupar um pouco do seuprecioso tempo.

Cr.da e adm.oraUma Senhora.»

Commentem os entendidos.¦ Marcus Priscüs

Acção Perdida

De nada valerá qualquer acção.O caso eu já estudei e é complicado,E embora eu seja um hábil advogado,Desisto de tratar dessa questão.

Estou certo, bem certo que a razão

Milita inteiramente ao nosso lado,

Mas tremo, fico todo apavorado

Quando penso em fazer a petição.

E' que teu pae, querida, é juiz e parteNesta causa difficil e destarteNão ha razões finaes boas e justas.

Sejamos, pois, mais hábeis e mais cantos,

Que teu pae não estando pelos autos,

Teremos que pagar todas as custas...

Jacintho Góes

ANDAR 7)

EST.

PRAT. e/^ N o da C RD.

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O PIRE ALHO

s CLIOUm livro e uma trombeta, alteando o porte esguio,

Prende em ambas as mãos. E' a padroeira da Historia.

E, coroada de louro, em scismas, merencoria,

Vem descendo o Helicon, busca o sagrado rio.

Chega ao Permesso, alfim. Deante das águas, Clio

Soltou, da espadua aos pés, a chlamide incorporea.

E ante o próprio esplendor, num êxtase de gloria,

Prendeu a cabeleira, o dorso alteou, sorriu.

E mergulhou. Depois, cheia de encanto e goso,

Toda anhelo e tremor, foge das ondas eérulas;

Na força virginal do corpo delicioso.

E então, á flor da Grécia, a brilhar, lado a lado,

Bolam-lhe as gottas de água, em diamantes e pérolas,

Pelas carnes pagas de mármore rosado...

Ntjto Santanna

II

i

extraordinário especialista Da RochaNogueira de Rodolpho Miranda, v

O Piedade Zé, que devia andar noarame eleitoral, ao primeiro passo quedeu, cahiu e espatifou o nariz.

O palhaço Rapadura no picadeirodo Districto Federal, tomou tambémformidável fora sendo muito applau-didos os srs. Irineu Machado, VicentePiragibe, Barbosa Lima e outros dacompanhia adversaria. E foi assimtoda a representação.

Tudo correu admiravelmente e oajuntamento do Machado Pinheiro foiderrotado.

A continuação da farça será o re-conhecimento de poderes.

D.

I

The World ou 0 Mundo como quero distincto e operoso pr-efeito Dr.Washington Luiz, é o nome da sym-

pathica revista que se edita nesta ca-

pitai.Sobre a mesa temos o seu ultimo

numero, que esta explendido.

j4ota Politica AS EÜEIÇÕES

A farça eleitoral neste paiz, se repetiusolennemente, no dia 30 do mez findo.

Se bem que não houvesse grande nu-mero de expectadores, foi bem repre-sentada e bem boas gargalhadas ar-rançou do publico.

Nessa representação, foi solennemen-te vaiado o director do circo eqüestreP. R. O. senhor cav. Machado Pinheiro.Os representantes do seu agrupamentoforam muito infelizes no desempenhode seus papeis.

Chefiaram a vaia no terrível clown,Minas, S. Paulo, Bahia, Pernambuco,Rio, Districto Federal, Alagoas, e ou-

tros vários grupos esparsos.Machado Pinheiro ao fim da repre-

sentação teve um ataque de despres-tigio politico-eleitoral e quasi morreu.

Valeram-lhe os proficientes soccorros

médicos dispensados ao enfermo pelo

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Um grupo de eleitores da IConsolaeão do qual ter *** o operoso

Coronel Eusehio da Cunha, posando para o pirralho

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O PIRRALHO

A flOSSA «EflQUÊTE" SOBRE FRADIQUE íttEflDESFAüa^os g. de r^drrde e aünleiüa

;-5yAs[-;v^V;;..S:-.

^..vvV,-:-;-'./!,.. -

Meu caro Oswald,

Foi por uma destas manhãs saudáveis, deluz violenta, que sahi, em vagabunda romã-ria, por bazares e expos:ções cVarte, á pro-cura d'um busto de Voltaire.

Não me atrevia a suspirar por uma repro-ducção feliz da obra-prima de Houdon, oudo mármore de Pigalle: uma despretenciosacabeça do pliilosoplio irüiiico de Ferney erao que me bastava para pôr, como desejava,uni .sorriso de gesso num canto austerode bibliotheca. Mas, voltei, desolado, semo meu Voltaire, scismando melancolicamentena deficiência artística desta nossa impor-tada Capital.

Então, como me sentisse absurdamentedisposto a pesquizas, lembrei me das per-guntas com que V., ó benevolo Oswald, com-

placentemente me distinguiu, pelas columnastravessas do seu interessante PIRRALHO,incluindo me na lista dos inquiridos sobrea áspera questão da vida superior. E, dolanterna em punho, peregrinei perdidamentepor historias, literaturas e philosophias, embusca de um homem, o Homem, deante do

qual eu devesse apagar, como o vado Dio-

genes, a luzinha cynica.Tal como da caça infructifera ao busto do

sarcástico philosopho, assim também emergi,fatigado, desse jornada erudita, com a lan-terna nômade bem accesa e mais umas trêsou quatro interrogações no espirito!

Cultores do be lo em todos os seus mati-zes, engenhadores profundos de theoriascomplicadas, mundanos d'insolente correcção— muitos encontrei, grandes, geniaes... masdesastradamente fracos.

Aqui, escutei, sublinhando um golpe anda-cioso de camartello, o «Fala, já que vives!»do arrogante idolatra de si mesmo; ali, ouvide Stirner, o precursor atrevido do funestonitzscheanismo, esse intolerável «Eu sou o

Único» — denunciador da tremula centelhahumana; além, avistei, arrojadamente râpè,Morny, o filho apocrypho e soberbo da rai-nha Hortensia, exhibindo, por praças e sa-lões, esse compromettedor brazão com aquellasuggestiva hortensia posta escandalosamenteem barra!

Em todos, meu caro Oswald, em todos,essa mesma tresloucada volúpia de nâo que-rer ser homem...

Aborrecido, deixei de parte os in-fóliosempoeirados da insipida historia dos homensreaes e, recorrendo á dos artificaes, puz-niea folhear a sympathica brochura do phan-tasioso esculptor de Fradique Mendes. Será

este um typo representativo de vida supe-rior? — Parece. E parece, porque «fez duascampanhas, apostolou uma religião, trilhouos cinco continentes, absorveu tantas civili-zaçôes, percorreu todo o saber do seu tem-

po»; parece, porque nelle se sento «brotar,tepida e generosamente, o leite da bondadehumana?; i>areçe, porque era desses, «sin-

gularmcnte raros, que encontrando, numagreste dia d'inverno, um pequenino quepede, transido^de frio — param sol» a chu-va e sob o vento, desapert.im pacientementeo paletót, descalçam pacientemente a luva,

V. " "• * í?}' ¦>> *,,'*¦[''¦¦'* ' ¦¦¦ >.".¦*-¦-¦. i*..v-

para vasulhar no fundo da algibeira, á

procura da moeda de prata que vae ser ocá-ôr e o pão de um dia»; parece, sim, por-que amou, amou a Mulher «na simples"" ebôa lei natural, como os Faunos amavam asNympliasj e porque rezou: «Creio na Vidatoda — poderosa, creadora do céo e daterra»...

Parece, sim, o homem superior, mas nãoo é. Náo o é, porque foi titubeantementeo eiiineleão, »o devoto de todas as Religiões.o partidário de todos os Partidos, o disci-

pulo de todas as Philosophias»; porque sóandou, egoisti.amente, «á busca de verdades

que não eram pa a o ruido e para o mundo»;

porque não deixou uma obra, pois Fradique«nunca foi verdadeiramente um autor»; fal-

tou-lhe, para isso, «a certeza do seu valor

definitivo, a arte paciente, o querer forte,

para produzir aquella fôrma que elle con-

•¦.: - ¦'.

cebêra em abstracto, como a única dignade encarnar as suas idéas»; não o é, porqueteve a «desconfiança de si mesmo como pen-sador, como escriptor e creador d'uma pro-sa»; porque «faltou-lhe na vida um fim sérioe supremo, que as suas qualidades, em siexcellentes, concorressem a realisar»; por-que, ao seu cérebro « admiravelmente cons-truido e mobilado, faltou uma idéa que oalugasse, para viver e governar lá dentro»;e, principalmente, porque faltou «ás suasmúltiplas e fortes aptidões coordenação econvergência rara um fim superior».

Assim, com a sua individualidade pu jante,com a sua indolente curiosidade, com a suaerudição impubere, a subtil e preciosa figu-rinha do Eça, o seductor Fradique, «ce typeideal que les jeunes gens adoptent en com-mençant la vie et sur lequel ils se façonnent

presque à leur insu» — não passa d'um de-licioso elegante, d'um mundano requintadoe culto.

Intel igentemente decalcado sobre o pro-prio Eça e sobre aquelles que o seu enge-nhoso autor mais amou e comprehendeu emvida, Carlos Fradique Mendes é o resultadomagnífico de pacientes mutilações, de par-cellas selectas, formando um todo, sensohomogêneo, pelo menos extremamente bello,e harmonioso como um vitral de piesbyte-rio ou um mosaico de serralho... Fradiquefoi um grande elegante, um elegmte perfei-to, um elegante ao qual não faltou a cul-tura bastante, necessária, essa cultura fina emalleavel que completa a elegância, vesti-ndo com graça o espirito e inspirando naescolha difficil das cheviotce...

Elegantíssimo, viajado e lido, delle se

pode dizer que foi uma edição vernáculado Baedecker... encadernado no Poole!

Innaccessivel ao catitismo, Fradique foio elegante supremo porque soube, com abun-dante gosto e rara solidez, atar em si, indis-soluvelmente, as duas elegâncias: a d'exte-

rjor _ vestindo-se custosamente em Londres— e ad'interior — educando superioi menteo espirito.

Tão genuinamente elegante era Fradique,

que si V., meu caro Oswald, o despojassedo impeccavel casaco londrino, mettendo osacrilegamente n'uma péssima rabona d'ins-

piração infeliz, elle, o adorável Fradique,continuaria a ser o bem-amado de Anna deLéon, «um Lucrecio moço, em plena gloria,todo nos sonhos da Virtude e da Arte»; ellefaria, do mesmo modo, sorrir a botoeiradecrépita da conselheiral rabona com aquellassuas mesmas rosas «que eram sempre as

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O PIRRALHO

mais frescas, como a idéa do seu espirito,a mais original»; elle continuaria a ser o

gentleman que «escolhe um perfume, bebe

goles de chá que lhe manda Gran-duqueVladimir, que dieta a um creado de calçãotelegrammas que vão levar noticias suas aosboudoirs de Pariz e de Londres, e que, de-

pois de tudo isto, fecha a sua porta ao mun-do e lê Sophocles no original»...

Embora dentro dessa odiosa sobrecasacacom que V., ó perverso Oswald, tentassecompromettel-o, Fradique seria ainda aquellemesmo que. «tira a charuteira e dá uma syn-these profunda, de uma transparência decrystal, sobre a guerra do Peloponeso; que,depois, accende o charuto e explica o feitioe o metal do cinturão de Leonidas»!

Continuasse V. temível Oswald, a ma

1^

Palcos & FitasSão José — Rea-

Lisou-se quarta-feiraultima neste thea-tro um espectaculode variedades embeneficio das victi-mas do terremotorecentemente oceo-rido na Itália.

0 theatro ficou completamente cheioe o publico divertiu-se a valer.

Bi»azil Cinema — Sempre anima-dissimas as secções deste magníficocinema.

A emprega organiza sempre um pro-gramma excellente de modo a attra-hir o publico, que todas as noites en-che o confortável e aristocrático cine-ma.

liús Theatpe — Têm sido muitoconcorridos os espectaculos deste ei-nema.

As fitas exhibidas durante a semanaque finda foram apreciadissimas.

Hoje soirée de gala.

Biblioteca da força Publica do EstadoDE SÃO PAULO

0 movimento desta Biblioteca, du-rante o mez de Dezembro p. findo,foi o seguinte: —

Obras sahidas para leitura: — 515— sendo em litteratura 206, assumptosmilitares 87, didacticos 50, historia

monstruosa obra de demolição, applieandoao nosso Fradique umas horrorosas mangasde lustrina e fazendo-o sentar-se, intimidadoe de barba amanhecida, a uma detestávelmeza da burocrática 4.a secção da Eeparti-ção dos Correios e V. veria ainda esse «scep-tico de finas letras, que cuidava dos maleshumanos envolto em cabaiasde seda*, encherde sua esciipta «ora cerrada e fina, ora hesi-tante e demorada, ora mais fluida e rápida»,não um vergonhoso rectangulo de papel ai-masso, mas aquellas «explendidas folhas deWhatman, trazendo a um canto as iniciaesF. M., minúsculas, simples, em esmalteescarlate» !

Porisso, meu caro Oswald, é que Fradique,representando, para mim, o homem das sub-tilezas, o amado dos salões, um guloso do

inédito, alguém cque passou infinitamentecurioso e attento^ realiza fartamente o typoideal .do elegante perfeito.

Mas, quanto ao o homem superior, o su-per-homem, esse, Oswald amigo, quando, umdia, V. quizer jn-ocural-o atravéz do tempoe do espaço, com insistente ardor lhe recom-mendo: — deixe de pai te a lanterna vadiae imprestável de Diogenes e leve, leve ape-nas a lâmpada maravilhosa de Aladino! Quecom ella teráV. satisfeito, sem esforço algumnem inúteis peruadas, o mais esdrúxulo ca-pricho que possa tecer a sua delirantephantasia. .

Sempre ao seu grato dispor.G. de Andrade e Almeida

O CASO DO RIO

D, '

;. :•:¦'.!

O P. R. C. continua a puxar

40, educação 30, legislação militar 38,sciencia 30, economia 24, religião20. Destas obras foram 215 em Portu-guez, 80 em Francez, 60 em Italiano,40 em Hespanhol, 20 em Allemão.

Deram entrada na Biblioteca 26volumes offertados, 3 pelo sr. AffonsoA. de Freitas. 16 pelo sr. capitãoRaymundo Bo-Amar, 3 pelo sr. capitãodentista, Mario Las Casas e 4 pelosoldado Francisco de Souza Guedes.

Obras sahidas o anno p. passadoforam: 2094; em [Portuguez 952, emFrancez 378, em Italiano 259, emHespanhol 256, e em Allemão 249.

São Paulo, 1 de Janeiro de 1915.

Drs.

Antônio Define

Raul Corrêa da Siloa.e

Dolor Brito francoADVOGADOS

k 1S de Novembro, 50-B - (Sala 7)

ATTENDEM DAS 12 ÁS 15

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gSCJ ^^=HI ° PIRRALHO ^jjg r

"PIRRALHO" SOCIALE' um fac-

to curiosis-simo, nota-vel e inte-ressante,observadoem a nossasociedade,a maneiraacanhadaporque s ediverte a

gente desta terra, muito justa-mente chamada por alguém aCaipiropolis.

Não ha ponto de contanto en-tre a sociedade paulistana comqualquer outra, em nivel egual<le civi.isação, neste particular.Parece que todos nós nos diver-íimos (sic) tendo sempre emmente aquella philosophia amar-ga e nociva de outros tempos,e nos instantes em que o prazerse apioxima, pensamos com ophilosopho:

« Estamos sujeitos a arrastar acadeia perpetua do nosso orga-nismo, como o contlemnado per-petuamente o presidio. Todo oprazer acaba em pezar; o amorem tédio, o goso das artes nocansaço, e assim tudo na vida...A juvcntudo acaba em alto radaspaixões, a paixão mais pura emdesenganos amargos. De cadasatisfacção nasce uma necessi-dadeünova, e de cada nova ne-cessidade uma abstração univer-sal, e de cada aspiração insupe-ravel uma nova dôr acerbissima. aE temos em parte ra.ão, pen-

sando assim. Viver é batalhar.A própria arte que se inventoupara nos consolar nunca faliasenão de paixões desgraçadas,de tragédias horríveis, de ridi-

cularias cômicas, provocadorasdum riso cem vezes mais amar-go que todos os pesares juntos.Que outra razão terá este povopara tal acanhamento, senão es-

M.UE CÉLIA HOFFMANN

sa, de ordem philosophica ? In-fluencia do clima? Talvez. Di-gam os sábios da Escriptura quesegredos são estes da natura?...

_a_ _&_O corso de carnaval será ainda

este anno na Avenida Paulista.O dr. Washington Luiz, operosoprefeito, faz empenho em entre-gar á nossa população, até o dia14, a Avenida Paulista, comple-tamente asphaltada. E' este ummotivo de júbilo para os apre-ciadores do corso, qne sem du-vida, tomará aspecto diverso da-quelles que se vêm realisandona avenida Hygienopolis.

M.lle Ninon:Azambuja, o nosso amabilis-

simo e sagaz carteiro, transmit-tiu-nos a sua adorável missiva.Adorável, já se vê, pela formainsinuante e pela essência quea impregnava; adorável aindapor sahir da penna de ouro quemãozinhas de neve como a dem lie sabem [tão ^bem segurar.Mas a minha amiguinha foi in-justa para com o chronista, na-quella questão"'de cinemas.

Então m.lle acha que exag-gerei quando disse que o Brasil-Cinema é das molhores, senãoa melhor! casa de diversões daPaulicéaV M.lle acha que oBoyal é insuperável ? Ouso per-gnntar si não será conveniênciapolítica...

_&_ _Q_

Formosa princesin/ui, a quemnos referimos na chronica pas-

COISAS DE ARTE

Sociedade de Cultura Artística

0 brilhante escriptor Affonso Arinosiniciou hontem a sua serie de confe-rencias sobre as lendas e tradiçõesbrasileiras, promovida pela beneméritaSociedade de Cultura Artística.

0 assumpto escolhido pelo notávelhomem cie letras é dos mais attralien-tes e principalmente nesta época deresurgimenlo nacionalista deve interes-ar sobremaneira a todos quantos co-

nhecem e amam as coisas da sua terra.Demais ninguém melhor discorreria

sobre um thema tão suggestivo do queAffonso Arinos, que estudou de pertoe aprofundou com grande carinho evivo interesse as nossas lendas admi-raveis, frueto d? um tropicalismo lu-xuriante e opulento.

Danni enviamos nnis, os nossos ca-lorosos applausos á Sociedade cie Cul-tura Artística e ao sr. Affonso Arinos,reservando para o próximo numeronina noticia mais longn sobre o traba-lho do fulgurante escriptor.

Emílio de Menezes

O nosso caro Emilio, o primorosopoeta nacional, mandou-nos um sonetoinédito, que publicamos hoje.

Aproveitamos a oceasião para noti-ciar que não é verdade que elle ve-nha a São Pau1 o em companhia dealguém fazer conferências.

Em carta, a nós dirigida é assimque se exprime a, propósito disso oglorioso mestre do verso:

'' Preso muito a cultura de São Pauloe quando me tor dado fallar aos meusbons amigos dessa Terra, gloriosa, euo farei por mim, a sós, sem emprei-teiros."

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O PIRRALHO

sada, qualificou Mr. de hespcmhol. E pormais que se investigue, e por mais que seprocure a origem do qualificativo extranlio,não se pôde siquer imaginar a fonte desseenigma pittoresco. Ainda hontein M.lle naPraça da Kepublica, teve occasião de se en-contrar com Mr. E sempre, de cada vez quepassava: « Hespanhol, bôa noite ...» Acasoa princezinlia acha que houve exaggero naoutra clironica? Pois não acho. Tudo quantose disse foi justíssimo. E a prova é queliontem me^mo, quando M.lle passava nojardim, a'guem que a viu, disse me ao ou-vido: «Vê tu, meti amigo, é a única cousaque aqui me prende. Ella é o sorriso e é aalma de tudo isto. Que seria toda esta reniãoburlesca, si não fora o olhar dessa creaturaque ahi passa, illuminando tudo, a'egrandotudo, encantando com o seu sorriso estasalamedas ensombradas ...»

Ouviu, M.lle? E não fui eu quem disse...

•àfcL 2&L &.

Certa prineeza galanteCheia de encanto e de graça,Um perfume estonteanteEspalha por toda a Praça.

Quem será?

Os nossos instantâneos

£ÊmaBÊ)k. yÊÈtrw!? 9ÉL, WW. vi-!

âl£. âfeL .àfe.

M.lle offerecerá dez libras esterlinas aqutjiu íor capaz de a conhecer, dentro de4uma phantasia, por occasião do triduo car-navalesco. Mr. esfrega as mãos de contentepor ter a certeza plena e absoluta de queserá o felizardo. Communieamos o facto aM.lle, como é nosso dever.

zic zlc jsstü

O Palace-Club offereceu domingo ultimoaos seus assocados, uma esplendidamatimíedançante. La estiveram as moças mais dis-tinetas que conhecemos, da Vila Buarque ede S. Cecilia, e isto basta para o elogio daag adavel reunião. A directoria da sympathicaassociação, a cuja frente estão os distinetosrapazes Guilherme Pereira de Souza, RaulAzevedo e Paulo Egydio de Souza Carvalho,esforçou-se o mais que pôde para o brilhoda reunião, que nada deixou a desejar.

JÜC 2ÍC. ^C

O nosso presado amigo dr. José Benevidesde Andrade Figueira, solennisando o anni-versario natalicio de um seu filhinho, reuniuem sua residência, segunda-feira ultima, mui-tas pessoas cie suas relações, ofterecendo-lhesuma agradável festa. A reunião esteve deli-ciosa, tendo havido hora musical e hora lit-ieraria, além das dansas que, animadíssimas,se prolongaram até pela madrugada de terça.O Benevides, gentil como sempre, foi alvode uma significativa manifestação de sym-pathia, i3or parte dos convivas, que, á sabida,proromperam numa estrondosa salva de pai-mas ao heróe da festa.

J&. ^kl 2AC

M.lle, a moreninha gentil, que por ocea-sião daquella soirée parecia tão triste, con-tou a Mr. a historia de um livro de ouro,cujas paginas não tinham sido ainda abertas.Que livro magnífico será esse! E que deli-ciosas cousas não estarão encerradas nessaspaginas ?!

Venturoso mortal que o puder abrir, crea-tura feliz a que o lêr! Abrindo-o e lendo-o,terá também a delicia de ver, através dobroquel que o ampara, o equenino e extra-ordinário coração dessa incomprehensivelcreatura!

j&l zic ^ki

O delicioso perfume de Coty, que as mo-ças chies andam por ahi a atirar nos man-cebos elegantes, na Praça da Republica, nasbatalhas que alli se travam, tem sido o ini-cio de adoráveis flirts, a pa.ina primeira dedeliciosos romances de amor. Parece que afina e embriagadòra essência possue essecondão de fazer com que a nossa alma evolepara as encantadoras regiões do Sonho; enesse felizes instantes um tubo de lança-perfume de Coty, va'e mais, com certeza,que todos os prazeres da te na.

Mais uma vantagem do Coty.

áfe. âfc. .àfe.

U 11 — M AIT1.11C 11. A

E' excessivamente sympathica e repetindoo poeta diremos que tem um riso de encantar.

Traja-se impeccavelmente ao rigor da modae no seu todo despreoecupado e bamboleante,lembra-nos uma rapai iga ingleza, cheia defrescura, de viço, de simplicidade e de en-canto.

Quando quer brin ar, não teme os roncosdo preconceito social.

O seu collo adorável e o seu perfil muitosympathico, lembram-nos os antigos perfisdas celebres inspiradoras das obra^ gregas.

M.lle é tão independente e tão moderna,que até. monoeule uza.

Ha na sua vida segredos d'amor?...Não sabemos. Temos certeza apenas de

que os seus adoradores se multiplicam diaa dia, .tanta graça e tanta sedução M.lle es-palha. Ainda ha pouco, na conferência deCornelio Pires no Pavilhão dos Campos Ely-seos, os olhares furtivos de M.lle ao Mr.que estava na friza com a familia, soubemosque lhe fizeram, a el'e, muito mal.

Se M.lle soubesse o que é o Mr. e comoelle sabe amar!...

M.lle é ainda habituèe no rink onde é umadas mais exímias patinadoras. As vezes pagao seu tributo ao chão, cahindo, não porinexperiência, mas por excesso de trejei-tos. Patina muito bem. Dado o seu pro-ximo parentesco com distineto medico, M.lletambém será homeopathica para corações ?!

Kuy Blas

Os nossos instantâneos

E' alta e muito elegante. A sua vida felizdá-lhe sempre um riso sadio para os lábiosvermelhos e humidos e dá-lhe a boa saudéque o seu corpo ostenta.

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O PIRRALHO\

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1981-1915

No Álbum de Cordelia Murat^5=^-^=>^7

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Aqui, não quero ver-te a formosura

Na gloria da mulhei bella e perfeita.

Ao ler-te o nome, a mim, se me afigura

A Cordelia de todos nós eleita.

A Cordelia que a cada travessura,

De menina risonha e satisfeita,

Dava o clarão de um sol a uma alma escura,

Dava a amplidão de um céo a uma alma estreita.

Cresceste. És a mulher forte e bonita

E o sangue adulto que hoje te a vigora,

Mal recorda a Cordelia pequenita.

Eu, porém, só te vejo como outrora.

E' que a velhice a recordar me incita:é

Sou tarde. Es meio dia. Eu lembro a aurora...

Emílio de Menezes

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O PIRRALHO i r 53

AS CARTAS O'ABAX'0 0 PIQUES

As inleçó federale — Prugetto di indiguimaçó

É eo goraçóvibrando di in-diguimaçó che iopego inzima dapena oggi p'raaprutestá controas insgandalosasinleçó do dietrinto. Né na In-talia i né nu BóRitiro nunga vi

tamagnas bandagliêra nas inleçó co-me aóra in Zan Baolo, p'ra adirrotáio co Piedadó!

Quáno duos xéffe pulittico impur-tanto come io co Piedadó furo adir-rotado, si dexa vê logo che tive abanda gliêra! Si dexa vê logo!!

Nu distrimo da Gonçolaçó tuttosvota furo p'ra mim co Piedadó, cheio vi. Io, pur causa di non tê piri-ghio di gatunaggio, mande afazê p'rascédula migna co Piedadó nus bunitoinveloppe azurro co letrêro virmeglio,ma o guvernimo indisgraziato mi fiza traiçó, pur causa, che pigó tuttosinveloppe migno co Piedadó i mandobutá dentro a cédula du Gartola diArmeda. Istu é una infâmia che iovó dá parti p'ru gonzolato intaliano!A Intalia vai manda pidi mediata-mente a insatisfaço p'ru Brasile i seillos non mi aristitue os voto che illosmi arubáro, intó temos da vede agunfrigaçó e'oa, Intalia! Ahi chi illosvó vê o muque dus intalianos! Ih!vucês né sTmagina! lá na Intalia, têgada bersagliére di duos metro i mezzodi artura chi só c'um socco é gapazescli a mata quattrcs surdado da polizia.Tê os ganho ottantaquattro chi é ga-paze di adirubá o tia tio municipalointirigno só c'un tiro. Tê maise dicinquantas ingoraçato i una purçó didona-Renotte molto maise grandi doZan Baolo i do Minagerases!

O dona-Renotte Ré da Intalia é tógrandi chi una legoa di redore delli,

quano illo stà andano, non podi xigánisciuno navilio. perto delli, chi giáafunda c'oas onda che illo faiz.

Aóra io quero vê se istus pulitticoqui di Zan Baolo, quano xigá in San.toses os bersagliére cos ottantaquattroi cos dona-Renotte, non mi aristitue

Eh! o signore non tê votoses purcausa che o signore é intaliano, miclissi a Cumissó Centrale.

Aposto se io só intaliano! min-tira! Io nasci qui in Zan Baolo, in-goppa a ladére du Pigues.

Nó signore! o signore é napuli-tano!

Ma che jnapulitano!!. .. Io sócidadó braziliano!

Che cidadó braziliano né nada tos mignos votto.che illo miarubároü... vucê é um grandississimo gargamano

Só nu distrittimo da Gonçolaçó iovi c'o istus óglio chi a terra á di cume,os inlettore buttá vintesmilla voto p'ramim co Piedadó. Nu abax o Piques iocuntê tristas quattro mil Ia voto. Sêcuntá o Bó Retiro, o Braiz, o Bixiguê,o Billezigno ecc. ecc. Io carculo tuttosnus sessantamilla voto e inveiz napuraçó o Piedadó tive só cinquesmillavoto e io non tive nisciuno.

Quano io vi a puraçó io non dissimaise nada, piguê nu xapéllo i iudis-gambê p'ra Cumissó Centrale; xiguêlá intrê i dissi p'rellis.

— Io ghero sabe pur che raso, io,chi só un xefté pulittico impurtanto.un uómo p'ra chi o stato cli Zan Baolodevi moltos servizio impurtanto nontive nisciuno voto nas inleiçó?. ..

Eli! porca miséria! io giá a parlemaise di vintes veis: «-Mi chama diladro cli galligna, ma non mi xamadi gargamano ! » Intó io dissi:

Só gargamano má non ando aru-bando votoses di ninguê, üví sos in-disgraziato!

A Cumissó Centrale apito. Di repen-ti io iscuité gantá a viuvalegre chivigna n'uma brutta indisparada coLacarato na frente.

Aóra io dissi cumigo: « Stó mesimoperdido, intó fexemos^o lempo!»

Uh! che bunito fexa! A CumissóCentrale fico c'oa gabezíquibrada e io tambê.

Juó Bananére.

intirigna

Dr. BERNARDINO DE CAMPOS_^ __

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Tfaçi, .«Hn v ¦ ia^ Anis r n Bd I

t #oBr WttM B. AH

Pessoas da família do venerando paulista ao sahirem^da 'ecire.ia

de São Bento em que foi celebrada a missa do 7.° dia.

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M^m O PIRRALHOLÊIj|Í /

í4í 'i!

Cs nossos instantâneos

' !f mm , l| H i U fã ¦

CARTA

Mi/riam, luz dos meus sonhos.

Esta carta, leva em baixo, a assignatnra•que desejas.

Os motivos do abandono daquelle antigonome, só pessoalmente t'os poderei dizer. Com-tudo, o mais forte delles foi obedecer-te, evi-tando, segundo uma prohibição tua, qualquercoisa que fizesse lembrar nestas cartas, as

antigas e seductoras missivas de m.lle P. Q.Nina, ao Azambuja.

Mas... j^eço emprestado a esse heroe dem.lle P. Q. Nina, o antigo nome e sou eserei sempre, o teu só, Azambuja dedicado.

Vê pois, minha querida, que mesmo obe-decendo-te, contrariei-te.

Que te importam as duvidas, a « atra sus-peita», os cruéis lagos? Longe de ti essestemores vãos que me fazem sofírer muito...

Lendo-te, minha Myriam, vi-te num can-tinho de alcova, amuada, queixo apoiado so-b:e as mãos, com um vinco na testa e comuma lagrima baloiçando-se á flor das pai-pebras, maldizendo-me no teu cruel mixtode desespero e de duvida.

O nome, não me arrefece nem me regélao aftecto. Descança pois. Azambuja ou Mario,o aftecto é o mesmo, o ardor o mesmo . ..

«Bemdigo a tua carta, por todo o mal epor tod > o bem que ella me 1'êz». Ao relêl-a,encontro ainda um voluptuoso softrimentopela desconfiança que tens de mim e . .. re-leio a sempre.

Não ha nenhuma mulher que seja muitoamada, diz o psychologo, que o não sinta, queo não advinlie logo. As mulheres, meu amor,têm o sentido da intelligencia. Pensandonisso, noto que foste graciosamente infantile mulher soffrendo por mim, temendo a mi-nha falsidade. Perdôo-te, pela belleza muitofeminina e muito humana, do teu gesto.

Nervosa e tímida, te revelaste mais bellaperante mim, porque te me mostraste meigae apaixonada, egoísta e liberal, amando eodiando, querendo o temendo.

Descança, meu amor, confia e crê num co-

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\ú SJg §Jg §íg ^\Q 'üicy^iu Wtlj/7 V>U?^t£7 WStyy §jg WVMí?^^^Ít7^7

AS ELEIÇÕES

Ml "'¦''¦ .'Xfe" ... ^^^___^^^

ração que na sua cistole e na sua diastole,entoa a desesperada cmção de te desejar.

A tua desconfiança, esteve na razão indi-recta do meu amor. Tenho para nos perdoar,a mim e a ti, a «desculpa de uma grandepaixão, a attenuante de um grande desvario».

Faze-te surda ás palavras requintadas demachiavelismo dos cruéis lagos.

lagos, são lagos e .. . só isso os definebem.

Confia e crê e pensa, que a virtude de umamulher, não vale a vida de um homem. E'rude esta minha franqueza, mas é tão rudequanto sincera. Os homens, não são anjosnem demônios, diz ainda o psyco'o^o, sãohomens.

Portanto, descança e confia em mim.Adeus. A ti, sorriso na minha existência,

envio o melhor dos meus abraços e todo opalpitar do meu coração que é teu.

Adorador do teu martyrio,

AZAMBUJA.

A GUERRA E A MODA

II II II '¦¦! . —-^————

Figurinos de Berlim

Um aspecto apanhado pelo nosso photographo

Papelaria Define

DEFINE & COMP.RUA FLORENCIO DE ABREU, 88

Oificinas e Deposito N. 70Telefone, 642 -»«- Caixa, 544

^ S. PAULO «,

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O PIRRALHO E=5sSJ

' j

"Pirralho" Carteiro^ Echos da inauguração da Herma D. José de Barros^JS

El-higo : O sen soneto está uma borracheira tremenda.

Nao pode ser pu-biicado. Obrigado.

Mr.Jairo de Goés:Ha aqui um cartão pa-ra si. Queira procu-ral-o.

Desde já gratos.

Julia de Orimaldi:O seu soneto, desven-furada poetisa, estámuito máo e, não pode l

por isso ser publicado. Se.eruizer por isso

brigar oornnosoo, pode vir cá. Obrigados.

Dr. Pedro Rodrigues de Almeida: Não

sabe o que tem perdido...Ella, a Monda, sempre charmeuse conti-

nua .passeando a sua belleza pelo Triângulo.

E' só. Basta?M.,le Myosotis: Tode procuvar-nos no

Carnaval. Sempre ás ordens.

M.»e Ninon : Dr. Pirralho, re ebeu sua

carta.Mile. tem muito espirito.Cada vez mais me convenço de que aquella

Mlle. se ha de casar com um Mr. de barba,

só para castigo ...Os meus presentimentos sempre se reali-

sam.Não concordamos oomsigo. O Cinema Bra-

zil é muito mais chie do que o Royal. Jus-

lamente o melhor tempo que lá se passa é

o da sala do espera. Quando qmzer lá um

pirralho para conversar, é só avisal-o que

elle lá estará, com muito prazer O advoga-

do, que Mlle. escolheu para defender os

teos direitos, de bom grado se incumbirá

disso, apesar da sua nielancholin ...

Elle de coração lho, gradece, o qualifica-tivo de «bonsinho» e porá o seu nome na

lista das suas melhores affeições.

Gosta do que elle escreve? Não o acha

também como o autor da Matercracia ?

Muito grato por tudo, cá estamos sempre

seus.Um seu creado ás ordens: Não é gene-

rosidade nenhuma publicarmos o perfil de

Mlle. Sahirá no próximo numero. Pode

mandar os outros.

Mande-nos também, por favor a residência

de Mlle., para mandarmos pedir o retrato.

Só publicamos retratos que nos são cedidos

pelas próprias senhoritas e com suas licenças.

Desvanece-nos sobremaneira, o optimo

acolhimento que têm tido os nossos pedidos,

pois até agora, nenhuma- das nossas moças

realmente chies se recusou a nos attender,

coni muita honra para nós. Gratos.

AZAMBU J A... Administrador

0 Dr. Washington Luís, digníssimo prefeito de S. Paulo, ao receber

o monumento profere um bello discurso

A política nos bairros

Lapa

É certo, que o Coroné, seguido de vários

amigos, foi á residência do prof.Franchini,a quem se entregou de corpo e alma e hy-

pothecou inteiramente o seu voto. E assim,

se fez a paz ... Muito bem seu Coronè.'. . .

não ha nada como um dia depois do outro...

da manifestação.

Muitos tem sido as trucadas feitas em

torno do Chefe — umas de 6, outras de í»

e até de 24 — mas não políticas.

Carnaval 1915

Casa MascariniVariado e Rico Sortimento de Phantasias

mm Dominós de Grande Luxo mm

Phantasias para criançasExeeuta~se qualquer» Eneomenda

Venòe-se e Slu$a-$e

O Bicudinho, cabo eleitoral, feito por sua

conta e risco, esteve na mais vasta cabala em

prol de Piedadâo. Para uns, offeveceu duas

patacas; para outros, meia £ e dizem queaté uma £. Mas isso de nada valeu.

CASA MATRIZ

Rua S. Bento, 85 sobrado

Telephone N. 754

O capitão Carrapato foi demittido da sup-

plencia, por decreto de 27, porém, não foi

a seu pedido....ZÉCA.

CA$A FILIAL /Rua Barão Itapetininga, 13

Telephone, N. 548

SÀO PAULO

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© Pirralho no RioArmo I RIO DE Jx\.NEIRO, Sabbado 6 de Fevereiro de 1915 Num. VI

* Por estar emfermo o nossocollaborador que se assigna Fau«to Brazil, deixamos de publicar hoje a apreciada chronica" Troças da Semana "

GEMIVIA BERTINI-00-

CommOviam-me- aquelles applausos. Acre--ditava que a multidão ignara applaudiranella um pouco de mim. Tinha motivos.Essa creatura que exercia um dominio fácilna balburdia do povo, aos meus Ímpetos dezelo allegava sempre com sinceridade detransportes e trêmulos na voz:

— Não te rales. Sou tua, inteiramentetua, mesmo quando as circumstanoias me

põem em contacto com algum desses tolos

que me admiram.Não comprehendera, entretanto, como era

preciso, essa altiva moral. Sentia um gozodamnado torturando-a, macerando-a, comciúmes e insultos. Não sei mesmo explicaro contentamento que me invadia toda a vez

-que me vinham ensejos de dizer-lhe á face,com a miséria covarde de meu sarcasmo, asua condição de prostituta.

gjm i _ insistia — artista, talento, hei-leza, embora, mas andava de mão em mão

como cartas de jogo. Gemma chorava e eutinha verdadeiras allucinações de prazer.Era um sadismo moral, embriagante, a únicalógica do meu amor.

Natural de Veneza, a cidade lendária dosonho e das gondólas, sabia cantar umasbarcarolas estranhas, em que se advinhavamamantes desditosos, castellã por detraz dasrexas de gelosias, louras princesas, ao altode ameias, comhorços feridos a verdugo,num encontro ao luar, o.gonisando, o punhald'Othelo, beijos infinitos, frêmitos sensuaes...Existência d'angustias, e gáudios. Comeceia amal-a anonymamente, da matulla enle-vada que, todas as noites, fremia aos seu3

garganteios sublimes, ás suas barcarolas,ditas no doce idioma do Adriático, envoltasna musica merencorea que só a Itália sabecompor.

Por muito tempo vivi dessa intima admi-ração artística, alimentado pelo gozo per-verso de vel-a vibrar aos beijos d'ontros,-d'assistil-a em braços alheios, rodeada, de

patifes de toda a sorte. Ondas de ciúmes

subiam-me, fazendo de mim um misero jo-guête, aturdindo-me, extrangulando-me, po-bre titere de seu triumpho, fantoche do do-minio victorioso de sua carne moça. Altae frágil, olhos castanhos e farta juba negra,devera ser na posse uma dessas creaturasinactuaes soffredoras, exemplar de desequi-librio, expoente de ineditismo'. .

Lembrava muito as desgraçadas sublimesda Revolução Francesa e serviria de pastoá canalha das ruas, se por ventura não adefendesse o porte altivo de mulher bonita.No perfil era uma princesa de Lamballe,angustiosa, immaterial. Os gestos lentosdas mãos, os olhos ternos de anho, a vozfieb 1, tudo a empregnava. Dahi o seu do-minio, o seu grande triumpho e o meu ciú-me de punhos alçados. Não continha osarrebatamentos ridículos :

Por que te despes deante de todos?Porque dispenso tudo na vida, menos

o supérfluo — obtemperava ao meu gestoferoz.

Alem disso, aceitando o monopólio irra-cional da minha paixão, abandonaria o mo-tivo de sua vida: a arte. Eu, de resto, estavailludido, estupidamente enganado, suppondo

que sua alma vivia dispersa, aos frangalhos,em pedaços, para todos. O seu corpo, sim!Mas, que importava? se ella, em ultimaanalyse, era minha, toda minha, inteira-mente minha!

Marruaz, entretanto, insistia. Não obstan-te a delicia da turba enthusiasta, ao domi-nio irresistível de sua voz, apezar do gozoinfinito de calaceiros de todas e das maisestranhas cataduras, rojados aos seus pés edo coro unanime de opiniões e competênciasacclamar o seu talento e delia ser minha,de corpo e de alma, não se contentara omeu egoísmo de macho. Náo devera medirsacrifícios.

— Cuidado ! Dispenso tudo menos o su-

perfluo....Adorava a musica: a super-arte. Porque

de tal sorte prevalece que nós falíamos emharmonia de coro, em harmonia de gostos,em harmonia de gen.os. Aqui Gemma coma sua voz uniforme e suave, tentava expli-car o nosso affecto como sendo o encontrode dons tons. Porque, de resto, ella deseja-va ser, espirito creança, uma das cançõesvenezianas e andar de boca em bocaGemma Bertini dizia tudo isso com encanto,na língua gentil da Itália, e com superior

philosophia. Era o que se deverá chamarno futuro a philosophia da renuncia.

Certa vez, depois de uns costumeiros con-

tiictos, eu alleguei mellifiuo:

Vés? Estou desgraçando a tua existência!Perverso, miserável! náo achas ?

Não! — interveiu, de lagrimas nosolhos, com os braços roxos de pancada.

Não minta ! Sei que desse modo nãopodes achar a vida bôa! E por culpa mi-nhâ, por minha culpa, meu amor!

Beijei-a com transporte, apertando-a d'en-contro ao peito. Mas, Gemma, com sua vozdoce, observou superiormente:

Não te apoquentes! Eu vivo bem. Pormuito tempo pensei na melhor maneira degosav a vida, e hoje .. .

Hoje? . ..Lamento o tempo que perdi pensando

nisso . . .E eu lembrava, com uma revoltante e

egoista ingenuidade, a hypothese de viver-mos ambos sós. Bomanticamente suggeriauma casita bucólica, camponezes e rústicosem torno, admirados do nosso amor, bem-dizendo o nosso amor, muito simples, muitobons, pelo gosto de serem bons! Ella, en-tretanto, repeliiu sempre a fantasia. Por

que imitar o grande contingente de escravasdas normas orthodoxas, que coarctam a natu-reza e esturram essa delicada planta que éo sentimento ? Demais eu tinha dos rústicosuma noção inteiramente falsa, errônea, ar-tificial ! Um vicio de literatura... O cam-

ponez está cheio de muito maiores defeitosdo que o homem da cidade, e com o gra-vame da ignorância e da falta absoluta deaptidão aprehendedora. Soffreriamos aindae sempre os mesmos revezes que na cidade.Não convinha divulgar entre tal gente cer-tas idéas generosas.

Tantas vezes, porém, as ondas de ciúmes,cegando-me, levaram-me a bater-lhe queella veiu a conformar-se. Abandonou a

profissão, esqueceu as palmas públicas.Alugamos um casinhoto no campo, unimos

fortemente os nossos destinos, e nossos la-hios, e para ali fomos a morar sós. Dentrode semanas Gemma era o aijezú de todosos roceiros visinhos.

Agora, porém, eu é que me não conformava.Monótona, regular, sem crises, a nossa vidame parecia estúpida, como não conhecera.Nunca mais, agglutinado pelo ciúme damultidão, dos chichisbéos, da canalha, nuncamais pude bater-lhe e pensar as echymosescom beijos e caricias. Muito direita, muitocomportada, muito dona de casa, ella náome parecia a Gemma Bertini que eu viradisputada pela turba-multa de patifes e cas-

quilhos do theatro, que eu arrancara aosbraços de calaceiros nos alcouc.es e que vi-nha bezuntada de beijos alheios para osmeus.

Não era mais a deliciosa creatura que eusovava, não era a mulher bizarra que vertialagrimas nos meus lábios e que eu vira pe-nar com angustias inéditas de prazer. A

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m O PIRRALHO... NO RIO tf

lógica no amor se impuzéra para mim da-quellemodo. Desejei tortural-a porque erabanal. Aos poucos, entretanto, os arreba-tamentos zelosos, a delicia de ser máo, egozal-a em pranto, degeneraram numa fundae absurda indifterença. Gemma correspondia.Começamos a viver fraternalmente, conver-sando sobre f utricas e ella chegou a falar-meem creação de gallinhas e de ovelhas. Horri-vel! Alarmado fugi de novo para a cidade.

Amara em Gemma Bertini a esturdia mu-lher que andava de mão-em-mão, a artistadisputada por todos, a dona daquella vozexcepcional, que comprehendia a musica co-mo a super-arte. A carcassa ficara, mas aessência desapparecèra, por minha culpa,sem que eu percebesse.

Ella, que não dispensava o supérfluo, peloamor, pelo affecto, pela submissão, abando-nára súbito o que constituíra sempre oobjecto de seus desejos.

Fil-a voltar ao palco, Transformou-se.Surgiu a endiabrada, a graciosa, a dispersi-va. Vinha dos beijos pagos cahir nos meusbraços em transportes exaltantes. Aturdidodeplorava a vida subalterna, mas Gemmaesclareceu-me altivamente :

— Tudo o que acontece é para o bem.Sem dúvida. Esse optimismo estéril con-

frangeu-me. O motivo, porém, por que eua queria assim, no turbilhar das misériaspeiores, na conquista de homens por todaa parte, era que eu só amava em GemmaBertini a mulher disputada por todo omundo.

Eloy PONTES

NOTA — Este conto pertence ao volume As ma-ravilhosas, que o livreiro Ventura Abrantos, do Lisboa,tem no prelo. O autor publicou A luta anonyma,romance, no Rio, e tem na üasa Gninuiriles de Lis-bôa, Malva, romance a sabir breve.

ROMPIMENTO

Não quero escutar mais as tuas phrases.Pois pensas mal, minha adorada Léa!

Tu vaes atráz dos cantos de seréaCom que te illudem os demais rapazes.

Bem sei quanto te esforças, quanto fazesPor continuares a ser minha peia,Mas tudo é em vão. A anciã que me rodéa,E a de dar fim ao tédio que me trazes.

Seja! Que vivas um feliz desejo...Ahi fica, deste amor o ultimo beijo,Na tua mão em que a belleza mora...

Vae-te e não voltes, que as mulheres bellasrSejam viuvas, casadas ou donzellas,Não toleram amor por mais de uma hora,

D'Anilo

Ia íi COLOMBO 1) ás 5 sos do Calos Maül?— Conheço. E o Carlos Maúl.

*

Pois é como te digo: o Xavier Pinheiroseria incapaz de semelhante eousa. Nemmesmo com os acacianos conselhos do Deo-clydes, o polainudo poetastro da acácia..?

Achas?Ora!... E ainda mais: elle até tem «cs-

tragado», por «barateiro», o grande mercadodas «cavaçõesj...

Authentica:Rocha Pombo — O Bilac: você tem estado

doente? Acho-o muito abatido!Bilac — Tenho, estou, comendo pom-

bos.O João do Rio, que etava todo de branco,

sorriu.

Conheces o Julião Fernandes, aquelleque costuma chamar versos geniaes aos ver-

A que attribues, tu, a grande tempes-tade política que se vem desencadeando novisinho Estado do Rio ?

A permanência do Hermes em Petro-polis. Bem sabes que elle é a curucubaca-mãe» das terras do Cruzeiro.

IA "PASGHOAL" ÍS 7— Ó José Cândido: você é um monstro-

com algumas linhas humanas...E você um homem, com formas de burro..

* *Entre poetas:— Depois que fraturei o pé tenho escriptO'

muitos versos tristes.— Sim? Então até logo.

'Xr.lKyy^í.

A PÉROLADizem que transbordou de uma concha prateada,

Tênue escrinio esculpido em pétalas no gesso —

A lagrima do mal da pérola gelada!

Bem certo: quando a vejo á luz de auneis cie preço,No aconchego feliz de uma prisão dourada,Penso no martilhar e, pensando entristeço.

Quanto raio de sol não rompeu a sinuosaDa illuminura azul dos oceanos e a rosa

Da concha que te fez, bella pérola de arte,Para vestir-te de ouro e para illuminar-te?!

IIE te roubaram, emtanto, ao berço das galeras,E ao Sol que te premia e á concha que se arqueava,Como um eeo de crystal, sobre o astro que tu eras?!

Ah! si sempre existisse um olhar sobrehumano,Que, mesmo num salão de refulgencia fiava,Visse no teu pallor um soçavão de oceano'?!

Quem te mostrou aos soes, quem te vendeu aos ricos?Certo o vil que encarcera os harmoniosos bicos,

E não sabe sentir, e não sabe cantar,E.. . nem sabia ver os vagalhões do mar!

Rio de Janeiro Alberto Munez:

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O Pirralho tem um excelleqte prograrqma de reformas para o anqoBe 1 915.

Conservando o seu caracter de revista leve, literária e hurnoristica,iniciará, no emtanto, secções de interesse variado, procurando exíender oseu publico aos que se preoccupam com as questões vitaes do estado edo pai? — lavoura, corqmercio, iqdusíria, etc.

pronjoverá novas enquétes, visto o graqde successo da iniciada en~tre inte/lectuaes e mundanos da nossa cidade sobre a personalidade defradique jVíeqdes e a questão da vida superior.

desenvolverá a secçao i(pirralho Social"; augtqeqiará a reportagerqphotograpqica; publicará collaborações inéditas dos nossos melljores ho-mens de tetras; eqtrevistavá, sobre variado assumpto, as figuras do dia.

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Redaeção: Rua 15 de Novembro, 50-B