DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · 2013-06-14 · mudanças de paradigmas, pois até bem pouco...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
AMBIENTE VIRTUAL: UMA POSSIBILIDADE DE RECUPERAÇÃO DE
CONTEÚDOS
Laís Cordeiro
RESUMO
O estudo aborda a utilização de ambiente virtual de aprendizagem como ferramenta metodológica para recuperação de conteúdos de Língua Portuguesa de alunos de ensino médio, objetivando desenvolve nestes as competências leitora e escritora relativas à leitura e à escrita praticadas em novos contextos comunicacionais, em consonância com as novas tecnologias. Tal estudo justificou-se pela necessidade de investigação de uma proposta de ensino de língua portuguesa cujas ferramentas metodológicas advenham das inovações tecnológicas. Além disso, objetiva verificar como tais ferramentas podem auxiliar no processo de recuperação de conteúdos. O embasamento teórico da pesquisa norteou-se em estudos relacionados à leitura e à produção escrita, assim como nos significados das novas tecnologias para essas novas práticas de leitura e escrita. O estudo utiliza laboratório de informática do programa Paraná Digital do Colégio Estadual Senador Alencar Guimarães e uma sala virtual na plataforma MOODLE. Os participantes são professores de Língua Portuguesa e estudantes de ensino médio com necessidade de recuperação de conteúdos vistos na sala de lula convencional. Os conteúdos trabalhados neste estudo foram indicado pelos professores responsáveis pela disciplina de Língua Portuguesa. O objetivo é demonstrar que a EaD é uma possibilidade de recuperação de conteúdos e que, por ser atraente para os alunos, poderá ser eficaz como ferramenta pedagógica.
Palavras-Chave
ambiente de virtual – língua portuguesa – recuperação de conteúdos
1 INTRODUÇÃO
O tema “a modalidade de Educação a Distância como ferramenta
pedagógica para recuperação de conteúdos de Língua Portuguesa de alunos
de ensino médio” foi desenvolvido, neste artigo, pela prática de um grupo de
alunos, que reviram conteúdos trabalhados em sala por seus professores de
Língua Portuguesa, dentro de um ambiente virtual de aprendizagem
estruturado na Plataforma MOODLE entre os meses de setembro e
novembro de 2010.
O objetivo da pesquisa foi possibilitar a recuperação de conteúdos de
Língua Portuguesa para alunos de Ensino Médio em um momento
extraclasse, mas sem a necessidade da presença do aluno no colégio em
que estuda.
Para atingir tal objetivo, o desenvolvimento do projeto aconteceu na
Plataforma MOODLE, com o conteúdo de Língua Portuguesa distribuído em
4 unidades, cujo ferramental usado voltou-se para a interação entre professor
- aluno e aluno – aluno, sem perder o foco na recuperação dos conteúdos
indicados pelos professores de Língua Portuguesa que indicaram os alunos
para fazer parte do projeto.Os alunos participantes foram instrumentalizados para o manuseio das
ferramentas utilizadas na plataforma. No decorrer da pesquisa, os
participantes foram acompanhados semanalmente, desta forma, houve a
interlocução entre professor e alunos e entre alunos e alunos. A verificação
dos resultados aconteceu por meio de avaliações dentro da plataforma e na
sala de aula convencional.
Portanto, este trabalho, com olhos no desenvolvimento na modalidade
de ensino a distância, buscou a interlocução entre os problemas de aquisição
de conteúdos de Língua Portuguesa, enfrentados por alguns alunos do
Ensino Médio Regular, e o EaD.
Com a conciliação de tecnologia e de conteúdo programático indicado
pelos professores envolvidos no projeto, viabilizou-se a recuperação de
conteúdos de Língua Portuguesa para alunos de Ensino Médio em um
momento extraclasse, mas sem a necessidade da presença do aluno no
colégio, porém, caso ele não tivesse acesso à internet em sua casa ou outro
local, o laboratório de informática da escola estava a sua disposição.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Vivemos em um mundo de transformações rápidas que incluem
mudanças de paradigmas, pois até bem pouco tempo atrás as verdades
eram absolutas e, quando sofriam alterações, a morosidade da disseminação
era espantosa. Em contrapartida, a contemporaneidade está repleta de
verdades questionadas a todo instante.
A mudança de paradigma remete-nos ao questionamento do
cartesianismo, cuja tendência é a simplificação, a fragmentação e a redução,
estruturadas a partir das ideias de Descartes. Conforme Pellanda (2001, p.
128), esse “é o paradigma da simplicidade”. “As doutrinas de Descartes,
como o racionalismo e o mecanicismo, em que passamos a encarar uma
realidade complexa de forma linear, simplista...”. Para Capra o pensamento
analítico cartesiano consiste em “quebrar fenômenos complexos em pedaços
a fim de compreender o comportamento do todo a partir das propriedades
das suas partes” (CAPRA, 2002, p. 34). A partir das concepções de
Descartes, revigorou-se a ideia de separação entre mente e corpo, sujeito e
objeto, e as relações de causa e efeito.
Graças ao rigor cartesiano promoveram-se importantes avanços
científicos desde o século XVII. Contudo, segundo Morin, suas
consequências nocivas evidenciam-se somente agora, pois “a inteligência
cega destrói os conjuntos e as totalidades, isola todos os objetos do seu meio
ambiente. Ela não pode conceber o elo inseparável entre o observador e a
coisa observada (MORIN, 2005, p. 12). Desta forma, o pensamento
cartesiano deu vez a razão instrumental, que remete-nos a apenas uma parte
do que precisamos saber, culminando com a nossa dificuldade de aprender
com a experiência, pois na lógica linear, advinda do sistema aristotélico, só
existe “sim” ou “não”. Conforme Mariotti, outra característica é a objetividade,
que possibilita ao sujeito observador a a imparcialidade frente ao objeto
observado, porém desautoriza nossas propriedades constitutivas. Além disso,
a quantificação da lógica linear “varia na razão direta da exclusão dos
aspectos humanos de uma determinada situação” (MARIOTTI, 2002, p.59).
A consequência mais evidente dessa forma de raciocínio linear,
fragmentado, é falta de noção de contexto que é reforçada pela fragmentação
do conhecimento em disciplinas isoladas como se a realidade da qual tratam
fossem únicas e não transitassem entre uma e outra, separando assim,
conforme Morin (2002, p. 17), “o sujeito do conhecimento do objeto do
conhecimento”, fato que impede ou limita a construção do conhecimento
(PELLANDA, 2001), pois não é possível fazer uma descrição, por exemplo,
sem as propriedades de cada ser humano, cada olhar é ímpar, as
individualidades sempre estão presentes, não há como fugir delas. Se o
pensamento for diferente disso, surge a aversão às diferenças, à criatividade,
às mudanças.
No século XIX, na busca de entendimento do fenômeno da vida,
biólogos perceberam as limitações do modelo mecanicista para explicar o
funcionamento do todo a partir de suas partes. Conforme Capra (2002, p.34),
somente o estudo das partes não pode dar conta do comportamento de um
organismo vivo. Com essa visão de aquisição de conhecimento, surge o
pensamento sistêmico pautado nos conceitos de conexão, contexto e
relações.
A rede conecta, por meio de caminhos diversos, uma pluralidade de
pontos. Conforme Pierre Musso (2004, p. 31) rede é “uma estrutura de
interconexão instável, composta de elementos em interação, e cuja
variabilidade obedece a alguma regra de funcionamento”. É um novo
paradigma para o raciocínio, no qual “tudo é vínculo, transição e passagem,
a ponto de confundirem-se os níveis que ela conecta” (MUSSO, 2004, p. 32).
Pois formamos, a todo instante, redes de relações com pessoas, com
ambientes que interagem formando novas redes. Isso significa que, assim
como as redes formadas com o ambiente e as pessoas são capazes de
mudar nossa forma de agir e pensar, nossas ações também provocam
transformações no mundo exterior. “Sempre que olhamos para a vida,
olhamos para redes” (CAPRA, 2002, p. 78). Sendo assim, nossas vidas
estão em constante interação com outras e com o meio ambiente.
Vimos, até então, que o pensamento linear e o sistêmico estão em
pontos opostos. Enquanto este se estabelece a partir do todo, aquele pauta-
se nas partes. Seguindo os pressupostos de Edgar Morin (2005),
analisaremos os dois paradigmas num holomovimento, sem serem
excludentes, por meio do pensamento complexo.
Para Morin (2005) complexo é o que é o entrelaçamento do todo com
as partes e das partes com o todo. É um conjunto de ações e interações em
nosso mundo. Nós somos um exemplo clássico desse conjunto de
interações, pois somos biológicos e culturais ao mesmo tempo. Ao
estudarmos o cérebro, o vemos como biológico, uma parte. Ao estudarmos a
mente, vemo-na como uma realidade psicológica, um todo. “Esquecemos que
um não existe sem a outra, ainda mais que um é a outra ao mesmo tempo,
embora sejam tratados por termos e conceitos diferentes” (MORIN, 2005, p.
59). Mariotti (2002), por esta razão, denomina “pensamento complexo” como
sendo a complementaridade entre o pensamento linear e o sistêmico.
Morin (2005) nos apresenta três princípios do pensamento complexo.
O primeiro é a interlocução que “associa dois termos ao mesmo tempo
complementares e antagônicos” (2005, p. 74); e a capacidade cooperativa
entre ordem e desordem. Portanto, compreender a complexidade é fazer
relações entre contradições e paradoxos, entre harmonia e desarmonia. O
segundo a recursão organizacional. “Um processo recursivo é um processo
onde os produtos e os efeitos são ao mesmo tempo causas e produtores do
que os produz” (MORIN, 2005, p. 74). Sendo assim, nós somos, ao mesmo
tempo, produto e produtores de uma sociedade, pois “os indivíduos
produzem a sociedade que produz os indivíduos” ( Morin, 2005, p. 74). Não
podemos pensar nessa produção como reprodução, mas sim como
acréscimo. Em Mariotti, encontramos tal posicionamento dentro do contexto
educacional: “a educação que produz modificações nos educandos é
recursiva. [...] A repetição simples mantém a mesmice. Na recursiva, existe a
busca da diferença. Uma liberta, a outra aliena” (2002, p.151). O terceiro
princípio de Morin é denominado hologramático porque consiste na imagem
do holograma, pois “vai além do reducionismo que só vê as partes e do
holismo que só vê o todo” (MORIN, 2005, p. 74), isso significa dizer que a
parte está no todo e o todo está na parte. Sob esta ótica, a cada ação nos
modificamos e modificamos a sociedade e o meio ambiente em que vivemos.
Percebe-se, portanto que estamos em uma cadeia infinita de relações.
Essa relações, a partir do estudo de ecologistas, sobre as “teias
alimentares”, passou a ter a imagem de uma rede. “Os pensadores
sistêmicos estenderam modelos de redes a todos os níveis sistêmicos”
(CAPRA, 2004, p.78).
Com essa mesma imagem de rede, compõe-se um ciberespaço. Para
Lévy (2000, p. 92), ciberespaço “é o espaço de comunicação aberto pela
interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores”.
Além disso, ciberespaço interage com a cibercultura que conforme Lévy
(2000, p. 17), especifica “o conjunto de técnicas(materiais e intelectuais), de
práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se
desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço”. Ou seja,
ciberespaço é o meio e cibercultura são as ações decorrentes da utilização
desse meio.
Portanto o paradigma cartesiano assim como o sistêmico não têm
abrangência suficiente para entendimento das formas em rede. Já o
paradigma da complexidade, por fazer um entrelaçamento entre ambos,
consegue descrevê-las.
Dentro do ciberespaço, entra-se a internet. Como sabemos
ciberespaço é o meio, portanto internet também é um meio. Com esse meio,
institui-se uma democratização da informação. Nela, somam-se saberes,
interagem informações numa rede que, conforme Lévy (2003 p. 52), este é
um novo dispositivo de “comunicação todos-todos”, ou seja, não há um
centro emissor, e sim todos os sujeitos participam de maneira ativa na
inteligência coletiva. Umberto Eco (2003) compartilha a afirmação de Levy e
acrescenta que “a Internet é a grande mãe de todos os hipertextos, uma
biblioteca mundial onde podemos ou poderemos, em breve, pegar todos os
livros que quisermos.”
A posição de Levy e de Eco está firmada, pois há inúmeros os sites
que disponibilizam textos, artigos ou livros completos para a leitura em tela,
entre eles os das bibliotecas Nacional da França e do Congresso dos
Estados Unidos. O Google, o mais conhecido site de buscas da Internet
concretizou parceria, em 2005,com cinco grandes bibliotecas – Bibliotecas
das Universidades de Michigan, Biblioteca Pública de Nova York, Stanford e
Harvard e a Biblioteca de Oxford. Embora as negociações ainda dependam
de liberação legal em função dos direitos autorais, isso comprova que na era
da globalização, desconsiderando aqueles que não têm acesso à internet, a
informação está disponível para todos.
A biblioteca digital universal já começa a materializar-se, segundo
Kelly (2006, p.44), por enquanto “apenas um em vinte livros migraram do
mundo analógico para o digital”. Mas, as mudanças estão aceleradas.
“Empresas estão escaneando 1 milhão de obras por ano” ( Kelly 2006, p. 44).
A grande vantagem não apenas a agilidade de acesso às obras, são as
possibilidades de links que existirão entre uma obra e outra, formando uma
conexão entre elas, tornando-as um hipertexto. Entre um link e outro,
poderemos passear por publicações afins, permitindo-nos uma leitura
coletiva que nos permite ver coisas que não veríamos em uma leitura de um
livro isolado. “ É por isso que, uma vez em formato digital, a leitura se torna
uma atividade comunitária. [...] De forma curiosa, a biblioteca digital se torna
um texto muito, muito longo: torna-se o único livro do mundo” (KELLY, 2006,
p. 45).
Vendo por esse ângulo, podemos imaginar que as bibliotecas de papel
poderão desaparecer. Sobre essa possibilidade Chartier (1999, p. 153) afirma
que “a biblioteca eletrônica sem muros é uma promessa do futuro, mas a
biblioteca material, na sua função de preservação das formas sucessivas da
cultura escrita, tem, ela também, um futuro necessário”. Mesmo assim, não
podemos negar que a Internet vem modificando as interlocuções entre leitor
e emissor. Estamos vivendo o que Chartier (1999, p. 12) denominou de
“revolução do livro eletrônico”, ou seja, a transição do códex (livro com
páginas) ao hipertexto (texto eletrônico). Essa mudança, para o autor, “é uma
revolução nas estruturas de suporte material do escrito assim como nas
maneiras de ler” (CHARTIER, 1999, p. 13). Atitudes e concepções mudam
conforme o contexto. “Do rolo antigo ao códex medieval, do livro impresso ao
texto eletrônico, várias rupturas maiores dividem alonga história das maneiras
de ler. Elas colocam em jogo a relação entre o corpo e o livro, os possíveis
usos da escrita e as categorias intelectuais que asseguram a compreensão”
(CHARTIER, 1999 p. 77). “Embora um livro possa ser lido aleatoriamente e
os olhos do leitor possam passear ao acaso, ele se encontra confinado para
sempre às três dimensões físicas que o delimitam” (Negroponte 2000, p. 71).
As estruturas às quais Negroponte se refere são relativas à sua linearidade:
frases, parágrafos, páginas, capítulos, leitura da direita para a esquerda, de
cima para baixo, da primeira até a última página. Com o mesmo ponto de
vista, Lévy (2003, p.39) considera que “o leitor de um livro ou de um artigo no
papel se confronta com um objeto físico sobre o qual uma certa versão do
texto está integralmente manifesta”.
No mundo digital a linearidade da leitura é reconfigurada. Inexistem as
delimitações espaciais. Conforme Chartier (1999, p. 13), no hipertexto, as
“fronteiras não são mais tão radicalmente visíveis, como no livro que encerra,
no interior de sua encadernação ou de sua capa, o texto que ele carrega”.
Nesse espaço de leitura permite que o leitor acesse, cruze, interaja com
textos inscritos na mesma memória eletrônica. Da linearidade do papel
saltamos para a complexidade estrutural da hipermídia, repleta de recursos
atrativos como: textos, imagens, gráficos, animações, etc. A consequência é
a uma nova forma de ler que, por sua vez, desencadeia novos pensamentos
e novas atitudes. O que hoje acontece em relação ao livro impresso e ao
hipertexto, ocorreu na transição do livro em rolo para o códex. Conforme
Chartier(1999, p. 93), “no início da era cristã, os leitores dos códex tiveram
que se desligar da tradição do livro em rolo. A transição foi igualmente difícil,
em toda parte da Europa do século XVIII, quando foi necessário adaptar-se a
uma circulação muito mais efervescente e efêmera do impresso”. Da mesma
forma que o códex quando surgiu, o texto eletrônico subverte a relação do
leitor/escritor com a leitura/escrita, pois não há o físico e o caminho da leitura
é estabelecida pelo interlocutor.
Conforme Lévy (1993, p. 33) “um hipertexto é um conjunto de nós
ligados por conexões”. Esses nós podem comporem-se de palavras,
páginas,imagens, gráficos ou partes de gráficos, seqüências sonoras ou
documentos complexos inteligados por meio de links que, de acordo com
Koch (2005, p. 63) “permitem ao leitor realizar livremente desvios, fugas,
saltos instantâneos para outros locais virtuais da rede, de forma prática,
cômoda e econômica”.
Essa versatilidade, proporcionada por inúmeras conexões, permite ao
leitor de hipertexto ser mais ativo do que o leitor de impressos, pois ler em
tela “é enviar um comando a um computador para que projete esta ou aquela
realização parcial do texto sobre uma pequena superfície luminosa” Lévy
(2003, p. 41). Isso nos permite a ideia de que até edição do texto é feita pelo
leitor no momento da leitura. Além disso, a infinidade de links torna a leitura
do hipertexto mais ágil e sem limites. Sem contar que é ímpar, pois não há
uma versão definitiva para o texto eletrônico, cada leitor cria seu percurso de
leitura conforme sua necessidade ou curiosidade.
As estruturas hipertextuais trouxeram à tona um texto sem limites
definidos que, conforme Lévy (2003), parecem com o nosso movimento
cognitivo, pois há palavras, (“clarões”, segundo Lévy, 1993, p. 32) que ativam
nossa mente numa rede associativa. Dessa forma, podemos dizer que o
hipertexto é um dispositivo cognitivo, que nos permite dar saltos, fazer
associações por meio dos links no momento da leitura. Conforme Xavier
(apud KOCH, 2005, p. 69),“caberá ao hiper-leitor, ao passar, por intermédio
de tais links, de um texto a outro,detectar, através da teia formada pelas
palavras-chave, quais as informações topicamente relevantes para manter a
continuidade temática”.Portanto, o sucesso de uma pesquisa na Internet
pode depende da habilidade do hiperleitor em manter claros seus objetivos,
pois é possível nos perdemos no universo de informações às quais nos
expomos ao acessarmos a internet. A cognição escorrega num mar de
informações, mas perde seu poder de virtualização (KASTRUP, 2000, p. 51).
Mesmo com a possibilidade de perda de foco, as informações obtidas por
meio da internet são irreversíveis. Sobre isso, Chartier (1999, p. 94) afirma
que “os primeiros leitores eletrônicos verdadeiros não passam mais pelo
papel”. Basta olharmos a nossa volta para percebermos que Chartier tem
razão porque é cada vez maior o número de hiperleitores.
O papel da escola é estar atenta a esse movimento, e utilizar-se dele
como ferramenta pedagógica, uma vez que é preciso que os estudantes
aprendam a aprender, pois a informação por si só não é aprendizagem, é
preciso saber utilizá-la. Isso significa que o processo criativo advindo da
interação com a máquina depende do equilíbrio do que faz sentido para o
aprendizado.
3. METODOLOGIA
O objetivo geral do trabalho foi possibilitar a recuperação de conteúdos
de Língua Portuguesa para alunos de Ensino Médio em um momento
extraclasse, mas sem a necessidade da presença do aluno no colégio em
que estuda.
Para atingir tal objetivo, foi criada uma sala virtual na plataforma
MOODLE para as aulas de recuperação de conteúdo de Língua Portuguesa
no Colégio Estadual Senador Alencar Guimarães. Nela foram inseridos 26
alunos indicados por seus professores por estarem com dificuldade de
assimilação de conteúdos trabalhos em classe. A utilização da plataforma
como ferramenta metodológica gerou a necessidade de capacitar os
participantes do projeto no ambiente MOODLE.
Outra questão importante para o sucesso do trabalho foi a escolha dos
conteúdos a serem recuperados, pois não poderia estar fora do contexto de
sala de aula. Por isso, solicitou-se aos professores ministradores das aulas
de Língua Portuguesa que indicassem quais seriam tais conteúdos. Como a
necessidade de cada aluno era diferente, a quantidade de conteúdo foi
bastante significativa, portanto o modo encontrado para organizar de forma
ágil os conteúdos, foi dividi-los em quatro unidades. A primeira contemplou
conteúdos gramaticais: ortografia (com ênfase no novo acordo ortográfico);
regência verbal e nominal; uso da crase. A segunda unidade tratou ainda de
elementos gramaticais como: concordância nominal e verbal e problemas
gerais ocasionados pelo uso da variante padrão da língua como: uso dos
porquês, paronímia e homonímia. Na terceira e na quarta unidade, ocorreu
trabalho com produção textual, sendo que, inicialmente, os alunos foram
introduzidos na tipologia textual e seus elementos, depois, já familiarizados,
adentraram no texto dissertativo em função da solicitação feita pelos
professores para focar na produção desse tipo específico de texto.
Em seguida, com os conteúdos já determinados passou-se à
confecção do material didático a ser postado na plataforma MOODLE. Depois
de postados os conteúdos, foram inseridos alunos com necessidade de
recuperação de conteúdo de Língua Portuguesa. Tais alunos foram definidos
pelos professores participantes do projeto que analisaram desempenho dos
alunos em suas aulas.
O material elaborado foi estruturado usando a função fática1 para
manter o canal de comunicação sempre aberto com os alunos participantes
do projeto, e dessa forma, provocar a interação entre professor e aluno.
A inserção dos alunos na plataforma se deu através do cadastro dos
mesmos na Plataforma MOODLE a partir da indicação dos professores
ministradores das aulas de Língua Portuguesa. Depois de devidamente
cadastrados, os alunos foram reunidos para receberem a instrumentalização
de uso das ferramentas exploradas na plataforma. Aqueles que não
comparecerem ao momento de capacitação, foram atendidos isoladamente
para que não fossem prejudicados e para que sentissem que, embora
distante do professor, não estavam desamparados, mas sim assistidos de
forma intensa e individualizada. Os alunos realizaram os trabalhos dentro da
plataforma entre os meses de setembro e novembro de 2010.
A verificação dos resultados obtidos com os alunos aconteceu por
meio de atividades avaliativas dentro da Plataforma MOODLE e na sala de
aula convencional. No primeiro ambiente, as atividades moldaram-se ao
formato dissertativo e ao de múltipla escolha, sendo que este foi analisado e
valorado pelo professor tutor e aquele teve a devolutiva fornecida ao aluno
pela própria plataforma. Na sala de aula convencional, não houve distinção
nas atividades aplicadas, ou seja, todos os alunos da classe, participantes ou
não do projeto, desenvolveram tarefas idênticas aplicadas pelo professor
responsável pela disciplina de Língua Portuguesa, pois a recuperação de
conteúdos tem o objetivo de auxiliar o aluno a obter desenvolvimento
equivalente ao restante da turma.
3.1 Estruturas Metodológicas do Ambiente Virtual
1 Função Fática: função que mantém o canal aberto com o interlocutor, neste caso o aluno.
A metodologia do ambiente virtual estrutura-se na articulação entre
teoria e prática considerando o princípio de que: todo fazer implica uma
reflexão e toda reflexão implica um fazer. Assim, no processo de construção
de sua autonomia intelectual, o professor, além de saber e de saber fazer,
deve articular seu conhecimento com o do aluno.
Desta forma, a metodologia pautou-se numa abordagem cooperativo-
colaborativa de ensino/aprendizagem que presa pela máxima interação entre
docentes e discentes. Tal interação só existirá se o processo de construção
do conhecimento estiver calcado em procedimentos norteadores
antecedentes ao início das atividades no ambiente virtual, coexistentes ao
acontecimento das atividades e posteriores a essas.
Sendo assim, as articulações metodológicas foram explanadas sob
três enfoques: procedimentos de pré-atividades; de aprendizagem e de
pós-atividades. As ações desses momentos foram protagonizadas pelos
professores-autores, professores de EaD e tutores.
3.1.1 Procedimentos de Pré-Atividades
Para que o aluno possa encontrar um ambiente virtual possibilitador da
aprendizagem e que, por consequência, seja interessante e atraente, alguns
procedimentos devem ser tomados antes da inserção dos participantes na
sala virtual. O principal procedimento é o planejamento, que, aliás, deve ser o
norte de qualquer ação no processo de ensino/aprendizagem.
O planejamento foi elaborado e postado no início das atividades para
que viabilizasse ao estudante a ciência das temáticas, dos objetivos, das
competências a desenvolver, dos recursos de aprendizagem, bem como das
expectativas do professor tutor quanto à sua participação na unidade. Com
isso, o planejamento de estudo, a feitura das pesquisas, a organização de
gestão do tempo tornou-se mais ágil e proveitoso.
Para cumprir com suas funções, o planejamento explicitou:
1. As competências a desenvolver pelo estudante;
1. Os temas a estudar;
2. A bibliografia a trabalhar;
3. O que o professor espera por parte do estudante;
4. O que o estudante pode esperar do professor;
5. As orientações sobre o plano de atividades formativas;
6. O calendário que o estudante deve cumprir;
7. Os modos de avaliação e os respectivos critérios.
3.1.1 Plano de Atividades Formativas
Com o objetivo de fornecer base para trabalhar, adquirir conceitos e
desenvolver competências, foi organizado e disponibilizado no ambiente
virtual de aprendizagem um conjunto de atividades com caráter formativo.
A feitura de tais atividades aconteceu em momentos pré-determinados.
Estas atividades foram de tipologia variada, de acordo com necessidade e
com as competências a desenvolver. Não se tratou, contudo de atividades
delineadas com o objetivo de treinar respostas para exame, mas, antes,
atividades que exigiram do estudante a identificação dos pontos frágeis na
sua aprendizagem, discutindo-os inicialmente no âmbito de debates com os
seus pares em fóruns, e mais tarde com o professor tutor, por meio de um
fórum denominado Tira Dúvidas.
Além disso, no plano, constaram indicações de leituras
complementares para que o estudante procedesse à feitura de atividades
contextualizadoras que exigiam a interlocução entre as leituras
complementares e o conteúdo abordado na unidade.
3.2 Procedimentos de Aprendizagem.
Os procedimentos viabilizadores de aprendizagem foram suportados
por ferramentas assíncronas (90%) e em momentos presenciais (10%) em
um total de 20 horas aula, mas o retorno aos alunos foi rigorosamente
semanal. O rigor no retorno é indispensável para que o aluno perceba que
não está só e que a distância física entre professor e aluno existe, mas não
compromete o seu processo de aprendizagem.
Os momentos presenciais aconteceram em função da capacitação
instrumental dos participantes do projeto. Já as ações no ambiente virtual
apresentaram-se como: leitura de textos, exercícios, fóruns de discussão e
tira dúvidas e atividades complementares.
Além da capacitação, aos alunos que necessitaram de atendimento
individualizado em função de não estarem desenvolvendo a contento as
atividades no ambiente virtual por não possuírem habilidade no uso das
ferramentas disponibilizadas na Plataforma MOODLE, foi oferecido
atendimento presencial para sanar dúvidas em horário e local pré-
determinados.
As ações postadas no ambiente virtual que utilizaram ferramentas
assíncronas foram: material didático estruturado a partir da solicitação dos
professores indicadores dos alunos participantes; exercícios dissertativos
e/ou de múltipla escolha; fórum de discussão e fórum tira dúvidas.
O ambiente virtual proporcionou a comunicação bidirecional professor-
estudante e também a comunicação multidirecional, entre estudante-
professor e estudante-estudante (comunicação um para um, um para muitos
e muitos para muitos), interagindo a partir de qualquer lugar e em qualquer
momento por meio do Fórum Tira Dúvidas.
3.2.1 Leitura de Textos e Exercícios
Constante em todas as unidades, a Leitura de Textos e Exercícios
vieram ao encontro de um dos princípios do EaD: a constante interação entre
aluno e conteúdo e atividades verificadoras da aprendizagem.
3.2.2 Fórum de Discussão
A interação entre os alunos e entre os alunos e professores se deu
através do Fórum de Discussão, cujo objetivo maior é provocar no aluno a
necessidade de debater com seus pares o conteúdo trabalhado na unidade.
Tal debate foi monitorado pelo professor tutor que interferiu sempre que
necessário para dirimir possíveis equívocos de concepções formadas no
decorrer da discussão.
3.4 Mecanismos de Funcionamento das Aulas
a- Acesso
O acesso dos alunos à plataforma foi feito por meio de cadastramento. Esse
cadastramento aconteceu após a indicação do professor de Língua
Portuguesa responsável pelas aulas convencionais.
b- Materiais didáticos
Os materiais didáticos utilizado na modalidade EaD estruturam-se sob dois
aspectos: 1- textos; 2- textos e vídeos complementares colhidos do Portal Dia
a Dia Educação.
Os textos confeccionados foram dinâmicos e dialógicos – fato que contribuiu
significativamente para o aprendizado.
Os textos e vídeos complementares apareceram em forma de: livros didáticos
online, hipertextos, vídeos e animações, cujas finalidades foram: ampliar as
concepções dos alunos em relação ao conteúdo trabalhado e embasar os
estudos orientados.
c- As Unidades Aula
A composição das unidades seguiu a seguinte estrutura:
01- Planejamento da unidade;
02- material didático;
03- atividades objetivas e/ou dissertativas (avaliativas)
04- textos complementares – artigos, resenhas, notícias etc. (três no
máximo);
05- vídeos complementares (dois no máximo);
06- um fórum de discussão;
07- instruções para atividades contextualizadoras;
08- um fórum Tira Dúvidas;
Com tal rotina, o aluno encontrou em primeiro plano o conteúdo a ser
estudado na unidade, teve o primeiro contato com ele no material didático,
exercitou o conhecimento adquirido nas atividades, aprofundou o conteúdo
nos textos e vídeos complementares, estruturou tal aprofundamento na
atividade contextualizadora, discutiu o conteúdo no fórum e, se perdurando
dúvida discutiu-as no fórum tira dúvidas.
3. Procedimentos de Pós-atividades
Após as atividades, os alunos recebiam o feedback rapidamente, pois
é imprescindível a interação entre professor e aluno para que haja sucesso
na modalidade de ensino a distância. Portanto, os alunos tinham à disposição
a nota e os comentários sobre seu desempenho postados na plataforma, mas
de maneira individualizada, ou seja, cada aluno tinha acesso ao seu
desempenho.
As atividades avaliativas no ambiente virtual de aprendizagem foram
disponibilizadas no próprio ambiente. As objetivas deram o resultado
automaticamente ao aluno, as dissertativas foram avaliadas, comentadas e
encaminhadas pelo professor tutor.
Quando o aluno queria saber sobre o seu desempenho no ambiente virtual,
bastava clicar no ícone notas, localizado no lado esquerdo da tela da sala
virtual.
Para avaliar o desempenho na sala de aula convencional, o professor
responsável aplicou a mesma avaliação para todos, ou seja, os alunos que
participavam do projeto, pois precisavam recuperar conteúdos não
assimilados na sala de aula convencional, tiveram a mesma avaliação
daqueles cujo desempenho sempre ficou acima da média determinada pelo
Estado. Assim, pode-se analisar o desempenho do aluno dentro de uma
situação contextualizada.
4 RESULTADOS
4.1 Desempenho dos alunos no Ambiente Virtual de Aprendizagem –
AVA
A pesquisa levou em consideração a soma de dois resultados: o
resultado extraído da Plataforma MOODLE e o resultado obtido na sala de
aula convencional. A média lançada no boletim dos participantes levou em
consideração as avaliações feitas pelo professor de Língua Portuguesa
responsável pela disciplina na sala convencional.
A sala virtual iniciou com 26 alunos indicados por seus professores de
Língua Portuguesa, todos tinham alguma dificuldade em relação ao conteúdo
trabalhado na sala de aula convencional. Desse montante, seis deixaram de
participar das atividades, os demais tiveram uma participação bastante
significativa na feitura das mesmas, portanto pode-se afirmar que o
percentual de desistência não chegou a ser significativo, pois ficou na casa
dos 21%.
Na unidade 1, a primeira atividade estruturou-se em sete questões
objetivas que exigiram a leitura de um texto relativo ao último acordo
ortográfico. Nessa atividade os 26 alunos participaram, e a média do grupo
foi 4,5. O fórum de discussão, que convidava os alunos a debater sobre a
necessidade ou não de se fazer um acordo ortográfico entre os países
lusófonos, teve participação maciça, mas muitas das respostas conformaram-
se em repetir o que o outro havia postado. A atividade contextualizadora
solicitava a análise de dois vídeos e de um texto sobre regência verbal e
nominal e uso da crase. E pedia a resolução de 10 questões objetivas sobre
tais conteúdos. Nessa atividade aconteceu a primeira desistência. O fórum
tira dúvidas obteve uma boa aceitação, pois, por não ser avaliação e sim um
meio de comunicação entre professor e aluno, alcançou o índice participativo
de mais de 80%.
Na unidade 2, foram tratados mais alguns elementos gramaticais
como: concordância nominal e verbal e problemas gerais ocasionados pelo
uso da variante padrão da língua como: uso dos porquês, paronímia e
homonímia. A primeira questão abordou a concordância verbal e nominal na
forma de respostas objetivas, verdadeiro ou falso e associativas. Nela
observou-se um aumento de dois pontos na média em relação à unidade 1. O
fórum de discussão, a exemplo da atividade um, também teve um aumento
considerável na média, que passou de 4,7 para 7,5. O fórum tira dúvidas teve
uma menor participação, apenas 17 alunos questionaram algum item.
Embora, nessa unidade, tenha ocorrido uma evolução nas médias das
tarefas, o número de alunos participantes diminui para 19.
A primeira atividade da terceira unidade tratou de produção textual.
Nela os alunos foram convidados a identificar os tipos de textos apresentados
e justificar o porquê da identificação a partir da apresentação de argumentos
extraídos do material didático da unidade. Nessa tarefa os alunos ficaram
com média 6,0. No fórum de discussão, debateu-se sobre a utilização dos
três tipos de texto apresentados na unidade, nele, os alunos tiveram um
desempenho um pouco abaixo do fórum anterior, ficaram com a média 6,5. A
atividade contextualizadora envolveu a análise de dois vídeos e dois textos,
cujo assunto era tipologia textual no dia a dia. Nela, foi cobrado um texto de
até 20 linhas dentro de qualquer um dos tipos estudados e com todos os
elementos pertinentes a ele.
Ainda nessa atividade, percebeu-se um aumento na média que passou
para 5,7 e que o número de alunos participantes não se alterou.
Na unidade 4, os alunos adentraram no texto dissertativo com enfoque
nos tipos de argumentos. A primeira atividade solicitava aos alunos a
confecção de um texto de até 20 linhas com, pelo menos, dois tipos de
argumentos. A média da atividade foi 5,8. O fórum de discussão, cujo tema
foi a argumentação no cotidiano, manteve a média 6,5. Já a atividade
contextualizadora, que solicitou a confecção de três textos dissertativos,
mostrou-se mais animadora, pois elevou a média para 6,3. O fórum tira
dúvidas teve adesão de 100% dos participantes. A pergunta mais frequente
foi em relação à feitura da atividade contextualizadora.
Os números mostram que a Plataforma MOODLE despertou interesse
do grupo de alunos, pois dos 26 que iniciaram o projeto, apenas seis
desistiram: um em função de mudança de estado, três por mudarem de
colégio e os outros dois porque começaram a trabalhar e, segundo eles, não
encontravam tempo para trabalhar na plataforma por não possuírem internet
em casa.
Faz-se necessário explicar que todas as atividades e textos postados
sempre se relacionavam entre si e remetiam a hipertextos, dessa forma o
aluno fazia suas leituras de forma não linear e sempre exercitando a relação
do todo com as partes, como exige o paradigma da complexidade.
QUADRO DEMONSTRATIVO DAS UNIDADES TRABALHADASUNIDADE 1 UNIDADE 2 UNIDADE 3
ATIV. Nº ALUNOS MÉDIA ATIV. Nº ALUNOS MÉDIA
A 1 26 4,5 A 1 19 6,5FD 26 5,5 FD 19 7,0AC 21 4,7 AC 19 7,5FT 17 - FT 15 -
Nomenclaturas A1 = atividades
FD = Fórum de Discussão
AC = Atividades Contextualizadoras
FT = Fórum Tira Dúvidas
Na sala de aula convencional, as avaliações ficaram a cargo do
professor responsável. Os alunos participantes receberam a mesma
avaliação dos demais colegas de classe para verificar se estava ocorrendo
alguma alteração no processo de aprendizagem.
A média aritmética dos dois primeiros bimestres de 2010 das notas
lançadas dos alunos participantes foi de 4,2 no final do segundo bimestre. Ao
final das atividades no ambiente virtual de aprendizagem, os mesmos alunos
apresentaram a média de 5,8. Uma diferença de 1,6 pontos a mais.
Vale lembrar que a média dos participantes não foi gerada a partir das
avaliações no ambiente virtual, mas sim daquelas feitas na sala de aula
convencional, aplicadas pelo professor de Língua Portuguesa responsável
pela turma. A avaliação do ambiente virtual de aprendizagem foi decisiva
para a análise deste trabalho, mas não para a composição da média dos
participantes.
4.2 Participação dos alunos no Ambiente Virtual de Aprendizagem –
AVA
A participação dos alunos no ambiente virtual começou discreta. Para
intensificá-la foi necessário um árduo trabalho de tutoria, que aconteceu da
seguinte forma:
a) Diariamente, era mandado um recado via e-mail e via plataforma
lembrando os alunos das atividades postadas no ambiente virtual.
b) Todas as postagens feitas pelos alunos eram retornadas com observações
sobre a construção textual, a variante utilizada e a elegância do texto. O
objetivo foi o de promover a interação entre professor tutor e aluno, e, dessa
forma, aproximar o ambiente virtual do ambiente convencional de
aprendizagem e mostrar ao aluno que, mesmo distante fisicamente, a
articulação a carência do aluno e a atenção a ele dada pelo professor tutor
pode ser bastante concreta.
c) As atividades seguiram rigorosamente as datas de abertura e de
fechamento, porém os casos em que o aluno demonstrou interesse em fazê-
las, mesmo depois do prazo expirado, tiveram outra atividade com as
mesmas características, mas nunca a mesma, para não desmerecer àqueles
que respeitaram os prazos.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo da pesquisa, de possibilitar a recuperação de conteúdos de
Língua Portuguesa para alunos de Ensino Médio em um momento
extraclasse, mas sem a necessidade da presença do aluno no colégio em
que estuda, foi alcançado com o uso da Plataforma MOODLE, na qual foi
estruturado um ambiente virtual de aprendizagem.
A instrumentalização dos alunos participantes foi imprescindível para o
sucesso da pesquisa, pois proporcionou a eles um desempenho bastante
significativo na feitura das atividades propostas no AVA.
Outro fator importante no desenvolvimento do trabalho foi o
norteamento pelo pensamento sistêmico, que visa à análise do contexto e
afirma que a separação do todo em partes exclui a concepção das relações,
portanto a relação do todo com as partes é primordial para a construção do
conhecimento. Para que isso acontecesse, as atividades e os textos
postados sempre se relacionavam entre si e remetiam a hipertextos, cuja
leitura seguia ao bel prazer do aluno.
As estruturas hipertextuais levaram ao aluno um texto sem limites
definidos, semelhantes ao o nosso movimento cognitivo. Dessa forma, pode-
se dizer que o hipertexto permitiu aos participantes darem saltos, fazerem
associações por meio dos links no momento da leitura. Isso formou, no
momento da leitura, uma teia de palavras-chave que disponibilizaram
informações relevantes que mantiveram a continuidade temática.
Essas estruturas foram possíveis graças à Educação a distância, que
possibilitou a autoaprendizagem, com a mediação de recursos didáticos
sistematicamente organizados em unidades, nas quais forma apresentados
diferentes suportes de informação, ora isoladamente, ora combinados,
veiculados por ferramentas síncronas e assíncronas.
A avalição foi estruturada com objetivo de extrair todo o potencial de
benefícios da tecnologia, aumentando a capacidade de modificação de
comportamento dos aprendizes por meio do contínuo aprimoramento da
técnica. Por meio dela, percebeu-se uma contínua elevação na recuperação
dos conteúdos já trabalhados na sala de aula convencional, pois esta foi
comprovada pelo aumento das médias dos participantes nas avaliações
presenciais feitas pelos professores, os quais indicaram os alunos que
fizeram parte da pesquisa.
Portanto, pode-se dizer que o paradigma da complexidade, aliado às
novas tecnologias, transformam as maneiras de ler, escrever e,
principalmente, de refletir sobre o mundo, e com o uso das ferramentas
tecnológicas a favor da aplicação de tal paradigma por meio da modalidade
de ensino a distância, o estudante vislumbra uma nova perspectiva do
processo de aprendizagem, pois os meios estão próximos ao seu contexto e
não mais apenas inseridos em um ambiente de sala de aula regido por
quadro negro e giz.
Sendo assim, a recuperação de conteúdos por meio do ensino a
distância mostra-se como uma alternativa eficaz para o aumento na
qualidade de ensino do Estado do Paraná.
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