Internacionalização Comercial: O Agronegócio Globalizado...
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IV Colóquio Sociedade, Políticas Públicas, Cultura e Desenvolvimento-CEURCA, ISSN 2316-3089. Universidade Regional do Cariri-URCA, Crato Ceará-Brasil
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Internacionalização Comercial: O Agronegócio Globalizado da Castanha de Caju
do Rio Grande do Norte e Ceará
Dário Dárvin de Oliveira Ribeiro Alves1
Amanda de Almeida Lopes2
Estevani Pereira de Oliveira3
Suely Xavier dos Santos4
RESUMO: O trabalho analisa a inserção internacional da Castanha de Caju do Rio Grande do
Norte e do Ceará. Trata-se de uma atividade de suma importância para a economia destes estados e
tem contribuído ao longo dos anos para o saldo da balança comercial. O processo de abertura
comercial promovido pela economia brasileira nos anos 90 teve efeitos no Estado, favorecendo a
busca pela consolidação de mercados existentes bem como a exploração de novos nichos a serem
explorados no cenário internacional. A sistematização da análise dos dados de comércio do Estado
apontam que as exportações de castanha de caju desses estados estão concentradas nos Estados Unidos
e na União Europeia, demonstrando que o comércio exterior da região vem passando por oscilações,
contudo vem se mantendo consolidado, ou seja, essa concentração demonstra que este comércio se
desenvolve sobretudo com os países desenvolvidos. No entanto, percebemos certa dependência
mercadológica, o que sugere que há nichos de mercados ainda a serem explorados pela atividade no
cenário internacional. Nesse contexto, o incremento das relações comerciais do Rio Grande do Norte e
do Ceará com o mundo perpassa por fatores que incluem desde o incentivo ao desenvolvimento de
produtos que garantam uma inserção comercial sustentável no mercado internacional bem como o
fortalecimento de nichos de mercados já existentes e/ou a busca por novos mercados que permitam
uma diversificação do comércio exterior desses estados, para que estas atividades sejam de fato
promotora do desenvolvimento regional.
Palavras chaves: Castanha de Caju, Agronegócio Globalizado, Internacionalização.
INTRODUÇÃO
1Bolsista graduando em Relações Internacional – Laureate Internacional Universities 2Graduanda em Relações Internacionais – Laureate Internacional Universities 3Mestre em Economia – UFRN – Prof. Msc Escola de Gestão e Negócios, Laureate Internacional Universities 4Mestre em Engenharia da Produção – UFRN – Profa. Msc Escola de Gestão e Negócios, Laureate Internacional
Universities
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Na década de 1980, os países capitalistas desenvolvidos passaram por um processo de abertura
comercial e financeira, que ficou conhecido como o fenômeno da globalização, e que suscitou uma
aceleração no número de transações (comerciais e financeiras) bem como elevou o grau de sua
magnitude, e passou-se a assistir uma maior interdependência entre as economias. No entanto, nesse
período países em desenvolvimento, sobretudo da América Latina, ficaram à margem desses
acontecimentos em razão de problemas de instabilidade econômica.
Na década de 1990, os países em desenvolvimento passaram a integrar tanto o sistema
financeiro internacional, sobretudo enquanto receptores de fluxos de capitais, bem como a fazer parte
do comércio mundial de forma mais intensa. Assim seguindo esta lógica o Brasil passou de um
modelo pautado na substituição de importações – no qual procurava importar máquinas e
equipamentos para poder produzir internamente e fornecer ao mercado interno produtos elaborados no
próprio país –, para um modelo de caráter neoliberal, ao adotar a abertura econômica do país
(comercial e financeira), visando absorver as transformações advindas do processo de globalização,
que tornou o cenário mundial cada vez mais competitivo. Esse fato forçou as empresas a uma
reestruturação produtiva, conduzindo-as a busca de novas estratégias para enfrentar a concorrência do
mercado global exigente. Tornou-se imprescindível que empresas passem a desenvolver e/ou possuir
vantagens competitivas que lhes permitisse uma inserção comercial importante em seu setor de
atuação e, em alguns casos no cenário internacional.
A reestruturação produtiva ocorrida no país adentrou todos os setores da economia, forçando
os mesmos a estarem sempre em busca de inovações, tecnológica e/ou organizacional, dado o cenário
mais competitivo que se desenhou após as transformações ocorridas na década de 1990, cujo resultado
permitiu o fortalecimento de empresas no comércio internacional.
Assim, o processo de abertura comercial trouxe a necessidade de adequação a esse novo
contexto, sobretudo das empresas que também desenvolvam atividade no mercado internacional.
Logo, as empresas presentes no Rio Grande do Norte também buscam se adequar a esse ambiente
competitivo. Com base nesse cenário as firmas que produzem e processam a castanha de cajú do
estado enquanto agente econômico passou a acompanhar o processo de inserção comercial.
Nesse sentido o objetivo desse trabalho é mapear a inserção internacional do agronegócio da
castanha de caju do Rio Grande do Norte, uma vez que a partir da potencialização da globalização
torna-se importante ressaltar tanto o Brasil como o Rio Grande do Norte no que se refere ao
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crescimento da exportação de produtos agropecuários, que são os mais representativos da pauta de
exportação do Estado.
Pois, sabe-se que há muito as atividades agrícolas deixaram de ser improdutivas e ineficientes,
e incorporaram o incremento tecnológico a as inovações, sobretudo a partir da evolução do comércio e
das tecnologias da informação, e passaram a tornar-se produtos primários “high-tec”, com parcelas
maiores de conteúdo inovacionais em seus produtos e processos. Com este avanço de tecnologia tem-
se percebido um volume de equipamentos e tecnologias direcionadas ao mapeamento geológico de
territórios, fatores climáticos, tratos e manejos de solo com defensivos ambientalmente corretos, além
do desenvolvimento da biotecnologia e dos transgênicos, sobretudo, no que se refere aos países
desenvolvidos.
Vale salientar que neste processo a inovação é encarada como motor do desenvolvimento e
deve ser incorporada ao território local para que possam contribuir para o desenvolvimento de P&D
em várias frentes potencializando os espaços de natureza destinados a produção dessas culturas.
O agronegócio ao longo dos anos vem despontando como, atividade importante na economia
do país, e sua inserção externa vem apresentando expansão relevante no cenário internacional, dentro
da atividade do agronegócio, a castanha de caju, é considerada uma atividade relevante para o
desenvolvimento do estado, e também apresenta um crescimento no mercado internacional, que
acompanha a tendência de expansão do país em outras atividades relacionadas ao agronegócio,
resguardadas a devidas proporções. Nesse contexto, faz-se necessário analisar a situação atual da
castanha do caju do Rio Grande do Norte, ressaltando o impacto do processo de inserção internacional
para esta atividade.
.
Internacionalização: uma revisão teórica
O capítulo tem como objetivo fazer uma revisão teórica da problemática acerca do
Processo de Internacionalização, colocando em evidencia os principais teóricos que
discutiram esta temática na literatura econômica. Ademais faz-se a justificativa da
necessidade de compreensão da internacionalização e abertura comercial, afim de perceber a
urgência, do ponto de vista das atividades produtivas do setor primário na entrada no cenário
internacional.
Há muito se discute a questão da eficiência na teoria econômica, e sobretudo, no
comércio internacional, pois sabe-se que desde que os povos se organizaram, nos primórdios
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das civilizações o comércio passou a gerar benefícios mútuos. E como o papel central deste
processo está na garantia da necessidade humana ilimitada, a corrida por novos mercados e
acumulação de capital parece-nos há muito já ter iniciado. Dentro deste contexto fica fácil
identificar que as populações no decorrer dos séculos, foram moldando seus hábitos
deconsumo a medida em que novos territórios foram sendo conquistados, e as trocas entre os
povos da antiguidade avançaram de grau e interatividade.
A discussão da Teoria Geral do Comércio Internacional é sempre fascinante e cheia de
controvérsias e riquezas históricas, uma vez, que o próprio “Comércio Exterior” é composto
em sua essência por uma dicotomia, pois de um lado verificamos a existência de benefícios
em termos de aquisição de novos produtos, costumes e riqueza, e por outro a preocupação
com o mercado doméstico e as medidas protecionistas. (CAPARROZ, R. p.26)
Dentro deste contexto é salutar fazer referência ao “Comércio Ultramarino”, o qual
pode ser dinamizado, outrora, a partir de um processo de inovações nos transportes com a
construção de navios mercantes de portes avantajados, que permitiram o descobrimento de
novas rotas e contribuíram para o crescimento do volume de trocas comerciais a partir da
ligação entre os continentes Americano, Europeu e Asiático.
Entretanto, foi com a exploração espanhola das ricas minas de ouro e prata no
México e no Peru que o Comércio Internacional da época ganhou consistência. A
Europa finalmente detinha a propriedade de commodities amplamente aceitas em
todo o Oriente, o que impulsionou as transações de longa distância e permitiu a
aproximação econômica de culturas tão distintas (CAPARROZ, R p. 27).
Esta época foi marcada pelo “Mercantilismo” onde o ponto crucial era a acumulação
de riquezas, principalmente o outro e a prata, no qual o bem estar da população só poderia ser
alcançado a partir do fortalecimento do poder estatal pautado no nacionalismo. E dentro deste
contexto nasce a primeira “Teoria do Comércio Internacional”, a Teoria das Vantagens
Absolutas. Esta foi escrita por Adam Smith em 1776 em sua obra a Riqueza das Nações, onde
o mesmo afirmava que as nações deveriam intercambiar a partir da existência de vantagens, as
quais foram caracterizadas por ele como sendo “absolutas”. Pois, segundo este autor só
existira comércio voluntário se ambas as nações pudessem ganhar. Em sua lógica, o autor
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considerava que cada nação deveria ter uma vantagem em relação a outra no que tange as
commodities que produzisse no comércio internacional, e que a vantagem absoluta estava
ligada ao fator de produção “trabalho” incorporado em cada uma das commodities associado
ao seu custo de produção. Assim, a nação obtém a vantagem absoluta naquela commodity em
que é mais eficiente e se especializa na sua produção. (SALVATORI, S. p. 21)
Anos depois em 1817, David Ricardo ampliou as ideias de Adam Smith, com a
publicação da obra “Princípios de Economia Política e Tributação” afirmando que mesmo que
uma nação tenha desvantagens em relação a ambas as mercadorias, esta tem condições de
realizar suas trocas comerciais no mercado internacional. O referido autor considera que a
nação que tem desvantagem absoluta, deve procurar manter suas relações de trocas com a
“outra nação” fornecendo a commodity que tem menor desvantagem absoluta, de modo que
esta “menor desvantagem”, representa para a nação uma Vantagem Comparativa. Assim, a
nação poderia exportar a commodity que tem vantagem comparativa e importar a commodity
que tem maior desvantagem absoluta. (SALVATORI, S. p. 23)
Outro importante autor que contribuiu para as discussões acerca do comércio
internacional foi Eli Heckscher, o qual publicou em 1919 a obra O Efeito do Comércio
Internacional em Relação à Distribuição de Renda, e que posteriormente teve suas ideias
ampliadas por Bertil Ohlin em 1933, o qual representou grande avanço em relação aos
modelos anteriores de Smith (1776) e Ricardo (1817).
Os referidos autores consideram para a análise a abundância relativa dos fatores de
produção entre as várias nações, afirmando que as nações procurarão intercambiar a aquela
mercadoria que exige a utilização mais intensiva do fator mais abundante e barato dentro da
nação e irão importar aquela mercadoria em que exige a utilização intensiva do fator mais
caro e escasso.
Contudo, percebe-se que as teorias clássicas não conseguem explicar em toda a sua
totalidade o comércio internacional, uma vez que são estáticas, se consideradas as variáveis
externas de uma economia dinâmica e globalizada como a atual. Sendo assim, algumas
contribuições foram sendo realizadas no decorrer dos anos afim de englobar nestas teorias
itens como “Economias de Escala”, “Diferenciação de Produtos”, “Custos de Transportes” e
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“Difusão Tecnológica” elementos estes que não são interpretados em um único arcabouço
teórico, e foram considerados em análises posteriores.
De um outro modo em 1977, coube a Dunnig construir um Paradigma Eclético que
sistematizasse as contribuições acerca do comércio internacional que já haviam sido discutidas no
meio acadêmico, de forma a ampliar os horizontes de análise tendo a aproximação com a realidade.
Este autor considera que o processo de internacionalização da produção é resultado do grau de
envolvimento internacional conquistado pela firma e pode ocorrer de diversas maneiras, que podem
ser substitutas ou complementares.
Assim, a internacionalização pode resultar do investimento direto estrangeiro, da transferência
de tecnologia ou da inserção comercial e a busca por um espaço fora das fronteiras domésticas é uma
estratégia adotada por empresas capitalistas, que visam sobretudo a valorização do capital, na qual a
maximização do lucro e condição necessária para tal fim.
Assim, o Paradigma Eclético procura oferecer uma estrutura analítica geral capaz de permitir
compreender a extensão e o padrão da produção. O autor chama a atenção para o fato de que não é
possível obter uma teoria geral sobre o processo de internacionalização da produção.
Segundo SILVA (2002), o requisito básico para que ocorra a busca pela inserção no mercado
externo realizada pelas firmas, uma vez que recursos não são acessíveis a todas as firmas que
participam do processo. O processo de internacionalização – qualquer que seja o tipo, é que as
empresas que tencionam realizá-lo detenha algum tipo de vantagem sobre os seus concorrentes. A
ideia subjacente neste processo é entender o “quando”, “onde” “porque” e o “que” das características
da internacionalização. Vários foram os estudos que tentaram responder a essas questões e coube ao
referido autor a sistematização em um único arcabouço teórico as diversas contribuições acerca do
tema.
Assim, por se tratar de um arcabouço teórico que envolveu diversas teorias, o paradigma
eclético permite explicar os vários tipos de envolvimento internacional perseguido pelas firmas. O uso
dessa estrutura analítica faz sentido quando se leva em consideração as vantagens específicas
possuídas por firmas e países, que permitem explicar as atividades fora das fronteiras domésticas
incluindo aí o fluxo de comércio.
As vantagens que DUNNING (1993) se refere ao tratar da possibilidade das firmas
decidirem atuar no mercado externo, estão vinculadas ao aproveitamento, das vantagens de
propriedade (Ownership) que são possuídas pelas firmas e que, em geral, estão circunscritas a marca,
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domínio de tecnologia, capacidade gerencial; as vantagens de localização, que são oferecidas pelos
países como recursos naturais, infraestrutura, mão-de-obra; e, as vantagens de internalização, que diz
respeito a decisão da firma entre conceder licença para terceiro e explorar sua produção ou ela mesmo
se encarrega disso.
Essas vantagens (OLI) ficaram conhecidas na literatura como sendo a base do paradigma
eclético de Dunning. Tal paradigma que permite que o significado de cada uma das vantagens
referendadas acima bem como a configuração entre elas, apresenta variações importantes entre
empresas, setores, regiões, países. Assim, regiões e/ou países periféricos apresentam tipos de
vantagens OLI distintos das regiões e/ou países mais desenvolvidos.
Associados as vantagens OLI, as empresas também apresentam motivos que explicitaram o
envolvimento internacional das mesmas. Esses motivos estariam vinculados a implantação de
estratégias por parte das firmas.
Assim, as firmas se internacionalizam por que buscam explorar mercados; buscam recursos;
buscam racionalizar a produção e/ou buscam adquirir ativos estratégicos.
A compreensão de vantagens e motivos, que firmas possuem enquanto critério importante
para o processo de internacionalização, sinaliza para o fato de que o Paradigma Eclético de Dunning
tenta analisar as atividades das empresas com atuação fora do mercado doméstico.
Embora não se proponha a ser uma teoria geral da internacionalização da produção, o seu uso
enquanto arcabouço teórico é satisfatório pois as razões especificas de cada investimento variam
muito.
Assim o paradigma eclético não pode ser algo que ofereça uma explicação completa
dos diversos tipos de produção internacional; mas, antes deve ser visto como algo
que aponta para uma metodologia e para um conjunto genérico de variáveis que
contém os elementos necessários para qualquer explicação específicas de tipos
particulares de atividades produtivas no exterior. SILVA (2002), p. (6) apud
DUNNING, (1993)
A próxima sessão procurar fazer uma análise da inserção internacional da “Castanha
de Cajú”, a fim de verificar como se processa a busca por novos mercados pelos produtos
potiguares, busca-se fazer uma primeira aproximação desta inserção através da análise dos
dados disponíveis no sitio do Ministério do Desenvolvimento da Industria e do Comércio
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Exterior, além de fazer uma rápida análise do histórico da atividade no estado do Rio Grande
do Norte.
O Agronegócio da Castanha de Caju e sua Inserção Internacional
Assim como as demais atividades agrícolas brasileiras, o agronegócio da castanha de
caju veio tendo que ser reestruturar no cenário nacional e internacional, sobretudo, após a
abertura comercial ocorrida na década de 1990. O que forçou esta atividade a buscar pela
competitividade pautada na incorporação de inovações que potencializem suas vantagens no
mercado mundial. Logo esta cessão pretende fazer uma rápida análise da inserção
internacional do agronegócio da Castanha de Caju do RN e do CE entre os anos de 2005 a
2014.
Incialmente é importante frisar que o agronegócio da “Castanha de Cajú” tem como
base a produção do fruto, “caju” que é do ponto de vista agronômico, um pseudofruto
constituído de duas partes, sendo a primeira, o fruto, conhecido também como a castanha e o
pedúnculo floral, que é seu ‘’corpo’’, parte que muitas vezes é amarelada. O caju é muito
importante para a economia do Brasil, principalmente da região Nordeste, possuindo cerca de
710 mil ha na região, assim representando 99,5% da área com caju do Brasil (IBGE, 2006).
Já, a castanha que é derivada do caju é comercializada em grande quantidade para o mercado
externo. Mas, essa atividade não é vista apenas no Brasil, o Vietnã, Índia, Nigéria são também
grandes produtores de castanha.
Sabe-se que sua importância remete à história do Brasil, pois o cajueiro é uma árvore
que os indígenas já conheciam antes da invasão dos portugueses, e foi levada para a Ásia e
África por estes colonizadores, e que nos últimos séculos teve sua expansão por outras regiões
do globo e hoje já é encontrada também na Oceania.
No que se refere ao comércio internacional, o primeiro país a importar a Castanha do
Caju foi os Estados Unidos, e a partir dai, outras nações começaram a se interessar por esta
commodity. Já do ponto de vista do Brasil, as exportações deste produto são geralmente sem
casca, classificadas como amêndoas, o que acaba sendo caracterizada como um produto
industrializado. Portanto, o que acaba por diferenciar-se da castanha produzida no continente
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africano, uma vez que o produto brasileiro possui um valor agregado que o diferencia em
termos de preço final. O mercado norte americano e Canadense são os maiores responsáveis
pelas importações das amêndoas brasileiras, Norte Rio-grandense e Cearense. Assim, a
castanha é muito consumida como aperitivo em ambos os países e também na composição de
alguns chocolates.
O caju tem um alto poder nutritivo e um gosto agradável o que facilita na
comercialização do produto e seus derivados, sendo um importante produto da pauta de
exportação da região nordeste. Além disso, o ‘’corpo’’ do caju é utilizado para outros fins,
como suco, sorvete, doce fazendo com que a cadeia produtiva se torne mais extensa,
agregando valor ao produto.
Para se ter ideia de volume, o representante de uma das empresas potiguar que é
responsável por uma parcela significativa de participação no mercado internacional desta
commodity, afirmou que a atividade principal da empresa era baseada no processo de corte
manual que possuía inicialmente 50 empregados e produzia 400 toneladas anualmente. Após
cinco anos da sua abertura passou a contar com mais 300 funcionários e a produção aumentou
para 2.500 toneladas por ano. Esse crescimento também foi visto na fabricação, pois na
primeira exportação da empresa foi gasto dois meses para encher um container, hoje em dia,
em uma semana consegue encher 5 contêineres. Em entrevista de campo realizado junto à
indústria AFICEL com seu administrador Ademos Ferreira da Silva Júnior no ano de 2014.
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Figura 1 - COMPARATIVOS DA EXPORTAÇÃO BRASILEIRA DE CASTANHA DE CAJU
PARA O NAFTA
Fonte: Adaptada a partir do MDIC/SECEX
Dessa forma, a atividade tem como foco o mercado internacional, o qual representa
80% da produção, tendo entre os maiores compradores os EUA e o Canadá. Vale salientar que
estes países não compram a castanha assada e sim, crua ou semi crua, pois, ela é consumida
basicamente como aperitivo. Entretanto, a atividade também é direcionada para o mercado
interno, sendo os estados de São Paulo e Rio de Janeiro os maiores compradores nacionais.
Todavia, além de vários tipos de amêndoas exportadas também é produzido nas fábricas o
óleo LCC que é muito utilizado na indústria de tintas automotivas.
Com base nas informações na figura 1, percebe-se que entre os estados do Rio Grande
do Norte Ceará, ambos tiveram um impacto no volume de vendas para o NAFITA, sobretudo,
no ano de 2008, que pode ser explicado pela crise em que os EUA enfrentou. Ademais,
percebe-se uma queda significativa para ambos os estados na comercialização da commodity
com os EUA, provavelmente em decorrência de barreiras protecionistas.
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20.000.000
40.000.000
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Figura 2 - COMPARATIVOS DA EXPORTAÇÃO BRASILEIRA DE CASTANHA DE CAJU
PARA UNIÃO EUROPEIA
Fonte: Adaptada a partir do MDIC/SECEX
Com base na Figura – 2 percebe-se que a atividade vem buscando uma diversificação
mercadológica, sobretudo, com a Europa, que apesar de passado por uma crise nos últimos
anos, com ênfase em 2010 e 2011, Atualmente, as empresas potiguares e cearenses vêm
buscando estabelecer parcerias comerciais com o Mercosul e a Europa tendo em vista que a
atividade já está consolidada no mercado do NAFITA, principalmente, nos Estados Unidos e
Canadá.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acredita-se que o referencial proposto pelo trabalho auxilia na análise da questão de
partida, pois o esforço inovativo e suas vantagens de localização confirma a sua importância
da atividade para os estados do Rio Grande do Norte e Ceará, sobretudo, no que ser refere a
representatividade na pauta de exportação desses estados.
Além do esforço inovativo, ressalta-se a importância das vantagens de localização dos
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produtores do APL, pois o RN e o CE são região historicamente voltada para a produção de
frutas, através de um legado deixado pela MAISA e a FRUNORTE entre outras empresas nos
anos 1980 e 1990, as quais foram responsáveis pela formação de uma mão-de-obra vasta em
conhecimento agrícola voltado para a fruticultura, ou seja, agrônomos, químicos e
pesquisadores.
Outrossim, é uma região dotada de qualidades específicas e adequadas que fazem com
que as atividades agrícolas apresentem um diferencial no mercado internacional, em razão do
solo, clima e localização geográfica, o que acaba garantindo a inserção internacional a partir
de fatores endógenos, elementos de ordem natural, aspectos ambientais. Que acabam
enfatizando o seu enraizamento local.
Além do mais, o atual estágio conquistado pelo agronegócio da Castanha de Caju,
reflete o dinamismo da economia regional em geral e dos estados do RN e CE. Esta posição
de realce pode ser sintetizada pela análise dos seguintes pontos: destacada condição nacional
de produtor castanha de caju; expressivo volume de produtos comercializados, especialmente
nos mercados internacionais.
Além disso, outro aspecto merece atenção especial, trata-se da infraestrutura, pois
existe a necessidade de investimento continuado no modal rodoviário, sobretudo nas estradas
municipais de acesso as fazendas. Complementarmente, ainda no quesito; infraestrutura; a
atividade ainda se ressente, no caso do Rio Grande do Norte, da carência de portos e estradas
de ferro eficientes que possibilitem o escoamento da produção de forma rápida para o
mercado comprador, que em grande parte encontra-se na América do Norte e Europa.
Todas estas são proposições relevantes para que a atividade consiga se manter
competitivo nos próximos anos e alcançar patamares ainda mais elevados no mercado
internacional, além de uma maior capacidade de sustentabilidade do ponto de vista ambiental
e trabalhista. Acredita-se que novas pesquisas podem explorar mais detalhadamente estes
aspectos.
REFERÊNCIAS
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