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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
MUDANÇAS CLIMÁTICAS - O GRANDE DESAFIO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Dircelei I. S. Rampanelli 1
MS. Gilberto Martins 2
“A criação geme em dores de parto”.(Romanos 8, 22).
RESUMO
As Mudanças Climáticas representam, talvez, o maior desafio ambiental que nossa espécie já encontrou e o que mais ameaça a sobrevivência neste planeta em curto prazo. Debates entre cientistas, autoridades, empresas, sociedade civil e escolas estão pautadas, não somente nas Mudanças Climáticas, mas principalmente, em suas causas e conseqüências. O presente documento,constitui o resultado de pesquisas realizadas nas diferentes mídias que abordam a questão ambiental, especialmente aquelas relacionadas às Mudanças Climáticas. Aborda alguns dos resultados do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), o Relatório do Clima, as Convenções Intergovernamentais do Clima (COOPs), o Sequestro e Mercado de Carbono, os Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL), as evidências de um Aquecimento Global cíclico (aquecimento global- mito ou verdade), entre outras referências. Constitui em uma leitura para todos que desejam conhecer e contribuir com a sustentabilidade do planeta. Ao abordar os diversos aspectos desta questão, os alunos do 2°Ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Doze de Novembro de Realeza, pretendem, fornecer ás pessoas em geral, elementos para reflexão e para o debate sobre as Mudanças Climáticas e seus impactos.
1 Professor PDE, Licenciado em Geografia pela UNIOESTE- Campus de Francisco Beltrão. Especialista em Ecologia e Educação Ambiental pela Universidade do Centro Oeste do Paraná-UNICENTRO e em Gestão Escolar pelo Instituto Tecnológico de Desenvolvimento Educacional. Docente da Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná. E-mail: [email protected] .
2 Orientador PDE. Graduado em Geografia. Mestre em Desenvolvimento Regional e Planejamento Ambiental pela UNESP-Universidade Estadual Paulista-Presidente Prudente, SP; Docente do Departamento de Geografia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná-UNIOESTE, campus de Francisco Beltrão. E-mail: [email protected].
ABSTRACT
The Climatic Changes represent, perhaps, the biggest environmental challenge that our sort already found and that more threatens the survival in this planet in short term. Discussions between scientists, authorities, enterprises, civil society and schools are ruled, not only in the Climatic Changes, but mainly, in his causes and consequences. The present document, represents the result of inquiries carried out in the different mediae that discuss the environmental question, specially those relation to the Climatic Changes. It approaches some of the results of the Intergovernment Panel of Climatic Changes (IPCC), the Report of the Climate, the Intergovernment Conventions of the Climate (COOPs), the Seizure and Market of Carbon, the Mechanisms of Clean Development (MDL), the evidences of a Global cyclical warming (global - warming myth or truth), other references. It constitutes in a reading for all whom they want to know and contribute for the sustentabily of the planet. While approaching several aspects of this question, the students of 2nd of the Secondary education of the Doze de Novembro School de Realeza, they intend to supply for people in general, elements for reflection and for the discussion about the Climatic Changes and their impacts.
PALAVRAS-CHAVE: Mudanças Climáticas; Aquecimento Global; Seqüestro e Mercado de Carbono; Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL); Gases de Efeito Estufa (GEEs).
INTRODUÇÃO
O planeta Terra, ambiente que abriga as formas de vida é formado por uma
crosta rochosa (litosfera), parcialmente recoberta de água (hidrosfera) e envolvida por
uma camada gasosa (atmosfera). Esse ambiente que é chamado de biosfera abarca
fatores físicos: atmosfera, solo e água, e o homem, vem impondo mudanças a esses
fatores físicos e bióticos.
Desde o início da era industrial, o homem adquiriu técnicas que lhe permitiram
cada vez mais controlar a natureza; por outro lado, a atmosfera serviu de depósito para
as toneladas de detritos produzidos pela ação antrópica. Conseqüentemente, a
resposta da natureza não tardou e os efeitos começaram cada vez mais vir à tona, com
2
alterações que tornam difícil separar as mudanças naturais das artificiais. Flutuações
climáticas, de intensidade maior ou menor, começaram a ocorrer ao longo da história
de nosso planeta. O clima mundial que se manteve estável desde a Revolução
Industrial, tem se alterado significativamente. Temas, como aquecimento global, gases
de efeito estufa, buraco na camada de ozônio, chuva ácida, ilhas de calor, inversão
térmica, enchentes, furacões, entre outros, estão constantemente em debate entre os
cientistas e aparecem com freqüência em meios de comunicação de massa, como
jornais, televisão e Internet. As temperaturas, que se mantiveram estáveis durante o
século XIX, têm aumentado significativamente e ao longo do século XX foram, em
média,entre 0,3 e 0,6ºC mais altas, segundo relatório do IPCC3.
As evidências científicas não deixam margem para dúvidas: as Mudanças
Climáticas ameaçam os ecossistemas, a economia e a saúde das pessoas. Mais do
que o simples aumento da temperatura, o que preocupa são as causas e as possíveis
consequências desse aumento.
A ciência já mostrou que o planeta já passou por modificações de temperatura,
porém na atualidade o principal causador das mudanças é as ações humanas, que leva
ao acúmulo de gases de efeito estufa-os GEEs, na atmosfera do planeta.
Para explicar isso, Moacyr Bernardino Dias Filho, em seu artigo, “Fotossíntese:
a porta de entrada do carbono nos ecossistemas”, diz o seguinte:
(...) quando a energia solar atinge a superfície do planeta, a maior parte dela é refletida de volta para o espaço; porém, o dióxido de carbono e outros gases que compõem a atmosfera, como o metano, criam um envoltório ao redor do planeta, o qual retém o calor recebido do Sol, e desse modo, aquece o planeta. O consumo de petróleo e seus derivados e as queimadas de florestas e savanas uma quantidade extra de dióxido de carbono é liberada na atmosfera, e faz com que a quantidade desse gás passe de 280 partes por milhão (ppm), antes da Revolução Industrial, para cerca de 380 ppm nos dias de hoje(...) (DIAS-FILHO, 2006).
3 O IPCC (Intergovernamental Panel on Climate Change ou Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) estabelecido em 1988 pela organização Meteorológica Mundial e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) para fornecer informações científicas, técnicas e sócio-econômicas relevantes para o entendimento das mudanças climáticas.
3
Um documento sobre o impacto econômico do aquecimento global apresentado
em Londres por Nicholas Stern, renomado economista e que já foi economista-chefe do
Banco Mundial conhecido como Stern Revieu4 (2006), faz um alerta sobre danos
imensos do aquecimento global e afirma que “enchentes e secas serão mais comuns e
que danos econômicos gigantes trará à economia mundial”. Seu estudo examinou tanto
os impactos econômicos das mudanças climáticas como os custos da estabilização dos
gases causadores do efeito estufa na atmosfera, e mostrou os desafios políticos
envolvidos na complexa transformação da economia atual numa economia menos
dependente do carbono e o esforço que as sociedades devem fazer para se adaptar
aos efeitos produzidos pelas mudanças do clima. Utilizando resultados de modelos
econômicos, o estudo de Stern calcula que o total dos custos e dos riscos das
alterações do clima será equivalente à perda anual de no mínimo, 5% do PIB (Produto
Interno Bruto) global, caso nenhuma ação seja colocada logo em prática. Contudo,
Stern conclui que, se “medidas forem tomadas para reduzir os GEEs para evitar
impactos ainda maiores, os custos ficariam em torno de 1% do PIB mundial” (STERN,
2006).
As conferências ligadas às questões ambientais são cada vez mais freqüentes,
visando proporcionar um grito de alerta aos dirigentes governamentais sobre os
problemas relacionados ao meio ambiente.
O tema das Mudanças Climáticas tem suscitado debates e despertado o
interesse de vários segmentos da sociedade, não sendo mais um assunto discutido
restritamente na área científica. Economistas, políticos, empresas, escolas e a
sociedade em geral têm cada vez mais se engajado nas discussões e na busca de
soluções para a redução das emissões dos gases causadores do efeito estufa que
contribuem para as alterações climáticas.
Porém, a discussão acerca do aquecimento terrestre cíclico, levanta um
questionamento que é estudado por um número expressivo de climatologistas,
meteorologistas e estudiosos. Outro questionamento importante é levantado por
Geraldo Luís Lino (2010) em seu livro: “A Fraude do Aquecimento Global”, onde o
mesmo afirma que “as Mudanças Climáticas são fenômenos naturais que ocorrem há 4 Stern, Nicholas (2006). The Economics of Climate Change: The Stern Revieu. Disponível em http: //www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2006/10/061030_analise_relatorio_crg.shtml.
4
centenas de milhões de anos e contra as quais a humanidade pouco pode fazer no seu
atual estágio de conhecimento(...).(LINO,2010)”.
Contudo, Mendonça, em seus estudos cita Nieuwolt e McGregor (1998). Esses
autores afirmam: “(...) as Mudanças Climáticas podem ser consideradas em duas
escalas: mudanças de longa duração que são superiores há 20000 anos, e mudanças
de curta duração que podem ocorrer entre 100 e 20000 anos. (MENDONÇA, 2003)”.
As Mudanças Climáticas globais derivarão novos questionamentos e
diferenciados arranjos espaciais na superfície do planeta e na vida dos homens. Ainda
que especulativas, as influências do aquecimento planetário sobre as condições de
saúde e doença da população também devem ser tomadas a sério. Segundo o IPCC
(2005),várias Mudanças Climáticas em longo prazo têm sido observadas em
continentes, regiões e oceanos. Isto inclui mudanças na temperatura e no gelo do
Ártico, mudanças na quantidade de precipitação em todo lugar, mudança na salinidade
dos oceanos, mudança dos padrões de vento e aspectos de clima extremo como as
secas, a precipitação forte, as ondas de calor e a intensidade de ciclones tropicais.
O Aquecimento Global encontra-se, todavia, envolto em consideráveis
incertezas, sobretudo quando se discute as causas do mesmo. A criação de cenários
futuros concernentes às Mudanças Climáticas ainda é bastante especulativa, devido à
dificuldade da compreensão completa e satisfatória da dinâmica da atmosfera e à
quase imprevisibilidade da evolução das atividades humanas.
Num tal contexto, a precaução parece ser a atitude mais correta a ser tomada
pela sociedade. Ribeiro em suas considerações a respeito do assunto observa que, “o
planeta está aquecendo e algo tem que ser feito para que nele possa continuar a ter
vida humana nos próximos séculos. Daí usar o princípio da precaução” (RIBEIRO,
2002).
“A Mudança Climática global é, o maior desafio da humanidade e pode-se dizer
que a sociedade mundial ainda não está preparada para enfrentá-la, porque uma das
maiores barreiras para seu enfrentamento é a informação” (MOUTINHO,2006).
Não obstante a importância do tema e o interesse que o mesmo desperta, falta
informações concretas para a população, e nisto reside nossa proposta de pesquisa,
que tem por objetivo levar informações técnicas acerca do assunto para os alunos e
5
estes para a sociedade em geral, a fim de promover transformações na sociedade
brasileira. Propomos um estudo com uma visão crítica dos temas relacionados à
adaptação da espécie humana às Mudanças Climáticas, e, entendemos nossos alunos
como agentes de difusão dos conhecimentos para além da esfera científica, numa
busca de soluções viáveis para minimizar a questão da mudança do clima e influenciar
a formação da opinião pública sobre a temática. Assim, estima-se que as interfaces dos
assuntos abordados, emerjam com soluções plausíveis e pautadas em
responsabilidade ética. A proposta é que o aluno se aproprie de informações e que
perceba as divergências científicas e políticas que envolvem a questão.
1 ALTERNÂNCIA DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO DECORRER DA HISTÓRIA :
O ESQUENTA ESFRIA DO PLANETA
As Mudanças Climáticas globais representam, na atualidade, uma das grandes
preocupações da humanidade com relação aos destinos do nosso planeta. Trata-se,
também, de uma questão muito polêmica, pois mesmo com os grandes avanços
tecnológicos alcançados pelo homem, os cientistas ainda não conseguiram chegar a
uma conclusão definitiva quanto às causas das mudanças climáticas e suas
interferências no clima terrestre.
Para Ribeiro, “tratar das mudanças climáticas do ponto de vista da área de humanidade
permite vislumbrar questões referentes à gestão planetária dos recursos naturais e à
restrição a ação humana” (RIBEIRO,2002). Assim, é necessários considerar tempos
naturais e tempos sociais e os desequilíbrios que geram nos sistemas naturais.
Desde a formação do planeta e da constituição da atmosfera terrestre, o clima
tem sofrido alterações ao longo das eras geológicas. O clima terrestre alterna períodos
quentes e eras glaciais. Há muitos fatores envolvidos nessas variações, e ainda não
existe um consenso entre os cientistas sobre todos eles.
Sobre isso Santana&Neto afirmam que:
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Apesar de sabermos que,no passado,em eras remotas, o clima não foi sempre idêntico e que suas oscilações possibilitaram tanto o surpreendente desenvolvimento da vida no planeta quanto os desastres e catástrofes, como a extinção dos dinossauros, além das grandes glaciações, ainda ficamos perplexos diante da repercussão de que os elementos do clima exercem sobre as nossas vidas. Como o clima é muito dinâmico, torna-se necessária à observação de seus principais elementos, como a temperatura, a umidade e as chuvas, por um longo período de tempo, para se verificar se as variações de seu comportamento são realmente permanentes, ou se são ciclos periódicos que tendem a se repetir de tempos em tempos, tratando-se apenas de variabilidade de clima (...).O fato é que o clima está em constante e permanente transformação, assim como todos os demais sistemas da natureza. (SANTANA & NETO 2000).
Desde a década de 1990 não pairam dúvidas sobre o aumento da temperatura
do planeta. Contudo é necessário questionar: O aquecimento global é uma realidade ou
é apenas parte de um ciclo natural de longa duração, uma probabilidade estatística sem
maiores consequências?
Muitas questões ainda permanecem sem respostas conclusivas. Muitos aspectos
ainda dependem de estudos mais aprofundados. É necessário discutir o
comportamento do clima e de seus elementos, tanto a partir da circulação atmosférica,
quanto seu impacto produzido na paisagem geográfica, nos recursos hídricos e na
qualidade de vida do homem.
O matemático sérvio Milutin Milankovitch5 (1879-1958) cita sua teoria a respeito
das causas astronômicas das mudanças climáticas:
- As mudanças periódicas na geometria orbital da Terra de elíptica para quase circular e depois elíptica novamente,que ocorrem em ciclos de 100 mil a 413 mil anos:- A variação entre 22,1º e 24,5º na inclinação do eixo da Terra em relação ao Sol, em ciclos de 41 mil anos:- O eixo da Terra faz um movimento para trás (precessão) em relação ao Sol, em ciclos de 23 mil anos. Isso provoca a mudança na precessão dos equinócios e as alterações provocam variação na radiação solar que atingem a superfície terrestre e são, por isso, responsáveis por grandes oscilações no clima.
5 Milutin Milankovitch, engenheiro mecânico e geofísico, nascido na Sérvia. Foi professor da Universidade de Belgrado. Desenvolveu a teoria Idades do Gelo, publicada em 1941, hoje conhecida por “Ciclos de Milankitch”.
7
Assim, é preciso considerar que o CO² sozinho, não explica o fenômeno do
esquenta-esfria do planeta, e pior, como já citamos neste documento, não há um
consenso entre os cientistas sobre quais fatores influenciam, mas a hipótese de
Milankovitch, de que estaria relacionada à órbita da Terra e ao eixo de rotação está
sendo bastante considerada.
Assim, o problema do aquecimento que estamos assistindo não é somente o
aumento da temperatura em si, mas sim a velocidade com que o fenômeno está se
produzindo. “Mudanças Climáticas sempre ocorreram e ocorrerão, porém o
metabolismo planetário é ritmado aos milhões de anos, enquanto que nossa atividade
produziu em menos de 200 anos, o que os sistemas teriam levado milênios para se
adaptar” (PRADA, 2008). Marengo confirma a afirmação quando diz que, “a Terra
sempre passou por ciclos naturais de aquecimento e resfriamento, da mesma forma
que períodos de intensa atividade geológica lançaram à superfície quantidades
colossais de gases” ( MARENGO, 2006).
Ainda sobre a discussão, Baldicero Molion6 afirma que o aquecimento global é
agora, eufemisticamente denominado Mudanças Climáticas, e deixou de ser um tema
científico para ser uma “plataforma política-econômica, uma fraude para a implantação
de uma nova ordem global, de possíveis estruturas globalizadas de governança
mundial, sendo fundamental que o alarmismo aquecimentista seja neutralizado”
(MOLION, 2010).
Dentro desse sistema, e diante dessas incertezas estamos nós. Teremos que
enfrentar notáveis esforços de adaptação de agora em diante. Assim o nosso planeta,
tanto pode estar prestes a conhecer um forte aquecimento global, como pode estar
propenso a uma nova era glacial.
6 Luis Carlos Baldicero Molion, Doutor em Meteorologia pela Universidade de Wisconsin, Madison (EUA) e pós doutor em Hidrologia de Florestas pelo Instituto de Hidrologia de Wallingford (Reino Unido).
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2 AÇÕES ANTRÓPICAS E O DESEQUILÍBRIO AMBIENTAL
Desde a Revolução Industrial, a atmosfera tem recebido uma quantia crescente
de poluentes. Dessa forma, sua composição natural tem se alterado substancialmente.
Os impactos dessa alteração sobre o clima podem ser significativos e muitos deles
sequer podem ser previstos com base nos conhecimentos científicos atuais. Devido a
uma série de fatores, entre elas a poluição atmosférica crescente, gerada pela atividade
industrial, à queima de combustíveis fósseis em termelétricas e indústrias, uso de
veículos movidos à gasolina e óleo diesel, desmatamentos, queimadas, etc., tem
aumentado em todo o mundo, inclusive no Brasil, a ocorrência de chuvas ácidas,
enchentes, estiagens, deslizamentos de terra, inversões térmicas e ilhas de calor.
Os deslizamentos de terra são fenômenos geológicos que, embora possuam estreita
relação com a precipitação, não são classificados como fenômenos climáticos, uma vez
que dizem respeito primordialmente à dinâmica de encostas, envolvendo rochas e
solos, ou seja, elementos da litosfera. Tornados também são fenômenos climáticos
relevantes no espaço brasileiro, apesar de serem mais raros e de impacto mais
localizado se comparado com as secas, enchentes e ondas de frio. Em 2004, houve o
primeiro furacão registrado pela ciência no Atlântico sul, junto à costa de Santa
Catarina, resultando em mais de 100 mortos e 78 mil desabrigados. Outro exemplo
disso foi o registro das fortes cheias, com mortos e muitos feridos no Rio de Janeiro,
além de grandes prejuízos materiais. Minas Gerais e São Paulo também foram
duramente castigados. No caso do sul do Brasil, o estreito espaço entre o oceano e a
Serra do Mar, com rios curtos sujeitos a cheias e inundações e montanhas de formação
muito antigas, vulneráveis a desmoronamentos, tem o cenário perfeito para esse tipo de
desastre.
As chuvas torrenciais no Sul e Sudeste brasileiro ocorreram paralelos a uma
série de fenômenos climáticos intensos mundo afora, como as nevascas na Inglaterra,
o inverno rigoroso nos EUA, as chuvas torrenciais na Indonésia, etc. Esses
acontecimentos já foram previstos pelo IPCC- Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas, como causados pelo aquecimento global.
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Alguns autores como, Cris Field, que é membro do IPCC em reunião em
Chicago, afirmou que as temperaturas futuras vão ultrapassar todas as previsões já
feitas, caso medidas sérias não sejam urgentemente tomadas. Nessa mesma reunião,
outros cientistas divulgaram previsões sobre a calota polar ártica, a qual segundo eles
poderá derreter completamente até 2030. Neste caso, o derretimento também se tem
verificado mais rápido do que se previa, tendo em vista que o aquecimento global
provocou uma reação em cadeia com as águas do Atlântico, mais quentes, se
deslocando para o norte, somando-se a atmosfera, também mais quente, sobre a
superfície do Ártico. Isto significa que há derretimento em cima e embaixo da calota.
No estudo de tendências climáticas feitas por Rodrigues&Santos7, conclui-se que
(...) Possíveis mudanças em extremos climáticos podem ocorrer, como ondas de calor, de frio, chuvas intensas e enchentes,secas,furações e ciclones tropicais e extratropicais.(...) Exemplos podem ser observados anualmente: as enchentes e ondas de calor da Europa em 2002 e 2003, os invernos intensos da Europa e Ásia nos últimos anos; o furacão Catarina no Brasil em 2004; os intensos e devastadores furacões no Atlântico Tropical Norte em 2005 ; as secas no Sudeste do Brasil em 2001, no Sul em 2004, 2005 e 2006, e na Amazônia, em 2005.(...) Atualmente, a atividade industrial está afetando o clima terrestre o que sugere que a atividade humana é um fator determinante (RODRIGUES&SANTOS,2009).
Diante da gravidade das Mudanças Climáticas, o Fórum das Mudanças
Climáticas e Justiça Social8, em sua publicação em 09/04/2010, em Brasília –DF,
propõe:
a- Ampliar o conhecimento e monitorar os impactos sociais e ambientais das Mudanças
Climáticas e do aquecimento global, averiguar suas causas e suas consequências,
tendo prioritariamente como referência a sabedoria dos povos tradicionais e a opinião
das pessoas que já passam por situações graves relacionadas ao assunto, bem como
7 Rafael de Ávila Rodrigues, doutorando em Meteorologia Agrícola, UFV e Roziane Sobreira dos Santos Mestranda em
Meteorologia Agrícola, UFV, MG. Disponível em : http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/uo000001.pdf
8 Carta do Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social. Disponível no site: http://www.adital.org.br/site/noticia.asp?
lang=PT&cod=46756
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os estudos de cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da
ONU (IPCC).
b- Desenvolver ações conjuntas e abrangentes, para enfrentar os problemas
decorrentes do aquecimento e encontrar alternativas de adaptação para as populações,
especialmente as mais pobres que são as mais violentamente atingidas.
c- Reafirmar nossa co-responsabilidade em relação ao cuidado com a integridade da
criação, obra divina, como imperativo da fé cristã.(Brasília – DF, 07 de abril de 2010).
3 SEQUESTRO E MERCADO DE CARBONO
O conceito de seqüestro de carbono foi consagrado pela Conferência de Kyoto,
em 1997, com a finalidade de conter e reverter o acúmulo de CO 2 na atmosfera,
visando a diminuição do efeito estufa. Nessa conferência mais de 160 países discutiram
as mudanças climáticas no planeta e a preocupação passou do campo ambiental para
o econômico. A conservação de estoques de carbono nos solos, florestas e outros tipos
de vegetação, a preservação de florestas nativas, a implantação de florestas e sistemas
agroflorestais e a recuperação de áreas degradadas são algumas ações que
contribuem para a redução da concentração do CO 2 na atmosfera. É na fase de
crescimento que as árvores removem e retêm quantidades expressivas de carbono na
atmosfera e que reduzem, gradativamente, a taxas quase insignificantes depois de
formadas.
Os resultados do efeito Seqüestro de Carbono podem ser quantificados
através da estimativa da biomassa da planta acima e abaixo do solo, do cálculo de
carbono estocado nos produtos madeireiros e pela quantidade de CO 2 absorvido no
processo de fotossíntese. Para se proceder à avaliação dos teores de carbono dos
diferentes componentes da vegetação (parte aérea, raízes, camadas decompostas
sobre o solo, entre outros) e, por consequência, contribuir para estudos de balanço
energético e do ciclo de carbono na atmosfera, é necessário, inicialmente, quantificar
a biomassa vegetal de cada componente da vegetação. Devido à quantidade com
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que é emitido, o CO 2 é o gás que mais contribui para o aquecimento global. Suas
emissões representam aproximadamente 55% do total das emissões mundiais de
GEEs. O tempo de sua permanência na atmosfera é, no mínimo, de 100 anos. Isto
significa que as emissões de hoje têm efeitos de longa duração, podendo resultar em
impactos no regime climático, ao longo dos séculos. Historicamente, os países
industrializados têm sido responsáveis pela maior parte dessas emissões. Contudo,
na atualidade, vários países em desenvolvimento, entre eles China, Índia e Brasil,
também se encontram entre os grandes emissores. No entanto, numa base per
capita, os países em desenvolvimento continuam tendo emissões consideravelmente
mais baixas do que os países industrializados, isto é possuem uma matriz energética
relativamente limpa se comparada aos padrões internacionais uma vez que se
baseia na energia hidrelétrica (renovável).
As nações participantes da Convenção de Mudança Climática, que ocorreu em
junho de 1992 na cidade do Rio de Janeiro, se comprometeram de criar mecanismos
que diminuíssem as emissões dos GEEs. Estes mecanismos dizem respeito à
capacidade de as fontes de energia emitirem baixos níveis desses gases , e também
as alternativas para absorção de CO 2 , através dos projetos de sequestro de
carbono. Desta forma, os países desenvolvidos e as indústrias criaram uma nova
utilidade e um novo mercado para o carbono, que consiste no carbono capturado e
mantido pela vegetação. O interesse e o investimento no sequestro de carbono e a
comercialização de créditos de carbono são a forma através da qual estas indústrias
e os países industrializados podem equilibrar suas emissões e mantê-las a níveis
seguros. As normas e regras de comercialização e as quantidades de carbono
retidas pela vegetação ainda não são totalmente conhecidas e estabelecidas,
ressaltando assim a importância dos projetos de pesquisa desenvolvidos nesta área.
Para Rizzo:
A preservação ambiental é um dever de todos. O Protocolo de Kyoto estabelece que os países desenvolvidos devam reduzir suas emissões de gases em 5% abaixo dos níveis do ano de 1990 com o objetivo para o período de 2008-2012. Isso significará a diminuição de centenas de milhões de toneladas por ano, com um custo enorme para estas economias. Entretanto, há países que preferem pagar para outros países pelo sequestro de
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carbono e o Brasil possui uma série de vantagens nessa área, pois receberia por sua baixa emissão de gases e pela enorme capacidade ambiental de absorção e regeneração atmosférica. (RIZZO).
4 PROJETOS DE MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), instrumento criado para reduzir
as emissões de gases causadores do efeito estufa ou de captura de carbono (sequestro
de carbono), por parte dos países do anexo I da Convenção-Quadro das Nações
Unidas sobre Mudança do Clima. O chamado anexo I inclui os países industrializados
que eram membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE) em 1992, mais a União Européia e países da ex-URSS e do Leste Europeu.
Esses países podem implementar projetos que contribuam para o desenvolvimento
sustentável através da redução ou captura do GEEs, obtendo a Reduções Certificadas
de Emissões- RCEs, que podem ser negociadas no mercado mundial. Mas, para
compreender melhor o que isso significa é preciso voltar ao ano de 1997, quando a
comunidade internacional fechou um acordo para reduzir as emissões de GEEs, o
Protocolo de Kyoto. Neste mecanismo da Convenção do Clima, os países
desenvolvidos têm até 2012 para reduzir suas emissões em 5,2%, tomando por base o
ano de 1990. As Partes incluídas no Anexo I do Protocolo devem, individual ou
conjuntamente, assegurar que suas emissões de CO 2 não excedam suas quantidades
atribuídas com vistas a reduzir suas emissões totais. O Protocolo de Kyoto provê
condições de criar certificados de redução de GEEs transferíveis por investimento em
projetos de mitigação operados pelas condições definidas por alguns mecanismos,
entre eles MDL. Através dele, países em desenvolvimento que não fazem parte do
Anexo I do Protocolo podem comercializar eventuais reduções nas emissões de GEE
na forma e créditos para os países desenvolvidos pertencentes ao Anexo I.
O MDL visa o desenvolvimento sustentável em países em desenvolvimento, a
partir da implantação de tecnologias mais limpas nestes países. Porém, existem regras
claras e definidas para sua aprovação. No art. 12.5, o Protocolo de Kyoto afirma que o
“projeto tem que ter participação voluntária aprovada por cada parte envolvida”, ou seja,
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um país não pode obrigar outro a fazer um projeto de MDL. Ele tem de ser verificado e
validado por entidades operacionais designadas e ser registrados pelo Conselho
Executivo do MDL. O país hospedeiro do projeto tem que declarar que está aplicando o
MDL voluntariamente, projeto a projeto, isto é, confirmar que nenhum país o está
obrigando a realizá-lo. O projeto também deve ser capaz de demonstrar benefícios
reais mensuráveis no que se refere a assuntos relacionados à mitigação do clima,
demonstrar benefícios sociais e econômicos que não existiriam se não houvesse o
projeto.
5 CONVENÇÕES E PROTOCOLOS INTERNACIONAIS
As Mudanças Climáticas globais tem sido frequentes e o debate em torno de
soluções para sanar ou mesmo minimizar esse problema tem sido palco de sucessivos
encontros de cientistas, estudiosos em geral e principalmente políticos.
Coube à ONU, o papel de mobilizar os países em um acordo internacional que
reconheça as responsabilidades de cada nação na emissão de GEE bem como criar
documentos jurídicos para sua efetivação.
Em suas conferências, a ONU aprova documentos conhecidos como
convenções ou tratados, com propostas de consenso que regulam a ação dos países
que a adotam. As nações concordantes assinam as convenções e a partir daí passam a
participar de conferências regulares de discussão: as conferências das partes- COPs.
Nas COPs, nascem os anexos ou protocolos, como o de Kyoto por exemplo. Para que
um protocolo entre em vigor é necessário que cada país o ratifique (confirme,
autentique). O país passa, então, a gozar de benefícios, como transferência de
tecnologias e acesso a recursos financeiros. Os países que não ratificam podem
enfrentar dificuldades de exportação e de crédito.
O primeiro grande evento da ONU para discutir questões ligadas ao
aquecimento global aconteceu em Estocolmo, na Suécia, em 1972 na Conferência
sobre o Meio Ambiente Humano. Realizado no período da Guerra Fria, o encontro não
chega a definir políticas efetivas por causa das divergências entre os países capitalistas
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liderados pelos EUA e socialistas encabeçados pela ex-URSS. Um dos poucos
resultados foi à criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA).
Assim, uma série de conferências internacionais foi realizada, as quais fizeram
um apelo para que um tratado mundial fosse assinado. Em 1988, o PNUMA e a
Organização Meteorológica Mundial (OMM) acataram o apelo e criaram o Painel
Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), cuja função é sintetizar
conhecimentos sobre mudanças do clima, efeitos, consequências socioeconômicas e
estratégias para lidar com esse problema, realizando papel imparcial, de alta qualidade
e relevante na elaboração de políticas e negociações. As atividades do IPCC são
realizadas por grupos internacionais, compostas pelos maiores cientistas e
especialistas do mundo nos diversos assuntos relacionados à mudança do clima.
O debate ambiental ganha impulso de fato em 1992, com a Conferência da
ONU sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, a Rio-92. Os
representantes de mais de 150 países encontraram-se durante cinco reuniões entre
fevereiro de 1991 e maio de 1992 e, e no dia 09 de maio de 1992, surge a Convenção-
Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, com sede em Nova York. Essa
convenção-quadro foi assinada primeiramente pelo Brasil em 04 de junho de 1992 e
ratificada pelo Congresso Nacional em 28 de fevereiro de 1994 e entrou em vigor em 29
de maio. Entra em vigor internacionalmente em 21 de março de 1994 com a assinatura
de 185 países.
O objetivo central da Convenção do Clima é, de acordo com o seu art.2º,
alcançar a estabilização das concentrações dos GEEs na atmosfera num nível que
impeça a interferência do homem no sistema climático, que não ameace a produção de
alimentos e que viabilize o desenvolvimento econômico de modo sustentável. Esse
nível deverá ser alcançado num prazo suficiente que permita aos ecossistemas
adaptarem-se naturalmente à mudança do clima.
Existem ainda muitas controvérsias e incertezas sobre os efeitos apontados
como possíveis de ocorrer com a elevação da temperatura média global. Assim, as
medidas estabelecidas na Convenção sobre Mudança do Clima são preventivas, pois
não se sabe ao certo quando, onde e como os problemas acontecerão.
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Na Conferência das Partes-COP3, realizada em Kyoto no Japão em 1997, foi
elaborado um protocolo à Convenção sobre Mudança do Clima, chamado de “Protocolo
de Kyoto”, que contem pela primeira vez um acordo que compromete os países do
norte a reduzir suas emissões de GEEs, que devem, no período de 2008 a 2012, estar
pelo menos 5% abaixo das emissões verificadas em 1990. O tratado internacional,
negociado em 1997, ratificado em 1999, entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005.
O Protocolo de Kyoto tem a função de promover fontes de energias renováveis
e limpas, proteger as florestas e áreas verdes, estimular o consumo racional de
recursos e reduzir as emissões de metano. Se o tratado cumprir seus objetivos, espera-
se que até o ano de 2100 a temperatura média global seja reduzida entre 1,4º a 5,8º C.
Atualmente, 141 países ratificaram o tratado, inclusive a Austrália que havia se
negado a assinar. Contudo, os EUA, responsáveis por quase 25% das emissões no
planeta se recusam a assinar, justificando que isso prejudicaria sua economia.
Em relação à última convenção- COP16 /MOP16 de 2010, poucos foram os
resultados positivos. Contudo, alguns avanços ocorreram tais como a criação do Green
Climate Fund (Fundo Climático Verde), que tem por objetivo ajudar os países em
desenvolvimento a reduzirem suas emissões e se adaptarem aos efeitos adversos da
mudança do clima e o apoio à implementação de elementos chaves para compensar os
países por protegerem suas florestas via mecanismo de REDD+. Além disso, foi na
COP16 que o Brasil lançou sua Comunicação Nacional de Emissões de Gases de
Efeito Estufa e anunciou a regulamentação da sua política Nacional sobre Mudança do
Clima através do Decreto nº 7390, assinado pelo presidente no dia 09/12/2010. Isso
torna o Brasil a 1ª nação a assumir formalmente e se auto-impor limites de reduções de
emissões (no máximo 2,1 bilhões CO 2 até 2020).
Outros exemplos de convenções são:
- Convenção da Desertificação;
-Convenção da Diversidade Biológica;
- Convenção de Estocolmo;
- Convenção Mundial de Luta contra a Desertificação;
- Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio, entre outros.
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante de inúmeras informações e controvérsias sobre Mudanças Climáticas já
divulgadas pelos diferentes canais de informação, é difícil tecer conclusões definitivas
acerca de que consequências a humanidade poderá enfrentar no decorrer deste século.
Cientistas e estudiosos do mundo inteiro vêm desenvolvendo pesquisas e elaborando
cenários que possam representar o mais fielmente possível, situações que poderão ser
vividas no futuro, decorrentes do aquecimento global, quer seja ele, de causa antrópica,
cíclica ou mesmo uma histeria aquecimentista.
Os alunos debruçaram-se em inúmeras publicações sobre o assunto,
apresentando o resultado de suas pesquisas em seminários, que foram apresentados
nas escolas do município e finalizando com uma produção didática ( caderno temático),
que se encontra disponível na biblioteca da escola e na página do PDE no site
www.pde.pr.gov.br . Paralelo aos seminários, criaram um blog de discussão online via
laboratório de informática do Paraná Digital sobre a temática, para trocarem
informações com alunos de outras escolas, cujo endereço eletrônico é http://www.dr-
ram.blogspot.com .
No material pesquisado pelos alunos, encontram-se inúmeras
definições, argumentos e controvérsias para explicar esse assunto que tem levado
estudiosos e pesquisadores nacionais e internacionais a se contraporem quanto ás
Mudanças Climáticas. De um lado, órgãos governamentais, ONGs, entidades civis e
cientistas do clima assinalando a importância da preservação, de outro, estudiosos que
afirmam haver um infundado alarmismo aquecimentista promovido por interesses
políticos e econômicos, que transformaram um debate científico em uma obsessão
mundial e uma verdadeira indústria que lucra bilhões de dólares com a fraude do
aquecimento global.
Contudo, o IPCC em seu último relatório, afirma que, se as emissões que
agravam o efeito estufa não forem reduzidas rapidamente, o aumento do nível dos
mares afetará 10% da população mundial, mais de 600 milhões de pessoas, num
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cenário otimista. Para reduzir isso são necessárias medidas urgentes tais como novas
formas de obtenção de eletricidade e combustíveis para os transportes. O custo para
isso estima o IPCC, ficaria em torno de 78 bilhões de dólares, o que corresponde a algo
entre 0,2% e 3,5% da soma do PIB de todos os países.
As projeções indicam um maior número de dias quentes e ondas de calor em
todas as regiões continentais. Dias com geadas e ondas de frio podem se tornar cada
vez menos freqüentes. Pode haver, ainda, um aumento da frequência e da intensidade
da precipitação em diversas regiões, sobretudo nas regiões tropicais. Há também
projeções de secas generalizadas em regiões continentais durante o verão.
A retração geral dos glaciares e de capas de gelo continuará durante o século
21. O aumento do nível médio relativo do mar implicará distintas consequências para a
pesca, agricultura, navegação, proteção costeira, produtividade biológica e
biodiversidade.
O aquecimento global pode provocar mudanças nos ecossistemas terrestres,
enchentes em regiões mais baixas, furacões e tempestades tropicais, além de doenças
tropicais como malária, dengue e febre amarela.
Em uma entrevista coletiva durante a 16ª Conferência das Partes das Nações
Unidas sobre Mudança Climática (COP 16) em Cancun no México, o secretário geral da
Organização Mundial de Meteorologia (OMM), Michel Jarraud, alerta que a década
2001-2010 “marcou um novo recorde” como a mais quente na história do mundo, na
frente de 1998 e 2005. Assinalou que atualmente, considerando o período de janeiro a
outubro, a temperatura terrestre, da atmosfera e do mar em 2010 estava 0,55 grau
centígrado superior à média do período entre 1961 e 1990. Segundo o analista, "se
nada for feito, a curva (de altas temperaturas superiores à média) seguirá subindo e
subindo" e é provável que, no futuro, 2010 chegue inclusive a ser "um dos anos mais
frescos" em comparação aos que virão. Na década atual, a temperatura foi 0,46 grau
centígrado superior à da média de 1961-1990. Nessa mesma oportunidade, Jarraud
afirma que as maiores anomalias do ano ocorreram em duas regiões do planeta: a do
Canadá e Groenlândia; e a metade norte da África e sul da Ásia, uma área que se
estende até a metade ocidental da China. As temperaturas da superfície marinha
estiveram abaixo do normal na maior parte da metade leste do Oceano Pacífico, como
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resultado do fenômeno "La Niña", mas foram superiores ao normal nos oceanos Índico
e Atlântico.Embora tenha havido ondas de frio nas zonas mais habitadas dos Estados
Unidos e Europa, onde vivem 60%-70% da população dessas regiões, tomando as
temperaturas globais estas foram superiores. Como fenômenos mais chamativos, ele
destacou a onda de calor na Rússia, que esteve 7,6 graus centígrados acima dos níveis
médios, que considerou relacionada às "precipitações excepcionais no Paquistão", que
deixou "as piores inundações da história". O secretário-geral da OMM também fez um
alerta sobre as secas registradas na Bacia Amazônica, no Brasil, e no sudoeste da
China. Quanto a fenômenos extremos, os ciclones e furacões estiveram em 2010
"abaixo do normal" no Pacífico, embora no Atlântico sua atividade tenha sido maior.
A nível global, os impactos prováveis que ocorrerão em nosso planeta, além do
aumento médio das temperaturas, podem destacar:
• Elevação do nível dos mares;
• Ocorrência de eventos climáticos extremos tais como furacões, tornados,
enchentes, ondas de frio e de calor intensos, tempestades e secas;
• Perda de cobertura de gelo;
• Alteração nos recursos hídricos;
• Desertificação;
• Mudanças nos Ecossistemas: as Mudanças Climáticas poderão colocar em risco
muitas espécies da flora e da fauna; a biodiversidade poderá diminuir e poderão
ocorrer mudanças no regime de reprodução de várias espécies;
• Interferências na Agricultura: mudanças nas condições climáticas poderão
modificar a vocação agrícola de determinadas regiões e com essa
vulnerabilidade da produção de alimentos cresce o risco da fome atingir um
número maior de população, especialmente nos países mais pobres;
• Impactos na saúde: mudanças induzidas pelo clima alterado nos ecossistemas e
espécies, na distribuição geográfica, reprodução e migração, poderão ocasionar
o surgimento de várias doenças infecto contagiosas tais como dengue, malária,
leishmaniose, esquistossomoses, hantavirose pulmonar, entre outras.
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A preocupação em torno da temática ambiental chegou a tal patamar que a
igreja católica vem somar esforços na busca de soluções neste ano de 2011, onde a
Campanha da Fraternidade coloca o planeta Terra no centro das atenções,
acompanhado de um lema tirado da Bíblia: “A criação geme em dores de parto” de
Romanos, capítulo 8 versículo 22. Mesmo que a formulação do tema coloque a vida
como primeira referência, na verdade o foco se dirige para o planeta, visto pela igreja
como fator indispensável para a vida, e olhado com apreensão, em decorrência da
profunda dependência da vida em relação ao planeta Terra. E, lança o alerta: o
momento exige atenção e cuidado, para que se superem as apreensões e se
confirmem as esperanças de que o planeta Terra continue cumprindo sua crucial
função de garantir que a vida tenha condições de prosseguir com sua dinâmica positiva.
É indispensável constatar, que não só a vida humana, mas todo o sistema vital que
conhecemos, depende das condições que o planeta Terra proporciona.
Dom Demétrio Valentini, bispo de São Paulo e presidente da Cáritas Brasileira
nos diz:
É bom viver, mas é importante descobrir e ressaltar os fatores que nos permitem viver. Nosso planeta é matriz dos sistemas vitais, profundamente interdependentes na sua complexidade e fundamentais para tornar possível a vida humana. A Campanha da Fraternidade nos estimula a clarear estas interrogações, para situar melhor nossas responsabilidades. (VALENTINI, 2011).
No que se refere às projeções para o futuro do planeta, muitos estudos surgem
a cada dia e aumentam o alarme sonoro para que discurso seja transformado em ação.
O debate sobre Mudanças Climáticas está diretamente relacionado ao desafio de
responder como e quando haverá um modelo de desenvolvimento menos carbono-
intensivo. Muitos especialistas afirmam que a humanidade atingiu a “Era dos Limites” e
daqui para frente um novo posicionamento de todos os setores da sociedade é urgente
e necessário. Mas o questionamento é: como migrar do atual modelo de
desenvolvimento baseado no uso intensivo de recursos naturais não renováveis
causador da degradação ambiental, para um modelo voltado para o desenvolvimento
humano e respeito ao nosso planeta?
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Como não há resposta aceitável e definitiva para esse questionamento, é
necessário perceber que esse desafio é de todos: governos, escolas, empresas,
organizações da sociedade civil e de cada cidadão. As escolhas e atitudes que tivermos
ao longo da próxima década podem guiar a trajetória do desenvolvimento global para
as gerações que estão por vir.
“A humanidade se encontra em um momento de definição histórica. Defrontamo-nos com a perpetuação das disparidades existentes entre as nações e no interior delas, o agravamento da pobreza, da fome, das doenças e do analfabetismo, e com a deterioração contínua dos ecossistemas de que depende nosso bem estar. Não obstante, caso se integrem às preocupações relativas a meio ambiente e desenvolvimento e a elas se dedique mais atenção, será possível satisfazer às necessidades básicas, elevar o nível da vida de todos, obter ecossistemas melhor protegidos e gerenciados e construir um futuro mais próspero e seguro. São metas que nação alguma pode atingir sozinha; juntos, porém, podemos, em uma associação mundial em prol do desenvolvimento sustentável”. (Preâmbulo da Agenda 21, um dos documentos ratificados pelos 179 países que participaram da Rio 92).
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