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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-040-7 Cadernos PDE VOLUME II

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2008

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-040-7Cadernos PDE

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PRODUÇÃO DO OAC

IDENTIFICAÇÃO

* Autor: MARIA LEIDE CARVALHO

* Estabelecimento: COLÉGIO ESTADUAL IEDA BAGGIO MAYER

* Ensino: ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

* Disciplina: HITÓRIA

* Conteúdo Estruturante: RELAÇÕES CULTURAIS

* Conteúdo Específico: A mulher e suas conquistas de direitos nas sociedades

Contemporâneas.

1. RECURSO DE EXPRESSÃO

1.1 Título: Memória e militância feminina no período da Ditadura Militar brasileira.

As transformações sociais ocorridas na sociedade brasileira,

especialmente a partir dos anos de 1960, criaram as condições mais gerais para a

efetiva constituição da mulher como sujeito político. Foi um período muito

importante para atuação e conquistas do espaço público incluindo significativos

espaços no mercado de trabalho e nas Universidades; é um processo marcado

pela crescente conscientização e participação política da mulher. Sendo assim,

cabe-nos questionar sobre o impacto destas transformações na sociedade

brasileira, assim como ficou a da família tendo que abrir mão da presença

constante da mulher e compreender o papel que a mesma passou a desempenhar

neste novo contexto.

Nesta perspectiva, proponho apoiada em literatura, discutir sobre a

relação entre mulher e a política nas décadas de 1960-70, a partir de experiências

de mulheres que no dizer de Natália Bastos ”transgrediram o código de gênero” da

época. Em uma época que o espaço destinado à mulher era o espaço doméstico,

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e sua função dedicar-se ao marido e aos filhos. Ao homem estava reservado o

espaço público e o comando da arena política. Adentrar o espaço público, político

e masculino foi o que fizeram estas mulheres ao se comprometerem com os

grupos de esquerda, clandestinamente, para fazer oposição (em parceria com os

homens) ao regime militar brasileiro.

Enquanto na Europa e nos EUA o movimento feminista aparece

principalmente no início da década de 1960, no Brasil isto ocorrerá somente a

partir de meados dos anos 70, tendo como marco a publicação dos jornais Brasil

Mulher em 1975 e Nós Mulheres em 1976. Segundo Bastos esta defasagem

temporal é explicada pelos dois discursos predominantes na época: o do regime

militar e o da oposição a ele. No primeiro caso, temos o discurso da ditadura

militar que se apresenta como discurso oficial, tentando “moralizar” o país através

de suas regras, não somente econômicas e políticas, mas também as de

comportamento de cada cidadão e cidadã brasileiro(a). Logo, as discussões de

temas como a sexualidade feminina, divórcio e aborto eram consideradas

promíscuas e atentatórias à moral e aos bons costumes. No imaginário dos

segmentos conservadoras de nossa sociedade, a pílula anticoncepcional era o

símbolo maior desta leviandade para quais as jovens brasileiras estavam se

dirigindo. (BASTOS, 2002, p.2).

1.2 Referências:

COLLING, Ana Maria. A resistência da mulher à ditadura militar no Brasil. Rio de Janeiro: Record; Rosa dos Tempos, 1997.

FERREIRA, Elizabeth F. Xavier. Mulheres, militância e memória. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1996. MATOS, Maria Izilda S. Por uma história da mulher. Bauru: EdUSC, 2000, p.23.

REIS FILHO, Daniel Aarão. Versões e ficções: o seqüestro da história. São Paulo, Ed. Fundação Perseu Abramo, 1997.

2- RECURSOS DE INVESTIGAÇÃO

2.1Investigação Disciplinar

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A década de 1960 foi marcada pelos chamados movimentos feministas.

Nos estados Unidos, a escritora Betty Friedan liderou um movimento pela

igualdade dos direitos entre homens e mulheres. Esses movimentos espalharam-

se por vários países.

Em cada período da história brasileira, a mulher, através de grupos

organizados sejam defendendo a manutenção da ordem estabelecida ou lutando

por transformações sociais tem participado dos movimentos contemporâneos,

embora freqüentemente a história oficial tenha omitida sua presença.

A partir de 1964, a presença feminina desenvolveu marcante trajetória

política diversificada em várias correntes. A “Marcha da Família, com Deus, pela

Liberdade”1 ficou conhecida como um movimento liderado pelas mulheres das

camadas dominantes contra o governo constitucionalmente eleito e considerado

por alguns historiadores o detonador do golpe militar de 31 de março. Esse

movimento integrava-se a todo um conjunto de forças que visava a romper a

ordem institucional e sua vitória representou a implantação da censura à imprensa

e as artes, um cerceamento maior às atividades dos sindicatos, aos partidos

políticos e às liberdades individuais. Além disso, arrocharam-se os salários e a

classe trabalhadora perdeu suas condições mínimas de reprodução.

Nesse período mulheres donas-de-casa ou trabalhadoras emergiam do

espaço doméstico para reivindicar, e ocupar espaços públicos, ameaçando a

garantia da sobrevivência do grupo familiar. Na segunda metade da década de

1960 desponta o Movimento do Custo de Vida, liderado por donas-de-casa. Num

esforço extraordinário, em 1978 esse movimento colheu mais de um milhão de

assinaturas contra a “carestia” que foi entregue em Brasília. Nas eleições desse

ano, o movimento, com apoio da Igreja Católica, elegeu uma mulher, Irma

1 Movimento organizado no início de 1964 com a finalidade de sensibilizar a opinião pública contra as medidas que vinham sendo adotadas pelo governo João Goulart. Congregou setores das camadas dominantes temerosos do "perigo comunista" e favoráveis à deposição do presidente da República. Dissolveu-se pouco depois do golpe político-militar de 31 de março de 1964.

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Passoni, deputada estadual.2

No decorrer de todo o século XX presenciamos a mudança do papel

feminino de esposa e mãe apenas, para o de esposa, mãe e trabalhadora em

alguns casos quando a mulher podia fazer opção e assumir a atividade

profissional e a busca por ascensão em sua carreira ela tem alcançado cargos

cada vez mais altos, chegando, por vezes, a ser chefes de nações, como hoje

acontece na Alemanha e no Chile, países tradicionalmente machistas onde, até

bem pouco tempo atrás, pareceria impossível acreditar se disséssemos que

seriam governados por uma mulher. Vemos hoje o Império Americano deixando

suas questões militares e diplomáticas nas mãos de Condoleessa Rice, que além

de mulher é negra. No Brasil nossa maior capital, São Paulo, já foi governada em

duas ocasiões por mulheres, pela Assistente Social e ex-deputada Luiza Erundina

e pela Psicóloga e ex-deputada Marta Suplicy, contamos ainda com centenas de

vereadoras, prefeitas, deputadas, senadoras e ministras de Estado que não

deixam nada a desejar ao desempenho masculino.3

Em 1975, um grupo de mulheres cariocas organizou na Associação

Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro, a semana de debates intitulada "O

papel e o comportamento da mulher na realidade brasileira", evento que reuniu

uma platéia de mais de quatrocentos participantes e deu início ao Centro da

Mulher Brasileira (CMB), primeira organização feminista no país. Começaram a se

organizar diferentes movimentos de mulheres, além de jornais de e para mulheres.

Os grupos feministas caminharam próximos das organizações de esquerda. Além

da luta pela redemocratização, o movimento tinha ações também nas áreas

sindical e rural. Mulheres de outros setores sociais e de diferentes orientações

sexuais se uniram. Os temas da saúde e do aborto passaram a fazer parte da

agenda feminista na década de 1980. A força dessas mobilizações colocou as

mulheres como interlocutoras no debate político sobre direito à saúde. Na década

de 1980, marcada pelo retorno da democracia no país, em 1987 foi criado o

Conselho Nacional dos Direitos da Mulher e o lobby do batom foi atuante na

conquista de direitos durante a Assembléia Nacional Constituinte. Na década de

2 BLAY, Eva. REVISTA RETRATO DO BRASIL, Política Editora de Livros e Jornais e Revista Ltda, São Paulo, 1984. p. 354.3 GOMES, Carla Rezende. Disponível em WWW.scienciaplena.org.br , acesso em 10/09/2008

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1990, a participação das mulheres no ciclo de conferências mundiais da ONU

conferiu caráter global ao movimento. No Rio de Janeiro, o Planeta Fêmea ocupou

o Aterro do Flamengo durante a Eco-92. As conferências do Cairo (1994), Beijing

(1995) e Durban (2001) foram importantes momentos de encontro e de

fortalecimento da bandeira feminista.

Referências:

DEL PRIORE, Mary (org.); BASSANEZI, Carla (coord. De textos). História das Mulheres do Brasil. 2ª edição. São Paulo: Contexto, 1997.

OLIVEIRA, Malu de. Homem e Mulher a caminho do século XXI, São Paulo, Ática, 1993.

2.2Perspectiva Interdisciplinar

Trabalhando com o filme: “O que é isso companheiro?”

Sugiro que aproveitando a temática do filme; “O que é isso companheiro?”, os professores das diversas áreas numa perspectiva interdisciplinar promovam uma análise critica do mesmo, seguindo o que se propõe abaixo:

1- Apesar de, a princípio, o filme parecer destinado a disciplina de história, a menção a temas de alcance geral como liberdade de expressão, democracia, luta armada, idealismo ou censura (entre outros), abrem grandes possibilidades de trabalhar com ética, filosofia, política e geopolítica.

2- A discussão sobre a intolerância e as proibições impostas durante a ditadura militar pode estimular uma análise sobre o hoje, sobre a forma como o processo político brasileiro se encontra na atualidade. Paralelamente a isso, podem ser feitas pesquisas que nos esclareçam se, fora do campo político, existem outros setores que estabelecem restrições ou censuras e, de que forma isso acontece.

3- O idealismo que move os personagens do filme parece característica fora de época no Brasil atual. Analisar o engajamento político daquela época e o descaso e descrédito de muitos brasileiros com instituições partidárias e suas pregações pode constituir tema interessante para muitas aulas. Será que a participação e suas pregações podem constituir tema interessante para muitas aulas. Será que a participação dos jovens

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em instituições e grupos do terceiro setor (ONGS) não constitui uma alternativa ao engajamento político?

4- A busca de artigos disponibilizados por revistas e jornais falando sobre o seqüestro do embaixador americano, além da leitura do livro de Fernando Gabeira, podem gerar comparações entre o que foi apresentado nas telas e o que foi escrito pelos jornalistas e por participantes do seqüestro.

2.3Contextualização

O cenário político-social: os anos de 1964 a 1985

O período da ditadura militar, instaurada no País em 1964 e que perdurou

até 1985, marcado por uma sucessão de mudanças políticas, econômicas e

sociais, caracterizou-se também pela gradativa e intensa repressão político-social

aos seus opositores. Nesse cenário, destaca-se a militância política de mulheres

opositoras ao regime. Transformando o contexto social e sendo por ele

transformadas, essas mulheres, então, tanto no campo da política quanto no das

relações de gênero, romperam com códigos tradicionais de conduta e

propuseram, em seus lugares, formas alternativas de viver a condição feminina.

Segundo nos conta Martins Filho (1998), tudo começou de certa forma, nos

anos de 1962-1964, quando o movimento estudantil universitário se inseriu nas

campanhas reformistas do final do período populista. Logo após, com o golpe de

1964, iniciou-se uma fase de silêncio forçado aos movimentos de massa. A partir

de então, lutas estudantis renasceriam em resistência ao projeto de reforma

educacional da ditadura e na luta contra a repressão policial-militar por ela

fomentada. Em 1968, conhecido como o “ano dos estudantes”, os interesses do

movimento já não estavam mais voltados apenas para as causas educacionais. A

situação interna do País, que dispôs os jovens a exigirem mudanças que

difundissem a justiça social a todas as camadas da população, fez com que esses

se aproximassem dos mais diversos grupos que também questionavam o regime

militar.

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De forma geral, os jovens dos anos 1960 presenciaram um intenso

movimento de renovação cultural que atingiu os meios de difusão cultural, da

música popular ao cinema novo, passando pelo teatro e pela literatura, abordando

alguns dos problemas sociais e políticos do país difundidos pela esquerda. A partir

de 1965, o teatro brasileiro, por exemplo, apresentou textos desbravadores,

engajando-se na denúncia de questões cruciais que abalavam a realidade

brasileira, tornando-se um dos meios de maior resistência ao regime militar.

Ainda no campo da produção artística, para Zuenir Ventura (1988), já em

1967, após os atentados contra o Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE,

apareceram indícios de como seriam os acontecimentos futuros. Roda Viva, de

Chico Buarque, foi uma das peças que chocou o público de classe média, além de

ter se tornado alvo do Comando de Caça aos Comunistas (CCC), que em uma

das apresentações invadiu o teatro no qual a peça estava sendo encenada,

espancando atores e destruindo cenário e equipamentos técnicos. Para o autor,

esse primeiro movimento do arbítrio traduziu o fim da ilusão da cultura de

esquerda pré-64. O ano de 1968 representou o fim da sua inocência (Ventura,

1988).

Nas décadas de 60 e 70, a produção teórica sobre a condição feminina

começa a aparecer com força crescente no Brasil. Em 1967, Rose Marie Muraro

lança o livro “A mulher na construção do futuro”. A autora desempenhou um papel

importantíssimo na luta feminista, foi ela a responsável pela vinda da líder

feminista norte-americana Betty Friedan, em plena vigência do AI-5, para lançar o

livro “A mística feminina”. Betty e um grupo de feministas americanas havia

escandalizado o mundo com a queima de sutiãs em praça pública, simbolizando a

liberdade da mulher.

Em 1975, na onda dos grandes debates públicos sobre a relação homem-

mulher uma peça de teatro foi montada por Cidinha Campos, Heloneida Stuart e

Rose Marie Muraro, intitulada Homem não entra. A peça tratava de problemas

femininos e a platéia, só de mulheres, era convidada a se manifestar, longe de

seus pais, namorados, maridos as mulheres falavam à vontade sem medo de

serem repreendidas.

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A ONU (Organização das Nações Unidas) institui o ano de 1975 como o

Ano Internacional da Mulher. No Brasil, algumas mulheres que já se encontram

organizadas, eram quem geralmente reclamavam da falta de escola, do custo de

vida, dos salários baixos, das crianças desnutridas, da falta de creche, da

discriminação e violência sofridas. O interesse que despertavam junto ao público

em geral, mas especialmente junto às mulheres de classe média, universitárias e

profissionais liberais, os temas e as discussões sobre a condição da mulher

propiciaram o avanço das idéias feministas no Brasil.

O ano de 1975 tornou-se um marco divisor de águas na luta das mulheres.

Sob uma ditadura militar, mas com o apoio da ONU, a mulher brasileira passou a

ser cada vez mais protagonista da sua própria história, em que a luta por seus

direitos específicos é articulada a luta geral pelo fim da repressão, por uma vida

melhor, pela anistia, pela redemocratização do país.

Segundo Colling, nesta década, as mulheres já organizadas, combinaram a

luta contra a ditadura e por melhores condições de vida, com a discussão dos

problemas específicos das mulheres - sexualidade, contracepção, aborto, dupla

jornada de trabalho e a discriminação econômica, social e política. Era como se

fosse uma reação não-armada à repressão política. A questão do ‘específico

feminino’ é carregada no clima de contestação geral. A ação política da mulher no

período da ditadura militar se dá, portanto, em duas frentes – na luta contra a

repressão e na luta contra as desigualdades entre homem e mulher, respeitando

as diferenças existentes (COLLING,1997, pp. 43 - 44).

Referências:

COLLING, Ana Maria. A resistência da mulher à ditadura militar no Brasil. Rio de Janeiro: Recorde: Rosa dos Tempos, 1997.

MARTINS, Filho, J.R. Movimento estudantil e ditadura militar: 1964-1968. Campinas: Papirus, 1987.

VENTURA,Zuenir. 1968: o ano que não terminou. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988.

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REIS Filho, Daniel A. A revolução faltou ao encontro: os comunistas no Brasil. São Paulo: Brasiliense. 1990.

3- RECURSOS DIDÁTICOS

3.1Sítios

http://www.anpuh.org/ acesso em 16/09 /2008

Atuando desde seu aparecimento no ambiente profissional da graduação e

da pós-graduação em história, a ANPUH foi aos poucos ampliando sua base de

associados, passando a incluir professores dos ensinos fundamental e médio e,

mais recentemente, profissionais atuantes nos arquivos públicos e privados, e em

instituições de patrimônio e memória espalhadas por todo o país. O quadro atual

de associados da ANPUH reflete a diversidade de espaços de trabalho hoje

ocupados pelos historiadores em nossa sociedade. A abertura da entidade ao

conjunto dos profissionais de história levou também à mudança do nome que, a

partir de 1993, passou a se chamar Associação Nacional de História, preservando-

se, contudo o acrônimo que a identifica há mais de 40 anos.

http://www.ifcs.ufrj.br/~lemp/ acesso em 16/09/2008.

Laboratório de Estudos sobre os Militares na Política

O LEMP resulta da convicção de que o estudo da história deve ser conduzido por métodos científicos. Por isso, constitui um meio de iniciação e/ou aprofundamento no campo científico, e não um simples grupo de estudos. O LEMP assume, também, os objetivos estratégicos do Departamento de História para a área de pesquisa:

A área temática geral do LEMP é a relação das Forças Armadas com processos políticos em qualquer tempo e lugar. Dentro desta área, o LEMP privilegia o estudo do Estado, instituição que os militares integram e que é analisada no plano teórico e no processo histórico brasileiro.

http://www.historia.uff.br/nec/ acesso em 16/09/2008

O NÚCLEO DE ESTUDOS CONTEMPORÂNEOS é um grupo de estudo e de trabalho, do Departamento de História da Universidade Federal Fluminense (UFF),

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que se propõe a promover e divulgar estudos, pesquisas e atividades na área da História Contemporânea.

3.2Sons e Vídeos

- Vídeo: Filme

Sinopse:

Em 1964, um golpe militar derruba o governo democrático brasileiro e, após alguns anos de manifestações políticas, é promulgado em dezembro de 1968 o Ato Constitucional nº 5, que nada mais era que o golpe dentro do golpe, pois acabava com a liberdade de imprensa e os direitos civis. Neste período vários estudantes abraçam a luta armada, entrando na clandestinidade, e em 1969 militantes do MR-8 elaboram um plano para seqüestrar o embaixador dos Estados Unidos para trocá-lo por prisioneiros políticos, que eram torturados nos porões da ditadura.

Titulo: O que é isso companheiro?Direção: Bruno BarretoDuração: 105 min.Local da Publicação: BrasilAno: 1997

disponível na web: http://www.adorocinemabrasileiro.com.br/filmes/o-que-e-isso-companheiro/o-que-e-isso-companheiro.asp

Comentário:

(...) a falsificação da realidade também se vincula à fragilização do feminino produzida pelo filme. Isso é feito especialmente com relação à verdadeira Vera Sílvia e seus personagens. O papel real desempenhado por esta militante revolucionária é tão denso que o diretor se concede o direito de dividi-lo em dois personagens: um, doce, meigo, frágil, de certo modo ingênuo, prestativo e doméstico que lava a roupa do embaixador e cuida maternalmente de seu ferimento (Renée, representado por Claúdia Abreu); outro, duro, frio, calculista, com estereótipo masculinizado (“sargenta”), Maria (representado por Fernanda Torres). Será isso, um mero recurso cinematográfico, ou uma marca do viés de gênero?

(...) se coloca o debate entre a razão ou a emoção, como estereótipos do comportamento e ação do feminino. Podemos fazer a seguinte reflexão que poderá nos ajudar a esclarecer quanto a esta questão: “Vera Silvia descobriu o esquema falho de proteção ao embaixador, mas jamais se sujeitou a dormir com o chefe da segurança do embaixador como aparece no filme. O diretor assume essa “liberdade poética” para dar mais dramaticidade à história, e mostra depois a menina frágil ligando para o pai, em busca de conforto, sem poder contar-lhe o

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ocorrido. O cineasta é livre para fazer o que quiser, mas sua versão ficcional é uma injustiça não só com a verdadeira Vera Silvia, mas principalmente com as mulheres guerrilheiras, precursoras do feminismo no Brasil.” (RIDENTI, p.23).4

Maria do Socorro Gomes de AraújoFotógrafa e Historiadora, Pesquisadora de

manifestações de raízes culturais brasileiras

Domingos Leite Lima FilhoDoutor em Educação,

Professor do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná

- PPGTE/UTFPR.

(2006)

- Áudio - CD/MP3

O Bêbado e a EquilibristaJoão BoscoComposição: João Bosco e Aldir Blanc

CD 2 é demais de Elis Regina Faixa 3

CD O melhor do João Bosco, Faixa 1

Caía a tarde feito um viaduto

E um bêbado trajando luto me lembrou Carlitos

A lua tal qual a dona do bordel

Pedia a cada estrela fria um brilho de a...lu...guel

E nuvens lá no mata-borrão do céu

Chupavam manchas torturadas, que sufoco louco

O bêbado com chapéu coco fazia irreverências mil

Prá noite do Bra...sil, meu Brasil

Que sonha com a volta do irmão do Henfil

4 RIDENTE, Marcelo. Que história é essa? In: REIS FILHO, Daniel Aarão et alli. Versões e ficções: o seqüestro da história. São Paulo, Ed. Fundação Perseu Abramo, 1997.

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Com tanta gente que partiu num rabo de foguete

Chora a nossa pátria mãe gentil

Choram marias e clarisses no solo do Brasil

Mas sei que uma dor assim pungente não há de ser inutilmente

A espe...rança dança na corda bamba de sombrinha

E em cada passo dessa linha pode se ma...chu...car

Azar, a esperança equilibrista

Sabe que o show de todo artista

tem que continuar

http://letras.terra.com.br/joao-bosco/46527/

Comentário:

O Bêbado e a Equilibrista, de João Bosco e Aldir Blanc, imortalizada pela voz de

Elis Regina, tornou-se hino do movimento a favor da Anistia.

O bêbado representa os artistas, poetas, músicos e "loucos" em geral, que

embriagados de liberdade ousavam levantar suas vozes contra a ditadura.

A equilibrista era a esperança de democracia, um projeto de abertura política

gradual, que a cada "eleição", a cada evento que incomodava os militares

(passeatas, etc), tinha sua existência ameaçada.

A música faz referência à tortura aplicada aos militantes de esquerda, que ocorria

às escondidas. O regime jamais admitiu que torturava pessoas, porém nunca

houve punições aos casos que conseguiam alguma divulgação, apesar da

censura à imprensa. Referência aos exilados políticos.

Um tema recorrente nas músicas da época. A volta das liberdades políticas é

comparada ao amanhecer, bem como a ditadura é comparada à noite.

Referência aos exilados políticos. Maria é a esposa do operário Manuel Fiel Filho

morto sob tortura nos porões do DOI-CODI (SP) em janeiro de 1976 e Clarice é a

esposa do jornalista Wladimir Herzog, também morto sob tortura, no DOI-CODI

(SP) em outubro de 1975.

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3.3 Proposta de Atividades

Proponho uma atividade de pesquisa on-line e/ou bibliografia, em seguida será

feita uma análise do material encontrado e posteriormente discussão dos

resultados. O tema a ser pesquisado será sobre a participação da mulher nos

grupos e organizações de resistência durante o período da Ditadura Militar,

principalmente nas décadas de 1960 e 1970.

∗ OBJETIVOS A ALCANÇAR:

- Proporcionar ao aluno melhor compreensão dos acontecimentos da Ditadura

Militar Brasileira, por meio de filmes e músicas que permitam uma análise critica

desse período;

- Despertar no aluno o interesse pela pesquisa utilizando fontes variadas, como

a música, textos e com a Internet;

- Apresentar ao aluno novas abordagens que permitam identificar e descrever

as funções e atividades, vinculadas a essa militância e exercidas por essas

mulheres;

- Provocar o aluno para perceber os diversos discursos construídos acerca das

motivações e causas que levaram mulheres a participarem na militância política

contrária ao Regime militar no Brasil;

- Promover um espaço de debate, onde o aluno possa expressar seus

posicionamentos acerca do que apreendeu com a referida pesquisa, sendo capaz

de apontar semelhanças e diferenças entre fontes oficiais e alternativas.

∗ NÚMERO DE ALUNOS:

Sugiro, dividir a turma em grupos de no máximo 5 (cinco) alunos e que a pesquisa

realizada seja no final apresentada para os demais colegas.

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∗ METODOLOGIA:

Como metodologia de trabalho, inicialmente, será ministrada uma aula expositiva,

onde o professor apresentará alguns fatos marcantes do período militar, inserindo

a participação da mulher sua militância e sua participação nos movimentos de

resistência.

Lançaremos mão de confronto de interpretações historiográficas e documentos

históricos que permitam aos estudantes formularem idéias históricas próprias e

expressá-las por meio de narrativas históricas.

Como recurso pedagógico será utilizado o filme: “O que é isso companheiro” e a

música: “O bêbado e a equilibrista”. Também será elaborado um material para a

TV pendrive.

∗ RECURSOS UTILIZADOS:

Os recursos serão livros didáticos e textos específicos relacionados ao tema,

revistas jornais da época. Computador com programas Office Windows e Internet

para realização da pesquisa on-line, TV pendrive, aparelho de som, cartolinas,

canetões, giz, lousa, papel sulfite para apresentar o resultado.

∗ AVALIAÇÃO:

Será diagnóstica, tendo como objetivo a análise de conhecimentos que o aluno

deve possuir no momento antes de iniciar a exposição do conteúdo. Este tipo de

avaliação irá nos permitir prever os resultados a atingir. Assim tomaremos o

devido cuidado para dosar ao fixar as metas a serem atingidas que devem está

perfeitamente ajustada ao nível da turma aonde será aplicada.

Caso sejam atribuídos valores, sugerimos que seja feito da seguinte forma:

60% para o trabalho escrito (pesquisa e nova composição) e

40% para a apresentação + debate

Nesses quesitos deve-se avaliar: as formas de comunicação, o conteúdo da

pesquisa, o envolvimento e entrosamento do grupo, os referenciais teóricos do

trabalho escrito, a capacidade de síntese, a contextualização, a análise e

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interpretação do filme e da música, o senso crítico na exposição oral e durante o

debate.

3.4Imagens

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4- RECURSO DE INFORMAÇÃO

4.1 Sugestão de Leitura

COLLING, Ana Maria. A resistência da mulher à ditadura militar no Brasil. Rio de Janeiro: Recorde: Rosa dos Tempos, 1997.

VENTURA, Zuenir. 1968: o ano que não terminou. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988. MARTINS, Filho, J.R. Movimento estudantil e ditadura militar: 1964-1968. Campinas: Papirus, 1987.

•Revista Científica

http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/ref

As relações da Revista Estudos Feministas com os movimentos de mulheresLeila Linhares Barsted

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Este artigo tem como objetivo refletir sobre o diálogo da REF, nesses últimos 15

anos, com os movimentos de mulheres no Brasil. Recupera os temas dos diversos

dossiês que, em grande medida, focaram temáticas de extrema relevância e

atualidade para a agenda política do feminismo. Resgata alguns desses dossiês

como exemplos da articulação academia/movimentos sociais em torno de uma

pauta feminista.

•Livro

BRASIL NUNCA MAIS. Arquidiocese de São Paulo. São Paulo: Editora Vozes, 1985.

Um grupo de especialistas dedicou-se durante 8 anos a reunir cópias de mais de

700 processos políticos que tramitaram pela Justiça Militar, entre abril de 64 e

março de 79. O resumo desta pesquisa está neste livro. Um relato doloroso da

repressão e tortura que se abateram sobre o Brasil.

O GOLPE E A DITADURA MILITAR 40 ANOS DEPOIS (1964-2004) Autor: REIS, Daniel Aarão Editora: EDUSCAssunto: HISTORIA DO BRASIL

O livro 'O golpe e a ditadura militar' oferece uma expressiva mostra de estudos e

pesquisas sobre os 40 anos da ditadura militar no Brasil, reunindo intervenções e

trabalhos apresentados e debatidos em seminários recentemente organizados -

um encontro de veteranos pesquisadores, jovens doutorandos, olhares de época,

ângulos de hoje, testemunhos, interpretações, análises, versões. E como todo

encontro humano, é plural, expresso em diferentes referências teórico-

metodológicas, diversas maneiras de recortar constituir e abordar o tema,

múltiplos enfoques, distintas apreciações; avesso ao dogma e à tentação

autoritária, aberto ao disenso e ao contraditório. Os ensaios aqui reunidos,

organizados em quatro grandes partes - História e Memória, Política, Economia e

Sociedade, Cultura e Política, e Repressão, Censura e Exílio-apresentam um

amplo painel sobre diferentes aspectos do país sob a ditadura militar.