DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 - … · de valores e estilo de vida de nossas crianças e...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
APARECIDA FELIPPE CREMA DAVANSO
CADERNO PEDAGÓGICO
REPENSANDO A INDISCIPLINA NO CONTEXTO ESCOLAR: UM ESTUDO A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA
INTEGRADORA
ARAPONGAS 2010
APARECIDA FELIPPE CREMA DAVANSO
CADERNO PEDAGÓGICO
REPENSANDO A INDISCIPLINA NO CONTEXTO ESCOLAR: UM ESTUDO A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA
INTEGRADORA
Produção Didático-Pedagógica – Caderno Pedagógico- apresentada ao núcleo regional de Apucarana e Secretaria do Estado de Educação do Paraná –SEED-, como requisito obrigatório para o Programa de Desenvolvimento Educacional –PDE- e respectiva conclusão do curso. Orientadora: Profª Ms. Ana Lucia Ferreira da Silva .
ARAPONGAS 2010
SUMÁRIO
1 IDENTIFICAÇÃO ................................................................................................... 3
2 APRESENTAÇÃO ................................................................................................. 4
3 PROBLEMATIZANDO ........................................................................................... 6
3.1 APROFUNDAMENTO TEÓRICO .................................................................................. 6
4 UNIDADE I - INDISCIPLINA: REFLETINDO SOBRE O ASSUNTO ..................... 7
4.1 O QUE ENTENDEMOS POR DISCIPLINA? ................................................................... 8
4.2 INDISCIPLINA E SEU CONCEITO ................................................................................ 9
4.3 ATUALIDADE E INDISCIPLINA .................................................................................... 9
4.4 O SUJEITO E A SOCIEDADE CAPITALISTA .................................................................. 11
5 UNIDADE II - DESAFIO: DA ESCOLA CONTEMPORÂNEA ............................... 15
5.1 A ESCOLA NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA ........................................................... 16
5.2 CONTEXTUALIZANDO INDISCIPLINA ........................................................................... 17
5.3 O DRAMA DA ESCOLA X INDISCIPLINA ...................................................................... 19
6 UNIDADE III - INDISCIPLINA NO CONTEXTO ESCOLAR ; DE QUEM É A
CULPA? .................................................................................................................... 23
6.1 PROFESSOR X(IN) DISCIPLINA ................................................................................. 24
6.2 O ALUNO NOSSO DE CADA DIA ............................................................................... 25
6.3 FAMÍLIA X ESCOLA ................................................................................................. 27
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 34
3
1 IDENTIFICAÇÃO
PROFESSORA PDE: Aparecida Felippe Crema Davanso
ÁREA / DISCIPLINA PDE: Pedagogia
NRE: APUCARANA
PROFESSOR ORIENTADOR IES: Ana Lucia Ferreira Ayoama
IES VINCULADA: Universidade Estadual de Londrina (UEL)
ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: Colégio Estadual “Ivanilde De
Noronha”
MUNICÍPIO: Arapongas – Paraná
PÚBLICO OBJETO DA INTERVENÇÃO: Professores, Pais E Alunos Do
EF
5 ª SÉRIES (6º ANO)
TÍTULO: Repensando a indisciplina no contexto escolar: um estudo a
partir de uma perspectiva integradora
4
“Precisamos ser a mudança que nós queremos ver no mundo”.
Mahatma Gandhi
O presente trabalho, que constitui um Caderno Pedagógico, faz
parte das atividades desenvolvidas no segundo período do Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE),1 elaborado pelo professor2 PDE, com
acompanhamento da Orientadora3 da Instituição do Ensino Superior (IES). É
resultado de estudos intensos, dado o desafio teórico e aprofundamento do tema
escolhido: indisciplina, cujo enfrentamento, vale ressaltar, é um dos motes
principais de preocupação, dentre os desafios deste século para a escola
contemporânea.
Ao estudar o tema, pode-se observar que o assunto é complexo,
inacabado, difícil para alguns, polêmico para outros. É uma necessidade ético-
política para todos que trabalham na educação enfrentar concretamente o problema,
e, assim, avançar, através de um estudo à luz de fundamentos teóricos, vivenciando
a prática pelos docentes em sala de aula. Dada a multiplicidade de diferenças
humanas (sociais, econômicas, culturais, sexuais, religiosas, etc.) que a sociedade
apresenta hoje, a indisciplina torna-se um grande complicador na atividade
educacional
Nesse sentido, este material visa a contribuir para um estudo com os
professores. As leituras aqui apresentadas possibilitam, através do Grupo de
Estudos, reflexões e ações que avancem em direção a soluções alternativas acerca
da temática.
Ouve-se muito, entre as pessoas ligadas à Educação, que o
“fracasso escolar” e a crise pela qual passa a educação na contemporaneidade têm
como uma das causas a indisciplina dos discentes. Isto traz preocupações e faz
buscar, entre os protagonistas do processo pedagógico, senão as causas e
conseqüências dessa problemática, ao menos uma reflexão teórica e prática sobre o
1 Política Educacional de Formação Continuada dos Professores da rede pública do Estado do Paraná.
2 Professora PDE-Aparecida Felippe Crema Davanso.
3 Profª Ms. Ana Lucia Ferreira da Silva.
5
tema. O material aqui apresentado trouxe até certa inquietude quanto a organizar
uma leitura útil e interessante, dada a complexidade do assunto, haja vista que, no
dia-a-dia, grandes são as dificuldades dos professores, que não dispõem de tempo
para estudar. Assim, preparar um material que atendesse às necessidades de todos
que atuam na escola, visando a abrandar os conflitos, foi um desafio. Esta produção
didática pedagógica (caderno pedagógico) leva a refletir, a partir de recortes
específicos, sobre a responsabilidade de cada um no cenário atual.
Os conteúdos buscam contemplar aspectos relevantes e polêmicos
quanto à crescente indisciplina que hoje é um dilema no cotidiano escolar, não
apenas para os professores mas também para gestores, equipe pedagógica, pais e
os próprios alunos, que se tornam reféns de atitudes indisciplinares.
Não se pretende trazer “receitas prontas”, porém, questionamentos
antes jamais analisados no contexto escolar, sem que se perca a esperança de
acertar e fazer o melhor por uma escola de qualidade, de forma que a escola volte a
sua maior especificidade: o ensinar.
Os textos serão apresentados em encontros que terão momentos
específicos:
Questionamentos introdutórios sobre os assuntos a serem
abordados em cada unidade;
Leitura prévia dos textos selecionados;
Momento de reflexão e discussão: análises das idéias e
conceitos principais apresentados pelos autores, verificando a
pertinência a na realidade da escola;
Produção, pelo grupo, de uma síntese do tema estudado.
Não se pretende dar este trabalho como acabado, nem tampouco
fechado em si mesmo, mas, sim, que ele seja o início de um diálogo reflexivo,
aberto, democrático e permanente entre todos os envolvidos no fazer pedagógico.
Assim sendo, o crivo da “verdade”, portanto e afinal, cabe apenas ao leitor
(AQUINO, 1996).
6
Acredita-se que a crise pela qual a educação passa, a indisciplina,
seguida muitas vezes de violência, prejudicando o processo ensino-aprendizagem
na atualidade, merece reflexões para a busca de ações para a sua reversão. O que
fazer? De que mecanismos pode-se dispor para esse enfrentamento? O que leva o
aluno a ter comportamento inquieto e muitas vezes violento? Por que esse aluno
não executa as funções escolares como deveria? Pode a escola resolver sozinha
esse conflito? Assim, frente ao trabalho escolar, lançar um novo olhar sobre o tema,
é o que propõe este Caderno Pedagógico.
O desafio que se apresenta é que a escola, espaço ideal de
transmissão do conhecimento científico de maneira responsável e comprometida,
tornou-se atualmente palco de cenas estritamente de normatização de ordem moral
e ética, em razão de atitudes indevidas e até de total desinteresse da maioria dos
discentes que hoje habita o fazer escolar. O que se pode fazer?
Considerando a preocupação dos educadores que buscam a forma
apropriada de resolver ou ministrar a indisciplina, é importante conduzir um trabalho
para a reflexão desse tema.
O material aqui composto, que será utilizado para Grupo de
Estudos, apresenta textos de livros e artigos que subsidiam as reflexões sobre a
indisciplina discente, com a finalidade de conduzir, por meio da teoria, o
entendimento necessário para se estabelecer um diálogo aberto com o coletivo
escolar para se chegar à construção de ações satisfatórias, garantindo aos
discentes condições de uma aprendizagem significativa.
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Sabe-se que as queixas disciplinares deixaram de ser um evento
esporádico, tornaram-se um obstáculo freqüente no dia- a- dia escolar. Aqui está de
modo bem caracterizado, a importância, nesse contexto, de introduzir no ambiente
escolar um debate educacional, polemizar, desinstalar, inquietar, fazer pensar todos
os envolvidos no processo pedagógico: família, escola, comunidade, enfim, todos
que trabalham por uma educação de qualidade.
Segundo Aquino (2003), os atos (in)disciplinares no cotidiano das
escolas brasileiras estão sendo, talvez, um dos maiores obstáculos pedagógicos dos
dias atuais e a maioria dos educadores não sabe ao certo como administrar o ato
indisciplinado. Reprimir ou compreender? Encaminhar ou ignorar? Eis aqui uma das
razões de desgaste dos profissionais da educação.
Falar em indisciplina nos dias atuais não significa encontrar uma
solução imediata e salvadora, mas, é importante contextualizar os fatores
agravantes de sua existência. Assim, Aquino (2003) aponta que não se trata de um
fenômeno exclusivo da escola pública. Ao contrário, escolas públicas e particulares
são alvos de contratempos indisciplinares.
A indisciplina sempre habitou o espaço pedagógico mas,
atualmente, é um grande complicador que paira sobre nossa ação escolar e, como
conseqüência, a não-socialização e democratização do saber é deixada para a
disciplinização dos discentes.
Indisciplinados, quem são? É inegável o fato de que a educação na
contemporaneidade vem sendo tomada por conflitos entre alunos, professores,
família, tornando o trabalho pedagógico numa roda vida de se apontar “culpados”,
proliferando hipóteses sobre o fracasso escolar. Indisciplinados, o que os fez ser
quem são? É aqui que essas variáveis necessitam ser pensadas e analisadas para
que a escola cumpra o seu papel de ensinar com qualidade.
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Como o tema leva a múltiplas interpretações e questionamentos, é
relevante refletir para que se possa melhor entender esse conflito. Vejamos o que
traz o dicionário Aurélio sobre o termo disciplina (1999, p. 689):
Regime de ordem imposta ou livremente consentida. 2. Ordem que convém ao funcionamento regular duma organização (militar, escolar, etc.) 3. Relações de subordinação do aluno ao mestre ou ao instrutor. 4. Observância de preceitos ou normas. 5. Submissão a um regulamento. [...]
Quanto ao conceito indisciplina, o mesmo dicionário traz
“procedimento ato ou dito contrário à disciplina; desobediência; desordem; rebelião.”
Assim, indisciplinado é aquele que vai contra a disciplina.
No meio educacional costuma-se discutir a indisciplina como um
comportamento inadequado de desobediência, desordem, bagunça, falta de respeito
muitas vezes seguida de violência, tumultos no corredor, na entrada e saída de
alunos, dispersão durante a aula, falta de participação, aluno que não traz material,
uso de aparelhos eletrônicos durante explicações, danos a carteiras e paredes,
furtos, drogas, porte de armas, etc. Entendem-se aqui como atos indisciplinados
atitudes que imprimem desordem, transformando a sala de aula, que deve ser lugar,
por excelência, de transmissão do conhecimento, em um lugar de pequenas
batalhas.
Falar de indisciplina na escola atual implica discutir a priori o espaço
social em que o discente está inserido, à luz dos condicionantes sociais,
econômicos, políticos e culturais, na sua evolução ao longo do tempo. É necessário
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destacar nesse trabalho qual é a realidade, quem são os alunos, a família em que
estão inseridos, as questões organizacionais, sociais e culturais do atual contexto.
O mundo mudou, a família mudou, o aluno mudou, a sociedade
mudou. Percebe-se a valorização da sensação, a busca do prazer imediato. Vive-se
o presente, o mercado da moda, prefere-se o que é passageiro, momentâneo,
descartável. Esquecem-se os valores, “Vê-se que o sujeito da história desintegra-se,
que o indivíduo realiza-se vivendo o momento, fazendo oposição ao trabalho, [...]
nada explicando e vendo-se como crítico (FRANCO et al., 2008, p. 166 ).
Intensifica-se a crise da família, cujos padrões se diversificam e que,
na maioria das vezes, não desempenha mais o seu antigo papel: pai provedor, mãe
só cuidando dos filhos. Surge a família moderna, em que não existe mais a
supremacia do marido e do pai. Muitas vezes, como resultado da crise econômica, a
maioria das mulheres precisa exercer uma profissão fora do lar, para ajudar nas
despesas, ficando os filhos aos cuidados de terceiros ou deixados sozinhos em
casa. A família de hoje de desfaz facilmente, os casamentos são desfeitos com
muita facilidade.
Esse espelho da família atual, que reflete a desorganização da família, manifestada no elevado índice de concubinato, de adultério, de divórcio, de abandono material da família, da delinqüência juvenil, [...] criou problemas graves para os ajuizado de menores, bem como ampliou o mercado de trabalho de psicanalistas, psicólogos, [...] para atender cônjuges ou menores com problemas, [...] (GUSMÃO, 1985, p. 568).
As condições sócio-econômicas, a sociedade de consumo, as
famílias desorganizadas são, sem dúvida alguma, fatores responsáveis pela perda
de valores e estilo de vida de nossas crianças e jovens e, como conseqüência,
afetam muito o fator educacional, com o aumento da violência e da indisciplina, uma
vez que toda essa problemática vem desembocar na escola.
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Sabe-se que, na atual situação da sociedade contemporânea,
marcada pelo desemprego, subemprego, avanço do mundo tecnológico, mãos
humanas sendo substituídas por robôs, a rapidez com que se transforma o mundo, o
fato de quase tudo ser descartável, o ser humano fica à deriva, incerto, muitas vezes
sem saber o que fazer.
Falar sobre o capitalismo significa apresentar um viés de suas
consequências que se julgam pertinentes para entender, muitas vezes, de onde vêm
e como vivem os alunos. Partindo dessa premissa, ressalta-se que o estágio atual
do capitalismo contribui para a desigualdade social, gera concentração de riquezas,
acúmulo de capital, desemprego, exploração do trabalho diante da obtenção do
lucro, etc., o que vem demarcando um cenário de pobreza e exclusão. Esses fatos
alargam-se mundialmente em caminhos perversos, decorrentes da economia
capitalista. Segundo Therborn4 (1995, p. 47) “Vemos em todos os países, não
somente na América Latina, tendências a um desemprego de massas de caráter
permanente, uma reprodução da pobreza e, também, o surgimento de altos graus de
desesperança e de violência,” [...]. Quanto mais se intensifica o sistema capitalista
mais cresce a desigualdade mundial.
Que relação tem a indisciplina com o fato de se pertencer a uma
sociedade capitalista? É aqui que se enquadra uma realidade da qual se faz parte:
pais desempregados, muitos ganhando a vida vendendo bugigangas nas esquinas
das ruas; trabalhadores em funções sem nenhum tipo de qualificação, que não
frequentaram escolas ( BORÓN, 1995, p.106)5, que vivem, ou melhor, sobrevivem
com uma quantia que mal dá para o sustento da família; saúde de pais e filhos
debilitada, má alimentação, etc. É nesse contexto que acontece o aumento da
violência e da criminalidade, o aumento da delinquência, o crescente problema das
4 Therborn, Göran. Professor da Universidade de Gotemburgo.Foi presidente da Associação
Escandinava de Sociologia, autor de vários livros e tem também colaborado na História do marxismo, coordenada por Eric Hobsbawm e publicada no Brasil pela Paz e Terra (São Paulo). 5 Borón, Atilio. Professor da Universidade de Buenos Aires e diretor do Instituto de Investigaciones
Europeo- Latinoamarericanas (EURAL).
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drogas, a marginalização, o desemprego em massa, a crise familiar, a impunidade, a
corrupção e outra mazelas.
Não se quer com essas considerações reforçar um pessimismo no
atual contexto. Porém, é preciso estar-se consciente de que a escola, como
instituição que promove o conhecimento, não pode nem deve ficar alheia a estes
fatos, pois as tendências destrutivas do capitalismo também se encontram em
populações mais capacitadas, tanto em nível nacional quanto mundial.
É importante destacar que os reflexos da indisciplina não se
manifestam em um só condicionante, mas as transformações sociais do século XXI,
“mediante a multiplicidade das diferenças humanas (físicas, sexuais, raciais,
religiosas, sociais, econômicas, culturais, etc) que povoa o tecido social
contemporâneo” (AQUINO,1998), sobrecarregam e vêm afetar drasticamente o
ensino. Nesse sentido, mais do que ensinar, a escola atual precisa ter práticas
diferenciadas, flexíveis, rejeitar o senso comum e, para isso, pensar em novas e
criativas vias de soluções pois, de qualquer modo, independentemente das várias
justificativas da indisciplina, é inegável que sem escolarização não há cidadania
plena. Assim sendo, como quer que seja o aluno, rico ou pobre, comportado ou
indisciplinado, vítima ou não do capitalismo, os educadores têm que direcionar sua
função por uma práxis coerente frente aos desafios da sociedade atual.
O que se pauta aqui é que, para combater a indisciplina no fazer
pedagógico, não basta apenas os esforços dos trabalhadores da educação. É
necessário um envolvimento de maior amplitude de toda a sociedade.
Os novos sintomas da indisciplina também originam-se em uma das
causas de abandono de muitos pais na educação dos filhos. Para muitos, o principal
se expressa primeiramente no ter, o conhecimento fica relegado a um “faz de conta”.
Vive-se um século do individualismo, da aceleração do consumismo, onde o “ter”
tem mais valia do que “ser”. Nota-se uma preocupação exagerada com as
necessidades materiais e o enfraquecimento dos valores tradicionais como família,
igreja, nação, etc.
A cada ano aumentam a ausência e omissão dos pais na vida da
criança e do adolescente, na maioria das vezes em virtude da carga horária de
trabalho. Soares (2008) nos aponta que “Essa situação torna-se mais grave quando
se constata que a quarta parte de todas as famílias do mundo é chefiada por
mulheres e muitas outras dependem da renda da mulher, mesmo quando o homem
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está presente.” Isto denota que a maioria das mães trabalha fora, deixa os filhos
como se diria “vidas ao léu”, assim, cresce uma geração sem compromisso, sem
limites e que toma proporções de soberania diante dos adultos.
Isto não quer dizer que todas as famílias são omissas e que todo
aluno é permissivo e indisciplinado, porém, à medida em que as transformações
econômicas, políticas e sociais acontecem, encontram-se maior número de alunos
desprovidos de valores, ética e responsabilidade.
SUGESTÃO DE TEXTO PARA LEITURA
TEXTO: O que se sabe e o que se suspeita sobre a indisciplina
REFERÊNCIA:
AQUINO, Júlio Groppa. Indisciplina: o contraponto das escolas democráticas. São Paulo: Moderna, 2003.p.7-20.
O texto discute a problemática da indisciplina, retratando-a sob diferentes
olhares.
Para nosso trabalho, utilizaremos a primeira parte do livro, que vem ao
encontro do objetivo do Grupo de Estudo. O autor apresenta várias faces da
indisciplina, procurando explicitar e/ou amenizar essa problemática no cotidiano
escolar.
Já que vamos discutir a indisciplina no contexto escolar, no primeiro
momento devemos responder ao que, à primeira vista, parece ser simples: qual o
conceito de indisciplina?
Sabemos que falar de indisciplina requer muito estudo e reflexão em torno
do assunto, pois é um tema polêmico, complexo, principalmente quando se trata da
aprendizagem dos alunos. Assim sendo, o texto aqui proposto, vai proporcionar aos
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docentes subsídios teóricos e práticos para o enfrentamento dessa problemática,
possibilitando melhor compreender e interpretar a indisciplina na realidade da escola
na contemporaneidade.
[...] Sabe-se claramente que a indisciplina constitui uma das queixas
reinantes quanto ao cotidiano não apenas de professores, mas também de pais. Um
tema, portanto, emblemático da dificuldade de educar na atualidade, seja na família,
seja na escola – as duas instituições historicamente reconhecidas como principais
responsáveis pela educação de crianças e jovens. [...]
ROTEIRO DE DISCUSSÃO:
O conceito de indisciplina que você tinha foi reforçado ou modificado após a leitura do texto? Explique.
Analise e debata sobre as reais situações de indisciplina presente no contexto escolar.
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As queixas em relação à indisciplina escolar não deixam isenta a
escola, que também contribui muitas vezes para que esse problema se agrave.
Vejamos:
[...] a progressão automática, que, tal como foi implantada, derivou uma atitude de “tanto faz” ou numa” lei do menor esforço” em relação ao conteúdo escolar; a rotatividade dos professores impedindo estabelecer relações, conhecer as “regras”, compartilhar projeto comum; condições físicas precárias das escolas, criando um ambiente “pobre” para uma educação “pobre” para os “pobres”; ausência de normas e regras claras [...] (SCHILLING, 2008, p. 15).
Muitas vezes o próprio sistema pedagógico é o provocador da
indisciplina, porém nossos professores, grandes desconhecidos, se vêm hoje
cobrados de todos os lados, criticados, sempre questionados, procurando, em sua
maioria, atuar, na medida do possível, de acordo com as normas democráticas. As
mudanças no fazer pedagógico são constantes, imediatas, aceleradas, de última
hora, provocando um mal estar, fazendo-os perder a centralidade de sua função,
principalmente quando se vêm impotentes diante de uma sociedade que lhes cobra
as soluções dos conflitos atuais. Por que então culpá-los, muitas vezes, do fracasso
escolar e da própria indisciplina? Nesse contexto, a tarefa educativa fica atrelada
aos condicionantes da sociedade.
O caminho percorrido até agora permite sinalizar o quanto é
importante estabelecer uma discussão coletiva com todos os envolvidos no contexto
pedagógico. Vendo assim, a tarefa educativa não pode ficar alheia às
transformações presentes na realidade. Como diz Cury (1992, p. 115):
A relação pedagógica que se dá em classe, ou algo que se lhe assemelhe, para ser eficiente dar-se em torno de objetos que sejam significantes para os pólos da relação. Essa significância se exerce explicitamente quando a prática pedagógica está voltada para a transformação das realidades que a condicionam e encontra lugar em organizações políticas que dêem continuidade ao processo.
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Pais e professores, num trabalho conjunto e organizado, podem e devem envidar o melhor de seus esforços para que a escola cumpra o seu papel educativo.
Tendo a escola como função principal a transmissão do legado
cultural através do conhecimento científico, é necessário garantir ambiente favorável
e condições necessárias para que o aluno se aproprie desse conhecimento. Assim,
a disciplina parece ser vista como pré-requisito para o bom aproveitamento e, como
conseqüência dessa visão, as regras seriam imprescindíveis ao desejado ambiente
favorável à aprendizagem.
Nessa perspectiva, é importante destacar que não se pretende a
disciplina como obediência cega, nem um aluno submisso ou um professor
controlador, mas sim, observação de regras de convivência, de consciência livre
necessária à medida que é reconhecida para que se possam atingir objetivos
propostos.
O aluno indisciplinado não é aquele que questiona, pergunta,
inquieta-se, movimenta-se, que interage com professor e colegas. O indisciplinado é
aquele que não “tem limites”, não respeita a opinião do colega, não sabe conviver,
dialogar, enfim, o que não se compromete com a aprendizagem, tumultuando o
ambiente escolar.
Sabe-se que vários são os aspectos que podem influenciar a
aprendizagem significativa, não somente a postura indisciplinar dos discentes, haja
vista que o comportamento indisciplinar não resulta apenas de um fato isolado,
como já se disse. A priori, a (in) disciplina não deve ser analisada somente no
âmbito escolar, mas igualmente na família, por serem essas duas instituições
principais na educação e formação do indivíduo. Vejamos:
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[...] a estruturação escolar não poderá ser pensada apartada da familiar. Em verdade, são elas as duas instituições responsáveis pelo que se denomina educação num sentido amplo. Só que o processo educacional depende da articulação destes dois âmbitos institucionais que não se justapõem. Antes, são duas dimensões que, na melhor das hipóteses, complementa-se, articulam-se. (AQUINO, 1996, p. 46).
Dessa forma, a escola e a família, a partir de uma gestão
democrática, podem ser consideradas referência para a superação da indisciplina e
devem ter como base o trabalho coletivo. Entretanto, é preciso esclarecer as
funções da família e da escola e suas responsabilidades, explicitando claramente os
papéis dos pais e da escola para a superação desse conflito, pois o que se percebe
no cotidiano escolar é que a formação de atitudes comportamentais e morais tornou-
se frequente, e o ensinar está sendo secundarizado.
[...] – o que não deixa de causar perplexidade, uma vez que o objetivo crucial da escola (a reposição e recriação do legado cultural) parece ter sido substituído por uma atribuição quase exclusivamente disciplinadora. [...] supostamente, de um sintoma de relações familiares desagregadoras, incapazes de realizar a contento sua parcela no trabalho educacional das crianças e adolescentes. Um esfacelamento do papel clássico da instituição família, enfim. (AQUINO, 1996, p. 46).
Nesse ponto, percebe-se que cada vez mais a escola está fazendo o
papel da família. Segundo Aquino (1996), “a educação, no sentido lato não é de
responsabilidade integral da escola”. O que acontece hoje é que algumas funções
ultrapassam o fazer pedagógico, envolvendo ações atribuídas às famílias.
É necessário compreender que, na prática docente, discente e
familiar existem funções específicas. “O trabalho familiar diz respeito à moralização
da criança – essa é a função primordial dos pais e seus substitutos. [...] O objeto do
trabalho escolar é fundamentalmente o conhecimento sistematizado [...], (AQUINO,
1998). Desta forma, o professor ensina, o aluno aprende e a família educa, cada um
exercendo a sua especificidade, porém, entrosados entre si.
É mais do que evidente, então, que os conflitos vistos com
freqüência nas salas de aula levam à reflexão de que a educação não é somente
responsabilidade da escola, mas também da família e da sociedade que, juntas,
complementam-se e superam os obstáculos.
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A tomada de decisões com o coletivo possibilita uma escola
democrática. “A disciplina, assim, deve ser consciente, na medida em que deve
nascer da experiência social, da atividade prática do trabalho escolar, tornando-se
exigência e tradição da própria comunidade escolar”, (FRANCO, 1986, p. 63). Essa
disciplina só se alcança quando é entendida pelo aluno como co-responsável pelo
êxito escolar. Assim, ela “significa a consciência da necessidade livremente aceita,
na medida em que é reconhecida como necessária para que um organismo social
qualquer atinja o fim proposto.” (FRANCO, 1986, p. 64).
As preocupações ligadas à indisciplina que envolvem o espaço
escolar não nos deixam dúvidas de que é “Um tema, portanto, emblemático da
dificuldade de educar na atualidade, seja na família, seja na escola, as duas
instituições historicamente reconhecidas como principais responsáveis pela
educação de crianças e jovens. (AQUINO, 2003, p.7).
A indisciplina é um fenômeno que ultrapassa fronteiras e atualmente
com, mais ênfase, atinge a escola. É um tema que vem ocupando um lugar de
destaque nas políticas públicas, que não só se preocupa com este assunto como
tem compromisso com uma educação de qualidade, garantindo o direito à
escolarização a todos aqueles que historicamente são excluídos, em função dos
condicionantes sociais e econômicos de uma sociedade capitalista.
Se de um lado as políticas públicas preocupam-se com uma escola
para todos, de outro lado houve um rebaixamento do nível do ensino destinado as
camada populares. Saviani (1987) reforça essa colocação quando se trata do
conhecimento dos conteúdos historicamente construídos, afirmando textualmente
que:
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[...] contra essa tendência de aligeiramento do ensino destinado às camadas populares nós precisaríamos defender o aprimoramento exatamente do ensino destinado às camadas populares. Essa defesa implica na prioridade de conteúdo. Os conteúdos são fundamentais e, sem conteúdos relevantes, conteúdos significativos, a aprendizagem deixa de existir, ela se transforma num arremedo, ela se transforma numa farsa.Parece-me, pois, fundamental que se entenda isso e que, no interior da escola, nós atuemos segundo essa máxima: a prioridade de conteúdos, que é a única forma de lutar contra a farsa do ensino. [...] Justamente porque o domínio da cultura constitui instrumento indispensável para a participação política das massas. Se os membros das camadas populares não dominam os conteúdos culturais, eles não podem valer os seus interesses [...]. (SAVIANI, 1987, p. 59).
Assim sendo, se o aluno não tiver acesso ao conhecimento científico
e histórico no que lhe é passado nos bancos escolares, a aprendizagem se torna
uma farsa, preocupação esta também das políticas educacionais da atualidade:
[...] existe uma necessidade histórica em avançar sobre qual é a forma de conceber o processo de ensinar e aprender [...] A necessidade de se discutir mais o entendimento sobre a diferença de conhecimento espontâneo e científico. [...] A necessidade histórica de tomar o papel da escola, para além da apologia ao mérito, à competitividade e ao utilitarismo. (PARANÁ, 2010).
A escola deve e precisa assumir o seu papel: o de garantir
condições necessárias para o acesso ao conhecimento. Entretanto, grande parcela
dos discentes parece distante da compreensão da importância da escolarização
(conhecimento científico) nos dias de hoje. De forma generalizada, a falta de regras,
de limites, o desinteresse e a ausência dos pais quanto a esses desmandos é
presenciada com freqüência pelos educadores.
Será possível a escola atingir os seus objetivos, diante dos conflitos
contemporâneos?
Eleger-se a indisciplina como obstáculo pedagógico à ação eficiente
do ensinar não significa fazer os professores dela (indisciplina) reféns. É necessário
que se busquem caminhos para sua superação. Essa é a grande tarefa dos
educadores na atualidade.
21
SUGESTÃO DE TEXTO PARA LEITURA
TEXTO: A indisciplina e o processo educativo: uma análise na perspectiva
vygotskiana
REFERÊNCIA:
REGO, Teresa Cristina R. A indisciplina e o processo educativo: uma análise na perspectiva vygotskiana. In. AQUINO, Julio Groppa (Org.). Indisciplina na Escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1996, p. 83-101.
Este artigo faz parte do livro “Indisciplina na Escola: alternativas teóricas e
práticas”, uma coletânea de textos organizada pelo autor Julio Groppa Aquino, cujo
objetivo principal é contribuir para o aprofundamento acerca da temática abordada.
A autora6 procura subsidiar os docentes a respeito da indisciplina
promovendo uma análise do tema inspirada nas teses elaboradas pelo psicólogo
russo Lev Semenovich Vygotsky, cujo interesse é o de compreender o sujeito em
seu contexto histórico-cultural. Procura de forma objetiva analisar, no primeiro
momento, enfoques que dizem respeito às inúmeras interpretações e redefinições
na sociedade e, principalmente, no meio educacional, à palavra indisciplina. No
segundo momento, fala sobre a indisciplina presente no contexto escolar e
finalmente analisa o fenômeno indisciplina pela perspectiva de Vygotsky que, apesar
de se referir em suas obras à educação num sentido amplo, trata-a de maneira
especial, enfocando que a educação recebida na família, na escola e na sociedade
tem um papel significativo na vida dos sujeitos, pois o desenvolvimento individual é
sempre mediado pelo outro e que é por intermédio dessas mediações que os
membros imaturos da espécie humana vão se apropriando, de modo ativo, do
6 - Pedagoga, mestre e doutoranda pela Faculdade de Educação da USP. Autora de Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação (Vozes, 1995). Atuou como professora, coordenadora e diretora pedagógica em escolas de educação infantil, de primeiro e segundo graus.
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comportamento e da cultura da história da humanidade e de seu grupo cultural,
Enfim, ao internalizar as experiências fornecidas pela cultura. A criança e o
adolescente aprendem a organizar os próprios processos mentais, a dirigir seu
comportamento e a agir neste mundo.
Assim sendo, apresentaremos fragmentos do texto onde podemos
conferir, segundo a autora, na perspectiva de Vygotsky que, “as conquistas
individuais como informações, valores, habilidades, atitudes, posturas (mais ou
menos indisciplina), resultam de um processo compartilhado com as pessoas e
outros elementos de sua cultura”.
Este artigo permite analisar o fenômeno da (in) disciplina num quadro
menos fragmentário do que é falado nos meios educacionais, mostrando os fatores
que atuam na formação do comportamento e desenvolvimento individual.
[...] Antes de nos determos nas contribuições da abordagem vygotskiana
para a análise da indisciplina, gostaríamos de observar alguns aspectos preliminares
que consideramos importantes na discussão do problema em foco. O primeiro diz
respeito às inúmeras configurações e enfoques que a noção de indisciplina pode
assumir ou suscitar. O segundo se refere à tentativa de analisar os pressupostos
subjacentes às idéias e explicações sobre o fenômeno da indisciplina geralmente
presentes no meio educacional. [...]
ROTEIRO PARA DISCUSSÃO:
Com base na leitura do texto, identifique e comente os
principais elementos apresentados pela autora em relação à
indisciplina.
Segundo os postulados defendidos por Vygotsky, como você
analisa o fenômeno da indisciplina no texto de Teresa Cristina
Rego?
Qual o seu posicionamento com relação à indisciplina levando
em consideração que “o comportamento (in) disciplinado é
aprendido”?
24
Segundo Aquino (2003), sabe-se que o ápice do fenômeno
indisciplina, parece dar-se, na maioria das vezes, entre a etapa final do Ensino
Fundamental e o início do Ensino Médio, mas, a nosso ver, as dificuldades já se
iniciam na 5ª série (6º ano).
Ocorre que, via de regra, sempre é dada ao professor a principal
função da escola, o ensinar. Entretanto, cabe ao professor, atualmente, muitas
outras atribuições:
Os sintomas do sob retrabalho docente podem ser verificados numa longa lista de situações que prenunciam o alargamento das funções docentes: atender mais alunos na mesma classe, por vezes com necessidades especiais; exercer funções de psicólogo, assistente social e enfermeiro; participar nos mutirões escolares; participação em atividades com os pais; atuar na elaboração do projeto político-pedagógico da escola; procurar controlar situações de violência escolar; educar para o empreendedorismo, a paz e a diversidade; envolver-se na elaboração de estratégias para captação de recursos para a escola. (EVANGELISTA; SHIROMA, 2007, p. 537).
Não se quer aqui fazer do professor vítima ou algoz, mas quer-se
destacar que, além de suas múltiplas funções, ele, o professor, vê-se hoje envolvido,
inúmeras vezes no cotidiano pedagógico, interrompendo suas atividades para
resolver atos indisciplinados, muitas vezes sendo até agredido verbalmente, ficando
“à mercê” desses confrontos.
Observa-se que o dia-a-dia escolar é um jogo de empurra-empurra:
a escola diz que é função do professor disciplinar; os professores dizem ser essa a
responsabilidade dos pais, que não dão limites aos filhos; os pais culpam a escola
por não ser competente para resolver os conflitos. De quem é a culpa?
Sabe-se que a educação de uma criança ou jovem é resultado
conjunto da intervenção da família e da escola.
Embora essas duas instituições possam articular-se, têm objetivos
diferentes.
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O trabalho familiar diz respeito à moralização da criança, essa é a função primordial dos pais ou seus substitutos. A tarefa do professor por sua vez não é moralizar a criança. O objeto de trabalho escolar é fundamentalmente o conhecimento sistematizado, e seu objetivo a recriação deste. (AQUINO, 1988b, p.7).
Em geral, no cotidiano escolar os professores acabam exercendo a
tarefa de normatização de hábitos e atitudes à criança e ao adolescente. É um
complicador no processo ensino-aprendizagem. O professor deixa de realizar muitas
vezes o seu trabalho e suas funções específicas, que são substituídas pelo papel
disciplinador, tornando-o um pouco pai, amigo, conselheiro, etc. Para Aquino
(1988b, p. 7) este tipo de atitude é desaconselhável no meio pedagógico, “[...]
precisamos admitir um consenso básico, muitas vezes esquecido no dia-a-dia
escolar: “o de que aluno não é filho, e professor não é pai.” (AQUINO, 1988b, p.
7, grifo nosso).
Se o professor deixa de realizar seu trabalho, quem o fará por ele?
Conversas paralelas, dispersão; professor entra na sala e é como se não tivesse entrado; dá lição e a maioria não faz; quando vem professora substituta, é dia de fazer bagunça; não trazem material; se negam a participar da aula; parece que nada interessa; saem no corredor na mudança de professor; fazem bagunça em sala quando não tem ninguém; irmãos entram no meio da sala para pedir material, lanche, dinheiro; riscam carteiras até estragar (ex. com estilete); colocam tachinha na mesa do professor e colegas; ficam comendo durante as aulas; mascam chicletes; [...] não vão de uniforme; [...] destroem trabalhos de alunos de outros períodos fixados nos murais; sentam de qualquer jeito na carteira; roubam material do colega; passam a perna no colega; entram sem pedir licença; [...] respondem ironicamente; saem quando toca o sinal e o professor ainda está explicando; no meio da explicação se levantam e fala com o outro. (VASCONCELOS apud AQUINO, 2003, p. 22-23).
Que bom seria que tais fatos não passassem de fatos fictícios!
Porém, é a realidade da maioria das escolas, é a realidade nossa de cada dia.
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Todavia hoje, sendo a escola para todos, a sala de aula acolhe
perfis de alunos diversos. Segundo Chrispino, (2007, p. 16), “Temos defendido que a
massificação da educação se, por um lado, garantiu o acesso dos alunos à escola,
por outro, expôs a escola a um contingente de aluno cujo perfil ela - a escola - não
estava preparada para absorver.”
Percebe-se que o aluno não é o aluno de décadas passadas.
Antes num passado remoto, a escola era procurada por um tipo padrão de aluno, com expectativas padrões, com passados semelhantes, com sonhos e limites aproximados. Os grupos eram formados por estudantes de perfis muito próximos. Com a massificação, trouxemos para o mesmo espaço alunos com diferentes vivências, com diferentes expectativas, com diferentes sonhos, com diferentes valores, com diferentes culturas e com diferentes hábitos [...] Parece óbvio que este conjunto de diferenças é causador de conflitos que, quando não trabalhados, provocam uma manifestação violenta. (CHRISPINO, 2007, p. 16).
Pode-se esperar que onde há diferentes pessoas haverá maior
diferença de opiniões e maior também será a possibilidade de conflitos, resultado da
interação entre os seres. Não é de se estranhar que essas diferenças também
venham a causar indisciplina.
No universo escolar de uma escola democrática sempre haverá
divergências de opiniões, o que pode ser positivo para o crescimento e
amadurecimento dos indivíduos.
Ora, se a crescente democratização política do país, o avanço
vertiginoso da tecnologia, o agravamento do fator sócio econômico trouxeram uma
nova geração, um novo aluno, um novo sujeito histórico, com direito à escolaridade,
como subtrair os conflitos, em específico a indisciplina que está presente na nova
escola? Como agir ante a ausência de “limites” de nossas crianças e jovens? “O
primeiro ponto para a introdução da mediação de conflito no universo escolar é
assumir que existem conflitos e que estes devem ser superados a fim de que a
escola cumpra melhor as suas reais finalidades”. (CHRISPINO, 2007, p. 23).
Nessa lógica, a questão está em transformar esta turbulência, essa
desordem, em uma nova ordem.
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Segundo Aquino (1998a), a indisciplina desponta entre os
educadores como um “obstáculo” ou “complicador” do trabalho pedagógico.
Considerando isso, a indisciplina de que a escola vem sofrendo por parte dos
discentes dentro e fora dela, nos leva a refletir que:
[...] em certas circunstâncias, o ato indisciplinado seria a manifestação de uma agressividade latente dirigida contra a figura de autoridade, agressividade esta gerada pela “desestruturação” do ambiente familiar (a desagregação dos casais, a falta de tempo para cuidar dos filhos, a precária supervisão das tarefas escolares etc.). De modo genérico, supõe-se que as condutas dos alunos envolvidos em situações disciplinares seja resultado de prejuízos psíquicos difusos, mormente ligados à primeira infância e ao modo permissivo como tais crianças e jovens foram criados por suas famílias. [...] costuma-se dizer que as “más” influências a que as novas gerações foram expostas (o excesso de televisão, de internet etc.) sejam inquebrantáveis, já que os apelos escolares não seriam sedutores a ponto de fazê-las criar gosto pelo estudo e pelos bons modos que, supostamente, ser-lhe-iam decorrentes (AQUINO, 2003, p. 11).
Essa realidade permeia o cotidiano escolar e sente o quanto a
família se encontra alienada, diríamos até impotente diante dessa nova geração. A
expressão: “Hoje os alunos não têm limites, não obedecem mais a pais e
professores.” é dita com freqüência pela maioria dos professores no fazer
pedagógico. Aí está o nosso foco: é necessário que a família volte a exercer sua real
função na vida das nossas crianças e jovens.
Por precisar ser protegida do mundo, o lugar tradicional da criança é a família, cujos membros adultos diariamente retornam do mundo exterior e se recolhem à segurança da vida privada entre quatro paredes. Essas quatro paredes, entre as quais a vida familiar privada das pessoas é vivida, constitui um escudo contra o mundo e, sobretudo, contra o aspecto público do mundo. (ARENDT, 2007, p. 235-236).
Vê-se que hoje a família não é mais a mesma, uma vez que, face
aos condicionantes sociais e econômicos de uma sociedade capitalista, cujos pais
trabalhadores, operários, estão cada vez mais ausentes de sua prole.
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Não seria de todo errado afirmar que a falta de expectativas imediatas, a desesperança em relação ao futuro e a crescente fragilidade da estrutura familiar de crianças, adolescentes e jovens compõem um conjunto de fatores que induzem à violência e à criminalidade, inclusive à violência da, na e contra a escola. (SILVA,
2008, p. 31).
Uma evidência incontestável e perceptível aos profissionais da
educação: a família não estaria colaborando com o trabalho do professor, deixando
funções escolares somente a cargo do docente, no que se refere às tarefas,
responsabilidades com o material e trabalhos de pesquisa, enfim, no aprender a
aprender.
Há que se destacar também que a família nuclear, normal, composta
de pai, mãe e filhos, já não é uma referência no sistema educacional. Não podemos
esperar mais uma família com uma estrutura tradicional, porém, a função de ser pai
e mãe na vida de um ser cabe, sem nenhuma dúvida, às pessoas historicamente
responsáveis por sua existência.
A grosso modo poder-se-ia dizer que a maioria dos pais dos alunos,
em certa medida, não exerce hoje sua autoridade, um exercício de direito legitimado.
Isso traz uma sensação de desalento, na sua maioria, ao profissional
da educação, pois, os educadores converteram-se em incansáveis conselheiros de
boa conduta. Esse é um fato observado e que inspira reflexões cuidadosas, pois a
indisciplina não só prejudica o desempenho escolar do aluno que a produz, como
reflete-se improdutiva nos mais bem intencionados.
Não raras vezes ouvimos de pais: “Meu filho não me obedece, pode
fazer o que quiser com ele, eu já não aguento mais!” Traduz-se aqui a desfiguração
de papéis e das funções dos protagonistas na educação de crianças e jovens. Afinal,
família e escola: parceiras ou inversões de papéis? É o que leva a refletir:
Nos dias atuais, difícil encontrar entre os trabalhadores da educação um consenso tão solidificado, e igualmente questionável, como aquela que prega que grande parte dos problemas escolares cotidianos é conseqüência, mais ou menos indireta, do modo duvidoso como estão organizadas as famílias de nossos alunos. [...] Famílias que não estariam suficientemente preparadas para a difícil tarefa de educar; famílias cujos pais responsáveis não supervisionam atentamente a conduta de sua prole; famílias que não promovem uma rotina estável que favoreceria aos filhos a aquisição de hábitos virtuosos e outros atributos morais; enfim, família “desestruturada” – eis o diagnóstico reiterado pela grande maioria dos profissionais da
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educação para justificar a indisciplina por parte do alunado. (AQUINO, 2003, p.41-42).
Famílias com pai provedor, mãe cuidadosa e presente, relações
harmoniosas, filhos disciplinados, indiscutivelmente poucas o são. A maioria das
mães que trabalha fora não tem como cuidar dos filhos, deixando a formação deles
a um insignificante tempo que lhe sobra.
Os pais humanos, contudo, não apenas trouxeram seus filhos à vida mediante a concepção e o nascimento, mas simultaneamente os introduziram em um mundo. Eles assumem na educação a responsabilidade, ao mesmo tempo, pela vida e desenvolvimento da criança e pela continuidade do mundo [...] a criança requer cuidado e proteção especiais pra que nada de destrutivo lhe aconteça de parte do mundo. (ARENDT, 2007, p. 235).
Constata-se que a maioria das mães e pais está ausente devido ao
trabalho. Culpá-los? Não é a intenção. No entanto, essa ausência provoca nos
discentes a falta de responsabilidades. Eles não reconhecem a autoridade dos pais
nem a dos professores. Há, a necessidade de se rever funções, tempo,
responsabilidades, para que o êxito da criança e do jovem não venha a sucumbir.
Com efeito, não se quer tratar aqui da disciplina como obediência
cega, como se fazia na escola tradicional, mas de uma disciplina alcançada com
diálogo, vista pela família e pelo aluno como condição necessária para o processo
ensino-aprendizagem.
[...] significa a consciência da necessidade livremente aceita, na medida em que é reconhecida como necessária para que um organismo social qualquer atinja o fim proposto. [...] a disciplina não é o oposto da liberdade e tampouco algo que se pode ser fixado de fora, do exterior. Ao contrário, “disciplinar-se é tornar-se independente e livre” (Gramsci, l976). [...] O que Gramsci persegue com isso é a união da “direção consciente” e da “espontaneidade”. Isso só pode ser alcançado se a disciplina for fixada pelos próprios membros da coletividade que devem pôr-se de acordo entre si. (FRANCO, 1986, p. 64).
Aqui se reforça o que se pretende no atual contexto escolar: uma
disciplina voltada para a liberdade, mas com responsabilidade.
A escola não pode ser o palco onde o aluno faz o que quer, a seu
bel-prazer. “A escola assim, não pode ser um local de ensino fácil e atraente em
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todos os momentos, mas um local que, dentro do respeito ao aluno, impõe
sacrifícios, renúncias e esforço.” (FRANCO, 1986, p. 64).
Não se quer que a escola seja opressora, reguladora, mas que
tenha uma disciplina transformadora, “a disciplina de que tencionamos falar deve
advir da necessidade de se superar o senso comum pelo conhecimento universal,
resultado de ações bem-sucedidas.” (SCHMIDT; RIBAS; CARVALHO, 1989, p. 36).
A escola democrática que temos hoje e que se preocupa com a
formação de um cidadão consciente e crítico, não deve eliminar o respeito pelo
passado, pela tradução no legado cultural que, nas palavras de Aquino, (1998a, p.
16), nos acrescenta: “[...] escola é, por excelência, lugar do passado, no bom e
imprescindível sentido do termo. E deve ser. Mesmo porque não há futuro plausível
sem a imersão no traçado histórico (leia-se, as ciências, as artes, as humanidades,
os esportes).”
Assim sendo, destacamos o que sabiamente Saviani (1987), nos
relata sobre escola e democracia:
E é nesse sentido que o raciocínio habitual tende a ser o seguinte: as pedagogias novas são portadoras de todas as virtudes, enquanto que a pedagogia tradicional é portadora de todos os defeitos e de nenhuma virtude. O que se evidencia através de minhas teses é justamente o inverso. [...] Com efeito, assim como para se endireitar uma vara que se encontra torta não basta colocá-la na posição correta, mas, é necessário curvá-la do lado oposto, assim também, no embate ideológico não basta enunciar a concepção correta para que os desvios sejam corrigidos; é necessário abalar as certezas, desautorizar o senso comum. (SAVIANI, 1987, p. 60- 63).
Ao introduzir na discussão a teoria “a curvatura da vara”, o que se
pretende é aproveitar o que é bom do passado e introduzir o que é novo, assim, nem
uma escola sem regras, nem uma escola militarizada.
É sobremodo difícil para o educador arcar com esse aspecto da crise moderna, pois é de seu ofício servir como mediador entre o velho e o novo, de tal modo que sua própria profissão lhe exige um respeito extraordinário pelo passado. [...] Isto quer dizer que não se pode, onde quer que a crise haja ocorrido no mundo moderno, ir simplesmente em frente, e tampouco simplesmente voltar para trás. (ARENDT, 2007, p. 243-245).
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Ao despertar o prazer de estudar, ao saber que devemos ser
mediadores entre o velho e o novo, que a disciplina produz o conhecimento, estar-
se-á proporcionando ao nosso aluno maior autonomia, liberdade e senso crítico.
Assim, a escola, o professor e os pais que têm a responsabilidade
por este mundo que assumem, devem submeter-se a uma crítica impiedosa à luz
das suas funções específicas.
É possível acreditar numa sociedade mais justa e igualitária, porém
a escola, sozinha, pouco ou quase nada pode fazer, "eis uma tarefa de fôlego para o
professor de hoje em dia!” (AQUINO, 1998, p.7).
SUGESTÃO DE TEXTO PARA LEITURA
TEXTO: Indisciplina e violência: a ambigüidade dos conflitos na escola
REFERÊNCIA:
GUIMARÃES, Áurea M. Indisciplina e violência: a ambigüidade dos conflitos na
escola. In: AQUINO, Julio Groppa (Org.). Indisciplina na Escola: alternativas
teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1996. p. 73-81.
Áurea M. Guimarães7, abordando o tema Indisciplina e violência na
escola, vem ao encontro de um assunto que, certamente, é uma marca
inconfundível deste século, e de cuja realidade a escola brasileira não poderia deixar
de ser também protagonista.
7 . Socióloga, mestre pela PUCCAMP e doutora pela UNICAMP na área de Educação. Autora de Vigilância, punição e depredação escolar (Papirus, 1985) e A dinâmica da violência escolar: conflito e ambigüidade (Autores Associados, 1996).
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Sob essa perspectiva, percebemos que este século é marcado pela
violência explícita em todo contingente mundial. Baseada nas idéias de Maffesoli, a
autora levanta questões “referentes à violência, à ordem, à desordem, à lógica do
“dever-ser versus a do querer-viver”, em que propõe reflexões a fim de ajudar os
educadores a construir algumas alternativas pedagógicas para o enfrentamento
desses fenômenos que perpassam o cotidiano escolar.
Não é objetivo da autora valorizar a violência, nem defender uma
escola sem regras, mas detectar, através de uma análise, como a sociedade vive e
se organiza dentro dos diferentes grupos aos quais cada indivíduo pertence
Sendo a escola uma das instituições onde o indivíduo passa grande
parte de seu tempo, apesar dos mecanismos de reprodução social e cultural,
segundo a autora “as escolas também produzem sua própria violência e sua própria
indisciplina”, pois, quando as práticas organizacionais e pedagógicas (aulas,
programas, etc.) não têm significado ou estão distantes do gosto e das
necessidades dos alunos, isto pode transformar-se em apatia ou em indisciplina e
violência.
[...] Mas, as efervescências da sala de aula marcada pela diferença,
pela instabilidade, pela precariedade, apontam para a inutilidade de um controle
totalitário, de uma planificação racional, pois os alunos buscam de modo espontâneo
e não planejado o querer-viver que, por ser irreprimível, impede a instalação de
qualquer tipo de autoritarismo. Quanto maior a repressão, maior a violência dos
alunos em tentar garantir as forças que assegurem sua vitalidade enquanto grupo.
[...]
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ROTEIRO PARA DISCUSSÃO:
Que análise é possível fazer (indisciplina e violência), a partir da
leitura do texto considerando os desafios enfrentados no contexto
escolar?
“A instituição escolar não pode ser vista apenas como reprodutora
das experiências de opressão, de violência, de conflitos, advindas
do plano macroestrutural. É importante argumentar que, apesar
dos mecanismos de reprodução social e cultural, as escolas
também produzem sua própria violência e sua própria
indisciplina.” Você concorda com esta colocação da autora?
Justifique e explique seu posicionamento.
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REFERÊNCIAS
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35
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