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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

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ME I

I

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O SOLO E A VEGETAÇÃO COMO INSTRUMENTOS BÁSICOS DE

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Euclides Basso1

RESUMO: Esta unidade didática é parte do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) que será implantado na escola, com o intuito de proporcionar discussão, aprendizagem, e mudança de atitudes diante das questões ambientais pertinentes ao meio ambiente mais especificamente sobre o estudo do solo e do palmito. É uma proposta que visa uma construção pedagógica coletiva, envolvendo toda a comunidade escolar, com o objetivo de mostrar o estudo do solo e do palmito juçara na disciplina de geografia no ensino fundamental e médio, contribuindo com a práxis do educando. Esse estudo foi norteado pelo referencial teórico do estudo da paisagem, entendido aqui, como o sistema ambiental físico em seus elementos e processos, distribuídos e desencadeados no ecossistema, resultando na formação, desenvolvimento e manutenção do solo e do palmito.

Palavras-chave: Educação Ambiental, Palmito, Solo

1. SOLO

Solo é a parte mais superficial da terra onde as plantas penetram suas

raízes para se alimentarem e também para se fixarem. Ele também pode ser

definido como crosta superior da terra, misturado com matéria orgânica, em

que os animais e microorganismos vivos e as plantas crescem.

O solo também pode ser definido como um corpo de material esfarelado

(inconsolidado), que recobre a superfície emersa terrestre, entre a litosfera e a

atmosfera. Base da agricultura é o meio, onde a planta retira os seus alimentos

(nutrientes e água) ao mesmo tempo em que é um suporte ao qual ela se

segura.

A educação em solos é importante para a Educação Ambiental, porque o

solo é o suporte da vida. O solo é um meio dinâmico e para conserva-lo é

preciso conhecê-lo.

1 Autor: Professor de Geografia da rede estadual de ensino, vinculado a Secretaria de Estado da Educação do Paraná – SEED. Participante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE 2009 – Geografia, vinculado à Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste – Campus de Marechal Cândido Rondon

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De acordo com o caderno de resumos do IV Simpósio Brasileiro do

Ensinos de Solos, eles são o nosso chão, a base da nossa vida, o lugar onde

caminhamos, onde plantamos, e onde construímos as nossas casas; enfim o

espaço de produção da nossa vida. Eles não são reconhecidos pelo papel que

desempenham na manutenção da vida sobre a Terra e na conservação da

biodiversidade, e são ainda menos percebidos e valorizados em seu papel na

vida humana.

De modo geral, as pessoas têm uma atitude de pouca consciência e sensibilidade em relação ao solo, e a sua conservação tem sido, na maioria dos casos, negligenciada. A conseqüência dessa negligência é o crescimento contínuo dos problemas ambientais ligados à degradação do solo, como erosão, poluição, deslizamentos, assoreamento de cursos de água etc. (GALETI; SANTIAGO 1992):

Sua degradação tem sido considerada de forma destacada em todos os

países. É a erosão, o processo que mais claramente causa impacto ao homem

pela sua ação devastadora, visivelmente chamando a atenção de especialistas

e leigos. Ela tem sido foco de atenção conservacionista nos países do primeiro

mundo e, também, em muitos países emergentes (CAMARGO, 2004, p.43).

1.1 Histórico do Solo

O cientista que fundou a ciência que estuda o solo foi o russo

Dokuchaev Vassilii Vasil’evich (1877-1878), conforme foto na figura 01.

< http://commons.wikimedia.org > (data de acesso: 24/06/2010)

Figura 1 – Cientista russo Dokuchaev Vassilii Vasil’evich que fundou a ciência de estudo dos solos

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Segundo um Projeto Solo na Escola, apresentado por escolas agrárias

em parceria com a UFPR, Dokuchaev, em seus estudos constatou, que o solo

é constituído por uma sucessão vertical de camadas horizontais, resultantes da

ação conjunta de diversos fatores. Essa seqüência vertical de horizontes é

denominada de perfil do solo.

Existem muitos documentos que relatam a vida e criatividade de

Dokuchaev. A ele são dedicados monumentos, construídos institutos, assim

como o Museu Central de solo Dokuchaev em São Petesburgo. Os cientistas

são premiados regularmente com uma medalha dourada de Vassilii Dokuchaev

por estudo em Pedologia (ciência que estuda o Solo).

A universidade afirma que Dokuchaev foi convidado pelo Governo Russo

em 1875 para construir um Mapa de Solos da parte européia da Rússia, o que

tornou o momento em criatividade científica e no destino de Dokuchaev. Ele

deveria desenvolver a Classificação de Solos e sua Descrição. O agrupamento

seguinte de Solos foi aceito:

a. Chernozem (Chernozem)

b. Clay Soils (Solo Argiloso)

c. Sand (Solo Arenoso)

d. Loan or Sandy Loan (Solo Formado de Sedimento)

e. Silty Soil (Solo Siltoso)

f. Saline Soil (Solo Salino)

g. Chalk Soil (Solo de Sedimento Argiloso de Cor Clara)

h. Stony Soil (Solo Pedregoso)...”

Então pela primeira vez Dokuchaev desenvolveu princípios cartográficos

de Solos e definiu direções de seu desenvolvimento. Como um todo, houve o

primeiro programa científico em estudo de Solos da Rússia. As variações e

complexidades de tarefas em estudo de Solos da Rússia resultaram que

Dokuchaev percebeu a necessidade da criação de um estabelecimento de

Solos em especial, um museu e laboratório dedicados a isto, os quais deviam

ser mantidos pelo Estado. Então o Governo Russo trabalhou muito e levou um

longo tempo para realizar essa tarefa.

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1.2 Origem da Palavra:

O solo é derivado da palavra solum uma palavra latina que significa

terra. E uma mistura estratificada de materiais orgânicos e inorgânicos. A

ciência que estuda o solo é chamada Ciência do Solo, Pedologia (pedos =

terra) ou Edafologia (edaphos =solo)

1.2.1 Diferença Entre: “Terra” e “terra”

Terra é um nome do nosso planeta, por isso se escreve com maiúscula

(nomes próprios sempre começam com letras maiúsculas). E terra é um

substantivo que se refere ao elemento da natureza, a terra mesmo, onde

nascem as plantas. Como não é nome próprio, se escreve com minúscula.

Portanto “Terra” se refere ao nosso planeta e “terra” ao solo.

1.2.2 Diferença Entre: “solo” “terra” e “chão”

Para evitar confusão, Lima et. al. (2005) sugere empregar a palavra

“solo” em lugares onde realiza-se atividades diversas, se sustenta, constrõe,

planta-se e retira-se minerais.

Entretanto, são diversas as definições de solo, conforme o enfoque

desejado. Abaixo estão listados alguns exemplos destas definições segundo as

diferentes áreas:

• Engenharia civil: material escavável, que perde sua resistência quando

em contato com a água.

• Agronomia: camada superficial de terra arável possuidora de vida

microbiana.

• Arqueologia: material no qual se encontram registros de civilizações e

organismos fósseis.

• Geologia: produto do intemperismo físico e químico das rochas.

• Pedologia: camada viva que recobre a superfície da terra, em evolução

permanente, por meio da alteração das rochas e dos processos

pedogenéticos comandados por agentes físicos e químicos. Esta é a

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ciência que estuda a formação do solo e foi iniciada na Rússia por

Dokuchaiev no ano de 1880.

1.3 Formação do Solo

O solo é o resultado de algumas mudanças que ocorrem nas rochas.

Estas mudanças são bem lentas, sendo que as condições climáticas e a

presença de seres vivos são os principais responsáveis pelas transformações

que ocorrem na rocha até a formação do solo. Para entendermos melhor estes

processos, acompanhe atentamente a seqüência abaixo e a figura 2.:

1. Rocha matriz exposta.2. Chuva, vento e o sol desgastam a rocha formando fendas e buracos. Com

o tempo a rocha vai esfarelando-se.3. Microorganismos como bactérias e algas se depositam nestes espaços,

ajudando a decompor a rocha através das substâncias produzidas.4. Ocorre acúmulo de água e restos de microorganismos.5. Organismos um pouco maiores como fungos e musgos, começam a se

desenvolver.6. O solo vai ficando mais espesso e outros vegetais vão surgindo, além de

pequenos animais.Vegetais maiores colonizam o ambiente, protegidos pela sombra de outros.

7. O processo continua até atingir o equilíbrio, determinando a paisagem de um local.

Todo esse processo leva muito tempo para ocorrer. Lima et. al. (2005)

afirma que cada centímetro do solo se forma num intervalo de tempo de 100 a

400 anos. Os solos usados na agricultura demoram entre 3000 a 12000 anos

para tornarem-se produtivos.

Figura 2 – Processo de formação do solo

< educar.sc.usp.br/ciencias/recursos/solo.html >(acesso em 25/06/2010)

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1.3.1 Intemperismo

Lima et. al. (2005) define intemperismo como fenômenos físicos,

químicos e biológicos que agem sobre a rocha e conduzem à formação de

partículas não consolidadas. Segundo o autor esse processo pode se dividir

em 4 tipos:

a) Intemperismo físico: promove a modificação das propriedades físicas

das rochas (morfologia, resistência, textura) através da desagregação ou

separação dos grãos minerais antes coesos, acarretando no aumento da

superfície das partículas, mas não modificando sua estrutura.

Sua atuação é acentuada em virtude de mudanças bruscas de

temperatura. Ciclos de aquecimento e resfriamento dão origem à tensão que

conduzem a formação de fissuras nas rochas assim desagregando-as.

A mudança cíclica de umidade também pode causar expansão e

contração. Espécies vegetais de raízes profundas, ao penetrarem nos vazios

existentes, também provocam aumento de fendas, deslocando de blocos de

rochas e desagregação.

b) Intemperismo químico: ocorre quando estratos geológicos são

expostos à ação das águas providas de compostos que reagem com os

componentes minerais das rochas e alteram significativamente sua

constituição. Em muitos casos, isso provoca o acréscimo de hidrogênio

(hidratação), oxigênio (oxigenação) ou carbono e oxigênio (carbonatação) em

minerais que antes não continham nenhum destes elementos.

c) Intemperismo biológico: é caracterizado por rochas que perdem

alguns de seus nutrientes essenciais para os organismos vivos e plantas que

crescem em sua superfície.

À medida que o intemperismo vai atuando, a camada de detritos torna-

se mais espessa e se diferencia em subcamadas (horizontes do solo) que, em

conjunto, formam o perfil do solo.

d) Microorganismos: a decomposição de matéria orgânica libera gás

carbônico cuja concentração no solo pode ser até 100 vezes maior que na

atmosfera. Esse gás vai atuar contra a resistência sólida da rocha ajudando à

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se desmanchar e se transformar em solo, ou seja, material completamente

esfarelado.

1.4 Perfiz e Horizontes:

Um solo possui horizontes de morfologia diferentes entre si. Essas

camadas são chamadas de horizontes.

As somas dessas camadas define o perfil do solo. Diz-se que quanto

mais distante da rocha mãe, mais intensa e/ou antiga foi a ação pedológica.

A composição de matéria orgânica do perfil do solo geralmente é a

seguinte:

1ª camada ou horizonte A - com bastante matéria orgânica;

2ª camada ou horizonte B - com pouca matéria orgânica;

3ª camada ou horizonte C - sem matéria orgânica

4ª camada ou horizonte R - rocha matriz

A natureza e o número de horizontes variam de acordo com os

diferentes tipos de solo. Lima et. al. (2005) explica que os solos geralmente não

possuem todos esses horizontes bem caracterizados, entretanto, pelo menos

possuem partes deles, conforme a figura 03.

Figura 3 – Perfis e Horizontes do solo

< http://www.portalsaofrancisco.com.br >(acesso em: 25/06/2010)

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O termo “horizonte” descreve cada uma das camadas distintivas que

ocorre em um solo. Cada tipo de solo tem pelo menos uns três ou quatro

horizontes diferentes.

a) Horizonte O: camada orgânica superficial. É constituída por detritos

vegetais e substâncias de humos acumuladas na superfície, ou seja, em

ambiente onde a água não se acumula (ocorre drenagem). É bem visível em

áreas de florestas e distingui-se pela coloração escura e pelo conteúdo de

matéria orgânica.

b) Horizonte A: é a primeira camada de cima para baixo. É o horizonte

onde ocorre grande atividade biológica e de coloração escurecida pela

presença de matéria orgânica. Esse horizonte é camada que chamamos de

solo. São os primeiros 15 ou 20 centímetros de terra. É também chamada de

camada arável por ser usada para o plantio e a germinação das plantas em

geral.

c) Horizonte B: apresenta menor quantidade de matéria orgânica é mais

clara, não tão fofa, mais seca, com menos raízes. Também chamada de

subsolo. Essa camada de terra possui o pH (potencial de Hidrogênio) baixo e

de menos fertilidade.

d) Horizonte C: é de coloração clara, não possui matéria orgânica, nem

raízes, só tem minerais. Pouco afetada por processos pedológicos, ou seja, a

rocha matriz ou rocha mãe foi pouco alterada.

e) Horizonte R: camada mineral de material consolidado, que constitui

substrato rochoso contínuo e pode apresentar pequenas fendas.

1.5 Tipos de Solos:

Na superfície terrestre podemos encontrar diversos tipos de solo. Cada

tipo possui características próprias, tais como densidade, estrutura, cor

consistência e formação química.

a) Solo Argiloso:

Possui consistência fina e é impermeável a água. Um dos principais

tipos de solo argiloso é a terra roxa, encontrada principalmente nos Estados de

São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Este tipo de solo é bom para a prática da

agricultura, principalmente para a cultura do café. Na região litorânea do

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Nordeste encontramos o massapé, solo de cor escura e também muito fértil

usado para o cultivo da cana-de-açúcar desde muitos anos atrás.

b) Solo Arenoso:

Possui consistência granulada como a areia. Muito presente na região

nordeste do Brasil, sendo permeável à água. Existem grandes trechos desse

tipo de solo também em outros estados do Brasil como Mato Grosso e Mato

Grosso do Sul.

c) Solo Humoso:

Presente em território com grande concentração de matéria orgânica em

decomposição (húmus). É muito utilizado para a prática da agricultura, pois é

extremamente fértil (rico em nutrientes para as plantas).

d) Solo Calcárico:

É um tipo de solo formado por partículas de rochas. É um solo seco e

esquenta muito ao receber os raios solares. Inadequado para a agricultura.

Este tipo de solo é muito comum em regiões de deserto.

1.6 Fertilidade dos solos:

O solo funciona como alicerce da vida terrestre. Os nutrientes existentes

no solo chamados micro e macro nutrientes, assim como porção da água que

as plantas necessitam, estão nos solos.

Para essa vida existir, o equilíbrio dentro do solo, que age como um

corpo mediador entre litosfera, hidrosfera, biosfera e a atmosfera, deve estar

preservado e adequado. Quando isso ocorre, diz-se que o solo está fértil. Se

um dos elementos necessários à vida não estiver presente, ou estiver em

quantidade insuficiente para aquele bioma, o solo está infértil e deve ser

artificialmente corrigido. Muitas vezes é o próprio homem que torna o solo

infértil, através da erosão ou exploração acelerada.

2. O PALMITO JUÇARA

O palmito juçara é uma planta nativa da Mata Atlântica, pertencente à

família das palmáceas, e do gênero Euterpe. O nome científico é Euterpe

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edulis. A origem da palavra juçara é indígena por isso se usa o “c” cedilha,

assim como todas as palavras de origem indígena.

Segundo o Portal de notícias Ambiente Brasil (2010), a América do Sul

possui uma das maiores diversidades de palmeiras do mundo. O palmito juçara

é uma das palmeiras mais belas de toda a flora brasileira (figura 4). Sua

distribuição original ocorre do sul da Bahia até Misiones na Argentina.

Também há registros da juçara em brejos próximo ao Distrito Federal.

Figura 4 – Palmito Juçara

O palmito é uma iguaria (comida) fina, valiosa e de grande aceitação no

mercado, tanto no Brasil como no exterior. Corresponde ao produto comestível,

extraído da extremidade superior do tronco de certas palmeiras, constituindo-se

de folhas jovens, internas, ainda em desenvolvimento, envolvidas pela bainha

das folhas mais velhas.

Explorado intensamente a partir da década de 70, o palmito juçara

encontra-se hoje sob risco de extinção. Apesar da retirada sem a realização e a

aprovação de um plano de manejo sustentado ser proibido por lei, a exploração

predatória tem avançado no país e quase todo o palmito juçara comercializado

e exportado pelo Brasil atualmente é ilegal.

< http://www.portalsaofrancisco.com.br >(acesso em: 25/06/2010)

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Originalmente o palmito era extraído da palmeira juçara (Euterpe edulis),

que possui palmito de altíssima qualidade, mas um ciclo de produção longo;

tendo uma exploração predominantemente extrativista, encontra-se por isso em

vias de extinção.

O palmito leva mais de 7 anos para crescer até o tamanho de corte.

Devido a super-exploração ilegal, juçaras muito pequenas já estão sendo

cortadas (são os palmitos picados que você vê na pizza de palmito), impedindo

a regeneração natural das florestas.

Praticamente todo o palmito, com exceção da pupunha Bactris gasipaes,

que chega na sua mesa vêm da extração na natureza. A extração do palmito

na Floresta Atlântica não é sustentável.

A maioria do palmito juçara encontrado nos supermercados e

restaurantes vêm de corte ilegal. Esse corte ilegal é feito geralmente dentro das

Unidades de Conservação (Parques Estaduais, Nacionais, Estações

Ecológicas). Os palmitos são cortados dentro da mata e cozidos na hora sob

péssimas condições de higiene.

Várias espécies de aves e mamíferos dependem dos frutos do palmito

para sobreviver. Os animais comem os frutos e dispersam as sementes do

juçara pela mata. Sem a juçara várias espécies de animais podem

desaparecer. Em alguns lugares onde o palmito foi dizimado já pode-se notar a

ausência da fauna.

O corte do palmito está se tornando tão organizado quanto o tráfico de

drogas, como mostra a figura 5. Sabe-se hoje que os palmiteiros possuem

rádios, armas e transporte mais eficientes que os guardas. Além de cortar os

palmitos, muitos animais são abatidos pelos palmiteiros.

Figura 5 – Corte e exploração ilegal do palmito

< http://gerencia.ambientebrasil.com.br >(acesso em: 24/06/2010)

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2.1 Área de ocorrência

Com distribuição natural entre a Bahia e o norte do Rio Grande do Sul, o

palmito juçara é encontrado em abundância na Floresta Ombrófila Densa e na

maior parte das Florestas Estacional Decidual e Semidecidual.

É encontrado geralmente em solo fértil, com textura arenosa e argilosa e

drenagem de boa a regular, mas deve ser evitado em solos secos, pois a

ausência de água e o solo arenoso são prejudiciais à espécie. Solos

encharcados e de argila pesada também não são recomendados.

2.2 Importância

A preservação do palmito juçara, está ligada à manutenção da

biodiversidade da Mata Atlântica, uma vez que sua semente e seu fruto servem

de alimento para diversos animais, como tucanos, sabiás, macacos, periquitos,

jacus, porcos do mato, antas, tatus, capivaras entre outros.

A importância da conservação da espécie, também está relacionada ao

período de sua frutificação. Por ocorrer no inverno, quando a maioria das

outras árvores está sob estresse hídrico devido ao período seco, é um alimento

fundamental na mata.

Além disso, o palmito juçara serve de alimento para o homem e suas

palmeiras fornecem frutos, cera, fibras, material para construções rústicas,

matéria-prima para a produção de celulose, entre outros.

2.3 Plantio

De acordo com o Portal Educacional São Francisco (2010), devido ao

fato dessa planta ser muito bonita, ela começou a ser usada como ornamental,

e ali está a prova que é viável fazer seu plantio, como cultura agrícola

convencional, por ser muito rústica e de fácil manejo. No entanto, as formas de

cultivo mais indicadas são as consorciadas com outras plantas.

Conforme a figura 6, pode-se verificar que é viável a cultura agrícola

convencional.

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Figura 6 – Plantação de palmito como forma ornamental

Recomenda-se, primeiramente, fazer a semeadura em canteiros,

localizados em lugares sombrios e com boa umidade, sendo necessário molhar

até que a semente comece a germinar, assim como qualquer outra planta.

Do cultivo consorciado, até hoje só foi estudada a combinação do

açaizeiro com seringueiras (Hevia brasiliensis), onde apresentaram viabilidade

em regiões com baixa deficiência hídrica. O espaçamento médio utilizado entre

os palmitos é de 2m x 1m.

Os maiores rendimentos por planta são obtidos nos maiores

espaçamentos e os maiores rendimentos por área, nos menores

espaçamentos.

A coleta das sementes devem ser realizadas quando os frutos passam

da coloração esverdeada para violácea até chegar em plena maturação com o

pericarpo preto, roxo e rosado, (NOGUEIRA; MEDEIROS, 2007) conforme

ilustra figura 7. Em média, um palmito de porte médio pode produzir até cinco

cachos, ou de 5 a 8 Kg de sementes. Um quilo de sementes possui 2.000

< http://www.auesolucoes.com.br >(acesso em: 24/06/2010)

(Foto do Autor 06/2010)

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sementes, e um quilo de frutos aproximadamente 770 frutos. Os melhores

frutos provém das palmeiras de meia idade.

Figura 7 – Sementes de palmito juçara

2.4 Produção de mudas e semeadura

Recomenda-se semear duas a três sementes (o caroço) do palmito ou a

semeadura direta no campo, utilizando-se três sementes ou mais previamente

despolpadas, semeadas em covas de 5cm de profundidade, conforme figura 8.

Em sementeira, deve-se utilizar substrato e mantê-la úmida. A

germinação inicia-se entre 30 e 170 dias.

A repicagem é realizada de uma a três semanas após a germinação, ou

após o aparecimento das folhas. O tempo total de viveiro é de, no mínimo, 9

meses.

Figura 8 – Formação de Mudas - sementeira e repicagem da muda de palmito juçara

< http://www.clickmudas.com.br >(acesso em: 24/06/2010)

(Foto do Autor 04/2010) (Foto do Autor 01/2010)

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O plantio a pleno sol do palmiteiro não é viável. A espécie é adequada

para plantio de enriquecimento em vegetação secundária, podendo o

sombreamento ser definitivo ou temporário. Mudas com até 3 anos não

suportam sombreamento excessivo nem sol direto.

Foto do Autor (06/2010)

Figura 9 – Muda pronta do Palmito para o plantio no campo

2.5. Exploração

O palmito demora no mínimo sete anos para alcançar o tamanho

comercial no Brasil. Posteriormente, o palmital permite cortes a cada três ou

quatro anos, para possibilitar a regeneração natural da espécie. O corte é

recomendado somente após a primeira florada, pois, se houver corte prematuro

da árvore, não haverá semente para regeneração natural da espécie. O palmito

é uma planta que não rebrota da base, como é o caso do açaí e pupunha. A

coleta ou corte implica necessariamente na morte da planta.

2.6 Resolução sobre a legalidade do plantio do palmito no Paraná

A Resolução Nº 019/2010 – SEMA, estabelece normas e procedimentos

para a proteção e utilização do palmito, Euterpe edulis Martinus, no Estado do

Paraná. Especificamente o Capítulo II aborda sobre o plantio de palmito

(Euterpe edulis) em áreas desprovida de vegetação nativa.

Artigo 11; O plantio de palmito (Euterpe edulis) em áreas desprovidas de

vegetação nativa independe de autorização do órgão ambiental competente, no

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entanto a autorização para corte dos indivíduos só será emitida mediante

prévio cadastramento do plantio.

§1º: o cadastro de que trata o caput deverá ser realizado junto ao órgão

ambiental competente no prazo máximo de sessenta dias após a realização do

plantio;

§2º: O plantio de que trata o caput, para atividades de manejo agro

florestal sustentável, poderão ser efetivados de forma consorciada com

espécies exóticas, florestais ou agrícolas, observada a legislação aplicável

quando se tratar de áreas de reserva legal;

§3º: Para fins do disposto no caput será criado e mantido no órgão

ambiental competente, Cadastro de Palmito (Euterpe edulis) Plantado;

§4º: Os dados do cadastro deverão ser compartilhados com o Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (IBAMA) e com o Instituto

Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio);

§5º: O interessado devera instruir o pedido de cadastramento com, no

mínimo, as seguintes informações:

I – dados do proprietário ou possuidor:

II – dados da propriedade ou posse, incluído cópia da matrícula do

imóvel no Registro Geral do Cartório de Registro de Imóveis, ou comprovante

de posse;

III – outorga para utilização do imóvel emitida pela Secretaria do

Patrimônio da União, em se tratando de terrenos de marinha e acrescidos de

marinha, bem como nos demais bens de domínio da União, na forma

estabelecida no Decreto-Lei nº 9.760, de 1946;

IV – localização com a indicação das coordenadas geográficas dos

vértices do imóvel e dos vértices da área plantada ou semeada;

V – sistema de plantio adotado e data ou período do plantio;

VI – número de indivíduos plantados por intermédio de mudas;

VII – quantidade estimada de sementes, no caso da utilização e plantio

por semeadura.

Artigo 12: Os detentores de palmito (Euterpe edulis) plantado,

cadastrados junto ao órgão ambiental competente, quando da colheita,

comercialização ou transporte do produto deles oriundos, deverão,

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preliminarmente notificar o órgão ambiental prestando, no mínimo, as

seguintes informações:

I - número do cadastro do respectivo plantio;

II - quantificação dos indivíduos a serem cortados e volume de produtos

a serem obtidos;

III - localização da área a ser objeto de corte com a indicação das

coordenadas geográficas de seus vértices.

3. Considerações gerais

A conscientização de que deve existir uma postura adequada, em

relação ao meio ambiente, de que existem aspectos determinantes pelos quais,

cada cidadão é responsável pela preservação, e essas ações devem estar

presentes, de forma permanente, na rotina da sala de aula.

Por esta razão, o estudo do solo e do palmito, devem ultrapassar o nível

da informação sobre as características dos mesmos, permitindo a reflexão

sobre suas importâncias para todos os seres vivos e para o equilíbrio dos

ecossistemas.

Assim, ao mesmo tempo em que tratamos de desenvolver questões

como diferentes tipos de solo e de palmito, suas adequações ao plantio,

procuramos debater com as crianças os cuidados de que o solo e o palmito

necessitam.

Diante do exposto, deve haver empenho de todos, para que a natureza

possa interagir com o meio, de forma harmônica, com os demais componentes

do ecossistema.

Se cada um fazer sua parte, poderemos então, quem sabe, salvar o

Planeta diante de todas as maldades que o homem já cometeu com a

natureza. Tudo isso aconteceu por causa de um sistema capitalista, que só se

preocupa com o lucro e com o acúmulo material sem limite.

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