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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

¹Pós-graduada em Gestão e Planejamento Escolar, Licenciada em Matemática, professora PDE da rede estadual, atuando no Colégio Estadual de São Manoel, email: [email protected].

² Mestre em Educação, professora do Departamento de Pedagogia da Universidade Estadual do Centro Oeste - Unicentro

A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA ESCOLA: Começa em casa.

Autora: Liane Maria Ianze Padilha¹ Orientadora: Clarice Schneider Linhares²

Resumo

Este artigo aborda a importância da sensibilização,conscientização da família e também dos educadores no aprimoramento da relação família/escola, como forma de contribuir no processo educacional e fortalecimento das instâncias colegiadas. Para isso propõe-se, desencadear ações de orientações no interior da escola, que possibilitem aos pais perceber o quanto são importantes no desenvolvimento educacional de seus filhos, seja,no exemplo ou em ações cotidianas que permitam a formação de valores fundamentais na vida em sociedade. Ressalta ainda que a escola conta com pessoas competentes, com conhecimento intelectual e político para auxiliar as famílias de como fazer o acompanhamento da vida escolar de seus filhos, principalmente em casa. A discussão proposta aos educadores é repensar não somente o seu papel, mas também o da família, considerando que essa parceria efetivada, a família conhecendo a escola e vice-versa, aproximará as duas instituições importantíssimas na formação do cidadão. Este artigo relata as experiências de encontros entre educadores, pais e responsáveis pelos alunos da 5ª série do Ensino Fundamental do Colégio Estadual de São Manoel, município de Santa Maria do Oeste. Como resultado, apresenta uma reflexão sobre a importância de resgatar o valor da família na educação dos filhos e ressalta que o incentivo e atenção em casa proporcionam melhoria na aprendizagem. A proposta considerou a afetividade como foco da relação família-escola, o qual houve participação efetiva com resultado positivo. Após a implementação da proposta, outras escolas ao tomarem conhecimento do resultado positivo, solicitaram a apresentação do trabalho, inclusive a rede municipal do município e também de um município vizinho.

Palavras-chaves: Família; Escola; Gestão Democrática; Aprendizagem.

Abstract

The present paper aims at showing the importance of sensitivity as well as family and

educators awareness during the process of educational improvement concerning

family and school relationships. In order to reach such goal, it is provided actions,

inside the school, which are quite important in the educational development of

students either based on examples from parents or simple daily routine attitudes that

allow forming values in society’s life. Besides that the school counts on competent

professionals who have intellectual and politics knowledge so that they are able to

guide the families showing them how to follow the school life of their children,

especially at home. The proposed discussion offered to educators is thinking over,

not only about their role, but also family’s role considering that such partnership will

strengthen both institutions school and family leading to forming great citizens. This

article gives an account of meetings between educators and parents of students from

5th grade, Colégio Estadual de São Manoel - elementary school, in Santa Maria do

Oeste. As a result, it is presented a reflection about the importance of rescuing

family’s values in children’s education and it emphasizes that motivation and

attention at home provide children a better performance as students. The proposal

has considered the affection as focus in family and school relationships, which had

an effective participation and a positive result. After the proposal implementation,

other schools have asked for the presenting the work, including municipal schools in

different areas.

Key words: family, school, democratic management, learning.

1 Introdução

O presente artigo é o resultado dos estudos realizados através do Programa

de Desenvolvimento Educacional – PDE, para professores da rede estadual do

Estado do Paraná nos anos de dois mil e nove e dois mil e dez.

O artigo científico que apresentamos, reflete toda a discussão realizada na

implementação do Projeto, cujo objeto de estudo foi: “A Participação da Família na

Escola: começa em casa” desenvolvida com educadores, através do Grupo de

Trabalho em Rede – GTR, Grupo de Apoio realizado com professores, pedagogos,

gestor e funcionários do Colégio Estadual de São Manoel do município de Santa

Maria do Oeste e dos encontros realizados com os pais e/ou responsáveis dos

alunos da 5ª série do Ensino Fundamental.

A proposta desenvolvida foi a sensibilização, primeiro dos educadores, depois

dos pais e/ou responsáveis, sobre a importância da família no processo educacional

de crianças e adolescentes e como essa pode colaborar no acompanhamento

escolar de seus filhos.

Apresentaremos as ações discutidas nos encontros com os educadores, pais

ou responsáveis pelos alunos. Inicialmente apresentamos recortes de textos do

Material Pedagógico, do Caderno Temático, desenvolvidos para o processo de

implementação relatada neste artigo, bem como a experiência que até então não

havia sido realizada nessa escola.

Foram realizados encontros com pequeno grupo de pais, com o objetivo de

incentivá-los estabelecendo laços de atenção, companheirismo e preocupação com

o processo ensino-aprendizagem, bem como desencadear ações envolvendo todos

no resgate do valor da família na educação de seus filhos, principalmente na relação

família/escola como parte central da educação humana. Valorizar os papéis da

família que exerce na formação de indivíduos críticos e conscientes e a discussão

de temas atuais que possam subsidiá-los os pais no diálogo com os filhos. Isto foi

importante porque promoveu encontros sobre o papel da família na educação de

seus filhos.

O método empregado neste trabalho esta pautado na pesquisa bibliográfica

exploratória com abordagem qualitativa.

O foco desde estudo atraiu o interesse dos educadores e também da família

na participação dos encontros, uma vez que o tema é desafiador e traduz uma

angústia que a escola tem ao perceber que a maioria de seus alunos não apresenta

condições para viver em sociedade. A conscientização da família e da escola sobre

papéis que exercem depende inteiramente dessa interação e que pode ser

constatado na investigação realizada previamente com professores, os quais

atribuíam à escola, a função de aproximá-los da família.

Isso foi relevante na reflexão, pois como os encontros de pais aconteciam

concomitantemente ao grupo de estudo dos professores esses puderam perceber, o

quanto os pais desconheciam o funcionamento da escola e mesmo de suas normas

internas e de seus espaços.

A mudança na postura da escola em abrir as portas para os pais evidencia a

responsabilidade que possui ao discutir o que pode fazer, buscando uma melhor

formação de seus filhos, os quais são alunos da escola pública.

2 Retrato de família

Nos sistemas familiares tradicionais, as responsabilidades pelo cuidado

criação e educação são dos pais e da escola. Observa-se uma infinidade de tipos e

estruturas familiares em que a cultura e a sociedade produz e pode ser classificada

como: perfeita, tradicional, moderna, desestruturada, desorganizada e problemática.

Sem contar que, em nossas escolas, alguns alunos moram com avós ou outros

parentes.

No âmbito legal, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 226, aborda

um novo conceito de família: união estável entre o homem e a mulher (§ 3 o) é a

comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes (§ 4o). E ainda

reconhece que: os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos

igualmente pelo homem e pela mulher (§ 5o). Já o Estatuto da Criança e do

adolescente (ECA) – Lei 8.069/90 que regula os direitos da criança e do

adolescente, coloca no Capítulo 3 – “Do direito à Convivência Familiar e

Comunitária”, artigo 19: “Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e

educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta,

assegurada a convivência familiar e comunitária,...”

Muitas mudanças ocorreram nas últimas décadas no plano sócio-político-

econômico interferindo na dinâmica e estrutura familiar, ocasionando mudanças em

seu padrão tradicional de organização, como a entrada da mulher no mercado de

trabalho, a mudança de valores na criação dos filhos, a quebra de tabus como a

virgindade, a criação da pílula anticoncepcional, que propicia um maior controle da

mulher sobre seu corpo, a instituição do divórcio (1977), como fatores que

contribuíram para dar uma nova configuração à família brasileira.

Já não é possível afirmarmos que é na família que encontramos a segurança,

o conforto e o modelo a ser seguido. De instituição sagrada e privada, passa a ter

outra conotação, como agressiva e violenta. Muitos são os problemas vivenciados

pelas famílias como: o álcool, a droga, a violência, a falta de respeito, as dificuldades

financeiras, entre outros. Dessa forma, se para alguns a família é lugar de

segurança e conforto para outros, é insegurança, medo, incertezas, rejeição

preconceito e violência.

Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano 2010, divulgado pelo

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – (Pnud), as famílias

brasileiras estão se transformando. Em 15 anos, entre 1992 e 2007, o número de

casais com filhos, o estereótipo da família tradicional, caiu 11,2%. A queda foi

compensada pelo aumento dos novos arranjos familiares: casais sem filhos,

mulheres solteiras, mães com filhos, homens solteiros e pais com filhos.

Este mesmo relatório apresenta a família, apontada pelo povo brasileiro,

como principal responsável no ensino de valores. A passagem desses conceitos,

contudo, independe das diversas e dinâmicas estruturas familiares, pois o afeto é

ainda um ponto nevrálgico. “O ponto central é a carga de afetividade gerada pela

família, que permite aos pais influência, pelos menos inicial, na formação dos

valores dos filhos” diz o estudo.

Segundo o coordenador do relatório Flávio Comim, no jornal Gazeta do Povo

em 27 de maio de 2010, o fato de uma criança ser criada sem a presença dos pais,

não implica em dificuldade para transmissão dos valores. “Nossa definição de família

é de uma rede de cuidados e de afeto. Se não houver isso, não adianta ser criado

por pai e mãe ao lado dos irmãos”.

E na escola convivemos com alunos de uma diversidade de modelos

familiares. Mas podemos afirmar que nosso aluno conta com uma pessoa

responsável, sejam eles os pais, os irmãos, os avós ou quem possua sua guarda ou

apresente obrigação legal, no zelo por sua sobrevivência e educação, em ambiente

estável e seguro.

[...] a família não é uma expressão passível de conceituação, mas tão somente de descrições; ou seja; é possível descrever as várias estruturas ou modalidades assumidas pela família através dos tempos, mas não definí-la ou encontrar algum elemento comum a todas as formas com que se

apresenta este agrupamento humano (OSÓRIO,1996, p.14).

3 Que função se espera da família

A família é a responsável pela sobrevivência física e psíquica da criança, já

que é nela que ocorrem os primeiros aprendizados, hábitos, costumes culturais,

crenças, valores morais e se constitui a unidade dinâmica das relações de cunho

afetivo, social e cognitivo.

Independente de sua configuração, a família continua sendo a instituição

social responsável pelos cuidados, proteção, afeto e educação das crianças, ou

seja, é o primeiro e importante canal de iniciação dos afetos, da socialização, das

relações de aprendizagem. A função social da família se efetiva pelo exercício da

função que cada um de seus membros realiza conforme a posição que ocupa na

estrutura sócio-afetiva e cognitiva do grupo familiar.

Segundo Kaloustian(1988), a família é o lugar indispensável para a garantia

da sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais membros, independente

do arranjo familiar ou da forma como essa vem se estruturando. É a família que

propicia os aportes afetivos e sobretudo materiais, necessários ao desenvolvimento

e bem-estar dos seus componentes. Ela desempenha um papel decisivo na

educação formal e informal e é em seu espaço que são absorvidos os valores éticos

e humanitários, como também se aprofundam os laços de solidariedade. E é em

seu interior que se constroem as marcas entre as gerações, principalmente na

transmissão dos valores culturais.

Para complementar, acrescento o que Gokhale (1980) que diz [...] que a

família não é somente o berço da cultura e a base da sociedade futura, mas é

também o centro da vida social... a educação bem sucedida da criança na família é

que vai servir de apoio à sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando

for adulto... a família tem sido, é e será a influência mais poderosa para o

desenvolvimento da personalidade e do caráter das pessoas[...].

Com relação a isso ZAGURY(2008) nos coloca:

São essas as lutas que temos de travar com nossos filhos, dia após dia, hora após hora, minuto após minuto. É uma tarefa árdua, longa e cansativa, porém é a melhor forma para nos levar a ter filhos cidadãos, responsáveis e conscientes de seus direitos e deveres, em vez de criaturas egocêntricas, anti-sociais, hedonistas ao extremo, sem capacidade de luta, sem tolerância à frustração e, em conseqüência, sem capacidade de adiar satisfação (ZAGURY, 2008, p.48).

Na verdade, a função da família em relação à educação dos filhos, não

apenas garante uma vaga na escola e sua permanência na mesma, mas vai muito

além, basta atitudes simples,os quais não exigem tempo determinado, como no

incentivo, em seus filhos, para apreciarem as atividades escolares e fazê-las com

zelo, dedicação e responsabilidade.

4 O que a escola espera da família

Uma das maiores preocupações dentro do ambiente escolar, na atualidade, é

promover uma maior aproximação da família com a escola e como compartilhar essa

responsabilidade, tornando-a parte do processo educativo, pois ambas,família e

escola, são mediadoras entre o indivíduo e a sociedade e são as duas principais

instituições formadoras do cidadão.

Em pesquisa realizada com professores da Rede Estadual que participaram do

Grupo de Trabalho em Rede – GTR, discutiu o Projeto da Implementação

Pedagógica – A Participação da Família na Escola: começa em casa. Questionamos

professores, pedagogos e gestores sobre o que pensam e esperam dos pais

enquanto parceiros da escola. Vejamos algumas das colocações que foram mais

citadas pelos educadores.

Todos concordam que a família é parte importante no contexto escolar,

também é responsável pelo acompanhamento do processo escolar de seu filho,

contribuindo nas dificuldades e necessidades de seu desenvolvimento. Esse

acompanhamento em casa, feito com respeito, motivação e tendo dos pais a

valorização pelas responsabilidades realizadas é um fator importante, pois quando

há o envolvimento dos pais, percebe-se que os filhos se sentem mais encorajados,

amados e estimulados a enfrentar e superar suas limitações de aprendizagem e

auto-estima.

Os educadores pesquisados colocam que quando os pais se envolvem no

processo de aprendizagem os alunos são mais comprometidos e responsáveis,

valorizam o estudo, não são faltosos nem indisciplinados, colaborando com a

organização da escola.

Infelizmente, os pais ainda possuem uma visão equivocada com relação à

participação da família na escola. Pensam que é necessário ter muito tempo para

que isso aconteça e vivendo numa sociedade capitalista onde a maioria dos pais e

mães necessitam trabalhar e, em decorrência desta dinâmica familiar, tem-se

observado que não estão dando a devida atenção aos filhos.

A conscientização da família deve ser feita, pois não é necessário muito

tempo para se dedicar ao acompanhamento escolar dos filhos, ou seja, não é a

quantidade de tempo que passam junto com os filhos, mas a qualidade do tempo

que passam juntos, a maneira como estabelecem as relações com eles.

Sabemos que nem todos podem ajudar nos conteúdos e não é isso que os

educadores esperam dos pais, o importante é demonstrar interesse pelas atividades

escolares dos filhos, perguntar sobre os professores, disciplinas e, sempre que

puder olhar os cadernos, procurar saber sobre os projetos que a escola está

desenvolvendo, as coisas boas que acontecem no ambiente escolar, como foi a

aula, o que o professor está ensinando, se está tendo dificuldade e ver se pode

colaborar para saná-la.

São esses questionamentos feitos em casa, que a família demonstra a

valorização pela escola e o interesse pelo acompanhamento pedagógico do filho. É

claro que quem puder assumir funções na representatividade da APMF (Associação

de Pais, Mestres e Funcionários) e no Conselho Escolar, deve fazê-lo e isso

acontecerá espontaneamente, quando a família valorizar a escola de seu filho a

ponto de querer colaborar com a sua melhoria.

Os educadores percebem que muitos pais estão ausentes não só da escola,

mas da vida dos alunos e comparecem somente quando a mesma solicita e, na

maioria das vezes, para resolver problemas comportamentais dos filhos ou em

reunião de entrega de boletins, para verificação de notas e resultados finais. Poucos

vêm sem serem chamados, jogam a responsabilidade de educar só para a escola.

Nota-se que a participação da maioria dos pais em relação à escola, tem sido de

verificação e não de acompanhamento no processo de aprendizagem das crianças.

O resgate do valor da família na educação das crianças é necessário e os

educadores identificaram como relevante neste estudo. Pois é no ambiente familiar

que é construído os valores morais, os princípios e regras para o bom convívio em

sociedade, passados pela família e a escola os reforçam sendo isso primordial para

que o saber sistematizado aconteça.

Na escola são identificados pelos educadores os alunos que possuem pais

que se preocupam com seu desenvolvimento, que transmitem valores, limites,

amparo, afeto e segurança, são os que no ambiente escolar sabem conviver com os

demais, têm um aproveitamento melhor dos conhecimentos transmitidos pela

escola. Pais que não se interessam pela vida escolar de seus filhos, geram

sentimentos de abandono e desvalorização da aprendizagem que serão expressos

no dia a dia da escola, por meio da falta de limites, desrespeito na sala de aula e

desmotivação para o estudo.

Observa-se também que quando os pais se interessam pelo aprendizado dos

filhos, independente de sua escolarização, mas que se preocupa se o filho está

cumprindo com suas obrigações escolares, que têm uma relação de carinho, amor e

confiança e deixa claro que estudar não é uma opção, é uma obrigação e que os

professores têm o seu apoio. São atitudes importantes que toda família pode e tem

condições de fazê-lo, e atualmente é o que a escola mais necessita ter, é o apoio da

família e da sociedade para poder fazer o seu trabalho de forma eficiente.

Sem dúvida alguma é muito importante o acompanhamento das atividades

escolares em casa. Na medida em que os filhos percebem que os pais acompanham

o trabalho da escola e, além disso, supervisionam e acompanham seus estudos, o

cumprimento das tarefas e também de seus progressos e dificuldades, passam a

compreender a importância que o saber – e a escola – tem para a sua vida.

A diretora do Colégio Estadual de São Manoel, Zeila Terezinha Silva Walter,

reforça com seu depoimento. “Ao iniciar o ano letivo de 2010, recebemos os alunos

de 5ª série como muitas pedras preciosas que necessitavam serem lapidadas para

que viessem a brilharem no cotidiano escolar. Sendo assim, a professora Liane

Maria Ianze, trouxe uma ferramenta que tornou o brilho dessas joias possíveis

através do Projeto de Intervenção Pedagógica - A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA

ESCOLA: “Começa em casa”. Durante o segundo semestre do ano letivo 2010,

ocorreu encontros com as famílias, e também com os professores, sendo que os

filhos se sentiram valorizados, pois evidenciando os cuidados dos professores e dos

pais. Percebemos os avanços e melhorias no processo ensino-aprendizagem,

inclusive observando situações comportamentais sendo melhoradas, o que de fato

se verificou nos resultados obtidos no primeiro bimestre deste ano. A partir do

primeiro conselho de classe deste ano letivo 2011, notamos que o brilho de nossas

pedras preciosas se expandiu na 6ª série através de um bom desempenho dos

alunos envolvidos no projeto, assim, daremos continuidade na 5ª série deste ano,

colaborando no fortalecimento da amizade e respeito às regras de convívio na

Escola.”

Com as colocações acima é possível termos a idéia do pensamento e do

desejo dos educadores com relação ao que a escola espera da família de seus

alunos. E como é relevante a participação da família no acompanhamento escolar,

pois na família, pode participar e seguir padrões de conduta estabelecidos por seus

membros. Na escola, é um pouco mais complexo, mais amplo, mas também tende a

seguir os padrões e as normas da entidade, por isso, ambas precisam compartilhar

na ação educativa e criar critérios a serem seguidos.

É tarefa dos pais atenderem as necessidades dos filhos. Assim, os pais, para ter sucesso no processo de desenvolvimento de seus filhos, precisam ter um eixo direcionador, atitudes que, tomadas sistematicamente, ajudam a criança a crescer, tornar-se independente e equilibrada emocionalmente. Precisam atuar com equilíbrio e segurança para estabelecer as bases para uma adolescência sem maiores problemas. (ZAGURY, 2005. p. 52)

Percebemos como educadores, que muitos alunos chegam à escola com

carência do essencial, ou seja, na colocação de limites. Para PAROLIN (2005), o

que quer dizer “carência do essencial”:

Cabe à família a tarefa de estruturar o sujeito em sua identificação, individuação e autonomia. Isso vai acontecendo à medida que a criança vive seu dia-a-dia inserido em um grupo de pessoas que lhe dá carinho, apresenta-lhe o funcionamento do mundo, oferece-lhe suporte material para suas necessidades, conta-lhes histórias, fala sobre as coisas e os fatos, conversa sobre o que pensa, ensina-lhe a arte da convivência.(PAROLIN, 2005, p.47)

A convivência com a escola ajuda a despertar nos filhos a valorização pela

escolarização, e é um incentivo para fazê-los obter um melhor desempenho nos

estudos.

5 A instituição escolar

Assim como a família, a escola também passou por mudanças em sua

concepção. Ela não existiu sempre: é uma criação social do homem, é uma

instituição social criada pela e para a sociedade como um dos instrumentos de

transmissão de cultura, enquanto bem de consumo.

O processo de institucionalização da educação é correlato ao processo de

surgimento da sociedade de classes que, por sua vez, tem a ver com o processo de

aprofundamento da divisão do trabalho. Assim, se nas sociedades primitivas,

caracterizadas pelo modo coletivo de produção da existência humana, a educação

consistia numa ação espontânea, não diferenciada das outras formas de ação

desenvolvidas pelo homem, coincidindo inteiramente com o processo de trabalho

que era comum a todos os membros da comunidade, com a divisão dos homens em

classes, a educação também resulta dividida; diferencia-se, em conseqüência, a

educação destinada à classe dominante daquela a que tem acesso a classe

dominada.

E é aí que se localiza a origem da escola. A palavra "escola", como se sabe,

deriva do grego e significa, etimologicamente, o "lugar do ócio". A educação dos

membros da classe que dispõe de ócio, de lazer, de tempo livre passa a se

organizar na forma escolar, contrapondo-se à educação da maioria que continua a

coincidir com o processo de trabalho. Vê-se, pois, que já na origem da instituição

educativa, ela recebeu o nome de escola.

A partir da Idade Média, a educação tornou-se produto da escola. Pessoas

especializaram-se na tarefa de transmitir o saber, e espaços específicos passaram a

ser reservados para essa atividade. Poucos iam à escola, que era destinada às

elites. Serviu aos nobres e depois, à burguesia. A cultura da aristocracia e o

ensinamento religioso era material básico a ser transmitido. Enfim, as atividades

desempenhadas nessa época, faziam da escola, ora um lugar de aprendizado da

guerra, ora das atividades cavalheirescas, ao do saber intelectual humanístico ou

religioso.

Foi com as revoluções do século XIX que a escola passou por

transformações, sendo a principal delas a tendência à universalização, “a chamada

escola para todos”; a industrialização e a luta pela democratização da escola

empreendida pelas classes trabalhadoras, foi outro fator gerador de mudanças que

contribuiu para a universalização e a partir daí, ela abriu suas portas para atender às

camadas sociais mais baixas, e não somente a burguesia e a aristocracia.

A escola passou a ter novas funções como, a de preparar o indivíduo para o

trabalho, ensinando-lhe o manuseio de técnicas até então desconhecidas, ou a de

fornecer-lhe os conhecimentos básicos da língua e do cálculo. A escola ganhou

importância e ampliou suas funções.

Hoje, a escola apresenta-se como uma das mais importantes instituições

sociais por fazer, assim como outras, a mediação entre o indivíduo e a sociedade.

Ao transmitir a cultura e, com ela, modelos sociais de comportamento e de valores

morais, ela permite que a criança “humanize-se”, cultive-se, socialize-se ou, numa

palavra, eduque-se.

Mas a organização escolar vive a contradição como resultado de atender a

uma determinada clientela, visando a quantidade e, ao mesmo tem atendê-la com

qualidade. Esta é a maior dificuldade enfrentada por nossas escolas, pois

encontramos salas de aula superlotadas que não permitem que os professores

façam um trabalho individualizado, quando necessário.

A escola é uma instituição potencialmente socializadora (não única), ela abre espaço para que os alunos obtenham novos conhecimentos, dividam seus universos pessoais, ampliem seus ângulos de visão, assim como aprendam a respeitar outras verdades, outras culturas e outros tipos de autoridade. (PAROLIN, 2005, p.61)

Todo o trabalho desta instituição social está e deve estar voltado para a

realidade, a partir da qual buscamos melhorar nossa compreensão para transformá-

la permanentemente.

A sociologia nos auxilia a desnaturalizar a instituição escolar que significa

saber que foi pensada e construída por pessoas como professores, religiosos ou

governantes com interesses e necessidades próprias daquele momento histórico. E

que antes desse modelo escolar, existiam outras formas criadas pelas sociedades

para transmitiam às crianças e jovens, os saberes necessários para a vida social.

Portanto, cabe a nós e as próximas gerações, pensarmos e construirmos escolas

que estejam mais próximas de nossas necessidades e de nossos sonhos.(

Sociologia – Ensino Médio, SEED).

6 A relação família-escola

A relação entre a família e a escola, partiu do interesse no campo das

pesquisas acadêmicas da Sociologia e de estudos de políticas de educação a partir

dos anos 1960, primeiramente, discutindo temas clássicos, como o fracasso escolar,

e questões como as trajetórias escolares. Mas a partir da década atual, que os

sociólogos da educação chamam a atenção para a necessidade no estreitamento da

relação entre a instituição familiar e a instituição escolar. Antes disso, o tema não

era considerado importante, e a presença dos pais no recinto escolar, era somente

quando solicitado, como por exemplo, para resolver questões do vestuário do aluno

ou da manutenção da ordem.

Utilizando-se das palavras de Montandon e Perrenoud (1987), “de uma

maneira ou de outra, onipresente ou discreta, agradável ou ameaçadora, a escola

faz parte da vida cotidiana de cada família”.

Na década de 1950 quando se tratava do tema família-escola, a corrente do

“empirismo metodológico” predominou centrando-se na relação entre educação e

classe social. Dos anos 1960 aos anos 1970, surgiram as correntes estruturalistas, e

a família foi colocada como importante nas questões educacionais, por transmitir o

patrimônio cultural e ideológico, como também, produzir aspirações escolares em

conformidade com a condição de classe, determinando as trajetórias e condutas

escolares dos seus filhos (RIBEIRO, 2004).

É importante ressaltar, que nesse primeiro momento, o objetivo desta

pesquisa, confirmou a desvantagem social das minorias étnicas e da população

socialmente desfavorecida no processo de ensino/aprendizagem, tanto nos estudos

empíricos, quanto nas intervenções, enfatizando a compreensão e a prevenção do

fracasso escolar partindo do âmbito familiar.

Nos anos 1970, o referencial reprodutivista expressou a expectativa de ver

banidas as desigualdades sociais através da educação, sob o pressuposto de que

esta deveria ser garantida a toda população por intermédio da ação do Estado

(RIBEIRO, 2004).

Nos anos 1980 e 1990 ocorreu o redimensionamento de pesquisas

envolvendo a relação família-escola, agora não mais considerada uma sociologia de

desigualdade dentro da educação, mas das práticas pedagógicas cotidianas. Foi a

partir dessa década que houve uma visão multidisciplinar da sociologia, antropologia

e psicologia social, em que os sujeitos são colocados enquanto atores sociais,

participantes do processo e a família não é considerada mais em termo genérico,

mas de forma concreta e socialmente situada. Ressaltando que a forma e a

intensidade das relações entre, escola e família, variam enormemente, relacionada à

diversos fatores (estrutura e tradição de escolarização das famílias, classe social,

meio urbano ou rural, número de filhos, ocupação dos pais, entre outros) assim

como a prática pedagógica dos professores e gestores da escola.

Estudos detectam que nas primeiras décadas do século XX, ocorreu certo

afastamento da família para com a escola e, em conseqüência disso, educadores e

outros profissionais da educação, reclamaram do desinteresse dos pais,

principalmente aqueles das camadas populares, para com a educação de seus

filhos, que por outro lado, também a escola, apesar de achar que é fundamental a

participação das famílias na educação de seus filhos, demonstrou um profundo

desinteresse e despreparo naquele momento para lidar com o assunto.

Nesse período, a escola foi considerada uma das instituições encarregada por

todos os aspectos da vida dos alunos, menos a preocupação com conteúdos a ser

ensinado. Chegou-se a pensar na escola como um substituto da família, criando-se

uma relação entre a atividade educacional e a maternal, cujas implicações estavam

ligadas ao controle, à segurança e ao progresso geral dos alunos. Em outro

momento, foi considerada responsável pela promoção espiritual, moral, social e

cultural dos educando e também, mais recentemente, como promotora de inclusão

social.

Toda essa responsabilidade atribuída à escola tornou cada vez mais

acentuada a necessidade de aproximação com a família, atraindo os pais para a

participação efetiva do processo educacional de seu filho e, de certo modo, envolvê-

lo nesse processo, que muitas vezes os professores acabam por assumir, ao menos

em parte.

Não é uma tarefa fácil propiciar esse elo de parceria entre família/escola,

como afirma PARO, “que os argumentos usados para explicar a fraca participação

da população na escola, é o de que a mesma se mostra “naturalmente” avessa a

todo tipo de participação. Termos ou expressões como “desinteresse”, “comodismo”,

“passividade”, “conformismo”, “apatia”, “desesperança” e “falta de vontade”, são

utilizados pela escola (professores, equipe pedagógica, gestores) para retratar a

(falta de) disposição dos usuários em participar na escola.

É necessário sairmos do senso comum e é claro, que é mais fácil para a

escola “jogar a culpa” na família, julgando-a negligente na educação de seus filhos

ou a família jogar a culpa na escola por não estar contribuindo satisfatoriamente na

formação intelectual de seu filho.

Quando a família e a escola mantêm boas relações, as condições para um melhor aprendizado e desenvolvimento da criança podem ser maximizadas. Assim, pais e professores devem ser estimulados a discutirem e buscarem estratégias conjuntas e específicas ao seu papel, que resultem em novas opções e condições de ajuda mútua (Leite & Tassoni, 2002).

7 O que fazer para que a parceria família-escola aconteça

É essa a proposta e o que queremos é exatamente discutir isso, “fugir do

senso comum”, “sair destas respostas de empurra-empurra “ e abrir outra janela de

diálogo para que, não só o aluno, como também a família, encontrem uma parceira,

não da forma como vemos hoje, a escola tentando formar no aluno naquilo que a

família obrigatoriamente pode desenvolver e de forma mais simples. Essa discussão

se faz necessária, pois enquanto a escola permanece tentando assumir para si o

papel da família, essa se retira de suas obrigatoriedades sociais que é a formação e

a qualificação do aluno para o mundo do trabalho e para sua cidadania, ou seja, não

desenvolve o seu trabalho primordial que é o de educar e formar.

É imprescindível repensar não somente o papel da família, mas também o

papel que a escola ultimamente está assumindo sem as condições, pois seu espaço

é coletivo e não deve fugir do que lhe é primordial na formação do cidadão. Mas se

seu papel é a de ser coadjuvante no processo de formação de valores, isso significa

que não podemos, enquanto escola, abrir mão completamente dessa formação e

deixar somente a cargo da família, portanto devemos ser o apoio da família nessa

construção, sem que a sociedade nos cobre a responsabilidade total. No entanto a

escola não pode ser negligente em assumir o que não é de sua competência e

deixar para que outros se responsabilizem a formação e o conhecimento intelectual,

traduzido no saber sistematizado.

Pensando assim podemos perceber que a escola deve trabalhar para garantir no primeiro momento que seu aluno tenha domínio técnico, condições intelectuais, formação condizente para participação social, letramentos múltiplos para a sua mobilidade social e esta característica, caso venha a se associar a uma condição de equilíbrio emocional e de valores desenvolvidos pela família, acabarão por formar um indivíduo com condições regulares para atuação e desenvolvimento social e profissional mais adiante (ALMEIDA,2008, P. 143).

A professora Angela Araujo, diretora da Escola Municipal Vital Brasil, do

município de Campina do Simão, onde foi também apresentado a proposta para os

educadores na formação pedagógica e para os pais dessa escola, quando

questionada: O que você achou do trabalho realizado com os pais, o enfoque dado

na fala é o que realmente os pais precisam para colaborar no acompanhamento

escolar ou não? Você percebeu se eles gostaram?

A escola já havia trabalhado com os pais dessa forma?

“Foi muito bom e atingiu a todos, de uma forma ou de outra todos os participantes,

sentiram que não é só função da escola educar a criança, mas que os pais têm um

papel determinante e fundamental na formação do futuro cidadão. Muitos até

comentaram que nunca ninguém havia falado que eles estão agindo de forma errada

na educação de seus filhos deixando que eles façam tudo o que têm vontade. Os

pais perceberam que os filhos precisam de limites para saber enfrentar a vida.

Os pais gostaram muito e se identificaram com o conteúdo porque faz parte do dia a

dia da educação dos seus filhos e nunca foi abordado um tema como esse em uma

reunião da escola. Nas conversas informais entre as comadres percebi que as mães

comentaram que a palestra serviu para elas refletirem sobre a maneira que elas

estão educando seus filhos. Muitas disseram: A palestra foi só pra mim."

O relato da diretora Angela, confirma o que a investigação aponta, que a

proposta de a escola orientar os pais no que podem ajudar e como podem ajudar na

educação dos filhos, resgatando o valor da família, é o caminho para o estreitamento

da relação família/escola.

8 Gestão Democrática

Nenhuma participação na escola acontece se não houver no seu interior uma

gestão democrática.

Preconizada na Constituição Federal que “ O ensino será ministrado com

base nos seguintes princípios – Gestão Democrática do ensino público, na forma da

lei (Art. 206, Inciso VI).Também está disposta na LDB – Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Brasileira, os princípios que serão a fundamentação para o ensino. “O

ensino será ministrado com base nos princípios da Gestão Democrática do ensino

público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino.”(Art. 3º , Inciso

VIII) .

Um sistema democrático de governo pressupõe a participação popular, não

só com relação aos direitos políticos, mas em um âmbito bem maior, como a

participação da sociedade nas questões econômicas, sociais, educacionais.

Conforme os textos legais acima retratados, aponta-se a necessidade de um

envolvimento maior da comunidade escolar não só no que diz respeito à tomada de

decisões nas questões do âmbito escolar, mas no comprometimento com uma

educação de qualidade.

A gestão democrática prevista pela Constituição Federal e a LDB é imperativa

no que concerne a participação da sociedade, e conforme PARO “gestão

democrática da escola”, parece-me já estar necessariamente implícita a participação

da população em tal processo.

A gestão democrática do ensino vivenciada atualmente é o resultado das

alterações ocorridas ao longo da história da humanidade. Não se abordará o

aspecto histórico das transformações da sociedade, no entanto evoca-se que as

mudanças ocorridas repercutem no âmbito familiar e escolar, e desta forma é

indispensável que se pense no ensino que proporcione condições adequadas à

contemporaneidade: gestão democrática é um princípio consagrado pela

constituição vigente como já vimos, e, abrange as dimensões pedagógica,

administrativa e financeira.

Na rede pública do Estado do Paraná o caminho da democracia já é

instituído: pela eleição direta dos dirigentes escolares, autonomia financeira através

de recursos financeiros oriundos do Fundo Rotativo, o incentivo dado pela

obrigatoriedade desses recursos serem passados pelo crivo do Conselho Escolar, o

qual tem a participação de todos os segmentos da escola, a participação dos

educadores nas Diretrizes Curriculares entre outras ações que oportunizam a prática

democrática nas escolas da Rede Estadual de Ensino.

9 Gestor da escola

A figura do gestor na escola é a mais importante para que uma gestão

democrática se realize e não adianta a rede pública proporcionar a prática da

democracia na escola se o gestor camuflá-la, pois é ele quem abrirá as portas da

escola para a participação da comunidade e nele, a sua competência juntamente

com a dos profissionais da educação que ali atuam, como facilitadores,

incentivadores, devendo com seriedade, honestidade e competência, buscarem que

a escola cumpra o seu verdadeiro papel social. Como também desempenha papel

precípuo ao assumir a responsabilidade de uma escola, pois ao mesmo tempo em

que é representante do Estado nas questões burocráticas, deve-se atentar para não

cair no autoritarismo diante das questões do cotidiano escolar.

É aí que entra a questão da participação da população na escola, pois dificilmente será conseguida alguma mudança se não se partir de uma postura positiva da instituição com relação aos usuários, em especial pais e responsáveis pelos estudantes, oferecendo ocasiões de diálogo, de convivência verdadeiramente humana, numa palavra, de participação na vida da escola. Levar o aluno a querer aprender implica um acordo tanto com educando, fazendo-os sujeitos, quanto com seus pais, trazendo-os para o convívio da escola, mostrando-lhes quão importante é sua participação e fazendo uma escola pública de acordo com seus interesses de cidadãos. ( PARO, 2007, p. 16).

Muitos gestores e professores, embora reclamem da falta de participação dos

pais na vida escolar dos filhos, não se mostram nada confortáveis quando algum

membro da comunidade mais crítico cobra qualidade no ensino ou questiona alguma

rotina. Alguns diretores percebem essa atitude inclusive como uma intromissão e

uma tentativa de comprometer a sua autoridade. Os educadores precisam deixar de

lado o medo de perder a autoridade e aprender a trabalhar de forma colaborativa. É

necessário que a escola desencadeie ações que promova a participação da família,

o acompanhamento escolar aconteça e seja realizado pelos pais ou responsáveis de

forma a envolvê-los de tal modo que sintam que é através de sua participação que

poderemos melhorar a qualidade da educação oferecida para seus filhos.

A família deve participar da realidade vivida pela escola e ver a importância

de compreender as políticas educacionais atuais, calcadas na descentralização

administrativa e na participação direta dos profissionais da educação e das

comunidades na busca de novos caminhos para a escola existente.

Nesta perspectiva está posta a gestão democrática, pela qual se aposta no

interesse e na competência dos profissionais da educação (principalmente do

gestor) que, em conjunto com a comunidade deverá ocupar esse espaço legalmente

instituído, empenhando seus esforços no sentido de equacionar problemas e

construir uma nova identidade. Isso significa que, construir uma nova identidade, é

conhecer as famílias que a escola atende, e aproximar a escola dessa realidade

para que se tenha um Projeto Político Pedagógico cumprindo seu papel social de

forma autônoma, ou seja, uma escola que reflita, através de seus projetos, a

consciência da comunidade em seu sentido mais amplo na concretização de um

projeto educacional emancipador, o qual representa a identidade escolar como

resultado de decisões coletivas.

Por isso sugerimos que o gestor da escola organize-se, deixando que o

professor pedagogo responsável em desenvolver o trabalho voltado para as famílias,

ajude a melhorar suas ações enquanto instituição, como também envolvê-los nas

mais diversas instâncias colegiadas.

Quero evidenciar a importância da figura do diretor (gestor) da escola:

(...) o perfil do diretor escolar, inclusive seu empenho em contribuir na produção de instâncias de participação, aparece como fator relevante na organização do trabalho na escola. Em face da ausência de uma cultura de participação e de um ambiente legal mais apropriado à democratização da gestão escolar. É ainda o diretor reconhecido por profissionais e usuários como grande responsável (embora haja exceções) pela qualidade da escola (ADRIÃO; GARCIA; SILVEIRA, 2008)

Um bom clima escolar, democrático e pautado no respeito e valorização de

todos, pode resultar em compromisso, sentido de pertença, identidade com os

objetivos da instituição escolar e vontade de desenvolver um bom trabalho,

colocando como prioridade a sensibilização e envolvimento da família na escola

começando com atitudes que revelem a importância da escola: em casa.

A escola deve reconhecer a importância da colaboração dos pais na história e

acompanhamento escolar dos alunos e auxiliar as famílias a exercerem o seu papel

na educação, na evolução e no sucesso profissional dos filhos e,

concomitantemente, na transformação da sociedade.

No entanto, cada escola, em conjunto com os pais, deve encontrar formas

peculiares de relacionamento que sejam compatíveis com a realidade de pais,

professores, alunos e direção, a fim de tornar este espaço físico e psicológico um

fator de crescimento e de real envolvimento entre todos os segmentos.

10 Detalhamentos das ações

A Proposta foi implementada em forma de Grupo de Apoio com certificação

através da Secretaria de Estado da Educação, com carga horária de 32 (trinta e

duas) horas divididas em 08 (oito) encontros quinzenais de 04 (quatro) horas, nos

sábados, com a participação efetiva de 10 pessoas, sendo professores, pedagogos,

gestor, auxiliares administrativos e serviços gerais, pertencentes a rede estadual e

ao quadro de pessoal do colégio onde a implementação aconteceu. Nestes

encontros utilizou-se do Caderno Pedagógico, material didático elaborado para este

fim. Os temas abordados foram divididos em três unidades: Unidade I – Família;

Unidade II – Escola e Unidade III – Gestão Democrática. Além de outros textos,

vídeos e filmes que serão especificados a seguir.

Ação 1

Apresentação do projeto de intervenção pedagógica na escola

O Projeto de Intervenção Pedagógica foi apresentado em reunião pedagógica no primeiro semestre do ano letivo de 2010.

Ação 2

Inscrição dos interessados em participar do grupo de apoio

Foi dada prioridade aos professores, equipe técnica- pedagógica e funcionários do

Colégio Estadual de São Manoel, com 15 vagas.

Ação 3

1º Encontro

Dinâmica – Exercício da Confiança;

Atividade individual com o objetivo de investigar como os educadores vêm à

participação da família na escola e se os mesmos identificam uma relação

entre a participação da família na escola e o desempenho escolar dos alunos;

(opinião antes da formação)

Leitura coletiva da Fundamentação teórica do Projeto de Intervenção

Pedagógica na Escola- A Participação da família na escola: Começa em

casa;

Socialização das discussões.

Entrega do texto que será trabalhado no próximo encontro.

Ação 4

2º Encontro

Mensagem de abertura: Pedagogia do Amor

Leitura do texto do Caderno Temático, Unidade I – Retrato de Família;

Filme Kramer&Kramer que complementará o texto em seguida;

Socialização e discussão das idéias do texto e do filme.

Entrega dos textos que serão discutidos no próximo encontro.

Ação 5:

3º Encontro

Dinâmica - Aprender sobre a vida no contexto familiar ( a partir da história

familiar de cada um, fazer com que os participantes reflitam sobre a própria

existência)

Filme – Família: Por que e para quê? (aborda a necessidade de afeto, de

solidariedade, de partilha, de compreensão, de amor, que levam a

construção da família, e, quando esquecidas, levam à dissolução).

Apresentando questionamentos, reflexões e pistas para debates.

Leitura do texto – Que função se espera da família?

e O que a escola espera da família.(Caderno Temático)

Socialização das idéias do texto e o do filme.

Entrega dos textos que serão discutidos no próximo encontro.

Ação 6:

4º Encontro

Dinâmica – A família que tenho ou A família que gostaria de ter (perceber as

semelhanças e diferenças entre a família real e a desejada).

Leitura do texto da Unidade II – A Instituição Escolar ( caderno temático)

Apresentação do vídeo com a interpretação da música dos Titãs – Família

Socialização das idéias do texto e do vídeo;

Leitura do texto - e A Relação família-escola (caderno temático);

Apresentação do vídeo – Relação Família-Escola (buscar uma boa relação

com a comunidade é papel da escola)

Socialização das idéias do texto e do vídeo;

Entrega dos textos que serão discutidos no próximo encontro.

Ação 7:

5º Encontro

Leitura do Artigo A Relação Escola-Família-Comunidade na problemática da

Formação de Professores de Maria Adelina Villas-Boas, Universidade de

Lisboa (FPCE),

Apresentação do vídeo – Que letra é essa?

A partir do texto e do vídeo levantar as questões para discussão em grupo:

- Que relação é possível estabelecer nos contextos – ambiente familiar e

escolar?

- Será que podemos responsabilizar exclusivamente a família pelos

problemas de aprendizagem e disciplina dos alunos?

Plenária da discussão feita nos grupos.

Entrega do material que serão trabalhados no próximo encontro.

Ação 8:

6º Encontro

Leitura dos textos da Unidade III do Caderno Temático – Amparo Legal e

Gestor da Escola

Apresentação do Vídeo - “A família na Escola”

Socialização e discussão do texto e do vídeo;

Apresentação dos resultados obtidos até o momento nos encontros com os

pais, e oportunizar aos educadores que sugiram assuntos ou temas para

discussão com os pais que sejam importantes e colaborem para o trabalho

em sala de aula;

Entrega dos textos para o próximo encontro.

Ação 9:

7º Encontro

Apresentação do Vídeo: O relacionamento entre pais e escola;

Leitura do texto: Quando um diretor se torna um gestor de Julia Priolli;

Socialização das idéias discutidas no texto e no vídeo;

Apresentação de slides com a Reflexão como Educar

Espaço livre para quem quiser fazer suas colocações sobre a Reflexão como

Educar;

Entrega do material que será trabalhado no próximo encontro.

Ação 10:

8º Encontro

Leitura do Artigo tirado da Folha de São Paulo de 01/08/2004 - Escola pública

boa deve começar em casa;

Em grupo os participantes vão discutir e elencar ações que a escola já realiza

para efetivar a aproximação da família com a escola, e as quais que poderão

ser efetivadas a partir da formação realizada.

Plenária da discussão em grupo e produção de uma síntese das ações

apontadas;

Apresentação de Slides – Clipping Educacional- Gestão Democrática: Em

direção ao Sucesso

Avaliação do Grupo de Apoio.

Vídeos trabalhados:

Relações Interpessoais na Comunidade Escolar –

http://www.youtube.com/watch?v=cKMQqOzzXPw

A Escola e a Família – http://www.youtube.com/watch?v=bXhVHyS7M2w

O olhar do Educador

http://www.youtube.com/watch?v=C3trLtOIoOw&feature=related

Buscar uma boa relação com a comunidade é papel da escola

http://www.youtube.com/watch?v+dxl_CquJL6M

Princípios e bases da Gestão Democrática

http://www.youtube.com/watch?v=fOJ4eVJ2uTA

As dimensões da gestão democrática

http://www.youtube.com/watch?v+nGV9tn56Hy4

Filmes

Família: Por que e para quê? (aborda a necessidade de afeto, de solidariedade,

de partilha, de compreensão, de amor, que levam a construção da família e,

quando esquecidas, levam à dissolução. Apresentando questionamentos,

reflexões e pistas para debates).

Kramer X Kramer. Direção Robert Benton – 1979 – (É interessante para debater

os papéis sociais na família).

À procura da Felicidade – (ao longo do filme quando vemos que mesmo quando o

dinheiro é curtíssimo ou inexistente, ainda que não exista um teto ou comida no

prato, a presença e a troca de afeto entre pai e filho garantem alguma sensação

de segurança e de estabilidade).

A corrente do bem – (o filme traz discussões importantes acerca do respeito

pelas diferenças, das dificuldades de relacionamento familiar ...).

Escritores da Liberdade – ( merece ser visto como apreço, sobretudo pela sua

ênfase no papel da educação como mecanismo de transformações individuais e

comunitárias...) http://br.cinema.yahoo.com/dvd/filme/14178/escritoresdaliberdade

A partir da apresentação do projeto de intervenção pedagógica a comunidade

escolar interna, foi definido que seria implementado com os pais e/ou responsáveis

dos alunos da 5ª série do ano letivo de 2010, com 18 alunos frequentando, pois essa

turma, segundo os professores estava necessitando de um acompanhamento mais

efetivo dos pais. Como o período de implementação era de agosto a dezembro, foi

previsto 5 (cinco) encontros com os pais e/ou responsáveis,mas desenvolvido 4

(quatro) encontros, devido os pais terem escolhido a última sexta-feira do mês, no

mês de dezembro não foi possível realizar pois coincidia com a data de entrega da

implementação. Aconteceu um encontro mensal com duas horas de duração e serão

especificados a seguir.

Assuntos trabalhados:

Estruturas e dinâmicas familiares;

Afetividade entre pais e filhos;

O papel da família no acompanhamento escolar;

Valores fundamentais na formação da criança e de responsabilidade da

família;

Família é quem cuida, zela e educa com amor;

Conhecer a escola que seu filho estuda e quem nela trabalha;

Família educa pelo exemplo;

Conhecendo as Instâncias Colegiadas.

Ação 1:

Levantamento junto à Secretaria da Escola do nome e endereço dos pais dos

alunos da 5ª série para envio de convite personalizado para a participação da

reunião de apresentação do Projeto de Intervenção Pedagógica.

- O levantamento feito na secretaria do Colégio onde foi impresso do sistema SERE a ficha

com todos os dados cadastrais dos alunos da 5ª série (única) contendo nome dos pais - do

responsável pela matrícula, o parentesco do responsável, endereço residencial e se utiliza

do transporte escolar, se participa do Programa Bolsa Família se reside na comunidade e/ou

nas comunidades próximas do colégio. (Isso foi necessário em virtude de nunca ter

trabalhado nessa escola).

Ação 2:

Mobilização dos alunos da 5ª série, para serem colaboradores e incentivadores de seus familiares para a participação do Projeto.

- A mobilização através da divulgação do Projeto, motivando os alunos a serem parceiros levando os convites à seus pais e/ou responsáveis, solicitando suas ajuda no incentivo aos pais a participarem do projeto e também que pesquisassem junto aos familiares qual o melhor dia e horário para o 1º encontro.

Ação 3:

1º Encontro, apresentação do Projeto e pesquisa com os participantes dos

dias e horários mais convenientes à maioria.

- O 1º Encontro tem como objetivo divulgar o Programa de Desenvolvimento da

Educação – PDE, assim como apresentar o Projeto de Intervenção Pedagógica,

explicar como irá ser desenvolvido, quais são seus objetivos, verificar se há

interesse dos pais e/ou responsáveis em participar e definir os dias e horário mais

conveniente aos participantes para os próximos encontros. Foi ótimo o encontro

participaram 5 (cinco) pais e 9 (nove) mães de 18 alunos da turma, e os que não

vieram justificaram junto à escola o motivo pelo qual não poderiam participar. Ficou

estipulado em consenso que os demais encontros será sempre na última sexta-feira

de cada mês das 14 às 16:00 horas.

Ação 4:

2º Encontro

Foi maravilhoso o encontro, os pais com a dinâmica feita tiveram uma participação

ótima, primeiro em grupos de 4 pessoas e depois cada um falou de fatos de seus

antepassados que foram marcantes, como: dificuldades, conquistas, mortes, separações,

relacionamentos até chegar ao seu núcleo familiar. Eu como mentora contextualizei suas

histórias . As cenas do vídeo apresentado encenavam as várias dinâmicas familiares,

foram discutidas e eles foram comentando as cenas que mais gostaram e quais chamaram

suas atenções. A auto-avaliação feita por eles, preparada com questões que verificava

como estavam acompanhado a vida escolar de seus filhos, detectou que o que mais teve

assinalado não, foi que os pais não sabiam o nome de 3(três) professores de seus filhos.

Isso comprova o distanciamento entre família e escola.

Ação 5: -

3º Encontro

- A cada encontro percebe-se que os participantes estão mais a vontade, falantes, sem

medo e vergonha, isso mostra que é através de encontros como os que estão sendo

realizados com um número pequeno de participantes, é que o vínculo entre família e escola

se realiza de fato. Ao aplicar a dinâmica pude perceber o quanto os pais desconhecem o

funcionamento da escola, o regimento escolar, ninguém tinha ouvido falar até o momento e

não conheciam os espaços físicos da escola, biblioteca, cozinha, laboratório. E o quanto

está sendo boa essa presença deles na escola, as crianças ficam sondando se o pai ou a

mãe veio no encontro e justificam quando eles não vêm. Na reflexão sobre o que a escola

espera da família foi ótima a participação dos pais, eles admitiram que tivesse coisas que

foram vivenciadas nos encontros que eles não sabiam e que estão procurando melhorar em

casa.

Ação 6 :

4º Encontro

Infelizmente tivemos que fazer o encerramento dos encontros com os pais

neste encontro, devido à data de entrega dos anexos no NRE. Foi simplesmente

maravilhoso, emocionante e neste encontro por ser o último, tivemos a participação

dos filhos. Os pais foram conduzidos pelos filhos, para a sala que o encontro

aconteceu preparado especialmente para este encerramento e sentaram lado a

lado. A alegria das crianças era contagiante por seus pais estarem ali, prepararam

apresentações e foi exibido slides: um com fotos dos pais de todos os encontros

com subsídios para que as crianças valorizassem a figura dos pais que participaram

dos encontros e outro slide com fotos individuais das crianças com uma mensagem

escrita por eles a seus pais. A emoção tomou conta, pois, em todas as mensagens

pai e/ou mãe ganhava um abraço e beijo do filho(a). A afetividade entre pais e filhos

foi concretizada que era um dos objetivos do projeto assim como a valorização da

família na escola. Os pais fizeram a avaliação da implementação e a conclusão foi

que todos querem que os encontros continuem. A semente foi plantada com o

Projeto PDE agora fica a responsabilidade para a escola dar continuidade. Vale

ressaltar que faltaram apenas 3 pais que justificaram suas ausências.

Vídeos trabalhados nos encontros com os pais

Escola em parceria com a família –

http://www.youtube.com/watch?v=wU6chnQOSK&feature=related

A Escola e a Família – http://www.youtube.com/watch?v=bXhVHyS7M2w

Acompanhamento escolar –

http://www.youtube.com/watch?v=0Jsp5jpyMzQ&feature=fust

Filhos são cópia dos pais –

http://www.youtube.com/watch?v=n28oVPwFCnU&feature=fuw

Educar com os olhos –

http://www.youtube.com/watch?v=dRneGGnRTEY&feature=related

11 Conclusão

O tema escolhido é o resultado da preocupação enquanto educadora e pela

experiência de vinte e sete anos no magistério, ao perceber que a participação da

família na escola é precária, pois resume-se em colaboração nas festas da escola,

assinatura de boletins, algumas visitas quando solicitadas. Há a falta de participação

no acompanhamento escolar dos filhos e isso é preocupante. A angústia ao

perceber que os pais, como muitos educadores e gestores, enfim a comunidade

escolar, não tem consciência que o papel da escola nunca estará completo se não

for feito junto com a família.

Os resultados obtidos foram satisfatórios, evidenciados nos relatos dos

educadores na avaliação do Grupo de apoio:

“Acredito que este tipo de grupo de estudo, muito tem a contribuir, com a forma de

atuar de cada pessoa, não só como professor, mas também como pai/mãe de

família. Penso que seria importante todos os educadores fazerem este estudo, pois

ele faz com que visualizemos a família de uma forma diferente, atribuindo-lhe a

importância merecida”.

“Esse grupo de estudos foi um dos melhores que fiz até o momento, por tratar de

assuntos da realidade da nossa escola, portanto, eu recomendo a todos os meus

colegas de trabalho, pois se todos trabalharmos unidos e trouxermos os pais junto

de nós, com certeza a educação será melhor.”

“Notou-se um projeto bem fundamentado. Despertou uma visão altruísta, do

acreditar em resultados mais eficientes. A motivação foi ponto definitivo para que

haja continuidade daquilo que se propõe.”

“Como trabalho na área administrativa, aprendi sobre a importância de receber bem

os pais aqui na escola, antes de questionarmos o comportamento de nosso aluno,

precisamos ver o que está acontecendo no seu meio, na sua família, não tinha essa

compreensão.”

Como na avaliação não era necessário identificação, podemos afirmar que

todos os participantes do grupo de apoio avaliaram como excelente a proposta e

gostariam que essa reflexão tenha continuidade.

Na avaliação dos encontros com os pais vale ressaltar que 16 (dezesseis)

participaram do último. Faltaram 3(três) dos 19 (dezenove) pais, já que no decorrer

da implementação chegou uma aluna transferida. Os mesmos são de uma

humildade extrema, com baixa escolaridade e três são analfabetos (foram

incentivados a participar do Programa Paraná Alfabetizado), mas participaram com

muita atenção, entendendo a proposta e enriquecendo a discussão com suas

experiências.

Seu João Mariano, avô do Gabriel, que tem os pais falecidos, fez uma

colocação num dos encontros que me chamou a atenção: “Antigamente, no nosso

tempo quando morria alguém querido, a gente chorava. As crianças de hoje em dia

nem chorá em velório, não choram mais.” Isso foi colocado por ele quando

discutíamos sobre a afetividade.

Dona Roseli mãe do Josiel disse que “sentia muito de não ter estudado, pois

na época, fez até a 2ª série e o pai a tirou da escola porque não era boa da cabeça e

não tinha médico pra dar remédio a ela.” Ela quis dizer que hoje tem recurso para

qualquer dificuldade que o aluno tenha e não estuda quem não quer, essa colocação

foi feita quando discutíamos que a escola e a família devem dialogar. Dona

Malvalina, avó do Weslei, chegou brincando no encontro, “agora estou me cuidando

em casa, com o que digo, o tom da voz que uso, como falo com meu neto, eu

aprendi muito com os encontros, nunca tinha pensado que o meu exemplo, minhas

atitudes, iria influenciar meu neto”, ou seja, seu comportamento na escola. Todos os

pais avaliaram como excelente o projeto e desejam que tenha continuidade. Quando

interrogados, na avaliação: Qual foi sua maior dificuldade em participar dos

encontros? Sete responderam: “Não faltei em nenhum por que gostei muito”. Cinco

“responderam: “Só faltei em algum encontro porque estava impossibilitado de

participar”, e quatro responderam: “ dia da semana e horário de realização”.

O resultado da proposta de implementação superou as expectativas. É

possível colocar em prática e obter bons resultados, considerando ter sido aplicado

em uma escola de pequeno porte.

A dificuldade que apresentamos, visto ser um trabalho a ser realizado com um

grupo pequeno de pais, é a disponibilidade de tempo e de pessoal que a escola tem

para desenvolver de forma eficiente, atingindo a todos e, continuamente. Não basta

só a escola ter consciência e vontade em estreitar a relação família/escola, é

necessário os governantes subsidiarem essas ações, com pessoal, pois além do

trabalho com os pais há os educadores ( professores, diretores e funcionários), não

dá pra desvincular essa relação, na hora da discussão.

Na escola há pessoas competentes e com potencial intelectual e político para

resgatar o valor da família na educação dos filhos, para orientar que cada uma

assuma seu papel na formação do cidadão que faz parte da escola pública, porém,

priorizar esta ação é uma dificuldade para escola. Sugere-se que o estado determine

uma carga horária específica para um educador trabalhar a relação família/escola.

Penso ter contribuído com a educação, e com todos que vierem a tomar

conhecimento deste trabalho. Acredita-se que as reflexões propostas podem ser

motivos para retomadas e acréscimos, enriquecendo, assim, a prática de cada um.

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