DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008 · Uma quadra de futsal O espaço geográfico pode ser concebido...

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2008 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-040-7 Cadernos PDE VOLUME II

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2008

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-040-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

FÁTIMA REGINA MAGRINELLIProfessor - PDE

_______________________________________________________________________

UNIDADE DIDÁTICA NO FORMATO FOLHAS

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Nova Olímpia2008

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A DINÂMICA POPULACIONAL NO NOROESTE DO

PARANÁ – o caso do município de Nova Olímpia

Você já observou o local onde vive?

Por acaso já se perguntou por que ele tem essa

configuração.

Por que está organizado assim?

Quem determinou essa organização.

Ele sempre foi assim?

Há possibilidades de mudá-lo?

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O espaço constitui a expressão geográfica da sociedade humana. Ou

seja, o espaço geográfico corresponde ao espaço construído e alterado pelo

homem. Não era esse, entretanto, o entendimento de espaço para a Geografia

nos seus primeiros tempos como ciência. Antes, espaço geográfico era entendido

apenas segundo os aspectos físicos ou naturais nele existentes, caso de rios,

mares, montanhas, animais, plantas e toda a inter-relação entre eles. O

reconhecimento da existência ativa do homem, como agente de construção e de

transformação só ocorre mais recentemente. E o surgimento do homem, desde o

mais primitivo, impactou e transformou o espaço geográfico.

Ao procurar satisfazer as suas necessidades, o homem não agiu sozinho,

pois seria impotente diante da natureza, portanto passou a atuar em conjunto, se

organizando em sociedade e definindo em grupo que modo de trabalho deveria

ser realizado. Ao se organizar socialmente, o homem também organizou o seu

espaço de vida, o que foi feito através do trabalho. Sendo assim, o espaço é a

criação da sociedade e o conjunto de atividades desempenhadas continuamente

pela sociedade promoveu a transformação do espaço geográfico.

No decorrer da história, a humanidade conheceu diferentes maneiras de

organização social e, conseqüentemente, de produção de espaço. Vejamos

alguns exemplos:

Entre os povos antigos, ou até mesmo em algumas tribos indígenas

atuais, existiam relações sociais de igualdade, onde todos trabalhavam e

produziam para a sobrevivência. A defesa da comunidade era feita em conjunto.

Todos tinham os mesmos interesses. Eram reconhecidos e aceitos como chefes

os que tinham mais experiência e mais conhecimentos. No espaço

correspondente a esse tipo de organização, não havia cercas separando as terras

cultivadas, os animais eram criados em um único cercado e as habitações tinham

o mesmo aspecto.

A introdução da divisão do trabalho em uma comunidade demonstra a

constituição de uma estrutura social marcada pela desigualdade. Leia o texto a

seguir:

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Nos primeiros tempos todos eram iguais: tinham os mesmos direitos e deveres. A primeira divisão social do trabalho surgiu entre os homens e as mulheres. Os homens não têm as exigências da gravidez nem da amamentação das crianças. Por isso, podiam distanciar-se da tribo para caçar. As mulheres tinham de ficar em casa, cuidando das crianças e, portanto, das tarefas domésticas.Com a introdução da pecuária e da agricultura, as comunidades primitivas começaram a produzir mais do que necessitavam para o seu consumo. Essa produção a mais chama-se excedente, que vem do termo excesso. Entre os índios, por exemplo, as divisões sociais começaram quando apareceu o excedente. Essa “sobra” permitiu que alguns índios – como os chefes, os feiticeiros, os guerreiros -, deixassem de trabalhar, formando uma casta á parte. Ao mesmo tempo, esses índios que viviam à custa do trabalho do resto da tribo passaram a se apropriar da produção excedente: nasceu desse modo, um processo produtivo baseado na propriedade privada. Nasceu um novo modo de produção.Assim a desigualdade começa quando na comunidade primitiva se estabelece um novo processo de produção que se baseia na divisão entre as famílias proprietárias e as famílias não-proprietárias. Surge, pois, as classes sociais. Surge também a luta de classes, na medida em que a classe proprietária procura aumentar suas posses impedindo que os demais se tornem proprietários: e na medida em que os não-proprietários querem se tornar proprietários, ameaçando as propriedades dos primeiros. ( Frei Betto, 1989, 14)

Na antiga Mesopotâmia, o campo era dividido em posses, cada qual

dedicada a uma divindade, mas cultivados em conjunto. Já o excedente produzido

destinava-se à cidade, que desempenhava um papel político e religioso. O poder

era detido pelos reis e sacerdotes, que recebiam e controlavam os excedentes

produzidos nas terras comuns. Separadas do campo, as cidades eram cercadas

por muros e, internamente, já se apresentavam divididas em propriedades

particulares.

Na Idade Média, a segregação social é bem visível, quando analisado os

feudos. Eles eram divididos em várias unidades, o senhor feudal concedia o uso

da terra ao camponês, em geral em troca de uma renda paga em espécie. Muitas

cidades medievais mantiveram o caráter político-administrativo característico da

Antiguidade.

Com o desenvolvimento do capitalismo e a reativação do comércio,

muitas cidades assumiram um papel produtivo, pois, assim como o campo, eles

passaram também a produzir mercadorias.

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A cidade industrial surge como um lugar perigoso, selvagem, sem civilização. Os operários viviam em bairros sujos e poluídos, e as suas moradias eram abarrotadas e sem nenhum conforto. Como o transporte público era caro demais para sua renda, eram obrigados a viver no centro das cidades, próximos ás fábricas. Já as famílias burguesas, os donos d fábricas, os comerciantes e os homens de negócios buscavam se afastar da região central das cidades, preferindo viver nos subúrbios, especialmente nas proximidades de um parque particular situando na periferia (como fazem hoje as pessoas que moram em condomínios fechados afastados do centro). Havia assim uma grande segregação urbana [...]Já nos bairros operários não havia saneamento, os esgotos corriam a céu aberto, a água não era tratada e doenças como a cólera se espalhavam e matavam grandes contingentes da população. Apesar disso, a cidade significava para os operários a única possibilidade de melhorar um pouco seu padrão de vida, de não passar fome, de tentar proporcionar a seus filhos alguma instrução ou oportunidade de um futuro melhor.

DECCA.E e MENEGUELO.C.Fábricas e homens. São Paulo. Atual.1999.

A produção capitalista, ao diferenciar os detentores dos meios de

produção (terra, fábricas), daqueles que possui apenas a força de trabalho para

vender, imprimiu significativas marcas no espaço. Com a expansão produtiva

ocorrida a partir da Revolução industrial (século XVIII) essas marcas se tornaram

mais visíveis. Surgiram os locais das fábricas, cercadas por precárias habitações

de operários e separados dos bairros luxuosos local das habitações dos

burgueses. E conforme as necessidades surgiam, as ruas iam sendo alargadas

para a circulação de mercadorias e pessoas. (ler quadro)

Portanto, o que se percebe,

é que o espaço é organizado

conforme a necessidade da

sociedade que o construiu.

Diferentes sociedades apresentam

diferentes organizações de espaço,

pois essa organização está

relacionada às diferentes formas

pelas quais as sociedades

asseguram sua sobrevivência,

transformando o meio natural ou o

meio já transformado. Estas

transformações buscam atender as

necessidades de alimentação, moradia, trabalho, lazer, entre outras.

Nos lugares ocupados por grupos humanos, podem existir marcas, ou

seja, elementos que identificam, por exemplo, as técnicas de trabalho utilizadas

em cada momento histórico e as relações sociais das diversas épocas. As

transformações das paisagens são reflexos das mudanças que ocorrem na

sociedade. Quando identificamos essas mudanças, por meio das marcas, e

conhecemos as suas causas, desvendamos, também, como a sociedade organiza

o espaço onde vive, de acordo com os recursos tecnológicos disponíveis no

momento, de forma a atender as suas necessidades.

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Os elementos que constituem o espaço geográfico são representações

sociais que indicam as relações dos indivíduos entre si e com o meio. Elas

revelam, sobretudo, como a sociedade se estrutura – as relações de poder e de

controle que mantém as desigualdades que estabelecem padrões de apropriação

do espaço, mas também de exclusão social.

A observação e análise do lugar onde se vive podem ser o ponto de

partida para a possibilidade de compreensão da sociedade, pelo conjunto de suas

representações espaciais e sociais.

Leia o texto a seguir e observe a comparação feita por Ruy Moreira:

Os elementos visualizados em uma paisagem possuem distribuição

espacial e identidade própria. O autor do texto a seguir, indicam maneiras

diferentes de perceber uma paisagem, leia.

Paisagem, em princípio, são todos os elementos que vemos em determinado local, sejam eles predominantemente naturais, sejam culturais. Mas observar uma paisagem não significa apenas visualizar os objetos concretos que a compõem, com as variadas cores, formas e tamanhos: significa também

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Uma quadra de futsal

O espaço geográfico pode ser concebido por intermédio de uma metáfora. Se observarmos uma quadra de futsal, o antigo futebol de salão, notaremos que o arranjo do terreno reproduz as regras desse esporte. Basta aproveitarmos a mesma quadra e nela superpormos o arranjo espacial de outras modalidades de esporte, como o vôlei, o basquete e o handball, cada qual com "leis" próprias, para notarmos que o arranjo es-pacial diferirá para cada uma. Diferirá porque o arranjo espacial reproduz as regras do jogo, e essas regras diferem para cada modalidade de esporte considerado. Se fossem as mesmas "leis" para todas, o arranjo seria um só. Assim também é o espaço geográfico com relação à sociedade.

O arranjo do espaço geográfico exprime o "modo de socialização" da natureza. Tal o modo de produção, tal será o espaço geográfico. O processo de socialização da natureza pelo trabalho social, ou seja, a transformação da história natural em história dos homens (ou da história dos homens em história natural) implica uma estrutura de relações sob determinação do social. E é essa estrutura complexa e em perpétuo movimento dialético que conhecemos sob a designação de espaço geográfico.

O espaço é a sociedade vista como sua expressão material visível. A sociedade é a essência, de que o espaço geográfico é a aparência.

(MOREIRA, Ruy. Repensando a geografia. In: Milton Santos. Novos rumos do geografia brasileira.São Paulo, Hucitec. p. 35.)

apreendê-la por meio de outros sentidos, como o tato, o olfato e a audição. Sentir frio ou calor, ouvir o barulho dos carros ou do vento, sentir o cheiro da mata ou da fumaça dos caminhões é importante para que se possa perceber uma paisagem como um todo, pois o cheiro, o som, a temperatura também são características do lugar observado e colaboram para torná-lo único.Dessa forma, dizemos que paisagem é tudo o que está presente em determinada extensão do espaço terrestre e que pode ser abarcada pelos nossos sentidos, abrangendo, portanto, tanto os elementos visíveis como os não visíveis presentes nesse lugar.Outra característica das paisagens é que não apresentam apenas elementos estáticos, imóveis: elas nos mostram também os fluxos que ocorrem em um lugar, como o trânsito de pessoas e automóveis nas ruas de uma cidade, a circulação de mercadorias por trem, avião ou navio, a transmissão de informações, revelada pelas torres de telecomunicações (TV, rádio, telefones celulares, etc.) Portanto, as paisagens podem revelar como a sociedade desenvolve suas atividades, o que as pessoas estão fazendo em determinado momento e como se relacionam entre si e com a natureza do lugar onde vivem. [...]A percepção que temos de uma paisagem e a maneira como descrevemos os elementos que a compõem serão sempre diferentes da de outras pessoas.(...)Isso porque a percepção de cada indivíduo é moldada por sua história de vida, por sua idade, pelo tipo de trabalho que exerce e pelo tipo de interesse que possui em relação às pessoas, aos objetos e aos lugares. (BOLIGIAN e ALVES. 2004, p.5)

Procure agora desvendar os elementos que compõe a paisagem do seu lugar de vivência. Você consegue identificá-los? O que eles revelam?

Consegue identificar espaço de poder e controle? Marcas do passado? As atividades econômicas e os recursos tecnológicos? E a segregação social está visível?

Em sua opinião, o que torna o lugar onde você vive diferente de todos os outros?

Até o século XIX a produção do espaço se fizera de forma desordenada.

As coisas iam acontecendo, sem um planejamento prévio. A oposição entre

grupos ou segmentos sociais contribuía para tornar a estrutura espacial ainda

mais caótica. A prática do urbanismo que surgiu no final do século XIX e início do

século XX caracterizou-se principalmente pela tentativa de dar ao espaço uma

estrutura funcional com base na lógica racional, ou seja, pensar em cada parte do

território com uma função previamente definida.

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Porém as desigualdades e conflitos existentes no interior das sociedades

impedira que se realizassem a estruturação do espaço.

Geralmente os espaços que os homens tentam construir obedecendo a

uma lógica predeterminada acabam sendo transformados pela ação de grupos ou

segmentos sociais excluídos da estruturação imposta ou que simplesmente

estejam insatisfeitos com ela. Tais grupos ou segmentos são agentes sociais

capazes de construir espontaneamente o espaço, seguindo formas ditadas pela

necessidade e ao feito da sua criatividade. Veja como exemplo as favelas:

A maior parte das favelas ocupa terras públicas, da União, Estado ou Município. Em geral as ocupações ocorrem nas áreas "verdes" dos loteamentos. Pela legislação em vigor os loteadores são obrigados a deixar 15% da gleba total para serem utilizadas como áreas verdes. Em geral estas áreas é que são ocupadas pelas favelas. Na maior parte das vezes são os locais de maior declividade, as mais insalubres, etc., o que também explica porque as favelas ocupam as "piores" terras, as que apresentam maiores problemas de enchentes de desabamentos, e que deixam seus moradores expostos ao risco de perder seu barraco, quando não sua vida. (RODRIGUES A. M. Moradia nas cidades Brasileiras, p. 37-41)

Ao abordar a colonização e a economia brasileira durante os períodos

colonial e imperial, fundada na monocultura em várias regiões, observa-se, que

cada ciclo de exploração comercial (cana-de-açúcar, cacau, café), produziu uma

organização espacial específica, associada a uma rede urbana pobre, centrada

em grandes e poucas cidades, sedes do controle administrativo do capital

comercial. Tanto no campo como na cidade a organização espacial foi sendo

envolvida e constituída pelo ciclo econômico que foi regulando tal dinâmica de

organização.

Embora as transformações sociais sejam sempre acompanhadas por

mudanças na produção do espaço, o que se vê hoje é que as relações sociais

predominantes no passado deixaram marcas no espaço, muitas das quais

permanecem até hoje, mais ou menos modificadas e combinadas com as marcas

da sociedade atual.

Vejamos no Brasil, por exemplo, as grandes propriedades rurais atuais,

elas são heranças das sesmarias distribuídas pela Coroa portuguesa no período

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colonial, onde se utilizava a mão-de-obra escrava. Embora alteradas as relações

sociais do passado, pois os atuais trabalhadores são assalariados e livres e as

formas de aquisição de terras são outras, as diferenças permanecem e são

visíveis no espaço. Leia o texto de Serra que descreve muito bem essa situação:

Até a época da concessão da primeira carta de sesmaria no Paraná, em 1614, todo o espaço paranaense se constituía em propriedade pública sob o domínio da Coroa portuguesa. [...] Essa transferência da forma pública para a forma particular, no caso paranaense foi altamente facilitada e até estimulada pela coroa portuguesa. Bastava que o beneficiário desfrutasse de boa situação econômico-financeira, concordasse em pagar regularmente o dízimo à Ordem de Cristo e tivesse livre trânsito nas esferas do poder dominante para requerer e fazer jus a extensas áreas, sob a única condição de se estabelecer com morada habitual e cultura efetiva na área conquistada no prazo de cinco anos. De maneira geral, entretanto, quem pleiteava sesmaria no Paraná via no acesso á terra apenas uma forma de poder ou ascensão política, desvinculado de qualquer interesse voltado à exploração econômica da terra conquistada. [...]O fato de o poder político e econômico, e não o vínculo com a atividade produtiva, funcionar como credencial para a conquista da terra, vai fazer com que a sesmaria apareça, já de início, estreitamente identificada com a propriedade improdutiva no Paraná. (SERRA. E.. 1991.p. 44-45)

Um determinado espaço, ao mesmo tempo em que reflete a sociedade

que o utiliza, é o resultado de um processo histórico. Através deste processo, o

espaço foi sendo progressivamente moldado, de acordo com as relações sociais

que predominaram no passado e que envolveram constantes conflitos entre os

desiguais segmentos de cada época. Neste sentido podemos dizer que o espaço

é um produto da História.

Para compreensão do seu lugar de vivência, como foi produzido, por

quem, com quais interesses, buscando visualizar os elementos neste espaço, é

preciso buscarmos conhecer o processo histórico que o constituiu, como também

fazer uma articulação com o espaço global, porque as particularidades desse

espaço não podem ser compreendidas nele mesmo.

As formas de produção, organização e uso do espaço geográfico, mudam

os valores e as relações sociais. Geralmente essas mudanças ocorrem na esfera

global e por conseqüência refletem mudanças na esfera nacional e local.

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O nosso lugar não é uma realidade sozinha ou isolada. Ele fez e ainda

faz parte de um conjunto de lugares, marcados por diferentes naturezas, mas

unidos por uma complexa rede de relações (políticas, econômicas e sociais), que

se estabelecem em diferentes escalas: local regional, nacional e global.

O seu lugar de vivência resulta de um passado histórico, das características da população, da organização social e econômica que se configurou.

Portanto, você conhece o passado histórico do seu lugar de vivência?

Sabe como se configurou a organização social e econômica desse espaço?

Para esse estudo será necessária uma delimitação da escala desse

espaço, pois, na esfera nacional habitamos um território que é o Brasil, que, por

conseguinte está dividido em estados, que no nosso caso é o Paraná, que está

subdividido em mesorregiões, que apresentam diferentes configurações,

compostos por municípios que se diferenciam entre si, apresentando suas

particularidades, mas que fazem parte de um todo e que foram estruturados

dentro de uma realidade maior.

Você conhece as divisões regionais do estado do Paraná? Observe os mapas a seguir:

Hoje, segundo a classificação do IBGE(1991) está assim dividido:

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Mapa 01

Porém para nossos estudos seria importante conhecermos a

regionalização que nos permite visualizar um Paraná diferenciado pelo processo

de ocupação do espaço: Veja o Mapa e tente localizar o seu município.

Mapa 02

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Na década de 1960, todo o estado do Paraná está com o seu território ocupado, desaparecendo as frentes pioneiras e os grandes problemas de terras. Encontram-se e começa a confundirem-se as três ondas de povoamento, a do Paraná tradicional que se expandiu desde o século XVII, de Paranaguá e Curitiba, pelas regiões de campo, com a criação de gado, a indústria da erva-mate e de madeira de pinho; a dos agricultores da agricultura tropical do café que, pelas origens e pelos interesses históricos, ficaram mais diretamente ligados a São Paulo; e a dos colonos da agricultura de subsistência, plantadores de cereais e criadores de suínos que, pela origem e pelos interesses históricos, se ligavam mais intimamente ao Rio Grande do Sul. Cada uma dessas três ondas criou o seu próprio tipo de economia, formou um tipo de sociedade e fundou as próprias cidades (grifo meu)

(WESTPHALEN et al., 1968, p.7-8).

Os primeiros indícios de ocupação do território paranaense datam do

século XVI, A ocupação da região Norte e, no Norte, de sua porção Noroeste, só

vai ocorrer quatro séculos depois, basicamente entre os anos 1930 e 1960. Até

então, o processo ocupacional avançou sobre as áreas do Paraná antigo (Paraná

Tradicional), do litoral ao planalto de Curitiba e em seguida em direção dos

campos gerais, primeiramente em função da extração de ouro e substituída por

volta dos anos 1720 e 1730 quando essa atividade entra em crise, pela pecuária

extensiva, do tropeirismo, pela extração e beneficiamento da madeira e erva-

mate. Veja o que WESTPHALEN,, fala sobre esse processo de ocupação:

A comunidade que historicamente se formou no litoral paranaense e no planalto curitibano, ocupou todas a s terras de campo que, em largas faixas cercadas por imensas florestas, vão desde Curitiba, pelos Campos Gerais, campos de Guarapuava, campos de Palmas até as atuais divisas entre Santa Catarina e rio Grande do Sul. Explorou ervais e as florestas de araucárias a ela associadas. Baseada nos latifúndios campeiros da criação de gado, nos engenhos de beneficiar erva-mate, nas sesmarias de pinheiros, formou a sociedade paranaense tradicional que criou o sistema de província monárquica e do Estado republicano. Mas não chegou a ocupar todo o território. (WESTPHALEN, 1968:2)

Ainda sobre o processo de ocupação do território paranaense veja o que

diz Pinheiro Machado:O processo de ocupação completa do território paranaense é resultado do deslocamento de três frentes pioneiras: a do Paraná tradicional, a mais antiga, que avançou do litoral para o planalto de Curitiba e depois para a zona dos Campos Gerais: a da região Norte, que começa a se deslocar na segunda metade do século XIX, sob o impulso da onda cafeeira paulista: a da região sudoeste, a mais recente, que avançou a partir de meados do século XX impulsionada pela corrente migratória originada do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, . (Citado por Serra. E. em . 1991.)

Quando o processo de ocupação se estabelece no norte* e noroeste*

paranaense através da expansão da frente pioneira paulista no inicio do século

XX e na divisa entre estes Estados, gerou um desconforto para o governo

paranaense, uma vez que vinha se manifestando de forma rápida e desordenada,

permeada por conflitos de posse. O estado preocupado com os problemas

relativos á legalização da posse da terra e visando aumentar a arrecadação

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estadual, tanto pela comercialização de terras quanto pelo incremento da

produção agrícola, adotou uma política ocupacional baseada em duas formas:

uma pela colonização oficial com a implementação de alguns núcleos urbanos e

que coube ao governo tal execução bem como gerenciar esse processo; e, a

colonização empresarial privada, desenvolvida elas companhias colonizadoras

que por meio de acordos realizados com o Estado desenvolveram seus projetos

de colonização.

Mapa 03I Norte Velho

Norte Novo

Norte Novíssimo

* O norte do Paraná representa duas mesoregiões

geográficas, de acordo com a classificação do

IBGE(1991) correspondente ao norte pioneiro e ao

norte central. Porém de acordo com a

territorialização das frentes pioneiras e classificação

do IBGE(1968), corresponde ao norte velho e norte

novo respectivamente. A região noroeste corresponde ao norte novíssimo.

O processo de colonização oficial esteve presente desde os primeiros

governos da nova Província, desmembrada de São Paulo em 1853, com

preocupação em desenvolver políticas que incentivassem o povoamento do

território e o desenvolvimento da agricultura, buscando assim atrair imigrantes

estrangeiros, dando preferência àqueles que tinham experiências em trabalhos

agrícolas. No entanto deve ser considerado que inicialmente tal política não foi

bem sucedida, porém as frustrações não impediram que o poder público

continuasse insistindo.

“Os primeiros resultados positivos desta política só seriam alcançados

nos períodos que sucederam as grandes guerras mundiais. Um dos primeiros

grupos a chegar foi de alemães do Volga e foram instalados nos campos de

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Ponta Grossa, Palmeira e Lapa, com o objetivo de introduzir o cultivo do trigo em

grande escala”, segundo BATALIOTI. Percebe-se aqui a ação do estado

interferindo na construção do espaço geográfico.

Uma importante contribuição dos imigrantes foi a implantação de

cooperativas de agricultores, que surgiram como forma de defesa dos imigrantes

diante das explorações sociais e econômicas que sofriam no novo habitat. Muitas

dessas cooperativas prosperaram e hoje se destacam como grandes empresas,

como o caso de Witmarsun, em Palmeira, e Castrolância, em Castro.

Você sabe o que é uma cooperativa?

Como é seu sistema de funcionamento?

Busque informações sobre o Cooperativismo.

Na Inglaterra, na época da Revolução Industrial, existiam muitas fábricas cheias de operários carregados de problemas e necessidades, pois enquanto as fábricas prosperavam, os operários viviam quase na miséria: muitas horas de trabalho, salário muito baixo, desemprego, fome, etc. E então, em meio a todos estes problemas, alguns operários resolveram se reunir para procurar uma solução e sentiram que só através da cooperação poderiam sobreviver à crise. Através da União de 28 tecelões (operários), é criado um pequeno armazém cooperativo de consumo: a "Sociedade dos Eqüitativos Pioneiros de Rochdale”. E aí foi lançada a semente do Cooperativismo, em Rochdale, 1844.

http://www.geranegocio.com.br/html/coop/p1.html, acessado em 11/12/08

A maior parte das colônias de imigrantes foi localizada na zona dos

Campos Gerais, com pouca expressão nas regiões de ocupação mais recente

(norte, sudoeste e oeste do território paranaense) sendo estas, em sua maior

parte, resultadas de correntes migratórias internas.

A ocupação da região do norte pioneiro paranaense teve inicio de forma

espontânea no final do século XIX, como expansão da fronteira agrícola do café

paulista, alcançando maior proporção a partir de 1920 em decorrência do

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aumento do preço do café, no mercado internacional a partir da Primeira Guerra

Mundial.

A chegada e o avanço desta frente pioneira esteve atrelada a transtornos

referentes à posse e propriedade da terra, pois de maneira geral, na época

adquirir terras no Norte do Paraná não significava comprar, mas simplesmente

tomar posse e depois requerer o direito de propriedade junto ao Estado. Muitas

vezes os conflitos é que determinavam a quem a terra iria pertencer.

Após 1930, o Estado preocupado da forma como as terras estavam

sendo apropriadas, traça duas metas em relação a estrutura fundiária em

andamento: recuperar as terras devolutas desviadas por grileiros e concessões

fraudulentas e, estabelecer um processo de colonização.

O Estado estabeleceu uma nova ordem na ocupação do espaço, ao

retomar as terras desviadas ou mesmo legalizando-as. Concedeu a grupos

empresariais o encargo de desenhar uma estrutura fundiária e também urbana,

configurando a organização espacial da região. No campo vigorou a divisão em

pequenas propriedades com intenso fomento em desenvolver a cafeicultura e na

cidade a setorização de áreas (bairros destinados a fins específicos), o arranjo no

traçado de praças e de ruas largas, dentre outras características.

No norte paranaense duas companhias de capital japonês obtiveram

grande sucesso, a YUGEN SEKININ BURAZIRU TAKUSYORU KUMIAI (Bratac) e

a NAMBEI TOCHI KABUSHIKI KAIASHA (Cia. Produtora Nipo-Brasileira),

resultando respectivamente formação das cidades de Assai e Uraí. Porém a

companhia de maior destaque no que se refere a área loteada foi a COMPANHIA

DE TERRAS NORTE DO PARANÁ, de capital inglês, posteriormente denominada

de COMPANHIA MELHORAMENTOS NORTE DO PARANÁ.

Leia o texto a seguir que descreve as diretrizes estabelecidas por essa

companhia e como procedeu para a organização e a inserção dessa nova área

no espaço produtivo paranaense e brasileiro:

As cidades destinadas a se tornarem núcleos econômicos de maior importância

seriam demarcadas de cem em cem quilômetros aproximadamente. Entre

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estas, distanciadas de 10 a 15 quilômetros um do outro, seriam fundados

patrimônios, centros comerciais e abastecedores intermediários. Tanto nas

cidades como nos patrimônios a área urbana apresentaria uma divisão em

datas residenciais e comerciais. Ao redor das áreas urbanas se situariam

cinturões verdes, isto é, uma faixa dividida em chácaras que pudessem servir

para a produção de gêneros alimentícios de consumo local, como ovos, aves,

frutas, hortaliças e legumes. A área rural seria cortada de estradas vicinais,

abertas de preferência ao longo dos espigões, de maneira a permitir a divisão

da terra da seguinte maneira: pequenos lotes, de 10, 15 ou 20 alqueires, com

frente para a estrada de acesso e fundos para o ribeirão. Na parte alta,

apropriada para plantação do café, o proprietário da gleba desenvolveria sua

atividade agrícola básica: cerca de 1.500 pés por alqueire. Na parte baixa

construiria sua casa, plantaria sua horta, criaria seus animais para consumo

próprio, formaria seu pequeno pomar. A água seria obtida no ribeirão ou poços

de boa vazão. As casas de vários lotes contíguos, alinhados nas margens dos

cursos d'água, formariam comunidades que evitassem o isolamento das

famílias e favorecessem o trabalho em mutirão, principalmente na época da

colheita de café, que para a maioria dos pequenos agricultores representaria

lucro líquido de sua atividade independente, porquanto no decorrer do ano ele

viveria consumindo o necessário e vendendo o supérfluo da culturas

paralelas: arroz e feijão plantadas entre as fileiras de café novo(...). Esse

pequeno proprietário não agiria como o grande fazendeiro de café, que

produziria grandes safras e as venderia nos grandes centros, diretamente em

São Paulo ou em Santos. Ele venderia seu pequeno lote de sacas de café nos

patrimônios aos pequenos maquinistas, que por sua vez, comercializariam a

produção nas cidades maiores, já com representantes das casas exportadoras.

Por outro lado, esse pequeno proprietário não gastaria o dinheiro recebido

como o grande fazendeiro, nas grandes cidades. Ele o gastaria ali mesmo, no

comércio estabelecido nos patrimônios, gerando assim uma distribuição de

interesses e uma circulação local de dinheiro, que constituiriam um salutar fator

de progresso local e regional. (COMPANHIA MELHORAMENTOS NORTE DO

PARANÁ, 1975:76).

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As terras adquiridas a valores simbólicos pela Companhia de Terras

Norte do Paraná (CTNP) abrangeram a melhor porção do norte do estado,

recoberta em quase toda a extensão pelo legítimo solo de terra roxa, aliada à

altitude e clima propício a lavoura cafeeira. O Estado nesse processo de

concessões de terras a baixo custo às companhias atrelou ao contrato a

construção de infra-estrutura nessas áreas.

Para a viabilização e o sucesso desse empreendimento a CTNP

adquiriu a ferrovia São Paulo-Paraná para a ligação entre as terras recém-

colonizadas com as já ocupadas. Assim, na medida em que a ferrovia avançava

uma nova cidade, e a exuberante floresta ia sendo varrida desse espaço,

cedendo lugar a uma nova configuração da paisagem regional, visto

predominantemente com um mar de café.

Para a comercialização de seus lotes, a companhia usou como

estratégia a colonização em parte, conforme a demanda, levando em conta a

quase totalidade de vendas de uma região para dar início à outra, fazendo um

acompanhamento da infra-estrutura de cada faixa de colonização. Seguindo esse

critério ocorreu uma divisão regional do norte do Paraná: partindo a colonização

do Norte Velho, seguindo para o Norte Novo e finalizando como o Norte

Novíssimo, que corresponde a região Noroeste do Paraná de acordo com a

classificação do IBGE de 1991.(rever mapas apresentados)

Você já deve ter percebido como a sociedade daquele período

pensou e construiu esse espaço. Em busca da satisfação de suas necessidades

foram estruturando este espaço atendendo aos seus interesses:

- o Estado dando as condições necessárias para as companhias

efetuarem a colonização tão desejada dessas áreas para o ingresso no processo

produtivo;

- as companhias almejavam tão logo obter representativos ganhos

com a comercialização dos lotes, tomando como exemplo a CTNP adquiriu as

suas glebas do governo do Estado à razão de 20 mil-réis por alqueire paulista em

1925 e quinze anos depois comercializava a 500 mil-réis;

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- e o contingente de pessoas que para cá se dirigiam estavam

alimentadas pelo sonho e a esperança de adquirir um lote e na lida com o café,

que era uma ótima oportunidade de riqueza já que o preço do mesmo estava em

alta nesse período. Era a idéia de riqueza e felicidade àqueles que soubessem

tirar proveito da oportunidade de trabalhar.

Que outros interesses você enumeraria?

Que tipo de sociedade organizou esse espaço?

O fluxo de habitantes passou a corresponder à intensidade dos negócios

imobiliários. Cada vez maior era o fluxo de trabalhadores, e em sua maioria

estavam a procura de terras para desbravar, quer na condição de pequenos

proprietários, quer na condição de empreiteiros contratados pelos proprietários

para a derrubada da mata e plantio do café. O resultado é o crescimento

populacional da região e do Estado atingindo taxas nunca registradas em

qualquer parte do país. Observe os dados da tabela a seguir que expõe a

evolução da população da região norte paranaense, em comparação com a

evolução da população do Estado:

EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO TOTAL, URBANA E RURAL DO NORTE PARANAENSE E DO ESTADO DO PARANÁ - NO PERÍODO DE 1940 A 1970.

AnoNorte paranaense Estado do Paraná

Pop. total Pop.urbana Pop. rural Pop. total Pop.urbana Pop. rural1940 304.453 64.534 275.929 1.236.276 302.272 974.004

1950 874.287 99.696 774.591 2.115.547 528.288 1.587.259

1960 2.427.768 597.615 1.830.153 4.277.763 1.305.927 2.962.312

1970 3.734.936 1.170.833 2.564.103 6.865.928 2.495.042 4.370.886

Fonte: IBGE: censos demográficos

As estratégias empregadas pela companhia que levaram em conta muito

mais que a simples comercialização das terras, pois, a associaram com a

atividade econômica da cultura cafeeira, os bons preços pagos a esse produto,

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bem como, um solo de alta qualidade e infra-estrutura necessária, assegurou ao

estado no período de 1940 a 1970 elevadas taxas de crescimento demográfico.

A mobilidade interna do povo brasileiro sempre esteve ligada ao processo

de povoamento do nosso extenso território. A própria sucessão dos ciclos ou

períodos da economia brasileira, sempre vinculada a um determinado produto ou

atividade, favoreceu essa mobilidade, pois as pessoas são sempre atraídas por

fatores como emprego, facilidade de obtenção de terras ou enriquecimento

rápido. E foi o que aconteceu no norte do Paraná durante o processo de

colonização que durou do final da década de 1920 até meados da década de

1960 quando se esgota as últimas faixas de terra para o avanço da frente pioneira

no norte novíssimo.

Isso ocorre até hoje, qualquer região do país que receba investimentos produtivos, públicos ou privados, que aumente a oferta de emprego, receberá também pessoas dispostas a preencher os novos postos de trabalho.

Você reconhece atualmente algum fluxo migratório ocorrendo dentro do Brasil?

Qual a origem dessa população? E o seu destino?

Está vinculado a alguma atividade econômica? Qual

Um novo processo migratório está sempre vinculado a novos desenhos

espaciais. O modelo adotado pela companhia, o de pequena propriedade, se por

um lado amenizou a característica brasileira de concentração da posse da terra,

por outro, trouxe graves conseqüências para o ecossistema ali existente.

Derrubou-se a mata para que surgissem cidades sustentadas pela lavoura

cafeeira.

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O pretendido, tanto para os colonizadores quanto para a população que

chegava, acontecia no momento que a floresta cedesse seu espaço para o campo

cultivado e assim com o desenvolvimento estava a esperança de riqueza. Esse

processo de colonização favoreceu a inexistência de reservas florestais, mesmo

ao longo dos numerosos cursos d´agua em todo o norte paranaense.

Hoje com uma consciência diferente em relação ao meio ambiente nos questionamos:

Não havia lei ambiental que protegesse essas florestas?

O primeiro código florestal brasileiro foi criado em 1934, pesquise sobre suas determinações.

Se havia leis que protegesse porque não se cumpriu?

Hoje já se passaram meio século, mais ou menos e o que mudou?

E que está faltando?

Procure saber dos pioneiros o que pensavam? Qual a consciência ecológica que tinham?

Quais as conseqüências dessas atitudes para o nosso presente?

Leia o texto a seguir que poderá auxiliá-lo nas suas reflexões.

Descentralização e meio ambientePorque esta importância da descentralização para a problemática ambiental?Antes de tudo, porque as ações de recuperação ou proteção ambiental passam dominantemente pelo espaço local: trata-se da arborização de ruas, do tratamento de esgotos, do controle das empresas e dos loteamentos clandestinos, dos programas especiais para a pobreza crítica, da reciclagem de resíduos, de opções pelo transporte coletivo e outras medidas que exigem um ordenamento detalhado e diferenciado de como organizamos o nosso cotidiano, rua por tua, bairro por bairro, município por município. Enquanto não se der muito mais força ao espaço local, ao chamado espaço de vida, dificilmente se obterá uma mudança profunda em termos globais. Isto porque o meio ambiente reage às agressões de forma sistêmica, criando os grandes dramas mundiais do ozônio, aquecimento global, chuva ácida, destruição dos mares, erosão dos

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solos, mas fundamentalmente pelo acúmulo dos comportamentos destrutivos pontuais.Segundo, porque a mudança não se realiza apenas com leis e regulamentos, acompanhados dos inevitáveis fiscais. Leis e fiscais são úteis como ponto de referência, e para o comportamento delinqüente de minorias. Mas quando é o próprio modelo de desenvolvimento e o padrão dominante de consumo que constituem fatores de destruição do meio ambiente, é preciso introduzir um novo comportamento ambiental, e isto não se faz com regulamento, e sim com profundas mudanças culturais. É preciso criar a identificação de cada indivíduo, de cada família, com o seu espaço de vida, com a estética de uma paisagem, com o prazer de um rio limpo, com o respeito pelo vizinho, com uma visão de longo prazo.(BURSZTYN. Marcel (org) e outros. 1993.)

Dê uma olhada ao seu redor e observe a paisagem do seu lugar de vivência:

Você consegue ver essa configuração exposta anteriormente, formado por aquela sociedade?

É possível visualizar nessa paisagem a estrutura fundiária baseada na pequena propriedade, onde a mão-de-obra é familiar, dedicados ao cultivo do café?

A riqueza e felicidade tão almejada pelos pioneiros foi alcançada e mantida?

O que aconteceu?

Aqui iniciamos uma nova etapa dessa história. E voltamos àquela

comparação feita por Ruy, onde o espaço é comparado a uma quadra de

esporte, onde o que se vê são vários arranjos espaciais para cada jogo diferente.

Conforme se muda as regras do jogo diferirá o arranjo espacial. Muda-se a

sociedade e seu foco de interesse, muda-se também o arranjo espacial. Vamos

ver como foi isso.

A mudança desse cenário foi baseada em dois aspectos: a crise do café

e concomitantemente a modernização da agricultura. E como já foi dito

geralmente as mudanças ocorrem na esfera global e que por conseqüência

refletem mudanças na esfera nacional e local. Vamos entender essa conexão.

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A realidade produtiva brasileira, sempre apresentou características de

fornecedor de produtos primários para a economia desenvolvida e a cafeicultura

continuava nesses moldes. Durante o período 1820/30 a 1950/60 o café liderou

as exportações e a economia brasileira, mas desde o inicio do século XX a

cafeicultura apresentou seus primeiros sinais de crise. A partir de 1929 a

superprodução do café ficou incontrolável, porque até então não havia uma

política de controle na quantidade e na qualidade do café brasileiro, pois a medida

que uma área de cafeicultura ia se esgotando uma nova ia surgindo, sem ocorrer

a renovação dos antigos cafezais, mas essa área era incorporada ao processo

produtivo.

Quando a cafeicultura norte paranaense entrou no mercado brasileiro, na

década de 1930, constituiu uma aumento na oferta do produto já em crise de

superprodução, contribuindo para um desequilíbrio ainda maior entre oferta e

procura. Esse excedente forçou o governo brasileiro, a criar o programa nacional

de erradicação, onde os cafezais mais antigos e com baixa produtividade passam

a serem substituídos por outras culturas e pastagens, em especial no Estado de

São Paulo. Com isso houve uma melhora na qualidade média do café destinado à

exportação e maior lucratividade sob a produção.

Na medida em que se desestimulavam os cafezais antieconômicos, com

desestímulos creditícios, controlando o replantio, o governo subsidiava os

agricultores no período representado entre a erradicação e a colheita da nova

cultura substitutiva, impulsionava-se para a transformação do campo já na década

de 1960.

No norte paranaense em função da boa qualidade do solo e em geral

cafezais mais jovens que o de outras regiões do país, fez com que os produtores

resistissem por mais tempo. No entanto essas transformações foi ocorrendo de

forma gradual nas suas diferentes regiões, associada ao baixo nível do preço do

café, aparecimento da ferrugem e fortes geadas.

O processo de colonização da região noroeste que ocorreu a partir da

década de 1950 foi impulsionado pela valorização do café no mercado

internacional, alcançando em 1954 bons preços. Com isso, a busca por novas

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terras virgens para o plantio se direcionou neste sentido, fundando municípios de

grande importância regional: Cianorte em 1953 e Umuarama em 1955. Porém no

noroeste paranaense constitui o período mais curto de predomínio da lavoura

cafeeira.

Outro fator que impulsionou a mudança nas configurações do espaço do

norte e nordeste paranaense foi o processo de modernização da agricultura,

iniciado no Brasil na década de 1950, pacote tecnológico importado dos Estados

Unidos e que ficou conhecido como “Revolução Verde”(ver quadro ).

Embora importado nos anos 1950, só na década de 1960 é que toma

corpo e forma e, a partir de 1964, com uma política de crédito agrícola farto e

altamente subsidiado, destinado á compra de máquinas, insumos e sementes

selecionadas, que melhorariam o rendimento das lavouras e colocaria a

agricultura nos moldes do capitalismo.

23

Alguns anos depois, na década de 1970, ocorre a profunda integração

entre os processos de produção agropecuária e os setores fornecedores de

máquinas, insumos e sementes. Vale observar que em países desenvolvidos,

caso dos Estados Unidos, as transformações no campo, iniciadas em 1920,

aconteceram gradualmente e com isso os impactos foram minimizados. No Brasil,

em menos de 20 depois, na década de 1980, já estava consolidado,

principalmente no Centro-sul. No contexto da agricultura paranaense esta

metamorfose durou menos tempo, 5 anos aproximadamente. Na realidade

somente depois das geadas de 1975, quando os cafeeiros destruídos pelas

geadas foram erradicados, liberando espaços para novos cultivos, é que o

processo de modernização da agricultura começou de fato. Antes disso, o que

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Revolução Verde

A partir da década de 1950, os Estados Unidos e a ONU incentivaram a implantação de mudanças na estrutura fundiária e nas técnicas agrícolas em vários paises subdesenvolvidos. Em plena Guerra Fria, a intenção dos norte-americanos era evitar o surgimento de focos de insatisfação popular por causa da fome em algumas partes do mundo, e eles temiam a instalação de regimes socialistas nesses países. Além do mais, a indústria química, que se desenvolveu voltada para o setor bélico, apresentava certa capacidade ociosa neste período.O conjunto de mudanças técnicas na produção agropecuária - proposto para os países subdesenvolvidos para resolver o problema da fome mundial – ficou conhecido por Revolução Verde. Consistia na modernização das práticas agrícolas (utilização de adubos químicos, inseticidas, herbicidas, sementes melhoradas) e na mecanização do preparo do solo - cultivo e colheita – visando o aumento da produção de alimentos.Com esse objetivo os Estados Unidos ofereceram financiamentos para a importação dos insumos – maquinaria e capacitação de técnicos e professores. Os governos dos países subdesenvolvidos passaram a promover pesquisa e propaganda e a fornecer créditos subsidiados.Entretanto, a proposta era a adoção de cultivo em todas os lugares de implantação da Revolução Verde, desconsiderando a variações das condições naturais, das necessidades e possibilidades dos agricultores. Assim, a médio e longo prazo, essas inovações causaram impactos ambientais e sociais muito graves. Tal modelo proporcionou aumento de produtividade por área cultivada e um crescimento considerável da produção de alimentos, principalmente de cereais e tubérculos, apenas em grandes propriedades que possuíam terras em condições ideais para a aplicação da modernização, como, por exemplo, relevo plano para possibilitar a mecanização e condições climáticas favoráveis, entre outros. Em países que não realizaram reforma agrária e os trabalhadores agrícolas não tinham propriedade familiar, sobretudo na África e no Sudeste Asiático, a mecanização da mão-de-obra contribuiu para o aumento dos índices de pobreza e provocou êxodo rural.O sistema mais utilizado pelos países que seguiram as premissas da Revolução Verde foi a monocultura, o que resultou em sérios impactos ambientais.Além dos desequilíbrios ambientais causados pela monocultura, a modernização substituiu as inúmeras variedades vegetais por algumas poucas, levando à chamada erosão genética (extinção das variedades ou das raças de uma dada espécie). Assim, grandes indústrias iniciaram o processo de controle sobre o comércio e a pesquisa que modificam a semente dos vegetais cultivados e passaram a controlar toda a cadeia de insumos. Entretanto as sementes modificadas não são totalmente férteis, o que obriga os produtores a comprar novas sementes a cada safra se quiser em obter boa a produtividade. Isso se tornou um grande obstáculo para os pequenos agricultores, pois trouxe a necessidade de compra e reposição constante de sementes e fertilizantes que se adaptem melhor a cada semente, aumentando muito o custo de produção. (MOREIRA, J.C., SENE, E.2008. ., 520-530)

A cobertura pedológica, formada basicamente por latossolos vermelhos, que recobre o Arenito Caiuá, na região noroeste do Paraná(...) é formada por solos arenosos, profundos, facilmente desagregáveis e muito suscetíveis à erosão de origem hídrica, o que proporciona o surgimento de formas erosivas, como sulcos, ravinas, voçorocas , e erosão laminar.

GASPARETO, N.L. e CARVALHO, A. 2001

havia eram apenas indícios isolados de modernização posta em prática pela

classe empresarial emergente.

A modernização agrícola já havia se consolidado em São Paulo e no Rio

Grande do Sul, quando inicia esse processo no Paraná, o que possibilitou

transplantar para seu espaço agrário apenas as inovações que deram certo,

suplantando a fase de experiência, o que ajuda a explicar tamanha velocidade

de implantação desse processo.

Em toda a região colonizada pela CMNP essa incorporação do novo

modelo agropecuário foi acontecendo com intensidade e velocidade diferente.

Nas regiões próxima as cidades de Londrina e Maringá, onde o

processo colonizador se deu primeiramente, por ter as condições de solo e relevo

excelentes para a mecanização, receberam os maiores incentivos para a

produção de soja, trigo e milho, pois necessitavam de uma cultura que

imediatamente substituísse a erradicação dos cafezais e para que a

modernização da agricultura se estabelecesse.

O cultivo do soja recebeu grande estímulo para sua expansão em área e

em exportação durante o governo militar com a finalidade de ampliar o comércio

internacional do Brasil com a Comunidade Européia e o Japão, além do que o seu

principal produto, o óleo se expandiu em hábito alimentar, além da ampliação da

utilização do farelo de soja como principal ingrediente na produção de ração

animal.

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O norte paranaense com a substituição da lavoura cafeeira na década de

1970 se tornou uma região de grande potencial para a configuração do processo

modernizador do campo, pois, associado à política de modernização

desenvolveu-se a infra-estrutura e ainda com condições de relevo suavemente

ondulado e um solo favorecido por nutrientes, se constituiu as condições

necessárias que possibilitou as grandes lavouras de grãos. No noroeste, porém,

uma dessas condições – o solo – em particular não favoreceu da mesma forma a

modernização da agricultura como nas demais regiões do norte paranaense.

Sendo assim, por essas e outras razões onde a modernização da

agricultura não se fez pelas culturas de grãos (soja, trigo, milho) altamente

dependentes de capital, ela abriu espaço para outras como a cana-de-açúcar e a

mandioca para a afirmação do pasto, como é o caso da área do denominado

arenito caiuá.

Nessas áreas a produção do café se mostra com resistência até meados

da década de 1980 mesmo com a política oficial de desestímulo à cafeicultura e

em contra partida o estímulo às culturas modernas. Apesar da resistência a

penetração da modernização era inevitável, principalmente pela descapitalização

que atravessava os produtores de café, agravada pelo processo de degradação

do solo, alcançando baixas produtividade e pelas sucessivas geadas. Diante das

dificuldades muitos produtores foram arrendando suas propriedades, enquanto

outros tantos a venderam-na liberando tais propriedades para a inserção da

modernização da agricultura e com maior relevância à pastagem de baixa

exploração econômica.

Parte significativa dos municípios da região noroeste do Paraná passou

por tempos difíceis com o fim do ciclo do café. Enquanto a cultura cafeeira

dominava a paisagem, ela tratava de fixar o homem ao campo, pois quase tudo o

que precisavam o campo poderia lhe oferecer. No entanto essa situação se

altera com introdução da lavoura mecanizada, e ainda com maior freqüência no

noroeste, com as pastagens.

A população rural permaneceu no campo enquanto a lavoura cafeeira

também permaneceu, pois implicava numa rotatividade do trabalho que

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necessitava constantemente de mão-de-obra, o que assegurava a sobrevivência

da família.

Com o processo de modernização na agricultura alteraram-se as relações

de trabalho, ocasionando quedas progressivas do contingente populacional que

se ocupava do campo. Por ser a cafeicultura a grande mantenedora da população

rural, quando esta deixa de ser a principal cultura cedendo espaço para outras em

que as máquinas realizavam praticamente todo o trabalho, tem-se instaurado o

sério problema do êxodo rural, mais a concentração da posse da terra e da renda.

A homologação do Estatuto do Trabalhador Rural, em 1963, que

transformou o trabalhador rural em empregado rural, prescrevendo os mesmos

direitos para o agricultor(empregador rural) aos do trabalhador urbano, no que se

refere a férias, 13º salário, horas extras, entre outros benefícios, provocou uma

revolução nas relações de trabalho e agravou a situação dos trabalhadores do

campo, pois diante de tantos encargos prescritos por essa legislação, os

proprietários rurais optaram por não querer em suas terras trabalhadores com

vínculo trabalhistas, pois houve casos em que, para o acerto dos direitos

trabalhistas, foi necessário a venda da propriedade.

Portanto, a decadência do cultivo do café baseado no trabalho intensivo

de mão-de-obra, as leis trabalhistas, a transformação de extensas áreas de

criação de gado, com utilização de pouco mão-de-obra e o alto grau de

mecanização da agricultura levaram a um desemprego rural de dimensões

catastróficas em grande parte do norte e noroeste do Paraná. Essa população, no

entanto não migrou somente e respectivamente para as cidades e mesmo região

próxima, mas para grandes centros como Curitiba e São Paulo e regiões

metropolitanas, aonde iam à busca por emprego, escola para os filhos e maior

conforto da cidade. Muitos também foram tentar o seu espaço na nova fronteira

agrícola que se forma na região de Mato Grosso e Rondônia.

A mão-de-obra antes ocupada no campo, mesmo que em economia

familiar, de produção mais de subsistência que propriamente para o comércio,

tinha de onde retirar ao menos sua sobrevivência. No entanto, ao se direcionar

para as cidades, essa tarefa torna-se um tanto mais difícil, pois, aumentaram as

27

despesas e diminuem os recursos. Ora, se no campo as desigualdades sócio-

econômicas já existiam, na cidade elas se acentuaram ainda mais, principalmente

as condições da subsistência dificultadas pela dependência do emprego tanto no

setor urbano ou quanto na zona rural como “bóia-fria”.

Com a modernização tecnológica o que se observa é uma mudança na

estrutura fundiária, com um alto grau de concentração de terra que se processou

de duas forma: primeiramente quando os proprietários retomam as terras cedidas

anteriormente em arrendamento e/ou parceria para o cultivo do café; a segunda

ocorre pela eliminação de produtores cujas propriedades não tinham tamanho

e/ou qualidade de terras adequadas à escala de produção e às exigências da

nova tecnologia.

O que se observa é que a concentração fundiária que se processou na

região noroeste do Paraná ocorreu em função da crise enfrentada pela

cafeicultura e a conseqüente implantação da pastagem em moldes tradicionais de

características extrativas e posteriormente pela maior descapitalização desse

produtor.

Ao fazer a opção pela pastagem o produtor primeiramente mecanizou o

solo, adicionou calcário e plantou o capim, não realizando maiores investimentos,

o que ao longo do tempo levou a uma pastagem degradada e com baixíssimo

retorno econômico, deixando o produtor cada vez mais descapitalizado.

A trajetória da população que até a década de 1960 se direcionava e se

estabelecia pelo norte e nordeste paranaense, toma sentido inverso a partir de

1970. Como nos mostra os dados da tabela a seguir o dinamismo da população

foi marcado até a década de 1960 pela boa fase da cafeicultura e na fase

posterior a 1970 pelo desestímulo causado na mesma, acompanhado pela

inserção da modernização da agricultura.

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EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO TOTAL, URBANA E RURAL DO NORTE PARANAENSE E DO ESTADO DO PARANÁ- NO PERÍODO DE 1960 Á 2000.

AnoNorte paranaense Estado do Paraná

Pop. total Pop.urbana Pop. rural Pop. total Pop.urbana Pop. rural1960 2.427.768 597.615 1.830.153 4.277.763 1.305.927 2.962.312

1970 3.734.936 1.170.833 2.564.103 6.865.928 2.495.042 4.370.886

1980 3.192.462 1.767.013 1.425.449 7.629.392 4.472.561 4.370.886

1991 2.849.525 2.423.748 864.597 8.448.713 6.197.953 2.250.760

2000 3.018.342 2.524.620 493.722 9.558.126 7.782.005 1.776.121

Fonte: IBGE: censos demográficos

Busque nos censo de 1960, 1970, 1980, 1991 e 2000 os dados sobre a região noroeste paranaense e monte a sua tabela.

Verifique se o processo de declínio populacional também ocorreu.

Verifique também os dados do seu município.

Faça uma analise e busque informações com os moradores mais antigos sobre as dificuldades passadas por essa população, qual a solução encontrada. Se migraram, qual o destino? E hoje como estão?

Tal esvaziamento rural, que se deu em função da introdução da

pastagem extensiva, vai se agravar mais recentemente com o avanço das

lavouras de cana-de-açúcar, em razão da ampliação do parque sucroalcooleiro na

região. No caso de Nova Olímpia, essa nova forma de uso do solo, adquiriu

também a forma de esvaziamento econômico, na medida em que, a

industrialização do produto para a produção de álcool e açúcar se localiza no

município vizinho.

A nova atividade econômica ganha expressão geográfica, neste cenário,

no final da década de 1980, em função da instalação da Usaciga – Usina

Cidade Gaúcha de Açúcar, Álcool e Energia Elétrica S.A, localizada em Cidade

Gaúcha. O município de Nova Olímpia passa a ser fornecedor de matéria-prima

para essa indústria. Neste momento, como opção de utilização racional do solo,

verifica-se o arrendamento de áreas agrícolas à Usina para o cultivo da cana.

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O predomínio do cultivo da cana no uso do solo do município, gerou um

conjunto de transformações sócio-econômicas, caracterizadas pela concentração

fundiária, esvaziamento populacional, redução na produção de alimentos básicos

para o autoconsumo local e forte dependência da agroindústria do álcool.

A Usina surge como única opção ao produtor descapitalizado e os

subordina a seus interesses, expropriando os pequenos produtores e

consolidando ainda mais o surgimento do operariado rural na figura do “volante”

ou bóia-fria”, promovendo um avanço da área cultivada com cana-de-açúcar em

prejuízo das culturas alimentares como arroz milho, feijão.

Concluindo, no norte e noroeste paranaense as florestas cederam lugar à

paisagem agrícola produzida pelo homem num processo muito rápido. A cultura

de subsistência entremeia a cultura cafeeira configuraram a paisagem regional no

período que se estende da década de 1930 à década de 1960 e, depois sede

lugar, para as culturas mecanizadas, e/ou para a pastagem com o processo de

modernização da agricultura. Ambas as situações, ou seja, as duas paisagens

produzidas pelo homem, refletiram na espacialização e na densidade

demográfica, ora para uma maior concentração da população no campo, ora para

o declínio da população rural e total de toda a região.

Portanto, o espaço é a criação da sociedade e, o conjunto de atividades

desempenhadas continuamente por essa sociedade promove a transformação

desse espaço geográfico. E a observação e análise da paisagem do lugar onde

se vive podem ser o ponto de partida para possibilidade de compreensão da

sociedade, pelo conjunto de suas representações espaciais e sociais. A fim de

identificar acontecimentos históricos do Município vinculados a colonização e ao

uso do solo agrícola, organize com os colegas da turma um trabalho de pesquisa:

Reúna-se os colegas em grupo de trabalho que se responsabilize para a realização de entrevistas com, pioneiros ou pessoas que poderiam contribuir para a coleta de informações.

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Elabore com o grupo o conjunto de questionamentos que seria importante para a coleta de informações, tais como:

Em que ano vieram para esta localidade?De onde vieram e por quê?Como era essa região na época?Quando vieram adquiriram uma propriedade ou foram empregados

em algum sistema de trabalho? Qual a condição (empreiteiro, porcenteiro, proprietários, etc.)?

Como foi a aquisição dessas terras? De quem compraram as terras?Como foi a derrubada da mata?O que plantaram após a derrubada da mata?Qual a importância econômica do café neste processo de

colonização?Como conseguiram pagar a terra?Tinham empregados? Como era o sistema de trabalho?Quando começaram a perceber a crise da cafeicultura?O que fizeram?Quando pararam de produzir o café em suas terras, por quê? Qual

foi a opção de substituição? Por quê?Passaram por dificuldades financeiras, por quê?Enumere as transformações ocorridas? E Hoje o que fazem? Tem propriedade? Como vê a paisagem agrária do município?

Registre essas entrevistas através de gravação, e depois transcrevendo.

Montem no programa Powerpoint, slides, com imagens e dados coletados e apresentem aos outros grupos.

31

Elabore um texto conclusivo descrevendo a paisagem do seu lugar de vivência, destacando as marcas do passado e a configuração atual.

Referências:

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RODRIGUES, Arlete Moysés. Moradia nas cidades Brasileiras, Editora

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33

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