Da gramática nebrijiana à variação linguística da Língua Espanhola

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21 DA GRAMÁTICANEBRIJIANA À VARIAÇÃO LINGUÍSTICA DA LÍNGUA ESPANHOLA Elaine Teixeira da Silva 1 RESUMO: O presente estudo tem por objetivo apresentar a importância da criação da primeira gramática castelhana para que se compreenda as diferenças existentes entre o espanhol usado na Espanha e o castelhano usado na América Latina. É necessário ao estudante conhecer a origem da língua espanhola e a sua evolução, assim como a contribuição dela para caracterizar as peculiaridades de todos aqueles que fazem uso desse idioma, pois assinalam a identidade de cada país, cultura e povo. Assim, o discenteao estar em contato com a língua aprenderá e entenderá que o castelhano e o espanhol na verdade são um só idioma com algumas variantes linguísticas. Trata-se de uma pesquisa explicativa que busca identificar os fatores que contribuíram para as ocorrências linguísticas no Espanhol. Buscou-se fundamentação teórica emLeffa(1998), Llorach (2000), Nebrija (1492), Rubio; González; Bulnes (2009) entre outros. Palavras-chave: Castelhano e espanhol. Variação linguística. Gramáticaespanhola. Introdução A língua castelhana passou por mudanças consideráveisdesde o surgimento da primeira gramática da língua espanhola. As contribuições de Antonio de Nebrija para a língua foram de suma importância, pois a Espanha possuíaumdialetodiversificadoem virtude das inúmeras ocupações de territórios conquistados assim como pelas raízes gregas e latinas. Do mesmo modo, ocorreu com a conquista da América, que também tinha o seu próprio dialeto e acrescentou a ele o castelhano advindo com os espanhóis. A diversidade linguística oriunda dessas uniõestornou-se um componente rico para a cultura e para a identidade daqueles que falam a língua como seu idioma oficial ou para aqueles que a adotam como segunda língua. 1 O surgimento da gramática castelhana 1 Especialista em Ensino de Língua Espanhola (UCAM). Especialista em Estudos de Língua Portuguesa e de Literatura Brasileira (UniFSJ). Licenciada em Letras/Espanhol (UNIFSJ). Professora da rede pública de ensino (SEEDUC/RJ), professora de Língua Espanhola da Escola de Aplicação da Fundação São José (EAP) e professora de Língua Espanhola I e Introdução aos Estudos Literários do Centro Universitário São José de Itaperuna (UniFSJ). Email: [email protected]

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    DA GRAMTICANEBRIJIANA VARIAO LINGUSTICA DA LNGUA ESPANHOLA

    Elaine Teixeira da Silva1

    RESUMO: O presente estudo tem por objetivo apresentar a importncia da criao da primeira gramtica castelhana para que se compreenda as diferenas existentes entre o espanhol usado na Espanha e o castelhano usado na Amrica Latina. necessrio ao estudante conhecer a origem da lngua espanhola e a sua evoluo, assim como a contribuio dela para caracterizar as peculiaridades de todos aqueles que fazem uso desse idioma, pois assinalam a identidade de cada pas, cultura e povo. Assim, o discenteao estar em contato com a lngua aprender e entender que o castelhano e o espanhol na verdade so um s idioma com algumas variantes lingusticas. Trata-se de uma pesquisa explicativa que busca identificar os fatores que contriburam para as ocorrncias lingusticas no Espanhol. Buscou-se fundamentao terica emLeffa(1998), Llorach (2000), Nebrija (1492), Rubio; Gonzlez; Bulnes (2009) entre outros. Palavras-chave: Castelhano e espanhol. Variao lingustica. Gramticaespanhola. Introduo

    A lngua castelhana passou por mudanas considerveisdesde o surgimento

    da primeira gramtica da lngua espanhola. As contribuies de Antonio de Nebrija

    para a lngua foram de suma importncia, pois a Espanha

    possuaumdialetodiversificadoem virtude das inmeras ocupaes de territrios

    conquistados assim como pelas razes gregas e latinas.

    Do mesmo modo, ocorreu com a conquista da Amrica, que tambm tinha o

    seu prprio dialeto e acrescentou a ele o castelhano advindo com os espanhis. A

    diversidade lingustica oriunda dessas uniestornou-se um componente rico para a

    cultura e para a identidade daqueles que falam a lngua como seu idioma oficial ou

    para aqueles que a adotam como segunda lngua.

    1 O surgimento da gramtica castelhana

    1

    Especialista em Ensino de Lngua Espanhola (UCAM). Especialista em Estudos de Lngua Portuguesa e de Literatura Brasileira (UniFSJ). Licenciada em Letras/Espanhol (UNIFSJ). Professora da rede pblica de ensino (SEEDUC/RJ), professora de Lngua Espanhola da Escola de Aplicao da Fundao So Jos (EAP) e professora de Lngua Espanhola I e Introduo aos Estudos Literrios do Centro Universitrio So Jos de Itaperuna (UniFSJ). Email: [email protected]

    mailto:[email protected]

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    Poeta, astrnomo, fillogo, historiador, pedagogo e gramtico,Antonio Martnez

    de Cala e Hinojosa,nasceu no ano de1444, em Lebrija, provncia de Sevilla.Iniciou

    seus estudos aos 15 anos na Universidade de Salamanca, graduando-se nesta

    instituio quatro anos mais tarde em Retrica e Gramtica.Continuou seus estudos

    em grego e latimindo para a Itlia, pois acreditava que em Salamanca estas duas

    lnguas no eram tratadas com seus devidos merecimentos.Alguns anos

    depois,publicou a gramtica latina Introductioneslatinae(1481), que serviria como

    texto para os estudantes da lngua dos csares at o sculo XIX.

    De todas as obras publicadas por Nebrija, nenhuma teve tanta importncia

    quanto a publicao da Gramtica de lalenguacastellana(1492)2. Para a Asociacin

    Cultural Antonio de Nebrija que mantm o acervo de Nebrijana internet:

    La novedad de la gramtica resida en que nunca antes se haba escrito una gramtica en una lengua contempornea. Para los hombres de la Edad Media, slo el latn y el griego estaban dotados de una grandeza que haca esas lenguas merecedoras de estudio y anlisis, mientras que las "lenguas vulgares" se regan apenas por el gusto de los hablantes, sin necesidad de que ste fuera estudiado ni

    de que sus reglas se establecieran (ASOCIACIN CULTURAL ANTONIO DE NEBRIJA, 2016).3

    Antonio de Nebrijaacreditava na necessidade de promover a nova lngua para

    que todos a pudessem utilizar como referncia de suas identidades culturais.

    Portanto, para Bardari (2013),

    Nebrija escreve sua Gramtica pensando no s nos que tm de aprender o latim, aos quais indiretamente aconselha primeiro a estudar o castelhano, mas tambm nos estranhos que no conhecem esse idioma. Por fim, a obra de Nebrija considerada, para o momento em que ele a escreveu, um modelo de nova tcnica educacional (BARDARI, 2013, p. 6).

    2As palavras transcritas da gramtica nebrijiana eram escritas do modo como aparecem no presente

    estudo. 3A novidade da gramtica consistia em que nunca antes se havia escrito uma gramtica em uma

    lngua contempornea. Para os homens da Idade Mdia, somente o latim e o grego estavam dotados de uma grandeza que fazia essas lnguas merecedoras de estudo e anlises, enquanto que as lnguas vulgares regiam-se apenas pelo gosto dos falantes, sem necessidade de que este fora estudado nem de que suas regras se estabelecessem. Disponvel em: http://www.antoniodenebrija.org/biografia.html(Traduo da autora deste artigo).

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    Entende-se por gramtica como um conjunto de regras subentendidas de um

    sistema lingustico ou um conjunto de organizao interna prpria de uma

    determinada lngua, eNebrija com as influncias latinas e gregas, elabora a primeira

    gramtica da lngua castelhana que auxiliaria no somente o novo mundo que

    estava prestes a nascer com a descoberta das Amricas como tambm

    atodaEspanha.

    O castelhano um termo derivado de Castilla, territrio que estava em

    ascenso pela rica criao de ovelhas e explorao de minrios o que

    contribuapara o crescimento daquela regio que era governada pelos Reis

    Catlicos Isabel e Fernando(1469-1504).

    Nebrija(1492) direcionou o prlogo da sua gramtica Rainha Isabelque

    presidia o trono naquele ano,pois sabia da influncia que a monarquia exercia sobre

    o povo, declarando que [...]por conclusin mui cierta: que

    siemprelalenguafuecompaera Del imperio; y de tal maneralosigui, que junta mente

    comenaron, crecieron y florecieron [...] (NEBRIJA, 1492) 4 ,assim a lengua

    romance5estaria garantida para proliferar entre os falantes,fato este ocorrido at os

    dias de hoje.

    A organizao de um conjunto de regras seria necessria para o bom uso

    dessa nova lngua, fator que leva o Gramtico a apresentar sua obra dividida em

    cinco partes: ortografia, prosdia, etimologia, sintaxe e o ltimo captulo direcionado

    queles que queriam aprender a estraalengua(NEBRIJA, 1492).

    A confeco da Gramtica de lalenguacastellana(1492)comprovaoquo

    importante para o homem o surgimento das palavras quando ele diz que:

    Entre todas las cosas que por experiencia los ombres hallaron: o por reuelacion divina nos fueron demostradas para polir e adornar la vida umana: ninguna otra fue tan necessaria: ni que maiores provechos nos acarreasse: que la invencin delas letras(NEBRIJA, 1492).6

    4[...] que sempre a lngua foi companheira do Imprio; e de tal maneira o seguiu, que juntamente

    comearam, cresceram e floresceram [...]. Disponvel em: http://www.antoniodenebrija.org/libro1.html(Traduo da autora deste artigo). 5 Termo utilizado para as lnguas modernas derivadas do latim.

    6Entre todas as coisas que por experincia os homens descobriram: ou por revelao divina nos

    foram demonstradas para polir e adornar a vida humana: nenhuma outra foi to necessria: nem que maiores proveitos nos acercassem: que a inveno das letras.Disponvel em: http://www.antoniodenebrija.org/libro1.htm (Traduo da autora deste artigo).

    http://www.antoniodenebrija.org/libro1.html

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    A princpio, o alfabeto castelhano foi constitudo de 26 letras, que Nebrija

    (1492) no captulo seis de sua gramtica as define como:a b c ch d e f g h i j l ll m n

    o p r s t v u x z, apontando os usos e as funes fonticas para cada uma [...]por

    lascuales distintamente podemos representar [...] (NEBRIJA, 1492)7.

    2 Variao lingustica e patrimnio cultural

    El habla evoluciona sola, no tiene por qu proclamar ni declarar la libertad de la palabra, ni su servidumbre. [] Si queremos saber adnde vamos hay que saber de dnde venimos. (PAZ, apudRICO 1997).

    Segundo Bentes; Mussalim(2000, p. 23), a lngua um fato social, no sentido

    de que um sistema convencional adquirido pelos indivduos no convvio social, por

    ser varivel em funo daqueles que compe uma comunidade, observou-se

    quedesde a criaoda lngua castelhana podem-se distinguir trs perodos: o

    medieval ou castelhano antigo (dos sculos X ao XV), o espanhol moderno (entre os

    sculos XVI e XVII) e o contemporneo, que vai da fundao da Real Academia

    Espanhola(RAE) at os dias atuais.

    Por iniciativa de Juan Manuel Fernndez Pacheco, marqus de Villena, em

    1713fundou-se a Real Academia Espaola, aprovada sua constituio em 03 de

    outubro de 1714 pelo rei Felipe V, que a deixou sob suamparo y Real

    Proteccin(RAE) 8 , como propsito de fijarlasvoces y vocablos de

    lalenguacastellanaensumayorpropiedad, elegancia y pureza(RAE)9.

    Embora seja o idioma oficial falado na Espanha e na maioria dos pases da

    Amrica Latina, h entre essas localidadesalgumas diferenas lingusticas, tanto na

    fala quanto nosignificado de algumas palavras. Pode-se citar como por exemplo, o

    verbo cogerque na Espanha significa o mesmo que Hacer uso (de unvehculo).

    Cogemosun taxis (RUBIO;GONZLEZ; BULNES, 2009, p. 146).Na Amrica, o

    falante deve tomar cuidado, pois significa [r]ealizarel coito

    (conalguien)(RUBIO;GONZLEZ; BULNES, 2009, p. 146). Ou at uma gria usada

    7

    [...] pelas quais distintamente podemos representar [...] Disponvel em: http://www.antoniodenebrija.org/libro1.htm (Traduo da autora deste artigo). 8seu amparo e Real Proteo.http://www.rae.es/ (Traduo da autora deste artigo).

    9 fixar as vozes e vocbulos da lngua castelhana em sua maior propriedade, elegncia e

    pureza.http://www.rae.es/ (Traduo da autora deste artigo).

    http://www.rae.es/http://www.rae.es/

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    pelos jovens na Amrica, como chuleta para falar de algum que leva um papel

    escrito para colar nas provas escolares (GARCA-TALAVERA, 2008, p. 98), ena

    Espanha,nada mais do que uma costillacon carne de vaca, de cerdo o de cordero

    (RUBIO;GONZLEZ; BULNES, 2009, p. 135).

    Existem outras diferenas, como as grficas e as sonoras, como o caso das

    fricativas surdas/s/ e /z/,por possuem a mesma sonoridade recebem o nome de

    seseoconsistindo na igualao articulatria comonas palavras casa(habitao), e

    caza (variante do verbo caar).Tal semelhana acontece

    [] como consecuenciadel reajuste que a lo largo delsiglo XVI modific sobre todo los fonemas sibilantes delcastellano medieval. En zonas meridionales de la Pennsula y en los territorios atlnticos (Canarias y Amrica), el aflojamiento articulatorio de las consonantes africadas medievales (escritas y z) y la desaparicin de la sonoridad como rasgo propio de los antiguos fonemas sibilantes condujeron a la fusin de lo que en castellano result los fonemas actuales /s/ y /z/, de manera que qued un solo fonema[](LLORACH, 2000, p.35).10

    Outra caracterstica da lngua relaciona-sesconsoantes/ ll/ e / y/queao longo

    dos sculosreceberam o nome de yesmo, hbito de pronunciar a letra / ll/como / y/,

    mas o contextoem que elasesto inseridas evita toda ambiguidade, uma vez que

    [...] pollo-poyo, rallar-rayar, callado-cayado, huella-huya, etc., tienen pocas

    oportunidades de aparecer enuna misma secuencia de habla(LLORACH, 2000, p.

    35).11

    Essas diferenas so resultados dasconquistas espanholas no decorrer de sua

    histria,assim como a lngua castelhana, a europeia e a latino-americanaso

    constitudas por uma enorme quantidade de vozes derivadas de outras lnguas de

    variados grupos.Por isso, possvel encontrar palavras celtas, iberas, ostrogodas,

    10

    Como consequncia do reajuste que ao longo do sculo XVI modifico sobre tudo os fonemas

    sibilantes do castelhano medieval. Em zonas meridionais da Pennsula e em territrios atlnticos (Canrias e Amrica), o afrouxamento articulatrio das consoantes africadas medievais (escritas com e z) e a desapario da sonoridade como caracterstica prpria dos antigos fonemas sibilantes conduziram a fuso do que em castelhano resultou nos fonemas atuais /s/ e /z/, de maneira que ficou um s fonema[...](Traduo da autora deste artigo). 11

    [...] pollo-poyo, rallar-rayar, callado-cayado, huella-huya, etc., tem poucas oportunidades de aparecer em uma mesma sequncia de palavras. (Preferiu-se neste caso, permanecer com as palavras para anlise sem traduo para que haja um entendimento melhor do que foi explicado).(Traduo da autora deste artigo).

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    visigodas, latinas, gregas, rabes, francesas, italianas, germanas, caribes, aztecas,

    quechuas, guaranis entre outras

    Observa-se nos pases daAmrica que estes aindaconservam um grande

    nmero de palavras obsoletas, comoo uso do pronome vos, que utilizado mais

    frequentemente na Argentina e grande parte daAmrica Central, no lugar do

    pronome t para o tratamento informal referindo-se 2 pessoa do singular e qued

    origem ao conhecido voseoque afeta sobretudo a conjugao verbal.Por exemplo,

    os verbos conjugados no presente do indicativo llegar, querer e venir, que em suas

    formas usuaisso conjugados llegas,quieres e vienes, com o uso do voseo conjuga-

    se tirando a r do infinitivo acrescentando a letra s e o acento na ltima vogal,

    llegs, quers e vens, com exceo do verbo ser que, neste caso, tem forma

    prpria,sos, (De dndesos?).

    Outra mudana relevante ocorreu com o pronome de tratamento [...]

    vuestramerced, desgastada por lafrecuencia de empleo, ha dado lugar a las

    unidades ustedde singular y ustedes de plural(LLORACH, 2000, p. 76).12

    Para Sosa(2013),uma das razes pelas quais se reconhecem as diferenas

    entre as variantes faladas na Amrica e na Espanha a variedade lingustica

    existente entre os desbravadores e os missionrios que chegaram ao continente

    Americano e a variedade de comunidades que j existiam,cada qual com a sua

    prpria lngua, poisquando o castelhano chegou Amrica Latina, logo aps o seu

    descobrimento, ele j havia adquirido as suas caractersticas.

    Acompletude da Lngua assegurada pelaortografia e pelas normas

    gramaticais, por isso h a colaborao entre as diversas Academias da Lngua

    Espanhola e as dos pases hispnicoscom o objetivo de preservar essa unidade. A

    Espanha elaborou o mtodo centralizado de ensino do idioma, que difundido por

    todo o mundo atravs do Instituto Cervantes, assim como a juno da Real

    AcademiaEspaola a 21 Academias da Amrica e Filipinas que juntas incorporam a

    Asociacin de Academias de laLenguaEspaola, uma vez que:

    La globalizacin de lascomunicaciones, los flujos migratorios y lamovilidad cada vez mayor de las personas hacen que hoy nos

    12

    [...] vuestramerced, desgastada pela frequncia do emprego, deu lugar as unidades usted de singular e ustedes de plural.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Instituto_Cervantes

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    llegue de las ms distintas partes del mundo unespaol variado ensu lxico(RUBIO;GONZLEZ;BULNES, 2009, p. 9).13

    O prprio gnesis gramatical da lngua espanhola passou por mudanas

    considerveis no que diz respeito grafia de algumas palavras, porm o que as

    Academias buscam evitar a disperso grfica, guiar a pronncia das palavras e

    conservar a identidade das comunidades lingusticas.

    3 Variaes lingusticas e competncia gramatical

    Um dos fatores responsveis para o ensino de uma segunda lngua a

    competncia gramatical,inserida na abordagem comunicativa.Dentre as abordagens

    para o ensino de lngua estrangeira, esta a que contribui para que o aluno aprenda

    a comunicar-se em outro idioma que de acordo com Leffa(1998),

    [...]el Enfoque Comunicativo fue avasallador en la teora y en la prctica de la enseanza de lenguas, produciendo una zafra fecunda de manuales nocionales-funcionales para los profesores y material comunicativo para los alumnos(LEFFA, 1998, p. 227).14

    Essa abordagemfacilitouo ensino de uma lngua estrangeira, pois possibilita

    que o aluno perceba o funcionamento e as normas que regem a lngua permitindo

    que agramtica se insira no processo de ensino-aprendizagem de ELE deforma

    contextualizada, se transformando em um meio de intercmbioe negociao de

    informaes que levem os estudantes produo e compreenso na LE

    (LOUREIRO, 2009, p. 43).15

    As variedades lingusticas existentes na lngua devem ser respeitadas e

    observadas,j que formam parte do dossi de cada cultura, e na aprendizagem de

    13

    A globalizao das comunicaes, os fluxos migratrios e a mobilidade cada vez maior das pessoas fazem que hoje nos chegue das mais diversas partes do mundo um espanhol variado em seu lxico. (Traduo da autora deste artigo). 14

    [...] o Enfoque Comunicativo foi avassalador na teoria e na prtica do ensino de lnguas, produzindo uma safra fecunda de manuais nocionais-funcionais para os professores e material comunicativo para os alunos. 15

    ELE, sigla referente ao Espanhol como Lngua Estrangeira. LE, sigla referente Lngua Estrangeira. (Traduo da autora deste artigo).

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    uma segunda lngua elas servem como um componente a mais na aquisio

    lingustica e cognitiva, corroborando com o parecer de Silva(2013),pois

    [...] para que o ensino seja eficiente e como soluo aessa problemtica que enfrenta o aluno no seu processo de aprendizagem do lxico preciso cultivar as habilidades de percepo entre as variedades lingusticas e oconhecimento do valor social atribudo a cada uma, permitindo ao estudante acapacidade de selecionar a variedade mais adequada ao contexto e situao (SILVA, 2013, p. 3).

    O estudante de Espanhol como Lngua Estrangeira (ELE)ao entrar em contato

    com a gramtica deve ser apresentado ele as duas culturas da lngua, comeando

    pela dicotomia Espanhol/Castelhano que entre os alunosh separao do idioma

    como se existissem duas lnguas diferentes at que eles compreendam que o termo

    eleito preferencialmente pelas localidades.Na Espanha o termo espanhol

    adotado em derivao com o prprio nome do pas e na Amrica Latina o termo

    castelhano usado em funo das poucas mudanas ocorridas na lngua desde a

    sua chegada s colnias latinas, assim como a preservao do idioma.

    A competncia gramatical contribui para o aprendizado por permitir que o

    estudante de ELE esteja em contato tanto direto quanto indireto com o idioma,

    aprendendo a reconhecer e a diferenciar as peculiaridades da lngua.

    Consideraes finais

    Pode-seobservar neste estudo que a criao da primeira gramtica castelhana

    foi de grande importncia para que a lngua espanhola tivesse a suaprpria

    identidadetanto na Espanha quanto na Amrica Latina.

    As diferenas lingusticas mostram que cada povo responsvel pelo seu falar

    e que no existe uma lngua melhor ou pior, e sim que h uma enorme variedade

    dentro de um mesmo sistema lingustico que servem para acrescentar ao estudante

    um conhecimento a mais e ao falante nativo a sua identidade cultural.

    Hoje, necessrio aprender as regras gramaticais e conhecer os usos e as

    possibilidades existentespara o aprendizado de lngua espanhola. fundamental

    permitir ao aluno observar as variantes seja fontica, com o uso de ferramentas

    auditivas e oral que iro proporcionar a competncia comunicativa, seja

    ortogrfica,seja auxiliando na leitura ou na produo escrita.

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    Conhecer a origem e a formao da Gramtica de lalenguacastellana

    primordial para o aluno de ELE, pois proporciona uma compreenso melhore maior

    da estrutura e funcionamento da lngua que to rica em suas variedades

    lingusticas.

    REFERNCIAS ASOCIACIN CULTURAL ANTONIO DE NEBRIJA. Disponvel em: Acesso em: 06 de abr. de 2016. BARDARI, Srsi. O ABC das lnguas castelhana e portuguesa: Antonio de Nebrija e Ferno de Oliveira.Disponvel em: Acesso em: 06 de abr. 2016. BENTES, Anna Christina; MUSSALIM, Fernanda. Introduo lingustica: domnios efronteiras. Vol.1. So Paulo: Cortez,2000.

    GARCA-TALAVERA, Miguel Diaz y. Dicionrio Santillana. 2. ed. So Paulo: Moderna, 2008. LEFFA, Vilson J. Metodologia do ensino de lnguas. In BOHN, H. I.; VANDRESEN, P. Tpicos em lingustica aplicada: o ensino de lnguas estrangeiras. Florianpolis: UFSC, 1998, p. 211-236. LLORACH, Emilio Alarcos. Gramtica de la lengua espaola.Real Academia Espaola. Coleccin Nebrija y Bello.2 reimpresin. Madrid: Espasa, 2000. LOUREIRO,Valria Jane Siqueira.A competncia gramatical no ensino do espanhol como lngua estrangeira. In: Anais do XIII CNLF(UGF/UGB/FERLAGOS).Rio de Janeiro:CiFEFiL, 2009,p. 41-53. NEBRIJA, Antonio de. Gramtica de lalenguacastellana.Disponvel emAcesso em 06 de abr. 2016. PAZ, Octavio, apudRICO, MaiteZien aos de zoledadaz. El Pas. Mxico, 1997. Disponvel em: Acesso em: 06 de abr. de 2016. RUBIO, MaraLuisalvarez;GONZLEZ, Marta Criado; BULNES, LuisaDiez. El diccionario prctico del estudiante. Real Academia Espaola y Asociacin de Academias de laLenguaEspaola. Espaa: Talleres Grficos de Printer Industria Grfica Newco, S.L., 2009. SILVA, Elaine Cristina Rodrigues. Que espanhol ensinar?: a variao lexical do espanhol como lngua estrangeira. Centro de Comunicao e Letras.Universidade

    http://sersibardari.com.br/?p=998http://www.antoniodenebrija.org/libro1.html

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    Presbiteriana Mackenzie. Disponvel em: Acesso em 30 de ago. 2013. SOSA, Oscar Abel. Historia de lalenguaespaola. Disponvel em:Acesso em 31 de ago. 2013. REA. Real Academia Espaola. Disponvel em. Acesso em 06 de abr. 2016.

    http://www.mackenzie.br/fileadmin/Graduacao/CCL/projeto_todasasletras/inicie/Elaine%20CristinaRodriguesSilva.pdfhttp://www.mackenzie.br/fileadmin/Graduacao/CCL/projeto_todasasletras/inicie/Elaine%20CristinaRodriguesSilva.pdfhttp://www.mackenzie.br/fileadmin/Graduacao/CCL/projeto_todasasletras/inicie/Elaine%20CristinaRodriguesSilva.pdfhttp://www.monografias.com/trabajos11/lespa/lespa.shtml#ixzz2da3AE5Vohttp://www.rae.es/