Da heterogeneidade do discurso à heterogeneidade do texto e suas implicações no processo da...
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Da heterogeneidade do discurso à heterogeneidade do texto e suas
implicações no processo da leitura
Freda Indursky
UFRGS - Instituto de Letras - Teoria e Prática de Leitura Professora Solange Mittmann
Janaína Tatim
Sumário
I. Alguns pressupostos da Análise do Discurso;
II.O texto na Análise do Discurso e o interesse da
Análise do Discurso no texto;
III.Texto: um construto de efeitos;
IV. A relação autor-texto;
V. A relação leitor-texto;
VI. O trabalho da leitura como prática social;
I. Alguns pressupostos da Análise do Discurso;
Discurso: objeto não-empírico, mas de natureza reflexiva e da interpretativa, efeito de sentido entre interlocutores constituido pela língua, pela história e por um sujeito interpelado pela ideologia; está na ordem do repetível (sujeito ele mesmo e da palavra do outro, do já-dito)
Heterogeneidade: remete à palavra do outro que subjaz à palavra do sujeito, a um já-dito amplo e disperso no tempo e no espaço; ao interdiscurso e à memória do dizer/memória discursiva;
Formação discursiva: espaço socio-histórico de dominância de uma ideologia com o qual certos sujeitos se identificam e pelo qual os sentidos se definem, assim há uma certa previsão do que pode e deve ser dito neste lugar social de onde o sujeito se enuncia e no qual ele está incrito assim como outros sujeitos. As posições dos sujeitos numa mesma formação discursiva podem ser divergentes, por isso é também um espaço de heterogeneidade e contradição; (ex: ocupação X invasão; protesto X baderna)
II O texto na Análise do Discurso e o interesse da Análise do Discurso no texto;
Texto: > materialidade linguística através da qual se tem acesso ao discurso; > unidade de análise afetada pelas condições de produção; > espaço simbólico não fechado em si mesmo que estabelece realções com a exterioridade, as quais são: contextuais (determina as condições de sua produção), textuais (intertextualidade, ex: paródias) e interdiscursivas (vários discursos, rede de formulações);> possui uma meterialidade linguística mas de maneira nenhuma se reduz a ela
organização linguística pela organização linguística? NÃÃÃO
texto pelo texto??? NÃÃÃO
...então de que modo o texto interesssa à AD?
...interessa como o texto ORGANIZA sua RELAÇÃO
com a DISCURSIVIDADE, com a EXTERIORIDADE e
o MODO COMO organiza internamente estes
elementos provenientes da exterioridade para que
produzam o EFEITO de um texto homogêneo.
trabalho discursivo de taxtualização
III.Texto: um construto de efeitos;
Efeito de textualidade
Efeito de consistência
Ilusão de estabilização
Efeito-texto
Efeitos de transparência
Efeito de homogeneidade
“A superfície textual precisa parecer
perfeita, plana, lisa, uniforme...”
“Recortes discursivos provenientes de outros textos, de uma memória discursiva...”
IV. A relação autor-texto;
Sujeito-autor
impressão de origem do próprio dizer X apagamento
dos vestígios da interdiscursividade
ilusão de senhor dos sentidos do texto
fechamento e completude simbólico
esquecimento da exterioridade (efeito-sujeito)
efeito-texto como a hetergeneidade estruturada pelo
sujeito-autor
Dialética da memória
discursiva X modalidade do esquecimento
Inconsciência das redes discursivas que atravessam e
dão sustentação ao dizer
V. A relação leitor-textoSujeito-leitor
também interpelado ideologicamente e identificado com formação(s) discursiva(s), ou seja, a produção da leitura feita desde um lugar social, de uma história pessoal de leitura
identifica-se ou não com o discurso e a posição do sujeito-autor
instaura a prática discursiva de leitura interlocução da leitura vai além da interlocução autor-leitor:
trata-se de interlocução de memórias discursivas; atribuição e produção de sentido desconstrução/construção, desestabilização/estabilização,
desestruturação/estruturação de efeitos texto como uma heterogeneidade provisoriamente estruturada
V. O trabalho da leitura como prática social
Ler.......mergulhar na teia discursiva invisível, constituida de palavras anônimas já-ditas e já esquecidas que constituem um “corpo sócio-histórico de vestígios” a serem lidos...trabalho discursivo que lança o sujeito-leitor em um processo histórico de compreensão/interpretação/disputa/produção de sentido...levar o aluno a inscrever-se nessa prática social