DADAÍSMO
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DADAÍSMO
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Eu redijo um manifesto e não quero nada, eu digo portanto certas coisas e sou por princípios contra manifestos (...). Eu redijo este manifesto para mostrar que é possível fazer as ações opostas simultaneamente, numa única fresca respiração; sou contra a ação pela contínua contradição, pela afirmação também, eu não sou nem para nem contra e não explico por que odeio o bom-senso."
"Dada não significa nada: Sabe-se pelos jornais que os negros Krou denominam a cauda da vaca santa: Dada. O cubo é a mãe em certa região da Itália: Dada. Um cavalo de madeira, a ama-de-leite, dupla afirmação em russo e em romeno: Dada. Sábios jornalistas viram nela uma arte para os bébés, outros jesus chamando criancinhas do dia, o retorno a primitivismo seco e barulhento, barulhento e monótono. Não se constrói a sensibilidade sobre uma palavra; toda a construção converge para a perfeição que aborrece, a ideia estagnante de um pântano dourado, relativo ao produto humano."
MANIFESTO DADA (1918) TRISTAN TZARA (1896-1963)
“Assim nasceu DADA, duma necessidade de independência, de desconfiança em relação à Humanidade. Quem é dos nossos conserva a liberdade. Não reconhecemos teoria nenhuma. Estamos fartos das academias cubistas e futuristas: laboratórios de ideias formais. Ou será que se faz arte para ganhar dinheiro?”
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"A obra de arte não deve ser a beleza em si mesma, porque a beleza está morta".
RECEITA PARA FAZER UM POEMA: Pegue um jornal. Pegue a tesoura. Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema. Recorte o artigo. Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente. Tire em seguida cada pedaço um após o outro. Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco. O poema se parecerá com você. E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do público.
“A Arte é tudo aquilo que o artista afirma como tal !
DADA NÃO SIGNIFICA NADA !”
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• Este movimento surge na Suiça com Marcel Duchamp que pinta uma versão da Gioconda com bigodes e uma legenda obscena.
• O Manifesto Dada é apresentado em 1918 por Tristan Tzara e dirige-se aos vários núcleos do Dadaísmo: Berlim, Hanover, Colónia, Paris e New York.
• Segundo este movimento, «a autêntica arte seria a anti-arte» - caracteriza-se pelo uso da troça, do insulto e da crítica, como modo de destruir a ordem e estabelecer o caos.
O Dadaísmo pretendeu romper com todas as normas, valores e conceitos estéticos em vigor e repudia as Vanguardas, acusadas de “laboratórios de ideias formais”.
Afirmou os princípios da liberdade criativa do artista, a casualidade dos métodos, o culto do irracional e do non-sense e o recurso ao inconsciente do artista.
• O seu único princípio é a incoerência. Nada
significa alguma coisa, nem mesmo o nome do movimento.
– É a chamada «ready made» que dá valor artístico a um objecto que normalmente o não tem (um urinol, uma roda de bicicleta, etc.).
– A Performance, a irreverência e a atitude geral de provocação são meios de uma expressão artística que valoriza o processo criativo em detrimento da obra final.
ESPONTANEIDADE
AUTONOMIA CRIATIVA
CASUALIDADE DOS MÉTODOS DE CRIAÇÃO
CULTO DO IRRACIONAL
RECURSO AO INCONSCIENTE
http://www.youtube.com/watch?v=1dkUT5IMO1w&feature=related
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• A propósito do Dadaísmo seria mais correcto falar de grupos ou de um “espírito”, de uma atitude comum em relação ao fazer e ao pensar a arte, do que falar de uma corrente. • O que distingue o fenómeno dadaísta é a autonomia criativa de cada uma das figuras envolvidas nessa aventura e o seu desejo de modificar radicalmente a abordagem mental do produto artístico e, consequentemente, de tudo o que faz parte integrante desse produto:
•As figuras essenciais do artista e do observador •Os inevitáveis intermediários dos museus, do mercado e da imprensa.
• As declarações provocatórias dos dadaístas correspondiam também a uma estratégia de exploração do escândalo como caixa de ressonância no seio de uma comunidade já sobrecarregada de muitas outras mensagens
• Do acordo com o pensamento dadaísta, o que importava já não era modificar o curso da estética e da arte, mas recriá-las tout court, através de processos que pareciam ser meramente destrutivos e autodestrutivos. • Quanto à data de nascença do movimento, embora coincida oficialmente com a abertura em Zurique, em 1916, do Cabaret Voltaire, animado por Tristan Tzara e Hugo Ball, todos são unânimes em considerar que as obras executadas em 1913-14 por Marcel Duchamp e as telas contemporâneas de Picabia antecipam uma situação que viria a explicar-se teoricamente em 1918, com a redação do 1º manifesto dadaísta. Da mesma forma, também costuma associar-se o fim desta experiência comum à explosão do conflito entre Tzara e André Breton, em 1922, embora haja manifestações dadaístas que se prolonguem ainda durante vários anos.
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• O dadaísmo tem as suas raízes históricas em certos locais especiais, centros propulsores de uma actividade expositiva, editorial, mas também teatral e musical, muito intensa e de âmbito internacional:
• Zurique – Tristan Tzara (romeno), Hans Arp, Hugo Ball, Richard Hüsselbeck; •Paris – Breton, Aragon, Paul Éluard, Ribemont •Hannover – Kurt Schwitters; •Colónia – Max Erns e Hans Arp; • Berlim – Georg Grosz; •Barcelona – Duchamp e Picabia • Nova Iorque – Man Ray, Marcel Duchamp, Francis Picabia
• O dadísmo invadiu diversos domínios da atividade artística – música (Erik Satie), literatura (André Breton, Louis Aragon, Philippe Soupault, Jean Cocteau, Robert Desnos), fotografia, cinema. • O Dadaísmo foi para muitos artistas uma etapa fundamental de que partiram para
outras experiências e, acima de tudo, para o Surrealismo. • A anulação da legitimidade de toda a linguagem artística tradicional, • a reinvenção da relação entre os objetos e as palavras adequadas para os definir, • a “anestesia da obra de arte, a ironia corrosiva em relação aos estatutos que regem o mundo (não só artístico), • a casualidade e o inconsciente como motores primeiros da criação artística, • a adopção de técnicas combinatórias (como a colagem, o assemblage, a fotomontagem) ou inventadas (o ready-made) ou, ainda, redescobertas numa nova função criativa (a fotografia off camera), são os elementos essenciais da atividade dadaísta, que teve as suas expressões mais ricas na obra de Duchamp, Man Ray, Schwitters, Ernst e Picabia.
Guia da História da Arte (adaptado)
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Técnicas utilizadas pelos Dadaístas Fotomontagem - composição pictórica elaborada a partir de partes de diferentes fotografias
Rayographs – fotografias executadas pelo contacto dos objetos com o papel fotográfico, pela sensibilização lumínica, sem a intervenção da máquina
Ready-made – objetos já feitos, retirados da sua função e ambientes habituais, assinados, recolocados noutros ambientes e, assim, tomados como obras de arte.
Collage – colagem , técnica já utilizada pelos Cubistas
Assemblage - justaposição de elementos, em que é possível identificar cada peça no interior do conjunto mais amplo.
Merzbilders – obra construída por diversos elementos do quotidiano, sobre os quais o artista intervém com a cor
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Os ready-made de Duchamp são elevados à categoria de “ícones da contemporeinadade”: a Roda da Bicicleta e o Porta-Garrafas adquirem o título de esculturas, o urinol exposto com o título de Fonte e assinado por R. Mutt, a ampola contendo Ar de Paris são obras que, para além da sua
intenção provocatória, fazem parte de uma pesquisa baseada no fingimento, na deslocação do objeto do seu local e da sua funções naturais, a fim de o inserir no interior de um código de representação e de leitura, o código estético, que é, por sua vez, posto em questão pela
introdução desses produtos nos seus domínios. Duchamp criou 20 ready-made entre 1915 e 1923. http://www.understandingduchamp.com/
MARCEL DUCHAMP (Blainville, Normandy, 1887 - Neuilly-sur-Seine, 1968)
Roda de Bicicleta, 1913; 1951 Roda de metal montada num
banco de madeira pintado
Porta Garrafas, 1914
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L.H.O.O.Q. , 1919
Em francês lê-se ĕl äsh ö ö koe = homófono para “elle a chaud au cuel”
•Com a viagem aos E.U.A, em 1917, Duchamp apresenta o seu objeto mais provocador, um urinol. Este foi apresentado com o título de Fonte, como se fosse uma escultura, para a exposição anual da Society Of Independent Artists. A comissão da Sociedade insistiu que a “Fonte” não era arte, e rejeitam-na o que causou um alvoroço entre os dadaístas e levou Duchamp a demitir-se do conselho dos Artistas Independentes. •O urinol apresenta-se com uma inscrição “R. Mutt 1917”, designando o objeto como uma obra de arte, por este conter uma assinatura. Duchamp não assina com o seu nome propositadamente porque para ele a assinatura era um gesto artístico, estando este apenas interessado na afirmação resultante do objeto enquanto obra de arte. •Duchamp defende que o objecto é definido acima de tudo pelo seu contexto e é apercebido de forma diferente em ambiente diferente. •Esta obra de Duchamp, é o seu ready-made mais irónico e destrutivo, provocando um escândalo na altura.
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A Noiva Despida pelos Seus Celibatários, Mesmo (O Grande Vidro), 1915-23
Óleo, verniz, folha de chumbo e pó sobre dois painéis de vidro montados em molduras de alumínio, madeira e aço.
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Os rayographs (fotografias feitas sem a utilização da máquina fotográfica, pelo contacto entre os objetos e o papel sensível, em que o objeto se converte em sombra, vestígio imaterial) de Man Ray confirmam que a relação com os objetos é uma espécie de refrão da experiência dadaísta.
MAN RAY (Emanuel Rudzitsky) (Filadélfia, 1890 - Paris, 1976)
Rayograph, 1922
O Violino de Ingres, 1924
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Rayographs, 1922-1927
Rayograph sem título, do Portefólio Les
Champs Délicieux ,
1922
O Presente, 1921 Mulher Dormindo, 1929 Rrose Sélavy (Marcel
Duchamp), 1921
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HANS/ JEAN ARP (Strassburg, Germany , 1886 - Basle, Switzerland, 7 June 1966)
As Lágrimas de Enak (Formas Terrestres), 1917
A Cabeça de Tzara, 1916
Abstração Criativa, através do recurso a materiais planos/policromos e a relevos/formas orgânicas
ASSEMBLAGE
Dente e Garfo, 1922
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RAOUL HAUSMANN (Viena, 1886 - Limoges, 1971)
O Crítico de Arte, 1919-20 Litografia e colagem
O Espírito do Tempo (Cabeça Mecânica), 1919 Assemblage
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Dada Siegt, 1920
Dada Cino, 1920
Tatlin em Casa, 1920
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Picabia revela-se mais radical quando, em 1921, expõe uma obra – L’Oeil Cacodylate – composta com as assinaturas e as frases escritas pelos seus amigos numa tela, cujo único elemento figurativo é um olho pintado. Trata-se de uma obra de Picabia
porque foi ele quem a concebeu e expôs, mas não porque tenha sido ele a executá-la materialmente. Trata-se de um caminho diferente de Duchamp, mas ambos confluem na afirmação (conclusiva) de que o valor
artístico, e mais largamente estético, da obra é conferido e determinado pelo pensamento que preside à sua constituição, e pelas diferentes reações que ela é capaz de provocar no espetador.
FRANCIS PICABIA (Paris, 22 Jan 1879; d Paris, 30 Nov 1953)
A Criança Carburadora, 1919 Óleo, esmalte, pintura metálica, folha de ouro e lápis de madeira
manchado
L’oeil cacodylate, 1921
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Vista Muito Rara sobre a Terra, 1915 Óleo e pintura metálica no bordo, folha de
prata e de ouro sobre madeira
M’Amenez-y (Retrato a azeite de Ricino), 1919-20
Eis a Mulher,
1915
O Bonito Talhante, 1919
Retrato de uma Jovem Americana em estado de
Nudez, 1915 Vela de automóvel
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Os Merzbilder de Schwitters confirmam igualmente que a relação com os objetos é uma espécie de refrão da experiência dadaísta. O Merzbild, cujo 1º exemplar remonta a 1919, é uma obra-objeto constituída por vários elementos, dos mais díspares e casuais, extraídos do quotidiano e reunidos numa tela, sobre a qual o artista intervém em seguida com as suas cores. Objetos de refugo, recortes de jornal e pintura, tornam-se assim
parte integrante de um mesmo universo apoiado numa mesma intencionalidade, em obras onde é possível detetar a beleza de um quotidiano reabilitado esteticamente e, ao mesmo tempo, o desprezo por uma tradição de pintura agradável, executada no respeito acrítico das regras académicas.
KURT SCHWITTERS (Hannover, 1887 - Kendal, Inglaterra, 1948)
Retrato da Cereja, 1921
Colagem de papéis coloridos, tecidos,
rótulos impressos e imagens, pedaços de
madeira e guache sobre fundo de
papelão
Construção para Senhoras Nobres,
1919 Assemblage
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Merz 25A, Imagem das Estrelas, 1920 Assemblage, colagem e óleo
Pintura com Luz no Centro, 1919 Colagem e pintura
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Merzbild O Rosa
Merzbild 9
Merzbild 3
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As colagens de Max Ernst conduzem-nos ao ponto de convergência entre o dadaísmo e o surrealismo. Embora o princípio da causalidade continue a ser a marca constitutiva dessas obras, Ernst tende mais a associar imagens incongruentes do que objetos, e a canalizar o
inconsciente de acordo com uma intencionalidade precisa, respeitando sempre a poética da alienação . Com as gravuras de Une semaine de bonté (1934) e de La femme 100 têtes (1929), Max Ernst atingirá níveis inigualáveis na transformação das linguagens
populares da ilustração e do folhetim em obras transbordantes de humor negro, de uma violência psicológica inquietante, nunca explicitamente declarada mas que aflora em toda a parte, minando interiormente as certezas do imaginário coletivo dos primeiros anos do século.
MAX ERNST (Blainville, Normandy, 1887 - Neuilly-sur-Seine, 1968)
É o Chapéu que Faz o Homem, 1920 Reprodução de imagens e de frases extraídas das mais diversas situações – destruição da relação entre a imagem e a palavra
Fruto de uma Longa experiência, 1919
Assemblage
Duas Crianças Ameaçadas por um
Rouxinol , 1924
La Femme 100 têtes, 1929
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John Heartfield, Police Commissioner Zorgiebel, 1929
John Heartfield, Adolf the Superman: Swallows Gold and Spouts Junk, 1932
John Heartfield, War and Corpses: The Last Hope of the Reich, 1932
Hannah Hoch, Cut with the Kitchen Knife Dada through the Last Weimar Beer Belly
Epoch of Germany, 1919
Hannah Hoch, Revista Dada, 1919
OUTROS