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DE GATLING A KALASHNIKOV: A EVOLUÇÃO DA GUERRA E DAS ARMAS AO
LONGO DA CONTEMPORANEIDADE
Victor Lima1
1Graduado em História pela Universidade do Sagrado Coração – Bauru/SP. Artigo realizado sob a orientação dos
professores Dra. Lourdes Madalena Gazarini Conde Feitosa, M.ª Nair Leite Ribeiro Nassarala e M.e Roger
Marcelo Martins Gomes.
RESUMO
O presente artigo tem como propósito demonstrar as armas de fogo e sua evolução ao longo
dos séculos. O desenvolvimento tecnológico proporcionado pelas revoluções industriais e pelas
guerras ocasionou menos baixas de guerra e tornou as armas menos sangrentas, se comparadas à Idade
Média. Veremos como essa evolução ocorreu e como ela é representada, a partir de armas muito
conhecidas como o fuzil de assalto Avtomat Kalashnikov 1947 ou AK47.
Palavras-chave: Guerra, Armas, Metralhadora, Tecnologia.
"De todas as armas do vasto arsenal Soviético,
nada é tão lucrativo como a Avtomat Kalashnikov
modelo 1947 mais conhecida como AK-47 ou
Kalashnikov.É o fuzil de ataque mais Popular do
mundo, uma arma que todo combatente ama. Uma
armação elegantemente simples de 4 Kg de aço
forjado e madeira compensada. Não quebra, não
trava nem superaquece. Continua atirando mesmo
coberta de lama ou areia e tão simples que até as
crianças podem usar e a usam, os Soviéticos
colocam o fuzil na moeda, Moçambique na
bandeira, desde o fim da guerra fria o Kalashnikov
se tornou o produto mais exportado da Rússia,
depois vem a Vodca, o Caviar e os poetas suicidas.
Uma coisa é certa, ninguém fazia fila para comprar
os carros deles." (O Senhor das Armas, 2005).
INTRODUÇÃO
O Kalashnikov é de fato a arma mais conhecida do mundo, a arma que vem
primeiramente a mente de qualquer pessoa quando perguntado sobre armas. Tornou-se
popular com a guerra fria entre os guerrilheiros com apoio da URSS. Com o fim da guerra fria
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era preciso “se livrar” da quantidade absurda de armas produzidas para medir forças com os
EUA, assim os kalashnikovs são vendidos para os países que permaneceram em conflito pós
guerra fria. É uma arma eficiente no que se propõem a fazer, leve e barata também, a única
arma com carregador universal1. Entretanto, foi preciso um longo caminho de guerra a guerra,
para que as armas de fogo chegassem a tal ponto. Também houve períodos estagnados pela
limitação tecnológica2.
AS ARMAS DE FOGO
Uma grave limitação com que o soldado equipado com uma arma de fogo
portátil se via as voltas era o meio de ignição; se um arame em brasa ou uma
mecha acesa eram usados, tornara-se imperioso dispor de fogo nas
extremidades (FREDERICK, 1981).
Desde que as armas de fogo entraram para as batalhas, o homem tem a preocupação de
manter um fluxo de tiro constante, de forma a eliminar o máximo de inimigos possível.
Pensando assim, no século XVI Leonardo da Vinci projeta uma arma que a partir desse
conceito revolucionara a guerra.
Figura 1 - Máquinas de guerra de Leonardo da Vinci –
Metralhadora
Fonte: Mendes (c2003).
1 O carregador de um kalashnikov feito em 1947 pode muito bem ser usado em um atual e vice-versa. 2 No século XIV, por exemplo, os canhões não eram muito usados ainda porque o metal era fraco e
muitas vezes os canhões simplesmente explodiam quando iriam ser utilizados.
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Esses 12 canos independentes têm um princípio curioso, o de que o disparo de um
provocaria o disparo do próximo, assim os 12 tiros sairiam sequencialmente, uma ideia genial.
Mas, Da Vinci também projetou algo que daria inspiração aos tanques de guerra.
Figura 2 - canhão giratório
Fonte: Conheça... (2015).
A tecnologia das armas de fogo não evolui muito por aproximadamente três séculos
(1500~1800), nesse período as armas que existiam eram rudimentares e pouco funcionais não
eram viáveis, um bom exemplo são os famosos mosquetes, não menos, inconveniente para
toda essa época. Vejamos o passo a passo do carregamento do mosquete:
1-Primeiro o mosqueteiro introduzia a mecha na serpentina
2-Enchia a caçoleta com a escova
3- Passando a arma para a mão esquerda retiravam a tampa do polvorinho
4-Derramava uma medida no cano
5-escova com o atacador
6-Acendia uma das extremidades da mecha essa que era de novo puxada
para a serpentina
7-O mosqueteiro assoprava a mecha para avivar a brasa
8- O mosquete estava pronto para o disparo (WILKINSON, 1981, p. 26).
Tudo isso no calor de uma batalha era bastante inconveniente e arriscado de se fazer,
aparte algumas inconveniências, enquanto se bate a pólvora (escova com o atacador), se feito
de forma errada a pólvora explode e o atacador é disparado na cabeça do mosqueteiro, com as
pistolas não era muito diferente.
A tecnologia num período de quase trezentos anos não avançou muito no quesito
armas, até antes da primeira revolução industrial as armas tinham sistema de pederneira. As
armas de fogo eram pesadas, lentas e inconvenientes é claro que seu uso era posto de lado. Os
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piratas andavam com 4 ou 5 pistolas carregadas para que pudessem atirar com alguma
fluência, até por que depois de usadas as pistolas viravam porretes literalmente.
Apenas no fim do século XVIII e início do XIX as armas de fogo vão ser repensadas.
Um general francês, estudioso das guerras, procurando formas de melhorar seu exército, dá
um passo para uma grande mudança na guerra até então. Essa mudança é a “linha de tiro” que
consiste em duas filas de soldados com mosquetes, a primeira fila atira e enquanto ela
recarrega a segunda atira. Isso mantem um fluxo de tiro e aproveita melhor a energia do
exército, pois nesse período faltava um pouco mais de meio século para que a primeira arma
“quase automática” 3 fosse criada. Esse general francês chamava-se Napoleão Bonaparte.
Em 1836, nos EUA, o armeiro Samuel Colt patenteia sua invenção que revolucionaria
o uso das armas de fogo; elas não seriam mais secundarias, seriam agora principais. Criara o
revolver uma arma capaz de cinco disparos em sequência com sistema de tambor e disparo de
espoleta. Após o disparo, puxa-se o martelo para traz e o tambor gira para que o próximo
disparo seja feito, e assim sucessivamente. A espoleta de percussão e formada por duas
camadas de uma peque na capsula de cobre com conteúdo explosivo que cria uma pena chama
que é direcionada para o material explosivo da bala.
Nesse momento, os EUA, iniciavam sua marcha para o oeste e os indígenas
americanos foram dizimados não apenas o revolver mas, também pelo fuzil Winchester
18664, a primeira arma de repetição e futuramente molde para as escopetas e rifles de
precisão. Res a lenda que os Pistoleiros do Velho Oeste americano eram certeiros em seus
tiros, vemos em filmes protagonizados por Clint Eastwood em que algumas cenas ele
lambendo um papel e logo depois o enrola. Com as pistolas de Sam Colt aquele papel
lambido era necessário, porque os revolveres eram de espoleta e seus “cartuchos” eram a
pólvora e a bala unidas por um papel muito semelhante a um cigarro. Mesmo as armas de
espoleta ainda tinham seu carregamento complicado; os pistoleiros tinham que aproveitar ao
máximo sua chance por que se as balas acabassem e o inimigo ou ainda estivesse vivo era
melhor não recarregar a arma. E por conta de uma limitação tecnológica aconteciam os
“duelos ao estilo do velho oeste”, o bandido vestindo roupas inteiramente pretas e o mocinho
3 Quase automática porque é uma arma de repetição mais aprimorada e praticamente infinita, pois
podia ser carregada enquanto disparava. 4 O fuzil Winchester já utilizava balas semelhantes ás que conhecemos hoje.
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vestindo roupas marrom claro um frente ao outro e quem saca a arma mais rápido e acerta o
alvo vence.
Mas, em 1840 já surgiam os primeiros cartuchos metálicos criados pelo armeiro
francês Louis Flobert (armeiro Frances); seu uso inicial é prática de tiro ao alvo. Em uma
exposição em 1851 em Londres Flobert mostrou sua invenção para os grandes fabricantes de
armas do mundo Daniel Wesson (armeiro americano) combinou o material explosivo em uma
capsula de latão com pólvora e uma bala na extremidade da mesma; assim nasciam as balas
que conhecemos hoje.
Fundamentalmente, esses avanços ocorrem em um período entre as revoluções
industriais, junto com as novas formas de se trabalhar os metais e os materiais detonantes,
principalmente sem os avanços no campo da química não seria possível otimizar a guerra.
Após a segunda revolução industrial (1870) os avanços se tonam mais vorazes por conta do
Aço, que passa a ser utilizado nas armas de fogo dando a elas mais resistência.
Figura 3 - Armas de Fogo
Fonte: <https://patriciahysell.files.wordpress.com/2010/02/revolver1836.jpg>
Figura 4 - Armas de fogo
Fonte: <http://www.thespecialistsltd.com/winchester-1866-yellowboy-carbine>.
ARMAS AUTOMÁTICAS
Arma automática é aquela que usa a energia do disparo da bala para ejetar o cartucho e
recarregar uma nova bala. Esse tipo de arma atira enquanto o gatilho estiver puxado e
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enquanto tiver munição. E o Winchester definitivamente não é uma arma automática; ainda
era preciso mais. A Guerra Civil Americana dá conta de um avanço tecnológico no campo da
guerra que é surpreendente. Os europeus em constantes guerras aparentemente estavam muito
bem com sua forma de fazer guerra naquele momento. Pois não encontrei avanços
tecnológicos significativos se comparados aos americanos no campo das armas nesse período
anterior a Sir Hiram Maxim e sua metralhadora.
A primeira “arma quase automática” foi criada por John Gatling, já na segunda metade
do século XIX. Ironicamente, Gatling não desejou criar uma arma que dizimasse uma aldeia
indígena inteira em menos de três minutos; ele quis criar uma arma que diminuísse as baixas
de guerra, que protegesse as pessoas. Gatling criou a primeira metralhadora totalmente
funcional, mas não automática, essa metralhadora possui seis canos independentes dispostos
circularmente entre eles os quais são girados por uma manivela. O cano passa a bala cai e é
disparada enquanto o cano em sua extremidade oposta dispara. Ela podia ser recarregada
enquanto ainda efetuava disparos pois era carregada de cima para baixo, aproveitando a força
da gravidade. O filme O Último Samurai possui uma cena que demonstra o funcionamento
dessa metralhadora, apenas dois soldados disparando uma metralhadora acabam com quase
uma centena de samurais.
Figura 5 - Metralhadora crianda por Gatling
Fonte: <http://www.thespecialistsltd.com/winchester-1866-yellowboy-carbine>.
Isso mudou absolutamente tudo na forma de fazer guerra. Não havia mais a
necessidade de combates corpo a corpo, nem eram mais precisos quatro regimentos de
cinquenta soldados cada um; dois soldados e muita munição eram suficientes até por que as
armas de longo alcance só surgem em meio a primeira guerra mundial.
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Depois da invenção de Gatling, um inventor também americano chamado Hiram
Maxim aperfeiçoa e dá “asas” à metralhadora que conhecemos atualmente ele tornou a
metralhadora uma arma verdadeiramente automática, no ano de 1884. Essa arma não foi
usada para matar indígenas americanos ela é bem mais rápida que a Gatling assim sendo mais
mortal, ela foi muito usada no norte da África.
PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
A primeira guerra mundial foi palco para a exposição de várias armas que tem seu uso
ainda hoje um exemplo são as pistolas de carregamento automático aprimoradas por Gorg
Luger. Criador da Luger P08 que na segunda guerra era considerada uma raridade pelos
soldados aliados também, a favorita dos saldados alemães nas duas guerras.
Figura 6 - Pistolas de carregamento automático
Fonte: <https://cfpaula.files.wordpress.com/2011/06/19799_3488_1_lg.jpg?w=700&h=315>.
São inseridos na guerra os aviões que desde então eram utilizados para bombardear
cidades, como uma forma rápida de eliminar o maior número de pessoas possível. Desde a
primeira guerra os aviões são utilizados. Na segunda guerra os nazistas utilizavam uma tática
de batalha chamada “Blitzkrieg”, que consistia em bombardeiros aéreos depois a entrada dos
panzers e pôr fim a infantaria. Durante a guerra do Vietnã os bombardeios aéreos também
foram utilizados dessa vez com mais intensidade, e napalm5. Mais recentemente os
bombardeios aéreos ganharam novas proporções, aviões pilotados por computador, imagens
de satélites que mostram ao vivo os ataques que são feitos em pontos estratégicos.
5 Uma espécie de gasolina em gel muito mais inflamável, que grudava e espalhava, apenas parava de
queimar quando o alvo já tivesse sido todo queimado.
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Os encouraçados confederados da guerra civil americana têm sua tecnologia aplicada
em veículos terrestres, criando os tanques de guerra. E também na primeira guerra aparecem
os submarinos responsáveis pela participação (tímida) do Brasil na primeira guerra.
As metralhadoras de Sir Hiram Marxim ganharam novas versões como a metralhadora
de assalto e a sub metralhadora utilizadas em seus muitos calibres até os dias atuais. Mas, na
primeira guerra elas eram uma novidade assim sendo eram a menina dos olhos dos soldados.
A guerra começou com armamentos convencionais semelhantes aos de 1870.
A cavalaria, dos dois lados, entrou em campanha armada de lança. Calça
garance (vermelha), capote com as abas dobradas (para facilitar a marcha),
gorro de pano, faixas de lona envolvendo as pernas, mochila pesando 50 kg
era o uniforme do Exército Francês, somente em fins de 1915 substituído
pelo bleu horizon, o azul – claro, e capacete de aço. Do lado alemão, o
uniforme era o feld grau, o cinza de campanha, as botas de couro ferradas, o
capacete de couro com guarnição metálica encimado por uma ponta de lança
o Pickelhaube, adotado pelo exército Prussiano em 1842; com a guerra, ele
foi coberto de lã cinzenta para camuflagem (ARARIPE, 2013, p. 326).
Apenas com o degringolar da guerra é que as novas tecnologias vão aparecer e
tornando a guerra mais mortal e exata. Cientistas eram contratados para criar armas e para
decodificar mensagens do inimigo. O próprio Albert Einstein foi contratado durante a segunda
guerra para auxiliar na construção da bomba atômica.
A metralhadora, Gatling disparada por uma manivela, surgiu na Guerra de
Secessão e esteve presente em 1870, com canos múltiplos. Na Grande
Guerra, mais leves, já automáticas, com grande velocidade de tiro, a
Hotckiss francesa e a Maxim alemã, entre outras, ao lado da artilharia, se
fizeram eficientes maquinas de moer carne (ARARIPE, 2013, p. 326).
Segunda Guerra Mundial
Os números, não exatamente frios, indicam a capacidade de mobilização
material e humana para o maior conflito da história da humanidade. A isso
chamamos de guerra total. Na Guerra de Secessão (1861 – 1865), a maior
guerra civil desde que se tem notícia, já havia sido aplicado o princípio de
guerra total (veja o capitulo “Guerra de Secessão”). Para o general Sherman,
um dos grandes líderes militares das forças da União, a guerra total
significava que qualquer indivíduo do outro lado deveria ser considerado um
combatente, e não uma simples pessoa. Qualquer meio para se fazer guerra
era considerado legitimo. Por exemplo no Mississipi, ele abordou uma
diretiva que pode ser entendida da seguinte forma: para cada barco da União
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atingido dez famílias eram escolhidas por sorteio. Essas famílias tinham que
abandonar suas casas e propriedades e entrega-las ao exército do Norte.
Cidades que porventura tivessem mostrado alguma simpatia pela causa
rebelde eram destruídas. A destruição da cidade de Atlanta no estado da
Geórgia, pode ser considerada um ponto alto da teoria da guerra total. A
Segunda Guerra Mundial foi uma guerra total no sentido lato da palavra.
(TOTA, 2013, p. 356).
Na segunda guerra mundial todas as “novas” tecnologias da primeira guerra foram
potencializadas. As armas e as estratégias tornaram-se muito mais mortais. Hitler testou a
eficiência do exército alemão durante a guerra civil espanhola. De 1933 – 39 as tecnologias de
guerra alemãs foram aperfeiçoadas para serem as mais mortais possíveis; a tática de guerra
alemã a Blitzkrieg foi utilizada. Depois de sua eficiência confirmada, foi assimilada pelos
aliados sendo batida no fim da guerra.
A grande novidade da segunda guerra foi bomba atômica. A estratégia dos franco
atiradores e os cães destruidores de tanques não se comparam à engenhosidade da bomba
atômica, que a terrorizou o mundo durante toda a guerra fria. Uma arma capaz de acabar com
uma cidade inteira de uma vez trouxe uma sombra cinzenta ao mundo
GUERRA FRIA
Uma era de guerra de guerrilha e terrorismo também desenvolveu uma
grande demanda de artefatos leves, portáteis e adequadamente destrutivos e
mortais, e os submundos das cidades de fins do século XX podiam oferecer
um mercado civil para tais produtos. Nesses ambientes a metralhadora Uzi
(israelense), o fuzil kalashnikov (russo) e o explosivo Semtex (tcheco) se
tornaram nomes conhecidos (HOBSBAWM, 1996, p. 250–251).
Figura 7 - Metralhadora Uzi
Fonte: <www.collectorairsoft.com/IMG/jac_uzi_micro_lrg.jpg>.
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Todos os anos da guerra fria proporcionaram ao mundo um grande excedente de
armas, qual deveria ser escoado para os lugares onde os conflitos continuaram mesmo com o
fim da guerra fria. Com o fim da guerra fria, acordos de desarmamento nuclear foram
assinados e a sombra cinza das bombas atômicas teoricamente deixou o mundo. Nesse
período de superprodução bélica, os conflitos que ocorreram eram abastecidos por essas
armas. Com o fim da guerra fria o mercado bélico não ficou menos carente de armas, mas as
nações envolvidas não precisavam mais de tantas armas.
Porém, os avanços na guerra do Vietnã foram significativos. Durante a guerra fria os
EUA tiveram a prova que sua estratégia de guerra estava ultrapassada e que não era aplicável
em clima tropical. Talvez o conflito mais importante durante a guerra fria tinha sido a guerra
do Vietnã. A primeira guerra que os EUA perderam desde a guerra civil americana.
As dificuldades da guerra do Vietnã foram pontuais. A primeira delas foi a
opinião pública nos EUA fortemente contra a intervenção americana.Mas a
decisão de enviar tropas não estava tomada.No fim de agosto deflagrando
sua campanha eleitoral, Johnson prometia que “não enviaremos nossos
rapazes a 9 ou 10 mil milhas de casa para fazer o que os rapazes asiáticos
devem fazer por si mesmos” (MAGNOLI, 2013, p. 407).
A sociedade americana já estava cansada de tantos conflitos, a guerra do Vietnã
mandara a terceira geração mergulhada em guerras. Os filhos da primeira guerra lutaram na
segunda e os filhos da segunda estavam sendo mandados para o Vietnã. E apesar do esforço, o
presidente americano Lindon Johnson (1963 – 1968) não conseguiu segurar o envio de tropas
para o Vietnã. Em 1969 o presidente Nixon (1969 – 1973) assume a casa branca com a
promessa de “paz honrada”, o que significava que ele retiraria as tropas do Vietnã
gradualmente. Mas as tropas foram totalmente retiradas em 1973. A segunda foi o ambiente
de batalha desfavorável, os americanos não sabiam como batalhar em clima tropical, uma
mata fechada um ambiente quente e úmido. Muitos soldados americanos passavam mal por
conta do calor e o campo de batalha desconhecido também não ajudava.
Durante o início da guerra os EUA contavam com a vantagem tecnológica, mas a
força de vontade vietnamita e seus métodos, no mínimo criativos, foram mudando esse
quadro. Os vietnamitas faziam bombas com bambu, e se camuflavam na mata com explosivos
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junto ao corpo, eles não temiam perder a vida por sua causa, já os soldados americanos
acreditavam que aquela não era uma guerra deles.
As táticas criativas dos vietnamitas tiram uma resposta violenta, o estado de guerra
total bombardeios aéreos napalm, grandes massacres. A guerra do Vietnã teve grande
cobertura da imprensa e os massacres testemunhados pela imprensa também pesaram contra a
participação americana.
PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA NAS GUERRAS
Durante a primeira guerra mundial a maior participação do brasil foi com
fornecimento de médicos, porque o brasil não possuía efetivo militar com condições de lutar
em uma guerra. Após as revoltas de Canudos e do Contestado, foi preciso repensar o exército
brasileiro por cona da sua má atuação nessas revoltas. No início do século XX o patrono do
exército brasileiro Olavo Bilac viu que era preciso repensar o exército. E durante a primeira
guerra o exército ainda não estava “pronto “.
Já na segunda guerra mundial, o exército já estava muito mais solido e com auxílio das
armas americanas sua atuação foi fundamental na Itália para vencer as forças do eixo. A
atuação brasileira foi muito bem reconhecida. No exterior o Exército Brasileiro é conhecido
por sua eficiência e habilidade de combate. Alguns soldados americanos vêm até o Brasil para
fazer treinamentos. E soldados brasileiros vão até os EUA dar treinamentos. Atualmente uma
grande parte do aparato militar da ONU é composto pelo exército brasileiro. O Brasil também
é um grande produtor de armas e 4° maior exportador do mundo, segundo documento
divulgado pela entidade Small Arms Survey em 2013. Tendo fabricas da Taurus, Rossi e
IMBEL.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A tecnologia armamentista foi evoluindo com o passar das guerras. Ironicamente, os
períodos de maior evolução tecnológica da humanidade são os períodos de guerra. A energia
nuclear que destrói cidades, move submarinos e trata câncer. Os aviões que bombardeiam
cidades também transportam pessoas de forma rápida.
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A guerra, com todas as suas atrocidades, é apenas um reflexo da natureza humana, que
flora nessas situações. E ignorar esses períodos e suas movimentações tecnológicas e sociais é
ignorar uma parte do ser humano.
Muitas das tecnologias atuais foram desenvolvidas em períodos em que a criatividade
humana, para ferir outros humanos, se fez notar. Os parafusos que hoje são utilizados para
unir as coisas, foram desenvolvidos durante a santa inquisição em uma forma tortura chamada
esmaga dedo. Os elevadores são descendentes de uma outra forma de tortura da inquisição
chamada de roda. Após os períodos de guerra mais recentes, foram possíveis a criação dos
computadores, telefones celulares e internet. Tornando as guerras um mal necessário para a
humanidade.
FROM GATLING TO KALASHNIKOV: THE EVOLUTION OF WAR AND
WEAPONS THROUGH THE
ABSTRACT
This paper aims to show the guns and their evolution over the centuries. The technological
development provided by the industrial revolutions and the wars caused fewer war casualties and
created less bloody weapons compared to the Middle Ages. We describe how this evolution occurred
and how it is represented, presenting long known weapons, such as the assault rifle Avtomat
Kalashnikov 1947 or AK47.
Keywords: War. Weapons. Gun. Technology.
REFERÊNCIAS
CONHEÇA 7 curiosidades e 15 frases de Leonardo da Vinci. Superdotacao, 2015.
Disponível em: <http://superdotacao.com.br/c/30/conheca-7-curiosidades-e-15-frases-de-
leonardo-da-vinci>. Acesso em: 7 dez. 2015.
MAGNOLI, D. História das guerras. 5. ed. São Paulo: Contexto, 2013.
HOBSBAWM, E. Era dos extremos. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
KARNAL, L. História dos Estados Unidos. Das origens ao século XXI. 3. ed. São Paulo:
Contexto, 2014.
KINDERSLEY, D. Uma história visual de armas e armaduras. São Paulo: Lafonte, 2012.
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MENDES, B. As máquinas de guerra de Leonardo da Vinci. Obviousmag, c2003. Disponível
em: <http://obviousmag.org/archives/2009/09/maquinas_guerra_leonardo_vinci.html>.
Acesso em: 7 dez. 2015.
SOUZA, C. A. N. Participação brasileira na Primeira Guerra Mundial. Disponível em:
<http://www.funceb.org.br/images/revista/27_REV_FUNCEB_6d4h6i.pdf>. Acesso em: 16
nov. 2015.
WILKINSON, F. Armas de fogo. São Paulo: Prisma, 1981.
Filmes:
Niccol Andiew. O Senhor das Armas/ Lord of War. Produção de Nicolas Cage, Andrew
Niccol, Chris Roberts, Philippe Rousselet, Norman Golightly, Andreas Grosch, Teri Lin
Robertson. EUA 2005 1 DVD DOBLY 5.0, 121 min. Color. Son
Zwick Edward. O Último Samurai/ The Last Samurai. Produção de Tom Cruise, Edward
Zwick, Marshall Herskovitz, Paula Wagner, Scott Kroopf, Tom Engelman. EUA 2003. 1
DVD DOBLY 5.0. 154 min. Color. son.