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Universidade do Sagrado Coração Rua Irmã Arminda, 10-50, Jardim Brasil CEP: 17011-060 Bauru-SP Telefone: +55(14) 2107-7000 www.usc.br 76 DE GATLING A KALASHNIKOV: A EVOLUÇÃO DA GUERRA E DAS ARMAS AO LONGO DA CONTEMPORANEIDADE Victor Lima 1 1 Graduado em História pela Universidade do Sagrado Coração Bauru/SP. Artigo realizado sob a orientação dos professores Dra. Lourdes Madalena Gazarini Conde Feitosa, M.ª Nair Leite Ribeiro Nassarala e M.e Roger Marcelo Martins Gomes. RESUMO O presente artigo tem como propósito demonstrar as armas de fogo e sua evolução ao longo dos séculos. O desenvolvimento tecnológico proporcionado pelas revoluções industriais e pelas guerras ocasionou menos baixas de guerra e tornou as armas menos sangrentas, se comparadas à Idade Média. Veremos como essa evolução ocorreu e como ela é representada, a partir de armas muito conhecidas como o fuzil de assalto Avtomat Kalashnikov 1947 ou AK47. Palavras-chave: Guerra, Armas, Metralhadora, Tecnologia. "De todas as armas do vasto arsenal Soviético, nada é tão lucrativo como a Avtomat Kalashnikov modelo 1947 mais conhecida como AK-47 ou Kalashnikov.É o fuzil de ataque mais Popular do mundo, uma arma que todo combatente ama. Uma armação elegantemente simples de 4 Kg de aço forjado e madeira compensada. Não quebra, não trava nem superaquece. Continua atirando mesmo coberta de lama ou areia e tão simples que até as crianças podem usar e a usam, os Soviéticos colocam o fuzil na moeda, Moçambique na bandeira, desde o fim da guerra fria o Kalashnikov se tornou o produto mais exportado da Rússia, depois vem a Vodca, o Caviar e os poetas suicidas. Uma coisa é certa, ninguém fazia fila para comprar os carros deles." (O Senhor das Armas, 2005). INTRODUÇÃO O Kalashnikov é de fato a arma mais conhecida do mundo, a arma que vem primeiramente a mente de qualquer pessoa quando perguntado sobre armas. Tornou-se popular com a guerra fria entre os guerrilheiros com apoio da URSS. Com o fim da guerra fria

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DE GATLING A KALASHNIKOV: A EVOLUÇÃO DA GUERRA E DAS ARMAS AO

LONGO DA CONTEMPORANEIDADE

Victor Lima1

1Graduado em História pela Universidade do Sagrado Coração – Bauru/SP. Artigo realizado sob a orientação dos

professores Dra. Lourdes Madalena Gazarini Conde Feitosa, M.ª Nair Leite Ribeiro Nassarala e M.e Roger

Marcelo Martins Gomes.

RESUMO

O presente artigo tem como propósito demonstrar as armas de fogo e sua evolução ao longo

dos séculos. O desenvolvimento tecnológico proporcionado pelas revoluções industriais e pelas

guerras ocasionou menos baixas de guerra e tornou as armas menos sangrentas, se comparadas à Idade

Média. Veremos como essa evolução ocorreu e como ela é representada, a partir de armas muito

conhecidas como o fuzil de assalto Avtomat Kalashnikov 1947 ou AK47.

Palavras-chave: Guerra, Armas, Metralhadora, Tecnologia.

"De todas as armas do vasto arsenal Soviético,

nada é tão lucrativo como a Avtomat Kalashnikov

modelo 1947 mais conhecida como AK-47 ou

Kalashnikov.É o fuzil de ataque mais Popular do

mundo, uma arma que todo combatente ama. Uma

armação elegantemente simples de 4 Kg de aço

forjado e madeira compensada. Não quebra, não

trava nem superaquece. Continua atirando mesmo

coberta de lama ou areia e tão simples que até as

crianças podem usar e a usam, os Soviéticos

colocam o fuzil na moeda, Moçambique na

bandeira, desde o fim da guerra fria o Kalashnikov

se tornou o produto mais exportado da Rússia,

depois vem a Vodca, o Caviar e os poetas suicidas.

Uma coisa é certa, ninguém fazia fila para comprar

os carros deles." (O Senhor das Armas, 2005).

INTRODUÇÃO

O Kalashnikov é de fato a arma mais conhecida do mundo, a arma que vem

primeiramente a mente de qualquer pessoa quando perguntado sobre armas. Tornou-se

popular com a guerra fria entre os guerrilheiros com apoio da URSS. Com o fim da guerra fria

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era preciso “se livrar” da quantidade absurda de armas produzidas para medir forças com os

EUA, assim os kalashnikovs são vendidos para os países que permaneceram em conflito pós

guerra fria. É uma arma eficiente no que se propõem a fazer, leve e barata também, a única

arma com carregador universal1. Entretanto, foi preciso um longo caminho de guerra a guerra,

para que as armas de fogo chegassem a tal ponto. Também houve períodos estagnados pela

limitação tecnológica2.

AS ARMAS DE FOGO

Uma grave limitação com que o soldado equipado com uma arma de fogo

portátil se via as voltas era o meio de ignição; se um arame em brasa ou uma

mecha acesa eram usados, tornara-se imperioso dispor de fogo nas

extremidades (FREDERICK, 1981).

Desde que as armas de fogo entraram para as batalhas, o homem tem a preocupação de

manter um fluxo de tiro constante, de forma a eliminar o máximo de inimigos possível.

Pensando assim, no século XVI Leonardo da Vinci projeta uma arma que a partir desse

conceito revolucionara a guerra.

Figura 1 - Máquinas de guerra de Leonardo da Vinci –

Metralhadora

Fonte: Mendes (c2003).

1 O carregador de um kalashnikov feito em 1947 pode muito bem ser usado em um atual e vice-versa. 2 No século XIV, por exemplo, os canhões não eram muito usados ainda porque o metal era fraco e

muitas vezes os canhões simplesmente explodiam quando iriam ser utilizados.

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Esses 12 canos independentes têm um princípio curioso, o de que o disparo de um

provocaria o disparo do próximo, assim os 12 tiros sairiam sequencialmente, uma ideia genial.

Mas, Da Vinci também projetou algo que daria inspiração aos tanques de guerra.

Figura 2 - canhão giratório

Fonte: Conheça... (2015).

A tecnologia das armas de fogo não evolui muito por aproximadamente três séculos

(1500~1800), nesse período as armas que existiam eram rudimentares e pouco funcionais não

eram viáveis, um bom exemplo são os famosos mosquetes, não menos, inconveniente para

toda essa época. Vejamos o passo a passo do carregamento do mosquete:

1-Primeiro o mosqueteiro introduzia a mecha na serpentina

2-Enchia a caçoleta com a escova

3- Passando a arma para a mão esquerda retiravam a tampa do polvorinho

4-Derramava uma medida no cano

5-escova com o atacador

6-Acendia uma das extremidades da mecha essa que era de novo puxada

para a serpentina

7-O mosqueteiro assoprava a mecha para avivar a brasa

8- O mosquete estava pronto para o disparo (WILKINSON, 1981, p. 26).

Tudo isso no calor de uma batalha era bastante inconveniente e arriscado de se fazer,

aparte algumas inconveniências, enquanto se bate a pólvora (escova com o atacador), se feito

de forma errada a pólvora explode e o atacador é disparado na cabeça do mosqueteiro, com as

pistolas não era muito diferente.

A tecnologia num período de quase trezentos anos não avançou muito no quesito

armas, até antes da primeira revolução industrial as armas tinham sistema de pederneira. As

armas de fogo eram pesadas, lentas e inconvenientes é claro que seu uso era posto de lado. Os

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piratas andavam com 4 ou 5 pistolas carregadas para que pudessem atirar com alguma

fluência, até por que depois de usadas as pistolas viravam porretes literalmente.

Apenas no fim do século XVIII e início do XIX as armas de fogo vão ser repensadas.

Um general francês, estudioso das guerras, procurando formas de melhorar seu exército, dá

um passo para uma grande mudança na guerra até então. Essa mudança é a “linha de tiro” que

consiste em duas filas de soldados com mosquetes, a primeira fila atira e enquanto ela

recarrega a segunda atira. Isso mantem um fluxo de tiro e aproveita melhor a energia do

exército, pois nesse período faltava um pouco mais de meio século para que a primeira arma

“quase automática” 3 fosse criada. Esse general francês chamava-se Napoleão Bonaparte.

Em 1836, nos EUA, o armeiro Samuel Colt patenteia sua invenção que revolucionaria

o uso das armas de fogo; elas não seriam mais secundarias, seriam agora principais. Criara o

revolver uma arma capaz de cinco disparos em sequência com sistema de tambor e disparo de

espoleta. Após o disparo, puxa-se o martelo para traz e o tambor gira para que o próximo

disparo seja feito, e assim sucessivamente. A espoleta de percussão e formada por duas

camadas de uma peque na capsula de cobre com conteúdo explosivo que cria uma pena chama

que é direcionada para o material explosivo da bala.

Nesse momento, os EUA, iniciavam sua marcha para o oeste e os indígenas

americanos foram dizimados não apenas o revolver mas, também pelo fuzil Winchester

18664, a primeira arma de repetição e futuramente molde para as escopetas e rifles de

precisão. Res a lenda que os Pistoleiros do Velho Oeste americano eram certeiros em seus

tiros, vemos em filmes protagonizados por Clint Eastwood em que algumas cenas ele

lambendo um papel e logo depois o enrola. Com as pistolas de Sam Colt aquele papel

lambido era necessário, porque os revolveres eram de espoleta e seus “cartuchos” eram a

pólvora e a bala unidas por um papel muito semelhante a um cigarro. Mesmo as armas de

espoleta ainda tinham seu carregamento complicado; os pistoleiros tinham que aproveitar ao

máximo sua chance por que se as balas acabassem e o inimigo ou ainda estivesse vivo era

melhor não recarregar a arma. E por conta de uma limitação tecnológica aconteciam os

“duelos ao estilo do velho oeste”, o bandido vestindo roupas inteiramente pretas e o mocinho

3 Quase automática porque é uma arma de repetição mais aprimorada e praticamente infinita, pois

podia ser carregada enquanto disparava. 4 O fuzil Winchester já utilizava balas semelhantes ás que conhecemos hoje.

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vestindo roupas marrom claro um frente ao outro e quem saca a arma mais rápido e acerta o

alvo vence.

Mas, em 1840 já surgiam os primeiros cartuchos metálicos criados pelo armeiro

francês Louis Flobert (armeiro Frances); seu uso inicial é prática de tiro ao alvo. Em uma

exposição em 1851 em Londres Flobert mostrou sua invenção para os grandes fabricantes de

armas do mundo Daniel Wesson (armeiro americano) combinou o material explosivo em uma

capsula de latão com pólvora e uma bala na extremidade da mesma; assim nasciam as balas

que conhecemos hoje.

Fundamentalmente, esses avanços ocorrem em um período entre as revoluções

industriais, junto com as novas formas de se trabalhar os metais e os materiais detonantes,

principalmente sem os avanços no campo da química não seria possível otimizar a guerra.

Após a segunda revolução industrial (1870) os avanços se tonam mais vorazes por conta do

Aço, que passa a ser utilizado nas armas de fogo dando a elas mais resistência.

Figura 3 - Armas de Fogo

Fonte: <https://patriciahysell.files.wordpress.com/2010/02/revolver1836.jpg>

Figura 4 - Armas de fogo

Fonte: <http://www.thespecialistsltd.com/winchester-1866-yellowboy-carbine>.

ARMAS AUTOMÁTICAS

Arma automática é aquela que usa a energia do disparo da bala para ejetar o cartucho e

recarregar uma nova bala. Esse tipo de arma atira enquanto o gatilho estiver puxado e

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enquanto tiver munição. E o Winchester definitivamente não é uma arma automática; ainda

era preciso mais. A Guerra Civil Americana dá conta de um avanço tecnológico no campo da

guerra que é surpreendente. Os europeus em constantes guerras aparentemente estavam muito

bem com sua forma de fazer guerra naquele momento. Pois não encontrei avanços

tecnológicos significativos se comparados aos americanos no campo das armas nesse período

anterior a Sir Hiram Maxim e sua metralhadora.

A primeira “arma quase automática” foi criada por John Gatling, já na segunda metade

do século XIX. Ironicamente, Gatling não desejou criar uma arma que dizimasse uma aldeia

indígena inteira em menos de três minutos; ele quis criar uma arma que diminuísse as baixas

de guerra, que protegesse as pessoas. Gatling criou a primeira metralhadora totalmente

funcional, mas não automática, essa metralhadora possui seis canos independentes dispostos

circularmente entre eles os quais são girados por uma manivela. O cano passa a bala cai e é

disparada enquanto o cano em sua extremidade oposta dispara. Ela podia ser recarregada

enquanto ainda efetuava disparos pois era carregada de cima para baixo, aproveitando a força

da gravidade. O filme O Último Samurai possui uma cena que demonstra o funcionamento

dessa metralhadora, apenas dois soldados disparando uma metralhadora acabam com quase

uma centena de samurais.

Figura 5 - Metralhadora crianda por Gatling

Fonte: <http://www.thespecialistsltd.com/winchester-1866-yellowboy-carbine>.

Isso mudou absolutamente tudo na forma de fazer guerra. Não havia mais a

necessidade de combates corpo a corpo, nem eram mais precisos quatro regimentos de

cinquenta soldados cada um; dois soldados e muita munição eram suficientes até por que as

armas de longo alcance só surgem em meio a primeira guerra mundial.

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Depois da invenção de Gatling, um inventor também americano chamado Hiram

Maxim aperfeiçoa e dá “asas” à metralhadora que conhecemos atualmente ele tornou a

metralhadora uma arma verdadeiramente automática, no ano de 1884. Essa arma não foi

usada para matar indígenas americanos ela é bem mais rápida que a Gatling assim sendo mais

mortal, ela foi muito usada no norte da África.

PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

A primeira guerra mundial foi palco para a exposição de várias armas que tem seu uso

ainda hoje um exemplo são as pistolas de carregamento automático aprimoradas por Gorg

Luger. Criador da Luger P08 que na segunda guerra era considerada uma raridade pelos

soldados aliados também, a favorita dos saldados alemães nas duas guerras.

Figura 6 - Pistolas de carregamento automático

Fonte: <https://cfpaula.files.wordpress.com/2011/06/19799_3488_1_lg.jpg?w=700&h=315>.

São inseridos na guerra os aviões que desde então eram utilizados para bombardear

cidades, como uma forma rápida de eliminar o maior número de pessoas possível. Desde a

primeira guerra os aviões são utilizados. Na segunda guerra os nazistas utilizavam uma tática

de batalha chamada “Blitzkrieg”, que consistia em bombardeiros aéreos depois a entrada dos

panzers e pôr fim a infantaria. Durante a guerra do Vietnã os bombardeios aéreos também

foram utilizados dessa vez com mais intensidade, e napalm5. Mais recentemente os

bombardeios aéreos ganharam novas proporções, aviões pilotados por computador, imagens

de satélites que mostram ao vivo os ataques que são feitos em pontos estratégicos.

5 Uma espécie de gasolina em gel muito mais inflamável, que grudava e espalhava, apenas parava de

queimar quando o alvo já tivesse sido todo queimado.

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Os encouraçados confederados da guerra civil americana têm sua tecnologia aplicada

em veículos terrestres, criando os tanques de guerra. E também na primeira guerra aparecem

os submarinos responsáveis pela participação (tímida) do Brasil na primeira guerra.

As metralhadoras de Sir Hiram Marxim ganharam novas versões como a metralhadora

de assalto e a sub metralhadora utilizadas em seus muitos calibres até os dias atuais. Mas, na

primeira guerra elas eram uma novidade assim sendo eram a menina dos olhos dos soldados.

A guerra começou com armamentos convencionais semelhantes aos de 1870.

A cavalaria, dos dois lados, entrou em campanha armada de lança. Calça

garance (vermelha), capote com as abas dobradas (para facilitar a marcha),

gorro de pano, faixas de lona envolvendo as pernas, mochila pesando 50 kg

era o uniforme do Exército Francês, somente em fins de 1915 substituído

pelo bleu horizon, o azul – claro, e capacete de aço. Do lado alemão, o

uniforme era o feld grau, o cinza de campanha, as botas de couro ferradas, o

capacete de couro com guarnição metálica encimado por uma ponta de lança

o Pickelhaube, adotado pelo exército Prussiano em 1842; com a guerra, ele

foi coberto de lã cinzenta para camuflagem (ARARIPE, 2013, p. 326).

Apenas com o degringolar da guerra é que as novas tecnologias vão aparecer e

tornando a guerra mais mortal e exata. Cientistas eram contratados para criar armas e para

decodificar mensagens do inimigo. O próprio Albert Einstein foi contratado durante a segunda

guerra para auxiliar na construção da bomba atômica.

A metralhadora, Gatling disparada por uma manivela, surgiu na Guerra de

Secessão e esteve presente em 1870, com canos múltiplos. Na Grande

Guerra, mais leves, já automáticas, com grande velocidade de tiro, a

Hotckiss francesa e a Maxim alemã, entre outras, ao lado da artilharia, se

fizeram eficientes maquinas de moer carne (ARARIPE, 2013, p. 326).

Segunda Guerra Mundial

Os números, não exatamente frios, indicam a capacidade de mobilização

material e humana para o maior conflito da história da humanidade. A isso

chamamos de guerra total. Na Guerra de Secessão (1861 – 1865), a maior

guerra civil desde que se tem notícia, já havia sido aplicado o princípio de

guerra total (veja o capitulo “Guerra de Secessão”). Para o general Sherman,

um dos grandes líderes militares das forças da União, a guerra total

significava que qualquer indivíduo do outro lado deveria ser considerado um

combatente, e não uma simples pessoa. Qualquer meio para se fazer guerra

era considerado legitimo. Por exemplo no Mississipi, ele abordou uma

diretiva que pode ser entendida da seguinte forma: para cada barco da União

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atingido dez famílias eram escolhidas por sorteio. Essas famílias tinham que

abandonar suas casas e propriedades e entrega-las ao exército do Norte.

Cidades que porventura tivessem mostrado alguma simpatia pela causa

rebelde eram destruídas. A destruição da cidade de Atlanta no estado da

Geórgia, pode ser considerada um ponto alto da teoria da guerra total. A

Segunda Guerra Mundial foi uma guerra total no sentido lato da palavra.

(TOTA, 2013, p. 356).

Na segunda guerra mundial todas as “novas” tecnologias da primeira guerra foram

potencializadas. As armas e as estratégias tornaram-se muito mais mortais. Hitler testou a

eficiência do exército alemão durante a guerra civil espanhola. De 1933 – 39 as tecnologias de

guerra alemãs foram aperfeiçoadas para serem as mais mortais possíveis; a tática de guerra

alemã a Blitzkrieg foi utilizada. Depois de sua eficiência confirmada, foi assimilada pelos

aliados sendo batida no fim da guerra.

A grande novidade da segunda guerra foi bomba atômica. A estratégia dos franco

atiradores e os cães destruidores de tanques não se comparam à engenhosidade da bomba

atômica, que a terrorizou o mundo durante toda a guerra fria. Uma arma capaz de acabar com

uma cidade inteira de uma vez trouxe uma sombra cinzenta ao mundo

GUERRA FRIA

Uma era de guerra de guerrilha e terrorismo também desenvolveu uma

grande demanda de artefatos leves, portáteis e adequadamente destrutivos e

mortais, e os submundos das cidades de fins do século XX podiam oferecer

um mercado civil para tais produtos. Nesses ambientes a metralhadora Uzi

(israelense), o fuzil kalashnikov (russo) e o explosivo Semtex (tcheco) se

tornaram nomes conhecidos (HOBSBAWM, 1996, p. 250–251).

Figura 7 - Metralhadora Uzi

Fonte: <www.collectorairsoft.com/IMG/jac_uzi_micro_lrg.jpg>.

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Todos os anos da guerra fria proporcionaram ao mundo um grande excedente de

armas, qual deveria ser escoado para os lugares onde os conflitos continuaram mesmo com o

fim da guerra fria. Com o fim da guerra fria, acordos de desarmamento nuclear foram

assinados e a sombra cinza das bombas atômicas teoricamente deixou o mundo. Nesse

período de superprodução bélica, os conflitos que ocorreram eram abastecidos por essas

armas. Com o fim da guerra fria o mercado bélico não ficou menos carente de armas, mas as

nações envolvidas não precisavam mais de tantas armas.

Porém, os avanços na guerra do Vietnã foram significativos. Durante a guerra fria os

EUA tiveram a prova que sua estratégia de guerra estava ultrapassada e que não era aplicável

em clima tropical. Talvez o conflito mais importante durante a guerra fria tinha sido a guerra

do Vietnã. A primeira guerra que os EUA perderam desde a guerra civil americana.

As dificuldades da guerra do Vietnã foram pontuais. A primeira delas foi a

opinião pública nos EUA fortemente contra a intervenção americana.Mas a

decisão de enviar tropas não estava tomada.No fim de agosto deflagrando

sua campanha eleitoral, Johnson prometia que “não enviaremos nossos

rapazes a 9 ou 10 mil milhas de casa para fazer o que os rapazes asiáticos

devem fazer por si mesmos” (MAGNOLI, 2013, p. 407).

A sociedade americana já estava cansada de tantos conflitos, a guerra do Vietnã

mandara a terceira geração mergulhada em guerras. Os filhos da primeira guerra lutaram na

segunda e os filhos da segunda estavam sendo mandados para o Vietnã. E apesar do esforço, o

presidente americano Lindon Johnson (1963 – 1968) não conseguiu segurar o envio de tropas

para o Vietnã. Em 1969 o presidente Nixon (1969 – 1973) assume a casa branca com a

promessa de “paz honrada”, o que significava que ele retiraria as tropas do Vietnã

gradualmente. Mas as tropas foram totalmente retiradas em 1973. A segunda foi o ambiente

de batalha desfavorável, os americanos não sabiam como batalhar em clima tropical, uma

mata fechada um ambiente quente e úmido. Muitos soldados americanos passavam mal por

conta do calor e o campo de batalha desconhecido também não ajudava.

Durante o início da guerra os EUA contavam com a vantagem tecnológica, mas a

força de vontade vietnamita e seus métodos, no mínimo criativos, foram mudando esse

quadro. Os vietnamitas faziam bombas com bambu, e se camuflavam na mata com explosivos

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junto ao corpo, eles não temiam perder a vida por sua causa, já os soldados americanos

acreditavam que aquela não era uma guerra deles.

As táticas criativas dos vietnamitas tiram uma resposta violenta, o estado de guerra

total bombardeios aéreos napalm, grandes massacres. A guerra do Vietnã teve grande

cobertura da imprensa e os massacres testemunhados pela imprensa também pesaram contra a

participação americana.

PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA NAS GUERRAS

Durante a primeira guerra mundial a maior participação do brasil foi com

fornecimento de médicos, porque o brasil não possuía efetivo militar com condições de lutar

em uma guerra. Após as revoltas de Canudos e do Contestado, foi preciso repensar o exército

brasileiro por cona da sua má atuação nessas revoltas. No início do século XX o patrono do

exército brasileiro Olavo Bilac viu que era preciso repensar o exército. E durante a primeira

guerra o exército ainda não estava “pronto “.

Já na segunda guerra mundial, o exército já estava muito mais solido e com auxílio das

armas americanas sua atuação foi fundamental na Itália para vencer as forças do eixo. A

atuação brasileira foi muito bem reconhecida. No exterior o Exército Brasileiro é conhecido

por sua eficiência e habilidade de combate. Alguns soldados americanos vêm até o Brasil para

fazer treinamentos. E soldados brasileiros vão até os EUA dar treinamentos. Atualmente uma

grande parte do aparato militar da ONU é composto pelo exército brasileiro. O Brasil também

é um grande produtor de armas e 4° maior exportador do mundo, segundo documento

divulgado pela entidade Small Arms Survey em 2013. Tendo fabricas da Taurus, Rossi e

IMBEL.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A tecnologia armamentista foi evoluindo com o passar das guerras. Ironicamente, os

períodos de maior evolução tecnológica da humanidade são os períodos de guerra. A energia

nuclear que destrói cidades, move submarinos e trata câncer. Os aviões que bombardeiam

cidades também transportam pessoas de forma rápida.

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A guerra, com todas as suas atrocidades, é apenas um reflexo da natureza humana, que

flora nessas situações. E ignorar esses períodos e suas movimentações tecnológicas e sociais é

ignorar uma parte do ser humano.

Muitas das tecnologias atuais foram desenvolvidas em períodos em que a criatividade

humana, para ferir outros humanos, se fez notar. Os parafusos que hoje são utilizados para

unir as coisas, foram desenvolvidos durante a santa inquisição em uma forma tortura chamada

esmaga dedo. Os elevadores são descendentes de uma outra forma de tortura da inquisição

chamada de roda. Após os períodos de guerra mais recentes, foram possíveis a criação dos

computadores, telefones celulares e internet. Tornando as guerras um mal necessário para a

humanidade.

FROM GATLING TO KALASHNIKOV: THE EVOLUTION OF WAR AND

WEAPONS THROUGH THE

ABSTRACT

This paper aims to show the guns and their evolution over the centuries. The technological

development provided by the industrial revolutions and the wars caused fewer war casualties and

created less bloody weapons compared to the Middle Ages. We describe how this evolution occurred

and how it is represented, presenting long known weapons, such as the assault rifle Avtomat

Kalashnikov 1947 or AK47.

Keywords: War. Weapons. Gun. Technology.

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Universidade do Sagrado Coração

Rua Irmã Arminda, 10-50, Jardim Brasil – CEP: 17011-060 – Bauru-SP – Telefone: +55(14) 2107-7000

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