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1 Deflacionismo e Realismo (Esboço) Alexandre N. Machado Universidade Federal da Bahia [email protected] Um conceito não é essencialmente um predicado. 1 RESUMO: No presente texto pretendo atingir os seguintes objetivos: apresentar brevemente a tese de Michael Dummett segundo a qual algumas versões da con- trovérsia entre realistas e anti-realistas podem ser interpretadas em termos se- mânticos (secção 1), apresentar a crítica deflacionária de Scott Soames à tese de Dummett (secção 2), apresentar uma possível linha de objeção à crítica de Soa- mes baseada em algumas observações de Frege sobre a relação entre verdade e asserção (secção 3) e discutir uma possível réplica de Soames (secção 4). 1. Metafísica e Semântica O termo “realismo” surgiu como o nome de uma teoria metafísica, sobre aspec- tos essenciais do mundo. Uma das posições na famosa querela dos universais, por exemplo, é denominada realismo. De acordo com o realismo, universais são entidades reais, ou seja, existem e sua existência é independente de nós. O realismo sobre o mundo empírico afirma que o mundo empírico também existe independentemente de nós. Há dois modos de se conceber essa independência: ontologicamente e epistemicamente. Algo é ontologicamente independente de nós quando sua existência não depende da nossa. Algo é epistemicamente in- dependente de nós quando sua existência não depende de que possamos o co- nhecer. A última forma de independência não implica a primeira, embora o inverso pareça ser verdadeiro. Portanto, a forma mais forte de realismo metafí- sico parece ser aquela que atribui independência ontológica. Realismo episte- mológico é a teoria segundo a qual conhecemos coisas metafisicamente reais. Um realista metafísico não necessita ser um realista epistemológico. Ele pode 1 Wittgenstein (1996), parte V, p. 299.

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Deflacionismo e Realismo (Esboço)

Alexandre N. Machado

Universidade Federal da Bahia [email protected]

Um conceito não é essencialmente um predicado.1

RESUMO: No presente texto pretendo atingir os seguintes objetivos: apresentar brevemente a tese de Michael Dummett segundo a qual algumas versões da con-trovérsia entre realistas e anti-realistas podem ser interpretadas em termos se-mânticos (secção 1), apresentar a crítica deflacionária de Scott Soames à tese de Dummett (secção 2), apresentar uma possível linha de objeção à crítica de Soa-mes baseada em algumas observações de Frege sobre a relação entre verdade e asserção (secção 3) e discutir uma possível réplica de Soames (secção 4).

1. Metafísica e Semântica O termo “realismo” surgiu como o nome de uma teoria metafísica, sobre aspec-tos essenciais do mundo. Uma das posições na famosa querela dos universais, por exemplo, é denominada realismo. De acordo com o realismo, universais são entidades reais, ou seja, existem e sua existência é independente de nós. O realismo sobre o mundo empírico afirma que o mundo empírico também existe independentemente de nós. Há dois modos de se conceber essa independência: ontologicamente e epistemicamente. Algo é ontologicamente independente de nós quando sua existência não depende da nossa. Algo é epistemicamente in-dependente de nós quando sua existência não depende de que possamos o co-nhecer. A última forma de independência não implica a primeira, embora o inverso pareça ser verdadeiro. Portanto, a forma mais forte de realismo metafí-sico parece ser aquela que atribui independência ontológica. Realismo episte-mológico é a teoria segundo a qual conhecemos coisas metafisicamente reais. Um realista metafísico não necessita ser um realista epistemológico. Ele pode

1 Wittgenstein (1996), parte V, p. 299.

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ser um tipo de cético que afirma que o que quer que seja metafisicamente real não pode ser conhecido.

As reações ao realismo são geralmente denominadas anti-realismo, cuja forma extrema é o idealismo. Há anti-realismos não-idealistas, como a metafí-sica do erro teórico, que afirma que embora a verdade das asserções de uma determinada área da linguagem suponham a existência de um determinado tipo de entidades, essas entidades não existem e, portanto, as asserções em questão são sistematicamente falsas (ou sem valor de verdade).2

Michael Dummett, em “Realism” (1963), sustenta que ao menos algumas versões da controvérsia metafísica entre realismo e anti-realismo (doravante “controvérsia sobre o realismo”) podem ser interpretadas semanticamente. Isso significa que as teses e questões centrais envolvidas nessas controvérsias po-dem ser interpretadas como teses e questões não sobre aspectos do mundo, mas sobre aspectos semânticos da linguagem que usamos para falar sobre o mundo. Mais especificamente, Dummett acredita que essas controvérsias podem ser apresentadas como controvérsias sobre a natureza da verdade da classe de enunciados que descreve as entidades em torno das quais gira a controvérsia. Assim, ele define “realismo” e “anti-realismo” da seguinte forma:

Realismo eu caracterizo como a crença que os enunciados da classe em disputa pos-suem um valor de verdade objetivo, independente dos nossos meios de conhecê-lo: eles são verdadeiros ou falsos em virtude de uma realidade existente independente-mente de nós. O anti-realista opõe a isso a visão que os enunciados da classe em disputa devem ser entendidos apenas por referência à espécie de coisa que conta-mos como evidência para um enunciado dessa classe. [Dummett (1963), p. 146]3

O caráter semântico dessa interpretação da disputa fica mais explícito quando notamos que, de acordo com o realismo sobre uma determinada classe de e-nunciados, podemos compreender enunciados dessa classe para os quais não temos nenhum meio de determinar seus valores de verdade, ao passo que, de acordo com o anti-realista sobre essa mesma classe de enunciados, isso é im-possível. Portanto, a disputa diz respeito ao tipo de significado que os enuncia-dos da classe em disputa possuem: ou o significado dos enunciados é determi-

2 Um anti-realismo semelhante à metafísica do erro teórico é o reducionismo. Uma manei-

ra de se descrever o reducionismo consiste em dizer que quando se reduz entidades de um certo tipo A a entidades de outro tipo B, mostra-se que entidades do tipo A são entidades do tipo B ― mostra-se que as supostas entidades do tipo A diferentes das entidades do tipo B não existem. Se entidades mentais são reduzidas a disposições, por exemplo, então isso mostra que supostas entidades mentais distintas das disposições não existem.

3 Todas as traduções no presente texto são minhas.

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nado pelos meios de que dispomos para determinar seus valores de verdade ou não é.4

A partir dessa interpretação semântica da controvérsia sobre o realismo, em “Truth” (1963) e The Logical Basis of Metaphysics (1991), Dummett propõe um projeto de investigação anti-realista, influenciado em parte, segundo ele, pela doutrina de Wittgenstein segundo a qual o significado deve ser explicado em termos do uso, e não em termos da verdade, como o faz o realista, que ana-lisa o significado em termos de condições de verdade. Ele acredita que essa doutrina do significado como uso está correta entre outras coisas porque ela consegue enfrentar certos desafios semânticos que o realista aparentemente não consegue. O realista parece não conseguir explicar como alguém pode manifes-tar e aprender as condições de verdade de enunciados para os quais não temos meios para determinar seus valores de verdade.

Uma outra influência importante, segundo o próprio Dummett, é (o que ele considera como) a convicção metodológica de Frege que a metafísica deve ser construída sobre a base de uma filosofia do pensamento (cf. Dummett, 1991).

Mas Dummett acredita que a realização do seu projeto é anti-wittgensteiniano em um sentido: seus resultados anti-realistas, se corretos, não deixam tudo como está. Isso significa que algumas de nossas atividades devem ser modificadas sob a luz desses resultados ou, talvez, abandonadas (cf. Dum-mett, 1991, prefácio).

A interpretação semântica da controvérsia sobre o realismo tem sido muito criticada nas últimas três décadas, principalmente (embora não apenas) por expoentes defensores de teorias deflacionárias da verdade. Na lista de críticos destacam-se Paul Horwich (1990), Michael Dewitt (1991) e Scott Soames (1999). O ponto central dessas críticas consiste em mostrar que a controvérsia sobre o realismo não é e não equivale a uma controvérsia sobre a natureza da verdade. Em geral, ela não é uma controvérsia semântica. Deve-se notar, entre-tanto, que mesmo que esse ponto esteja correto, isso por si só não retira a legi-timidade da controvérsia formulada por Dummett (doravante controvérsia de Dummett). O que esse ponto mostra é que a controvérsia de Dummett e a controvérsia metafísica são independentes. Todavia, mesmo a controvérsia de Dummett, segundo alguns desses críticos, não é uma controvérsia sobre a ver-dade, não obstante ser geralmente formulada com o uso do predicado veritati-vo, ou seja, o predicado “é verdade”.

4 Dummett algumas vezes apresenta a controvérsia sobre o realismo como uma controvér-

sia sobre a verdade do princípio lógico da bivalência. Realistas, segundo ele, acreditam que todo enunciado, mesmo um enunciado em princípio inverificável, é ou verdadeiro ou falso. Ao passo que anti-realistas acreditam que apenas enunciados verificáveis são verdadeiros ou falsos.

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Soames acredita que o conceito de verdade não possui qualquer peso meta-físico, que a definição ou elucidação correta do significado da expressão “ver-dade” (ou “é verdadeiro”) é neutra em relação a qualquer controvérsia metafí-sica e inclusive em relação à controvérsia de Dummett. Ele procura mostrar essa neutralidade em relação à controvérsia sobre de Dummett mostrando que as teses envolvidas nessa controvérsia podem ser formuladas sem o uso do predicado veritativo. A seguir exporei o argumento de Soames e logo depois exporei uma possível linha de objeção a esse argumento. Essa objeção procura mostrar que do fato de a controvérsia de Dummett poder ser formulada sem o uso do predicado veritativo não se segue que a natureza da verdade não esteja em questão. 2. A eliminação deflacionária do predicado veritativo Segundo Soames, alguns filósofos anti-metafísicos de orientação científica, acham que o conceito de verdade é irremediavelmente problemático, na medi-da em que parece ser um conceito metafísico, pois parece que se o usamos, estamos obrigados a tomar uma posição na infindável controvérsia sobre o realismo, entendida tal como Dummett a entende, como uma controvérsia entre aqueles que acreditam que a verdade é radicalmente não epistêmica e possi-velmente transcendente e aqueles que negam isso. A motivação de Soames para mostrar que a controvérsia dummettiana sobre o realismo não é uma con-trovérsia sobre a natureza da verdade é mostrar a esses filósofos anti-metafísicos que não há nada com o que se preocupar,5 que o conceito de verda-de é neutro com relação a grandes questões metafísicas (e epistemológicas) tradicionais. Soames procura mostrar que o conceito de verdade não é metafí-sico por meio do seguinte modus tollens:

(1) Se o conceito de verdade é metafísico, então a controvérsia sobre o rea-lismo não poderia ser formulada sem o uso do predicado veritativo. (2) A controvérsia sobre o realismo pode ser formulada sem o uso do predi-cado veritativo. (3) Portanto, o conceito de verdade não é metafísico.

Não vou questionar a premissa (2). Vou apresentar uma objeção à premissa (1), ou seja, uma objeção que procura mostrar que mesmo que a controvérsia sobre o realismo possa ser formulada sem o uso do predicado veritativo, disso não se

5 Soames (1999), p. 33.

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segue que a controvérsia não seja sobre a natureza da verdade. Mas antes, ve-jamos o que Soames oferece como argumento para a premissa (2).

Seu argumento é baseado em uma análise da função do predicado veritativo na formulação da controvérsia realista. Sua alegação principal é que o predica-do veritativo é usado nessa formulação apenas para expressar uma quantifica-ção que os realistas aceitam e os anti-realistas negam. Mas pode-se formular a tese realista, afirma Soames, sem usar o predicado veritativo.

De acordo com Soames, a controvérsia sobre o realismo na filosofia con-temporânea é normalmente formulada assim: realistas aceitam que proposições inverificáveis podem ser verdadeiras (ou falsas) e anti-realistas negam isso. Acredita-se, normalmente, que o realismo é implicado pela teoria da verdade como correspondência, que os anti-realistas rejeitariam.6 Desse modo, o pro-blema parece ser determinar o que é a verdade, para saber se proposições inve-rificáveis verdadeiras (ou falsas) são possíveis.

A fim de mostrar que não precisamos usar o predicado veritativo para for-mular a controvérsia sobre o realismo, Soames primeiro mostra qual é a função desse predicado nessa formulação.

A seguinte quantificação é a formulação da tese realista que há ao menos uma proposição inverificável:

(R) Alguma proposição é verdadeira, mesmo que não tenhamos evidência suficiente para mostrar que ela é verdadeira.

Essa quantificação é uma formulação finita do que é expresso por uma disjun-ção (potencialmente) infinita, a saber, uma que começa assim: ou chove, embo-ra não tenhamos evidência suficiente para mostrar que chove, ou não chove, embora não tenhamos evidência suficiente para mostrar que não chove, ou neva, embora não tenhamos evidência suficiente para mostrar que neva, ou não neva, embora não tenhamos evidência suficiente para mostrar que não neva, e assim por diante, para toda proposição. Chamarei essa disjunção de “disjunção realista”.

Soames mostra que não podemos construir a quantificação equivalente à disjunção realista do mesmo modo que construímos a quantificação equivalen-te à seguinte disjunção: ou a mãe de João disse que João resolveu o problema, ou a mãe de Pedro disse que Pedro resolveu o problema, ou a mãe de José disse que José resolveu o problema, e assim por diante. Chamarei disjunções desse tipo “disjunção objetual”. Para construir a quantificação equivalente a essa disjunção objetual, usamos o quantificador algum homem e o pronome ele. Assim, construímos a seguinte quantificação:

6 Para objeções a essa tese, cf. Kirkham, ??.

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A mãe de algum homem disse que ele resolveu o problema.

Se fizermos o mesmo para construir uma quantificação realista, ou seja, se

usarmos o quantificador alguma proposição e o pronome ela, o resultado será uma frase sem sentido:

Alguma proposição, mesmo que não tenhamos evidência suficiente para mostrar que ela.

A razão disso é que algum homem quantifica sobre indivíduos, e aqui estamos quantificando sobre proposições.7 O quantificador, no primeiro caso, substitui nomes de indivíduos, enquanto que, no último caso, ele substitui frases que expressam proposições. Desse modo, a fim de construir a quantificação apro-priada, precisamos de um predicado tomando alguma proposição e ela como objetos. É aqui que o predicado veritativo desempenha sua função. Com ele podemos transformar a última frase na tese realista (I):

Alguma proposição é verdadeira, mesmo que não tenhamos evidência sufi-ciente para mostrar que ela é verdadeira.

Isso parece mostrar que a única função do predicado veritativo aqui é tornar

sintaticamente possível a construção da quantificação apropriada que o realista aceita e o anti-realista nega e, assim, formular de maneira finita o que está em disputa na controvérsia sobre o realismo. Deve-se notar que na disjunção rea-lista, o predicado veritativo não é usado. A questão é: podemos formular de modo finito o que é expresso por uma disjunção infinita sem usar o predicado veritativo? Soames acredita que podemos fazer isso por meio dois esquemas (p. 35):

(A) Ou P ou não-P [princípio do terceiro excluído]. e

(B) Ou é possível mostrar que P ou é possível mostrar que não-P.

7 Há um debate sobre se podemos quantificar sobre proposições, por oposição a quantifi-

car sobre frases. Essa é uma importante questão. Mas podemos deixá-la de lado aqui (como Soames faz, 1999, pp. 58-59, mota 23), pois ela não afeta a questão filosófica que está sendo discutida.

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A formulação da controvérsia sobre o realismo sem o uso do predicado verita-tivo seria, então, a seguinte:

(DR) Realistas aceitam que há instâncias de (A) que não são instâncias de (B), ao passo que anti-realistas aceitam que todas as instâncias de (A) tam-bém são instâncias de (B).

Essa é uma formulação finita do que está em disputa na controvérsia sobre o realismo e nela não usamos o predicado veritativo. Soames conclui:

A menos que essa diferença [entre realistas e anti-realistas] possa de algum modo ser rastreada até um desacordo anterior sobre a verdade, não há nada aqui para a-poiar a suspeita de que a verdade é uma noção metafisicamente carregada, cujo uso carrega um comprometimento com doutrinas filosóficas controvertidas tais como realismo e anti-realismo. [p. 35]

De acordo com Soames, (DR) é uma formulação deflacionária da contro-

vérsia sobre o realismo na medida em que se baseia na concepção deflacionária da verdade. De acordo com essa concepção todos os fatos sobre a verdade podem ser explicados por meio do esquema T:8

(T) “P” é verdadeira se, e somente se, P O uso do predicado veritativo é determinado pela aceitação a priori de todas as instâncias não problemáticas desse esquema. O significado desse predicado e o conteúdo do conceito de verdade são inteiramente determinados por esse modo de uso do predicado. O mesmo acontece com a natureza ou essência da verda-de. A verdade, de acordo com o deflacionismo, não é uma propriedade subs-tancial, mas é totalmente descrita por meio da descrição deflacionária do uso do predicado veritativo. Nesse sentido, as atribuições de verdade são sistemati-camente enganadoras, pois podem nos levar a crer que não são diferentes de atribuições de propriedades substanciais. Se essa descrição da natureza da ver-dade for correta, a verdade não possui uma natureza oculta à espera de ser descoberta por meio de uma profunda análise filosófica e expressa por uma definição analítica explícita. A verdade é um recurso lógico-sintático que nos permite asserir ou quantificar sobre proposições que não podemos formular. Essa é justamente a função que ela desempenha na formulação tradicional da

8 Em Understanding Truth, Soames critica várias versões do deflacionismo: a teoria da

redundância de Ramsey, a teoria semântica de Tarki, a teoria de Kripke e o minimalismo de Horwich. Mas ele acredita que as intuições fundamentais do deflacionismo estão corretas (cf. Soames, 1999, p. 254).

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controvérsia sobre o realismo. Mas Soames, como vimos, argumenta que ela é dispensável na formulação deflacionária dessa controvérsia.

É claro que para que a premissa (1) do argumento de Soames (“Se o concei-to de verdade é metafísico, então a controvérsia sobre o realismo não poderia ser formulada sem o uso do predicado veritativo”) seja útil para seus propósi-tos, seu conseqüente deve ser entendido da seguinte forma: a controvérsia so-bre o realismo não poderia ser formulada sem o uso do conceito de verdade. Seria a necessidade do conceito de verdade na formulação da controvérsia sobre o realismo, não da palavra “verdadeira”, que mostraria que essa é uma controvérsia sobre a natureza da verdade. Mas isso pressupõe que a única ma-neira de se expressar o conceito de verdade lingüisticamente é por meio do predicado veritativo. Essa pressuposição não é evidente. A expressão lingüísti-ca do conceito de tempo, por exemplo, não necessita ser feita por meio do substantivo “tempo” ou do adjetivo “temporal”. Por que isso deveria ser assim no caso do conceito de verdade? Com certeza, do fato de a controvérsia sobre o realismo poder ser formulada sem o uso do predicado veritativo se segue que o conceito de verdade não está explicitamente envolvido nessa formulação. En-tretanto, há uma linha de objeção a Soames que se baseia na tese que o concei-to de verdade está implicitamente envolvido mesmo na formulação deflacioná-ria de controvérsia sobre o realismo. Se houver boas razões para essa tese, verificar se o predicado veritativo não necessita ser usado na formulação de uma tese não é um teste confiável para saber se a formulação dessa tese envol-ve ou não o conceito de verdade e, portanto, para saber se essa tese é ou não sobre a natureza da verdade.

Antes de apresentar as referidas razões, gostaria de dizer que admitir que a controvérsia sobre o realismo é uma controvérsia sobre a natureza da verdade (sobre um aspecto necessário da verdade) não é admitir que a noção de verdade é metafísica no sentido de Soames. Ser metafísico no sentido de Soames é ser ou realista ― que defende que a verdade é absolutamente independente do conhecimento ― ou anti-realista (que defende que a verdade é parcial ou to-talmente redutível ao conhecimento). Se alguém acredita que ambas doutrinas estão erradas, então não é um metafísico no sentido Soames. Mas se a contro-vérsia sobre o realismo é uma controvérsia sobre um aspecto necessário da verdade, então, em um certo sentido, é uma controvérsia sobre a natureza da verdade e, nesse sentido, é uma controvérsia metafísica. Isso pressupõe, é cla-ro, que há uma terceira alternativa além do realismo e do anti-realismo quando se trata de determinar a relação entre verdade e conhecimento. Acredito que a

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filosofia madura de Wittgenstein é essa alternativa.9 Mas não vou argumentar em favor disso aqui.10

Passo agora à apresentação de um esboço das razões para se acreditar que o argumento de Soames contra a interpretação semântica da controvérsia sobre o realismo não é cogente.

3. A expressão do conceito de verdade Segundo Frege, ao se usar uma frase com força assertiva, toma-se ou conside-ra-se o pensamento expresso pela frase como verdadeiro. Esse ato de conside-rar o pensamento como verdadeiro, o juízo, não é necessariamente expresso pelo predicado veritativo (ou sinônimos). O uso desse predicado não é garantia de que a frase está sendo usada com força assertiva e sua ausência não indica que a frase não está sendo usada com força assertiva.11 Um ator em uma peça de teatro, por exemplo, profere frases com forma gramatical assertiva e algu-mas vezes com a forma “É verdade que P”, mas (normalmente) sem força as-sertiva.

Há um debate sobre como devemos entender o ato do juízo, o ato de se con-siderar um pensamento como verdadeiro. Em parte essa dificuldade está rela-cionada à tese de Frege que a verdade não é uma propriedade. Como pode ser o caso que possamos considerar um pensamento como verdadeiro e não atribu-irmos a ele a propriedade da verdade? Mas não precisamos nos ocupar com

9 Não sustento, entretanto, que seja a única alternativa. Todavia, não conheço outra alter-

nativa. 10 Meus argumentos estão em Machado (2005). 11 Cf. Frege (1906): “De fato, no fundo a frase “é verdade que 2 é primo” não diz mais

que “2 é primo”. Se no primeiro caso nós expressamos um juízo, não é por causa do uso da palavra “verdade”, mas por causa da força assertiva que damos à palavra “é”. Mas podemos fazer isso igualmente bem na segunda frase, e um ator em um palco, por exemplo, seria capaz de pronuncia a primeira frase, tão facilmente quanto a segunda, sem a força asserti-va.” (p. 297) Cf. também Frege (1918): “Expressamos o reconhecimento da verdade na forma da frase assertiva. Não precisamos da palavra “verdade” para isso. E mesmo quando a usamos, a força assertiva apropriada não reside nela, mas na forma da frase assertiva; e onde essa forma perde sua força assertiva, a palavra “verdade” não pode repô-la de volta. […] Em poesia temos um caso de pensamentos sendo expressados sem serem realmente apresentados como verdadeiros, a despeito da forma assertiva da frase. (p. 330) Devemos distinguir aqui entre “a forma [lógica] da frase assertiva” e “a forma [gramatical] assertiva da frase”. A primeira descrição, mas não a segunda, equivale a “a força assertiva da frase”. O contraste importante aqui, portanto, é entre a força assertiva da frase e a sua forma assertiva. Uma frase pode ter a forma assertiva e não ter força assertiva (não ter a forma de uma frase asser-tiva).

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essa controvérsia aqui, pois o que importa é se a asserção é ou não a expressão lingüística ao menos implícita do conceito de verdade e nisso os envolvidos na referida controvérsia concordam que é a opinião de Frege.

Se Frege estiver correto, então embora possamos formular a controvérsia entre realismo e anti-realismo sem usar o predicado veritativo (ou o substanti-vo “verdade”), isso não implica que o conceito de verdade não esteja sequer implicitamente envolvido na sua formulação. Sua ocorrência implícita parece ser a única maneira de explicar algo implícito no argumento de Soames: por que na construção da quantificação realista, isto é, da formulação tradicional da tese realista, devemos usar o predicado veritativo e não outro qualquer que propiciasse construir uma frase sintaticamente bem formada? Se usássemos o predicado “é facilmente apreensível”, por exemplo, a frase resultante teria sentido:

Alguma proposição é facilmente apreensível, mesmo que não tenhamos e-vidência suficiente para mostrar que ela é facilmente apreensível.

Mas essa quantificação não expressaria o mesmo que a disjunção realista. O predicado veritativo é apropriado nesse caso porque, por meio da primeira parte dessa quantificação, estamos asserindo uma proposição desconhecida, e não dizendo que ela é facilmente apreensível; estamos dizendo, portanto, que ao menos uma das proposições sobre as quais estamos quantificando é verda-deira. O predicado veritativo é apropriado, portanto, porque expressa explici-tamente parte do que expressamos quando usamos frases com força assertiva, ou seja, a própria força assertiva.

Deve-se notar que isso não é o mesmo que dizer que sempre que usamos esse predicado em uma frase da forma “É verdade que P” essa frase tem força assertiva. O que foi dito é que quando uma frase dessa forma é usada com força assertiva, o predicado veritativo expressa essa força de forma explícita. Portanto, para que o predicado expresse a força assertiva, a frase em que ele aparece deve tê-la independentemente do uso desse predicado. Quando o pre-dicado não é usado e a frase é usada com força assertórica, então a força asser-tiva é expressa de forma implícita.

De acordo com isso, o que expressa o conceito de verdade não é o uso de uma expressão particular, mas um certo modo de uso de uma certa estrutura sintática: o uso de frases com forma assertiva e com força assertiva.

A aceitação dessa descrição fregeana da relação entre verdade e asserção não necessita se comprometer com a ontologia fregeana em que pensamentos e valores de verdade são objetos abstratos. Ela exige no máximo uma distinção entre dois tipos de uso da mesma frase com as mesmas condições de verdade: o

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seu uso com força assertiva e o seu uso sem força assertiva. A ontologia frege-ana faz parte de uma teoria que pretende explicar essa distinção.

4. Objeções e respostas Tudo que disse parece compatível com uma concepção deflacionária de propri-edade, tal como a de Paul Horwich, por exemplo. Segundo essa concepção, todo predicado denota uma propriedade, embora em cada caso fique aberta a questão sobre se a propriedade denotada é uma propriedade substancial ou uma propriedade deflacionária.12 O que estou dizendo é que seja qual for a natureza da verdade, trata-se de uma propriedade que ao menos implicitamente atribuí-mos àquilo que expressamos por meio de frases que usamos com força asserti-va, mesmo quando não usamos o predicado veritativo.

Soames poderia responder que uma explicação deflacionária da função do predicado veritativo seria suficiente para explicar a necessidade desse predica-do na construção da quantificação realista. O predicado veritativo seria apro-priado para formular a quantificação realista justamente porque a asserção da proposição que “p” é verdadeira equivale à asserção de “p”. O mesmo não ocorre com a asserção da proposição que “p” é facilmente apreensível. A quan-tificação realista exige uma proposição em que um predicado tome uma propo-sição como objeto e seja equivalente à proposição objeto.

Mas, tal como está formulada, essa resposta parece ser irrelevante para se determinar se o conceito de verdade é ou não expresso em uma asserção em que o predicado veritativo não é usado. Essa explicação da função desse predi-cado nada diz sobre se esse predicado é o único meio de se expressar o concei-to de verdade.

Todavia, suponhamos que, como sustenta o deflacionismo, a única função do predicado veritativo é permitir a construção de frases por meio das quais podemos asserir ou quantificar sobre proposições desconhecidas, então se não

12 “E não é parte da concepção minimalista manter que a verdade não é uma propriedade”

(Horwich, 1990, p. 38). Horwich sustenta que alguns dos obstáculos para a aceitação do deflacionismo são suas formulações inadequadas. Uma dessas formulações inadequadas é chamada teoria da verdade como redundância. De acordo com essa teoria, o predicado veri-tativo não é um predicado genuíno e, portanto, a verdade não é uma propriedade genuína. Horwich sustenta que a verdade é uma propriedade genuína. A intuição correta dos defenso-res da teoria da verdade como redundância, segundo Horwich, é que o predicado veritativo não denota uma propriedade substancial, cuja natureza subjacente está à espera de uma descoberta. Teorias da verdade como redundância não pode dar conta do fato de não poder-mos eliminar, sem perda de poder expressivo. o predicado “é verdade” de frases como “A afirmação de Oscar é verdadeira” (cf. p. 40)

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houvesse a necessidade de asserir ou quantificar sobre proposições desconhe-cidas, esse predicado seria totalmente desnecessário e redundante. Disso parece se seguir que algo é a propriedade da verdade se, e somente se, for aquilo que é denotado pelo predicado veritativo. Logo, essa propriedade existe se, e somen-te se, o predicado veritativo existe. Uma conseqüência dessa equivalência é que a propriedade da verdade não é denotada quando se profere uma frase em que o predicado veritativo não é usado e, portanto, a fortiori, não é implicitamente denotada quando se profere essas frases. Parece que se a propriedade da verda-de não é implicitamente denotada no proferimento de tais frases, então o con-ceito de verdade não é implicitamente expresso por meio desse proferimento.

O problema com esse argumento é que ele revela a obscuridade do que sig-nifica dizer, de uma perspectiva deflacionária, que a verdade é uma proprieda-de denotada pelo predicado veritativo. O que o predicado veritativo denota? Sua própria função expressiva? Falar que a verdade não é uma propriedade independente da função do predicado veritativo, embora seja uma propriedade, parece ser simplesmente uma maneira velada de se usar a navalha de Ockham como o intuito de tornar o nominalismo sobre a verdade mais plausível.

Paul Horwich diz que “diferentes espécies de propriedades correspondem a diferentes espécies de papéis que predicados desempenham em nossa lingua-gem” (Horwich, 1990, p. 38). Mas, como o próprio deflacionista não quer ne-gar, predicados não servem para denotar propriedades que atribuímos a propo-sições? Denotar propriedades que predicamos de certos objetos não é o papel que tanto o predicado veritativo quanto o predicado “é um planeta”, por exem-plo, desempenham? Horwich diz que “…a sintaxe não é um guia infalível para estrutura semântica. De fato, um dos interesses centrais desse livro ― se o predicado veritativo representa ou não alguma espécie de propriedade ― se deriva desse fato bem conhecido.” (Horwich, 1990, p. 90). Mas, a estrutura semântica de “A Terra é um planeta” e de “A proposição ‘A Terra é um plane-ta’ é verdadeira” não é a mesma? Em ambos os casos, segundo o deflacionista, não temos a atribuição de uma propriedade a algo? Sendo assim, parece que a diferença relevante aqui não é semântica, mas metafísica. Trata-se da diferença entre dois tipos de propriedades.

Os deflacionistas como Horwich, que não querem negar que a verdade seja uma propriedade, insistem que a verdade é uma propriedade de um tipo especi-al, a saber, uma propriedade lógica, como a identidade e a existência, por e-xemplo, por oposição a uma propriedade substancial, como o ser ouro e o ser neurótico, por exemplo (cf. Horwich, 1990, pp. 38-39). Mas um platonista poderia aceitar que a identidade é uma propriedade lógica, distinta das proprie-dades psicológicas e físicas, e negar que a existência dessa propriedade depen-da da existência da linguagem. Para argumentar contra o platonista, o deflacio-

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nista teria então de acrescentar e argumentar em favor de uma tese metafísica sobre a natureza das propriedades lógicas.

Uma maneira de explicar a diferença entre propriedades deflacionárias, tais como as propriedades lógicas, e propriedades substanciais é a seguinte. A Terra e Vênus são planetas e há uma única explicação de por que tanto a Terra quan-to Vênus possuem a propriedade de ser um planeta. E essa explicação está baseada numa teoria substancial sobre o que é um planeta. Entretanto, não há, segundo os deflacionistas, uma explicação única de por que as proposições “A Terra é um planeta” e “O número 3 é primo”, por exemplo, possuem a proprie-dade de serem verdadeiras. A primeira proposição é verdadeira porque a Terra possui a propriedade de ser um planeta e a segunda proposição é verdadeira porque o número três possui a propriedade de ser primo.

Essa explicação parece análoga a dizer o seguinte: toda expressão lingüísti-ca nomeia algo, embora haja uma distinção entre nomeados substanciais e nomeados deflacionários. Isso parece uma maneira enganadora de dizer que toda palavra tem um significado. Analogamente, dizer que todo predicado denota uma propriedade parece uma maneira enganadora de dizer que todo predicado tem um significado. A palavra “propriedade” parece ser usada aqui simplesmente como um nome para o conteúdo semântico dos predicados e não como uma categoria metafísica. E a palavra “denota” parece simplesmente um sinônimo de “tem” na expressão “tem significado”.

Damnjanovic afirma que os deflacionistas sustentam, contra os inflacionis-tas, que a natureza da verdade está de acordo com o princípio da revelação. O princípio da revelação diz que natureza da verdade e totalmente revelada pelo que compreendemos quando compreendemos o predicado veritativo.13 Bem, se a verdade é um recurso lógico-sintático que aumenta o poder expressivo da linguagem, então é claro que o conhecimento desse recurso é o conhecimento da verdade; que estudar a natureza desse recurso é estudar a natureza da verda-de. Todavia, não vejo por que um inflacionista não poderia aceitar o principio da revelação sem deixar de ser inflacionista. Tudo o que ele necessita fazer para isso é sustentar que há uma diferença entre um conhecimento explícito e um conhecimento implícito da natureza da verdade. A natureza da verdade está oculta do nosso conhecimento explícito, teórico, mas é totalmente conhecida de forma implícita quando conhecemos o conteúdo do conceito de verdade. E para não ter de concluir que não conhecemos totalmente o conteúdo do concei-to de verdade, o inflacionista teria que estender a distinção entre conhecimento implícito e explícito ao conhecimento do conteúdo do conceito de verdade. E essa distinção é bastante plausível do ponto de vista do próprio deflacionista, pois ele defende justamente que, embora o inflacionista seja competente no uso

13 Cf. Damnjanovic.

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do predicado veritativo e, por isso, conheça totalmente o conteúdo do conceito de verdade, ele é incompetente para formular uma teoria correta sobre esse conteúdo. Ou seja, segundo o deflacionista, o inflacionista tem conhecimento implícito do conteúdo do conceito de verdade, mas não tem conhecimento explícito desse conteúdo. A discussão entre deflacionistas e inflacionistas de-veria, então, se concentrar em torno de qual seria a teoria correta sobre o con-teúdo do conceito de verdade.

Talvez o seguinte experimento de pensamento seja útil para tornar o nomi-nalismo deflacionista mais evidente. Vimos que, de acordo com as regras gra-maticais da nossa linguagem, a frase resultante de se tentar construir a quantifi-cação realista do mesmo modo como construímos quantificações que corres-pondem a disjunções objetuais ― ou seja, a frase “Alguma proposição, mesmo que não tenhamos evidência suficiente para mostrar que ela” ― é gramatical-mente mal formada. Mas regras gramaticais (no sentido ordinário de “gramati-cais”) são contingentes, isto é, o que é gramaticalmente errado pode tornar-se correto e vice-versa. Por isso, é possível que a frase gramaticalmente mal-formada recém mencionada seja bem-formada em uma linguagem diferente da nossa. Suponhamos que nessa linguagem, a referida frase expressasse exata-mente o mesmo que a quantificação realista. Suponhamos, de um modo geral, que o que expressamos por meio do predicado veritativo na nossa linguagem fosse expresso nessa imaginária linguagem por frases em não se usa um predi-cado veritativo e que estariam mal-formadas de acordo com a gramática da nossa linguagem. Nessa linguagem fictícia o predicado veritativo seria comple-tamente inútil. Portanto, de acordo com o deflacionismo, no mundo em que houvesse apenas linguagens desse tipo, a propriedade da verdade não existiria e, portanto, nenhuma proposição seria verdadeira ou falsa.

Não vejo como é possível aceitar as premissas desse argumento e rejeitar sua conclusão sem abandonar o deflacionismo.

5. Conclusão

O deflacionismo parece mesmo incompatível com a descrição fregeana da relação entre verdade e asserção. Por isso, se a negação da premissa (2) do argumento de Soames contra Dummett for baseada nessa descrição fregeana, então ela será também uma rejeição do deflacionismo. Mas o argumento de Soames realmente depende do deflacionismo? Em parte sim, em parte não. Ele não depende do deflacionismo para formular a controvérsia sobre o realismo sem usar o predicado veritativo. Um inflacionista aceitaria a legitimidade dessa formulação sem maiores problemas. O argumento de Soames depende do de-

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flacionismo para inferir da ausência do predicado veritativo a ausência do conceito de verdade.

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