Derrame pleural

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DERRAME PLEURAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JOÃO DE BARROS BARRETO RESIDÊNCIA EM CLÍNICA MÉDICA Flávia Matos R1 de Clínica Médica

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DERRAME PLEURAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JOÃO DE BARROS BARRETO

RESIDÊNCIA EM CLÍNICA MÉDICA

Flávia MatosR1 de Clínica Médica

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Caso Clínico

Um homem de 70 anos de idade com história de tabagismo de longa data, com consumo de 80 maços-ano e antecedente de ICC apresenta-se com piora da dispnéia. Ele também queixa-se de dor no hemitórax direito que piora com a inspiração profunda e encontra-se afebril.

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Caso Clínico

A radiografia torácica revelou derrame pleural bilateral, com mais líquido pleural à direita do que à esquerda.

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Como este paciente deverá ser avaliado?

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Avaliação Inicial Anamnese:

Exame físico: Vários aspectos do exame físico, devem receber atenção especial.

O exame de tórax tipicamente revela:• Macicez à percussão, • Ausência de frêmito, • Diminuição ou abolição do murmúrio vesicular.

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Avaliação Inicial Turgência jugular, ritmo em galope (B3) ou

edema periférico sugerem insuficiência cardíaca congestiva.

A presença de linfadenopatia ou hepatoesplenomegalia sugere doença neoplásica.

Ascite pode sugerir um causa hepática. Presença de sinais de resposta inflamatória

sistêmica (febre, taquicardia, taquipnéia) sugerem uma causa infecciosa subjacente.

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Avaliação Inicial Outras condições clínicas podem produzir

imagens radiológicas semelhantes ao derrame pleural, de forma que estudos alternativos são frequentemente necessários para confirmar se um derrame pleural está presente.

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PNEUMONIA DERRAME PLEURAL TEP

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Avaliação Inicial

Estudos ultra-sonográficos

Radiografias em decúbito lateral (Laurel)

Tomografia Computadorizada (TC) para analisar o parênquima pulmonar subjacente ou mediastino.

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Indicações de Toracocentese

Presença de um derrame pleural clinicamente significativo (maior que 10 mm de espessura à ultrassonografia ou em radiografia em decúbito lateral) sem causa conhecida.

Shinto, RA. Am J Med 1990;88:230-4.

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Indicações de Toracocentese Em pacientes com ICC e derrame pleural

bilateral de tamanho semelhante, afebril e sem dor torácica é recomendável observar e promover diurese antes de optar pela toracocentese.

Se o derrame for unilateral, indicar toracocentese.

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Indicações de Toracocentese Cerca de 75 % dos derrames causados

por ICC resolvem-se dentro de 48 horas após estímulo da diurese.

Se o derrame persistir por mais de três dias, é indicado toracocentese.

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Indicações de Toracocentese A princípio, a toracocentese é realizada

para fins diagnósticos, a menos que o doente apresente dispnéia em repouso, quando pode-se indicar toracocentese de alívio, podendo ser usada para remover até 1500 ml de fluido.

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Toracocentese

Pode ser realizada à beira do leito com ou sem o auxílio de ultrassonografia.

A realização do procedimento guiado por ultrassonografia é indicada se houver dificuldade na obtenção de líquido pleural ou se o derrame for pequeno.

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Indicações de Toracocentese

Não é necessário realizar rotineiramente radiografia de tórax após toracocentese, salvo se houver aspiração de ar durante a toracocentese, evolução com tosse, dor torácica e/ou perda do frêmito tóraco-vocal em área superior ao local da punção.

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Aspecto do Derrame Pleural A aparência do líquido pleural fornece

informações úteis. Sanguinolento: cancro, embolia

pulmonar, neoplasia, trauma e pneumonia.

Turbidez do líquido pleural pode ser causada tanto por hiperelularidade quanto por detritos ou ainda por um elevado nível lipídico

Light, RW. Arch Intern Med 1973;132:854-60.

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Aspecto do Derrame Pleural O odor do líquido pleural também

fornece informações úteis. Um cheiro pútrido indica que

provavelmente há infecção por anaeróbios.

Um odor de urina indica provável urinotórax.

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Diferenciação entre Exsudato e Transudato

Transudato: ocorre quando se acumula líquido pleural devido a um desequilíbrio entre as pressões hidrostáticas e oncótica.

Principais causas- ICC, cirrose, e embolia pulmonar.

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Diferenciação entre Exsudato e Transudato

Exsudatos: Ocorrem quando os fatores locais que influenciam o acúmulo de líquido pleural são alterados.

As principais causas são: pneumonia, câncer, e embolia pulmonar.

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Diferenciação entre Exsudato e Transudato

Nas últimas décadas essa diferenciação tem sido feita através da utilização dos Critérios de Light.

Proteínas DHL

Alta sensibilidade para exsudatos. Baixa especificidade.

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Critérios de Light

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Diferenciação entre Exsudato e Transudato Se o aspecto clínico sugere transudato,

mas pelos critérios da Light fechou como exsudato, o gradiente de albumina do soro e do líquido pleural deve ser medido.

Quase todos os pacientes com gradiente maior que 1,2 g por decilitro tem um derrame transudativo.

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Avaliação do Derrame Exsudativo Testes adicionais são necessários:• contagem total e diferencial de células• Bacterioscopia • Culturas• Glicose • DHL• Análise citológica• ADA.

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Avaliação do Derrame Exsudativo A predominância de neutrófilos no

líquido pleural (> 50% das células), indica que um processo agudo está afetando a pleura.

• Derrame parapneumônico • Embolia pulmonar• Efusões secundárias à pancreatite

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Avaliação do Derrame Exsudativo A predominância de células

mononucleares (> 50% de linfócitos) indica um processo crônico.

Pleurite tuberculosa

Pós-operatório de revascularização miocárdica.

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Avaliação do Derrame Exsudativo Derrame pleural eosinofílico (> 10% de

eosinófilos):

• Presença de ar ou sangue no espaço pleural• Reações a drogas (dantroleno, bromocriptina,

ou nitrofurantoína).• Exposição ao amianto.• Síndrome de Churg-Strauss. • Incomum em pacientes com câncer ou

tuberculose, a menos que o paciente tenha sido submetido a repetidas toracocenteses.

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Esfregaço e Culturas

O aproveitamento da cultura é aumentado se realizar-se a inoculação dos frascos de cultivo à beira do leito com o líquido pleural.

Se existe uma probabilidade razoável de que o paciente tenha alguma micobactéria ou infecção fúngica , deve-se solicitar culturas específicas.

Esfregaço do líquido pleural pode revelar fungos, mas esfregaços para micobactérias raramente são positivos, a menos que o paciente tenha um empiema tuberculoso ou SIDA.

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Níveis de Glicose no Liquido pleural A presença de baixos níveis de glicose no fluido

pleural (< 60 mg/dL), indica que o paciente provavelmente tem um derrame parapneumônico ou um derrame neoplásico.

Causas menos comuns são:• Hemotórax, • Tuberculose, • Pleurite reumatóide • Síndrome de Churg-Strauss, • Pleurite lúpica.

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Níveis de Desidrogenase Lática (DHL) no Líquido Pleural

O nível de DHL no líquido pleural correlaciona-se com o grau de inflamação pleural e deve ser medido toda vez que uma nova amostra for colhida.

Aumento progressivo de DHL sugere piora inflamatória, devendo um diagnóstico definitivo ser agressivamente pesquisado.

Inversamente, se o nível de DHL diminui, uma abordagem menos agressiva diagnóstico pode ser considerada.

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Testes oncológicos no Líquido Pleural Forma rápido, eficiente e minimamente

invasiva para auxiliar no diagnóstico de câncer.

A análise citológica em bloco e em esfregaço aumenta a sensibilidade.

A análise citológica pode estabelecer diagnóstico em até 70% dos casos de adenocarcinoma metastático.

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Testes oncológicos no Líquido Pleural Baixa sensibilidade e especificidade

para:• Mesotelioma • Carcinoma de células • Linfomas • Sarcomas que envolvem a pleura

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Marcadores de Tuberculose no Líquido Pleural

Uma vez que < 40% dos pacientes com pleurite tuberculosa tem cultura positiva, meios alternativos são utilizados para estabelecer o diagnóstico.

Adenosina desaminase (ADA > 40 U/L) Interferon-g (>140 pg/L.) Reação em cadeia da polimerase (PCR)

para DNA de micobactérias.

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pH do Líquido Pleural

Justificado na suspeita de derrame parapneumônico ou neoplásico.

pH < 7,20 em um paciente com derrame pleural parapneumônico indica a necessidade de drenagem do fluido.

Um pH <7,20 em um paciente com derrame pleural neoplásico indica péssimo prognóstico.

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Amilase

Níveis elevados são vistos em pacientes com doença pancreática e ruptura esofágica.

Deve ser medida se houver sintomas clínicos ou se a história sugestiva

Não solicita-se rotineiramente.

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Recomendações

Se após essa avaliação não houver diagnóstico evidente é necessário avaliar a possibilidade de embolia pulmonar .

• Se o diagnóstico permanece incerto, considerar testes invasivos:

• Toracoscopia, • biópsia da pleura por agulha• biópsia pleural aberta.

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Avaliação de Embolia Pulmonar

A possibilidade de embolia pulmonar deve ser considerada quando um paciente tem dor pleurítica, hemoptise, dispnéia ou desproporcionadas em relação à dimensão do derrame.

O melhor teste é medição do nível de dímero-D no sangue periférico.

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Avaliação de Embolia Pulmonar

Se negativo, o diagnóstico de embolia pulmonar é essencialmente excluída.

Se o D-dímero é positivo, testes diagnósticos específicos adicionais devem ser realizados:

• Ultra-sonografia dúplex das pernas• TC helicoidal• Arteriografia

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Solucionando o Caso Clínico No caso clínico inicial, o derrame pleural por

insuficiência cardíaca congestiva é uma possibilidade, uma vez que o paciente tem história desta condição.

No entanto, pelo fato de o derrame não ser simétrico e da presença da dor, seria indicada a toracocentese.

Um derrame exsudativo indicaria análise citológica, uma vez que o câncer é uma preocupação em particular tendo em conta a idade do paciente e a história de tabagismo pesado.

Se o exame citológico não for conclusivo, toracoscopia ou outra avaliação invasiva deve ser considerada.

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DÚVIDAS?