Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

31
III Congresso Consad de Gestão Pública DESAFIOS DE UM MODELO DE GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: A EXPERIÊNCIA DOS EMPREENDEDORES PÚBLICOS DO GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Mônica Moreira Esteves Bernardi Helger Marra Lopes

Transcript of Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

Page 1: Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

III Congresso Consad de Gestão Pública

DESAFIOS DE UM MODELO DE GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: A

EXPERIÊNCIA DOS EMPREENDEDORES PÚBLICOS DO GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Mônica Moreira Esteves Bernardi Helger Marra Lopes

Page 2: Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

Painel 23/090 Seleção e desempenho de ocupantes de cargos gerenciais e de direção

DESAFIOS DE UM MODELO DE GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS NA

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: A EXPERIÊNCIA DOS EMPREENDEDORES PÚBLICOS

DO GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Mônica Moreira Esteves Bernardi Helger Marra Lopes

RESUMO Para contribuir para o alcance dos resultados constantes da estratégia do Governo de Minas Gerais, foi criado em 2007, no âmbito do Programa Estado para Resultados, o cargo de recrutamento amplo de Empreendedor Público. A gestão dos Empreendedores Públicos, objeto desse trabalho, apóia-se num modelo com três eixos. No primeiro eixo, a partir da estratégia de Governo, realiza-se a alocação do Empreendedor, com base em perfil pré-definido e avaliação psicofuncional dos candidatos. No segundo, é realizado o desenvolvimento dos Empreendedores, para que atuem como uma grande força-tarefa na construção de uma rede integrada de apoio aos órgãos e entidades para consecução da estratégia de governo. No terceiro, faz-se o acompanhamento do desempenho e resultados do Empreendedor, por meio da pactuação de um Plano de Trabalho Individual. Apresentam-se como grandes desafios dessa experiência pioneira de gestão estratégica de pessoas na Administração Pública: a natureza essencialmente artesanal do processo, a diversidade de perfis dos Empreendedores Públicos e respectivos gestores imediatos; e a estrutura matricial e o complexo mosaico das culturas dos órgãos e entidades em que estão inseridos.

Page 3: Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 03

2 ORIGEM DO PROJETO DE CRIAÇÃO DO CARGO DE EMPREENDEDOR PÚBLICO....................................................................................................................05

2.1 Aprendizados e desafios do processo de concepção e criação do cargo de empreendedor público.......................................................................................... 06

3 ALOCAÇÃO DO EMPREENDEDOR PÚBLICO: O PROCESSO DE PRÉ-QUALIFICAÇÃO.......................................................................................... 08

3.1 O Comitê para Pré-Qualificação dos Empreendedores Públicos (COPEP)........ 08

3.2 Origem do processo de pré-qualificação: inspiração no Sistema de Alta Direção Pública.............................................................................................. 09

3.3 As fases do processo de pré-qualificação do empreendedor público.................. 10

3.4 Balanço dos resultados, aprendizados e desafios do processo de pré-qualificação..................................................................................................... 12

4 O PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DO GRUPO DE EMPREENDEDORES PÚBLICOS.............................................................................14

4.1 Objetivos do programa de desenvolvimento........................................................ 14

4.2 A primeira fase do programa de desenvolvimento dos empreendedores públicos...................................................................................................................... 15

4.3 A segunda fase do programa de desenvolvimento dos empreendedores públicos...................................................................................................................... 18

5 ACOMPANHAMENTO DO DESEMPENHO E DOS RESULTADOS DOS EMPREENDEDORES PÚBLICOS.................................................................... 20

5.1 Acompanhamento inicial...................................................................................... 20

5.2 Plano de trabalho e pagamento da parcela remuneratória variável.................... 21

5.3 Acompanhamento periódico e auto-acompanhamento do empreendedor Público........................................................................................................................24

5.4 Balanço dos resultados, aprendizados e desafios do processo de pré-qualificação.......................................................................................................... 25

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 27

7 REFERÊNCIAS....................................................................................................... 29

Page 4: Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

3

1 INTRODUÇÃO

Desde 2003, o Governo do Estado de Minas Gerais tem implementado a

gestão por resultados na Administração Pública, investindo intensamente na

melhoria da qualidade da capacidade estatal, por meio da implementação de

metodologia de planejamento com definições de objetivos e metas claras,

gerenciamento intensivo de projetos e adoção de modernas práticas de gestão.

Para dar continuidade a esse processo, em 2007, foi realizada uma

revisão do Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI), plano estratégico

norteador da ação Governamental do estado de Minas Gerais. Mantendo a visão de

futuro do Estado – Tornar Minas o melhor Estado para se viver –, o PMDI 2007-

20231 propõe um aprofundamento na estratégia de intervenção, bem como uma

transformação do modo de gestão das organizações públicas que passam a se

organizar com foco no resultado, ao invés de priorizar a estrutura organizacional.

(GUIMARÃES e CAMPOS, 2008)

Com o objetivo de aprofundar esse modelo de gestão por Resultados, por

meio do gerenciamento intensivo das Áreas de Resultados2, e com vistas a

contribuir para um maior alinhamento dos Projetos Estruturadores3 e Associados4 à

estratégia de governo, foi criado o Programa Estado para Resultados (EpR) pelo art.

8o da Lei Delegada n. 112, de 25 de janeiro de 2007.

O EpR possui três focos de atuação: 1o) gestão estratégica, que

acompanha a implementação da estratégia do Governo do Estado; 2o) gestão de

indicadores, que desenvolve e acompanha a performance do Estado por meio de

um conjunto de indicadores e avaliações; e 3o) gestão de Empreendedores

Públicos, que seleciona, aloca, promove ações de desenvolvimento e avalia um

grupo de profissionais que compõe uma força-tarefa para atuar em áreas

estratégicas do Governo.

1 Vide MINAS GERAIS. Secretaria de Planejamento e Gestão. Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado –

2007-2023. Belo Horizonte, 2007. 2 Uma Área de Resultados é caracterizada por um conjunto de Projetos Estruturadores e Associados realizados em função da sinergia que possuem em relação aos resultados que deveriam ser buscados e da sua capacidade transformadora. Representa, de fato, uma área social relevante para a qual se buscam transformações qualitativas e quantitativas, balizadas pela estratégia de desenvolvimento do Estado consubstanciada no PMDI. Áreas de Resultados são núcleos focais de concentração dos melhores esforços e recursos visando às transformações e melhorias desejadas na realidade. 3 O Projeto Estruturador representa o detalhamento gerencial de ações prioritárias para alcance das

transformações almejadas nas Áreas de Resultados. Cada Projeto possui um objetivo e um escopo e ações com metas e marcos que são detalhados anualmente.

4 O Projeto Associado representa o detalhamento gerencial de ações complementares às ações de Projetos Estruturadores, com vistas a contribuir para o alcance das transformações almejadas nas Áreas de Resultados.

Page 5: Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

4

Criada uma ambiência favorável para o desenvolvimento do espírito

empreendedor na Administração Pública5, o Governo do Estado de Minas Gerais

criou o cargo de provimento em comissão de recrutamento amplo de

empreendedor público, objeto do terceiro foco de atuação do EpR. A gestão dos

Empreendedores Públicos apóia-se em um modelo com três eixos: alocação,

desenvolvimento e acompanhamento e monitoramento dos resultados e do

desempenho do empreendedor público. O objetivo do presente artigo é analisar os

aprendizados e desafios identificados no âmbito do modelo de gestão dos

empreendedores públicos. Para tanto, preliminarmente, será apresentado o

processo de criação do cargo de empreendedor público para, então, apresentar-se

cada eixo do modelo de gestão dos empreendedores públicos e analisar seus

respectivos aprendizados e desafios.

5 Drucker apresenta algumas diretrizes para uma ambiência empreendedora no âmbito das organizações públicas. A primeira

diz respeito à instituição de uma clara definição da missão da organização pública: qual é o motivo da sua existência e que objetivos precisa enfocar. A segunda refere-se à necessidade de declaração explícita de metas factíveis. Tal diretriz visa sanar a terceira razão apresentada por Drucker como um obstáculo à inovação. Deve-se, portanto pensar os objetivos em termos ótimos e não em máximos. Outra diretriz é questionar a validade do objetivo no caso de, após algumas tentativas, ele não estar sendo alcançado. Se o objetivo não foi alcançado após inúmeras tentativas, ele pode estar errado. E, por fim, as organizações públicas precisam embutir em suas diretrizes e práticas uma constante busca de oportunidade inovadora, tratando as mudanças como oportunidades e não como ameaças (DRUCKER apud BERNARDI, 2008: 6).

Page 6: Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

5

2 ORIGEM DO PROJETO DE CRIAÇÃO DO CARGO DE EMPREENDEDOR

PÚBLICO

Em face de estudos diagnósticos e pesquisas realizadas com vistas à

revisão do PMDI 2007-2023, em meados de 2006, identificou-se que a figura do

gerente de projeto mostrara-se insuficiente. Os gerentes e gerentes adjuntos dos

projetos estratégicos do estado ocupavam cargos do alto escalão do governo e, em

razão das diversas atribuições e responsabilidades afetas a esses cargos, não

conseguiam dedicar os esforços necessários ao alcance dos resultados da

estratégia de governo.

Nesse contexto, com fins de contribuir para o alcance dos resultados

preconizados na estratégia de governo, nasceu a idéia de criar o cargo de

empreendedor público do governo do estado de Minas Gerais. Essa idéia foi

concebida quando da reforma administrativa pela qual sofreu a Administração

Pública no início de 2007, que teve como principais focos a reestruturação dos

órgãos e do quadro de cargos de provimento em comissão da Administração Direta,

Autárquica e Fundacional do Poder Executivo, por meio de um conjunto de Leis

Delegadas e Decretos.

Foram criados 45 cargos de empreendedor público II e 45 cargos de

empreendedor público I pelos arts. 19 e 20 da Lei Delegada no 174, de 26 de janeiro

de 2007, respectivamente. Os cargos de empreendedor público, com natureza de

provimento em comissão de recrutamento amplo, são destinados ao Programa

Estado para Resultados, extinguindo-se em 31 de janeiro de 2011, juntamente com

o Programa.

Após a nomeação e a posse no cargo, os Empreendedores Públicos

podem exercer suas atividades no apoio à coordenação das Áreas de Resultados,

na gestão de Projetos Estruturadores ou Associados e na gestão de Áreas

Estratégicas, conforme descrito no Quadro 1.

Page 7: Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

6

CARGO REMUNERAÇÃO (R$) ATUAÇÃO EXERCÍCIO

Área de Resultado Programa Estado para

Resultados

Projeto Estruturador Empreendedor

público II 7.000

Área Estratégica de alta

Complexidade

Projeto Estruturador

Projeto Associado Empreendedor

público I 5.100

Área Estratégica

Órgãos e Entidades

encarregados dos

Projetos Estruturadores,

Associados e que

possuam Áreas

Estratégicas

Quadro 1: Áreas de atuação e organizações de exercício dos ocupantes do cargo de empreendedor público Fonte: EpR, 2008.

No âmbito da concepção da proposta de criação do cargo empreendedor

público do estado de Minas Gerais, foram definidas seis competências para compor

o perfil do ocupante do cargo: três competências essenciais e três desejáveis, bem

como de alguns comportamentos observáveis para cada competência elencada

conforme Anexo Único. As competências essenciais são: orientação para

resultados, proatividade e compreensão da dinâmica institucional. Já as desejáveis

são: gerenciamento de projetos, liderança e inovação.

2.1 Aprendizados e desafios do processo de concepção e criação do cargo de

empreendedor público

O primeiro desafio identificado no que tange à concepção do cargo de

empreendedor público refere-se à atuação matricial do ocupante do referido cargo.

O empreendedor público está vinculado ao programa Estado para Resultados no

que tange aos resultados que deve entregar e para os quais foi contratado, mas sua

atuação dá-se nas áreas estratégicas ou projetos estruturadores ou associados

desenvolvidos nos órgãos/entidades executores. Esta atuação exige um

alinhamento estreito entre os gestores imediatos dos órgãos/entidades de exercício

e a Coordenação Executiva do EpR e manter esse alinhamento cotidianamente

revelou-se um grande desafio para a gestão do grupo de empreendedores públicos.

Page 8: Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

7

A existência de apenas dois níveis de cargo de empreendedor público

algumas vezes revelou-se um importante gargalo na gestão dos referidos

profissionais. A gestão estratégica de pessoas não pode prescindir de um bom

sistema de diferenciação que seja equânime e justo, e a existência de apenas dois

níveis de cargo mostrou-se insuficiente para diferenciar os empreendedores públicos

em relação à diversidade de complexidade de atribuições e responsabilidades

assumidas pelos empreendedores públicos.

A remuneração definida para os cargos de empreendedor público também

se mostrou um desafio. Ao mesmo tempo em que representa uma das maiores

remunerações constantes do quadro de cargos de provimento em comissão da

administração direta do poder executivo estadual, é incapaz de atrair profissionais

de determinadas categorias. O fato de perceberem das mais altas remunerações do

estado, muitas vezes, principalmente no início da alocação dos empreendedores

públicos, gerou grande resistência por parte dos demais servidores públicos em

exercício nos órgãos/entidades executores. O empreendedor público é alocado em

equipes cujos servidores e, por vezes, a própria chefia imediata, recebem

remuneração inferior a dele. Por outro lado, a remuneração do cargo de

empreendedor público, ao longo do período 2007-2009, mostrou-se insuficiente para

atrair profissionais seniores de determinadas categorias valorizadas com o

aquecimento do mercado, tais como engenheiros e profissionais da área de

tecnologia da informação.

Analisados os principais aprendizados e desafios da concepção do cargo

de empreendedor público, serão apresentados e analisados os três eixos do modelo

de gestão dos empreendedores públicos.

Page 9: Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

8

3 ALOCAÇÃO DO EMPREENDEDOR PÚBLICO: O PROCESSO DE PRÉ-

QUALIFICAÇÃO

O processo de pré-qualificação é pré-condição para a provisão do

cargo de empreendedor público e foi instituído pelo artigo 22 da Lei Delegada

no174, de 26 de janeiro de 2007 e regulamentado pelo Decreto no 44.490, de 21

de março de 2007. Trata-se de um processo inovador, porque inaugura nova

forma de lidar com cargos de provimento em comissão de livre nomeação e

exoneração, reforçando princípios como o profissionalismo e a meritocracia, já

adotados na gestão 2003-2006.

3.1 O Comitê para Pré-Qualificação dos Empreendedores Públicos (COPEP)

Antes de iniciar a descrição do primeiro eixo do modelo de gestão dos

empreendedores públicos é mister discorrer sobre o Comitê para Pré-Qualificação

dos Empreendedores Públicos (COPEP). O Copep foi instituído pelo Decreto no

44.490, de 21 de março de 2007, e é o órgão colegiado deliberativo responsável

pelo processo de Pré-Qualificação, conforme previsto nos arts. 3o e 4o do referido

texto legal, bem como pela instituição das diretrizes do modelo de gestão dos

empreendedores públicos.

O Copep é composto por cinco membros: o coordenador executivo e o

coordenador executivo-adjunto do EpR e três profissionais com notória experiência

em administração pública indicados pelo vice-governador do Estado. Os membros

do Copep não são remunerados.

Ao Copep foram atribuídas as seguintes competências legais: validar os

perfis elaborados para o desempenho do cargo de empreendedor público; sugerir à

coordenação executiva do EpR profissional para participar do processo de pré-

qualificação; submeter, ao governador do Estado, o nome do profissional pré-

qualificado para o correspondente ato de nomeação com a indicação da área de

resultados, do projeto estruturador, do projeto associado ou da área estratégica de

atuação, bem como do órgão ou entidade em que se dará o exercício do ocupante

do cargo; avaliar o desempenho e definir o percentual da parcela remuneratória

Page 10: Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

9

variável a ser atribuída ao ocupante do cargo de empreendedor público; deliberar

sobre a gestão dos empreendedores públicos, bem como estabelecer as regras de

seu funcionamento por meio de ato próprio.

Desde a sua criação, a composição do Copep não se alterou. Neste

período, o órgão colegiado em epígrafe efetivamente exerceu função deliberativa

com autonomia, isenção e imparcialidade, seja no processo de pré-qualificação, ou

na avaliação do empreendedor público. O Copep também definiu diversos

procedimentos e diretrizes para a gestão dos empreendedores públicos.

3.2 Origem do processo de pré-qualificação: inspiração no Sistema de Alta

Direção Pública

Com vistas a enfatizar os princípios da profissionalização e da

meritocracia na administração pública estadual, foi instituído o processo de pré-

qualificação para o cargo de recrutamento amplo de empreendedor público. Trata-se

de forma pioneira de gerir cargos de livre nomeação do governador, uma vez que

representa um paradoxo em relação à própria natureza do cargo, que historicamente

é provido com base nas relações de confiança.

A proposta de realizar um processo de pré-qualificação como requisito

para o provimento de cargos em comissão de livre nomeação e exoneração de

empreendedor público foi inspirada no Sistema de Alta Dirección Pública (SADP),

um componente do sistema do servicio civil do Chile.

O Sistema de Alta Direção Pública é uma moderna ferramenta de apoio

do Presidente da República para selecionar os profissionais mais idôneos e

qualificados para dirigir as instituições públicas, por meio de processos de seleção

abertos e transparentes para o provimento de cargos da alta direção pública de

exclusiva confiança. (AEDO, 2005: 63)

A experiência chilena tem se mostrado exitosa, especialmente no que diz

respeito à profissionalização do serviço público e à legitimidade da administração

pública junto aos cidadãos, e o Governo do Chile pretende incorporar 100% dos

cargos da Alta Direção de primeiro e segundo níveis ao SADP até o final de 2010.

Não obstante a inspiração chilena, o processo de pré-qualificação

adotado no governo do estado de Minas Gerais é bem mais simplificado e foi

adaptado às peculiaridades da administração pública mineira.

Page 11: Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

10

3.3 As fases do processo de pré-qualificação do empreendedor público

O Processo de pré-qualificação dos Empreendedores Públicos iniciou-se,

efetivamente, no dia 20 de abril de 2007, data da primeira reunião do COPEP.

Considerando o grau de complexidade das funções a serem desempenhadas e com

o objetivo de maximizar as possibilidades de êxito na escolha dos ocupantes do

cargo de empreendedor público, são realizadas avaliações individualizadas que,

além do conhecimento formal, avaliam outras dimensões da competência

profissional, com vistas a garantir maior aderência entre o perfil do candidato e o

perfil desejado para o desempenho das atividades a serem desenvolvidas no

exercício do cargo.

O provimento dos cargos de empreendedor público é realizado

gradativamente, na medida do surgimento de necessidades identificadas junto aos

titulares dos órgãos, entidades e gerentes dos projetos estruturadores, associados e

áreas estratégicas.

A primeira fase do processo de pré-qualificação consiste na elaboração

do perfil profissional desejado para o ocupante do cargo, que é definido

conjuntamente pelo coordenador executivo do EpR e pelo Titular do Órgão ou

Entidade solicitante, ou por quem ele determinar. No perfil são consideradas a

experiência profissional e as competências necessárias para a coordenação da área

de resultados ou para a atuação na gestão do projeto estruturador ou associado ou

de área estratégica, ao qual o cargo estiver atrelado. Para cada cargo de

empreendedor público é elaborado um perfil específico, de acordo com a

necessidade decorrente da estratégia de governo. O perfil profissional do ocupante

do cargo é de fundamental relevância e parametriza todo o processo pré-

qualificação dos candidatos. Para facilitar a construção do perfil profissional, foi

elaborado um formulário específico.

Elaborado o perfil do ocupante do cargo de empreendedor público, inicia-

se a segunda fase, que compreende a seleção de candidatos. A coordenação

executiva do programa Estado para Resultados indica candidatos para participarem

do processo de pré-qualificação, com base em avaliação do currículo e entrevistas

preliminares com os candidatos. Tais procedimentos visam verificar o preenchimento

dos requisitos referentes aos conhecimentos específicos e à experiência profissional

exigidos para o provimento do cargo de empreendedor público.

Page 12: Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

11

A terceira fase consiste na aplicação de métodos de avaliação dos

candidatos. Os candidatos selecionados na fase anterior são submetidos à avaliação

psicológica e de potencial, de acordo com a complexidade do cargo e as atividades

a serem desempenhadas. Para tanto, foi contratada consultoria especializada para

aplicação de teste de personalidade, de aptidão gerencial e realização de entrevistas

individuais por competência. Os métodos de avaliação adotados no processo de pré-

qualificação são os seguintes: a) entrevista individual por competência; b) aplicação

do teste de personalidade Zulliger6; c) aplicação do teste de avaliação de

comportamento, utilizando-se a metodologia do Predictive Index (PI); e d) avaliação

do currículo e experiência profissional do candidato e constatação de adequação ao

perfil desejado e atendimento aos requisitos técnicos gerais necessários para a

ocupação do cargo e desempenho das atividades.

Após a aplicação dos mencionados métodos de avaliação a empresa de

consultoria elabora um completo dossiê para cada candidato avaliado contendo as

seguintes informações: a) qualificação pessoal do candidato; b) indicação de traços

e características de personalidade; c) identificação das características da estrutura

de comportamento do candidato; d) laudo técnico individual, em linguagem

gerencial, descrevendo os principais aspectos referentes ao currículo do candidato,

à entrevista individual e aos resultados dos testes aplicados, contendo interpretação

sintética e consolidada dos resultados de todos os instrumentos utilizados no

processo de avaliação; e e) parecer contendo grau de adequação do candidato para

um ou mais cargos de empreendedor público, considerando-se o perfil ideal para o

exercício das atividades correspondentes, acompanhado da indicação das

características profissionais mais relevantes do candidato, bem como sugestões de

aprimoramento profissional e pessoal.

Elaborado o dossiê do candidato, é realizada a apresentação presencial

do laudo técnico de cada candidato ao Copep, que analisa os perfis dos candidatos

submetidos à avaliação e delibera apresentando indicação do candidato que mais se

adapta ao perfil solicitado.

Após a deliberação do Copep, é dado um retorno do resultado das

avaliações dos candidatos ao solicitante do perfil. Nesta oportunidade, é oferecida

ao solicitante da vaga uma devolutiva do perfil do candidato escolhido pelo Copep,

contendo apresentação da descrição detalhada do perfil do profissional indicado

para ocupar o cargo de empreendedor público.

6 O Zulliger só não é utilizado na avaliação de profissionais que tenham formação em Psicologia, devido ao conhecimento técnico e prático que possuem sobre o referido teste

Page 13: Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

12

A última fase compreende o encaminhamento da sugestão do nome do

candidato pré-qualificado, indicado por meio da deliberação do COPEP, ao

Governador, para fins de nomeação no cargo de empreendedor público. É

importante ressaltar que a pré-qualificação não garante ao candidato direito

subjetivo à nomeação para o cargo de empreendedor público.

A realização de entrevista do solicitante da vaga com o candidato ao

cargo de empreendedor público pode ocorrer logo após a fase de seleção de

candidatos ou após a fase da devolutiva.

3.4 Balanço dos resultados, aprendizados e desafios do processo de pré-

qualificação

No período de 2007-2009 foram submetidos ao processo de pré-

qualificação 266 candidatos, dos quais foram pré-qualificados 51% em 32 reuniões

do COPEP. Neste período, manteve-se entre 70 a 80 empreendedores públicos em

exercício. No final de 2009, 49% dos empreendedores públicos pré-qualificados

eram oriundos do setor público, 54% foram pré-qualificados para o cargo de

empreendedor público II, 55% eram do sexo feminino e a maioria atuava em projetos

estruturadores (50%) ou em áreas estratégicas (47%). Dos 134 empreendedores

públicos pré-qualificados, 56 foram exonerados até 31 de dezembro de 2009. A

grande parte dos empreendedores públicos em exercício ao final de 2009 tinha título

de mestre (33%) ou possuía pós-graduação (44%).

Ao longo de quase três anos da existência do processo de pré-

qualificação, observou-se um equilíbrio entre empreendedores públicos do sexo

feminino e masculino. No que tange ao nível de escolaridade, os empreendedores

públicos com título de pós-graduação sempre foram maioria. A maior parte dos

empreendedores públicos foi alocada em projetos estruturadores, mas observou-se

um crescimento gradativo de empreendedores públicos em áreas estratégicas. Esse

comportamento também foi verificado na distribuição de empreendedores públicos

quanto à origem. A princípio, observava-se que a grande maioria dos

empreendedores públicos pré-qualificados era oriunda da iniciativa privada. Com o

passar do tempo, a participação de empreendedores públicos originários do setor

público foi aumentando, chegando a quase 50% ao final de 2009.

Page 14: Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

13

O primeiro desafio identificado no processo de pré-qualificação refere-se

à dificuldade de definição do perfil do profissional para a vaga. Não havia entre os

gestores da administração pública mineira a cultura de elaborar perfil profissional

para o provimento de cargos. Essa dificuldade inicial foi minimizada pelo apoio do

formulário de elaboração do perfil para o cargo do empreendedor público. No

entanto, mesmo com o apoio do formulário, o demandante da vaga tinha

dificuldades em priorizar os atributos e características, bem como identificar o nível

de desenvolvimento das competências essenciais e desejadas do empreendedor

público. Em 2009, o formulário foi revisto e aprimorado com a finalidade de contribuir

para a melhor definição do perfil desejado para o ocupante do cargo.

Outro desafio verificado foi a necessidade de ampliação das fontes de

indicação de candidatos. A princípio, o banco de currículos de onde eram

selecionados os potenciais candidatos ao cargo de empreendedor público era

alimentado por auto-indicação, instituições de ensino superior, pelo Copep, pelos

demandantes das vagas e por uma rede de contatos na administração pública. Com

vistas a ampliar o referido banco de currículos foram contatadas empresas de

recursos humanos que passaram a indicar grande número de potenciais

interessados às vagas pra o cargo de empreendedor público.

As oscilações do mercado de trabalho também configuram um desafio ao

processo de pré-qualificação, tendo em vista que é rígido o sistema remuneratório dos

cargos de empreendedor público, uma vez que é definido em lei. Nesse sentido,

quando se observa um aquecimento do mercado, além do aumento do número de

exonerações do cargo de empreendedor público, há ainda dificuldade em atrair

profissionais, em especial de determinadas categorias, para participar do processo de

pré-qualificação. A ausência de reajustes anuais no valor da remuneração do cargo de

empreendedor público por si só já tem se revelado um dificultador no decorrer desses

aproximadamente três anos de existência do processo de pré-qualificação.

Há menos de um ano para o término do programa Estado para

Resultados e, também, para o cargo de empreendedor público, a dificuldade de

prover as vagas tem aumentado. Para muitos candidatos a perspectiva de uma

proposta de trabalho por um período menor que um ano de início é recusada. Nesse

sentido, a tendência será de que os cargos sejam providos, cada vez mais, por

servidores públicos efetivos.

Apresentados os principais desafios e aprendizados do processo de pré-

qualificação, será apresentado o programa de desenvolvimento do grupo de

empreendedores públicos.

Page 15: Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

14

4 O PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DO GRUPO DE EMPREENDEDORES

PÚBLICOS

O segundo eixo do modelo de gestão dos empreendedores públicos é o

programa de desenvolvimento do grupo de empreendedores públicos. Considerando

que os empreendedores públicos estão em exercício nos diversos órgãos e entidades

do poder executivo estadual, atuando de forma matricial junto à estrutura das

organizações da administração direta, autárquica e fundacional, faz-se necessário

criar um mecanismo para desenvolver o espírito de grupo desses profissionais. Assim,

para que essa grande força-tarefa consiga se inserir no contexto das organizações

onde atuam e, juntamente com os demais servidores, cumprir os objetivos e alcançar

as metas pactuadas, faz-se necessário que desenvolvam um conjunto de

competências. O desenvolvimento de tais competências consiste em alinhar

permanentemente o trabalho dos empreendedores públicos à estratégia de governo,

com vistas à maximização dos resultados.

O programa de desenvolvimento dos empreendedores públicos é realizado

com o apoio de consultorias externas especializadas nas áreas de desenvolvimento

de pessoas, planejamento e desenvolvimento organizacional e pode ser dividido em

duas fases: a primeira, que compreendeu o período 2007 e 2008, adotou uma

abordagem sócio-relacional; e a segunda, que abrangeu o ano de 2009 e contou com

uma mescla da abordagem sócio-relacional e de vivências práticas.

4.1 Objetivos do programa de desenvolvimento

O programa de desenvolvimento tem como foco o desenvolvimento do

grupo dos empreendedores públicos e não o desenvolvimento pessoal do referido

ocupante do cargo, individualmente considerado. Os principais objetivos do

Programa de Desenvolvimento dos Empreendedores Públicos são: a) promover o

desenvolvimento da grande “força-tarefa” de empreendedores públicos com enfoque

no conceito de rede; b) identificar e promover o desenvolvimento das principais

competências estratégicas e dos valores dos empreendedores públicos; c) criar

espaços facilitadores para um desempenho integrado entre os empreendedores

públicos e deles com os gerentes de linha, os gerentes dos projetos estruturadores e

Page 16: Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

15

associados e demais stakeholders, potencializando os resultados esperados das

áreas de resultado; e d) aprimorar o modelo de gestão dos empreendedores

públicos, adotado no governo do estado de Minas Gerais.

A responsabilidade, a consciência de criar de valor público, o zelo com

o trabalho desempenhado e a solidariedade de resultados são valores

identificados e que, fundamentalmente, devem ser compartilhados pelo grupo de

empreendedores públicos. Ademais, como um dos resultados do programa de

desenvolvimento, também se espera que o grupo dos referidos profissionais crie

uma identidade que seja sinônima de princípios como: responsabilidade, ética,

profissionalismo, e alta performance.

Nesse sentido, o objetivo do programa de desenvolvimento dos

empreendedores públicos é promover o desenvolvimento de um conjunto de

competências estratégicas e de valores junto ao conjunto dos empreendedores

públicos, de forma que eles atuem, não só como uma grande “força tarefa”, mas na

construção de uma rede integrada no apoio aos órgãos e entidades para o alcance

dos objetivos e metas pactuados no PMDI 2007-2023. Com a evolução do programa

de desenvolvimento, observaram-se avanços na construção e no fortalecimento dessa

rede integrada de empreendedores públicos, tendo em vista que os referidos

profissionais, quando têm que resolver qualquer questão que envolva outro

órgão/entidade, ou mesmo, outra unidade administrativa na mesma organização em

que atuam, buscam identificar como primeiro interlocutor outro empreendedor público.

4.2 A primeira fase do programa de desenvolvimento dos empreendedores

públicos

O trabalho realizado nas reuniões de desenvolvimento sob a abordagem

sóico-relacional adotou a metodologia da pesquisa-ação7. Essa estratégia

metodológica pode ser definida como um tipo de pesquisa social com base empírica

concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de

um problema coletivo, no qual os pesquisadores e participantes representativos da

situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.

7 Linha de pesquisa associada a diversas formas de ação coletiva que é orientada em função da resolução de problemas ou de objetivos de transformação.

Page 17: Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

16

A metodologia prevê uma intensa participação dos empreendedores

públicos, discutindo conceitos e trazendo suas experiências, principalmente aquelas

vivenciadas no exercício do cargo de empreendedor público. Segundo a consultoria

externa, a teoria trazida eventualmente funciona ou para um estímulo às discussões

ou quando é necessário um “fechamento” dessas, assim entendido como a

devolução organizada e sistematizada dos elementos discutidos. Propõe-se que o

saber seja, portanto, construído com as turmas. (SANTO, 2008)

Os participantes são estimulados a compartilhar com os demais os seus conhecimentos e a sua visão. Trata-se, portanto, de uma construção coletiva, que busca mobilizar a sinergia, a inteligência e capacidade reflexiva do grupo. (SANTO, 2008)

Em face das questões apresentadas, foram definidos basicamente três

eixos temáticos a serem trabalhados com o grupo de Empreendedores Públicos: a

compreensão do papel do empreendedor públicos, os aspectos organizacionais e os

aspectos sócio-culturais que envolvem a atuação desses profissionais. No âmbito da

compreensão do papel dos Empreendedores, trabalhou-se a compreensão do seu

papel não só no processo de mudança, mas também como integrante da máquina

do Estado, bem como as interfaces com a estrutura de linha – e demais questões

associadas, tais como possíveis contradições e conflitos –, dada a sua atuação

articuladora e integradora. No que tange aos aspectos organizacionais, buscou-se a

compreensão de como acontecem os processos de trabalho e de liderança dentro

da organização, bem como quais são os fundamentos do modelo de gestão

organizacional adotados, bem como qual a concepção de homem que permeia a

organização. E, por fim, a abordagem dos aspectos sócio-culturais prevê a

apreensão do contexto no qual ocorre a atuação dos empreendedores públicos, as

culturas e subculturas organizacionais e o ambiente circundante. (SANTO, 2008)

O programa se desenvolveu primordialmente por meio da realização de

reuniões mensais semi-estruturadas com quatro horas de duração. De modo geral, o

processo de desenvolvimento abrangeu doze módulos: 1) atividades de integração

com vistas ao reconhecimento do grupo e acerto de expectativas; 2) reflexões

acerca do papel do empreendedor público; 3) modelos de homem; 4) processo de

percepção; 5) autopercepção e autoconhecimento; 6) processo de feedback; 7)

cultura organizacional; 8) cultura e etnocentrismo; 9) cultura brasileira; 10) contexto

organizacional; 11) comunicação; e 12) poder e liderança.

Page 18: Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

17

Antes de iniciar as reuniões de desenvolvimento coordenadas pela

consultoria externa é realizada uma reunião preliminar de apresentação da

estratégia de governo para o grupo de empreendedores públicos. Esta reunião é de

fundamental importância, porque consiste na primeira oportunidade de alinhamento

do EpR com os empreendedores públicos. Além da estratégia de governo, também

são apresentados nessa reunião o planejamento do programa de desenvolvimento

do grupo de empreendedores, bem como alguns esclarecimentos referentes aos

aspectos sócio-funcionais do cargo de empreendedor público. Nesta primeira

reunião os empreendedores públicos recebem orientações preliminares sobre a

elaboração do Plano de Trabalho, instrumento que será detidamente explanado no

item 5.2.

Além das reuniões de desenvolvimento coordenadas pela consultoria

externa, em agosto de 2007, alguns empreendedores públicos tiveram a

oportunidade de se reunirem com o vice-governador, momento em que foi

destacada a responsabilidade como principal norteador para o exercício do papel do

empreendedor público. O grupo inicial de empreendedores públicos contou com a

participação do secretário de Estado de transportes e obras públicas, em uma das

reuniões de desenvolvimento, que conversou com os participantes sobre o tema

“Empreendedorismo na Administração Pública”. Também foram realizados fóruns

técnicos para os empreendedores públicos, nos quais foram abordados temas como

“Orçamento Público” e o “Modelo de Gerenciamento de Projetos adotado em Minas

Gerais” em palestras proferidas por gestores públicos da Secretaria de Estado de

Planejamento e Gestão. No final de maio de 2008, o Prof. Francisco Longo, Diretor

do Instituto de Dirección e Géstion Pública de la Escuela Superior de Administración

y Dirección de Empresas (ESADE), proferiu uma palestra com o tema “Dirigentes,

Emprendedores y Líderes, en Gobiernos que Persiguen Resultados” e conversou

com o grupo de empreendedores públicos sobre o tema e as experiências

vivenciadas pelos referidos profissionais. Na oportunidade, Longo destacou o

pioneirismo da experiência do modelo de gestão de empreendedores públicos

vivenciada pela administração pública mineira.

Page 19: Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

18

4.3 A segunda fase do programa de desenvolvimento dos empreendedores

públicos

A segunda fase do programa de empreendedores públicos realizada em

2009 contou reuniões mensais em que foi mesclada a abordagem sócio-relacional

com vivências práticas, que buscaram resgatar situações vivenciadas no dia-a-dia

do empreendedor público. O evento de abertura deu-se em março de 2009 e

abordou o tema “Parcerias e estratégias para resultados”. Contou com abertura do

vice-governador, Prof. Antonio Augusto Anastasia, e com a participação do

secretário de Estado de transportes e obras públicas, Fuad Jorge Noman Filho e o

presidente do conselho de administração da Usiminas e ex-Secretário de Estado de

desenvolvimento econômico, Dr. Wilson Nélio Brummer. Os dois principais eixos

trabalhados ao longo de 2009 foram: a comunicação organizacional e interpessoal e

a gestão da mudança.

Dentre os temas atrelados aos eixos principais, e trabalhados na segunda

fase do Programa, destacam-se os seguintes: 1) a evolução da comunicação,

concepção semiológica, o entrelaçamento da comunicação midiática e a vida real, o

processo de comunicação organizacional e os elementos críticos do processo de

comunicação; 2) administração do tempo e de reuniões, por meio de análises e

discussões sobre o tempo como recursos organizacional e fato social, distinção

entre o que é urgente e o que é importante, principais otimizadores e

desperdiçadores do tempo, aspectos relacionados à organização e condução de

reuniões e ao comportamento dos participantes das reuniões; 3) gestão da

mudança, abordando aspectos relacionados ao que mudar, como mudar, bem como

aspectos sociais do processo de mudança e resistência às mudanças.

Ainda no eixo de gestão da mudança, em setembro de 2009, foi realizado

o fórum “Gestão da mudança: inovação, pessoas e estratégias”. O evento contou

com a participação de profissionais que apresentaram importantes reflexões sobre o

tema no setor público e na iniciativa privada.

O programa de desenvolvimento dos empreendedores públicos

apresenta dois grandes desafios. O primeiro refere-se ao alinhamento de

Page 20: Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

19

expectativas com o empreendedor público em relação aos objetivos do programa

de desenvolvimento. Não se trata de um programa de desenvolvimento individual

e, sim, do grupo de empreendedores públicos. Alguns empreendedores públicos

não conseguem dissociar interesses pessoais de desenvolvimento dos objetivos do

programa em questão.

O outro grande desafio do programa de desenvolvimento é trabalhar com

um grupo tão heterogêneo de profissionais, com expectativas variadas em relação

ao programa de desenvolvimento. Nesse sentido, não obstante a maioria dos

participantes apresentarem avaliação positiva do programa, alguns empreendedores

públicos mostraram-se insatisfeitos com os temas abordados e a forma de condução

do programa.

Page 21: Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

20

5 ACOMPANHAMENTO DO DESEMPENHO E DOS RESULTADOS DOS

EMPREENDEDORES PÚBLICOS

O terceiro eixo do modelo de gestão dos empreendedores públicos é o

acompanhamento do desempenho e dos resultados do empreendedor público. O

empreendedor público tem o desempenho acompanhado e os resultados pactuados

e monitorados periodicamente, por meio de 4 (quatro) instrumentos: o

acompanhamento inicial; o Plano de Trabalho do empreendedor público; o

acompanhamento periódico que será preenchido pelo gestor imediato do

empreendedor público no órgão/entidade de exercício; e o auto-acompanhamento

periódico realizado pelo empreendedor público.

A utilização efetiva dos referidos instrumentos visa à realização do

acompanhamento da atuação dos empreendedores públicos nos diversos projetos,

áreas de resultados e áreas estratégicas. Ademais os instrumentos

supramencionados também se destinam a: a) alinhar as ações de acompanhamento

e alcance de resultados dos empreendedores públicos; b) mensurar o nível de

adaptação, envolvimento e motivação dos empreendedores públicos em exercício

nos diversos órgãos; c) dar visibilidade e aferir o grau contributivo de cada

empreendedor público no escopo de atuação; e d) aferir o alcance das metas e

resultados pactuados para subsidiar o pagamento da parcela remuneratória variável

do empreendedor público.

5.1 Acompanhamento inicial

Após 90 (noventa) dias do início do exercício no cargo de empreendedor

público, é enviado, ao gestor imediato do referido profissional no órgão/entidade em

que estiver em exercício, um formulário de acompanhamento inicial com o objetivo

de verificar, preliminarmente: 1) o desempenho do empreendedor público no projeto

estruturador, projeto associado, área de resultado ou área estratégica; 2) o grau de

integração do empreendedor público no órgão/entidade de exercício; 3) o grau de

conhecimento do empreendedor público sobre o projeto estruturador, projeto

associado, área de resultado ou área estratégica; 4) o grau de atendimento ao perfil

profissional solicitado; 5) as principais contribuições do empreendedor público no

âmbito técnico, de organização, de inovação, motivacional ou gerencial.

Page 22: Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

21

O instrumento de acompanhamento inicial assemelha-se ao contrato de

experiência utilizado nos contratos de trabalho sob a égide da legislação celetista.

Considerando que os métodos de avaliação empregados no processo de pré-

qualificação são meramente preditivos do comportamento do profissional, faz-se

necessária a realização de um acompanhamento efetivo do desempenho do ocupante

do cargo para aferir a adequação ao perfil demandado pelo solicitante da vaga.

5.2 Plano de trabalho e pagamento da parcela remuneratória variável

Nos primeiros meses de exercício, o empreendedor público propõe e

pactua com a Coordenação Executiva do programa Estado para Resultados um

Plano de Trabalho. Este instrumento representa uma importante ferramenta de

alinhamento do empreendedor público aos resultados e metas constantes da

estratégia de governo, além de subsidiar a definição do valor da parcela

remuneratória variável do empreendedor público.

Segundo o disposto no parágrafo único dos arts. 19 e 20 da Lei Delegada

no 174, de 26 de janeiro de 2007, o empreendedor público II e o empreendedor

público I, respectivamente, poderão receber até uma remuneração mensal por ano a

título de parcela remuneratória variável, nos termos do Decreto no 44.808, de 13 de

maio de 2008.

O processo de elaboração e de análise dos Planos de Trabalho para fins

de pagamento da remuneração variável contempla quatro etapas. A primeira etapa

consiste na elaboração da proposta do Plano de Trabalho. Em até três meses

contados do início do exercício no cargo, o empreendedor público encaminha à

Coordenação Executiva do EpR uma proposta de Plano de Trabalho previamente

acordada com o seu gestor imediato do órgão/entidade de exercício. A proposta de

Plano de Trabalho deve ser elaborada em consonância com o planejamento dos

projetos estruturadores e associados, bem como com os resultados e metas

constantes do PMDI 2007-2023. Para tanto, o empreendedor público deve descrever

itens, com o número sugerido de até 5 (cinco), que representem as principais

entregas – metas/produtos/resultados –, com os respectivos pesos, a serem

realizados no âmbito do seu projeto ou área de atuação. O peso de cada meta,

produto ou resultado não pode ser inferior a 10%.

Page 23: Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

22

A segunda etapa compreende a negociação e pactuação do Plano de

Trabalho. Analisada a proposta do Plano de Trabalho, a Coordenação Executiva do

EpR negocia e pactua com o empreendedor público as metas e resultados, bem

como os respectivos pesos, que representem as principais entregas do

empreendedor público no âmbito do projeto e/ou área de atuação.

Excepcionalmente, a Coordenação Executiva do EpR pode revisar o Plano de

Trabalho, tendo em vista adequações decorrentes das necessidades da estratégia

de governo. Neste caso, o Plano de Trabalho deve ser renegociado e repactuado

com o empreendedor público.

A terceira etapa consiste na avaliação do desempenho e definição do

valor da parcela remuneratória variável do empreendedor público. Para que o Copep

possa proceder à avaliação do empreendedor público, é realizada reunião

preparatória com o objetivo de organizar e sintetizar as informações necessárias

para subsidiar a deliberação do referido órgão colegiado. O Copep realiza a

avaliação do desempenho e define o percentual da parcela remuneratória variável, a

ser atribuída ao ocupante do cargo de empreendedor público I ou de empreendedor

público II. Para tanto, o Copep realiza análise objetiva do Plano de Trabalho

pactuado entre a Coordenação Executiva do EpR e o empreendedor público, bem

como a análise do relatório individual elaborado pelo ocupante do cargo de

empreendedor público, cujo teor conterá a exposição das atividades realizadas

durante o período avaliatório, com demonstração do cumprimento das metas e da

obtenção dos resultados pactuados no Plano de Trabalho.

Para proceder à avaliação do desempenho e definição do valor da parcela

remuneratória variável, o Copep poderá consultar o titular do órgão ou entidade de

exercício do empreendedor público, bem como a Coordenação do EpR sobre o seu

desempenho durante o período avaliatório. A avaliação do desempenho procedida

pelo Copep será submetida ao vice-governador do Estado, que decidirá pela

permanência ou não do empreendedor público no cargo, propondo o ato próprio, no

caso de avaliação insatisfatória, ou, então, indicando a necessidade de eventual

remanejamento.

A última etapa contempla o pagamento da parcela remuneratória variável

do empreendedor público. O valor da parcela remuneratória variável a ser paga a

cada ocupante do cargo de empreendedor público I e de empreendedor público II

Page 24: Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

23

será apurado pelo Copep. O encaminhamento do Plano de Trabalho para análise e

avaliação do Copep é precondição para o pagamento da parcela remuneratória

variável e dependerá da aprovação do Coordenador Executivo do EpR ou do titular

do órgão ou entidade de exercício do empreendedor público. Também constitui pré-

requisito para o pagamento da referida parcela, que o empreendedor público esteja

em exercício no cargo durante todo o período avaliatório. Ademais, o pagamento da

parcela remuneratória variável do empreendedor público depende da ocorrência de

superávit fiscal no exercício anterior, vedada sua acumulação com o pagamento de

Prêmio por Produtividade.

O período do pagamento da parcela remuneratória variável depende da

data de início de exercício no cargo de empreendedor público I ou empreendedor

público II, observados os critérios constantes do Quadro 2.

PERÍODO DE INÍCIO DE EXERCÍCIO NO

CARGO MÊS DE PAGAMENTO

Janeiro a Março Abril dos anos subseqüentes até o ano de 2010

Abril a Junho Julho dos anos subseqüentes, até o ano de 2010

Julho a Setembro Outubro dos anos subseqüentes, até o ano de 2010

Outubro a Dezembro

A primeira parcela será paga em Janeiro do segundo

ano subseqüente, e as demais em janeiro dos anos

que se seguirem, até janeiro de 2011

Quadro 2: Períodos de pagamento da parcela remuneratória variável do empreendedor público Fonte: EpR, 2008.

O primeiro período avaliatório inicia-se com o início do exercício no cargo

de empreendedor público e finda no mês anterior ao do pagamento da parcela

remuneratória variável, conforme apresentado no Quadro 2. Os períodos avaliatórios

subsequentes ao primeiro tem início no mês de pagamento da parcela remuneratória

variável e término no mês anterior ao do pagamento da mesma parcela nos anos

que se seguirem.

Page 25: Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

24

Também é importante salientar as situações que implicam o não

pagamento da parcela remuneratória variável: a) ausência de superávit fiscal no

exercício anterior; b) não encaminhamento do Plano de Trabalho para análise e

avaliação do Copep no prazo definido pela Coordenação Executiva do EpR; c) não

exercício do cargo de empreendedor público durante a totalidade do período

avaliatório; e, d) por deliberação do COPEP, após realização da avaliação do

desempenho do empreendedor público, nos termos do art. 5o do Decreto no 44.808,

de 13 de maio de 2008.

5.3 Acompanhamento periódico e auto-acompanhamento do empreendedor

público

Após o encaminhamento do acompanhamento inicial, é realizado pelo

gestor imediato do órgão/entidade de exercício do ocupante do cargo o

acompanhamento periódico do empreendedor público. O instrumento visa realizar o

acompanhamento do desempenho do empreendedor público, considerando os

seguintes parâmetros: 1) orientação para resultados; 2) proatividade; 3)

compreensão da dinâmica institucional; 4) inovação; e 5) capacidade de Gestão,

somente para aquele empreendedor público que desempenhe função gerencial.

No formulário de acompanhamento periódico, o gestor imediato do

empreendedor público no órgão/entidade de exercício também se manifesta sobre a

implementação do Plano de Trabalho do ocupante do cargo a fim de subsidiar a

deliberação do Copep referente à avaliação de desempenho e definição do valor da

parcela remuneratória variável do empreendedor público.

O instrumento de auto-acompanhamento do empreendedor público visa

realizar o acompanhamento do desempenho do empreendedor público sob o seu

ponto de vista, considerando os mesmos parâmetros descritos no instrumento de

acompanhamento periódico realizado pelo seu gestor imediato no órgão/entidade

de exercício.

Os resultados da aplicação dos instrumentos de auto-acompanhamento

periódico e de acompanhamento periódico realizado pelo gestor imediato do

empreendedor público no órgão/entidade de exercício são analisados conjuntamente

com vistas a verificar, principalmente, o alinhamento de expectativas em relação ao

desempenho do empreendedor público.

Page 26: Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

25

5.4 Balanço dos resultados, aprendizados e desafios do processo de pré-

qualificação

No período 2008-2009 foram avaliados 68 empreendedores públicos,

sendo que 23 foram avaliados duas vezes. Dentre as 91 avaliações de Plano de

Trabalho realizadas em sete reuniões do Copep, 53% obtiveram nota acima da

média total (76). Observa-se, contudo, certa discrepância entre as médias de notas

dos empreendedores públicos por órgão/entidade de exercício. A maior média é

88% e a menor 65%. Todavia, não se observam diferenças significativas entre as

avaliações dos Planos de Trabalho de homens e mulheres, nem tampouco entre

avaliações de empreendedores públicos que atuam em projetos estruturadores ou

em áreas estratégicas.

A origem do empreendedor público – se do setor público ou da iniciativa

privada – interfere na nota do Plano de Trabalho. Verificou-se que os

empreendedores públicos originários do setor público apresentam melhores notas

nos Planos de Trabalho que os empreendedores da iniciativa privada.

No período de junho de 2008 a fevereiro de 2010 foram pagos

R$418.202,00 (quatrocentos e dezoito mil duzentos e dois reais) de parcela

remuneratória variável aos empreendedores públicos. Dentre os empreendedores

públicos I, a média do valor do referido bônus é de aproximadamente R$3.800,00

(três mil e oitocentos reais), enquanto entre os empreendedores públicos II, a média

do valor da parcela remuneratória variável é de aproximadamente R$5.370,00 (cinco

mil trezentos e setenta reais).

Os principais desafios identificados no terceiro eixo de atuação do

empreendedor público referem-se à assimetria de informação e à ausência de

alinhamento entre empreendedor público, gestor imediato e EpR. Com vistas a

minimizar a assimetria de informações entre empreendedor público e EpR, tanto na

fase de pactuação e negociação, quanto na fase de avaliação do Plano de Trabalho

é realizada reunião com membros do EpR e da Secretaria de Estado de

Planejamento e Gestão que tem conhecimento mais aprofundado dos projetos e

áreas estratégicas do governo. Essas reuniões visam subsidiar os processos de

pactuação e avaliação dos Planos de Trabalho com informações mais densas sobre

os projetos estruturadores, associados e áreas estratégicas.

Page 27: Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

26

A dificuldade de manter alinhamento constante entre o gestor imediato, o

empreendedor público e o EpR é um grande desafio do modelo de gestão do

empreendedor público. Nesse sentido, o Plano de Trabalho pode desempenhar

relevante função. Por isso, é de fundamental importância que a proposta de Plano

de Trabalho enviada pelo empreendedor público ao EpR tenha sido validada pelo

gestor imediato do órgão/entidade de exercício. O acompanhamento inicial e o

acompanhamento periódico também são instrumentos importantes para aproximar o

EpR do gestor imediato do empreendedor público.

Page 28: Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

27

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O modelo de gestão dos empreendedores públicos é estruturado em três

eixos: o processo de pré-qualificação, o programa de desenvolvimento do grupo de

empreendedores públicos e o acompanhamento e o monitoramento do desempenho

e dos resultados dos empreendedores públicos. No processo de pré-qualificação, os

candidatos ao cargo de empreendedor público são submetidos a um prévio processo

de seleção, semelhante àqueles adotados na iniciativa privada.

Além da alocação estratégica, os empreendedores públicos também

participam de um programa de desenvolvimento com o objetivo fundamental de

fazer com que esses profissionais atuem como uma grande “força tarefa”, bem como

na construção de uma rede integrada no apoio aos órgãos e entidades para o

alcance dos objetivos e metas constantes da estratégia de governo.

Também integra o modelo de gestão, o acompanhamento e o

monitoramento do desempenho e dos resultados dos empreendedores públicos, que

tem como objetivo a realização do acompanhamento da atuação dos

empreendedores públicos nos diversos projetos, áreas de resultado e áreas

estratégicas.

No período 2007-2009 foram identificados diversos aprendizados e

desafios nos três eixos que sustentam o modelo de gestão dos empreendedores

públicos. O processo de pré-qualificação vivenciou desafios na fase de elaboração

do perfil, tendo em vista que esta prática não faz parte da cultura da administração

pública mineira. Ademais, o engessamento do sistema remuneratório do cargo de

empreendedor público frente à flexibilidade exigida para lidar com as oscilações de

mercado representam outro grande desafio identificado no âmbito do processo de

pré-qualificação.

No eixo do programa de desenvolvimento do grupo de empreendedores

públicos a heterogeneidade do público-alvo, associada à expectativa que alguns

empreendedores públicos apresentaram de trabalhar o seu desenvolvimento

pessoal ao invés do desenvolvimento do grupo revelaram-se grandes desafios.

Já no eixo do acompanhamento e do monitoramento do desempenho e

dos resultados do empreendedor público, os maiores desafios são afetos à

assimetria de informações entre o empreendedor público e o EpR e à falta de

alinhamento entre o empreendedor público, o gestor imediato e o EpR.

Page 29: Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

28

Enfim, realizar gestão estratégica de pessoas na Administração Pública,

tem se revelado um grande desafio, seja pela sua natureza essencialmente

artesanal ou pela diversidade de perfis dos ocupantes dos cargos de empreendedor

público e dos gestores imediatos desses profissionais. Contribuem, ainda, para

aumentar esse desafio a estrutura matricial de gestão do empreendedor público,

bem como o complexo mosaico das culturas dos órgãos e entidades da

Administração Pública mineira. O pioneirismo dessa experiência tem como objetivo

primordial gerir os empreendedores públicos a partir das necessidades da estratégia

de Governo, a fim de que atuem com responsabilidade, zelo, profissionalismo e ética

com vistas a potencializar os resultados de Governo.

Page 30: Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

29

7 REFERÊNCIAS

AEDO, Catalina Bau. Experiencias exitosas en la profesionalización de la función pública en América Latina. In: Foro Iberoamericano: Revitalización de la Administración Pública. Estrategias para la Implantación de la Carta Iberoamericana de la Función Pública. México, 5 y 6 de mayo de 2005.

BERNARDI, Mônica Moreira Esteves; GUIMARÃES, Tadeu Barreto. Empreendedores públicos: uma experiência de gestão estratégica de pessoas na administração pública do governo do estado de Minas Gerais. XIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública. Buenos Aires, Argentina, 4 - 7 nov. 2008. Documento Livre. DRUCKER, Peter Ferdinand. Inovação e espírito empreendedor. São Paulo: Pioneira Thomson, 2003. 7 reimpressão da ed. de 1986.

GUIMARÃES, Tadeu Barreto; CAMPOS, Eder Sá Alves Campos. Gestão da estratégia no governo do estado de Minas Gerais: em busca da harmonia entre a ação e os resultados. In: Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, 13., 2008, Buenos Aires, Argentina. Anais... Buenos Aires, 2008. MINAS GERAIS. Coordenação Executiva do Programa Estado para Resultados. Modelo de Gestão do Empreendedor Público. Belo Horizonte: 2008. 41 p. mimeo. ______. Decreto no 44.447, de 26 de janeiro de 2007. Belo Horizonte, 2007 ______. Decreto no 44.490, de 21 de março de 2007. Belo Horizonte, 2007. ______. Decreto no 44.808, de 13 de maio de 2008. Belo Horizonte, 2008. ______. Lei Delegada no 112, de 25 de janeiro de 2007. Belo Horizonte, 2007. ______. Lei Delegada no 174, de 26 de janeiro de 2007. Belo Horizonte, 2007. ______. Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão. Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI) 2007-2023. Belo Horizonte, 2007. SANTO, Silvia Espírito. Balanço Parcial do Programa de Desenvolvimento dos Empreendedores Públicos realizado pela Consultoria. In: MINAS GERAIS. Coordenação Executiva do Programa Estado para Resultados. Modelo de Gestão do Empreendedor Público. Belo Horizonte: 2008. pp. 20-23. mimeo.

Page 31: Desafios de um modelo de gestão estratégica de pessoas na ...

30

___________________________________________________________________

AUTORIA

Mônica Moreira Esteves Bernardi – Graduada em Administração Pública pela Escola de Governo Professor Paulo Neves de Carvalho da Fundação João Pinheiro e em Direito pela Faculdade de Direito Milton Campos. Fez o Curso MBA em Gestão Estratégica de Pessoas e em Direito da Economia e da Empresa, ambos em nível de Especialização, na Fundação Getúlio Vargas. É mestre em Administração Pública pela Escola de Governo Professor Paulo Neves de Carvalho. É Professora do Curso Superior de Administração Pública da Escola de Governo Professor Paulo Neves de Carvalho e do Curso de Tecnologia em Gestão Pública do Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBh). É Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental – Vice-Governadoria do Estado de Minas Gerais. Programa Estado para Resultados. Atualmente, assessora o Coordenador Executivo do Programa Estado para Resultados e integra a equipe técnica da unidade de gestão dos Empreendedores Públicos.

Endereço eletrônico: [email protected] Helger Marra Lopes – É economista, formado pela Universidade Federal de Minas Gerais, onde também cursou mestrado. É servidor concursado do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Desde fevereiro de 2007, atua como Empreendedor Público II – Vice-Governadoria do Estado de Minas Gerais. Programa Estado para Resultados. Endereço eletrônico: [email protected]