DESAFIOS E SUPERAÇÕES NO ENSINO DO TEATRO NA … · professores de Teatro das respectivas...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE MÚSICA E ARTES CÊNICAS CURSO DE ARTES CÊNICAS VANESSA SIQUEIRA BRANQUINHO DESAFIOS E SUPERAÇÕES NO ENSINO DO TEATRO NA EDUCAÇÃO FORMAL EM GOIÂNIA. Goiânia 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE MÚSICA E ARTES CÊNICAS

CURSO DE ARTES CÊNICAS

VANESSA SIQUEIRA BRANQUINHO

DESAFIOS E SUPERAÇÕES NO ENSINO DO TEATRO NA EDUCAÇÃO FORMAL EM GOIÂNIA.

Goiânia 2010

VANESSA SIQUEIRA BRANQUINHO

DESAFIOS E SUPERAÇÕES NO ENSINO DO TEATRO NA EDUCAÇÃO FORMAL EM GOIÂNIA.

Monografia apresentada ao Curso de Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás, para obtenção do título de Licenciatura. Orientadora: Profa. Rosane Christina de Oliveira.

Goiânia 2010

VANESSA SIQUEIRA BRANQUINHO

DESAFIOS E SUPERAÇÕES DO ENSINO DO TEATRO NA EDUCAÇÃO FORMAL EM GOIÂNIA.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de licenciatura em Artes Cênicas, pela Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás. Aprovada em 01 de dezembro de 2010

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________

Profa. Rosane Christina de Oliveira - EMAC UFG Presidente da Banca (orientadora)

___________________________________________________ Profa. Dra. Urânia Auxiliadora S. Maia de Oliveira – EMAC UFG

___________________________________________________ Profa. Ms. Natássia Duarte Garcia Leite de Oliveira – EMAC UFG

A meu pai, Armando Branquinho Barreto, amigo, incentivador, conselheiro, exemplo para mim, que sempre me estimula nos estudos e torce pelo meu sucesso profissional.

AGRADECIMENTOS

À professora e orientadora desta Monografia, Rosane Christina de Oliveira,

pelas correções, acompanhamento, confiança, apoio e dedicação.

À Profa. Ms. Simone Aparecida dos Passos e ao Prof. Kléber Alves Silva,

professores de Teatro das respectivas escolas: Centro de Ensino e Pesquisa

Aplicada à Educação (CEPAE) e Colégio Estadual Waldemar Mundim, que

contribuíram e colaboraram com a minha pesquisa.

Ao meu colega Michel Mauch Rosa, por ter sido um grande companheiro no

estágio, com quem aprendi muito e, também, por ter lido o meu Projeto de Pesquisa

com tanto carinho, fazendo correções inteligentes, que me ajudaram muito.

À Profa. Dra. Urânia Auxiliadora S. Maia de Oliveira, pela generosidade na

leitura do meu Projeto de Pesquisa e pelas orientações que nortearam o foco do

meu trabalho.

À Profa. Ms. Natássia Duarte Garcia Leite de Oliveira, pela amizade e por ter

sido a professora que me ensinou a ser uma Atriz e Pesquisadora mais madura e

mais consciente, apontando as minhas dificuldades, mas também, as capacidades e

competências que possuo para superá-las e para ser uma grande profissional.

À minha amiga Marilha Gabriella Siqueira Souza, por ter sido uma grande

amiga, quase irmã, com quem aprendi a ser mais otimista e mais feliz, foi através

dela, que me tornei uma pessoa melhor e passei a enxergar a vida de forma mais

bela.

Aos amigos e parentes que contribuíram com ricas reflexões e, também, com carinho e amor.

“O teatro não é feito para nos reconciliar com um mundo que vai mal, mas para reconciliar nós mesmos nesse mundo com aquilo que passamos nosso tempo a ignorar solenemente: o instante, naquilo que ele tem de único e que não sabemos viver como tal; uma relação com objetos, sensações, com a plenitude das presenças, quer elas passem pela palavra, quer pelo silêncio.” Jacques Lassalle

RESUMO

A presente pesquisa se propõe a fazer uma análise do ensino do teatro na educação formal em Goiânia nos meses de setembro e outubro de 2010, que apesar de sua legalização através da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN (Lei nº 9.394/96), ainda possui deficiências estruturais e pedagógicas que dificultam o processo de ensino e aprendizagem. O foco investigativo foi a prática docente em teatro, que se depara com muitos desafios no contexto escolar e, para superá-los, o professor precisa utilizar-se de conhecimentos teórico-práticos, didáticos e pedagógicos, que o ajudarão a desenvolver habilidades metodológicas para o fortalecimento de sua prática pedagógica no ensino do teatro. Tal abordagem foi esplanada em três capítulos. O primeiro trata das contribuições do teatro na formação e no desenvolvimento dos alunos da educação básica, fundamentadas no posicionamento de alguns autores pesquisadores de teatro educação, que atestam a sua importância na matriz curricular escolar; e de acordo com algumas referências retiradas dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs. O segundo capítulo aborda a necessidade e importância da formação acadêmica para o exercício da docência em teatro, considerando assim, a minha própria formação e experiência na disciplina Estágio Supervisionado de Licenciatura. O terceiro e último capítulo trata-se da pesquisa de campo realizada em duas escolas públicas de Goiânia: Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (CEPAE) e Colégio Estadual Waldemar Mundim. Neste contexto, apresentando considerações sobre a prática docente dos professores destas escolas observando seus contextos e especificidades e de acordo com as condições do ensino do teatro proporcionadas por cada uma delas, destacando apontamentos levantados a partir de observações das estratégias de superação encontradas pelos professores de teatro. Palavras-chave: Ensino do teatro. Prática docente. Desafios e superações.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABRACE Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-graduação em Artes Cênicas

BA Bahia

CEART Centro de Artes

CEPAE Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação

EMAC Escola de Música e Artes Cênicas

GO Goiás

LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MG Minas Gerais

MEC Ministério da Educação

PCNs Parâmetros Curriculares Nacionais

PIPE Projeto Integrado de Prática Educativa

SEF Secretaria de Educação Fundamental

UDESC Universidade do Estado de Santa Catarina

UFBA Universidade Federal da Bahia

UFG Universidade Federal de Goiás

UFU Universidade Federal de Uberlândia

UNEB Universidade do Estado da Bahia

USP Universidade de São Paulo

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................10

CAPÍTULO 1 – O Teatro e suas contribuições na formação e desenvolvimento

social do aluno.........................................................................................................14

CAPÍTULO 2 – A formação acadêmica do professor de

teatro..........................................................................................................................22

2.1 – O curso de Artes Cênicas, modalidade Licenciatura, na UFU e na UFG e sua

relação com a formação docente...............................................................................24

2.2 – O Estágio Supervisionado de Licenciatura para a experiência docente...........28

CAPÍTULO 3 – O ensino do teatro em escolas públicas e a prática docente: um

estudo de caso.........................................................................................................31

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................36

REFERÊNCIAS..........................................................................................................38

ANEXOS....................................................................................................................41

Anexo A: Memorando e Ofício (para solicitação da pesquisa de campo).......42

Anexo B: Questionários de entrevista com os professores de teatro..............44

Anexo C: Matrizes Curriculares da UFU e da UFG, respectivamente.............50

Anexo D: Ementas das disciplinas mencionadas no trabalho.........................53

INTRODUÇÃO

Durante a minha trajetória no curso de Artes Cênicas, tanto na Universidade

Federal de Uberlândia (UFU) como na Universidade Federal de Goiás (UFG) - digo

isso, pois iniciei o curso em Uberlândia e depois transferi para Goiânia - me deparei

com a forma que o teatro é colocado em prática na matriz curricular das escolas

públicas e, assim, pude perceber como ele vem se efetivando e quais são as suas

contribuições para a formação individual e social do aluno.

A base para minha análise e reflexão se pauta na minha experiência como

estudante de Artes Cênicas na UFU e na UFG, na minha prática nos Estágios

Supervisionados de Licenciatura realizados em Uberlândia e em Goiânia e na

Pesquisa de Campo que realizei nas escolas Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada

à Educação - CEPAE e Colégio Estadual Waldemar Mundim situadas na cidade de

Goiânia - GO, observando como o ensino do teatro vem sendo realizado nas

mesmas.

As experiências que vivenciei, principalmente nos estágios curriculares

obrigatórios, foram intrigantes e inquietantes pelo fato de ter identificado algumas

dificuldades para a realização do meu trabalho como estagiária-docente, entre eles:

falta de espaço físico apropriado nas escolas; ausência do auxílio da direção das

escolas; certo preconceito por parte dos outros professores das escolas com relação

ao campo do teatro; e o fato de alguns alunos se mostrarem resistentes durante as

aulas. Percebo assim, que tudo isso dificulta a fluência do processo do ensino do

teatro e concomitante a dificuldade da formação cultural pelo teatro, tornando-se um

desafio a prática docente. Nesse sentido, o professor precisa encontrar estratégias e

habilidades que o ajude a superar as dificuldades encontradas na escola.

Se por um lado pude identificar os desafios, por outro, tive a oportunidade de

compreender a importância do ensino do teatro na matriz curricular e, em

consequência, fiquei surpresa e encantada com a possibilidade que o teatro possui

de intervir positivamente na formação dos alunos estimulando o processo de

aprendizagem e desenvolvimento dos mesmos.

Este meu entusiasmo foi amadurecendo a partir do momento que tive contato

com pesquisadores de teatro-educação, tais como Ricardo Ottoni Vaz Japiassu1,

que afirma:

O objetivo do ensino das artes, para a concepção pedagógica essencialista, não é a formação de artistas, mas o domínio, a fluência e a compreensão estética dessas complexas formas humanas de expressão que movimentam processos afetivos, cognitivos e psicomotores (2001, p.24).

O ensino do teatro no currículo escolar, igualmente, não visa especificamente

a formação de atores, mas o desenvolvimento e apreensão da linguagem teatral tão

importantes para trabalhar os processos afetivos, cognitivos e psicomotores citados

por Japiassu. Ainda, pode-se levar em consideração a contribuição do autor nas

questões da interação e da convivência em sociedade, porque geralmente, as

atividades propostas pelo professor de teatro, em sua maioria, são muito voltadas

para o trabalho em grupo e para temáticas relacionadas com a realidade de vida dos

alunos.

O teatro pode contribuir na formação do sujeito, pois possui valores artísticos,

sociais e emocionais.

O teatro enquadra-se na disciplina Arte, que de acordo com a proposta dos

Parâmetros Curriculares Nacionais2 (PCNs), “tem uma função tão importante quanto

a dos outros conhecimentos no processo de ensino e aprendizagem. A área de Arte

está relacionada com as demais áreas e tem suas especificidades” (BRASIL, 1997b,

p. 19). Os PCNs expressam o fato de a Arte ter a mesma importância na educação

tanto quanto as outras áreas do conhecimento. Também expressa que a mesma

pode auxiliar no processo de ensino de outras disciplinas, fazendo intercâmbio com

1 “Doutor em Educação e Psicologia pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo

(2003). Mestre em Artes Cênicas pela Escola de Comuicações e Artes da USP. Licenciado e Bacharel em Teatro pela Escola de Teatro da UFBA” (Texto informado pelo autor) (Disponível em: <http://buscatextual.cnpq.br>. Acesso em: 10/10/2010). 2 “Os Parâmetros Curriculares Nacionais constituem um referencial de qualidade para a educação no

Ensino Fundamental em todo o País. Sua função é orientar e garantir a coerência dos investimentos no sistema educacional, socializando discussões, pesquisas e recomendações, subsidiando a participação de técnicos e professores brasileiros, principalmente daqueles que se encontram mais isolados, com menor contato com a produção pedagógica atual” (BRASIL, 1997a, p. 13).

os temas transversais3 e, promovendo assim, a interdisciplinaridade4. De fato, o

teatro é uma linguagem artística possuidora de grande valor artístico e educacional,

que precisa ser reconhecido e valorizado no âmbito escolar.

Nesse sentido, reconheço no professor de teatro a mola propulsora para a

valorização dessa linguagem artística e, sua prática deve ser responsável, orgânica

e comprometida. Para a superação dos desafios impostos a esse profissional, ele

deve ter conhecimento da sua área e consciência da importância da mesma no

contexto escolar. Acredito que para a superação das dificuldades pedagógicas, o

docente precisa ter familiaridade com as várias metodologias do ensino do teatro e

aplicá-las de forma responsável como uma forma de incentivar a formação do aluno.

Outro aspecto a ser considerado é o reconhecimento dos desafios a ele impostos e,

assim, respaldado em uma formação acadêmica consistente, tentar superar essas

dificuldades para que o seu trabalho se concretize e o ensino do teatro aconteça. O

professor, portanto, torna-se fundamental para o processo de desenvolvimento do

conhecimento teórico-prático do teatro na escola.

Esta pesquisa, portanto, procura analisar os problemas estruturais

encontrados pelos professores de teatro das duas escolas públicas pesquisadas em

Goiânia, com o intuito de investigar a situação do ensino do teatro na educação

formal e de refletir a relação entre a formação docente e sua prática pedagógica.

Levando assim, em consideração, a importância da formação acadêmica para a

docência em teatro, que nesse caso, usei como referência a minha própria formação

na UFU e na UFG. Considerei necessário mencionar as possíveis contribuições do

teatro para a educação e para a formação e desenvolvimento dos alunos, como uma

forma de promover o seu reconhecimento, pois com isso, os desafios podem tornar-

se amenos. A escola pode até perceber a importância do ensino do teatro na matriz

curricular, mas na prática, ainda se verifica aspectos físicos e pedagógicos que

dificultam o processo de ensino e aprendizagem do mesmo, os quais serão

explorados ao longo do trabalho.

3 Os temas transversais apresentados pelo PCN (1997a) são: Ética; Pluralidade Cultural; Meio

Ambiente; Saúde; e Orientação Sexual. 4 “A interdisciplinaridade caracteriza-se pela colaboração entre as disciplinas diversas de uma

determinada ciência enriquecida nas trocas provenientes da reciprocidade. É o ponto de encontro ante os movimentos de renovação dos problemas de ensino e pesquisa e o avanço do conhecimento científico. Critica duramente a educação fragmentada (“migalhas”) como forma de romper com o “encasulamento do universo” e incorporá-la a vida” (Disponível em: <http://recantodasletras.uol.com.br>. Acesso em: 10/10/2010).

O primeiro capítulo trata das contribuições do teatro na formação e no

desenvolvimento dos alunos da educação básica, fundamentadas no

posicionamento de alguns autores pesquisadores de teatro educação, que atestam a

sua importância na matriz curricular escolar; e de acordo com algumas referências

retiradas dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs. O segundo capítulo aborda

a necessidade e importância da formação acadêmica para o exercício da docência

em teatro, considerando assim, a minha própria formação e experiência na disciplina

Estágio Supervisionado de Licenciatura. O terceiro e último capítulo trata-se da

pesquisa de campo realizada em duas escolas públicas de Goiânia: Centro de

Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (CEPAE) e Colégio Estadual Waldemar

Mundim.

Capítulo 1 - TEATRO E SUAS CONTRIBUIÇÕES NA FORMAÇÃO E

DESENVOLVIMENTO SOCIAL DO ALUNO.

O teatro como disciplina é recente na educação escolar e ganhou força e

relevância através das transformações educacionais do século XX, como podemos

observar no PCN de arte,

As pesquisas desenvolvidas a partir do início do século em vários campos das ciências humanas trouxeram dados importantes sobre o desenvolvimento da criança, sobre o processo criador, sobre a arte de outras culturas. Na confluência da antropologia, da filosofia, da psicologia, da psicanálise, da crítica de arte, da psicopedagogia e das tendências estéticas da modernidade surgiram autores que formularam os princípios inovadores para o ensino de artes plásticas, música, teatro e dança. Tais princípios reconheciam a arte da criança como manifestação espontânea e auto-expressiva: valorizavam a livre expressão e a sensibilização para a experimentação artística como orientações que visavam o desenvolvimento do potencial criador, ou seja, eram propostas centradas na questão do desenvolvimento do aluno (BRASIL, 1997b, p. 21-22).

Desse modo, nota-se que o conhecimento por meio da arte foi impulsionado

pela ascensão das áreas que estudavam o desenvolvimento e a aprendizagem

humana e que reconheceram o valor da arte como propulsor desses seguimentos.

De acordo com Japiassu (2001, p. 18), o movimento por uma Educação Ativa

liderado originalmente pelo professor doutor norte-americano John Dewey, da

Columbia University, conhecido no Brasil como Escola Nova, repercutiu de forma

decisiva no século XX. As ideias principais para esse movimento foram

primeiramente defendidas pelo filósofo Jean-Jacques Rousseau5: “a pedagogia

original de Rousseau enfatizava a atividade da criança no processo educativo e

defendia a importância do jogo como fonte de aprendizagem” (apud, JAPIASSU,

2001, p. 18). O que caracterizava o ensino, em sua maioria das vezes, como

5 “Jean-Jacques Rousseau (Genebra, 28 de Junho de 1712 — Ermenonville, 2 de Julho de 1778) foi

um filósofo, escritor, teórico político e um compositor musical autodidata suíço. Uma das figuras marcantes do Iluminismo francês, Rousseau é também um precursor do romantismo” (Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Jacques_Rousseau>. Acesso em: 10/12/2010).

transmissão de conteúdos ocorrente na educação tradicional passa a ser refletido e,

a atividade da criança no processo de ensino e aprendizagem é reconhecida como

primordial em sua formação e se tornam fontes de observação para a constituição

de estudos e pesquisas acerca de metodologias e práticas, como o caso do jogo.

Jean Piaget6 (1967), em sua Teoria Psicogenética, preocupa-se com a forma

como acontece a construção do conhecimento. Ele nos reporta para a necessidade

inerente à criança de representação mental (função simbólica: o faz-de-conta),

principalmente na fase do desenvolvimento cognitivo denominado por ele de Pré –

operatório7 (de 2 a 7 anos de idade), ele alega que nesse período a criança precisa

da função simbólica para a compreensão, organização e assimilação das novas

informações do mundo a sua volta, para assim, se adaptar a esse meio onde ela

está inserida.

Como observamos nos PCNs,

O ato de dramatizar está potencialmente contido em cada um, como uma necessidade de compreender e representar uma realidade. Ao observar uma criança em suas primeiras manifestações dramatizadas, o jogo simbólico, percebe-se a procura na organização de seu conhecimento do mundo de forma integradora. A dramatização acompanha o desenvolvimento da criança como uma manifestação espontânea, assumindo feições e funções diversas, sem perder jamais o caráter de interação e de promoção de equilíbrio entre ela e o meio ambiente. Essa atividade evolui do jogo espontâneo para o jogo de regras, do individual para o coletivo (BRASIL, 1997b, p. 83).

A criança, portanto, utiliza a dramatização como forma de organizar e

compreender a realidade e, com o aperfeiçoamento provindo das interações,

conquistas e convívio com o coletivo, ela vai se adaptando às complexidades do

mundo, desenvolvendo-se de forma efetiva.

6 “Sir Jean William Fritz Piaget (Neuchâtel, 9 de agosto de 1896 — Genebra, 16 de setembro de

1980) foi um epistemólogo suíço, considerado o maior expoente do estudo do desenvolvimento cognitivo” (Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean_Piaget>. Acesso em: 02/09/2010). 7 “A passagem do estágio sensório-motor para o pré-operatório é caracterizado pela interiorização

dos esquemas formados no período anterior e pelo aparecimento da função simbólica, que se refere à capacidade de representar objetos e acontecimentos ausentes por meio de símbolos e signos diferenciados. Essa capacidade é que diferencia, qualitativamente, a inteligência do homem da inteligência animal” (COUTINHO, 2004, p. 96).

Na escola, o jogo dramático8 precisa ser estimulado com base nas instruções

e questionamentos do professor de teatro, que levará os alunos à compreensão e ao

respeito às regras do jogo e, consequente respeito pelo outro na relação de parceria

numa atmosfera altamente social. O professor, nesse caso, precisa conhecer os

estágios do desenvolvimento cognitivo9 da criança, para assim, saber elaborar as

metodologias teatrais mais adequadas para cada faixa etária e como devem ser

trabalhadas no sentido de se alcançar objetivos específicos.

De fato, pesquisas como a de Piaget, dentre outras, estimularam uma nova

perspectiva educacional, que começa a conceber a arte como imprescindível para a

formação da criança e, por extensão, o teatro começa a ganhar importância na

educação formal. De acordo com o PCN (BRASIL, 1997b, p. 20), “é importante

salientar que tais orientações trouxeram uma contribuição inegável no sentido da

valorização da produção criadora da criança, o que não ocorria na escola

tradicional”. Nesse sentido, o teatro começa a ser valorizado e difundido no âmbito

escolar, pois é reconhecido como estimulador do potencial criador da criança.

Também verifiquei nos PCNs (BRASIL, 1997b, p. 84), outro movimento

marcante e decisivo para o reconhecimento e valorização da arte, que foi o

movimento denominado de Arte-Educação nos anos 80 do século XX. Muito

considerável para o ensino das artes, pois os professores se mobilizaram para que

houvesse a conscientização da sua importância dentro da escola, passando assim,

a exigir o direito a cursos de aprimoramento do conhecimento sobre a linguagem

artística com a qual trabalhavam. A arte estava sendo revista, com a finalidade de

promover a produção, a apreciação e a contextualização como forma de

aprendizado e formação do profissional e do estudante. Sendo assim, a efetivação

da área na matriz curricular da educação formal, torna-se de grande valia. Mas para

tal valorização, é necessária a compreensão de suas dimensões artísticas, estéticas,

8 “Em seu livro, que, na tradução para o português, recebeu o título de O Jogo Dramático Infantil (An

Introduction to Child Drama), Peter Slade (1978) estabelece uma compreensão de jogo dramático como sendo não uma atividade propriamente artística, mas como um comportamento natural dos seres humanos. Slade se refere às brincadeiras próprias das crianças, que se valem da dramaticidade, presente em variados jogos infantis, para experimentar e apreender os diversos aspectos da vida social” (DESGRANGES, 2006, p. 92 – 93). 9 “O modelo de desenvolvimento cognitivo de Piaget destaca quatro períodos principais: o sensório-

motor (do nascimento até aproximadamente os 2 anos de idade), o pré-operatório (dos 2 aos 7 anos), o operatório concreto (dos 7 aos 11 anos) e o operatório formal (dos 11 aos 15 anos)” (FONTANA e CRUZ, 1997, p. 43).

históricas, sociais e culturais para que ela seja respeitada como área do

conhecimento de inegável importância para a formação do indivíduo.

Teatro como uma das linguagens artísticas tem mostrado relevante

importância como possível meio de comunicação e de expressão desde os tempos

primórdios, isso por que ele proporciona um espaço de liberdade, no qual podemos

trocar experiências, conhecimentos e dialogar criticamente uns com os outros. Onde

pode haver, também, produção coletiva através da colaboração, cooperação,

solidariedade e criatividade de cada um.

Assim como nos mostra Juscelino Batista Ribeiro10, o teatro não pode ser

pensado como espaço para o exibicionismo, mas sim,

como uma possibilidade de expressão do verdadeiro eu, que promove muitas descobertas, age como um fomentador da educação. Nessa perspectiva, o teatro se constitui em uma disciplina que dá contribuições bastante valiosas à educação, na medida em que ele possibilita não só as crianças pensarem de forma criativa e independente, aguçando a imaginação e a iniciativa; despertando a prática da cooperação social, algo que está cada vez mais desaparecendo, tornando-se rara; o desenvolvimento da sensibilidade para relacionamentos pessoais, um ponto importantíssimo se levarmos em conta que a nossa sociedade tem promovido o distanciamento das pessoas. Além disso, o teatro proporciona também experiências de pensamento independente. Os jogos teatrais, certamente, dão essas possibilidades (2004, p. 71).

No âmbito educacional, portanto, a troca de experiências proporcionada pela

prática teatral pode estimular o respeito mútuo entre os alunos. Na experimentação

teatral a sensibilidade e a entrega são elementos importantes para haver o

compartilhamento, o diálogo, a negociação, a tolerância e, principalmente, a

convivência, tão válidas e importantes para nossa vida em sociedade. A escola, sem

dúvida, é um meio muito importante para a formação social do sujeito, espaço

fundamental para as diversas possibilidades de aprendizado, de tomada de

consciência e onde as transformações podem acontecer. Nesse sentido, o teatro

proporciona valiosas contribuições ajudando a promover essa socialização do

indivíduo, por que a partir das práticas teatrais trabalha-se o coletivo de forma a

10

Mestre em História pela UFU, na linha História e Cultura e ex-professor do curso de Artes Cênicas

da UFU.

alcançar um objetivo comum. O egoísmo e o egocentrismo, por consequência,

podem ser substituídos pela união e trabalho em equipe.

O sistema capitalista11 tem influenciado bastante nas atitudes humanas

tornando-as materialistas e egocêntricas. Segundo Karl Marx12 (apud, BOTOMORE,

2001), a estrutura econômica da sociedade (a base ou infra-estrutura) condiciona a

existência e as formas do Estado e da consciência social (a superestrutura). Nesse

contexto, tudo gira em torno do lucro e do poder e, em consequência, o homem de

maneira geral, tem se preocupado menos com o outro e com o bem comum,

gerando assim, a competitividade e o desrespeito ao próximo.

Ildeu Moreira Coêlho13 nos remete às práticas individualistas predominantes

na atualidade e nos leva a refletir sobre a possível humanização dos indivíduos:

O individualismo característico de nossa cultura, é claro, dificulta a compreensão de que somente é possível se fazer verdadeiramente humano, ser racional, autônomo e livre à medida que se trabalhe para a humanização de todos os humanos, independentemente das particularidades de raça, nacionalidade, idade, situação sócio-econômica, ideologia e crença. Educar é trabalhar para que a cultura, a razão, o pensamento, a autonomia, a liberdade, a democracia e a solidariedade se tornem valores fundamentais para educandos e educadores, estudantes e docentes, enfim, para que os atuais humanos e as gerações futuras participem efetivamente da invenção de uma nova humanidade, de uma nova sociedade, de uma nova cultura, de um novo homem. Caminhar nesse sentido deve ser, então, um valor fundamental e primeiro de nossa existência, o que colide frontalmente com o culto do indivíduo, dos bens materiais, do imediato, do prazer, do poder, da fama (2003, p. 10).

Percebe-se, através das palavras de Coelho, a sua preocupação com a

individualidade que vem assolando os princípios de socialização, de solidariedade e

de cooperação entre os indivíduos, portanto, na educação e, principalmente, no

11

“O capitalismo é um sistema econômico em que os meios de produção e distribuição são de

propriedade privada e com fins lucrativos; decisões sobre oferta, demanda, preço, distribuição e investimentos não são feitos pelo governo, os lucros são distribuídos para os proprietários que investem em empresas e os salários são pagos aos trabalhadores pelas empresas” (Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Capitalismo>. Acesso em: 10/12/2010). 12

“Karl Heinrich Marx (Tréveris, 5 de maio de 1818 — Londres, 14 de março de 1883) foi um

intelectual e revolucionário alemão, fundador da doutrina comunista moderna, que atuou como

economista, filósofo, historiador, teórico político e jornalista” (Disponível em:

<http://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Marx>. Acesso em: 13/11/2010). 13

Professor da Faculdade de Educação da UFG.

ensino do teatro, deve haver o estímulo para que transformações aconteçam

pensando-se em uma sociedade mais humanizada.

Nesse sentido, a prática teatral pode estimular trabalhos grupais em uma

criação cênica, onde os integrantes do grupo são levados a perceber que não há

como alcançar um objetivo comum, se não houver a solidariedade e a colaboração

e, com isso, esse indivíduo passa a ter consciência de que precisa do outro na

mesma medida em que outra precisa da colaboração desse indivíduo e que é

importante que cada um realize a sua função, sempre se preocupando com o

objetivo que é do grupo. Isso pode fazê-lo refletir, que se porventura, apresentar

atitudes individualistas e se comporta de maneira egoísta, provavelmente irá

prejudicar o grupo e, também, a si mesmo.

Esta conjuntura na qual estamos inseridos denota a necessidade urgente de

mudanças no comportamento humano e na sociedade e, por este motivo, acredito

que o teatro na educação venha possibilitar a consciência social nos alunos através

das análises e discussões provenientes das criações cênicas que podem tratar de

temáticas sociais, estimulando nos alunos, a reflexão, o senso crítico e a

participação ativa na transformação deles mesmos e da realidade. Isso pode ser

trabalhado pelo professor, pois na dramatização o aluno encena e representa

comportamentos e situações da vida real e, nas discussões ocorridas

posteriormente, o professor pode propor que o aluno se distancie do que foi

dramatizado, para que assim, ele possa refletir criticamente sobre a temática

trabalhada na encenação.

O ensino do teatro torna-se relevante no sentido de trabalhar não somente as

questões sociais acima apresentadas, mas também, pelo fato de proporcionar uma

aprendizagem significativa14 por meio da vivência e da experimentação individual e

coletiva possibilitadas pela criação cênica.

A instituição escolar é uma das mais importantes, senão a principal

responsável pelo desenvolvimento da aprendizagem, pela construção do

conhecimento e, conseqüente formação de um indivíduo mais humanizado. Neste

14

“A aprendizagem significativa processa-se quando o material novo, idéias e informações que

apresentam uma estrutura lógica, interage com conceitos relevantes e inclusivos, claros e disponíveis na estrutura cognitiva, sendo por eles assimilados, contribuindo para sua diferenciação, elaboração e estabilidade. Essa interação constitui, segundo Ausubel (1968, p. 37-39), uma experiência consciente, claramente articulada e precisamente diferenciada, que emerge quando sinais, símbolos, conceitos e proposições potencialmente significativos são relacionados à estrutura cognitiva e nela incorporados” (apud, MOREIRA, 1982, p. 4).

sentido, o teatro tem-se apresentado como importante meio de desenvolvimento

cognitivo e social no ambiente escolar, pois de acordo com Alonso de Oliveira

Santos15, ele

[...] promove oportunidades para que os adolescentes e adultos conheçam, observem e confrontem diferentes culturas em diferentes momentos históricos, operando com um modo coletivo de produção de arte. Ao buscar soluções criativas e imaginativas na construção de cenas, os alunos afinam a percepção sobre eles mesmos e sobre situações do cotidiano (2005, p. 9).

Dessa forma, a vivência teatral ajuda a estabelecer um diálogo com a

realidade de vida dos alunos e com a cultura, podendo proporcionar contribuições na

interação com o mundo fora da escola, ou seja, os alunos aprendem questões além

da linguagem teatral.

Quando o aluno, em uma construção de cenas precisa buscar soluções

criativas e imaginativas, automaticamente a habilidade e a capacidade de solucionar

problemas estão sendo estimuladas. Na relação em equipe e no diálogo, eles vão

aprendendo a serem mais críticos, reflexivos e participantes ativos, contribuindo de

forma construtiva na transformação da sociedade.

O professor como mediador direciona o trabalho no sentido do

desenvolvimento das habilidades práticas da linguagem teatral e do posicionamento

crítico. Ele promove o envolvimento dos alunos no processo criativo a partir dos

seus estímulos e da sua instrução, levando-os a focarem a atenção na resolução do

problema proposto na situação cênica a ser dramatizada. Segundo Beatriz Ângela

Vieira Cabral16 (2006), o aluno exercita noções de espaço, de tempo e de ritmo,

além de adquirir conhecimento histórico e cultural por meio da análise textual,

compreende também, as atitudes e valores implícitos no comportamento dos

personagens, dentre outros aspectos que podem ser verificados como valorosos

para o desenvolvimento psicomotor e social do aluno.

O ensino do teatro a partir da dramatização pode contribuir também na

questão da interdisciplinaridade, pois diversos temas condizentes com as outras

disciplinas da matriz curricular podem ser trabalhados na encenação. Os

professores podem elaborar projetos interdisciplinares e atuarem em conjunto para

15

Professor de teatro da Escola de Teatro Arte Viva, situada em Goiânia – GO. 16

Professora do CEART/UDESC, orienta mestrado e doutorado em Pedagogia do Teatro.

alcançar objetivos pedagógicos comuns. Trabalhando simultaneamente as diversas

linguagens artísticas com conteúdos diversificados.

Este tipo de projeto ainda pode ser estendido a outras disciplinas como:

História, Literatura, dentre outras. Estas podem contribuir com a construção textual,

com os temas a serem trabalhados, com a pesquisa sócio-histórica e cultural dos

personagens, enfim, uma série de elementos podem ser explorados em equipe,

mobilizando uma boa parte da escola. O teatro visto nesta ótica pode ser um

processo altamente social e pedagógico voltado ao desenvolvimento de pesquisas e

do trabalho em grupo.

O aluno, nessa construção conjunta a partir da vivência dos fatos

experimentados na dramatização, na pesquisa e na reflexão crítica, vai

desenvolvendo suas potencialidades corporais e intelectuais e, ao mesmo tempo,

esse exercício pode remetê-lo ao contexto em que vive, despertando-o à percepção

das mazelas sociais, do convívio e comportamento humano frente às necessidades

da vida, ampliando sua compreensão e capacidade de abstração, bem como de

concretude sobre questões materiais.

Em suma, levando-se em consideração a amplitude das contribuições que o

ensino do teatro pode proporcionar à formação e ao desenvolvimento do aluno em

suas várias dimensões e, a necessidade de uma formação voltada às questões dos

valores humanos, considera-se muito importante sua efetivação na matriz curricular.

Mas, o desafio reside em desenvolver um ensino de maior qualidade mesmo com as

condições precárias que algumas escolas oferecem, além dos diversos fatores que

podem dificultar o processo de ensino e aprendizagem do teatro. Porém, as

dificuldades enfrentadas pelo professor de teatro no ensino formal e a forma como

ele as supera, serão exploradas detalhadamente e aprofundadas nos capítulos

posteriores, tendo por base as minhas experiências nos estágios curriculares

obrigatórios e a pesquisa de campo realizada nas escolas CEPAE e Colégio

Estadual Waldemar Mundim, situadas em Goiânia – GO.

Capítulo 2 – A FORMAÇÃO ACADÊMICA DO PROFESSOR DE TEATRO

Com a legalização do ensino de Arte no currículo escolar através da Lei nº

9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN), passa a haver

a necessidade da preparação e formação de professores em nível superior, para

qualquer modalidade de arte: artes visuais, dança, música ou teatro. A pesquisa

acadêmica na área de arte também passa por um crescimento notável e, através

das pesquisas, tanto teóricas quanto práticas, descobri as várias possibilidades do

ensino em arte. O professor também precisa ter consciência da necessidade de uma

formação continuada, que aprimore e atualize o seu conhecimento e domínio

pedagógico.

O professor de teatro precisa criar as bases que irão lhe proporcionar o apoio

necessário para enfrentar as dificuldades e limitações. Observando por essa

perspectiva, uma formação acadêmica de qualidade ganha grande importância no

histórico e currículo deste. Sérgio Coelho Borges Farias17 nos alerta que,

as boas condições para o ensino-aprendizagem de teatro, e de arte em geral, não vão ser simplesmente concedidas. Terão que ser conquistadas e o preparo teórico dos professores é fundamental para a argumentação, nas reuniões com os pares e perante os ocupantes de cargos diretivos (2008, p. 28).

Com base na citação acima, percebe-se que as ações do professor na escola

serão fundamentadas através de sua base teórica, ou seja, de seu conhecimento e

domínio dos saberes teatrais voltados para o contexto escolar. Sendo assim, ele terá

argumentos para a conquista de condições mais adequadas para as aulas de teatro.

O preparo teórico e prático é importante em sua prática na escola, pois além de

ajudá-lo na conquista do respeito, ele terá mais facilidade para alcançar os objetivos

por ele almejados. Faz-se necessário então, que o docente conheça as implicações

pedagógicas das metodologias do ensino do teatro a serem propostas em sala, para

que elas sejam adequadas e coerentes com a faixa etária e com o contexto dos

alunos.

17

Professor de teatro da Universidade Federal da Bahia – UFBA.

Outro aspecto em relação à docência em teatro é a superação dos equívocos

ocasionados pela descaracterização sofrida pela arte no período em que tudo na

arte era permitido em nome da livre-expressão e, também, pela polivalência

provocada pelo agrupamento das modalidades de arte na disciplina Educação

Artística. O professor desta disciplina precisava ter domínio de todas as linguagens

artísticas, mas o que de fato acontecia, na maioria dos casos, era que ele apenas

aplicava desenhos, dobraduras, entre outros e, em conseqüência, não havia

aprofundamento. Tal descaso provoca um quadro de ignorância em relação à arte,

gerando certo preconceito por parte dos alunos, dos pais e da própria escola. O

docente, portanto, precisa além de preocupar-se com os aspectos pedagógicos,

defender a importância e necessidade do ensino do teatro se pautando numa

formação sólida que o ajudará em seus argumentos junto à instituição de ensino em

que trabalha.

É intrigante o fato de ter que travar diversas discussões para defender a

disciplina Teatro na matriz curricular, sendo que a mesma pode oferecer notáveis

contribuições que podem auxiliar na formação do indivíduo em suas várias

dimensões: cognitiva, psicomotora, afetiva e estética. O fato é que estas virtudes

ainda não foram amplamente reconhecidas, e o professor sofre as conseqüências

enquanto não ocorre a devida valorização da disciplina.

Ao docente, portanto, cabe a habilidade e o esforço para superar as

dificuldades e, a sua contribuição, para que o teatro seja reconhecido no âmbito

escolar como área do conhecimento tão necessária à formação humana, quanto às

demais disciplinas.

O professor de teatro, como salienta Farias,

necessariamente é pedagogo e é encenador. Mais que os professores de outras matérias, ele precisa ser um pouco ator e precisa ter algo também de dramaturgo, para organizar os textos saídos de improvisações e fazer adaptações. Diante dos dramas da cena e da vida real que afloram em classe, chega a atuar como psicólogo, e não pode se descolar de sua condição de cidadão e ser político (2008, p. 28).

De fato, ele se torna um artista-docente bricoleur, no sentido de reagrupar,

reordenar, readaptar e recriar estratégias de ação. De acordo com Narciso Telles18

(2008, p.17) “o conceito de bricolagem no campo teatral possibilita analisar tanto os

elementos constituintes da cena teatral, quanto às relações de ensino na perspectiva

de verificar esses processos como re-articulações de materiais já adquiridos”, que

nesse âmbito, pode ser considerado o conhecimento prévio dos alunos. Mas todo

esse processo de reconstrução ocorrerá com mais facilidade caso o professor tenha

obtido uma boa formação acadêmica e continue se aprimorando após a graduação.

2.1 – O curso de Artes Cênicas, modalidade Licenciatura, na UFU e na UFG e

sua relação com a formação docente

Na minha trajetória acadêmica fui privilegiada ao ter a oportunidade de usufruir,

em ocasiões distintas, de duas experiências educacionais voltadas para a formação

docente em teatro. Meu primeiro contato com essa área se deu na Universidade

Federal de Uberlândia - UFU e, posteriormente, na Universidade Federal de Goiás -

UFG, por este motivo, falarei das duas experiências, que com certeza, foram

diferentes e, ao mesmo tempo, complementares.

Durante este percurso nas duas universidades, cursei várias disciplinas

fundamentais para compreender o ensino do teatro nas escolas, são elas: Teatro

Educação; Psicologia da Educação I e II; Pedagogia do Teatro I e II; Jogo Teatral

Aplicado à Educação; Projeto Integrado de Prática Educativa I, II, III, IV e V; Didática

I, II e III; Estágio Supervisionado de Licenciatura I, II, e III. Em cada uma destas

disciplinas, pude conhecer e vivenciar diferentes aspectos e peculiaridades do

ensino do teatro.

Em Teatro Educação, foi abordada a história do ensino do teatro no Brasil e

suas relações com as principais tendências da prática educacional. Em Psicologia

da Educação estudamos Sigmund Freud, Burrhus Frederic Skinner, Jean Piaget e

18

“Narciso Telles é ator, performer, professor do Curso de Teatro e do Programa de Pós-Graduação em Artes da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Pesquisador do Núcleo de Criação e Pesquisa Teatral e membro do Coletivo Teatro da Margem. Dirigiu recente” (Disponível em: <http://portalabrace.org/index.php?option=com_comprofiler&task=userProfile&user=108&Itemid=4>. Acesso em: 13/11/2010).

Lev Vygotsky. Em Jogo Teatral Aplicado à Educação estudamos como o Jogo

Teatral pode ser utilizado na educação do teatro, a partir da perspectiva de autores

como: Flávio Desgranges; Zeca Ligiéro; Maria Lúcia de Souza Barros Pupo; Anna

Flora Camargo; Amara Chagas; e Ingrid Koudela.

Nos Projetos Integrados de Prática Educativa adentrei pela primeira vez no

âmbito escolar com o intuito de colocar em prática um projeto de intervenção através

do teatro. A pesquisa e estudo de campo foram realizadas na Escola Municipal

Professor Milton de Magalhães Porto e na Escola Municipal Doutor Gladsen Guerra,

situadas em Uberlândia – MG. Nos Estágios Supervisionados de Licenciatura pude

observar e dar aulas de teatro na Escola Municipal Professor Domingos Pimentel de

Ulhôa em Uberlândia e nas escolas Colégio Estadual Dom Abel e Centro de Ensino

e Pesquisa Aplicada à Educação, situadas em Goiânia - GO.

Todas essas experiências foram importantes e necessárias para a minha

formação como docente em teatro.

Quando ingressei na UFU, no segundo semestre de 2005, o curso ainda se

chamava Artes Cênicas e na época só tinha a modalidade Licenciatura. No ano de

2006 houve a aprovação da reformulação do Projeto Político Pedagógico do curso,

que passou a se chamar Teatro, mudando a grade curricular e adicionando a

modalidade Bacharelado. Essa mudança foi importante para o curso, que assim,

conquistou maior qualidade e, portanto, progrediu consideravelmente.

Fui contemplada com a reformulação e, com isso, pude usufruir desta

melhora e das novas disciplinas teórico-práticas, principalmente na área da

Licenciatura como, por exemplo, a inclusão curricular da disciplina Projeto Integrado

de Prática Educativa (PIPE). Este projeto é muito interessante, pois através dela, o

discente tem seu primeiro contato com a escola logo no primeiro período da

graduação e isso é muito enriquecedor para quem pretende ser professor de teatro,

porque ele já vai conhecendo e interagindo com o espaço onde futuramente irá

trabalhar. O projeto é direcionado para a prática educativa em escolas públicas,

sendo assim, o graduando vai conhecendo o cotidiano, as dificuldades, a infra-

estrutura, entre outros aspectos destas escolas. Através desta experiência ele

trabalha suas habilidades e capacidades para a carreira profissional como professor

de teatro. A disciplina ocorre do primeiro ao quinto período na modalidade

licenciatura.

Também foi adicionada a disciplina Pedagogia do Teatro, a partir dela,

compreendemos a trajetória do teatro na Educação Ocidental, estudei as diretrizes e

os parâmetros curriculares e conhecemos as várias metodologias do teatro que

podem ser utilizadas na sala de aula, como por exemplo: a Peça Didática e o Teatro

Épico de Bertolt Brecht; o Teatro do Oprimido de Augusto Boal; os Jogos de

Improvisação; o Jogo Dramático na perspectiva de Peter Slade, de Jean Pierre

Ryngaert, de Olga Reverbel e de Maria Lúcia de Souza Barros Pupo; os Jogos

Teatrais de Viola Spolin; e o Drama como método de ensino, traduzido e trazido

para o Brasil por Beatriz Ângela Vieira Cabral. São metodologias que podem ser

adaptadas e contextualizadas à realidade dos alunos e, além disso, pode-se

trabalhar com temáticas que levem o aluno a desenvolver o senso crítico com

relação a si mesmo e com relação a sua própria vivência em casa e na sociedade.

Porém, não irei aprofundar nessas metodologias por não ser o foco do meu trabalho,

mas considero imprescindível o conhecimento das mesmas para a prática docente e

sócio educativa em teatro.

As matrizes curriculares do curso de Teatro da UFU e da UFG podem ser

verificadas nos anexos do presente trabalho, mas as disciplinas mais voltadas para

a formação do professor de teatro da UFU são: PIPE I, II, III, IV e V; Pedagogia do

Teatro I e II; Jogo Teatral Aplicado à Educação; Didática; Psicologia da Educação;

Política e Gestão da Educação; e Estágio Supervisionado I, II, III e IV. E no curso de

Licenciatura da UFG são: Fundamentos Filosóficos e Sócio-Históricos da Educação;

Fundamentos de Arte Educação; Políticas Educacionais; Linguagem Dramática na

Educação – Jogos Teatrais; Psicologia da Educação I e II; Didática do Teatro I, II e

III; e Estágio Supervisionado de Licenciatura I, II e III. As ementas destas disciplinas

também estão anexadas neste trabalho para maior esclarecimento da proposta e

dos objetivos de cada uma delas.

Em relação ao curso de Artes Cênicas da UFG e, referindo-se à modalidade

Licenciatura, encontrei no site da unidade referida, suas principais características e

objetivos:

O Curso de Artes Cênicas, na modalidade Licenciatura, tem como núcleo epistemológico a integração entre teoria e prática do fazer teatral e sua pedagogia específica. Neste sentido, o teatro é assumido, em uma perspectiva de ensino-aprendizagem, como forma de conhecimento e como prática produtiva e integrativa dos aspectos cognitivos e afetivos da

expressão humana. Visa-se aqui a formação de um professor-artista capaz de dominar a abordagem metodológica, os princípios estéticos, políticos e pedagógicos da arte que ensina, assim como praticar e refletir sobre os procedimentos da elaboração do discurso cênico, permitindo a participação criativa e crítica dos seus alunos (Disponível em: <www.musica.ufg.br/cursos.htm#graduacao>. Acesso em: 08/09/2010).

Percebi assim, que há uma valorização por parte do curso de Artes Cênicas

da UFG pela formação teórico-prática voltada para a docência em teatro. Isso é

imprescindível, pois o professor de teatro deve ter uma base teórica e prática sólidas

para o ensino e, além de professor, precisa ser também, um artista preocupado com

as questões político-sociais de seus alunos, onde os saberes teatrais e os saberes

pedagógicos e educacionais se entrecruzam e se integram.

Atualmente, a formação acadêmica na modalidade Licenciatura é obrigatória

para a prática docente na escola, para qualquer área do conhecimento, inclusive

Arte (em todas as linguagens artísticas). E ao mesmo tempo em que ela é

obrigatória, é também, necessária para uma prática docente de qualidade. Conforme

podemos observar na Lei nº 9.394/96 (LDBEN), Art. 62º:

A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal (Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf>. Acesso em: 02/09/2010).

Nesse sentido, posso considerar então, a formação acadêmica como base

para a docência em teatro. Utilizando como referência a minha experiência como

discente, reconheço a real necessidade por parte do professor de um

aprofundamento de seus estudos através de pesquisas e projetos que venham a

complementar sua formação. Este deve também, acompanhar as modificações que

acontecem na educação e em sua própria área de conhecimento intercambiando os

saberes e buscando novos conhecimentos.

Em seguida, continuarei o estudo sobre a formação acadêmica, dialogando

mais especificamente sobre a minha experiência nos estágios curriculares

obrigatórios e no quanto foram necessários para a minha formação como docente

em teatro.

2.2 – O Estágio Supervisionado de Licenciatura para a experiência docente

Essa pesquisa segue com o relato da minha experiência nos estágios

curriculares obrigatórios e no quanto eles contribuíram para a minha formação. É

nesta disciplina que o graduando tem a oportunidade de experienciar, no âmbito

escolar, como é ser professor, por meio da observação de aulas de teatro, da semi-

regência e da regência. Utilizo a ementa da disciplina Estágio Supervisionado de

Licenciatura da UFG, para expor os propósitos da mesma:

Vivência de processos de investigação e problematização da realidade de educação, a partir do campo de estágio e dos aportes teóricos da pedagogia, tendo em vista o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e compromisso inerente à profissão docente. Desenvolvimento de projeto prático utilizando os conhecimentos das técnicas e métodos teatrais aprendidos durante o curso, aplicando-os junto à Escolas de ensino formal e informal, de 1º, 2º e 3º graus. Os estágios terão sempre a orientação de um professor. O projeto deverá ser realizado em grupo (no mínimo dois alunos) e aprovado pelo orientador que estabelecerá o contato com instituições de ensino, oficial e/ou privado que poderão abrigar o estágio. O estágio supervisionado da licenciatura observa as seguintes ênfases: no conhecimento da organização do trabalho pedagógico desenvolvido no campo de estágio; na coleta sistemática de dados e elaboração do projeto de ensino-aprendizagem; no desenvolvimento e avaliação do projeto de ensino – aprendizagem; na sistematização, análise e apresentação de relatório do trabalho desenvolvido (Disponível em: <www.prograd.ufg.br/uploads/files/artes-cenicas-e.pdf>. Acesso em: 08/09/2010).

A colocação acima nos aponta a importância do estágio no sentido de auxiliar

o discente na organização e sistematização de seu conhecimento e de prepará-lo

para a prática docente, levando-o a refletir sobre sua experiência em campo. Para

mim, foi muito enriquecedor, pois pude colocar em prática tudo o que assimilei

durante o curso e foi fundamental por resgatar referenciais teóricos da linguagem

teatral que dialogavam com as questões do ensino do teatro.

Ministrar aula, independente da área do conhecimento, é um ofício que exige

dedicação e responsabilidade, principalmente quando se trata de aula de teatro, que

ainda se mostra desafiadora para o professor, pelo fato das condições ainda não

serem muito favoráveis. É por este motivo, que o contato com a escola durante a

graduação se faz necessária, pois é ela que dará a oportunidade ao graduando de

conhecer e aprender a driblar as dificuldades encontradas no campo de atuação.

Foi através do estágio que conheci a realidade do contexto escolar e da sala

de aula. A minha experiência foi somente na rede pública de ensino (municipal,

estadual e federal), mas foi o suficiente para compreender como funciona o cotidiano

de cada uma delas.

Para que o ensino do teatro tenha qualidade é necessário pelo menos as

condições mínimas e básicas para as aulas, tanto estruturais quanto pedagógicas.

Na minha experiência como estagiária tive contato com diferentes realidades:

escolas em que a direção e os outros professores não se importavam com as aulas

de teatro, enquanto outras apoiavam e valorizavam; em algumas escolas a aula de

teatro era na própria sala de aula, pois não havia espaço adequado, enquanto outras

disponibilizavam o espaço apropriado; as aulas variavam a duração entre 50

minutos por semana em cada turma, e duas aulas de 45/50 minutos por semana.

Vale lembrar que quando as aulas eram na própria sala, alguns minutos eram

perdidos na retirada das carteiras, além do tumulto provocado pelo ato. As

atividades teatrais exigem espaço amplo, arejado e sem objetos, daí a necessidade

de um ambiente apropriado para que o aluno possa agir com liberdade em sua ação

criativa.

Percebi neste período que ainda há muita resistência por parte de alguns

alunos nas aulas de teatro e, também, a dificuldade de se exporem. Muitos deles

somente faziam as atividades que o professor solicitava quando era atribuída uma

nota.

A postura perante aos alunos variava de professor para professor e,

consequentemente, o nível de afetividade e de respeito também. Todos planejavam

as aulas, mas observei que os saberes teatrais (teóricos e práticos) eram frágeis em

alguns professores, enquanto que outros demonstravam ter conhecimento sólido e

habilidades didático-pedagógicas consistentes e criativas.

Pude perceber, portanto, a variação e o desequilíbrio entre as condições

encontradas para o ensino do teatro e com relação à prática dos professores no

ensino formal. O que nos leva a refletir, que em virtude da obrigatoriedade do ensino

das artes na matriz curricular, as escolas deveriam oferecer, ao menos, as

condições mínimas.

O que achei interessante nos estágios foi principalmente a observação das

aulas de teatro, pois na posição de observadora conseguia perceber as dificuldades

enfrentadas pelos professores e quais eram as estratégias que eles utilizavam para

superá-las, assim, aprendia por intermédio de uma pessoa mais experiente. Outro

momento que considerei importante foi a experimentação docente (semi-regência e

regência), porque é através dela que tive a oportunidade de colocar em prática o

conhecimento adquirido na graduação, arriscando e experimentando as mais

variadas formas de ensinar e, ainda, a possibilidade do retorno crítico e orientações

por parte do professor supervisor.

Quando comecei a praticar a regência, sempre planejava as aulas

anteriormente e isso me ajudava muito. Utilizava os teóricos e alguns exercícios

teatrais que aprendi durante a minha formação acadêmica. Nesse momento é que

tive a percepção do que realmente havia assimilado, geralmente conseguia realizar

as aulas da forma como planejava e, meus objetivos eram, em boa parte,

contemplados. Fiquei feliz por conseguir manter o controle das turmas e em ter

conquistado o respeito e o carinho por parte dos alunos.

No capítulo seguinte relato o estudo de caso realizado em duas escolas

públicas de Goiânia: CEPAE e Colégio Estadual Waldemar Mundim. A minha

observação e avaliação foi com relação à prática docente em teatro, levando em

consideração os desafios encontrados no âmbito escolar e a maneira como estes

foram superados.

Capítulo 3 – O ENSINO DO TEATRO EM ESCOLAS PÚBLICAS E A PRÁTICA

DOCENTE: UM ESTUDO DE CASO

Para este trabalho, percebi que além das minhas experiências durante a

graduação e nos estágios, precisava voltar à escola novamente, mas agora com um

olhar de pesquisadora de teatro-educação, ou seja, um olhar mais maduro, mais

crítico, mais perceptivo, que me fizesse compreender melhor a dinâmica do teatro na

escola e, mais especificamente, na matriz curricular.

Para a constatação dos fatos observados no período do estágio em relação

aos desafios do ensino do teatro, achei importante estender a pesquisa de campo

nas escolas, mas pelo pouco tempo disponível, tive que escolher somente duas,

entendendo que o ideal seria pesquisar outras instituições de ensino público para se

ter uma quantidade maior de referências, o que infelizmente não foi possível.

Quando decidi que iria fazer a pesquisa de campo, comecei a pensar em

escolas onde poderia realizá-la, nas quais houvessem professores de teatro.

Este momento de escolher as escolas foi muito difícil, digo isso, porque já na

primeira vez que falei com uma professora de uma escola estadual, ela logo recusou

minha proposta de pesquisa com a justificativa de que a escola estava em reforma

desde o início do ano e, que consequentemente, estava difícil dar aula pela falta de

sala disponível, que inclusive, a sala de teatro estava reformando e, por este motivo,

a professora que me prestou tais informações preferiu não receber minha pesquisa.

Percebi em sua fala, um descaso e, também, certa apatia com relação à situação de

reforma na escola, sem iniciativa de tentar superar aquela dificuldade de alguma

forma. Menciono o fato, a fim de mostrar o quanto a situação do teatro na escola

ainda se mostra bastante crítica e desafiadora no sentido da abertura e o incentivo à

pesquisa.

Na segunda tentativa, conversei um bom tempo com o professor, logo

marcamos a minha primeira visita à escola e, ele, bastante receptivo, mostrou e

explicou como era a situação e o cotidiano do teatro naquela escola, disse que

gostava muito de dar aula lá, pois era respeitado por todos. Nesse mesmo dia, tive o

privilégio de assistir a uma de suas aulas e foi muito bom ver o entusiasmo dos

alunos. Estes fazendo as atividades que ele propunha com grande empolgação e a

relação entre ele e os alunos era muito respeitosa. Fiquei feliz por testemunhar uma

aula de teatro bem planejada em uma sala espaçosa, ventilada e iluminada. Mas,

infelizmente, não foi possível continuar a pesquisa, porque o horário das aulas não

era regularizado e o professor que me recebera como pesquisadora saiu da escola.

Na terceira tentativa, entrei em contato com a professora do CEPAE

explicando o motivo da pesquisa, ela concordou, porém alegou burocracias a serem

cumpridas, meu Projeto de Pesquisa deveria ser analisado pela Comissão de

Pesquisa e pelo Comitê de Ética da escola, sendo assim, só poderia iniciá-la após a

aprovação. Nesse caso, o problema não foi a burocracia, mas a demora, esperei um

mês para ter a resposta de que o meu projeto havia sido aprovado e que eu poderia

realizar a pesquisa e, com certeza, isso foi muito prejudicial, pois perdi um mês de

trabalho. Logo, pude observar somente quatro aulas com a duração de 90 minutos

cada uma. Mas apesar de tudo, a pesquisa foi riquíssima e satisfatória, pois aprendi

muito na observação das aulas.

A professora que acompanhei nesta escola é formada em Artes Cênicas pela

Universidade Federal de Uberlândia e mestre pelo Programa de Pós-graduação em

Letras da mesma universidade. Percebi nela uma profissional esforçada e

batalhadora, que através dos seus estudos e esforços, conquistou o seu lugar na

escola. A mesma alega ser tratada e respeitada como os demais professores.

Depois de um ano como professora efetiva da escola, ela conseguiu conquistar um

espaço adequado para as aulas de teatro, uma sala grande, ventilada, iluminada,

com a maioria dos equipamentos e materiais necessários para as aulas, como

televisão, DVD, som, figurinos, adereços, entre outros.

Os alunos a respeitam e participam da sua aula com grande entusiasmo e

empolgação, fazem todas as atividades por ela propostas, principalmente as

práticas. A turma possui 35 alunos e, normalmente nos trabalhos práticos, ela divide

em grupos, estabelece um tempo para eles ensaiarem e, posteriormente,

apresentarem uns para os outros. Os alunos que assistem, geralmente ficam em

silêncio e respeitam os que estão apresentando. Ao final da aula ela forma um

círculo e os alunos fazem suas críticas e observações com relação à apresentação

dos colegas. Ela também faz seus apontamentos ao mesmo tempo em que explica

que a platéia precisa ficar em silêncio e atenta. Que o aluno-ator não precisa ficar

envergonhado, encostando-se na parede e/ou ficando de costas para a platéia,

também deve projetar a voz, falar devagar e interpretar a personagem modificando o

corpo e as entonações da voz. Fiquei satisfeita em constatar que eles memorizavam

as falas do texto que ela levou como proposta para uma montagem de espetáculo. A

relação dela com os alunos era muito amigável, respeitosa e, o mais interessante, é

que quando ela resolvia fazer alguma modificação ou tomar alguma decisão, ela

sempre consultava a opinião dos alunos.

No dia 19 de outubro de 2010, os alunos foram levados pela professora para

assistirem o espetáculo “Os Três Mosqueteiros” da Cia Henrique Camargo19, no

Teatro Rio Vermelho – Centro de Convenções de Goiânia. Senti-me privilegiada em

ter participado deste momento, pois foi muito interessante todo o trabalho realizado

pela professora antes e depois da ida ao teatro, denominada por ela, de Aula de

Campo. Na aula anterior, ela fez explicações sobre o palco italiano e falou para os

alunos observarem a atuação dos atores, os figurinos, o cenário, a iluminação, a

sonoplastia e tudo o que acontecesse durante o espetáculo. Na aula posterior,

formamos um círculo e cada aluno fez as suas observações com relação ao

espetáculo, a professora também fez seus apontamentos e eu também comentei

sobre minhas observações, foi bastante interessante toda a discussão surgida após

a apreciação realizada.

Observei nessa experiência, que os desafios nessa escola são superados de

forma gradativa, o empenho e dedicação da professora são fatores que auxiliam na

superação e desenvolvimento da escola em relação às especificidades do ensino do

teatro. O apoio e respeito à área cresce na medida em que o professor vai

conquistando seu espaço e mostrando um bom empenho no seu trabalho.

As metodologias de ensino aplicadas também favoreciam na interação dos

alunos nas aulas, evitando dispersão, agitação, agressividade ou desinteresse, pois

eles eram levados a manter o foco na atividade proposta e no objetivo a ser

alcançado. Outro fator que considerei importante em minha análise foi o fato da

professora se reportar aos alunos para decisões conjuntas, o aluno assim, se sente

valorizado e, portanto, se compromete mais. Pela razão da escola oferecer um

espaço adequado para as aulas de teatro, não se perdia tempo com a retirada de

carteiras e nem atrapalhava as aulas das outras turmas. Desse modo, considero que

19

“A Cia. Henrique Camargo tem sua sede em Goiânia – Goiás – e a sua frente os diretores José Carlos Vitale (Produtor) e Henrique Camargo (Coreógrafo e Diretor Artístico). A característica da Cia Henrique Camargo são trabalhos didáticos, bem adaptados, educacionais, frisando estilo e época, ricos em figurinos, cenários e coreografias, proporcionando ao público um excelente entretenimento. Os espetáculos da Cia Henrique Camargo têm a característica registrada de produções para o “family entertainment” “ (Disponível em: <http://ostresmosqueteiros.com/o-espetaculo/producao/>. Acesso em: 10/12/2010).

essa escola em especial, não apresenta um quadro crítico em relação às condições

de trabalho do professor.

Em minha última tentativa, a outra escola pesquisada foi indicação de minha

orientadora. O professor se mostrou bastante interessado pelo meu trabalho e logo

marcamos minha visita à escola, foi quando conheci a sala de teatro, que é grande,

limpa, ventilada e iluminada. Também conheci a sala de vídeo, onde acontecem

algumas as aulas de teatro. Em um diálogo com o professor, ele explicou que

mesmo sendo formado em Artes Cênicas pela Universidade Federal de Goiás, não

conseguia ministrar aulas somente de teatro, exigência esta que não era da direção

da escola e, sim, dos alunos, pois também solicitam aulas de artes visuais e de

música. Para ele, ao mesmo tempo em que esta situação se mostra como um

desafio é, contudo, uma oportunidade de aprendizado e ampliação do conhecimento

estético artístico, pois no planejamento das aulas ele estuda teorias e técnicas das

artes visuais e da música para ensinar os alunos. Um exemplo que experienciei foi

uma aula em que ele iniciou explanando sobre o que é Fotografia, explicando como

foi seu surgimento e as evoluções que sofreu ao longo dos anos através das

mudanças tecnológicas. O mais importante é que ele sempre fazia relações entre o

que era ensinado com os conteúdos teatrais, estabelecendo uma ponte entre as

linguagens artísticas. Mas, é importante refletir até que ponto este professor precisa

se submeter a este tipo de situação. Acredito que ele não tem esta obrigação, além

de ter a liberdade de aceitar ou não a solicitação feita pelos alunos. A sua formação

foi em Artes Cênicas, portanto, a sua prioridade é dar aulas de teatro e, se ele achar

necessário, poderá estender o conteúdo para outras modalidades artísticas.

Como pude observar, há um planejamento prévio de suas aulas e, assim

como a professora citada na experiência anterior, ele também estabelece uma

relação respeitosa e amigável com os alunos. Acompanhei e observei somente três

aulas de 110 minutos cada uma, mas apesar do pouco tempo, foi suficiente para

minha análise. O desafio apresentado pelo professor em relação à cobrança da

abordagem das outras linguagens artísticas, referente à ideia da polivalência no

ensino das artes, é superado pelo intercâmbio que o docente consegue estabelecer,

com base em um estudo diário das outras modalidades artísticas.

O tempo destinado às aulas de teatro é pequeno em relação às outras

disciplinas da matriz curricular, que de acordo com meu entendimento, soa como

certo preconceito, pois a disciplina Artes não é menos importante que as outras. E, o

ensino do teatro é um processo que necessita de uma seqüência e aprofundamento,

de contínua reflexão, pois o aprendizado efetiva-se na prática e também na teoria.

Assim, na atual conjuntura, teoria e prática são esmagadas em uma carga horária

mínima, pouco representativa para uma abordagem qualitativa do trabalho artístico.

Para o complemento de minha análise, considerei importante que os

professores observados respondessem um questionário (instrumento de coleta de

dados). Os dados da entrevista apontaram questões desafiadoras, como por

exemplo: a não valorização da disciplina, pois não é considerada como essencial

para o desenvolvimento humano, mas como um instrumento para as apresentações

das datas comemorativas. Em se tratando da valorização do ensino da arte, pode-se

considerar que é uma conquista gradativa resultante do esforço e das atitudes de

cada professor. Na época em que havia problemas com relação ao espaço e aos

materiais, os professores os superavam no improviso e na re-construção simbólica,

utilizando espaços alternativos e materiais recicláveis os adaptando ao trabalho de

criação.

Na pesquisa de campo tive a oportunidade de observar desafios semelhantes

aos encontrados em meu período de estágio. Ela me proporcionou um significativo

aprendizado, tendo por base os estudos teóricos, a observação, reflexão e análise

geral da prática docente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A legalização do ensino do teatro no Brasil ainda é muito recente. Tanto em

minhas considerações, quanto nas considerações dos professores observados, foi

constatado que ela fortaleceu bastante o ensino do teatro e o desenvolvimento da

pesquisa nessa área, mas, as condições ainda são precárias e desafiadoras à

prática docente. Desse modo, considero que a formação acadêmica do professor

passa a ter relevante importância para que a prática pedagógica seja consistente,

adequada, assegurando competência e qualificação no desenvolvimento das ações

educacionais do teatro. E inclusive, forçando a criar espaços de trabalho nas

escolas.

A formação continuada, que se faz necessária para o aprimoramento dos

conhecimentos específicos do teatro, pode ocorrer por meio de cursos de

especialização e pós-graduação, através de constantes leituras, estudos, pesquisas

e práticas autônomas. Ela pode contribuir também no aperfeiçoando do

conhecimento teórico-prático; e no desenvolvimento de habilidades pedagógicas e

metodológicas, que sejam adequadas para alcançar os objetivos específicos da

disciplina.

O professor, nesse sentido, precisa sempre se atualizar em relação às

mudanças que acontecem continuamente na sociedade, a fim de perceber a

realidade que o cerca, tornando-se um cidadão reflexivo, crítico e ativo na

transformação social e, ao mesmo tempo, estimular esta mesma postura nos alunos.

A formação acadêmica de qualidade e a contínua qualificação docente

contribuem para a superação dos desafios, pois o conhecimento e sua contínua

revisão, atualização e percepção crítica proporciona a ampliação das capacidades

do indivíduo de resolver problemas.

Outro aspecto considerado importante para a superação dos desafios

pedagógicos é a auto-avaliação feita pelo professor, que é a reflexão crítica com

relação a sua própria prática pedagógica. Como diz Paulo Freire20: “É pensando

criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática”

20

“Paulo Reglus Neves Freire (Recife, 19 de setembro de 1921 — São Paulo, 2 de maio de 1997) foi

um educador e filósofo brasileiro” (Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Freire>. Acesso em: 11/11/2010).

(1996, p. 39). Na auto-avaliação, portanto, o docente analisa o que pode ser

melhorado e modificado em sua postura na sala de aula, considerando o fato de que

os desafios encontrados no ensino do teatro na esfera pública provêm da relação

professor-aluno, professor-conteúdo, professor-conteúdo-prática, ou seja, muitas

dificuldades se concentram na mediação do conhecimento.

Considera-se fundamental o reconhecimento e valorização do teatro na matriz

curricular, pela possibilidade de contribuir na formação do aluno e no

desenvolvimento de sua consciência ética, estética e artística.

Quando nos reportamos para a necessidade de transformações nas

condições do ensino do teatro, concordo que estas devem ser pensadas e

praticadas coletivamente, tanto por parte dos professores, como por parte dos

alunos, da direção, da família, da comunidade e, sobretudo, do poder público. Pois é

importante e necessária a contribuição de todos na busca de melhorias estruturais e

educacionais que o ambiente escolar necessita.

Portanto, as desafiadoras e complexas questões enfrentadas pelo professor

de teatro na escola, que foram analisadas na presente pesquisa, levaram-me a

compreender a dinâmica do contexto escolar e da realidade educacional de duas

escolas de Goiânia. Nesse âmbito, os estágios supervisionados e a pesquisa de

campo me proporcionaram uma experiência enriquecedora, pois pude relacionar o

que foi estudado e discutido no campo teórico com a prática desafiadora da escola,

podendo também, verificar que algumas dessas dificuldades estão sendo superadas

graças ao desempenho criativo, improvisado e das significativas conquistas dos

professores de teatro.

Logo, tal experiência se torna a base preparatória para uma futura carreira

docente empenhada na luta pela transformação do crítico quadro em que se

encontra a realidade do ensino do teatro. Através da interação das práticas teatrais

com as diversas áreas do conhecimento, proporciona-se um espaço para trabalhos

interdisciplinares que podem promover reflexões educacionais preocupadas com a

melhora do ensino. O teatro no contexto curricular requer a equivalência das

conquistas metodológicas com uma estrutura adequada, para que assim, o ensino

se processe de forma a contribuir para a formação e para o desenvolvimento dos

alunos de forma integral e efetiva.

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<http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Freire>. Acesso em: 11/11/2010.

ANEXOS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

Escola de Música e Artes Cênicas

Pesquisa para o TCC – Título: Desafios e superações no ensino do teatro na

educação formal em Goiânia.

Orientadora: Profa. Rosane Christina de Oliveira

Pesquisadora: Vanessa Siqueira Branquinho

Escola Pesquisada: Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação

(CEPAE)

Professor (a) Entrevistado (a): Simone Aparecida dos Passos

Data da entrevista: 03/11/2010

Questionário

1. Para você, qual é a importância da Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional - LDB (Lei nº 9.394/96) para o ensino do teatro na escola?

A lei é algo muito importante dentro de uma sociedade. No enunciado de uma lei

encontramos os discursos que uma sociedade assume como unidade de

pensamento. Por isso, para que uma lei entre em vigência são necessários muitos

debates e um longo diálogo sobre sua necessidade, aplicabilidade e cumprimento.

No que concerne a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN

9394/96) constatamos um percurso historicamente bem complexo. Ao que se refere

ao ensino de arte, a LDBEN 9394/96 oportunizou uma organização mais

contemporânea das necessidades da escola brasileira, o estabeleceu como

componente obrigatório da matriz curricular. Registra-se na lei que “O ensino da arte

constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação

básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos” (§ 2º, LDB

9394/96). Esta obrigatoriedade contribui para a promoção do desenvolvimento

cultural do aluno e da sociedade.

2. Você acha que as orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCNs) de Arte e, mais especificamente, de Teatro, são necessárias e

importantes para a prática docente na escola? Por quê?

Os Parâmetros Curriculares Nacionais são um instrumento importante para o

desenvolvimento da atividade artística na escola. Possuir um documento como as

demais disciplinas tratando da especificidade do ensino e seu diálogo com o saber

escolar e a sociedade é uma importante ferramenta de valorização, esclarecimento e

emancipação da arte na educação básica. Diferente da LDBEN (9394/96) não tem

obrigatoriedade de lei. Sua função está mais para trazer assertivas a respeito da arte

na escola e as possibilidades que o educador pode encontrar em sua prática

docente. A escrita deste documento traz em linhas gerais parâmetros da educação

em arte, não podemos afirmar que ele responde a toda a demanda da arte na

escola, que contempla toda a complexidade do ensino de linguagens artísticas. Mas

com certeza é um documento que baliza o ensino de arte como disciplina da matriz

curricular tão importante como as demais disciplinas. Ele é uma ação afirmativa da

arte na escola.

3. Você acha que sua formação acadêmica contribui para a sua prática docente

na escola? Em quais aspectos?

A formação de um educador não se dá unicamente pelos bancos da universidade.

Educação e formação são processos contínuos que não necessariamente

acontecem sistematicamente dentro de uma matriz curricular. Contudo, são nas

instituições de ensino que aprendemos a pensar e a fazer educação de forma

consciente, didática e pedagógica. Assim, a universidade e o curso de graduação

são o lugar por excelência onde o educador aprende a ser, aprende a fazer, aprende

a ensinar e a aprender. A prática docente de um indivíduo bem formado se dá de

forma diferenciada.

4. Você, como professor (a), tem interesse em atualizar e aprimorar os seus

conhecimentos sobre teatro, através de congressos, cursos de especialização

e pós-graduação, mestrado, doutorado, entre outros? Por quê?

O processo de formação de um professor não finda. A cada dia ele tem que

reconhecer e conhecer a sociedade em que está inserido. O conteúdo que ministra

somente terá sentido caso faça parte da rotina da comunidade em que ele participa.

Saber-se cidadão, saber-se participante de uma sociedade é característica maior de

um professor e esta consciência de ser deve ser desenvolvida nos educandos. Um

professor deve constantemente estar atento ao que sua área de atuação dialoga e a

realidade social. Por isto, participar de atividade de aprimoramento do conhecimento

é muito importante.

5. Em sua opinião, quais são as contribuições do teatro na formação e

desenvolvimento do aluno?

O ensino de teatro na Educação Básica se configura como uma experiência

modificadora. Esta disciplina tem um caráter muito próprio e auxilia enormemente no

desenvolvimento da comunicação sobre nós e sobre os outros. A capacidade

reflexiva, crítica e criativa é desenvolvida e não se limita à absorção de idéias

prontas ou impostas, mas a construção de atitude de sujeito. A amplitude de

possibilidades que o teatro abarca faz a mediação das teorias e das práticas que o

aluno conhece, oportunizam a ressignificação de seus conhecimentos.

6. Quais são os desafios estruturais e pedagógicos que você encontra em sua

prática docente para o ensino do teatro na escola?

A obrigatoriedade do ensino de arte no Brasil é recente, por isto, a adequação

espacial da escola para ministrar aulas ainda é deficiente. Mesmo, porque a

obrigatoriedade do ensino não traz a especificidade da linguagem artística

ministrada o que abre para a concepção de diferentes organizações espaciais.

Assim, os espaços da arte na escola ainda estão em construção e adaptação. A

tradição deste ensino ainda é recente. No caso especifico, de teatro na instituição

que faço parte, a sala destinada ao ensino de teatro é conquista recente.

7. Quais são as estratégias (didáticas; pedagógicas; metodológicas; entre

outras) que você utiliza para superar estes desafios?

Trabalhar na escola básica se caracteriza como uma atividade dinâmica. Nada é

igual ao dia anterior, o planejamento não é estático, ele se molda ao dia vivido, ao

aqui agora que o aluno vivencia. Por isto, o professor deve flexibilizar sua prática

para que consiga superar os desafios diários da educação, não se engessando em

uma única metodologia.

8. Se achar necessário, faça outras observações sobre a sua prática docente

na escola.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

Escola de Música e Artes Cênicas

Pesquisa para o TCC – Título: Desafios e superações no ensino do teatro na

educação formal em Goiânia.

Orientadora: Profa. Rosane Christina de Oliveira

Pesquisadora: Vanessa Siqueira Branquinho

Escola Pesquisada: Colégio Estadual Waldemar Mundim

Professor (a) Entrevistado (a): Kléber Alves Silva

Data da entrevista: 11/11/2010

Questionário

1. Para você, qual é a importância da Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional - LDB (Lei nº 9.394/96) para o ensino do teatro na escola?

Sem dúvida as leis de diretrizes e bases da educação, são de fundamental

importância para todo o processo educativo, uma vez que definem e dirigem o rumo

que a educação deve seguir, normatizando e amparando os valores presentes na

troca entre ensino e aprendizagem.

2. Você acha que as orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCNs) de Arte e, mais especificamente, de Teatro, são necessárias e

importantes para a prática docente na escola? Por quê?

Sim, pois compreendem três pilares que na minha opinião são extremamente

importantes para o desenvolvimento do indivíduo no que diz respeito a educação

através do teatro, sendo eles; A) O teatro como expressão e comunicação, B) O

teatro como produção coletiva, C) O teatro como produto cultural e apreciação

estética. Através de tais pilares é possível trabalhar o início, meio e fim de um

processo, levando o educando a diferentes níveis de experimentações e,

consequentemente, ao aprendizado.

3. Você acha que sua formação acadêmica contribui para a sua prática docente

na escola? Em quais aspectos?

Sem dúvida! É através da formação acadêmica que é possível tornar científico e

racional todos os conhecimentos e experimentações adquiridos ao longo de uma

vida em contato com a arte teatral, desta forma, levar para a prática docente um

conhecimento que tenha consistência e que seja atrativo, despertando o interesse e

levando ao aprendizado.

Inúmeras são as contribuições da formação acadêmica para o ensino e a docência,

sendo elas: o conhecimento da educação e da arte teatral, organização e

metodologia, o domínio e foco de um processo com um fim enraizado em um

processo educativo e etc.

4. Você, como professor (a), tem interesse em atualizar e aprimorar os seus

conhecimentos sobre teatro, através de congressos, cursos de especialização

e pós-graduação, mestrado, doutorado, entre outros? Por quê?

Sempre! "professores não podem se distinguir de educadores", e para um bom

educador é necessário o conhecimento científico presente nas atualizações como

congressos, pós graduações... Seria hipocrisia também, deixar de mencionar que

tais "atualizações" fazem parte do plano de carreira previsto pelo estado, município e

etc. Assim, devido à má remuneração do profissional da educação, o que resta são

estes recursos que além do conhecimento servirão para um melhor salário.

5. Em sua opinião, quais são as contribuições do teatro na formação e

desenvolvimento do aluno?

O teatro permite uma gama de experimentações, levando o educando ao mais

perfeito contato com ele próprio e com a sociedade em que está inserido; deste

modo possibilitando-o a um diagnóstico e um olhar critico, de forma que ele tenha

um posicionamento de si mesmo e do meio social. Através da expressão, o indivíduo

se insere em um mundo inventado e este mundo se transforma em válvula de

escape onde ele representa e deixa vir a tona os seus medos, anseios e várias

outras questões que se findarão com uma solução que

o próprio educando encontrará. Tais manifestos se traduzem em uma nova visão de

mundo com um importante aspecto social.

6. Quais são os desafios estruturais e pedagógicos que você encontra em sua

prática docente para o ensino do teatro na escola?

Primeiramente o não reconhecimento da linguagem teatral e sua importância para o

processo educativo, que está presente na forma como a disciplina é ofertada e como

é tratada: "__ Vamos fazer um teatro pro dia dos índios", ou seja, deixa de exercer o

seu caráter fundamental e passa a ser um complemento, um enfeite para a

escola. Em segundo lugar, a precariedade de espaço e equipamentos para que o

trabalho seja desenvolvido. Claro que não é possível generalizar! No meu ponto de

vista, a gestão exerce um importante papel para que tais fatos não existam, cabe a

ela valorizar e entender as linguagens artísticas como formadoras de um ambiente

cultural.

7. Quais são as estratégias (didáticas; pedagógicas; metodológicas; entre

outras) que você utiliza para superar estes desafios?

Primeiro a adaptação, ao espaço e ao ambiente escolar, já dizia o ditado que "o bom

ator é aquele que sabe improvisar"! O profissional de teatro sente na pele tal termo,

pois se vê forçado a fazer um trabalho de excelência com nenhum recurso!

8. Se achar necessário, faça outras observações sobre a sua prática docente

na escola.

Cabe aqui ressaltar que, todas as escolas têm interesses, posicionamentos e

metodologias diferentes, principalmente quando se trata das linguagens artísticas; e

que nem todas fazem a opção de um projeto que trabalhe expressão dramática de

seus alunos. Sendo assim, o profissional desta área quase sempre é direcionado

para um ensino curricular e regular em sala de aula; o que contribui para um

fortalecimento da linguagem "teatro" dentro da disciplina "arte", visto que de acordo

com os parâmetros curriculares, a disciplina "arte" é dividida em 4 linguagens.

Todavia, existe uma enorme dificuldade em trabalhar somente os conteúdos de

teatro, pois a cobrança por parte dos educandos e, até mesmo da escola, é um fator

determinante, que está enraizada na idéia do professor polivalente, "aquele que

sabe pintar, desenhar, cantar e fazer teatro".

EMENTAS DAS DISCIPLINAS MENCIONADAS NO TRABALHO (Tanto da UFU como da UFG)

TEATRO EDUCAÇÃO Introdução à teoria do jogo: estrutura, elementos e classificação. O jogo como elemento fundamental da cultura humana. Jogo dramático / jogo teatral: suas concepções e aplicabilidade em crianças, jovens e adultos. Abordagem histórica do ensino do teatro. O ensino do teatro no Brasil e suas relações com as principais tendências da prática educacional. PEDAGOGIA DO TEATRO I O panorama histórico do Teatro na Educação, fundamentando a reflexão sobre o fazer pedagógico e estético atual em consonância com os estudos da contemporaneidade com as interfaces entre as Áreas: Educação (a psicogênese do desenvolvimento humano) e Teatro (noções e práticas em voga). O estudo dos parâmetros curriculares e outros documentos de cunho oficial, complementando e permitindo um posicionamento crítico frente à área do conhecimento em questão. PEDAGOGIA DO TEATRO II Criar um repertório com abordagens metodológicas diversificadas para a aprendizagem em Teatro ou tendo esta área de conhecimento como um dos eixos de um trabalho interdisciplinar. PROJETO INTEGRADO DE PRÁTICA EDUCATIVA (PIPE) Observação e integração ao contexto das escolas e outros espaços. Desenvolvimento de ações didáticas colocando em uso os conhecimentos apreendidos nos diferentes tempos e espaços curriculares. Identificação, análise e a busca de alternativas para situações problema do ensino formal (educação básica) e do informal, encontradas no desenvolvimento de projetos de teatro e educação. Oportunidade de problematizar situação e, a partir delas, iniciar-se no desenvolvimento de pesquisa na área educacional. ESTÁGIO SUPERVISIONADO – LICENCIATURA Vivência de processos de investigação e problematização da realidade de educação, a partir do campo de estágio e dos aportes teóricos da pedagogia, tendo em vista o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e compromisso inerente à profissão docente. Desenvolvimento de projeto prático utilizando os conhecimentos das técnicas e métodos teatrais aprendidos durante o curso, aplicando-os junto à Escolas de ensino formal e informal, de 1º, 2º e 3º graus. Os estágios terão sempre a orientação de um professor. O projeto deverá ser realizado em grupo (no mínimo dois alunos) e aprovado pelo orientador que estabelecerá o contato com instituições de ensino, oficial e/ou privado que poderão abrigar o estágio. O estágio supervisionado da licenciatura observa as seguintes ênfases: no conhecimento da organização do trabalho pedagógico desenvolvido no campo de estágio; na coleta sistemática de dados e elaboração do projeto de ensino-aprendizagem; no desenvolvimento e avaliação do projeto de ensino – aprendizagem; na sistematização, análise e apresentação de relatório do trabalho desenvolvido.

POLÍTICAS EDUCACIONAIS A educação no contexto das transformações da sociedade contemporânea; a relação Estado e políticas educacionais; as políticas, estrutura e organização da educação escolar no Brasil a partir da década de 1990; a regulamentação do sistema educacional e da educação básica; as políticas educacionais em debate. FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS E SÓCIO-HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO A educação como processo social; a educação brasileira na experiência histórica do Ocidente; a ideologia liberal e os princípios da educação pública; sociedade, cultura e educação no Brasil; os movimentos educacionais e a luta pelo ensino publico no Brasil, a relação entre a esfera publica e privada no campo da educação popular. FUNDAMENTOS DE ARTE-EDUCAÇÃO A arte-educação: aspectos históricos, sociais, políticos, psicológicos e estéticos. Os teóricos da arte: Herbert Read, Viktor Löwenfeld, Walter Benjamin, Fayga Ostrower, Ana Mãe Barbosa e outros. A arte-educação no Brasil (escolas e movimentos). Fundamentação e ampliação do referencial teórico, prático e metodológico dos discentes através da análise dos elementos históricos e conceituais do ensino da arte-educação no Brasil. LINGUAGEM DRAMÁTICA NA EDUCAÇÃO – JOGOS TEATRAIS Os fundamentos dos jogos teatrais, da ludicidade humana e da improvisação como fator de desenvolvimento motor, cognitivo e psico-social. A linguagem dramática como instrumento pedagógico a ser desenvolvido e aplicado em todas as disciplinas da grade curricular. O drama criativo e a prática da imaginação para a criação de jogos dirigidos. PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO I Introdução ao estudo da Psicologia: fundamentos históricos e epistemológicos; a relação Psicologia e Educação. Abordagens teóricas: comportamental e psicanalítica e suas contribuições para a construção do desenvolvimento cognitivo, afetivo, social e psicomotor e suas implicações no processo ensino-aprendizagem. PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO II Abordagens teóricas: psicologia genética de Piaget, psicologia sócio-histórica de Vygotsky e suas contribuições para a compreensão do desenvolvimento cognitivo, afetivo, social e psicomotor e suas implicações no processo ensino-aprendizagem. DIDÁTICA DO TEATRO I Fundamentação e ampliação do referencial teatral teórico, prático e metodológico: conceitos e história do ensino teatral. O Teatro e suas interfaces com as expressões artísticas: artes visuais, literatura, música, dança e novas mídias. A Arte-Educação no Brasil, sua trajetória, importância e aplicação nas escolas de ensino fundamental e médio. DIDÁTICA DO TEATRO II Abordagens atuais do Teatro na Escola: teatro em sala-de-aula, extracurricular, como eixo curricular, como oficinas tópicas de curta duração. Construção, Articulação e Transformação do Texto Dramático e do Texto Teatral.

DIDÁTICA DO TEATRO III Teatro e Universidade: ensino, pesquisa e extensão. Dimensões estéticas, artísticas e pedagógicas do ensino do Teatro em nível de terceiro grau.