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FERNANDA ARGOLO DANTAS
DESCOBRIR
Roteiro de Revista Eletrônica
Trabalho de conclusão do curso de Comunicação,
habilitação em Jornalismo, da Universidade Federal
da Bahia.
Orientadora: Lindinalva Rubim
SALVADOR (BA)
2005
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DEDICATÓRIA
A meus pais pelo incentivo e por acreditarem em todos os meus projetos.
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AGRADECIMENTOS
A meu pai por sempre ter me incentivado a estudar e fazer o melhor o que eu pudesse.
À minha mãe pela força e por todas as vezes que me tranqüilizou dizendo “tudo vai dar certo”.
À Linda, pelo apoio e conselhos valiosos.
A meus amigos, parceiros constantes, que só trazem felicidade para minha vida
A meus tios Francisco Dantas e José Carlos Dantas, pelo exemplo de fraternidade e por terem acreditado em mim. Muito obrigada.
A minha família, por estar perto a qualquer hora.
A meus companheiros neste projeto: Aldo Campos, Engelis Oliveira e Salim Khouri. Muito obrigada por me ajudarem e serem tão talentosos.
A Sueli Voltarelli e os amigos do BB pelo carinho, compreensão e apoio constante.
A FACOM pelos quatro anos de intenso aprendizado e pelas pessoas que encontrei.
E finalmente, às crianças que me ajudaram a transformar uma idéia em um projeto. Vocês são maravilhosas.
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SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO ......................................................................................5
2. ESCOLHA DO TEMA................................................................................6
3. FORMATO................................................................................................11
4. PRODUÇÃO..............................................................................................13
5. CONCLUSÃO ...........................................................................................19
6. BIBLIOGRAFIA.......................................................................................20
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APRESENTAÇÃO
A presente memória acompanha o roteiro da revista eletrônica semanal Descobrir,
que constitui requisito parcial para conclusão do curso de graduação em Comunicação
Social, habilitação em Jornalismo, da Universidade Federal da Bahia. Este trabalho é uma
proposta de programa para a tevê dirigido ao público infantil compreendido na faixa etária
que vai dos 9 aos 12 anos. A idéia do programa é uma revista eletrônica com reportagens de
interesse do universo infantil e quadros que provoquem sua capacidade crítica e criativa.
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ESCOLHA DO TEMA
A televisão sempre teve uma presença forte e constante na minha vida. Antes mesmo de
entrar na faculdade de Comunicação, eu já me interessava pelo mundo televisivo, não
apenas como telespectadora, mas curiosa em saber como todo aquele material era
produzido e mais, quem criava e produzia aquele mundo. Minha paixão por esta ferramenta
de comunicação aumentou com o passar dos anos culminando pela minha decisão em
trabalhar em uma emissora de televisão. O cargo pretendido desde sempre foi o de
jornalista. Os professores no colégio cultivaram a idéia porque eu sempre gostei muito de
ler e escrever e, segundo eles, tinha um senso crítico apurado ao emitir opiniões. Então
segui minha vontade e entrei na Faculdade de Comunicação.
Logo no segundo semestre tive a primeira experiência com o fazer televisivo na disciplina
Telejornalismo II, ministrada na época pela professora Leila Nogueira. Durante aquele
semestre pude exercer várias funções na elaboração de um telejornal e me descobri
particularmente interessada pela área de produção em tevê. Havia um prazer especial em
procurar pautas, pesquisar temas, fontes, deixar tudo pronto só para o repórter finalizar.
Acompanhar a edição era outro bom momento. Ver toda a pesquisa e texto ganhar forma e
virar uma matéria. Daí em diante não tive dúvidas de que meu trabalho de conclusão seria
na área de tevê. Continuei a realizar trabalhos de produção e criação de roteiros fora da
Universidade. A maior parte deles foram vídeos institucionais ou de eventos, experiências
interessantes para que eu pudesse desenvolver o hábito de escrever textos para vídeo e
refletir sobre as modalidades imagéticas. Outra oportunidade significativa para exercitar
uma relação com a televisão durante a graduação foi na disciplina Telejornalismo I, quando
foi reforçado o meu interesse por esta mídia. Durante o semestre em que participei da
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disciplina pude conhecer mais elementos do telejornalismo e vivenciar o processo de
construção de um telejornal desde a escolha do nome até o fechamento da edição.
As disciplinas do bloco teórico também foram importantes para a escolha do tema, na
medida em que elas refletiam a presença e influência da mídia sobre os indivíduos,
especialmente a televisão. Dentre todas, destaco Comunicação e Cultura Contemporânea,
onde tivemos a oportunidade de conhecer o pensamento dos pesquisadores dos Estudos
Culturais, além de realizar análises da produção midiática contemporânea à luz das teorias
propostas por essa corrente. Autores como Roland Barthes, Nestor Canclini, Althusser e
Stuart Hall foram muito importantes para a construção do meu projeto, porque me ajudaram
a compreender aspectos importantes do funcionamento dos meios de comunicação
enquanto parte constituinte e constituidora da cultura, bem como questões de representação
cultural e identidade.
Realizar o TCC ( Projeto de Conclusão de Curso) no campo da televisão acabou sendo um
caminho quase natural. Então resolvi elaborar um programa apresentando um piloto deste,
como o trabalho que iria encerrar o meu curso na Faculdade. Uma colega, que partilhava os
mesmos interesses, decidiu me ajudar na “empreitada” e fazer o trabalho comigo. Agora,
faltava escolher o formato e um tema. Fizemos um “brainstorm” para elencar preferências
e assuntos que poderiam render um bom programa. Depois de considerar questões pessoais
e tudo o que já tínhamos estudado sobre televisão, estudos de recepção e poder dos media,
decidimos fazer um programa infantil. Apesar de ser um público difícil, era um público
com o qual estávamos acostumadas a lidar, entender e gostar.
Minha experiência com crianças parte de uma sala de aula, passa pelos palcos, e vai até os
corredores de um hospital. Aos 13 anos, estudante de um colégio religioso de Salvador,
entrei para um grupo que dava aulas de religião e prestava reforço escolar de outras
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disciplinas para alunos de uma escola municipal e de uma creche na Favela Pela Porco no
Barbalho. Foi uma ótima experiência. É muito bom participar do aprendizado de uma
criança, responder suas dúvidas, apresentar novas possibilidades e perceber seu progresso.
Quando completei 15 anos, entrei para o grupo de teatro do colégio. Encenávamos muitos
espetáculos para o público infantil da escola. O grupo era um misto, de crianças e
adolescentes. A convivência com elas despertou meu interesse por esse mundo tão próprio,
sincero, criativo e pulsante. Assim que entrei para a faculdade, fui convidada por uma
colega a participar de um grupo de apoio a crianças portadoras do vírus HIV, vinculado ao
Gapa. O trabalho dos voluntários consistia em desenvolver atividades de recreação com as
crianças, enquanto elas aguardavam o atendimento ambulatorial no Hospital das Clínicas.
Essa talvez tenha sido a experiência mais dura. A cada intervenção eu tinha vontade de
levar algum deles para casa. Eram tantos e pareciam tão desprotegidos. Uns a gente sempre
via, outros apareciam de vez em quando, e alguns viviam pouco. São, na maioria, crianças
muito pobres, algumas vivem com a família e recebem auxílio do Gapa, outras moram na
CAASAH. Mas eram crianças iguais a todas as outras. Inquietas, ativas, brincalhonas e
adoravam desenhar. Esses três episódios vividos com o público infantil foram fundamentais
para que eu definisse realizar o trabalho de conclusão com e para ele.
Mas, além de pesar as questões de identificação pessoal, pensamos também sobre a
importância da tevê na vida das crianças. Pesquisamos e descobrimos que a televisão,
mesmo com toda a febre dos computadores, ainda é o meio de comunicação predileto delas
das crianças. No seminário internacional TVQ, A criança e a mídia como consumidores de
mídia, realizado em dezembro de 2003, foram apresentadas estatísticas da pesquisa
Kiddo’s, promovida pela empresa Multifocus, sobre a relação do público de 6 a 11 anos das
classes A, B e C de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba com os meios de
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comunicação de massa. A pesquisa traçou um panorama detalhado do público infantil no
tocante a hábitos de consumo e relacionamento com os meios de comunicação. Foram
entrevistados 1.500 meninos e meninas e o resultado indicou que 99% assistem tevê, 87%
ouvem rádio, 79% lêem quadrinhos, 34% usam Internet e 34% lêem ou apenas folheiam
jornais. A pesquisa destaca ainda que 81% das crianças passam mais de duas horas por dia
em frente à televisão. Destas, 36.4% costumam assistir aos programas sozinhas e 45,7%
estariam acompanhadas pelas mães. Mais de 50% das crianças de até 11 anos teriam acesso
à programação exibida entre 18 e 21 horas e quase 40% ficariam até às 23 horas assistindo
tevê. Verificamos também que a programação dos canais de tv abertas, salvo a TV Cultura,
não ofereciam muitas opções para esse público e havia um clamor de pais, educadores e
mesmo das crianças por novas e melhores produções.
Público escolhido, começamos a pensar no tipo de programa que deveríamos realizar com o
pressuposto de que era imprescindível ter um cunho educativo e animado para quebrar o
formato dos programas desta natureza que habitualmente são realizados. Partindo desta
concepção chegamos na idéia de elaboração de um telejornal com reportagens voltadas para
o universo infantil. A princípio este produto chamarseia Criatividade (chegando ao título
final Descobrir) mas, ao entrar em contato com a bibliografia e fazer um rascunho dos
quadros, percebemos a dificuldade de gravar o programa pela necessidade de toda uma
infra estrutura para a sua produção a qual não dispúnhamos. Esta realidade acabou por
estabelecer um sério conflito. Este se revelava por um lado pelo desejo de vermos o
programa gravado e por outro, pela consciência da impossibilidade de uma empreitada que
não poderia ser realizada sem custos. Outro fato aconteceu definindo de forma sensata o
redirecionamento do trabalho: Minha parceira, que comigo totalizava a equipe, decidiu
fazer um intercâmbio em Portugal e já não poderia realizar o trabalho comigo. Tal
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acontecimento exterminou de vez a idéia inicial já que apesar dos esforços da direção e dos
professores da área de tv e cinema, a Facom ainda não oferece uma estrutura satisfatória
para a realização desse tipo de trabalho.
Para não abrir mão inteiramente da idéia resolvi transformála. Como uma criatura
perfeccionista, sei que não iria ficar contente em limitar as possibilidades do programa e
graválo de qualquer jeito. O roteiro que ora apresento foi a solução que encontrei para isso.
A jornada agora passou a ser solitária, quer dizer, nem tanto. Além da minha orientadora,
encontrei no meu público alvo, a melhor equipe de criação para o roteiro da viagem que
pretendo fazer a seguir .
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FORMATO – ROTEIRO
Um roteiro, conforme o dicionário Aurélio, é uma descrição pormenorizada de uma
viagem, itinerário, ou indicação metódica e minuciosa da situação e direção de caminhos. E
ainda, cinematograficamente, um texto baseado no argumento das cenas, seqüências,
diálogos e indicações técnicas de um filme. Para mim, o roteiro foi a possibilidade de
continuar sonhando em criar um programa para a tevê.
Escrever o roteiro foi uma saída para meus problemas de produção, uma vez que gravar o
piloto seria praticamente impossível. Mas de qualquer forma, não pude voar tão longe, uma
vez que minha proposta possível acabou sendo escrever um roteiro que pudesse ser
aproveitado por uma emissora local. Por isso, o programa foi elaborado em sintonia com as
possibilidades dos canais de tevê locais. Os custos de produção foram calculados de acordo
com a base salarial proposta pelo sindicato e, na parte técnica, relativa a equipamentos,
estúdios, cenários, etc, com base no orçamento de um canal de tevê local.
Para iniciar a elaboração do roteiro, busquei uma bibliografia que pudesse me orientar
sobre o formato apropriado para desenvolvêlo e, claro, que eu também pudesse dominar
as técnicas da sua construção de modo a resultar em um bom trabalho. Nesse ponto, vivi
mais uma adversidade: o que existe no mercado editorial sobre roteiros está direcionado ao
fazer cinematográfico e à teledramaturgia. A maior parte dos livros possui técnicas e dicas
para um roteirista de cinema ou com interesses em escrever minisséries ou novelas. Assim
foi necessário selecionar o que interessava deste material ao meu trabalho e recorrer aos
manuais de telejornalismo para comparar com às informações da bibliografia sobre roteiros
cinematográficos. Devo destacar que os livros sobre telejornalismo foram os melhores
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referenciais porque se adequavam melhor a proposta do programa e traziam orientações
mais pertinentes ao trabalho que eu pretendia desenvolver. Após essa etapa senti
necessidade de buscar um modelo de roteiro para programas de tevê.
Tomando como exemplo estas orientações, parti para a criação dos quadros e a definição da
pauta do programa. Depois para os outros elementos, que aparentemente podem ser
secundários, mas se constituem tarefas fundamentais para a confecção de um programa
desta natureza. Trabalhei então a marca, cenário, figurino e trilhas.
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PRODUÇÃO
Para construir o programa recorri a uma bibliografia de natureza profissional voltada para a
área de Televisão e Pedagogia e ainda às crianças, o meu público. Foram lidos artigos,
livros e ensaios sobre a relação tvcriança, artigos referenciais sobre recepção e tv como
instrumento educacional; Pedagogia e Psicologia, para entender as questões de percepção,
elementos lúdicos, educação, com o objetivo também crucial de determinar a faixaetária
do programa, além de livros sobre técnicas de construção de roteiro. As visitas a sites
especializados foram extremamente importantes para que se pudesse observar as críticas
mais freqüentes sobre a programação infantil atual e encontrar dados que me ajudassem a
compor o roteiro. A coleta de material destinado ao público infantil se constituiu na
segunda ação da nossa tarefa. Foram analisados não só os programas de tevê, bem como
revistas, sites e cadernos especiais dos jornais impressos. Esses últimos, curiosamente,
começaram a circular nos jornais de Salvador quando eu já estava escrevendo o roteiro.
Eles ajudaram a visualizar temas que dariam boas reportagens e novos elementos para o
programa.
Enquanto o roteiro era escrito, a questão sobre a sua pertinência em relação às expectativas
das crianças foi constante. O temor de estar escrevendo o que um adulto gostaria que uma
criança visse na televisão foi a baliza para fazer o exercício para entender o universo
infantil e seus interesses. A intenção prioritária sempre foi escrever um programa com o
qual as crianças se identificassem, tivessem prazer em assistilo e que estimulassem seu
senso crítico e criatividade. Para sanar tais dúvidas e questões, apresentei a idéia do
programa e seus possíveis conteúdos para grupos de crianças entre 9 e 12 anos, alunos de
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escolas particulares e públicas da cidade. Elas se mostraram bastante receptivas à proposta.
Esta medida eu pude ter através da discussão e participação de quadros que fariam parte do
programa, acrescida pela sugestão de temas e a indicação de suas preferências. O debate
com as crianças serviu de baliza sobre a expectativa do público alvo, assim como ajudou a
enumerar os elementos que não poderiam faltar no roteiro.
Parti para a definição da pauta e, em seguida, iniciei a pesquisa para cumprir sua proposta.
Busquei informações sobre a história de Salvador, a fim de determinar o trajeto que
seguiríamos para realizar a reportagem. Após esse estudo, defini como ponto de partida o
Farol da Barra, onde a cidade começou, uma parada no Forte de São Marcelo, seguida
depois do Elevador Lacerda, Feira de São Joaquim e finalizaríamos na Ponta de Humaitá.
Utilizei como critérios para escolher as paradas, a relevância histórica, a riqueza de
imagens, custos, facilidade do trajeto e principalmente o nível de exposição mediática.
Conclui que era melhor abrir mão de lugares como o Pelourinho ou a Rua Chile porque são
locais que tem uma visibilidade maior na mídia. Para mim, retomar a história de alguns
lugares era mais importante do que repetir imagens e textos sobre locais já bem conhecidos
do público, em geral. Achei, baseada nos critérios de noticiabilidade 1 , que seria
interessante, por exemplo, falar dos fortes tão importantes para o conjunto arquitetônico da
cidade, mas pouco conhecidos do público, ou ainda retomar os motivos e o projeto que
culminou na construção do elevador Lacerda, as histórias de vida dos feirantes de São
Joaquim, representando um pouco do nosso povo, e por fim a beleza de imagem do pôrdo
sol na Ponta de Humaitá. Visitei os locais para ver os pontos que dariam as melhores
1 Os critérios de noticibilidade utilizados na construção deste trabalho são aqueles propostos por João Canavilhas para o telejornalismo; Momento do Acontecimento, Intensidade, Clareza, Proximidade, Surpresa, Continuidade, Composição, Valores socioculturais, Previsibilidade, Custos e Valor das Imagens. In Televisão e Informação, disponível em http:bocc.ubi..pt.
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imagens e a viabilidade de levar crianças ao local. Outra ação foi visitar quatro escolas que
atendem crianças na faixa etária proposta para o programa: Colégio Miró, Instituto Nossa
Senhora da Salette, Colégio Estadual Vitor Civita e Colégio Estadual Mário Costa Neto. O
objetivo era confirmar se as instituições costumavam fazer passeios e ver a receptividade
diante do roteiro do passeio organizado. A idéia foi bem aceita e ficou como uma sugestão
para as escolas.
Com a pauta escolhida e pesquisa realizada, parti para a definição dos outros quadros que
completariam o programa. Seguindo a proposta de revista eletrônica, pensei em termos um
boletim com as notícias da semana orientadas para o público em questão apresentadas em
notas secas 2 , no estúdio. Ele ficaria no primeiro bloco, sendo exibido após a primeira parte
da grande reportagem. Batizeio de Informe Descobrir.
Um quadro de animação sempre esteve nos meus planos e a partir de minhas leituras e
pesquisas percebi que seria imprescindível ter um quadro desta natureza no programa. Os
desenhos animados são o “carrochefe” das programações atuais destinadas às crianças e,
mesmo que se queira inovar é necessário guardar alguns pontos de identificação entre um
material já conhecido do público e isto se confirmou com a aplicação do questionário que
indicava as preferências da criançada. Foi pensado o quadro Anima Aí, com animações de
curtíssima duração, desenvolvidas pela produção do programa, com historinhas engraçadas
que remetam ao tema da Grande Reportagem. Esse quadro além de servir como
instrumento de leveza para o programa, tem o objetivo de segurar a atenção do
telespectador.
Para finalizar, pensamos também em uma agenda cultural. Como a proposta é que o
programa seja veiculado uma vez por semana, mais especificamente, no sábado pela
2 Notas lidas em estúdio, sem cobertura de imagens , também chamadas notas peladas.
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manhã, consideramos que um quadro com dicas de lazer e a programação infantil para o
fim de semana parece interessante.
Uma observação que deve ser feita diz respeito ao horário que o programa deve estar no ar.
Foi pensado desde o início da reflexão sobre o programa e acabou se mantendo,
principalmente depois do levantamento sobre índice de audiência no representante local do
Ibope.
Após a definição da estrutura, partiuse para exercícios de transpor as idéias para o papel e,
de forma mais sistematizada, experimentar a redação de um programapiloto. Não foi uma
tarefa fácil! É difícil escrever off, sem a complementação das sonoras. Foi necessário um
exercício de imaginação ou deixar o espaço aberto quando elas não fossem interferir no off
seqüente da reportagem. Ainda assim, considero ter conseguido, ou pelo menos é isto que
espero, uma certa eficácia. Com o texto escrito passamos aos detalhes de produção. Equipe
técnica, cenário, figurino, vinheta, marca, trilhas e orçamento.
Para construir tudo isso com base nas possibilidades dos canais de tevê abertas de Salvador,
fiz uma parceria com a Tv Aratu, no sentido de que ela seria a possível transmissora do
Descobrir e elaborei um orçamento com base no material já existente na emissora e no
valor do saláriobase estipulado pelo Sindicato dos Jornalistas, conforme as funções de
cada profissional na redação e, também foram utilizadas as medidas do estúdio daquela tevê
como base para a construção do cenário. Por falar em cenário, devo acrescentar que para a
criação do mesmo, foi necessário pesquisar sobre cromoterapia, teoria das cores e
decoração. Tudo isto, para compor um ambiente bonito, colorido, confortável e que,
sobretudo, despertasse o interesse e a atenção do público. Além de pesquisar em sites
especializados, busquei a consultoria de um cenógrafo e decidiuse por tons
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complementares azul/laranja associados à utilização de móveis confortáveis e divertidos
nos padrões da altura de crianças entre 9 e 12 anos.
A elaboração da marca e a vinheta foi um momento que exigiu muito esforço em face de
ser uma tarefa que não pode prescindir da originalidade e, ao mesmo tempo, necessita de
objetividade de modo a não possibilitar leituras diversas. Tomouse como ponto de partida
o nome do programa, Descobrir, que por si só já remete a uma série de significados.
Depois de uma série de exercícios com o objetivo de encontrar um objeto que melhor
pudesse sintetizar a idéia, chegouse à lupa. Por que a opção pelo instrumento? Ele é um
signo, convencionalmente vinculado a idéia de enxergar melhor, ver os detalhes, procurar
pistas, investigar. E todo este leque de definições encaixase nas características do
programa que já se traduz no próprio nome Descobrir. Neste processo, foi essencial a
consultoria do designer Aldo Campos, formado pela Ufba. Com ele pude discutir
longamente a idéia, inclusive também a escolha do nome do programa enunciado no verbo
transitivo direto Descobrir, que significa tirar cobertura, véu, tampa, de algo que está
parcial ou totalmente oculto para deixar à vista, com o objetivo mostrar, decifrar, revelar,
dar a conhecer, encontrar 3 . Assim, Descobrir é o que cada criança que tiver acesso ao
programa irá fazer. É interessante mencionar que, depois do nome definido, tive a surpresa
de ver que, recentemente, no Canal Futura, também foi inaugurado um programa nomeado
como Descobrindo. A princípio fiquei preocupada com este paralelismo, mas em conversa
com a orientadora chegamos a conclusão de que a criatividade e a invenção não são
propriedade de ninguém. O nome do programa foi mantido e resolvi acreditar que,
3 Definição apresentada no Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa,2ª edição, de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, RJ, Nova Fronteira, 1986, 1811 pp.
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coincidentemente, por forças inexplicáveis, o meu processo de trabalho e o da equipe do
Futura estiveram sintonizados.
Um dado importante que confirmei durante a pesquisa para o programa com as crianças é a
preocupação que elas têm com a aparência. A moda está muito presente nas suas vidas
independente do sexo. Todos querem ter um bom visual. Preocupamse com a imagem que
têm no grupo e gostam de criar new looks, usar acessórios e, especialmente, escolher suas
próprias roupas. Por isso, prestei especial atenção nesse quesito e busquei a ajuda de
Engelis Oliveira, também estudante de Desenho da Ufba. Ele elaborou as roupas do
apresentador e dos repórteres. A idéia era que as roupas utilizadas pelo elenco fossem além
de divertidas bastante confortáveis. Como já tínhamos as cores azul e laranja no cenário,
Engelis propôs que utilizássemos no figurino os tons pastéis, que dessem um colorido leve,
mas também provocasse um certo contraste com o cenário, resultando em um visual
interessante. A grande preocupação também era que se pudesse construir looks informais
para não adultizar as crianças. Deixalas à vontade como é imprescindível nesta faixa de
idade. Neste sentido também foi um desafio criativo trabalhar roupas que prendessem os
movimentos das crianças e que fossem agradáveis, chamativas e bonitas. Assim buscamos
também as referências dos acessórios e peças do vestuário características das pessoas entre
9 e 12 anos.
Embora eu tenha feito um briefing do formato da vinheta, infelizmente, não consegui
gravála. Apesar das tentativas, não consegui firmar uma parceria que diminuísse os custos
de produção da mesma e por conta das férias, ficou mais difícil contar com alguns colegas
que possuem habilidade para esta tarefa.
Após cuidar destes detalhes, parti para a diagramação do projeto e completei sua produção.
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CONCLUSÃO
Independente de todas as dificuldades encontradas ao longo deste percurso, a experiência
de realizar o meu Trabalho de Conclusão de Curso foi muito importante. Quando fiz esta
opção a minha análise inicial era de que seria um projeto fácil dado o meu interesse pela
televisão, além da experiência que eu já tinha neste campo na área de produção. No entanto
fazer o trabalho também me ensinou a não subestimar um empreendimento desta natureza.
Um programa de TV não é apenas o desejo, somado a idéia de realizar alguns quadros. Em
verdade, ele não pode prescindir de uma série de detalhamentos, a exemplo de um trabalho
de pesquisa, a escritura de um bom roteiro, a precisão de incluir e ou excluir alguns
materiais, além de uma produção consistente e responsável.
Em resumo, considero que foi um importante desafio e resultou em uma motivação ainda
maior para encarar uma relação profissional com a mídia TV. Sei que é apenas o início
ainda de um grande aprendizado mas, reconheço que hoje estou melhor preparada para
iniciar a jornada profissional do que estava antes de realizar este trabalho.
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