DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DO LEITE TOCANTINA

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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE E DERIVADOS – Desenvolvimento da Bacia Leiteira da Região Tocantina e Médio Mearim Elaboração: Realização: SÃOLUÍS / MARANHÃO Dezembro / 2003

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DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA

DO LEITE E DERIVADOS –

Desenvolvimento da Bacia Leiteira da

Região Tocantina e Médio Mearim

Elaboração: Realização:

SÃOLUÍS / MARANHÃO Dezembro / 2003

DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE E DERIVADOS Desenvolvimento da Bacia Leiteira da Região Tocantina e Médio Mearim Realização: SEBRAE/MA Elaboração: AGRONEGÓCIOS Projetos e Consultoria Ltda Equipe Técnica: Antônio Tadeu Neves Dórea Eng. Agrônomo; MBA Gestão de Negócios Heleno Moreira de Paula Engenheiro Agrônomo; Especialista em Processamento de Frutas Tropicais Isaac Nicholas Siqueira Viana Economista; Técnico Processamento de Dados

ii

SUMÁRIO LISTA DE ANEXOS...................................................................................................iv LISTA DE TABELAS ..................................................................................................v LISTA DE QUADROS................................................................................................vi LISTA DE FIGURAS.................................................................................................vii 1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................11 2 NOTAS METODOLÓGICAS ...............................................................................12 3 CENÁRIO MUNDIAL...........................................................................................14

3.1 Tendências da Produção Mundial de Leite.............................................14 3.2 Características do Mercado Mundial de Leite e Derivados ...................15 3.3 Produção versus consumo mundial de produtos lácteos ....................16

4 A CADEIA AGROINDUSTRIAL DO LEITE NO BRASIL ....................................17 4.1 Características da Cadeia Agroindustrial do Leite no Brasil ................17 4.2 Evolução da Produção .............................................................................18 4.3 Distribuição Espacial da Produção .........................................................19 4.4 Evolução do Rebanho e da Produtividade .............................................21 4.5 Características do Segmento Industrial..................................................23 4.6 Tendências do Consumo .........................................................................24 4.7 Aspectos da Sazonalidade da Produção e Industrialização de Leite...25 4.8 Tendência de Preços ................................................................................26 4.9 Importações de Derivados .......................................................................28 4.10 Novas relações comerciais do Brasil no mercado internacional de

lácteos........................................................................................................30 4.11 Os Principais Problemas da Cadeia Agroindustrial do Leite no Brasil31

5 A CADEIA AGROINDUSTRIAL DO LEITE NO MARANHÃO ............................33 5.1 Evolução da Produção .............................................................................33 5.2 Distribuição Espacial da Produção no Estado.......................................36 5.3 Características da Indústria de Laticínios no Estado do Maranhão.....38 5.4 Evolução da Recepção e Industrialização de Derivados.......................38 5.5 Destino Final do Leite no Estado.............................................................39 5.6 Características do Mercado .....................................................................40

6 RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO ......................................................41 6.1 Segmento Produção .................................................................................41

6.1.1 Destino da Produção ......................................................................41 6.1.2 Características da Produção ..........................................................43 6.1.3 Indicadores da Atividade ................................................................49 6.1.4 Características da Gestão ..............................................................52 6.1.5 Avaliação de Conhecimentos sobre a atividade .............................57 6.1.6 Importância social e econômica da pecuária de leite .....................60 6.1.7 Capacitação e Treinamento............................................................60

6.2 Segmento Industrialização.......................................................................62

iii

6.2.1 Histórico das Empresas..................................................................62 6.2.2 Características Administrativas ......................................................63 6.2.3 Uso da Informática .........................................................................69 6.2.4 Gestão da Qualidade......................................................................70 6.2.5 Gestão Ambiental ...........................................................................74 6.2.6 Capacitação e Treinamento............................................................76 6.2.7 Perfil de Investimentos ...................................................................79 6.2.8 Relacionamento com o Setor de Produção Primária......................81 6.2.9 Características da Industrialização.................................................83 6.2.10 Desafios para o Setor.....................................................................85

6.3 Segmento Comercialização .....................................................................86 6.3.1 Característica dos entrevistados ....................................................86 6.3.2 Origem dos Derivados lácteos comercializados .............................88 6.3.3 Principais problemas associados à comercialização de derivados

lácteos ............................................................................................89 6.3.4 Principais estímulos para a comercialização de derivados lácteos 93 6.3.5 Percepções do Setor Varejista Sobre a Comercialização de Lácteos

.......................................................................................................94 6.3.6 Capacitação e Treinamento............................................................98 6.3.7 Aspectos Importantes da Comercialização de Produtos Lácteos...99 6.3.8 Percepção do Setor Varejista sobre os Produtos Lácteos Regionais

.....................................................................................................100 7 AMBIENTE INSTITUCIONAL............................................................................102

7.1 Introdução ...............................................................................................102 7.2 Crédito .....................................................................................................103 7.3 Tributação................................................................................................103

7.3.1 Evolução recente dos principais tributos indiretos........................103 7.3.2 Efeitos da tributação sobre a competitividade de leite e derivados

.....................................................................................................105 7.4 Governo do Estado .................................................................................106

7.4.1 Programa Leite é Vida – SESP(Secretaria Extraordinária de Saúde Preventiva). ..................................................................................106

7.4.2 GEAGRO – Gerencia da Agricultura ............................................106 8 CONCLUSÕES..................................................................................................108 9 RECOMENDAÇÕES .........................................................................................114

9.1 Segmento Produção ...............................................................................114 9.2 Segmento Industrialização.....................................................................115 9.3 Segmento Comercialização ...................................................................115 9.4 Segmento Institucional...........................................................................116

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................117 FONTES DE INFORMAÇÃO ..................................................................................118 ANEXOS .................................................................................................................119

iv

LISTA DE ANEXOS Anexo 1 – Ranking dos 50 maiores municípios produtores de leite no Estado do

Maranhão no ano de 2002 ................................................................120 Anexo 2 – Aplicação - Bovinocultura de Leite / Banco do Nordeste do Brasil /

Período: 1998 a 2003........................................................................121 Anexo 3 – Relação das Principais Marcas Comercializadas em cada Segmento123

v

LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Principais países produtores de leite, em 2000...................................14 Tabela 2 – Evolução da Participação das Regiões Brasileiras na Produção Total

de Leite (1990, 1995 e 2000) ..............................................................20 Tabela 3 – Evolução da Produção Brasileira por Regiões e Unidades da

Federação (em bilhões de litros) .........................................................21 Tabela 4 – Vacas ordenhadas, produção e produtividade no Brasil, Regiões e

principais estados (2002) ....................................................................22 Tabela 5 – Taxa Média de Crescimento da Produção de Leite (1990 a 2002) .....35 Tabela 6 – Características da Produção de Leite nas Mesorregiões Produtoras do

Estado o Maranhão .............................................................................37 Tabela 7 – Aplicação - Bovinocultura de Leite / Banco do Nordeste do Brasil /

Período: 1998 a 2003........................................................................103

vi

LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Distribuição dos estabelecimentos industriais de processamento de

leite e derivados no estado do Maranhão - por categorias (2003) ......38 Quadro 2 – Principais Tributos Indiretos no Brasil ...............................................104

vii

LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Evolução da Produção Leiteira Nacional (em bilhões de litros)...........19 Figura 2 – Evolução da Industrialização Leiteira Nacional Estabelecimentos

Inspecionados. ....................................................................................23 Figura 3 – Evolução do Consumo per capita Nacional (em kg/hab/ano)..............24 Figura 4 – Comportamento Médio Mensal da Industrialização de Leite no Brasil -

1997 a 2001 (Produção Média = 100). ................................................26 Figura 5 – Comportamento Médio dos Preços de Queijo Mussarela e Leite em Pó

no Mercado de São Paulo (valor médio = 100). ..................................27 Figura 6 – Importação Anual Brasileira de Lácteos (em equivalente leite)...........29 Figura 7 – Evolução Anual da Produção Leiteira no Maranhão. ..........................33 Figura 8 – Evolução da Produção Relativa de Leite - Maranhão / BRASIL (1990 a

2002). ..................................................................................................34 Figura 9 – Evolução da Produção Relativa de Leite - Maranhão / Nordeste (1990

a 2002). ...............................................................................................34 Figura 10 – Evolução das Taxas Anuais de Crescimento da Produção de Leite no

Estado do Maranhão (1991 a 2001) ....................................................35 Figura 11 – Distribuição Espacial da Produção de Leite na Maranhão por

Mesorregiões (2002). ..........................................................................36 Figura 12 – Evolução da Produção de Leite no Maranhão por Mesorregiões de

1990 a 2002 (em mil litros). .................................................................37 Figura 13 – Evolução da Industrialização Mensal de Leite nas Indústrias

Inspecionadas pelo Serviço de Inspeção Federal no Maranhão. ........39 Figura 14 – Destino Final do Leite Produzido no Estado do Maranhão em 2002...40 Figura 15 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de

leite e derivados no Maranhão conforme os laticínios que compram sua produção.......................................................................................42

Figura 16 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme a produção média no último ano (em litros/dia)................................................................................44

Figura 17 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme a existência de benfeitorias na propriedade. ...................................................................................46

Figura 18 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme a estrutura do local de ordenha. ..............................................................................................47

Figura 19 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme o tipo de ordenha................48

Figura 20 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme a composição racial das vacas. ..................................................................................................49

Figura 21 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão o tipo de cobertura. ............................50

viii

Figura 22 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme a idade média da novilha na 1ª cria (em meses). .............................................................................51

Figura 23 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme o responsável pela administração da propriedade. ............................................................52

Figura 24 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme o número de anos de escolaridade do administrador. ...........................................................53

Figura 25 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme as fontes de novos conhecimentos sobre a atividade leiteira.............................................54

Figura 26 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme os controles aplicados. .......56

Figura 27 – Distribuição percentual média do total das propriedades dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme a opinião sobre a sucessão do gado de leite na sua propriedade. ........................................................................................57

Figura 28 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme opinião em relação a alguns tópicos de conhecimento técnico da atividade leiteira.........................59

Figura 29 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme a ocorrência dos tipos de atividades geradoras de renda dentro e fora da propriedade..............60

Figura 30 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme os participantes em treinamentos no último ano. ................................................................61

Figura 31 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme sua opinião sobre em qual assunto deveria acontecer o treinamento............................................62

Figura 32 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme o motivo de abertura da empresa nesse ramo. ...................63

Figura 33 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme a utilização de controles de estoque de produtos acabados e de almoxarifado. ..................................................................................66

Figura 34 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme o método adotado para determinação dos custos...............68

Figura 35 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme as áreas em que gostariam que fossem desenvolvidos programas de computador. .................................................................70

Figura 36 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme a aplicação de algum programa formal implantado para Gestão de Qualidade Total..................................................................71

Figura 37 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme a satisfação com a qualidade dos produtos fabricados atualmente...........................................................................................73

ix

Figura 38 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme a principal dificuldade para manutenção da qualidade dos produtos da empresa...........................................................................74

Figura 39 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme o principal motivo citado para o não tratamento dos resíduos.75

Figura 40 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme os treinamentos mais recentes oferecidos para funcionários da empresa. ........................................................................................77

Figura 41 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme o principal fator limitante para capacitação dos Recursos Humanos. ............................................................................................78

Figura 42 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme as principais áreas de interesse da empresa para treinamentos........................................................................................79

Figura 43 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme as áreas em que foi realizado algum investimento na empresa no último ano. .......................................................................80

Figura 44 – Distribuição percentual do total dos fornecedores de leite em cada faixa de fornecimento para as indústrias de laticínios pesquisadas. ...81

Figura 45 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme a existência de algum programa de estímulo e assistência ao fornecedor. ..........................................................................................83

Figura 46 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme a recepção atual (em litros de leite/dia). ..............................84

Figura 47 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas conforme os principais fatores EXTERNOS citados pela empresa, que impõem maior desafio à sobrevivência. ..............................................86

Figura 48 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme a área do estabelecimento (m²)...........................................................................87

Figura 49 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme o nº de check-outs no estabelecimento. ..........................................................88

Figura 50 – Distribuição percentual média do total de cada linha de produtos comercializada no estabelecimento dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme a origem dos produtos vendidos. .......................................................................89

Figura 51 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme os problemas/obstáculos apontados em relação à comercialização do Leite C (pasteurizado). ........................................................................90

Figura 52 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme os problemas/obstáculos apontados em relação à comercialização de Iogurte. ................................................................................................92

x

Figura 53 – Percentual de entrevistados que relacionaram a boa aceitação dos consumidores como característica do comércio dos diversos derivados lácteos .................................................................................................94

Figura 54 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme os aspectos apontados como limitantes do varejo...................................95

Figura 55 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme as vantagens apontadas na compra dos produtos lácteos em laticínios. 96

Figura 56 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme as vantagens apontadas na compra dos produtos lácteos em distribuidores. ......................................................................................97

Figura 57 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme as desvantagens apontadas na compra dos produtos lácteos em distribuidores. ......................................................................................98

Figura 58 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme a forma de treinamento dos funcionários para trabalharem com produtos perecíveis. ...........................................................................................99

Figura 59 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme a preocupação do consumidor com os atributos de qualidade.............100

Figura 60 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme sua avaliação dos produtos fabricados no Maranhão em relação aos de outros estados...................................................................................101

11

1 INTRODUÇÃO

O Pré-Diagnóstico da Cadeia Agroindustrial do Leite no Estado do Maranhão

destaca-se, além de sua individualidade, pela iniciativa pioneira do Sebrae-MA em

estimular a atuação sistêmica de instituições públicas e privadas junto ao setor.

A Cadeia Agroindustrial do Leite no Estado do Maranhão é extremamente

importante, tanto sob a ótica econômica quanto pela social. A pecuária de leite está

presente em todas as regiões do estado, empregando mão-de-obra, gerando

excedentes comercializáveis e garantindo renda para boa parte da população.

Para alcançar sustentabilidade e competitividade numa Cadeia Produtiva, faz-

se necessário promover a formação de uma visão sistêmica no setor, com o objetivo

de estimular o desenvolvimento de ações coordenadas e sustentadas para ampliar a

sua competitividade.

Nesse sentido, o Diagnóstico da Cadeia Agroindustrial do Leite na região

Tocantina e Médio Mearim constitui a etapa inicial da elaboração de estudos

sistêmicos sobre o setor. A elaboração do Diagnóstico é importante para subsidiar a

estruturação inicial do “Plano de Ação” do estado, além de direcionar as ações de

planejamento da realização do diagnóstico global do setor.

12

2 NOTAS METODOLÓGICAS

O procedimento adotado para a elaboração do Diagnóstico da Cadeia

Agroindustrial do Leite do Estado do Maranhão envolveu a combinação de pesquisa

descritiva e pesquisa de campo, respectivamente envolvendo dados secundários

disponíveis em diversas fontes no País e dados primários levantados a partir de

entrevistas realizadas junto às principais instituições e empresas do estado.

As análises da produção, da industrialização e do mercado foram

desenvolvidas com base de dados secundários e primários, principalmente os

obtidos junto aos bancos de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE), do Serviço de Inspeção Federal no Maranhão (SIF/MA), da Secretaria de

Agricultura do Maranhão e da Food and Agriculture Organization (FAO),

Organização das Nações Unidas (ONU). Adicionalmente, para os enfoques

específicos, utilizou-se dados secundários obtidos a partir de consultas em livros,

teses e publicações estatísticas ligadas ao setor.

Os dados primários foram obtidos através de aplicação de questionários semi-

estruturados a produtores, industrias e principais canais de distribuição como

padarias, supermercados e lojas especializadas.

As principais instituições no Estado foram visitadas durante a elaboração dos

relatórios, contribuindo para a identificação das principais deficiências da Cadeia.

As diversas taxas de crescimento (taxas geométricas) divulgadas no

diagnóstico foram calculadas pelo método de regressão dos dados de série

temporal, em modelos logaritimizados. A estrutura de análises do Diagnóstico foram

determinadas pelos conjuntos de resultados das análises dos dados secundários,

primários,e pelas constatações observadas durante as etapas de entrevistas junto às

instituições e lideranças da Cadeia Agroindustrial do Leite no Maranhão.

Sempre que possível, os resultados das análises foram confrontados com

experiências positivas de outras regiões do País junto à Cadeia Agroindustrial do

Leite. As áreas enfocadas nas análises foram avaliadas tanto sob a ótica individual

13

quanto sistêmica, buscando embasar a análise final complementar sobre a Cadeia

Agroindustrial do Leite no Maranhão.

O presente Diagnóstico da Cadeia Agroindustrial do Leite no Maranhão foi

realizado pela equipe técnica da AGRONEGÓCIOS Projetos e Consultoria Ltda.

14

3 CENÁRIO MUNDIAL

3.1 Tendências da Produção Mundial de Leite

De 1992 a 2000, a produção mundial de leite reduziu 1% ao ano, passando

de 423.692 para 392.986 milhares de toneladas, segundo dados do Departamento

de Agricultura dos EUA. Reduziram a produção de leite as seguintes regiões: Ex-

URSS, -8,51% ao ano; Europa Oriental, -7,18% ao ano; Europa Ocidental, -4,92%

ao ano; e União Européia, -0,17% ao ano. Por outro lado, aumentaram a produção

de leite as seguintes regiões: Oceania, 5,63% ao ano; Ásia, 2,65% ao ano; América

do Sul, 2,23% ao ano; e América do Norte, 1,48% ao ano.

Em 2000, os EUA foram os maiores produtores de leite, visto que

responderam por 19,51% da produção mundial. O Brasil ocupou o sexto lugar, com

6,36% da produção mundial, segundo dados da Tabela 1. Praticamente em todos os

países há produção de leite de vaca, razão da pequena participação relativa de cada

país (% sobre o total), à exceção dos EUA.

Tabela 1 – Principais países produtores de leite, em 2000 Países % da produção mundial

EUA 19,51 Índia 9,26

Rússia 8,15 Alemanha 7,25

França 6,36 Brasil 5,65

Reino Unido 3,63 Nova Zelândia 3,28

Ucrânia 3,11 Polônia 3,01

Austrália 2,86 Fonte: Dados básicos – USDA.

15

3.2 Características do Mercado Mundial de Leite e Derivados

Uma das principais características do mercado mundial de leite e derivados

refere-se ao elevado protecionismo praticado pelos países industrializados para

garantir artificialmente a renda de seus produtores e o abastecimento doméstico.

Nesse cenário, é comum a criação de incentivos para a exportação e de barreiras

contra a importação.

A intervenção governamental no leite é bastante comum. As políticas para o

setor na maior parte dos países do Primeiro Mundo têm como principal objetivo

aumentar a renda dos produtores e suprir a demanda doméstica por leite “in natura”

e derivados.

Segundo Wilkinson (op. cit.), as políticas adotadas podem ser divididas em

três grandes grupos: (i) planos de preços mínimos e controle da oferta que regulem

a produção de leite; (ii) medidas que protejam o leite contra importações e

aumentem as exportações e (iii) criação de organizações intimamente envolvidas na

indústria do leite.

A maioria dos países adota os preços mínimos na forma de preços-meta

(target price) ou duas faixas de preço. Os produtores são assegurados pelas

compras do governo de derivados ao preço de intervenção ou por quotas que

limitam a produção. Na grande parte dos países produtores de leite com programas

de preço mínimo ou de quotas, a média dos preços do leite fica acima do nível do

mercado internacional.

Outra forma de proteger os produtores é através de mecanismos de proteção

contra importações e preços praticados no mercado internacional. O excesso de leite

é exportado a preços subsidiados que cobrem a diferença entre os preços

domésticos e os praticados no mercado externo.

16

3.3 Produção versus consumo mundial de produtos lácteos

A comparação entre produção e consumo de lácteos, no mundo, deve ser

feita pela divisão dos países em dois blocos: países desenvolvidos, com elevada

renda per capita, e países em desenvolvimento e pobres, com baixa renda per

capita. No primeiro grupo verifica-se que o consumo per capita de leite e derivados

(especialmente queijo) cresceu a uma pequena taxa ou, até mesmo, diminuiu em

alguns países na década de 90. A queda de consumo, nesses países, foi mais

significativa que a da produção, resultando em aumento dos estoques. Tal

comportamento deprime o preço do mercado internacional e amplia a concorrência

para o produtor do Brasil.

No segundo grupo, países em desenvolvimento e pobres, o consumo per

capita de leite e derivados aumentou, significativamente, nos anos 90. Apesar de a

produção de leite desses países ter aumentado, o consumo aumentou ainda mais,

resultando na maior dependência de importações para completar o abastecimento

do mercado doméstico. No caso do Brasil, a relação entre importação/produção

doméstica, na primeira metade dos anos 90, era, em média, de 6% e, na segunda

metade, de 12%.

O menor crescimento do consumo de lácteos nos países ricos e o maior nos

países em desenvolvimento e pobre têm duas conseqüências: 1) Maior pressão de

exportação de derivados lácteos por parte dos países ricos para os do segundo

grupo; 2) Ampliação de ações de empresas multinacionais de laticínios nos países

em desenvolvimento e nos pobres. No Brasil, o caso de maior destaque é o da

Parmalat, segunda maior compradora de leite, que perde apenas para a Nestlé, que

também é uma empresa multinacional. Em resumo, a tendência do mercado

internacional de lácteos sinaliza crescente concorrência para o produtor nacional e,

por conseqüência, necessidade de contínuas melhorias no sistema de produção,

tornando-o mais eficiente e com maior poder de competição.

17

4 A CADEIA AGROINDUSTRIAL DO LEITE NO BRASIL

4.1 Características da Cadeia Agroindustrial do Leite no Brasil

A cadeia agroindustrial do leite caracteriza-se como uma das mais

importantes do agronegócio brasileiro, tanto sob a ótica social quanto econômica. Os

segmentos de produção, industrialização e comercialização de leite e derivados

estão presentes em todo o território nacional, desempenhando um papel relevante

no suprimento de alimentos e na geração de emprego e renda para a população

(GOMES et alli, 2001).

Yamaguchi et alli (2001) destacam as características notórias da Cadeia

Agroindustrial do Leite no Brasil, que reforçam sua importância social e econômica

para a economia do País. Entre essas características destaca-se a grande ocupação

de extensas áreas de terra, a geração de empregos para grandes contingentes de

mão-de-obra, a significativa participação na formação da renda do setor

agropecuário nacional e o fornecimento de alimento de alto valor nutritivo para a

população.

Em termos econômicos, a atividade leiteira brasileira participa com quase

15% no PIB – Produto Interno Bruto – da agropecuária nacional, com uma renda

estimada em US$5,5 bilhões.

Nos últimos anos, a Cadeia Agroindustrial do Leite tem passado por grandes

transformações, resultando em profundas mudanças em todos os segmentos do

setor. Historicamente, pode-se distinguir três grandes períodos na evolução recente

da Cadeia Agroindustrial do Leite no Brasil:

• Meados dos anos 60 até final da década de 70: período caracterizado por

uma dinâmica de urbanização e conseqüente crescimento na demanda de

leite fluido, integração dos mercados nacionais através da malha rodoviária e

surgimento de novos padrões de consumo de derivados (leite tipo B, iogurtes,

sobremesas lácteas e queijos não-tradicionais). Na década de 70, a pecuária

18

leiteira nacional cresceu 43,7%, passando de 7,1 bilhões de litros em 1970,

para 11,2 bilhões de litros em 1980, portanto, com taxas anuais de

crescimento de 4,8%.

• Década de 80: período caracterizado por forte crise, levando à retração da

demanda e redução dos recursos para pecuária. A retração da produção

estimulou as importações, que por sua vez bloquearam a modernização do

setor. Nesse período, a produção leiteira nacional evoluiu de 11,2 bilhões de

litros em 1980, para 14,5 bilhões de litros em 1990, portanto, com taxas

anuais de crescimento de 2,6%.

• Década de 90: período caracterizado pela liberação de preços e criação do

Mercosul. Esse período teve início a partir de 1991, quando o governo Collor

liberou os preços tanto ao produtor quanto ao consumidor, pondo um fim ao

tabelamento que durou mais de 40 anos. Nesse período, além da

liberalização dos preços de leite, a maior abertura da economia brasileira e a

criação do Mercosul criaram novos padrões de concorrência para a indústria

de laticínios. No contexto do setor lácteo nacional, esses fatos ampliaram a

concorrência e influenciaram decisivamente as estratégias adotadas pelos

segmentos públicos e privados. Nesse período, a produção nacional evoluiu

de 14,5 bilhões para 19,8 bilhões de litros, apresentando taxas de

crescimento de 3,3% ao ano.

Segundo Gomes (2001), essa seqüência de fatores foi responsável pela

expressiva transformação da Cadeia Agroindustrial do Leite nos últimos anos, com

reflexos concretos observados através do aumento significativo da produção de leite

no País, redução do número total de produtores de leite, concentração da produção

e aumento da produtividade, concentração da industrialização e aumento da

concorrência no mercado interno.

4.2 Evolução da Produção

19

Na última década, a produção leiteira nacional cresceu a taxas irregulares,

atingindo um máximo de 12,4% em 1996 e um mínimo negativo de 1,2% em 1993.

Em média, a taxa de crescimento da produção nacional entre 1991 e 2000 foi de

3,3% ao ano.

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Períodos

Pro

duçã

o

Figura 1 – Evolução da Produção Leiteira Nacional (em bilhões de litros). Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal.

4.3 Distribuição Espacial da Produção

A maior parte da produção de leite do Brasil encontra-se nas regiões Sudeste

e Sul, que participam com 68,2% do total da produção nacional. Entretanto, percebe-

se uma tendência nítida de alteração desse cenário, com aumento da participação

das regiões Norte e Centro Oeste em detrimento da participação das regiões

Sudeste e Nordeste (Tabela 2).

Três fatores principais contribuem para tendência de expansão da fronteira

das bacias leiteiras, no decorrer dos anos, em direção às regiões Norte e Centro

Oeste do País, em detrimento da produção leiteira na região Sudeste:

20

• a elevada taxa de crescimento populacional dos núcleos metropolitanos da

região Sudeste, ampliando a especulação imobiliária das terras e forçando o

deslocamento da atividade leiteira para outras regiões;

• a existência de programas de incentivo à produção leiteira e ao

desenvolvimento da Cadeia Agroindustrial do Leite em alguns estados das

regiões Centro-Oeste e Norte, proporcionando estímulos positivos para o

aumento da produção e industrialização de leite nessas regiões;

• a expansão da granelização da coleta de leite e da produção de leite longa

vida, proporcionando melhores condições para o transporte do leite fluido

produzido em regiões mais distantes.

Tabela 2 – Evolução da Participação das Regiões Brasileiras na Produção Total de Leite (1990, 1995 e 2000)

Especificação 1990 1995 2000 Sudeste 47,8 45,8 43,4

Sul 22,5 24,9 24,8 Centro-oeste 11,7 13,6 15,6

Nordeste 14,1 11,5 10,9 Norte 3,9 4,3 5,3

Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal.

Entre os estados, Minas Gerias lidera a produção nacional, com 29,7% da

produção total em 2000 (5.865,5 bilhões de litros). Os estados de Goiás e Rio

Grande do Sul ocupam o segundo e terceiro lugares, com produções de 2.193,8

bilhões (11,1%) e 2.102,0 bilhões (10,6%) respectivamente (Tabela 3).

21

Tabela 3 – Evolução da Produção Brasileira por Regiões e Unidades da Federação (em bilhões de litros)

Estado/Região 1990 % 1995 % 2000 % SUDESTE 6.923,3 47,8 7.539,5 45,8 8,573,7 43,4Minas Gerais 4.290,8 29,6 4.762,5 28,9 5,865,5 29,7São Paulo 1.960,8 13,5 1.981,8 12,0 1,861,4 9,4Rio de Janeiro 390,3 2,7 432,4 2,6 468,8 2,4Espírito Santo 281,4 1,9 362,7 2,2 378,1 1,9SUL 3.262,3 22,5 4.102,6 24,9 4,904,4 24,8Rio Grande do Sul 1.451,8 10,0 1.710,7 10,4 2,102,0 10,6Paraná 1.160,0 8,0 1.576,5 9,6 1,799,2 9,1Santa Catarina 650,4 4,5 815,4 4,9 1,003,1 5,1CENTRO-OESTE 1.698,4 11,7 2.239,0 13,6 3,080,1 15,6Goiás 1.071,2 7,4 1.450,2 8,8 2,193,8 11,1Mato Grosso do Sul 398,7 2,8 454,7 2,8 427,3 2,2Mato Grosso 213,6 1,5 307,4 1,9 422,7 2,1Distrito Federal 14,0 0,1 26,7 0,2 36,3 0,2NORDESTE 2.045,3 14,1 1.886,6 11,5 2,159,2 10,9Bahia 743,8 5,1 668,1 4,1 724,9 3,7Ceará 293,6 2,0 292,3 1,8 331,9 1,7Pernambuco 312,5 2,2 212,7 1,3 292,1 1,5Alagoas 148,6 1,0 201,1 1,2 217,9 1,1Maranhão 126,9 0,9 145,1 0,9 150,0 0,8Rio Grande do Norte 1.076,0 0,7 105,6 0,6 144,9 0,7Sergipe 99,7 0,7 66,0 0,4 115,1 0,6Paraíba 155,2 1,1 140,0 0,8 105,8 0,5Piauí 57,9 0,4 55,6 0,3 76,6 0,4NORTE 568,2 3,9 706,7 4,3 1,049,8 5,3Rondônia 158,5 1,1 202,2 1,2 422,3 2,1Pará 231,5 1,6 308,2 1,9 380,3 1,9Tocantins 105,5 0,7 103,7 0,6 156,0 0,8Acre 21,4 0,1 29,7 0,2 40,8 0,2Amazonas 36,6 0,3 49,0 0,3 36,7 0,2Roraima 13,0 0,1 11,2 0,1 10,0 0,1Amapá 1,7 0,0 2,7 0,0 3,7 0,0BRASIL 14.497,4 100,0 16.474,4 100,0 19,767,2 100,0Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal.

4.4 Evolução do Rebanho e da Produtividade

O Brasil, apesar de possuir o segundo maior rebanho bovino do mundo,

superado apenas pelo da União Soviética, caracteriza-se por apresentar baixos

níveis de produção por animal na atividade leiteira (WILKINSON, 1993). Estima-se

22

que, atualmente, a média nacional é de aproximadamente 800 litros/vaca/ano,

contra uma média mundial de 2.000 litros/vaca/ano. A principal causa desse baixo

nível de produtividade está na insistência de políticas governamentais descasadas

da realidade do complexo lácteo.

Os países com as maiores produtividades na pecuária leiteira são: Israel,

7.991 kg; EUA, 6.521; Dinamarca, 6.333; Canadá, 5.806; Holanda, 5.236 kg.

Dentro do país, destaca-se a região Sul, com produtividade equivalente a

1.218 litros/cabeça/ano. No entanto, essa produtividade ainda é muito inferior à dos

países mais avançados em termos de pecuária de leite.

Tabela 4 – Vacas ordenhadas, produção e produtividade no Brasil, Regiões e principais estados (2002)

Regiões Vacas ordenhadas(cabeças)

Produção (1.000 litros)

Produtividade (lts/cab./ano)

BRASIL 19.005.175 21.643.740 1.139 Norte 2.274.772 1.561.895 687 Nordeste 3.567.421 2.366.493 663 Sudeste 7.019.131 8.747.880 1.246 Sul 2.985.088 5.507.640 1.845 Centro-Oeste 3.158.763 3.459.832 1.095 Estados Minas Gerais 4.574.085 6.177.356 1.351 Goiás 2.217.158 2.483.366 1.120 Rio Grande do Sul 1.186.301 2.329.607 1.964 Paraná 1.187.065 1.985.343 1.672 São Paulo 1.717.466 1.748.223 1.018 Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal.

A taxa de crescimento do rebanho (vacas ordenhadas) nas últimas décadas

foi desordenada, chegando a ser negativa em alguns períodos, o que reflete a alta

relação entre pecuária leiteira e pecuária de corte.

23

4.5 Características do Segmento Industrial

O segmento industrial da Cadeia Agroindustrial do Leite no Brasil é amplo e

diversificado. A industrialização é feita em diferentes tipos de estabelecimentos, que

a princípio deveriam ser inspecionados pelo Serviço de Inspeção Federal ou pelos

serviços de inspeção estaduais ou pelos serviços de inspeção municipais.

Entretanto, segundo o MAARA (Ministério da Agricultura, do Abastecimento e

da Reforma Agrária), do total de leite produzido no país, somente cerca de 52-57% é

inspecionado pelo governo.

A Figura 2 ilustra a evolução da industrialização brasileira de leite em

estabelecimentos inspecionados de 1997 a 2001. Registra-se aumento da

industrialização a taxas crescentes nesse período.

10,0

10,5

11,0

11,5

12,0

12,5

13,0

13,5

1997 1998 1999 2000 2001 2002

Períodos

em b

ilhõe

s de

litro

s

Figura 2 – Evolução da Industrialização Leiteira Nacional Estabelecimentos

Inspecionados. Fonte: IBGE.

24

4.6 Tendências do Consumo

De acordo com Rios (2001), existe uma tendência mundial de mudanças nos

hábitos de consumo, com ênfase na demanda crescente por qualidade, na

segmentação do mercado e na ampliação da concorrência. Nesse cenário, todos os

segmentos da Cadeia Agroindustrial terão que se adaptar às novas condições do

mercado, explorando seus recursos de forma adequada e utilizando tecnologias

apropriadas.

Na década de 90, o ritmo de lançamento de novos produtos acelerou-se,

seguindo a crescente segmentação de mercado, influenciado por critérios de saúde,

nutrição, mudanças na estrutura da família e consumo fora do lar.

Nesse período, a evolução do consumo tem sido superior à taxa de

crescimento populacional, fato que pode ser percebido através da evolução do

consumo per capita no período.

Esses resultados são expressivos e demonstram o potencial de crescimento

do consumo a partir de melhorias do nível de renda e do poder de compra da

população, observados a partir da estabilização da economia no Brasil.

100105110115120125130135140

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000

Períodos

litro

s / h

ab. /

ano

Figura 3 – Evolução do Consumo per capita Nacional (em kg/hab/ano). Fonte: MAARA/SPA, MF/SUNAB, SEPLAN/IBGE.

25

Entretanto, apesar das melhorias significativas observadas nos últimos 5

anos, os níveis atuais de consumo per capta de lácteos ainda são baixos, quando

comparados com o nível de consumo preconizado pela FAO (Food and Agriculture

Organization), que é de 221 kg/hab/ano.

4.7 Aspectos da Sazonalidade da Produção e Industrialização de Leite

Uma das principais características da pecuária leiteira no Brasil é a extrema

variabilidade de sua produção, resultando daí uma considerável instabilidade para a

indústria laticinista. A alta variabilidade da recepção de leite nos laticínios produz

grandes variações nos preços de derivados, dificulta a administração da produção e

é um fator de grande incerteza para as indústrias que beneficiam e comercializam

leite e derivados (SEBRAE, 1996).

A sazonalidade é um reflexo direto da baixa especialização dos produtores

que produzem muito leite no período de safra em detrimento da produção na

entressafra.

No Brasil, os períodos de menor e maior recepção de leite correspondem

respectivamente aos meses de junho e dezembro. Nos últimos 5 anos a diferença

média entre o maior e menor volume de leite industrializado mensalmente no país foi

de 24% (Pesquisa Mensal do Leite - IBGE).

A Figura 4 apresenta graficamente o comportamento médio mensal da

industrialização de leite no Brasil.

26

80%85%90%95%

100%105%110%115%120%

J F M A M J J A S O N D

Meses

Figura 4 – Comportamento Médio Mensal da Industrialização de Leite no

Brasil - 1997 a 2001 (Produção Média = 100). Fonte: IBGE e RIOS Estudos & Projetos.

Essa extrema variabilidade da industrialização de leite dificulta a

administração da produção e o planejamento de estoques, reduz a eficiência da

indústria no período da entressafra e produz grandes variações nos preços de

derivados durante todo o ano.

4.8 Tendência de Preços

A sazonalidade na produção e na industrialização de leite afetam diretamente

o comportamento do mercado consumidor. Esses efeitos podem ser percebidos

claramente através da análise do comportamento dos preços.

A impossibilidade de se estocar leite na forma “in natura”, as limitações

tecnológicas para estocagem de derivados frescos e a falta de estrutura física e

recursos financeiros das indústrias para estocagem de produtos de uma maneira

geral causam extrema variação na oferta de derivados nos períodos de safra e

entressafra (SEBRAE, 1996).

Essa variação na oferta, por sua vez, obriga a indústria a reduzir os preços

para escoar o excedente de produção nos meses de safra e causa elevação dos

27

preços na entressafra. Esses fatos se agravam uma vez que as políticas de

importação para estabilizar a oferta de derivados têm sido historicamente mal

aplicadas, contribuindo inclusive para aumentar a instabilidade do mercado

(SEBRAE, 1996).

A instabilidade dos preços de derivados no mercado brasileiro pode ser

percebida através da Figura 5. Utilizou-se dados do mercado de lácteos de São

Paulo, considerando que o mesmo é balizador de preços para o mercado nacional.

Os dados foram obtidos junto à Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE)

e correspondem às variações médias de preços de derivados lácteos no mercado de

São Paulo nos últimos anos. Os cálculos foram feitos igualando-se o preço anual

médio de cada produto a 100 e calculando-se as variações acima e abaixo desse

valor durante o ano.

80%

90%

100%

110%

120%

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

MESES

VAR

IAÇ

ÃO

(%)

leite em pómussarela

Figura 5 – Comportamento Médio dos Preços de Queijo Mussarela e Leite em

Pó no Mercado de São Paulo (valor médio = 100). Fonte: Fundação de Pesquisas Econômicas do Estado de São Paulo 2002(FIPE).

28

4.9 Importações de Derivados

A prática de importações se tornou instrumento constante de minimização das

crises de abastecimento nos períodos críticos de entressafra. Essa iniciativa, apesar

de válida do ponto de vista conjuntural, aprofundou o problema estrutural do setor,

devido a sua freqüência. Os baixos preços de internalização dos produtos, como

leite em pó, manteiga e queijos, altamente subsidiados nos países de origem,

desestimularam tanto a produção na entressafra quanto a formação de estoques

durante a safra.

Por sua vez, a sazonalidade e os baixos níveis de produção de leite

reduziram a oferta de derivados e provocaram desabastecimento do mercado

interno, particularmente nos meses de entressafra. Dessa forma, ainda que

apresentando um baixo consumo per capta, historicamente a produção brasileira de

derivados não atendeu à sua própria demanda interna. De acordo com o banco de

dados da FAO, o consumo de derivados lácteos no Brasil ainda é pequeno quando

comparado com outros países. Na tentativa de equacionar esses problemas, mais

uma vez a solução histórica encontrada pelo governo foi a importação indiscriminada

de derivados, sem regras de longo prazo ou normas disciplinadoras, deixando o

mercado interno e os preços ainda mais instáveis (Sebrae, 1996).

Nesse cenário, a prática de importações se tornou instrumento constante de

minimização das crises de abastecimento nos períodos críticos de entressafra. Essa

iniciativa, apesar de válida do ponto de vista conjuntural, aprofundou o problema

estrutural do setor devido à sua frequência. Os baixos preços de internalização dos

produtos, como leite em pó, manteiga e queijos, altamente subsidiados nos países

de origem, desestimularam tanto a produção na entressafra quanto a formação de

estoques durante a safra (WILKINSON, op cit).

Em 1995 e 1996, com a abertura comercial e a melhoria do consumo

estimulada pelo Plano Real, as importações de lácteos mais que duplicaram em

relação à sua média histórica (média histórica de 1 bilhão de litros). Em 1995 foram

importados o equivalente a 3,2 bilhões de litros de leite. Em 1996, este valor foi

29

reduzido passando para 2,3 bilhões de litros, sinalizando um aumento de

investimento setorial e conseqüente elevação da produção interna.

No cenário histórico de importações, destaque especial deve ser dado aos

trabalhos realizados pela CNA nos últimos anos, que culminaram com a definição de

pautas e regras mais estáveis para importação de lácteos no Brasil. Essa conquista

reduziu, em grande parte, as incertezas associadas ao processo histórico de

importação de lácteos no País.

A Figura 6 ilustra a evolução das importações anuais de leite pelo Brasil, de

1980 a 2001, enfatizando que os maiores picos de importação são simultâneos a

momentos de expansão do consumo, e concomitantemente aos planos econômicos

que reduziram a inflação e aumentaram o poder de compra da população (Plano

Cruzado e Plano Real).

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

em m

ilhõe

s de

litro

s

Figura 6 – Importação Anual Brasileira de Lácteos (em equivalente leite). Fonte: IBGE, MAA, MF, SECEX/MDIC.

30

4.10 Novas relações comerciais do Brasil no mercado internacional de lácteos

Após a fixação do direito antidumping em 23 de fevereiro de 2001, a produção

de leite no Brasil cresceu significativamente. Os efeitos do enorme crescimento da

produção só não foram maiores porque as importações, neste ano, foram muito

menores do que as do ano anterior. Ao lado do crescimento da produção verifica-se

forte retração do consumo, provocada, principalmente, pela crise de energia elétrica

denominada “apagão”. A combinação de crescimento da oferta e retração da

demanda provocou um fenômeno pouco conhecido no mercado doméstico de

lácteos, qual seja, elevada queda do preço do leite em pleno período de entressafra.

De janeiro a dezembro de 2001, a produção de leite no Brasil, quando

comparada com a de igual período em 2000, cresceu 5%. Vale registrar que a taxa

histórica de crescimento da produção nacional é de 3% ao ano. Quanto à

importação de lácteos, esta reduziu de janeiro a dezembro de 2001, em relação a

igual período de 2000, em cerca de 50%.

O desajuste do mercado doméstico de lácteos, a partir de junho de 2001,

provocou duas reações dos produtores: 1) Acusação de que a queda do preço era

ampliada pela indústria e pelo distribuidor (supermercado); e 2) Despertou a cadeia

produtiva do leite para a possibilidade de exportar o excedente, como forma de

enxugar o mercado, nesse momento de crise.

Nos últimos dois anos, o mercado doméstico de lácteos experimentou duas

situações opostas, quais sejam, muitas importações em 2000 e a possibilidade de

exportar o excedente do mercado em 2001. Tais experiências colocam o setor de

lácteos em situação semelhante à de outros produtos, tais como milho e carne

bovina, que ora são importados, ora são exportados, dependendo dos mercados

doméstico e internacional. Assim, as novas relações comerciais do Brasil no

mercado internacional têm duas frentes: uma referente às importações e outra, às

exportações. Para as importações, a estratégica é neutralizar, com tarifas

compensatórias, as distorções do mercado; para a exportação, há necessidade de

significativos investimentos na qualidade de leite e derivados.

31

4.11 Os Principais Problemas da Cadeia Agroindustrial do Leite no Brasil

A análise histórica da economia agrícola brasileira mostra que a atividade

leiteira foi a mais penalizada pelas políticas públicas. A característica mais marcante

das políticas que afetaram a atividade leiteira diz respeito à busca de resultados

imediatos ou de curto prazo. Pouco se fez numa perspectiva de mais longo prazo,

objetivando solucionar os enormes problemas estruturais da atividade (WILKINSON,

1992).

Em decorrência dessas políticas imediatistas, o problema mais grave da

pecuária leiteira se tornou a baixa especialização de seus produtores, limitando

historicamente tanto a eficiência quanto o crescimento do setor leiteiro no País, além

de provocar grande sazonalidade na produção de leite.

Yamaguchi et alli (2001) destacam as principais características responsáveis

pelo atraso da produção leiteira nacional:

a) o segmento da produção primária é composta em maior parte por pequenos

produtores, que atuam de forma bastante atomizada no mercado;

b) a tecnologia de produção tradicionalmente utilizada por grande parte dos

produtores é caracterizada pela utilização de terra e mão-de-obra como

fatores básicos de produção, sendo poupadora de capital;

c) o rebanho leiteiro nacional é constituído, em sua maioria, por animais

mestiços que se prestam à dupla finalidade leite/carne, sendo reconhecidos

como de baixo potencial genético para a produção de leite;

d) as pastagens nativas constituem a base da sustentação alimentar do rebanho

leiteiro nacional. Entretanto, em geral essas pastagens ocupam áreas de

baixa fertilidade natural ou degradadas pela prática da agricultura extrativista

do passado, ou ainda, áreas de topografia acidentada, de reduzido interesse

para a atividade agrícola;

32

e) ao lado da não-especialização do rebanho e da alimentação deficiente, são

também insatisfatórios os aspectos de manejo geral do rebanho, controle

reprodutivo, práticas sanitárias, condições gerais de higiene, infra-estrutura de

produção e práticas administrativas.

Os autores destacam que esse quadro é agravado ainda mais, quando

associado à ausência de uma política setorial bem definida e de longo prazo,

resultando em ações quase sempre imediatistas e sem grande contribuição efetiva

para o desenvolvimento da pecuária leiteira nacional.

33

5 A CADEIA AGROINDUSTRIAL DO LEITE NO MARANHÃO

5.1 Evolução da Produção

A produção de leite no Maranhão representa 0,9% da produção nacional e

8,26% da produção total da região Nordeste, com um volume total de 195,4 milhões

de litros produzidos em 2002 (IBGE, 2003), conforme demonstrado na Figura 7.

120.000130.000140.000150.000160.000170.000180.000190.000200.000

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Períodos

em m

il lit

ros

Figura 7 – Evolução Anual da Produção Leiteira no Maranhão. Fonte: IBGE.

Considerando-se o cenário nacional, na última década o estado do Maranhão

apresentou um pequeno aumento de participação relativa em relação ao restante do

País, mas obteve um elevado crescimento em relação à região Nordeste. Entre 1990

e 2002 a participação do estado foi aumentada de 0,88% para 0,9% em relação à

produção brasileira e sua importância em relação à região Nordeste passou de

6,21% para 8,26% no mesmo período.

As Figura 8 e Figura 9 apresentam a evolução da participação da produção

leiteira no estado do Maranhão em relação à produção do Brasil e da região

Nordeste, respectivamente.

34

0,90%0,90%

0,80%0,90%0,90%0,90%

0,80%0,70%0,70%0,70%

0,80%0,76%

0,90%

0,0% 0,2% 0,4% 0,6% 0,8% 1,0%

1990199119921993199419951996199719981999200020012002

Figura 8 – Evolução da Produção Relativa de Leite - Maranhão / BRASIL

(1990 a 2002). Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal.

6,21%6,20%

5,80%7,90%7,90%

7,70%5,90%

5,80%6,60%

7,00%6,90%6,86%

8,26%

0,0% 1,0% 2,0% 3,0% 4,0% 5,0% 6,0% 7,0% 8,0% 9,0%

1990199119921993199419951996199719981999200020012002

Figura 9 – Evolução da Produção Relativa de Leite - Maranhão / Nordeste (1990 a 2002).

Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal.

A recuperação da participação do estado do Maranhão em relação à

produção nacional e à da região Nordeste é decorrente da elevada taxa de

crescimento da produção de leite no estado em relação à produção nacional e

regional entre 2001 e 2002. No período de 1990 a 2002, a produção nacional

cresceu a uma taxa anual média de 3,3%, enquanto o estado do Maranhão

apresentou uma taxa de crescimento média de 2,2% ao ano.

35

As taxas médias de crescimento da produção no Brasil, na região Nordeste e

no estado do Maranhão estão apresentadas na Tabela 5.

Tabela 5 – Taxa Média de Crescimento da Produção de Leite (1990 a 2002) Descrição Taxa Geométrica de Crescimento (1990/2002) Brasil 3,3% Nordeste 1,1% Maranhão 2,2% Fonte: IBGE

O desempenho da produção de leite no estado do Maranhão poderia ter sido

superior ao observado para o conjunto do País, caso não fossem as taxas negativas

de crescimento registradas principalmente no período de 1996 a 1998, quando a

produção do estado apresentou sucessivas reduções. Entretanto, a partir de 1999 a

produção no estado voltou a crescer a taxas superiores ao observado para o

conjunto do Brasil, principalmente entre 2001 e 2002 (Figura 10).

5,90%

-2,50%

1,90%5,20%

3,30%

-4,00%

-0,30% -1,00%

3,70%5,20%

3,70%

25,70%

-10%

-5%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

taxa

de

cres

cim

ento

anu

al

Figura 10 – Evolução das Taxas Anuais de Crescimento da Produção de Leite

no Estado do Maranhão (1991 a 2001) Fonte: IBGE.

Portanto, uma vez mantidas as taxas positivas de desempenho global da

pecuária leiteira no estado do Maranhão nos próximos anos, espera-se um aumento

36

gradual da importância da pecuária leiteira maranhense em relação à pecuária

nacional.

5.2 Distribuição Espacial da Produção no Estado

Para fins de avaliação do comportamento interno da produção de leite no

estado, utilizou-se a classificação adotada pelo IBGE que identifica as mesorregiões

do estado. A Figura 11 apresenta graficamente a participação relativa das 5

mesorregiões em relação à produção total do estado.

Oeste Maranhense - MA

49,7%

Norte Maranhense - MA

7,1%

Centro Maranhense - MA

22,9%

Leste Maranhense - MA

8,0%

Sul Maranhense - MA12,3%

Figura 11 – Distribuição Espacial da Produção de Leite na Maranhão por

Mesorregiões (2002). Fonte: IBGE.

Apesar do resultado positivo da evolução da produção de leite no Maranhão

durante a última década, esse comportamento não foi homogêneo internamente no

estado. Enquanto algumas mesorregiões apresentaram certo grau de estagnação,

outras tiveram sua produção ampliada a taxas muito superiores ao comportamento

médio no estado (Figura 12).

37

0

20.000

40.000

60.000

80.000

100.000

120.000

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Norte Maranhense - MA Oeste Maranhense - MA Centro Maranhense - MALeste Maranhense - MA Sul Maranhense - MA

Figura 12 – Evolução da Produção de Leite no Maranhão por Mesorregiões de

1990 a 2002 (em mil litros). Fonte: IBGE.

Como resultado desse processo, observa-se uma mudança no cenário

estadual de produção de leite, com algumas mesorregiões ganhando maior

importância em detrimento de outras.

As características de produção das mesorregiões do estado estão

apresentadas na Tabela 6, que traz ainda informações sobre a importância relativa

das mesorregiões em relação à produção total do estado e sobre a taxa geométrica

de crescimento da produção entre 1990 e 2002.

Tabela 6 – Características da Produção de Leite nas Mesorregiões Produtoras do Estado o Maranhão

Mesorregiões Produção em 2002 (mil litros)

Importância Relativa (%)

TGC * 1990/2002

Norte Maranhense - MA 13.927 7,13% 2,39% Oeste Maranhense - MA 97.100 49,68% 5,16% Centro Maranhense - MA 44.743 22,89% -0,64% Leste Maranhense - MA 15.681 8,02% 3,49% Sul Maranhense - MA 23.996 12,28% -1,68%

Maranhão 195.447 100,0 2,20% * TGC – Taxa Geométrica de Crescimento no período. Fonte: IBGE.

38

5.3 Características da Indústria de Laticínios no Estado do Maranhão

O segmento industrial da Cadeia Agroindustrial do Leite no estado do

Maranhão pode ser dividido em quatro grandes grupos, de acordo com suas

características particulares de atendimento às normas de inspeção sanitária de

produtos de origem animal – laticínios com inspeção federal, laticínios com inspeção

estadual, laticínios com inspeção municipal e laticínios sem inspeção sanitária.

Quadro 1 – Distribuição dos estabelecimentos industriais de processamento de leite e derivados no estado do Maranhão - por categorias (2003)

Categorias Número de Estabelecimentos Laticínios com registro SIF (federal) 07 Laticínios com registro SIE (estadual) 13 Laticínios com registro SIM (municipal) (desconhecido) Laticínios sem inspeção sanitária (desconhecido) Fonte: Serviço de Inspeção Federal – SIF e Serviço de Inspeção Estadual – SIE

O tipo de inspeção sanitária à qual as empresas estão vinculadas determina a

esfera comercial possível de atuação pela mesma. As empresas com registro SIF

podem comercializar seus produtos em todos os estados brasileiros, as empresas

com registro SIE podem comercializar seus produtos somente dentro do estado do

Maranhão e as empresas com registro SIM podem atuar somente dentro do

município onde a mesma encontra-se instalada. As empresas sem registro sanitário

são consideradas clandestinas.

5.4 Evolução da Recepção e Industrialização de Derivados

A Figura 13 ilustra a evolução da industrialização de leite no estado do

Maranhão em estabelecimentos inspecionados pelo Serviço de Inspeção Federal

entre 1998 a 2002. Registra-se aumento da industrialização a taxas crescentes

nesse período, com taxas relativamente baixas de sazonalidade na maior parte do

período analisado.

39

0,00,51,01,52,02,53,03,54,0

jan/

98

jan/

99

jan/

00

jan/

01

jan/

02

em m

ilhõe

s de

litro

s

Figura 13 – Evolução da Industrialização Mensal de Leite nas Indústrias

Inspecionadas pelo Serviço de Inspeção Federal no Maranhão. Fonte: IBGE e Serviço de Inspeção Federal – SIF.

5.5 Destino Final do Leite no Estado

A Figura 14 ilustra a destinação final do leite no estado do Maranhão,

considerando o comportamento no período de 1997 a 2001. Os valores foram

calculados com base em informações do IBGE sobre a produção de leite no estado

em comparação com os valores registrados pelo Serviço de Inspeção Federal e

ainda considerando os valores estimados para os estabelecimentos com registro SIE

através dos resultados da pesquisa de campo.

Os números são suficientes para demonstrar o elevado grau de informalidade

sanitária no estado, uma vez que somente um reduzido percentual do leite produzido

é captado por estabelecimentos inspecionados pelo SIF ou SIE.

40

SIE21%

SIF19%

Informal60%

Figura 14 – Destino Final do Leite Produzido no Estado do Maranhão em 2002. Fonte: Serviço de Inspeção Federal – SIF/MA, Serviço de Inspeção Estadual do Estado do

Maranhão. Adaptado por RIOS Estudos & Projetos

5.6 Características do Mercado

É consenso no setor lácteo nacional de que o mercado do Nordeste,

representam um grande potencial para a comercialização de derivados lácteos.

Além do mercado existente, é importante ressaltar as oportunidades

decorrentes da ampliação da renda nacional, particularmente na região Nordeste,

onde a demanda reprimida da população representa uma oportunidade a ser

explorada pelas empresas instaladas nesses estados.

Não existem dados estatísticos disponíveis sobre o consumo de derivados

lácteos no Maranhão. Entretanto, dados primários coletados durante a pesquisa,

junto às principais redes de supermercados do estado, indicam as principais

características do comércio no Maranhão.

Em relação às grandes redes de supermercados, as informações

disponibilizadas sobre a compra de derivados lácteos indicam que grande parte da

41

aquisição desses produtos é originária de outros estados, uma vez que poucas

empresas inspecionadas operam no Estado do Maranhão.

6 RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO

6.1 Segmento Produção

Os trabalhos de pesquisa de campo desenvolvidos junto ao setor de produção

de leite tiveram como prioridade a identificação das características gerenciais e

tecnológicas dos produtores de leite associados às empresas de laticínios

formalmente estabelecidas na região de estudo.

Essa estratégia foi definida com o objetivo de avaliar detalhadamente as

características dos produtores integrados formalmente à Cadeia Produtiva do Leite

na região. Destaca-se que as avaliações sobre o universo dos produtores foram

anteriormente estudadas detalhadamente através dos trabalhos coordenados pela

agência regional do Sebrae de Bacabal.

O presente estudo, portanto, complementa os resultados obtidos através do

diagnóstico global da produção desenvolvido pela agência regional do Sebrae de

Bacabal, aprofundando as análises em relação à estrutura de produção e às

características gerenciais do grupo de produtores de leite que possui vínculos com

as empresas de laticínios instaladas na região.

6.1.1 Destino da Produção

42

Refletindo o direcionamento dado à metodologia da pesquisa, que privilegiou

a realização de entrevistas junto aos produtores vinculados aos laticínios, a venda

do leite para empresas regionais constitui-se no principal destino da produção de

leite entre os produtores participantes da pesquisa. Entre os produtores

entrevistados, 76% vendem sua produção para empresas instaladas na região.

Entretanto, outros resultados identificados na pesquisa são a venda para

atravessadores, a fabricação de queijos na própria propriedade e a venda do leite “in

natura” diretamente para consumidores (Figura 15).

76%

14%

7%

3%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

Laticinios da Região

Atravessador

Beneficia o próprio Leite(Queijo)

Venda in Natura

Figura 15 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção

de leite e derivados no Maranhão conforme os laticínios que compram sua produção.

Fonte: Dados da pesquisa.

A elevada incidência de produtores que vendem leite diretamente aos

laticínios da região justifica-se pelo direcionamento dado à pesquisa de campo, cujo

foco de entrevistas priorizou a realização de entrevistas junto aos produtores

associados aos laticínios formalmente instalados na região.

Entretanto, observa-se que a presença do comércio de leite junto aos

atravessadores é significativa, mesmo entre os produtores vinculados aos laticínios

regionais, onde a industrialização do próprio leite e a venda do leite “in natura” ainda

43

apresentam importância sobre o destino final da produção, confirmando que esses

modelos informais de comercialização são realmente expressivos na região de

estudo.

Esses resultados são coerentes com os obtidos pelo levantamento da

produção de leite na região, desenvolvido sob coordenação do Sebrae-Bacabal,

onde o conjunto dos produtores da região de estudo apresenta grande incidência de

comercialização de leite para atravessadores e ainda na forma “in natura”,

constituindo os dois principais destinos da produção em diversos municípios da

região estudada.

Destaca-se que a comercialização de leite para atravessadores tem como

principal característica a posterior transferência do mesmo para ser industrializado

por empresas instaladas fora do estado do Maranhão, transferindo renda para fora

do estado.

A comercialização de leite na forma “in natura” diretamente aos consumidores

finais, por sua vez, reflete o elevado grau de informalidade da Cadeia Produtiva do

Leite no estado do Maranhão e, particularmente, na região de estudo. Nesses casos,

a comercialização de leite cru está associada principalmente aos aspectos culturais

de consumo de leite pela população regional, à reduzida presença de usinas ou de

mini-usinas de processamento de leite na região e também à falta de fiscalização

sanitária adequada junto ao mercado.

6.1.2 Características da Produção

6.1.2.1 Produção Diária de Leite

Os resultados dos trabalhos de campo demonstram que a região de estudo é

caracterizada pela presença de produtores de micro e pequeno porte, cuja produção

média diária situa-se em faixas inferiores a 100 litros de leite/dia (Figura 16).

44

11,11%

51,85%7,41%

18,52%

11,11%

de 0 a 50de 50 a 100de 100 a 150de 150 a 200de 200 acima

Figura 16 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção

de leite e derivados no Maranhão conforme a produção média no último ano (em litros/dia).

Fonte: Dados da pesquisa.

Apesar de inicialmente apresentar-se como uma dificuldade para o

desenvolvimento e modernização do setor, que gradativamente vem exigindo

maiores volumes de produção para justificar os investimentos em modernização,

estudos realizados em outras regiões do Brasil demonstram claramente a viabilidade

da produção de leite em pequena escala, desde que sejam adotadas estratégias

adequadas de produção.

Nesses casos, a atividade de produção de leite apresenta-se como sendo

extremamente importante para o desenvolvimento econômico e social das

comunidades, uma vez que apresenta potencial para gerar renda durante o ano todo

e ainda envolver grande volume de mão-de-obra em todas as etapas dos processos

produtivos.

45

6.1.2.2 Infra-estrutura Disponível para Produção

As análises relativas à infra-estrutura disponível para o desenvolvimento das

atividades de produção de leite contribuem para a avaliação do grau de

especialização dos produtores entrevistados em relação ao desenvolvimento da

atividade.

6.1.2.2.1 Características de Uso da Terra

Os resultados da pesquisa de campo demonstram que a totalidade dos

produtores entrevistados possui pelo menos parte de suas terras ocupada com

pastagens formadas, destinadas à alimentação do rebanho.

6.1.2.2.2 Existência de Benfeitorias

Entre os produtores participantes da pesquisa, 85%, 78% e 59% possuem

respectivamente energia elétrica, casa sede e casa de empregados na propriedade.

Entretanto, considerando-se especificamente a existência de benfeitorias

específicas para a atividade de produção de leite, os resultados demonstram que

somente 41% das propriedades possuem currais e 4% apresentam estábulos.

Portanto, a maioria das fazendas desenvolve as atividades de produção de leite sem

condições adequadas para a manutenção das exigências básicas de qualidade e

cuidados com o rebanho (Figura 17).

46

77,78%

59,26%

40,74%

3,70%

85,19%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00%

Casa sede

Casa empregados

Curral

Estábulo

Energia elétrica

Figura 17 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção

de leite e derivados no Maranhão conforme a existência de benfeitorias na propriedade.

Fonte: Dados da pesquisa.

6.1.2.2.3 Infra-estrutura do local de ordenha

A existência de infra-estrutura apropriada para realização das ordenhas

constitui-se num fator importante para a produção de leite de qualidade, uma vez

que os maiores riscos de contaminação do leite estão presentes no momento da

ordenha dos animais.

Apesar disso, 33% dos entrevistados declararam que não possuem sequer

um local específico para realização da ordenha, sendo a mesma executada em

campo aberto. Nas demais propriedades, 55,6% possuem sala de ordenha com

“chão-batido”, sem piso apropriado. Somente 14,8% das propriedades possuem

estábulos específicos para a prática da atividade.

Esses resultados são significativos, uma vez que reduzem as condições

básicas necessárias para a produção de leite de qualidade pelos produtores da

região (Figura 18).

47

55,56%

14,81%

33,33% Sala de ordenha em chão batido

Estábulo com ordenha manual

Não tem local isolado paraordenha

Figura 18 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção

de leite e derivados no Maranhão conforme a estrutura do local de ordenha.

Fonte: Dados da pesquisa.

6.1.2.3 Tipo de Ordenha

O sistema de ordenha adotado pela totalidade dos produtores entrevistados é

manual, não tendo sido registrada nenhuma propriedade com ordenha mecânica

(Figura 19). Essa característica reflete a realidade da produção de leite regional,

uma vez que o uso de sistemas de ordenha mecânica só é viável para fazendas cuja

produção de leite justifique os investimentos em equipamentos.

48

100,00%

0,00%

0,00%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00%

Manual

Mecânica

Ambas

Figura 19 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção

de leite e derivados no Maranhão conforme o tipo de ordenha. Fonte: Dados da pesquisa.

A baixa aptidão leiteira dos rebanhos pode ser percebida também pela

característica de exploração da atividade na região. Quando avaliamos a freqüência

de ordenhas realizada diariamente, constatou-se que predomina na região a prática

de se realizar somente uma ordenha por dia, característica essa associada a

rebanhos de baixo potencial leiteiro.

6.1.2.4 Características do Rebanho

Os rebanhos na região de estudo caracterizam-se principalmente pela

presença de animais mestiços holandês-zebu, em diferentes graus de

consangüinidade (Figura 20).

49

40,74%

3,70%

74,07%

3,70%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00%

Mestiço menos de ½ HZ

Mestiço em torno de ½ HZ

Azebuado

Mestiço mais de ½ HZ

Figura 20 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção

de leite e derivados no Maranhão conforme a composição racial das vacas.

Fonte: Dados da pesquisa.

Essa mesma característica se mantém quando analisamos as características

de raça dos reprodutores, indicando que a predominância da raça mestiça deva

prevalecer na região.

6.1.3 Indicadores da Atividade

6.1.3.1 Modelos Reprodutivos

O modelo reprodutivo predominante na região é a monta natural não-

controlada, onde os animais machos e fêmeas ficam soltos juntos no pasto e

nenhum controle é feito sobre os períodos reprodutivos adequados (Figura 21).

50

92,59%

7,41% 0,00%

Natural não controladaNatural controladaInseminação artificial

Figura 21 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção

de leite e derivados no Maranhão o tipo de cobertura. Fonte: Dados da pesquisa.

A monta natural não-controlada é considerada ineficiente em termos

reprodutivos, uma vez que não permite explorar adequadamente o potencial

reprodutivo do rebanho, que muitas vezes apresenta eficiência reprodutiva muito

inferior aos índices considerados adequados para a atividade.

Outra causa de baixa eficiência reprodutiva pode ser percebida no controle

relativo à primeira cobertura dos animais, através da qual os produtores poderiam

antecipar o início da vida produtiva das fêmeas. Entretanto, os resultados da

pesquisa de campo novamente demonstram que a grande maioria dos produtores

não possui controle sobre esse processo (Figura 22).

51

14,81%

81,48%

3,70%

de 12 a 24de 24 a 36de 36 a 48

Figura 22 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção

de leite e derivados no Maranhão conforme a idade média da novilha na 1ª cria (em meses).

Fonte: Dados da pesquisa.

Nesses modelos, é comum observarmos grandes intervalos entre partos no

rebanho, causando prejuízos elevados para a eficiência e para a lucratividade da

atividade pecuária. Esse fato ocorre principalmente em função do reduzido número

de bezerros produzidos por fêmea na propriedade durante seu período produtivo,

reduzindo tanto o potencial da produção total de leite quanto o número de animais

do rebanho.

Os prejuízos são ainda mais significativos quando consideramos que ambas

as fêmeas, tanto as de curto intervalo entre partos quanto as de longo intervalo,

mantêm praticamente equivalentes os seus níveis de alimentação e manejo.

Entretanto, as fêmeas de longo intervalo entre partos demandam recursos de

alimentação e manejo, sem entretanto apresentarem resultados correspondentes em

termos de produção de bezerros e leite.

52

6.1.4 Características da Gestão

6.1.4.1 Características do Profissional Responsável pela Gestão da Propriedade

As propriedades rurais que exploram a atividade leiteira na região da

pesquisa são gerenciadas diretamente pelo proprietário ou pelo proprietário em

associação com outros membros da sua família. Somente 3,7% das propriedades

entrevistadas possui administrador externo responsável pela gestão da atividade

leiteira (Figura 23).

77,78%

18,52%3,70%

Apenas proprietárioProprietário e famíliaApenas administrador

Figura 23 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção

de leite e derivados no Maranhão conforme o responsável pela administração da propriedade.

Fonte: Dados da pesquisa.

Um resultado importante refere-se ao fato de que em nenhuma das

propriedades participantes da pesquisa foi constatada a presença das esposas

auxiliando diretamente as atividades de gestão das propriedades, indicando que a

gestão é realizada exclusivamente pelos proprietários ou por seus filhos.

53

6.1.4.2 Grau de escolaridade do administrador

O grau de escolaridade do principal administrador das propriedades

entrevistadas pode ser considerado bom, uma vez que 85% dos entrevistados

possui 4 anos ou mais de estudos (Figura 24).

3,70% 11,11%

18,52%

11,11%29,63%

25,93%2 anos3 anos4 anos

5 anos6 anos7 anos

Figura 24 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção

de leite e derivados no Maranhão conforme o número de anos de escolaridade do administrador.

Fonte: Dados da pesquisa.

Esse fator é positivo, uma vez que reflete a possibilidade de transferência de

conhecimentos técnicos e gerenciais com maior facilidade para os administradores

das propriedades, criando alternativas para minimizar as deficiências identificadas

na pesquisa de campo.

54

6.1.4.3 Fontes de Novos Conhecimentos

A identificação das principais fontes utilizadas pelos produtores para obtenção

de novos conhecimentos é uma característica importante na atividade leiteira, uma

vez que permite direcionar os esforços futuros no intuito de ampliar a transferência

de conhecimentos para os produtores rurais.

No caso da região de estudo, os técnicos das instituições estaduais e os

vizinhos foram citados como sendo as 2 principais fontes de conhecimentos

consultadas pelos produtores para melhorar seus conhecimentos sobre a atividade

(Figura 25).

37,04%

40,74%

11,11%

18,52%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00%

Vizinhos

Técnicos de instituiçõesestaduais

Casa Veterinária

Nenhum

Figura 25 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção

de leite e derivados no Maranhão conforme as fontes de novos conhecimentos sobre a atividade leiteira.

Fonte: Dados da pesquisa.

Nesses casos, acredita-se que estratégias que combinem o uso de

treinamentos oferecidos pelos técnicos estaduais juntamente com trabalhos

desenvolvidos em fazendas selecionadas como “pilotos” e referência nas diversas

regiões apresentem grande potencial para ampliar os conhecimentos e a adoção de

55

práticas adequadas para o correto desenvolvimento da atividade no estado, uma vez

que combinam o conhecimento técnico com o prático, além da possibilidade de

visualizar os resultados nas fazendas vizinhas.

6.1.4.4 Principais Controles Adotados na Atividade

A adoção de controles técnicos e gerenciais reflete o grau de evolução das

questões administrativas nas propriedades rurais. Dessa forma, durante a pesquisa

de campo foram pesquisados os níveis de adoção dos controles considerados

básicos para o desenvolvimento da atividade leiteira, entre eles o registro das

despesas mensais com a atividade, o controle leiteiro mensal e os dados relativos à

cobertura e parição de animais.

Entretanto, apesar da reconhecida importância desses controles para permitir

a realização de análises básicas sobre o desenvolvimento da atividade, percebe-se

que a grande maioria dos produtores na região não adota tais procedimentos,

eliminando qualquer possibilidade de uma efetiva gestão da atividade pecuária

(Figura 26).

56

25,93%

0,00%

3,70%

0,00%

74,07%

100,00%

96,30%

100,00%

0,00% 10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

Data de nascimento debezerros

Data de cobertura

Controle leiteiro mensal

Anotações de despesase receitas com o gado

NãoSim

Figura 26 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção

de leite e derivados no Maranhão conforme os controles aplicados.

Fonte: Dados da pesquisa.

6.1.4.5 Planejamento da Atividade

Nenhum dos produtores entrevistados realiza qualquer tipo de planejamento

sobre a exploração futura da atividade leiteira. Em todos os casos, as decisões são

tomadas exclusivamente com base nas percepções imediatas do proprietário sobre

o desenvolvimento da atividade.

6.1.4.6 Sucessão Familiar

Apesar das dificuldades enfrentadas pelos produtores na gestão e exploração

da atividade leiteira, 70,3% dos entrevistados declararam que esperam que seus

filhos continuem explorando a pecuária de leite após a aposentadoria dos pais

(Figura 27).

57

70,37%

11,11%

18,52%Filhos continuarão com o gado deleiteFilhos trocarão de atividadeagropecuária Não Sabe

Figura 27 – Distribuição percentual média do total das propriedades dos

entrevistados no segmento produção de leite e derivados no Maranhão conforme a opinião sobre a sucessão do gado de leite na sua propriedade.

Fonte: Dados da pesquisa.

Esses resultados reforçam a importância social da pecuária de leite para a

região de estudo, sinalizando ainda que o desenvolvimento de ações concretas para

melhoria das condições dos produtores irá contribuir também para a melhoria futura

das condições sociais do estado.

Além disso, a elevada expectativa de continuidade dos filhos em relação à

exploração da atividade de pecuária de leite indica que devem ser desenvolvidos

esforços também no sentido de treinar e capacitar os herdeiros para permitir que os

mesmos possam assumir as propriedades com conhecimentos mais adequados que

os atualmente disponíveis para seus pais.

6.1.5 Avaliação de Conhecimentos sobre a atividade

Esse capítulo foi destinado a avaliar o conhecimento dos produtores

participantes da pesquisa em relação a tópicos e fatos comuns à atividade de

58

pecuária de leite. O objetivo do mesmo é caracterizar o grau de conhecimento geral

do setor em relação a esses tópicos, auxiliando conseqüentemente na avaliação da

eficiência das práticas atuais de extensão rural adotadas na região e no

planejamento das ações futuras (Figura 28).

59

37,00%

92,60%

40,70%

63,00%

63,00%

85,20%

85,20%

11,10%

22,20%

88,90%

85,20%

77,80%

55,60%

74,10%

63,00%

7,40%

18,50%

7,40%

37,00%

14,80%

14,80%

63,00%

77,80%

11,10%

14,80%

22,20%

14,80%

25,90%

0,00%

0,00%

40,70%

29,60%

0,00%

0,00%

0,00%

25,90%

0,00%

0,00%

0,00%

0,00%

29,60%

0,00%

0,00

%

10,0

0%

20,0

0%

30,0

0%

40,0

0%

50,0

0%

60,0

0%

70,0

0%

80,0

0%

90,0

0%

100,

00%

a) as vacas secas não devem receberalimentação suplementar porque não dão lucro

b) em rebanhos leiteiros que não possuem bomsistema alimentar, as novilhas demoram mais a

dar cria

c) há vantagens em adicionar água ao alimentovolumoso ou concentrado para vacas leiteiras

d) o corte da capineira deve ser sempre baixo,rente ao solo

e) existe um sal mineral capaz de combatervermes intestinais

f) deficiências minerais atrasam o cio

g) sal mineral em excesso pode provocar aborto

h) na inseminação artificial o risco detransmissão de doenças é maior que na monta

natural

i) é recomendável prolongar o período delactação além de 10 meses em uma vaca de

alta lactação

j) os carrapatos devem ser completamenteerradicados dos animais

k) é possível novilhas parirem com mamite

l) o grau de sangue tem influência na fertilidadedos animais

m) não se deve dar cana com uréia para vacasem gestação

n) pastagens em solos com elevada fertilidadereduzem o consumo de sais minerais

Não SabeFV

Figura 28 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção

de leite e derivados no Maranhão conforme opinião em relação a alguns tópicos de conhecimento técnico da atividade leiteira.

60

Fonte: Dados da pesquisa.

6.1.6 Importância social e econômica da pecuária de leite

A atividade leiteira constitui-se na principal fonte de renda dos produtores

entrevistados, sendo a única fonte de renda para a maioria deles. Não foram

registradas ocorrências de outras fontes significativas de renda para os produtores

participantes da pesquisa, conforme demonstra a Figura 29.

100,00%

18,52%

3,70%

7,41%

11,11%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00%

Pecuária de leite

Outras criações

Culturas permanentes

Culturas anuais

Atividades fora daPropriedade

Figura 29 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção

de leite e derivados no Maranhão conforme a ocorrência dos tipos de atividades geradoras de renda dentro e fora da propriedade.

Fonte: Dados da pesquisa.

6.1.7 Capacitação e Treinamento

61

A maioria dos produtores participantes da pesquisa não participou de

qualquer tipo de treinamento no último ano. Entre os produtores que participaram de

treinamentos, as maiores incidências foram registradas para as áreas de

inseminação, alimentação animal e manejo (Figura 30).

3,70%

22,22%

22,22%

18,52%

14,81%

7,41%

59,26%

0,00% 10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

Vacinação

Inseminação artificial

Alimentação animal

Manejo

Reprodução

Higiene na ordenha

Não participou de treinamentos

Figura 30 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção

de leite e derivados no Maranhão conforme os participantes em treinamentos no último ano.

Fonte: Dados da pesquisa.

Questionados sobre a qualidade e a contribuição dos treinamentos para o

desenvolvimento de suas atividades, a totalidade dos produtores que participaram

dos treinamentos consideraram os mesmos excelentes ou bons, indicando uma

elevada satisfação e a possibilidade de oferta de outros treinamentos nas mesmas

regiões, além da variação ou aprofundamento dos temas iniciais.

Caso fossem oferecidos novos treinamentos nos próximos anos, o interesse

dos produtores entrevistados encontra-se focado principalmente nas áreas técnicas,

reforçando os resultados da pesquisa de campo sobre a carência dos produtores em

relação aos conhecimentos básicos para exploração da atividade de pecuária de

leite.

62

As principais áreas de interesse dos produtores para receber treinamentos

futuros encontram-se relacionadas na Figura 31.

44,44%

33,33%

29,63%

44,44%

22,22%

22,22%

3,70%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00%

Vacinação

Inseminação artificial

Alimentação do rebanho

Manejo do rebanho

Reprodução

Higiene na ordenha

Planejamento da Atividade

Figura 31 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento produção

de leite e derivados no Maranhão conforme sua opinião sobre em qual assunto deveria acontecer o treinamento.

Fonte: Dados da pesquisa.

6.2 Segmento Industrialização

6.2.1 Histórico das Empresas

6.2.1.1 Ano de Fundação

Os resultados dos trabalhos de campo demonstram que as empresas

formalmente estabelecidas na região de estudo foram fundadas num passado

63

recente, principalmente a partir de 1995, indicando que o segmento industrial era

totalmente desestruturado na região de estudo até meados da década de 90.

6.2.1.2 Motivação para Implantação

A partir de 1995 novas empresas se instalaram formalmente na região de

estudo, motivadas por oportunidades de negócio vislumbradas no setor industrial

lácteo regional e ainda pela oportunidade de industrializar o próprio leite, face à

insatisfação com os compradores de leite que historicamente atuavam na região

(Figura 32).

37%

13%13%

37%

Oportunidade de negócio

Tradição familiar

Proprietário trabalhou no ramo ecriou a empresa própriaInsatisfação com a indústria queera compradora

Figura 32 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas

conforme o motivo de abertura da empresa nesse ramo. Fonte: Dados da pesquisa.

6.2.2 Características Administrativas

64

6.2.2.1 Estrutura Acionária e Modelo de Gestão

Em relação à estrutura acionária das empresas de laticínios da região, com

exceção da unidade industrial instalada no município de Imperatriz e pertencente à

Cooperativa Agropecuária do Vale de Tocantins Ltda, cuja infra-estrutura encontra-

se arrendada para Comilla Industria e Comércio Ltda, as demais empresas

participantes do estudo possuem estrutura acionária familiar, onde o proprietário é o

principal responsável pela gestão do negócio.

A elevada presença de empresas familiares no setor é um reflexo direto do

tamanho dos empreendimentos de laticínios no estado, onde as fábricas são

predominantemente de micro e pequeno porte.

Somada à constatação de que as empresas de laticínios foram fundadas num

passado recente, o registro da reduzida presença de grupos empresariais com

experiências anteriores de atuação junto ao setor industrial lácteo indica ainda uma

possível carência de conhecimentos técnicos e gerenciais específicos no setor.

Essas questões serão confirmadas nos capítulos a seguir.

6.2.2.2 Adoção de Ferramentas Gerenciais

As características de adoção de ferramentas gerenciais básicas podem ser

utilizadas como um importante instrumento de avaliação do grau de profissionalismo

empresarial predominante nas empresas pesquisadas.

Entre as diversas ferramentas gerenciais consideradas como básicas para

gestão adequada de agroindústrias, foram selecionados os controles de estoque de

produtos e almoxarifado, os controles de rendimentos industriais e os controles de

custos como referências para avaliação da gestão nos laticínios participantes do

estudo. Os resultados encontram-se apresentados a seguir.

65

6.2.2.2.1 Controles de Estoques

O controle dos estoques de produtos acabados constitui-se numa das

ferramentas mais básicas para o adequado gerenciamento de agroindústrias de

laticínios, uma vez que apresenta as bases necessárias para a implementação de

diversos outros tipos de controles gerenciais, incluindo a avaliação de resultado da

empresa.

De maneira semelhante, o controle de estoques do almoxarifado (insumos,

embalagens e ingredientes) apresenta-se como necessário para permitir a avaliação

da eficiência da empresa em relação ao uso dos mesmos nos seus diversos

processos produtivos.

Entre as empresas entrevistadas, 49% declararam possuir controles

periódicos de seus estoques de produtos acabados e de itens de almoxarifado e

13% responderam que possuem controles sem períodos definidos para avaliação e

ajuste dos estoques reais em comparação com os registros efetivos dos controles,

indicando que seus modelos de controle não são efetivos. 38% dos entrevistados

declararam que não controlam seus estoques (Figura 33).

66

49%

13%

38% Controles pedióricosControles não periódicosSem controle

Figura 33 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas

conforme a utilização de controles de estoque de produtos acabados e de almoxarifado.

Fonte: Dados da pesquisa.

Em relação às estratégias adotadas para controle dos estoques, somente

duas empresas declararam possuir processos de controles informatizados, sendo

que as demais adotam procedimentos manuais de registros.

6.2.2.2.2 Controles dos Rendimentos de Fabricação

O rendimento de fabricação de produtos lácteos pode ser definido como

sendo a relação entre quantidade de matéria-prima consumida e quantidade de

produto produzido nas etapas industriais. Em termos práticos, o rendimento de

fabricação determina o volume de leite necessário para se produzir um quilo do

produto final. No caso da indústria de laticínios, a relação entre matéria-prima e

produto final representa o principal fator de custo da grande maioria dos produtos

fabricados.

67

No caso das empresas participantes do estudo, 75% dos entrevistados

declararam possuir controles sobre os rendimentos de fabricação de seus derivados,

indicando que essa é uma preocupação da maioria das empresas instaladas na

região de estudo. Entretanto, considerando-se os resultados obtidos para o

rendimento de fabricação do queijo mussarela, principal derivado produzido pelos

laticínios no estado, foram encontrados resultados que variam de 9,3 litros de

leite/kg produto até 11,0 litros de leite /kg de produto, sendo que o rendimento médio

registrado foi de 9,6 litros de leite/kg.

Esses resultados são preocupantes, pois uma empresa que industrialize uma

média de 7 mil litros de leite/dia em queijo mussarela deixaria de produzir 33,9

toneladas de queijo por ano caso tenha seu rendimento de fabricação equivalente a

11,0 litros/kg, comparativamente ao rendimento médio possível de 9,6 litros/kg.

Portanto, apesar da existência de procedimentos para controle dos

rendimentos de fabricação, os resultados da pesquisa indicam a necessidade de

interferência nos sistemas produtivos industriais, com o objetivo de avaliar se tais

rendimentos encontram-se dentro dos parâmetros adequados de eficiência médios

estabelecidos para o setor.

6.2.2.2.3 Controles de Custos

Nos últimos anos, o controle e o gerenciamento adequado dos custos de

produção tornou-se uma das principais ferramentas adotadas pelas empresas para

avaliação e manutenção das suas condições competitivas no mercado.

Essa importância tornou-se ainda mais relevante após a abertura do mercado

e estabilização da economia. Nesse novo cenário, ganhos no mercado financeiro

não são mais suficientes para encobrir ineficiências operacionais. Além disso, o

aumento da concorrência no mercado interno e externo tem restringido a capacidade

das empresas de remarcar preços, obrigando as mesmas a aumentarem sua

eficiência em relação ao gerenciamento de seus custos operacionais.

68

Portanto, existe unanimidade entre pesquisadores e estudiosos em relação à

expectativa de que as empresas que não forem eficientes na gestão de seus custos

de produção serão possivelmente eliminadas do mercado.

Essas constatações são preocupantes quando confrontadas com os

resultados da pesquisa de campo, onde 50% das empresas entrevistadas declaram

não adotar qualquer tipo de procedimento para controle dos sues custos

operacionais. Esses resultados são ainda mais significativos, uma vez que a questão

inicial não avaliava a eficiência das técnicas adotadas pelas empresas entrevistadas,

mas simplesmente o fato das mesmas possuírem algum tipo de controle.

Quanto questionadas sobre as técnicas adotadas para controle dos custos, as

empresas que possuem controles disseram adotar procedimentos de rateio simples

das despesas para os produtos produzidos e ainda o uso de fórmulas que permitem

calcular o custo final (Figura 34).

49%

38%

13%

NenhumRateio simplesFórmulas

Figura 34 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas

conforme o método adotado para determinação dos custos. Fonte: Dados da pesquisa.

69

Apesar de representar um referencial inicial para avaliação do desempenho

dessas empresas, destaca-se que o uso de tais técnicas não é adequado para

avaliação da eficiência operacional das empresas, uma vez que não consideram os

resultados dos indicadores de industriais na avaliação dos resultados.

Essa baixa eficiência de análise pode ser confirmada pela própria percepção

dos entrevistados que, com exceção da empresa que utiliza fórmulas, declararam-se

insatisfeitos com as técnicas adotadas atualmente.

Essas constatações indicam, portanto, a existência de oportunidades e da

necessidade concreta de implantação de controles nas empresas que não os

possuem e de melhoria dos mesmos nas empresas que já adotam essa ferramenta.

6.2.3 Uso da Informática

O rápido desenvolvimento da informática nos últimos anos tem feito com que

o uso dessa ferramenta seja primordial para o adequado gerenciamento e controle

de empresas. Essa característica não é diferente para as empresas do setor de

laticínios, as quais podem utilizar a informática como auxílio em praticamente todas

as etapas administrativas e gerenciais.

Na região de estudo, somente uma das empresas entrevistadas declarou não

possuir computadores. Nas demais empresas, a informática está presente e tem

sido adotada principalmente no suporte às operações de vendas e nos controles

financeiros de contas a pagar e contas a receber.

De acordo com os entrevistados, o uso da informática só não tem sido mais

amplo em função da falta de programas específicos para o setor de laticínios, o que

dificulta o uso da informática de maneira mais abrangente nas empresas.

Questionados em relação às áreas de maior interesse para o desenvolvimento de

novos programas, os entrevistados identificaram o controle dos custos de fabricação

de produtos e os controles relativos ao estoque de produtos e almoxarifado como

sendo os de maior interesse para o setor (Figura 35).

70

12,50%

37,50%

50,00%

12,50%

25,00%

12,50%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00%

Gerenciamento da recepção / pagamento de fornecedores

Controle de estoques

Controle de qualidade da fábrica

Controle de médias de produção

Controles contábeis

Controle de custo de fabricação dos produtos

Controle de vendas / pagamentos e recebimentos

Gerenciamento financeiro

Outros

Figura 35 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas

conforme as áreas em que gostariam que fossem desenvolvidos programas de computador.

Fonte: Dados da pesquisa.

Esses resultados confirmam a carência e a necessidade de melhoria desses

procedimentos, identificadas pela pesquisa de campo durante o desenvolvimento

dos tópicos apresentados anteriormente. Em ambos os casos, é possível o

desenvolvimento de ações conjuntas das empresas e das instituições de fomento do

estado do Maranhão com o objetivo de buscar alternativas viáveis e adequadas para

atendimento das necessidades do setor.

6.2.4 Gestão da Qualidade

Aliada à correta gestão de custos, a produção de produtos de alta qualidade é

apontada como fator determinante tanto da competitividade como da própria

sobrevivência das empresas de alimentos atuantes no mercado.

71

Por esse motivo, visando à manutenção da qualidade de seus produtos, as

empresas têm aprimorado seus processos de gerenciamento da produção, adotando

ferramentas específicas de gestão da qualidade.

Na região de estudo, somente 38% das empresas entrevistadas declararam

possuir programas de gestão da qualidade, indicando uma reduzida preocupação

formal do setor com essa característica (Figura 36).

38%

62%

SimNão

Figura 36 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas

conforme a aplicação de algum programa formal implantado para Gestão de Qualidade Total.

Fonte: Dados da pesquisa.

Questionadas sobre quais os programas de qualidade encontram-se

implantados nos laticínios, a maioria dos entrevistados não souberam informar ou

declararam apenas a preocupação e a transferência de “noções de higiene” aos

funcionários, sinalizando que tais programas não existem ou não estão estruturados

de maneira adequada nas empresas. Somente uma das entrevistadas informou

possuir o Programa Boas Práticas de Fabricação – BPF, implantado formalmente na

empresa com o auxílio do Sebrae-MA.

72

Destaca-se que na indústria de laticínios os programas BPF (Boas Práticas de

Fabricação) e APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle) constituem

os dois principais programas para gerenciamento da qualidade disponíveis para o

setor. O programa BPF é, na realidade, uma etapa preparatória para a implantação

do programa APPCC, exigido e aceito por diversos países dentro de suas práticas

comerciais de importação e exportação de alimentos.

Especificamente em relação ao programa BPF, deve-se ressaltar ainda a

obrigatoriedade da implantação dos mesmos pelas indústrias com inspeção federal a

partir de janeiro de 2004, quando o Ministério da Agricultura irá iniciar as auditorias

externas. Além disso, a implantação do programa BPF tem sido exigida também por

diversas empresas do setor varejista nos processos de seleção de seus

fornecedores.

Portanto, as empresas de laticínios na região de estudo deverão ampliar sua

preocupação em relação à implantação de programas de qualidade, particularmente

o programa BPF, uma vez que o mesmo apresenta uma tendência expressiva de se

tornar referência para o setor no Brasil durante os próximos anos.

Apesar da baixa incidência de implantação de programas de qualidade, 63%

dos entrevistados declararam-se satisfeitos com a qualidade atual dos produtos

produzidos por suas empresas, indicando que tais exigências ainda não afetam de

maneira mais intensa o mercado regional de alimentos no estado do Maranhão

(Figura 37).

73

62,50%

25,00%

12,50%

SimNãoNão respondeu

Figura 37 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas

conforme a satisfação com a qualidade dos produtos fabricados atualmente.

Fonte: Dados da pesquisa.

Questionados em relação às principais dificuldades para a adequada

manutenção da qualidade dos produtos fabricados atualmente, a totalidade dos

entrevistados identificou a falta de capacitação e de treinamento dos funcionários

como sendo o principal empecilho para a produção de derivados de maior qualidade

(Figura 38).

74

100,00%

12,50% 12,50%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

Falta de capacitação/treinamento daequipe interna de produção

Falta de infra-estrutura de produção elaboratório

Outros

Figura 38 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas

conforme a principal dificuldade para manutenção da qualidade dos produtos da empresa.

Fonte: Dados da pesquisa.

6.2.5 Gestão Ambiental

A gestão ambiental nas indústrias de laticínios é um dos fatores que deverá

se tornar limitante para a sobrevivência futura das empresas, tanto sob a ótica da

fiscalização ambiental quanto sob a ótica de exigências do mercado.

Apesar da legislação nacional exigir a adoção de políticas de gestão

ambiental e de tratamento de efluentes para as indústrias potencialmente poluidoras

do meio ambiente, sabe-se que a adoção desses procedimentos ainda é muito

incipiente em todo o Brasil, principalmente quando consideramos as empresas de

pequeno e médio porte. No entanto, as análises sobre as tendências futuras do setor

de laticínios demonstram que esse será um dos fatores limitantes para o

desenvolvimento e até mesmo para o crescimento das empresas a médio e longo

prazos.

Esse perfil pode ser também observado no setor de laticínios do estado do

Maranhão, onde somente 2 dos laticínios entrevistados declaram possuir sistemas

75

para tratamento dos seus efluentes líquidos. Nas demais empresas, os entrevistados

não identificaram o principal motivo para o não-tratamento dos efluentes ou

declararam que não sentem necessidade de adoção do mesmo, devido ao pequeno

porte das empresas (Figura 39).

12,50%

37,50%

50,00%

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00%

Área suficiente

Nunca foi exigido

Desconhecimento sobre oprocesso

Não sente necessidade

Falta de recursosfinanceiros

Não respondeu

Figura 39 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas

conforme o principal motivo citado para o não tratamento dos resíduos.

Fonte: Dados da pesquisa.

Um fator positivo nos resultados da pesquisa de campo refere-se ao fato da

grande maioria das empresas apresentar alternativas para o aproveitamento do soro

produzido nas fábricas ou pelo fato de não produzirem soro nos processos

industriais, uma vez que o descarte do mesmo no meio ambiente constitui-se no

principal fator responsável pelo impacto ambiental da indústria de laticínios.

No caso das empresas que produzem soro durante os processos industriais,

a maioria delas destina o soro para alimentação animal através de criações próprias

ou devolvendo o mesmo para ser aproveitado pelos produtores de leite.

76

6.2.6 Capacitação e Treinamento

O cenário competitivo atual tem exigido das empresas o desenvolvimento

sistemático de ações que possibilitem a ampliação do conhecimento disponível para

suas equipes operacionais e estratégicas, quer seja através do acesso a

publicações especializadas ou ainda através de cursos e treinamentos.

Essa preocupação pode ser também observada no estado do Maranhão,

onde 88% dos dirigentes de laticínios entrevistados declararam atualizar

periodicamente seus conhecimentos utilizando principalmente revistas

especializadas ou ainda através da participação em palestras.

Entretanto, quando questionados sobre a participação dos funcionários e

gerentes em cursos e treinamentos específicos, 62,5% dos entrevistados declararam

que a empresa nunca participou de qualquer programa formal de capacitação ou

treinamento, quer seja desenvolvido na própria empresa ou ofertado por instituições

atuantes na região ou no estado (Figura 40).

77

12,50%

12,50%

37,50%

62,50%

0,00

%

10,0

0%

20,0

0%

30,0

0%

40,0

0%

50,0

0%

60,0

0%

70,0

0%

Treinamento introdutório para novos funcionários

Financeiro

Contábil

Compras

Marketing

Vendas

Custos

Planejamento

Informática

Qualidade Total

Tecnologia de Produção e Derivados

Técnicas Laboratoriais / Controle de Qualidade

Nenhum

Figura 40 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas

conforme os treinamentos mais recentes oferecidos para funcionários da empresa.

Fonte: Dados da pesquisa.

Entre os principais motivos para a reduzida participação em cursos e

treinamentos, os entrevistados citaram a falta de cursos específicos na região como

sendo o principal responsável pela dificuldade oferecer esses cursos aos

funcionários. Outros fatores também citados referem-se ao elevado custo dos cursos

e treinamentos e ao baixo nível cultural dos funcionários, fatores que também

dificultam a participação dos mesmos nos treinamentos (Figura 41).

78

25,00%

12,50%

87,50%

0,00

%

10,0

0%

20,0

0%

30,0

0%

40,0

0%

50,0

0%

60,0

0%

70,0

0%

80,0

0%

90,0

0%

100,

00%

Falta de cursosespecializados na região

Custos dos cursos etreinamentos

Baixo nível cultural dosfuncionários

Figura 41 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas

conforme o principal fator limitante para capacitação dos Recursos Humanos.

Fonte: Dados da pesquisa.

Questionados sobre as áreas de maior interesse para a oferta futura de

treinamento para o setor industrial de laticínios no estado do Maranhão, os

entrevistados identificaram as áreas de controle de custos, gestão de estoques e

tecnologias de produção de derivados como sendo as de maior interesse do setor

(Figura 42).

Esses resultados são extremamente significativos, uma vez que confirmam as

carências percebidas pela equipe de pesquisa durante os trabalhos de campo e

reforçam a importância dessas áreas para o desenvolvimento do setor de laticínios

no estado do Maranhão.

79

75,00%

25,00%

12,50%

62,50%

12,50%

37,50%

12,50%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Controle de Custos

Recursos Humanos

Gestão da Qualidade

Controle de Estoques

Financeira / Contábil

Tecnologias de Produção

Vendas

Figura 42 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas

conforme as principais áreas de interesse da empresa para treinamentos.

Fonte: Dados da pesquisa.

6.2.7 Perfil de Investimentos

As análises relativas ao perfil dos investimentos realizados pelas empresas

participantes da pesquisa reforçam o caráter de desenvolvimento recente do setor e

a tendência de crescimento do mesmo no curto e médio prazo. Essas características

são confirmadas pela constatação de que a totalidade das empresas entrevistadas

realizou novos investimentos para ampliação da fábrica e aquisição de novos

equipamentos no último ano (Figura 43).

80

100,00%

87,50%

0,00%

10,00

%

20,00

%

30,00

%

40,00

%

50,00

%

60,00

%

70,00

%

80,00

%

90,00

%

100,0

0%

Novos equipamentos

Adequação às normassanitárias

Ampliação da fábrica

Desenvolvimento denovos produtos

Figura 43 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas

conforme as áreas em que foi realizado algum investimento na empresa no último ano.

Fonte: Dados da pesquisa.

Além disso, a maioria das empresas possui intenção de ampliar o volume total

de leite processado em 2004 e, nesse sentido, projetos para a realização de novos

investimentos na ampliação das fábricas, na aquisição de novos equipamentos e

desenvolvimento de novos produtos.

Entre as principais fontes de recursos para investimentos estão a reinversão

dos lucros da empresa combinados com recursos próprios (67%) ou com

empréstimos bancários (33%).

Fonte: Dados da pesquisa.

81

6.2.8 Relacionamento com o Setor de Produção Primária

6.2.8.1 Captação de Leite

Confirmando os resultados da pesquisa de campo realizada junto ao

segmento de produção, a grande maioria dos fornecedores dos laticínios

participantes da pesquisa é de pequeno porte, com produção inferior a 100 litros de

leite/dia (Figura 44).

26,20%

62,80%

10,00%

0,00%1,10%

até 50 lts / diade 51 a 200 lts / diade 201 a 500 lts / diade 501 a 1000 lts / diaacima de 1000 lts / dia

Figura 44 – Distribuição percentual do total dos fornecedores de leite em cada

faixa de fornecimento para as indústrias de laticínios pesquisadas. Fonte: Dados da pesquisa.

Além disso, o modelo de compra de leite adotado pelos laticínios da região é

caracterizado pela compra de leite diretamente dos produtores.

Em relação aos sistemas de captação de leite, nenhuma das empresas

entrevistadas possui estrutura para captação de leite resfriado. Nesses casos, todo o

leite captado é coletado em latões.

82

6.2.8.2 Política de Preços ao Produtor

De maneira semelhante ao observado para o segmento dos pequenos

laticínios em todo o Brasil, a principal estratégia adotada para definição de preços é

o acompanhamento dos preços médios praticados no mercado, com a prática de

aumentar os preços em relação ao mercado nos casos em que a empresa tem

interesse em criar um diferencial competitivo ou ampliar sua captação total de leite

na região.

Sobre a adoção de políticas de preços diferenciados em relação ao volume de

leite captado ou ainda em relação à qualidade da matéria-prima adquirida, a

totalidade das empresas declarou não adotar tais estratégias de diferenciação.

6.2.8.3 Relação Indústria e Produtor

A relação entre indústrias e produtores é feita de maneira informal em toda a

região, sem a existência de contratos formais para compra e venda, conforme ocorre

em praticamente todo o Brasil dentro da Cadeia Produtiva do Leite.

Em relação ao desenvolvimento de programas de estímulo à produção, a

maioria das empresas declarou não possuir qualquer tipo de apoio aos produtores.

Nesses casos, a exceção refere-se aos programas de fornecimento de rações e

insumos e à oferta de assistência veterinária desenvolvidos por dois dos laticínios

atuantes na região (Figura 45).

83

12,50%

12,50%

0,00%0,00%

75,00%

Assistência médico-veterinária

Fornecimento de insumos (rações,etc)Financiamento de resfriadores

Cursos / Treinamentos paraprodutoresNão são executados programasjunto aos fornecedores de leite

Figura 45 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas

conforme a existência de algum programa de estímulo e assistência ao fornecedor.

Fonte: Dados da pesquisa.

Questionados sobre os principais desafios para a manutenção e ampliação da

captação de leite, os entrevistados identificaram a concorrência desleal com as

fábricas clandestinas e a elevada sazonalidade da produção de leite como sendo os

principais fatores que limitam o desenvolvimento do setor. Outros fatores citados

foram a estrutura deficiente das estradas e a baixa qualidade do leite produzido na

região.

6.2.9 Características da Industrialização

O segmento industrial da Cadeia Produtiva do Leite no Estado do Maranhão é

caracterizado principalmente pela presença de empresas de micro e pequeno porte,

cuja industrialização diária de leite situa-se abaixo de 10.000 litros de leite/dia.

Nessa faixa de industrialização encontram-se 87,5% das empresas avaliadas

durante os trabalhos de pesquisa de campo (Figura 46).

84

25,00%

25,00%37,50%

12,50%

até 2500de 2500 até 5000de 5000 até 10000acima de 10000

Figura 46 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas

conforme a recepção atual (em litros de leite/dia). Fonte: Dados da pesquisa.

Entre os derivados lácteos mais produzidos, destaca-se a fabricação de

queijo mussarela, produzida por 63% das empresas entrevistadas. Além da

produção de mussarela, os demais derivados produzidos na região são o iogurte,

leite pasteurizado, queijos tradicionais (prato, provolone, coalho) e doce de leite. Não

foram registradas ocorrências de fabricação de derivados com maior exigência

tecnológica, a exemplo dos queijos finos e leite longa vida.

A fabricação de derivados tradicionais justifica-se principalmente pela

reduzida exigência tecnológica desses produtos, que por sua vez podem ser

produzidos sem a necessidade de mão-de-obra especializada. Além disso, os

derivados tradicionais também são menos exigentes em relação à qualidade da

matéria-prima, facilitando o aproveitamento de todo o leite produzido na região,

independentemente de investimentos maciços na melhoria e no controle de

qualidade dos mesmos.

Apesar da baixa incidência de produtos mais elaborados, poucas empresas

manifestaram interesse em diversificar a produção atual. Cerca de 37% dos

85

entrevistados manifestaram interesse em produzir manteiga e doce de leite,

entretanto a quase totalidade deles não soube identificar os fatores que impedem ou

limitam a empresa a diversificar sua linha de produção atual.

6.2.10 Desafios para o Setor

Os principais desafios para o desenvolvimento do setor lácteo foram

subdivididos em fatores internos e externos. Entre os fatores internos, a baixa

qualificação da mão-de-obra local foi citada como sendo o principal fator que impõe

restrições ao desenvolvimento do setor industrial lácteo, seguido de outras

dificuldades como a falta de capital de giro e a dificuldade para aquisição de

insumos no mercado local.

Esses fatores são importantes para a definição de políticas setoriais e para o

estabelecimento de prioridades de ações junto ao setor, uma vez que refletem a

opinião dos dirigentes das empresas e coincidem com os resultados da pesquisa de

campo, particularmente em relação à baixa capacitação técnica e gerencial da mão-

de-obra local.

Em relação aos fatores externos ao laticínio, a elevada carga tributária e a

presença de uma elevada quantidade de laticínios clandestinos na região foram

citados como os principais fatores que impõem dificuldades ao desenvolvimento do

setor (Figura 47).

86

50,00%

12,50%

37,50%

25,00%

0,00%

10,00

%

20,00

%

30,00

%

40,00

%

50,00

%

60,00

%

70,00

%

80,00

%

90,00

%

100,0

0%

Tributação elevada

Falta de apoiogovernamental

Laticínos clandestinos

Nenhum / Não sabe / Nãorespondeu

Figura 47 – Distribuição percentual das indústrias de laticínios pesquisadas

conforme os principais fatores EXTERNOS citados pela empresa, que impõem maior desafio à sobrevivência.

Fonte: Dados da pesquisa.

6.3 Segmento Comercialização

6.3.1 Característica dos entrevistados

A pesquisa de campo do segmento de mercado privilegiou a avaliação do

setor de supermercados, uma vez que esse setor representa a maior parcela do

comércio de alimentos no Brasil. Entretanto, além de supermercados foram feitas

entrevistas também com proprietários de hipermercados, padarias e mercearias.

Esse conjunto de entrevistados é representativo dos diversos portes de

estabelecimentos instalados no mercado varejista da região, como pode ser

constatado através do tamanho médio das lojas (Figura 48).

87

25,00%

20,00%20,00%

15,00%

5,00%

15,00%

de 0 a 250de 250 a 500de 500 a 1000de 1000 a 5000de 5000 acimaNão respondeu

Figura 48 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento

comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme a área do estabelecimento (m²).

Fonte: Dados da pesquisa.

Essa mesma diversidade de estabelecimentos pode ser percebida em relação

ao número de check-outs dos estabelecimentos participantes da pesquisa de campo

(Figura 49).

88

40,00%

15,00%20,00%

10,00%

15,00%

de 0 a 3de 3 a 6de 6 a 9de 9 a 12de 12 acima

Figura 49 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento

comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme o nº de check-outs no estabelecimento.

Fonte: Dados da pesquisa.

As entrevistas foram realizadas principalmente com os proprietários, gerentes

ou encarregados do setor de lácteos, representando um público cujo conhecimento

permitia a avaliação adequada sobre o mercado de lácteos.

6.3.2 Origem dos Derivados lácteos comercializados

89

91,67%

15,88%

24,62%

26,67%

47,89%

20,00%

8,82%

23,94%

11,33%

8,33%

84,12%

75,38%

73,33%

52,11%

80,00%

91,18%

76,06%

88,67%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Leite C (pasteurizado)

Leite UHT (longa vida)

Queijos Brancos

Queijo Prato

Queijo Mussarela

Manteiga

Leite em pó

Iogurte

Requeijão

Maranhão Outros Estados

Figura 50 – Distribuição percentual média do total de cada linha de produtos comercializada no estabelecimento dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme a origem dos produtos vendidos.

Fonte: Dados da pesquisa.

6.3.3 Principais problemas associados à comercialização de derivados lácteos

A identificação da percepção dos entrevistados sobre os principais problemas

associados à comercialização de derivados láteos constituiu a primeira etapa dos

trabalhos de campo, cujo objetivo foi o de identificar as dificuldades operacionais

percebidas pelo segmento de varejo em relação ao setor de laticínios.

6.3.3.1 Leite pasteurizado

Na opinião dos entrevistados, a comercialização do leite pasteurizado tem

como principais fatores limitantes o reduzido prazo de validade do produto e a

adoção de embalagens muito frágeis, que dificultam a logística de estocagem e

90

comercialização. Apesar disso, 40% dos entrevistados não encontram problemas

significativos para a comercialização do leite pasteurizado (Figura 51).

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%

Deterioração fácil

Embalagens frágeis

Falta de equipamentos apropriados paraarmazenagem

Distância do fornecedor

Falta de transporte com boa refrigeração

Não trabalha com esse produto

Sem problemas

Figura 51 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento

comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme os problemas/obstáculos apontados em relação à comercialização do Leite C (pasteurizado).

Fonte: Dados da pesquisa.

6.3.3.2 Leite longa vida

A comercialização de leite longa vida (UHT) não apresenta nenhum tipo de

dificuldade comercial, de acordo com a opinião de 70% dos entrevistados. Entre os

entrevistados que identificaram dificuldades para comercialização desse tipo de

produto, observa-se que as mesmas estão relacionadas à distância entre o

fabricante e as empresas de varejo, uma vez que as empresas regionais não estão

capacitadas a processar leite longa vida.

91

6.3.3.3 Queijos

A comercialização de queijos também é percebida como sendo tranqüila pela

maioria dos entrevistados, tanto em relação aos queijos frescos quanto em relação

aos queijos tradicionais (prato e mussarela).

Em todos os casos, não foram identificados problemas significativos pelo

setor varejista em relação à comercialização desses derivados, destacando-se o fato

de que 95% dos entrevistado comercializam queijos.

6.3.3.4 Manteiga

Cerca de 95% dos estabelecimentos entrevistados comercializam manteiga e

somente 20% deles identificam dificuldades para esse tipo de comércio,

principalmente em relação à ocorrência de problemas de qualidade do produto

durante o transporte (10%) e à prática de preços elevados por parte das empresas

fornecedoras (10%).

6.3.3.5 Leite em Pó

O leite em pó é comercializado por 90% dos estabelecimentos participantes

da pesquisa de campo, sendo que não foram identificados problemas para a

comercialização desse produto durante os trabalhos de pesquisa.

92

6.3.3.6 Iogurtes

Os iogurtes constituem o único grupo de produtos comercializado pela

totalidade dos estabelecimentos entrevistados. Entretanto, esse grupo também

apresenta também o maior percentual de problemas, segundo a opinião dos

entrevistados.

Entre os principais problemas associados ao comércio de iogurtes, podemos

destacar o elevado índice de deterioração e a danificação dos produtos através do

transporte. Os demais problemas citados estão apresentados na Figura 52.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

Falta de transporte com boa refrigeração

Deterioração fácil

Danificação por meio de transporte

Falta de equipamentos apropriados paraarmazenagem

Não trabalha com esse produto

Sem problemas

Figura 52 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento

comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme os problemas/obstáculos apontados em relação à comercialização de Iogurte.

Fonte: Dados da pesquisa.

As razões para esse elevado índice de problemas são diferentes para os

iogurtes fabricados pelas grandes empresas fora do estado e para os iogurtes

produzidos regionalmente. No caso dos iogurtes produzidos fora do estado pelas

grandes empresas de laticínios, a combinação entre perecibilidade do iogurte e a

grande distância entre as unidades industriais (situadas principalmente na região

93

sudeste) interferem na qualidade e principalmente na redução da vida de prateleira

dos produtos comercializados no Maranhão. No caso dos iogurtes produzidos

regionalmente, apesar das vantagens associadas à reduzida distância entre as

unidades industriais e o mercado varejista, constata-se que as deficiências

tecnológicas aliadas à falta de infra-estrutura adequada para transporte dos produtos

contribuem para a perda de qualidade dos mesmos, reduzindo as vantagens

inicialmente associadas à proximidade com o mercado.

6.3.4 Principais estímulos para a comercialização de derivados lácteos

Complementando os trabalhos desenvolvidos na etapa anterior, a

identificação dos estímulos percebidos pelos entrevistados para a comercialização

dos diversos produtos lácteos permite a realização de análises complementares

sobre os principais fatores que devem ser fortalecidos pelo segmento produtivo em

relação ao atendimento das necessidades do segmento comercial.

A boa aceitação dos produtos pelos consumidores pode ser considerada

como um dos principais estímulos para a comercialização de qualquer tipo de

produto pelo setor varejista, uma vez que o mesmo tem como objetivo buscar a

satisfação de seus clientes.

A associação dessa característica com o comércio dos diversos derivados

lácteos está apresentada na Figura 53.

94

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50%

Boa aceitação pelomercado

Nível médio de aceitação

Não trabalha com esseproduto

Nenhum estímulo

Figura 53 – Percentual de entrevistados que relacionaram a boa aceitação dos

consumidores como característica do comércio dos diversos derivados lácteos

Fonte: Dados da pesquisa.

6.3.5 Percepções do Setor Varejista Sobre a Comercialização de Lácteos

6.3.5.1 Aspectos Limitantes no Varejo

95

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

Disponibilidade de Produtos

Relações comerciais com a indústria

Sistema de distribuição

Qualidade dos Produtos

Hábitos de Consumo

Divulgação

Apresentação

Tributação/Governo

Outros

Figura 54 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento

comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme os aspectos apontados como limitantes do varejo.

Fonte: Dados da pesquisa.

6.3.5.2 Vantagens e desvantagens da aquisição de produtos diretamente das indústrias de laticínios

Segundo os entrevistados, a principal vantagem de se efetuar a compra

diretamente dos laticínios é o preço mais baixo praticado pelos mesmos, em

comparação com os preços observados junto aos distribuidores e atacadistas.

Apesar dessa vantagem, 40% dos entrevistados informaram que não efetuam

compras diretamente da indústria, como demonstrado na figura a seguir.

96

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50%

Localização próxima

Preço Baixo

Rapidez na entrega

Não existem vantagens

Não compram em laticínios

Figura 55 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento

comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme as vantagens apontadas na compra dos produtos lácteos em laticínios.

Fonte: Dados da pesquisa.

Em relação às desvantagens, os atrasos em relação às entregas dos

produtos e a escassez de produtos em algumas épocas do ano foram citadas como

sendo as principais desvantagens desse modelo de compra, citadas

respectivamente por 20% e por 10% dos entrevistados.

Essas deficiências devem, portanto, ser objeto de melhoria pelas empresas

locais, caso tenham interesse em ampliar sua comercialização de derivados

diretamente ao mercado varejista.

6.3.5.3 Vantagens e desvantagens da aquisição de produtos através de distribuidores

97

Entre as vantagens citadas pelos entrevistados para aquisição de produtos

através de distribuidores destaca-se a rapidez na entrega, citada por 40% dos

entrevistados.

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%

Possibilidade depromoções

Rapidez na entrega

Maior prazo parapagamento

Melhores preços

Facilidade de troca demercadorias vencidas

Não existem vantagens

Não compram emdistribuidores

Figura 56 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento

comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme as vantagens apontadas na compra dos produtos lácteos em distribuidores.

Fonte: Dados da pesquisa.

Entre as desvantagens, o elevado preço dos produtos é citado como sendo o

principal fator negativo relacionado à compra de derivados lácteos efetuada através

de distribuidores.

98

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%

Preço elevado

Falta de visitas dos fornecedores

Atraso na entrega

Descuido no transporte do produto

Pedidos nem sempre atendidos

Produtos de baixa aceitação no mercado

Não existem desvantagens

Não compram em distribuidores

Figura 57 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento

comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme as desvantagens apontadas na compra dos produtos lácteos em distribuidores.

Fonte: Dados da pesquisa.

6.3.6 Capacitação e Treinamento

Considerando que o setor varejista também representa um importante papel

na cadeia de lácteos, as características de capacitação e treinamento nesse setor

podem contribuir para melhorar ou piorar a conservação e conseqüentemente a

qualidade dos produtos comercializados.

Entre os estabelecimentos entrevistados, a grande maioria informou que

oferece treinamento para os funcionários que manipulam produtos lácteos. Ainda em

relação à política de capacitação, 60% oferecem treinamentos ministrados

internamente pelo próprio estabelecimento, enquanto outros oferecem treinamentos

através de empresas especializadas, associação de supermercados ou órgãos de

governo.

99

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

Empresa especializada

Órgãos de governo

No próprioestabelecimento

Associação dosSupermercados

Funcionários semtreinamento

Figura 58 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento

comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme a forma de treinamento dos funcionários para trabalharem com produtos perecíveis.

Fonte: Dados da pesquisa.

6.3.7 Aspectos Importantes da Comercialização de Produtos Lácteos

A identificação dos aspectos considerados importantes na comercialização de

produtos lácteos é uma etapa importante na definição de estratégias comerciais de

sucesso pelos setores industriais.

Na pesquisa de campo, essa identificação foi feita através da consulta sobre a

opinião dos entrevistados em relação aos aspectos mais relevantes que influenciam

a aquisição dos produtos lácteos pelos consumidores finais.

Esses requisitos são, na realidade, comuns a praticamente todos os

segmentos de produtos oferecidos no varejo, com especial importância para os

produtos alimentícios.

100

Segundo os entrevistados, além da força e tradição da marca, outros fatores

como aparência, limpeza, segurança, conveniência e saúde são extremamente

importantes para ampliar o interesse dos consumidores em relação aos produtos

ofertados.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Aparência

Conveniência/Praticidade

Saúde

Limpeza

Segurança

Menos importante Importante Mais importante

Figura 59 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme a preocupação do consumidor com os atributos de qualidade.

Fonte: Dados da pesquisa.

6.3.8 Percepção do Setor Varejista sobre os Produtos Lácteos Regionais

Conforme pode ser percebido na figura a seguir, a percepção dos varejistas

em relação aos produtos produzidos no estado é muito boa, apesar das deficiências

identificadas na pesquisa de campo.

101

Essa boa aceitação dos produtos pelos varejistas é um fator positivo para o

desenvolvimento de estratégias de ampliação do comércio desses derivados no

estado, a partir da constatação de que as principais barreiras para a comercialização

desses produtos estão restritas principalmente à falta de programas formais de

qualidade nas empresas.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

Qualidade

Embalagem

Preço

Distribuição (prazos:entrega, validade)

Trocas de produtos

Assistência pós-venda

ExcelenteBoaRazoávelRuimPéssima

Figura 60 – Distribuição percentual dos entrevistados no segmento

comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme sua avaliação dos produtos fabricados no Maranhão em relação aos de outros estados.

Fonte: Dados da pesquisa.

102

7 AMBIENTE INSTITUCIONAL

7.1 Introdução

O ambiente institucional está relacionado com o conjunto de normas,

regulamentos, leis, políticas públicas e ações da iniciativa privada que exercem

influência sobre uma Cadeia Produtiva.

A interação desses fatores se inter-relacionam de forma sistêmica, resultando

em sinergias ao longo de toda Cadeia Produtiva do Leite do Estado do Maranhão.

Estes fatores se bem explorados, resultam numa maior competitividade e eficiência

da Cadeia ora estudada. No entanto, se conduzidas de forma distorcidas ou

equivocada, resultará na estagnação ou retardamento do desenvolvimento do

sistema agroindustrial do Leite no Maranhão

Assim, deve-se ter em mente, que a melhor eficiência do ambiente

institucional está atrelada ao fortalecimento de suas interações e não apenas de

ações isoladas sobre suas partes (BODLE, 2000). Este ambiente transcende as

questões isoladas de caráter tecnológico, com foco em ações isoladas, fazendo-se

necessária a ação política articulada de todos agentes envolvidos na cadeia

produtiva.

Sob este aspecto procurou-se investigar o ambiente institucional, procurando

destacar os pontos de alavancagem e estrangulamento dentro do sistema.

Abaixo descreveremos as ações desenvolvidas de cada agente institucional,

que de forma direta ou indireta interferem na cadeia estudada.

103

7.2 Crédito

O Banco do Nordeste do Brasil, vem investindo na atividade desde 1998,

sendo que o ano de 2002 foi bastante expressivo em número de contratos e

recursos financiados (Tabela 7).

Tabela 7 – Aplicação - Bovinocultura de Leite / Banco do Nordeste do Brasil / Período: 1998 a 2003

ANO DE CONTRATAÇÃO QTDE VR. CONTRATADO

1998 2.182 6.755.359,081999 981 4.710.513,682000 1.212 5.585.468,192001 1.646 2.135.868,662002 7.422 7.602.882,312003 1.407 2.686.642,41

TOTAL GLOBAL 14.850 29.476.734,32Fonte: Banco do Nordeste do Brasil / MA.

Outras instituições de crédito no Estado do Maranhão como Banco do Brasil e

recentemente o BASA, também vem operando com linhas especificas de crédito

para o segmento Leite.

7.3 Tributação

7.3.1 Evolução recente dos principais tributos indiretos1

O ICMS foi implementado na Assembléia Nacional Constituinte de 1987/88,

sucedendo ao Imposto sobre Circulação de Mercadoria (ICM), criado na Reforma

1 G & S Assessoria e Análise Econômica. Abril /2002.

104

Tributária de 66/67 em substituição ao antigo Imposto sobre Venda e Consignações

(IVC). Este imposto também era de âmbito estadual, mas incidia em cascata sobre a

atividade econômica. A Reforma citada, além de implantar o método do valor

adicionado no sistema de cobrança do imposto, aumento significativamente sua

base de incidência e restringiu severamente o poder concedido aos estados para

legislar em matéria relativa ao ICM. A Constituição de 1988, por sua vez aumentou

ainda mais a base de incidência do imposto incluindo o setor de serviços, criando

assim o ICMS. A modificação mais importante, contudo foi a enorme ampliação do

grau de autonomia dos estados e municípios no sentido de determinar alíquotas

e/ou tratamentos diferenciados para determinados produtos.

O IPI também foi criado na Reforma da década de 60, em substituição ao

antigo Imposto de Consumo, tributo cumulativo de nível federal. Além da ampliação

de sua base de incidência, que gerou um aumento notável de arrecadação, o IPI

nasceu imposto sobre o valor adicionado. A Constituição de 88 manteve esse

imposto com poucas modificações.

O PIS e a Cofins constituem contribuições sociais, e como tal têm sua

arrecadação vinculada ao financiamento da seguridade social e são de exclusiva

responsabilidade da União. A Contribuição para o programa de Integração Social

(PIS) foi instituída pela Lei Complementar nº 7, de 07/09/70. É devida pelas pessoas

jurídicas em geral, tendo como base de cálculo a receita bruta, sobre a qual incide

alíquota de 0,65%. A Cofins foi implementada pela lei complementar nº 70, de

30/12/91, substituindo o antigo Finsocial, cuja origem data de 1982. É devida pelas

pessoas físicas em geral, exceto as financeiras. Sua base de cálculo é o

faturamento, sobre o qual incidia a alíquota de 2%, recentemente majorada para 3%.

Quadro 2 – Principais Tributos Indiretos no Brasil

TRIBUTOS COMPETÊNCIA ALÍQUOTA BÁSICA NOMINAL

ICMS Estadual 17% / 18% Confins Federal 3%

IPI Federal Diversas PIS / PASEP Federal 0,65%

ISS Municipal Diversas IOF Federal Diversas

Fonte: Receita Federal, Secretarias de Fazenda.

105

No Maranhão, alguns incentivos estão disponibilizados, através do Art. 1 na

forma do Art. 27 do RICMS são reduzidas as bases de cálculos em 29,41% nas

operações internas, com mercadorias que compõem a cesta básica maranhense aí

incluindo o leite fluido tipo C e UHT (Convênio ICMS 128/94)..

No art.9 isenta da cobrança de ICMS as saídas de leite fresco pasteurizado

ou não, reidratado destinado a consumo final, sendo que as operações

interestaduais o beneficio somente se aplica as saídas de leite engarrafado ou

envasado em embalagens invioláveis (Convênio ICMS 07/77 ICMS 124/93).De certa

forma esta medida inibe as saídas de leite in natura para processamento em outros

estados, prática bastante usual, principalmente na região do médio Mearim.Onde

expressivos volumes de leite são exportados para o Estado do Piauí

7.3.2 Efeitos da tributação sobre a competitividade de leite e derivados

O setor de leite e derivados é um exemplo dos efeitos negativos da tributação

sobre a competitividade dos produtores. A pesada carga tributária sobre os produtos

lácteos tem levado um número expressivo de produtores à informalidade (G&S

Assessoria e Análise Econômica, 2002).

Calcula-se que cerca de 44% da produção de leite e 31% da renda setorial

sejam de responsabilidade de produtores não formalizados (JANK et alli, 1999).

Os produtores formalizados, que pagam tributos e estão submetidos à

inspeção sanitária, perdem participação de mercado, pois apresentam preços

maiores devido aos custos tributários.

Nesse cenário, a população tende a ser prejudicada, considerando-se o risco

de consumo da produção informal, de menor preço, mas sem uma adequada

qualidade sanitária.

106

Além disso, os produtores informais não conseguem ingressar no setor

formalizado em função do custo tributário, que devora suas estreitas margens,

impedindo-os de se capitalizar e investir na modernização da sua produção.

Essa situação ainda é agravada pelas dificuldades de obtenção de crédito

que perpassam todo o setor agropecuário. O país e os estados perdem empregos,

renda e divisas, pois a produção tem sua capacidade competitiva reduzida em

função das elevadas taxas tributárias.

7.4 Governo do Estado

7.4.1 Programa Leite é Vida – SESP(Secretaria Extraordinária de Saúde Preventiva).

O programa Leite é Vida, do Governo do Estado do Maranhão, existe desde

setembro de 1995 e distribui atualmente 38.387 litros de leite diariamente.

A partir do mês de março distribuímos 43.750 litros de leite pasteurizado em

cinqüenta municípios do estado.

No momento o Governo do Estado está fazendo um convênio com o MESA

possibilitando ao aumento da distribuição para aproximadamente 90.000 litros / dia.

O público beneficiário são crianças com faixa etária de 6 meses a 6 anos e

gestantes em situação de risco nutricional ou desnutridas. O programa apresenta

outro público beneficiário, que são os produtores de leite. Esta ampliação do

programa irá contemplar agricultores familiares com produção até 100 litros

priorizando aqueles que produzam até 50 litros por dia.

7.4.2 GEAGRO – Gerencia da Agricultura

107

A Gerência de Estado de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural –

GEAGRO tem como principal papel o apoio ao fortalecimento da agricultura familiar

no contexto do desenvolvimento sustentável do Estado.

A prioridade com que o GOVERNO DO ESTADO tem tratado a questão da

agricultura familiar se reflete num conjunto de ações nas áreas de geração de

emprego e renda, segurança alimentar e desenvolvimento de arranjos e sistemas

produtivos.

A implantação da CASA DA AGRICULTURA FAMILIAR nas 18 regionais do

Estado constitui-se num espaço de múltiplas atividades de apoio e assistência ao

pequeno produtor.

No campo da inspeção vegetal, os trabalhos de inspeção e fiscalização de

estabelecimentos comerciais e cadastro de produtos agrotóxicos imprimiram

segurança, maior consciência e tranqüilidade ao processo de uso desses produtos

por parte dos produtores rurais. A GEAGRO também atua na educação sanitária,

com treinamentos e oficinas voltadas para disseminar informações e conhecimentos.

Portanto o Ambiente Institucional no Estado está apto a oferecer suporte

suficiente a um bom desempenho na competitividade da Cadeia Produtiva do leite

no Estado. No entanto ressaltamos mais uma vez que as ações devem ser

articuladas entre as instituições no sentido de oferecer uma atuação sistêmica dentro

do Sistema Agroindustrial do Leite no Estado.

108

8 CONCLUSÕES

A Cadeia Produtiva do Leite no Estado do Maranhão é extremamente

importante para o desenvolvimento do estado, tanto sob a ótica econômica quanto

pela ótica social. Entretanto, apesar dos resultados positivos relativos ao

crescimento relativo da produção leiteira do estado em relação ao conjunto da região

Nordeste, percebe-se claramente que a estrutura material e humana da região ainda

é muito deficiente sob diversos aspectos.

No segmento de produção primária, mesmo registrando índices de

crescimento superiores aos da região Nordeste, observou-se que as propriedades

apresentam baixa produção e baixa produtividade, associadas à adoção de

procedimentos inadequados de gestão das propriedades e à infra-estruturas

precárias para desenvolvimento da atividade.

Nesse segmento, a oferta de treinamentos básicos relativos ao manejo e

gerenciamento da atividade leiteira apresenta-se como sendo uma necessidade

imediata para promover o desenvolvimento da atividade de maneira mais

estruturada.

No segmento industrial, a elevada informalidade apresenta-se como principal

fator limitante ao desenvolvimento do setor, associada à reduzida capacitação de

gestores e funcionários da maioria das empresas instaladas no estado. Em conjunto,

esses fatores contribuem para limitar as iniciativas de desenvolvimento sustentável

do setor, ao mesmo tempo em que limitam o desenvolvimento de ações concretas

de apoio e parceria entre os setores industrial e de produção primária.

Portanto, o principal desafio no segmento industrial consiste em conciliar o

apoio à capacitação e ao desenvolvimento das empresas formais ao mesmo tempo

109

em que se desenvolvem alternativas para que as empresas informais possam ter

condições de atender as exigências legais (fiscais e sanitárias). Nesse aspecto em

particular, a importância do Sebrae-MA é decisiva para permitir que o setor possa se

desenvolver de maneira adequada.

Em relação ao segmento de mercado, os resultados demonstraram uma

reduzida aceitação das principais redes varejistas em relação aos produtos lácteos

produzidos regionalmente, em função principalmente da baixa capacidade das

empresas em atenderem as exigências de qualidade e certificação. Nas feiras-livres

e em parte dos mercados do interior do estado essas exigências são mais brandas

ou até mesmo inexistentes, registrando um problema oposto ao observado nas

grandes redes, qual seja, a comercialização de produtos clandestinos, cuja

comercialização traz prejuízos fiscais para o estado e ainda riscos de saúde para os

consumidores.

Nesse caso, o desafio consiste novamente em conciliar ações de estímulo à

adequação das empresas clandestinas, ao mesmo tempo em que se desenvolvem

programas de conscientização dos consumidores sobre os prejuízos do consumo de

produtos clandestinos e ainda a implementação de programas mais efetivos de

combate às indústrias clandestinas que não se dispuserem a adequar seus

processos industriais e suas estruturas produtivas.

Sob o aspecto institucional, percebe-se que o grande desafio está no

desenvolvimento e na implementação de ações conjuntas e comuns às diversas

instituições públicas e privadas presentes no estado. A exemplo do que ocorreu em

outras regiões do Brasil, a discussão e a definição conjunta de um plano estadual de

ações para desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Leite constitui uma etapa

importante, necessária e determinante do sucesso na implementação das diversas

estratégias junto ao setor.

Finalmente, é necessário considerar que os estímulos ao desenvolvimento e à

modernização dos diversos segmento da Cadeia Produtiva do Leite no Estado do

Maranhão devem ocorrer de maneira harmoniosa e sistêmica, de modo a permitir

que as melhorias em um determinado segmento possam refletir e estimular o

desenvolvimento de outros. Sob esse aspecto, a oferta de melhores condições para

110

o desenvolvimento do segmento industrial deverá fomentar a produção de derivados

de melhor qualidade, que por sua vez irá resultar no apoio das empresas em relação

ao fomento da produção de leite de melhor qualidade. A capacitação dos segmentos

de produção e industrialização, por sua vez, deve resultar na união de forças para

incentivar o combate aos produtos clandestinos e a divulgação das qualidades e das

vantagens do consumo dos produtos produzidos regionalmente tanto para o estado

quanto para os consumidores. O fomento à formação desse círculo virtuoso é,

portanto, o objetivo maior das ações a serem desenvolvidas junto à Cadeia

Produtiva do Leite no Estado do Maranhão.

Algumas considerações específicas sobre a Cadeia Produtiva do Leite no

Estado do Maranhão estão apresentadas a seguir:

a) Distribuição:

• As grandes redes de supermercados apresentam exigências para o cadastramento

de fornecedores e a conseqüente comercialização de produtos lácteos, restringindo

o acesso da grande maioria dos produtos fabricados no Estado, uma vez que as

empresas regionais não têm demonstrado condições para atender tais exigências.

• Como conseqüência, percebe-se um elevado percentual de produtos originários de

outros estados e até mesmo de outras regiões do Brasil sendo comercializados nas

grandes redes varejistas do Maranhão, quase sempre com custos mais elevados

que os dos produtos que poderiam ser produzidos regionalmente.

• Portanto, faz-se necessário capacitar as empresas regionais para atendimento às

exigências de qualidade, logística e distribuição, criando condições para que as

mesmas possam competir com os produtos produzidos em outros estados.

• Nas feiras-livres e no interior do estado, ainda presenciamos a oferta de um

número elevado de produtos clandestinos, inclusive em supermercados e comércios

formais. Essas características são decorrentes da reduzida estrutura industrial no

estado e da elevada informalidade presente em toda a Cadeia Produtiva do Leite,

111

sinalizando ainda a necessidade de uma maior atuação da vigilância sanitária após

a criação das condições necessárias para que as empresas possam se legalizar.

• Esse quadro reflete a necessidade do desenvolvimento futuro de ações de

marketing com o objetivo de promover os produtos lácteos regionais junto aos

consumidores, a partir do momento em que a indústria estiver capacidade a produzir

derivados de maior qualidade.

b) Produção Primária:

• O segmento de produção primária caracteriza-se pela baixa produtividade, baixa

qualificação da mão-de-obra e ainda pela inexistência de procedimentos

empresariais de gestão da atividade.

• A baixa produtividade do rebanho estadual (algo em torno de 3,5 l/dia) está

associada ao baixo padrão genético do rebanho.

• A reduzia infra-estrutura de produção limita fortemente as condições de produção

de leite de qualidade e, conseqüentemente, a produção de derivados lácteos de

maior qualidade no estado.

• Esse setor ainda é caracterizado pela elevada presença de atravessadores, que

compram o leite regionalmente e depois transferem o mesmo para ser

industrializado em outros estados, transferindo divisas que poderiam ser criadas no

estado do Maranhão.

• Os preços praticados durante o período de realização dos trabalhos de campo

sinalizavam o comportamento médio do mercado de leite “in natura” no conjunto do

Brasil.

• O problema da baixa qualificação da mão-de-obra local para o desenvolvimento da

atividade leiteira é agravado pela carência de programas estruturados de assistência

técnica que deveriam ser oferecidos pelo Governo do Estado. Com exceção das

iniciativas de trabalho desenvolvidas pela agência do Sebrae de Bacabau, nenhum

112

outro programa expressivo de assistência técnica ou de suporte ao segmento de

produção de leite foi observado na região de estudo.

• Em que pese o bom potencial que o estado possui para a exploração da atividade

leiteira como: terra barata, custos reduzidos de produção, fatores climáticos

favoráveis, o crescimento da produção interna precisa se materializar em forma de

desenvolvimento social.

c) Indústria:

• Constatou-se um elevado percentual de indústrias clandestinas no estado,

resultando em dificuldades de capacitação e de modernização de toda a Cadeia

Produtiva no Estado.

• Um percentual elevado das empresas formais não está capacitado

adequadamente para o gerenciamento da atividade industrial, incluindo tanto os

aspectos técnicos quanto os administrativos. Nesse cenário, faz-se necessário a

oferta de cursos e treinamentos específicos para a atividade, identificados como

necessários pelos próprios empresários entrevistados.

• No município de Bacabal (região dos lagos) o estado está deixando de arrecadar

divisas importantes na comercialização do leite que é transferido para os estados

vizinhos como Tocantins, Goiás, Pará. Muitas vezes esse leite retorna ao estado na

forma de produto elaborado, transferindo recursos e renda para fora do estado.

• Não foram observadas iniciativas dos empresários de laticínios em relação a

qualquer tipo de mobilização do setor com o objetivo de reivindicar conjuntamente a

criação de melhores condições para competição no estado e superação dos

problemas identificados junto ao setor.

d) Ambiente Institucional:

113

• Apesar das instituições estaduais estarem aptas a oferecer suporte para o

desenvolvimento da Cadeia Produtiva do leite no Estado, destaca-se que nenhuma

ação sistêmica de atuação junto ao setor foi desenvolvida até o presente momento.

• Na parte institucional os órgãos de pesquisa e extensão voltados a atividade

precisam ser melhor reestruturados, de forma a permitir o gerenciamento adequado

de ações públicas e de projetos que visem tornar competitiva essa cadeia, pois o

que se constatou é que houve um desmantelamento dessas instituições a partir de

1997 e o estado perdeu todo o seu referencial para desenvolver essas ações.

• No tocante à fiscalização (Federal e Estadual), constatou-se que os órgãos

presentes no estado não dispõem de recursos humanos suficientes para fomentar a

adequação do setor e ainda coibir de forma eficiente a venda clandestina tanto do

leite “in natura” como dos seus derivados.

• Deve-se promover uma maior integração dos agentes da cadeia produtiva com as

instituições financeiras que dispõe de recursos para serem aplicados e que até

então não estão sendo utilizados como poderiam, haja vista o volume até então

aplicado que é muito pouco em face daquilo que se tem por fazer.

• O estado do Maranhão possui uma estrutura fundiária baseada em latifúndios,

sendo palco de constantes conflitos agrários, o que implica em sérios problemas

sociais e econômicos, o que de certa forma pode desestimular a permanência de

alguns produtores a permanecerem na atividade.

114

9 RECOMENDAÇÕES

O Diagnóstico da Cadeia Produtiva do Leite no Estado do Maranhão aponta

os principais desafios à modernização da mesma. A correção dos principais gargalos

irá exigir a ampliação da atuação sistêmica dos diversos segmentos participantes da

cadeia.

No sentido de orientar o processo da eficiência e competitividade da cadeia

produtiva no estado, a consultoria, a seguir, aponta as principais recomendações a

serem executadas pelas instituições responsáveis pela coordenação do sistema

agroindustrial do leite no Estado do Maranhão.

No entanto, estas propostas de ação devem ser referendadas no workshop

juntamente com os atores responsáveis pelo desenvolvimento da cadeia produtiva

do leite no estado.

9.1 Segmento Produção

PROPOSTA DE AÇÃO PARCEIROS FONTE DE RECURSOS PRIORIDADE

1. Capacitação de mão-de-obra rural para produção de leite

EMATER SENAR SEBRAE

2. Treinamento sobre tecnologia de produção e gestão da empresa rural

EMATER SEBRAE SENAR

3. Criar estratégias de atuação para pequenos e grandes produtores (sistemas de produção diferentes)

EMBRAPA SEBRAE EMATER

115

4. Promover o aumento da produtividade do rebanho por hectare

EMBRAPA SEBRAE EMATER

9.2 Segmento Industrialização

PROPOSTA DE AÇÃO PARCEIROS FONTE DE RECURSOS PRIORIDADE

1. Capacitar mão-de-obra em tecnologia de processamento

SENAR SEBRAE

2. Realizar treinamento em ferramentas de gestão para indústria

SEBRAE Universidades

3. Disponibilizar cursos de programas de qualidade (BPF, APPCC)

SEBRAE MAPA Universidades

4. Desenvolver campanhas de conscientização sobre a importância de consumo de alimentos inspecionados

SEBRAE GEAGRO Indústrias

5. Criar interação entre os órgãos de fiscalização

SEBRAE Indústrias Vigilância Sanitária AGED-MA

9.3 Segmento Comercialização

PROPOSTA DE AÇÃO PARCEIROS FONTE DE RECURSOS PRIORIDADE

1. Estimular a formação de associações de compra para pequenos varejistas

SEBRAE Associação de Supermercados

2. Promover cursos e treinamentos sensibilizando os pequenos varejistas dos riscos da comercialização de produtos clandestinos

SEBRAE Vigilância Sanitária AGEB-MA Associação de Supermercados

116

9.4 Segmento Institucional

PROPOSTA DE AÇÃO PARCEIROS FONTE DE RECURSOS PRIORIDADE

1. Estimular a realização de eventos buscando a interação entre os atores da cadeia produtiva do leite

SEBRAE Governo do Estado

2. Promover a coordenação e treinamento de ações dos órgãos municipais, estaduais e federais responsáveis pela inspeção e vigilância sanitária objetivando a melhoria da qualidade do produto comercializado no estado

Vigilância Sanitária AGED-MA MAPA

3. Promover campanhas ressaltando a importância do consumo de leite e derivados que garantam a segurança alimentar, desestimulando o consumo de produtos clandestinos

SEBRAE Indústrias Governo do Estado

4. Promover a divulgação deste diagnóstico através de workshops e seminários

SEBRAE Governo do Estado

117

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FAO. Banco de Dados. http://www.fao.org

FIPE – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas. Custo de Vida em São Paulo. São Paulo: FIPE, 1990-1996. (vários volumes).

G & S Assessoria e Análise Econômica. Incidência tributária na agricultura e nos produtos alimentares: impactos da desoneração sobre preços ao consumidor e na sua renda. Abril /2002.

GAZETA MERCANTIL. Panorama Setorial: Laticínios no Mercosul. São Paulo: Gazeta Mercantil, 2001. 5 volumes.

Gomes, S. T. Evolução recente e perspectivas da produção de leite no Brasil. In: O agronegócio do leite no Brasil. Brasília: Embrapa Gado de Leite, 2001.

IBGE. Banco de Dados. http://www.ibge.gov.br

JANK, Marcos Sawaya; FARINA, Elizabeth M.Q.; GALAN, Valter Bertini. O agribusiness do leite no Brasil. São Paulo: Milkbizz, 1999.

LEVY, Alberto R. Competitividade organizacional. São Paulo: Makron Books, 1992.

MAXIMINIANO, Antônio César Amaru. Competitividade em economia globalizada. 2a. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

MOREIRA, José Roberto. Agricultura Familiar: processos sociais e competitividade. Rio de Janeiro: Mauad, 1999.

PORTER, M. E. Estratégia Competitiva: Técnicas Para Análise de Indústrias e da Concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 1996. 364 p.

SEBRAE-MG. Diagnóstico da Pecuária Leiteira do Estado de Minas Gerais. Belo Horizonte: SEBRAE-MG / FAEMG, 1996. 102 p.

SEBRAE-MG. Diagnóstico das Cooperativas do Estado de Minas Gerais. Belo Horizonte: SEBRAE-MG / FAEMG,1996. (mimeo)

SEBRAE-Nacional. Metodologia do Programa SEBRAE: Cadeias Produtivas Agroindustriais. Brasília: SEBRAE/NA, 2000. 56 p.

WILKINSON, J. Estudo da Competitividade da Indústria Brasileira: Competitividade da Indústria de Laticínios. Campinas: FEC, 1993. 73 p. (mimeo)

118

FONTES DE INFORMAÇÃO

Banco do Brasil

Banco do Nordeste

MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

GEAGRO –Gerência de Agricultura do Estado do Maranhão

SEBRAE – MA

119

ANEXOS

120

Anexo 1 – Ranking dos 50 maiores municípios produtores de leite no Estado do Maranhão no ano de 2002

POSIÇÃO MUNICÍPIO PRODUÇÃO (em mil litros)

PARTICIPAÇÃO NO ESTADO

PARTICIPAÇÃO ACUMULADA

1 Açailândia 23.877 12,22% 12,22% 2 Porto Franco 6.910 3,54% 15,75% 3 Itinga do Maranhão 6.770 3,46% 19,22% 4 Cidelândia 4.820 2,47% 21,68% 5 Sítio Novo 4.291 2,20% 23,88% 6 São Francisco do Brejão 4.108 2,10% 25,98% 7 Amarante do Maranhão 3.682 1,88% 27,86% 8 Santa Luzia 3.608 1,85% 29,71% 9 Monção 3.498 1,79% 31,50% 10 Senador La Rocque 3.390 1,73% 33,23% 11 Araguanã 3.281 1,68% 34,91% 12 Vila Nova dos Martírios 3.236 1,66% 36,57% 13 Imperatriz 3.172 1,62% 38,19% 14 São João do Paraíso 3.083 1,58% 39,77% 15 Pedreiras 3.066 1,57% 41,34% 16 Buriticupu 3.002 1,54% 42,87% 17 Poção de Pedras 2.949 1,51% 44,38% 18 Arame 2.851 1,46% 45,84% 19 Nova Olinda do Maranhão 2.797 1,43% 47,27% 20 Estreito 2.715 1,39% 48,66% 21 Carolina 2.700 1,38% 50,04% 22 Bernardo do Mearim 2.296 1,17% 51,22% 23 Trizidela do Vale 2.173 1,11% 52,33% 24 São Pedro da Água Branca 2.086 1,07% 53,40% 25 Presidente Dutra 2.060 1,05% 54,45% 26 Fortaleza dos Nogueiras 1.985 1,02% 55,47% 27 Capinzal do Norte 1.854 0,95% 56,41% 28 Vitorino Freire 1.815 0,93% 57,34% 29 Bacabal 1.787 0,91% 58,26% 30 Lajeado Novo 1.645 0,84% 59,10% 31 Joselândia 1.626 0,83% 59,93% 32 Bom Jardim 1.593 0,82% 60,75% 33 Santa Inês 1.580 0,81% 61,55% 34 Santa Luzia do Paruá 1.527 0,78% 62,34% 35 Governador Edison Lobão 1.516 0,78% 63,11% 36 Bom Jesus das Selvas 1.452 0,74% 63,85% 37 Tuntum 1.437 0,74% 64,59% 38 Bom Lugar 1.425 0,73% 65,32% 39 Grajaú 1.378 0,71% 66,02% 40 Barra do Corda 1.368 0,70% 66,72% 41 Davinópolis 1.322 0,68% 67,40% 42 Ribamar Fiquene 1.289 0,66% 68,06% 43 Esperantinópolis 1.188 0,61% 68,67% 44 São Domingos do Maranhão 1.162 0,59% 69,26% 45 São Luís Gonzaga do Maranhão 1.145 0,59% 69,85% 46 Montes Altos 1.143 0,58% 70,43% 47 Olho d'Água das Cunhãs 1.141 0,58% 71,02% 48 Riachão 1.140 0,58% 71,60% 49 Buritirana 1.133 0,58% 72,18% 50 Araioses 1.120 0,57% 72,75%

Fonte: IBGE – Pesquisa Pecuária Municipal.

121

Anexo 2 – Aplicação - Bovinocultura de Leite / Banco do Nordeste do Brasil / Período: 1998 a 2003

Ano de Contratação Agência Qtde Vr.

Contratado Sdo. Oper Sdo. Atraso % de Inadimplência

AÇAILÂNDIA 113 190.907,92 375.868,94 114.640,95 30,50%BACABAL 313 1.827.976,12 4.503.776,70 636.578,58 14,13%BALSAS 51 96.710,00 354.783,07 24.869,93 7,01%BARRA DO CORDA 406 648.024,85 1.359.035,48 285.168,07 20,98%CAXIAS 2 16.509,24 93.247,78 16.977,56 18,21%CHAPADINHA 17 86.529,00 290.421,28 29.623,83 10,20%CODÓ 12 113.397,30 204.340,38 41.322,62 20,22%IMPERATRIZ 281 819.613,77 1.012.258,12 100.592,90 9,94%METRO SÃO LUÍS 4 56.796,68 355.740,63 212.621,68 59,77%PEDREIRAS 30 179.183,89 391.877,21 64.101,49 16,36%PRESIDENTE DUTRA 14 51.960,02 152.374,25 23.752,85 15,59%SANTA INÊS 631 1.697.693,16 2.136.429,08 371.222,83 17,38%SÃO LUÍS CENTRO 54 207.852,09 83.060,05 34.903,50 42,02%

1998

ZÉ DOCA 254 762.205,04 637.814,58 211.401,99 33,14%1998 2.182 6.755.359,08 11.951.027,55 2.167.778,78 18,14%

BACABAL 209 1.325.215,69 3.567.143,61 687.158,60 19,26%BARRA DO CORDA 142 270.385,32 986.487,20 221.475,63 22,45%CHAPADINHA 3 17.564,00 139.222,12 3.077,63 2,21%CODÓ 26 126.852,00 775.054,15 70.119,11 9,05%IMPERATRIZ 98 831.382,19 9.051,31 0,00 0,00%PEDREIRAS 215 908.217,00 2.102.498,33 490.333,54 23,32%SANTA INÊS 154 660.678,86 1.401.924,31 262.806,10 18,75%SÃO LUÍS CENTRO 9 55.357,37 199.066,71 65.712,72 33,01%

1999

ZÉ DOCA 125 514.861,24 771.770,52 207.955,10 26,95%1999 981 4.710.513,68 9.952.218,26 2.008.638,43 20,18%

AÇAILÂNDIA 55 79.419,00 335.288,64 46.035,89 13,73%BACABAL 285 1.496.295,46 3.572.219,73 196.700,39 5,51%CHAPADINHA 1 11.901,18 31.366,33 4.830,16 15,40%CODÓ 4 52.715,36 82.886,45 7.221,98 8,71%IMPERATRIZ 151 581.579,01 1.462.678,78 4.424,18 0,30%METRO SÃO LUÍS 2 20.957,70 63.302,79 18.055,34 28,52%PEDREIRAS 278 1.400.112,77 4.032.104,55 383.418,87 9,51%PRESIDENTE DUTRA 1 17.000,00 19.582,42 0,00 0,00%SANTA INÊS 387 1.520.271,23 3.298.710,50 71.189,40 2,16%SÃO LUÍS CENTRO 3 36.100,00 55.328,13 13.145,72 23,76%

2000

ZÉ DOCA 45 369.116,48 717.036,91 29.305,89 4,09%2000 1.212 5.585.468,19 13.670.505,23 774.327,82 5,66%

122

Ano de Contratação Agência Qtde Vr.

Contratado Sdo. Oper Sdo. Atraso % de Inadimplência

AÇAILÂNDIA 2 6.450,00 9.612,95 0,00 0,00%BACABAL 288 498.477,53 1.033.288,70 1.288,33 0,12%BALSAS 20 5.000,00 5.079,10 0,00 0,00%BARRA DO CORDA 296 249.944,15 473.499,78 0,00 0,00%CAXIAS 42 32.999,93 73.307,14 2.466,09 3,36%CODÓ 3 6.245,00 33.450,72 2.705,21 8,09%IMPERATRIZ 50 265.207,31 713.616,87 1.167,99 0,16%METRO SÃO LUÍS 2 5.599,96 14.394,96 2.409,40 16,74%PEDREIRAS 381 457.707,91 810.534,30 9.029,47 1,11%PRESIDENTE DUTRA 117 22.000,00 16.875,73 15.228,97 90,24%SANTA INÊS 232 329.458,63 638.398,97 9.563,23 1,50%SÃO LUÍS CENTRO 5 19.650,00 53.954,13 2.128,65 3,95%

2001

ZÉ DOCA 208 237.128,24 422.213,30 3.094,08 0,73%2001 1.646 2.135.868,66 4.298.226,65 49.081,42 1,14%

AÇAILÂNDIA 45 156.710,00 419.949,08 0,00 0,00%BACABAL 960 1.656.592,48 2.770.977,61 0,00 0,00%BALSAS 474 205.600,00 208.246,41 0,00 0,00%BARRA DO CORDA 1.519 804.510,15 902.442,98 0,00 0,00%CAXIAS 77 27.298,00 28.986,48 3.277,49 11,31%CODÓ 102 30.620,00 33.743,65 0,00 0,00%IMPERATRIZ 643 1.503.902,00 3.433.334,52 6.952,48 0,20%METRO SÃO LUÍS 11 5.500,00 5.539,52 0,00 0,00%PEDREIRAS 1.159 688.702,00 841.698,70 0,00 0,00%PRESIDENTE DUTRA 2 9.945,00 23.061,39 0,00 0,00%SANTA INÊS 489 1.431.597,08 2.590.992,55 0,00 0,00%

2002

ZÉ DOCA 1.941 1.081.905,60 1.288.136,96 0,00 0,00%2002 7.422 7.602.882,31 12.547.109,85 10.229,97 0,08%

AÇAILÂNDIA 5 32.250,00 45.881,71 0,00 0,00%BACABAL 225 602.240,00 458.757,30 0,00 0,00%BALSAS 19 9.000,00 9.041,09 0,00 0,00%BARRA DO CORDA 273 135.500,00 123.622,47 0,00 0,00%CAXIAS 46 23.000,00 23.061,50 0,00 0,00%CODÓ 237 107.520,00 121.314,95 0,00 0,00%IMPERATRIZ 404 1.245.696,00 2.293.179,86 0,00 0,00%PEDREIRAS 6 44.598,30 63.281,78 0,00 0,00%SANTA INÊS 140 419.540,00 465.016,23 0,00 0,00%SÃO LUÍS CENTRO 28 14.000,00 14.022,08 0,00 0,00%

2003

ZÉ DOCA 24 53.298,11 125.055,97 0,00 0,00%2003 1.407 2.686.642,41 3.742.234,94 0,00 0,00%

TOTAL GLOBAL 14.850 29.476.734,32 56.161.322,48 5.010.056,42 8,92%Fonte: Banco do Nordeste do Brasil / MA.

123

Anexo 3 – Relação das Principais Marcas Comercializadas em cada Segmento

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50%

Tiracanga

Parmalat

São José

Fazendinha

Não trabalha / Nãorespondeu

Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme as principais marcas comercializadas de Leite C (pasteurizado). Fonte: Dados da pesquisa.

124

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

Parmalat

Vale Dourado

Batavo

Zero

Leite Bom

Canto Belo

Ades

Nutribom

Duleite

Alimba

Não trabalha / Não respondeu

Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme as principais marcas comercializadas de Leite UHT (longa vida). Fonte: Dados da pesquisa.

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%

Rico

Campo Lindo

União

Calu

Minas Frescal

Regina

Ricota

Da Vaca

Poleguinho

ATM

Não trabalha / Não respondeu

Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme as principais marcas comercializadas de Queijos Brancos. Fonte: Dados da pesquisa.

125

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%

Rico

Tirolel

Ilda

Pedalo

Bom Preço

União

Regina

Ilma

Da Vaca

Santa Rosa

Não trabalha / Não respondeu

Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme as principais marcas comercializadas de Queijo Prato. Fonte: Dados da pesquisa.

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%

Rico

Biana

Da Vaca

Pampulha

União

Tina

Regina

Ilda

Ilma

ATM

Calu

Não trabalha / Não respondeu

Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme as principais marcas comercializadas de Queijo Mussarela. Fonte: Dados da pesquisa.

126

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

Rico

Da Vaca

Itambé

Vigor

Itacolomy

La Sereníssima

Delícia

Primor

Quali

Coroada

Real

Regata

Calu

Não trabalha / Não respondeu

Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme as principais marcas comercializadas de Manteiga. Fonte: Dados da pesquisa.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Itambé

Camponesa

Porto Fino

La Sereníssima

Nestlé

Leite Bom

Não trabalha / Nãorespondeu

Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme as principais marcas comercializadas de Leite em pó. Fonte: Dados da pesquisa.

127

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

Parmalat

Danone

Nestlé

Paulista

Não trabalha / Nãorespondeu

Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme as principais marcas comercializadas de Iogurte. Fonte: Dados da pesquisa.

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%

Itambé

Tirolel

Nestlé

Poços de Caldas

Parmalat

Danone

Calu

Regina

Itacolomy

Paulista

Não trabalha / Não respondeu

Distribuição percentual dos entrevistados no segmento comercialização de leite e derivados no Maranhão conforme as principais marcas comercializadas de Requeijão Fonte: Dados da pesquisa.