Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE MATERIAIS MARCO SOUSA JESUS DESENVOLVIMENTO DE UM COMPÓSITO POLÍMERO-METAL À BASE DE RESINA EPÓXI PARA APLICAÇÕES EM MOLDES RÁPIDOS Florianópolis – SC 2005

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

ENGENHARIA DE MATERIAIS

MARCO SOUSA JESUS

DESENVOLVIMENTO DE UM COMPÓSITO POLÍMERO-METAL À BASE DE RESINA EPÓXI PARA APLICAÇÕES EM MOLDES RÁPIDOS

Florianópolis – SC

2005

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

EM ENGENHARIA DE MATERIAIS

DESENVOLVIMENTO DE UM COMPÓSITO POLÍMERO-METAL À BASE DE

RESINA EPÓXI PARA APLICAÇÕES EM MOLDES RÁPIDOS

Dissertação submetida à

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

para a obtenção do grau de

MESTRE EM ENGENHARIA DE MATERIAIS

MARCO SOUSA JESUS

Florianópolis, Novembro 2005

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

EM ENGENHARIA DE MATERIAIS

DESENVOLVIMENTO DE UM COMPÓSITO POLÍMERO-METAL À BASE DE

RESINA EPÓXI PARA APLICAÇÕES EM MOLDES RÁPIDOS

MARCO SOUSA JESUS

Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de

MESTRE EM ENGENHARIA

ESPECIALIDADE ENGENHARIA DE MATERIAIS

sendo aprovada em sua forma final.

________________________________

Prof. Gean Vítor Salmoria, Dr.

Orientador

________________________________

Prof. Alexandre Lago, Dr.

Coordenador PGMAT

BANCA EXAMINADORA

________________________________

Prof. Hazim Ali AlQureshi, Dr.

Presidente

________________________________

Prof. Márcio C. Fredel, Dr. Ing.

________________________________

Prof. Guilherme M. Barra, Dr. Sc.

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Aos meus pais e Jerusa,

sem eles não teria chegado aqui.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador professor Gean Salmoria, por ter acreditado em mim e

me ter proposto desenvolver o trabalho no Cimject, pela orientação e apoio

demonstrado em todas as horas.

Aos amigos do Cimject que contribuíram para o bom ambiente de

trabalho, estagiários Anderson, Bruno, Caio, Clauber, Humberto, Pedro e

Sandri, pela disponibilidade demonstrada, e pós-graduados Cristiano, Fred,

Janaína, Lafratta, Mathias, Pereira, Priscila, Félix e Lelo, especialmente estes

últimos que mais diretamente contribuíram para o meu trabalho.

Agradeço a toda a minha família, em especial aos meus pais que sempre

me guiaram e deram apoio incondicional em todas as minhas escolhas de vida.

Apesar da distância estão sempre ao meu lado.

Agradeço à minha esposa Jerusa pelo seu amor e por toda a ajuda, apoio

e carinho de todas as horas. Também à sua família que tão bem me acolheu.

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ÍNDICE

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO .......................................................................... 15

1.1. Definição do problema ....................................................................... 15

1.2. Objetivos ............................................................................................ 16

1.3. Estrutura da dissertação .................................................................... 17

CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................... 19

2.1. Tecnologia de prototipagem rápida e ferramental rápido................... 19

2.1.1. Prototipagem rápida.................................................................... 20

2.2. Ferramental rápido............................................................................. 23

2.3. Produção de moldes rápidos ............................................................. 24

2.3.1. Estereolitografia (SL) .................................................................. 24

2.3.2. Sinterização seletiva a laser (SLS) ............................................. 26

2.3.3. Modelagem por fusão e deposição (FDM).................................. 28

2.3.4. Moldes em silicone fabricados por vazamento ........................... 30

2.3.5. Vazamento de resina epóxi com carga metálica......................... 31

2.4. Resinas epóxi .................................................................................... 32

2.4.1. Definições e principais formulações............................................ 33

2.4.2. Reação de cura........................................................................... 34

2.5. Materiais compósitos ......................................................................... 35

2.5.1. Carga particulada........................................................................ 36

CAPÍTULO 3 – MATERIAIS E METODOLOGIA ............................................... 39

3.1. Materiais ............................................................................................ 39

3.2. Metodologia experimental .................................................................. 40

3.2.1. Espectroscopia de infravermelho................................................ 40

3.2.2. Espectroscopia de ressonância magnética nuclear (RMN) ........ 40

3.2.3. Calorimetria diferencial de varredura (DSC) ............................... 41

3.2.4. Microscopia de varredura (MEV) ................................................ 41

3.2.5. Preparação e vazamento das formulações................................. 42

3.2.6. Ensaios de tração ....................................................................... 43

3.2.7. Ensaios de dureza ...................................................................... 45

3.2.8. Medidas de condutividade térmica.............................................. 45

3.2.9. Fabricação dos moldes............................................................... 47

3.2.10. Injeção..................................................................................... 51

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3.2.11. Análises de difração de raios X (DRX) .................................... 53

CAPÍTULO 4 – CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL DOS MATERIAIS.......... 55

4.1. Caracterização da resina e do endurecedor ...................................... 55

4.1.1. Espectroscopia de infravermelho................................................ 55

4.1.2. Espectroscopia de ressonância magnética nuclear (RMN) ........ 57

4.2. Determinação da Tg em função da quantidade de endurecedor ....... 60

4.3. Estudo da cinética de pós-cura.......................................................... 63

4.4. Carga metálica particulada ................................................................ 64

CAPÍTULO 5 – CARACTERIZAÇÃO MECÂNICA DA RESINA COM DIFERENTES QUANTIDADES DE CARGA ........................................................ 67

5.1. Ensaios de tração .............................................................................. 67

5.2. Fractografia........................................................................................ 69

5.3. Ensaios de dureza ............................................................................. 73

CAPÍTULO 6 - CARACTERIZAÇÃO TÉRMICA DA RESINA COM DIFERENTES QUANTIDADES DE CARGA ........................................................ 74

6.1. Ensaios preliminares.......................................................................... 74

6.2. Medidas de condutividade térmica..................................................... 75

CAPÍTULO 7 – FABRICAÇÃO E USO DOS MOLDES RÁPIDOS DURANTE O PROCESSO DE INJEÇÃO DE PP E PA 6,6 .................................................... 78

7.1. Moldagem por Injeção de PP e PA 6,6 .............................................. 78

CAPÍTULO 8 – CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................... 93

8.1. Conclusões ........................................................................................ 93

8.2. Propostas de trabalhos futuros .......................................................... 95

REFERÊNCIAS..................................................................................................... 96

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Ciclo genérico em processos de adição por camadas [8]. .............. 21

Figura 2 – Ilustração da eliminação do efeito escada apenas com a alteração

da orientação da peça, evitando-se uma etapa final de acabamento [8]. . 21

Figura 3 – Esquema básico do processo de estereolitografia [8]. .................... 24

Figura 4 – Representação de moldes sólidos e em casca [8]. ......................... 26

Figura 5 – Esquema básico da sinterização seletiva a laser [3]. ...................... 27

Figura 6 – Esquema exemplificativo do funcionamento da técnica de FDM [18].

.................................................................................................................. 28

Figura 7 – Esquema da fabricação de moldes em silicone [8]. ........................ 30

Figura 8 – Principais etapas de fabricação de um molde de resina [3]. ........... 31

Figura 9 – Grupo epóxi [25].............................................................................. 33

Figura 10 – Reação de formação de resina epóxi derivada do bisfenol A. ...... 34

Figura 11 – Misturador a vácuo........................................................................ 42

Figura 12 – Molde de silicone para preparação de corpos de prova de tração e

dureza. ...................................................................................................... 43

Figura 13 – Procedimento de uniformização da superfície dos corpos de prova.

.................................................................................................................. 44

Figura 14 – Aparato experimental para análise térmica qualitativa. ................. 46

Figura 15 – Princípio do método de medição da resistência térmica. .............. 46

Figura 16 – Molde com geometria do tipo macho-fêmea. ................................ 47

Figura 17 – Peça produzida pela geometria do tipo macho-fêmea. ................. 48

Figura 18 – Esquema da fabricação da cavidade (adaptado) [3]. .................... 48

Figura 19 – Molde da cavidade depois de retirada a moldura.......................... 49

Figura 20 – Esquema fabricação do macho (adaptado) [3].............................. 49

Figura 21 – Macho após a separação das metades do molde. ........................ 50

Figura 22 – Esquema do posicionamento dos canais de resfriamento. ........... 51

Figura 23 – Posicionamento do furo para o pino extrator no molde do macho. 51

Figura 24 – Injetora Arburg 320S 500-150 [6]. ................................................. 52

Figura 25 – Indicação do local onde foi retirada a mostra para os ensaios de

DRX........................................................................................................... 54

Figura 26 – Espectro de infravermelho da resina............................................. 56

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Figura 27 – Espectro de infravermelho do endurecedor. ................................. 57

Figura 28 – Espectro de RMN hetcor da resina TCR 550. ............................... 58

Figura 29 – Espectro de RMN hetcor do endurecedor. .................................... 60

Figura 30 – Sobreposição das curvas de DSC (1ª corrida) para amostras com 7

dias de cura à temperatura ambiente da resina TCR 550 com diferentes

porcentagens em massa (%m) de endurecedor. ...................................... 61

Figura 31 – Sobreposição das curvas de DSC (2ª corrida) para as amostras

com 7 dias de cura à temperatura ambiente. ............................................ 62

Figura 32 – Sobreposição de curvas de DSC (1ª corrida) para amostras sujeitas

a diferentes tempos de forno a 100 ºC...................................................... 63

Figura 33 – Energia do pico exotérmico de cura para diferentes tempos de

forno a 100 ºC. .......................................................................................... 64

Figura 34 – Imagem das partículas do pó de ferro HD 177.............................. 65

Figura 35 – Distribuição por frequência de tamanho das partículas [48].......... 66

Figura 36 – Gráfico do módulo de elasticidade em função da quantidade de

carga. ........................................................................................................ 68

Figura 37 – Gráfico da tensão máxima em função da quantidade de carga. .. 68

Figura 38 – Micrografia da superfície de fratura da resina sem carga. ............ 70

Figura 39 – Micrografias da origem da fratura para a formulação sem carga. . 70

Figura 40 – Micrografia da superfície de fratura da resina com 15% em volume

de carga. ................................................................................................... 71

Figura 41 – Micrografia da origem da fratura para a formulação com 15% de

carga. ........................................................................................................ 71

Figura 42 – Micrografia da superfície de fratura da resina com 40% de carga. 72

Figura 43 – Micrografia da superfície de fratura da resina com 40% de carga. 72

Figura 44 – Valores de dureza Shore D em função da quantidade de carga... 73

Figura 45 – Gráfico da evolução da temperatura em função do tempo, na parte

superior de corpos de prova com diferentes quantidades de carga,

colocados em uma superfície metálica a 80 ºC......................................... 74

Figura 46 – Gráfico da taxa de aquecimento da resina RenCast (RC436) e do

compósito desenvolvido com diferentes formulações (%)......................... 75

Figura 47 – Condutividade térmica para as diferentes formulações................. 77

Figura 48 – Cavidade (a) e macho (b), dos moldes sem carga, após injeção de

25 peças de PP......................................................................................... 78

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Figura 49 – Imagem do molde do macho com uma trinca no seu interior........ 79

Figura 50 – Imagem do macho (a) e cavidade (b) após injeção de poliamida. 79

Figura 51 – Imagens do molde do macho (a) e da cavidade (b) com 10% de

carga, após injeção de PP. ....................................................................... 80

Figura 52 – Imagem do macho com 10% de carga após a injeção de PP. ...... 81

Figura 53 – Imagem do macho com 10% de carga após a injeção de 5 peças

de PA 6,6. ................................................................................................. 81

Figura 54 – Imagem do macho com 20% de carga após a injeção de PP. ...... 82

Figura 55 – Imagem do macho com 20% de carga após injeção de PA 6,6. ... 83

Figura 56 – Imagem do macho com 30% de carga após a injeção de PP. ...... 83

Figura 57 – Imagem da falha do molde após a injeção da peça número 15. ... 84

Figura 58 – Imagem do macho com 40% de carga após injeção de PP. ......... 84

Figura 59 – Imagem da cavidade com 40% de carga após injeção de PA 6,6. 85

Figura 60 – Ciclo de injeção de PP para moldes com diferentes quantidades de

carga (formulações). ................................................................................. 86

Figura 61 – Gráfico dos tempos de ciclo em função da quantidade de carga

(formulações). ........................................................................................... 86

Figura 62 – Difratograma da amostra de PP injetada no molde em resina epóxi

com 0% de carga. ..................................................................................... 88

Figura 63 – Difratograma da amostra de PP injetada no molde em resina epóxi

com 40% de carga. ................................................................................... 89

Figura 64 – Difratograma da amostra de PA 6,6 injetada no molde em resina

epóxi com 0% de carga............................................................................. 91

Figura 65 – Difratograma da amostra de PA 6,6 injetada no molde em resina

epóxi com 40% de carga........................................................................... 91

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Parâmetros de injeção de PP......................................................... 52

Tabela 2 – Parâmetros de injeção de poliamida. ............................................. 53

Tabela 3 – Deslocamentos químicos de RMN de 1H e 13C da resina TCR 550.

.................................................................................................................. 57

Tabela 4 – Deslocamentos químicos de RMN de 1H e 13C do endurecedor. ... 59

Tabela 5 – Valores de Tg em função da quantidade de endurecedor.............. 62

Tabela 6 – Distribuição granulométrica do pó HD 177 [48]. ............................. 65

Tabela 7 – Valores médios de tensão máxima e módulo de elasticidade. ....... 67

Tabela 8 – Valores de condutividade térmica medida para as diferentes

formulações............................................................................................... 76

Tabela 9 – Ângulos de difração da fase cristalina do PP. ................................ 88

Tabela 10 – Grau de cristalinidade do PP, em função da quantidade de carga

no molde. .................................................................................................. 90

Tabela 11 – Ângulos de difração da fase cristalina da PA 6,6 ......................... 90

Tabela 12 – Grau de cristalinidade da PA 6,6, em função da quantidade de

carga no molde. ........................................................................................ 92

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SIMBOLOGIA

SL Estereolitografia

SLS Sinterização seletiva laser

FDM Modelagem por fusão e deposição

ABS Copolímero acrilonitrila butadieno estireno

PP Polipropileno

PA Poliamida

PEBD Polietileno de baixa densidade

PEAD Polietileno de alta densidade

PC Policarbonato

POM Polioximetileno

RMN Ressonância magnética nuclear

IV Infravermelho

DSC Calorimetria diferencial de varredura

PR Prototipagem rápida

FR Ferramental rápido

Tg Temperatura de transição vítrea

MEV Microscopia aletrônica de varredura

DRX Difração de raios X

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RESUMO

Nos últimos anos, as exigências de mercado fizeram com que as

empresas tenham que apostar cada vez mais na flexibilidade de produção, ou

seja, as empresas têm de estar preparadas para se adaptarem rapidamente a

diferentes necessidades, uma vez que o tempo de produção de uma

determinada peça se tornou extremamente reduzido. Nesse sentido tem-se

visto um grande desenvolvimento da tecnologia de prototipagem rápida e

ferramental rápido de forma a rapidamente se proceder ao desenvolvimento e

projeto de novos produtos e até mesmo de se produzirem pequenas séries de

peças tendo sempre em vista o controle dos custos. É neste contexto que se

encaixa a produção de moldes rápidos para injeção de polímeros através do

método de vazamento de resina epóxi. No entanto, a resina epóxi por si só

apresenta algumas limitações termo-mecânicas que podem ser minimizadas

através da adição de cargas.

Neste trabalho procedeu-se ao desenvolvimento de materiais compósitos,

à base de resina epóxi e diferentes quantidades de carga metálica particulada.

Foi realizada a caracterização térmica e mecânica dos materiais compósitos

desenvolvidos com diferentes quantidades de carga. Também foram fabricados

moldes rápidos não metálicos com diferentes quantidades de carga, sendo

avaliado o comportamento térmico e mecânico durante a injeção de

termoplásticos. Foi assim possível passar a conhecer melhor as variações

mecânicas e térmicas do material compósito e moldes em função da adição de

diferentes quantidades de carga metálica particulada.

Verificou-se o aumento da dureza e do módulo de elasticidade em função

da adição de carga metálica particulada. Como seria de esperar, a tensão

máxima diminuiu uma vez que não se utilizaram agentes acoplantes.

A condutividade térmica aumentou significativamente com o aumento da

quantidade de carga metálica particulada e atestou-se a validade de um

método preliminar simples e rápido.

Verificou-se ainda o aumento da produtividade e da resistência mecânica

dos moldes fabricados, em função da adição de carga metálica.

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ABSTRACT

As a result of market demands, companies need to set their focus on

production flexibility, i. e., companies need to be prepared to rapidly adapt to

different needs. In this way, on the past few years there have been a great

development on the technologies of rapid prototyping and rapid tooling, in order

to shorten the time between project and production and even to produce small

series, always aiming on cost reduction. This is where the production of moulds

by cast resin tooling fits. However, the usage of epoxy resin by itself presents

some thermal and mechanical limitations that can be minimized by the use of

fillers.

In this work it were developed epoxy resin based composite materials with

different amounts of metallic fillers. It was conducted a thermal and mechanical

characterisation of the composite materials with different amounts of fillers. It

was also produced non metallic moulds with different amounts of fillers in order

to evaluate its thermal and mechanical behaviour during the injection of

thermoplastics. That way, it was possible to understand better the mechanical

and thermal changes on the composite material and moulds as a result of the

amount of metal fillers incorporated.

There was an increase on the hardness and rigidity by adding metal fillers

to the epoxy resin. As expected, since it wasn’t used coupling agents, there was

a reduction on the ultimate tensile strength when the amount of fillers increased.

Thermal conductivity increased significantly and it was confirmed the

validity of the preliminary test used to verify the changes between the materials

with different amounts of fillers.

It was observed a productivity and life time increase, of the fabricated

moulds, when the amount of fillers in the resin was raised.

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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

1.1. Definição do problema

As novas realidades de mercado exigem que os ciclos de

desenvolvimento de produtos sejam cada vez menores de modo a se

flexibilizar a produção e a não se perder competitividade. Além disso, na

atualidade, verifica-se uma necessidade crescente de se produzir pequenos

lotes com uma elevada diversificação de produtos [1]. Nos últimos anos tem-se

assistido ao desenvolvimento de vários processos de prototipagem rápida (PR)

com o objetivo de se minimizar o tempo de obtenção de um protótipo para

teste. Mais recentemente a PR evoluiu no sentido da produção de ferramental

rápido (FR), que é a habilidade de se produzir ferramentas com um custo e

tempo de produção mais reduzido. Com o FR torna-se possível a produção de

peças idênticas às peças produzidas pelos métodos convencionais e,

dependendo do método utilizado e tipo de peça, é possível a produção de

pequenos lotes de uma forma comercialmente competitiva.

Um desses processos é a fabricação de moldes rápidos para injeção de

termoplásticos, onde as suas propriedades térmicas e mecânicas têm grande

importância na qualidade e quantidade de peças injetadas. Estudos buscam

avaliar quais propriedades mecânicas são de maior importância na

performance de moldes fabricados por estereolitografia. No caso específico da

produção de moldes rápidos de resina epóxi fabricados por estereolitografia,

apresentam-se algumas dificuldades relativas ao próprio material, referentes às

características mecânicas e térmicas, principalmente às características de

dissipação de calor [2]. A dissipação de calor representa um papel basilar na

durabilidade dos moldes e no controle da microestrutura e propriedades da

peça injetada, consequentemente na qualidade do produto final. Como os

tempos de ciclo de injeção são muito longos para moldes rápidos não

metálicos, é também fundamental melhorar a condutividade térmica para se

permitir a utilização comercialmente rentável desses moldes.

Page 16: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

16

Diante dessas limitações, estão disponíveis comercialmente resinas

compostas que foram desenvolvidas buscando melhoria nas propriedades

mecânicas e térmicas dos moldes rápidos não metálicos. Moldes fabricados

através do vazamento de resinas epóxi com carga de alumínio apresentam

desempenho térmico e mecânico superior aos moldes fabricados por

estereolitografia. Tornou-se assim possível a produção de um número maior de

peças com melhor controle microestrutural [2, 3]. No entanto, o desempenho

térmico e mecânico de moldes rápidos não metálicos está ainda muito afastado

daquele apresentado por ferramentas convencionais, fabricadas em aço.

Apareceu assim a necessidade de se investigar materiais cujas propriedades

mecânicas e térmicas possibilitem fabricar moldes rápidos não metálicos com

desempenho mais próximo ao das ferramentas convencionais.

1.2. Objetivos

Este trabalho tem como objetivo principal desenvolver material compósito,

de matriz epóxi com carga metálica, que apresente propriedades térmicas e

mecânicas apropriadas para ser utilizado na fabricação de moldes rápidos para

injeção de termoplásticos.

Como objetivos específicos podemos citar:

- Seleção e caracterização da resina epóxi e do material metálico utilizado

como carga;

- Estudo do comportamento mecânico da resina com diferentes quantidades de

carga, através de ensaios de tração e dureza;

- Estudo do comportamento térmico da resina com diferentes quantidades de

carga, através de medidas de condutividade térmica;

Page 17: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

17

- Investigar o comportamento de moldes rápidos de geometria tipo macho-

fêmea, fabricados com diferentes formulações de resina e carga, durante a

injeção de polipropileno (PP) e poliamida 6,6 (PA 6,6);

- Avaliação do comportamento dos moldes rápidos tipo macho-fêmea,

fabricados com o compósito polímero-metal, frente aos resultados obtidos

previamente no nosso laboratório com moldes fabricados por estereolitografia

e por vazamento de resina epóxi com carga de alumínio.

1.3. Estrutura da dissertação

A presente dissertação está estruturada em capítulos onde se abordam os

diferentes aspectos relacionados com o desenvolvimento do material

compósito bem como a fabricação e utilização de moldes rápidos fabricados

através do vazamento desse mesmo material.

Inicialmente no capítulo 1 são descritas as motivações e justificativas que

levaram à realização deste estudo.

No capítulo 2 é apresentada uma revisão bibliográfica sobre técnicas de

fabricação de moldes rápidos não metálicos e uma introdução às

características gerais de resinas epóxi e tipos de cargas utilizadas em materiais

compósitos de matriz polimérica.

O capítulo 3 descreve a metodologia utilizada na caracterização dos

materiais e na fabricação dos corpos de prova e dos moldes, além dos

parâmetros de injeção utilizados.

No capítulo 4 apresenta-se a caracterização da resina, endurecedor e

carga metálica particulada. Também é demonstrado como foi realizada a

definição da quantidade de endurecedor utilizada.

O capítulo 5 mostra o estudo do comportamento mecânico da resina com

diferentes quantidades de carga, realizado através de ensaios de tração e

dureza.

Page 18: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

18

No capítulo 6 é apresentado o estudo do comportamento térmico da

resina com diferentes quantidades de carga, através de medidas de

condutividade térmica.

O capítulo 7 apresenta a avaliação do comportamento térmico e mecânico

dos moldes rápidos fabricados com diferentes quantidades de carga, durante a

injeção de PP e PA 6,6.

Finalmente, o capítulo 8 apresenta conclusões dos estudos realizados e

propostas de trabalhos futuros.

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CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Tecnologia de prototipagem rápida e ferramental rápido

O setor de produção e comercialização de peças e componentes,

injetados e termoformados, é extremamente competitivo e em permanente

mudança. Torna-se essencial reduzir os custos de projeto e produção bem

como o tempo entre a idealização, projeto e comercialização de um produto.

Para tal se utilizam protótipos que permitam a recolha de informações sobre o

comportamento da peça ou componente, nas condições de trabalho, antes de

se passar para a fase final de produção.

A grande vantagem da prototipagem rápida (também conhecida como

fabricação rápida) e do ferramental rápido é o aumento de escolhas possíveis

disponíveis, o que faz com que cada projeto possa ser desenvolvido da melhor

forma possível e assim cumprir todos os requisitos específicos. No entanto,

essa grande variedade de possibilidades oferecidas pela PR e pelo FR implica

um longo tempo para pesquisar as características e os custos de cada

processo, bem como para ficar a par dos desenvolvimentos mais recentes e

mais apropriado para cada caso específico. Assim sendo, existem diversos

fatores que devem ser levados em conta quando se toma a decisão de se

escolher entre PR ou FR [4], tais como:

- Processo de fabricação da peça;

- Número de peças a produzir;

- Nível de complexidade da peça;

- Custo;

Page 20: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

20

2.1.1. Prototipagem rápida

Com o objetivo de se produzir um protótipo físico tridimensional, ou com o

intuito de se proceder a uma avaliação mais eficaz do produto [4], a tecnologia

de prototipagem rápida (PR) tem evoluído continuamente nos últimos 20 anos

em diferentes setores industriais.

O primeiro processo de PR foi a estereolitografia, desenvolvido em 1986

por Charles Hull, onde a construção de objetos faz-se através da cura de

camadas sucessivas de resina líquida sensível à luz ultravioleta. Para tal

utiliza-se um laser de baixa potência.

Com a introdução da PR os modelos sólidos em CAD puderam

materializar-se em modelos físicos [5]. Usualmente, divide-se a prototipagem

rápida em dois grupos, técnicas baseadas em deposição por camadas e

técnicas baseadas em usinagem com altas velocidades de corte [1]. As

técnicas de usinagem com altas velocidades de corte apresentam-se limitadas

devido ao fato de apenas permitir a remoção de material que pode ser

alcançado pela aresta cortante da ferramenta. Quando comparados com os

métodos de fresagem rápida, os métodos de fabricação baseada em deposição

de camadas apresentam ainda a vantagem de se fabricar a peça numa única

etapa, não havendo risco de erros de posicionamento nem necessidade de se

fabricar dispositivos de fixação [6].

O ponto inicial da PR é um modelo virtual tridimensional em CAD

(Computer Aided Design) que normalmente é convertido em um arquivo STL

(Surface Tessellation). Esse modelo é então “fatiado” em camadas que serão

adicionadas sucessivamente, com o auxílio de um sistema CAM (Computer

Aided Manufacture) de forma a se produzir o objeto físico [7], figura 1.

Page 21: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

21

Figura 1 – Ciclo genérico em processos de adição por camadas [8].

Nos processos em que a construção é feita camada por camada, dá-se o

problema da falta de continuidade, causada pela espessura das camadas

(efeito escada), que pode ser minimizado pelo software ou pela alteração da

orientação de construção [9]. Através da comparação da Figura 2 (a) e (b) é

possível observar a eliminação do efeito escada apenas com a alteração da

orientação da peça, evitando-se uma etapa final de acabamento, Figura 2 (c).

O aspecto final da peça pode ser melhorado através de operações de

acabamento, tais como polimento ou recobrimento, dependendo do seu uso

final.

Figura 2 – Ilustração da eliminação do efeito escada apenas com a alteração

da orientação da peça, evitando-se uma etapa final de acabamento [8].

Page 22: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

22

Segundo Garcia [1], a viabilidade do uso da prototipagem rápida em

produções de grandes lotes de peças e as conclusões principais foram as

seguintes:

- A nível comercial as tecnologias de PR não conseguem competir com as

técnicas convencionais de injeção de grandes lotes de produção;

- a produção de uma peça através de PR apresenta um custo que é

aproximadamente 100 vezes maior quando comparado com o custo da

produção por injeção da mesma peça;

- para pequenos e médios lotes de produção, as técnicas de PR apresentam-se

competitivas.

Além dessa limitação, no que concerne à competitividade comercial, as

técnicas de fabricação camada por camada apresentam ainda as seguintes

limitações [6]:

- Em muitos casos não é possível produzir a peça no material desejado,

apresentando assim diferentes características físicas e químicas;

- Limitações no acabamento superficial, bem como na precisão dimensional e

de forma;

- Necessidade de se proceder a operações adicionais de acabamento e pós-

processamento das peças, tais como limpeza e pós-cura.

Assim sendo e, apesar das limitações inerentes a cada processo, a

tecnologia de prototipagem rápida apresenta bons resultados na produção de

protótipos com o intuito de serem utilizados na avaliação visual e funcional de

componentes. Além disso, o estado da tecnologia já permite que, em certos

casos, se produzam pequenos lotes de peças que se apresentam

economicamente competitivos [1].

Page 23: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

23

2.2. Ferramental rápido

Existem limitações nas diferentes técnicas de prototipagem, relacionadas

com o alto custo da produção de protótipos múltiplos e com a baixa

disponibilidade de materiais nas técnicas de PR. Essas limitações aliadas à

necessidade dos fabricantes obterem série de protótipos fabricados no material

definitivo impulsionou o surgimento da fabricação rápida de ferramentas,

conhecido como ferramental rápido (FR) [10].

Essas técnicas de FR apresentam-se particularmente interessantes

devido à tendência da indústria em produzir pequenos lotes com uma elevada

diversificação de produtos [1] pois, com o desenvolvimento de novos materiais,

é possível produzir ferramentas rápidas capazes de resistir a um grande

número de ciclos [11].

Como existe um grande número de técnicas disponíveis para a produção

de ferramentas rápidas, apareceu a necessidade de se proceder à sua

classificação em grupos, podendo-se basear na aplicação, no número de peças

produzidas pela ferramenta ou na forma como são produzidas as ferramentas.

No caso em que a classificação é feita de acordo com a forma como as

ferramentas são produzidas, a divisão é feita em processos diretos e

processos indiretos de fabricação.

No ferramental rápido direto, a ferramenta é produzida diretamente a partir

de uma técnica de PR. Já no caso do ferramental rápido indireto, utiliza-se um

modelo, normalmente fabricado por PR, para a produção da ferramenta [6].

Uma das vantagens do processo direto é a diminuição do número de

operações e, consequentemente, a diminuição de tempo e custo de produção

além de aumentar a precisão final do produto.

A escolha da técnica de ferramental rápido para uma determinada

finalidade depende da análise de desempenho, custos e tempos de

processamento, além de se verificar a capacidade técnica de processamento

dessa mesma técnica.

Page 24: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

24

2.3. Produção de moldes rápidos

A produção de um molde envolve um grande investimento financeiro e

longo tempo de fabricação. Assim sendo, a produção de moldes através das

técnicas de prototipagem rápida e ferramental rápido se apresenta

indiscutivelmente atrativa, uma vez que permite a produção de peças injetadas

no material desejado em menos tempo e investindo-se menos dinheiro.

Portanto, flexibiliza-se o projeto e produção de peças injetadas. Em seguida

são apresentadas diferentes técnicas de prototipagem rápida e de ferramental

rápido que permitem a fabricação de moldes para moldagem por injeção.

2.3.1. Estereolitografia (SL)

A estereolitografia é um processo de construção por camadas em que os

protótipos são fabricados através da polimerização de uma resina líquida por

ação de um laser, tal como está ilustrado na Figura 3, em que as camadas são

construídas individualmente na superfície da resina. Após a produção de cada

camada, a plataforma desce para que a camada solidificada possa ser

uniformemente recoberta por resina líquida, com a ajuda de uma lâmina devido

à alta viscosidade da resina, iniciando-se o ciclo de construção de uma nova

camada. O processo é repetido até que todas as camadas sejam construídas e

o modelo finalizado.

Figura 3 – Esquema básico do processo de estereolitografia [8].

Page 25: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

25

Após a construção da peça, é necessário proceder-se a uma etapa de

pós-cura de forma a promover uma maior densidade de ligações cruzadas da

resina. Essa polimerização final é feita com o auxílio de radiação ultravioleta,

mas também se pode recorrer a microondas ou calor. O tempo da pós-cura

depende de fatores tais como a natureza da resina e os parâmetros de

construção, bem como da trajetória e potência do laser [12].

Quando comparada com outras técnicas de prototipagem rápida, a SL é

considerada como sendo um processo de fabricação de média ou baixa

velocidade uma vez que o tempo de recobrimento, também conhecido como

“tempo morto”, corresponde praticamente a dois terços do tempo total de

fabricação da peça. Este tempo poderá ser ainda maior se a resina for mais

viscosa.

Um fator que determina o tempo de fabricação é o número de camadas,

que depende da espessura de camada bem como da orientação da peça. O

pós-processamento também é, em grande parte, responsável pelo tempo

relativamente grande de produção de um protótipo uma vez que a pós-cura por

si só pode demorar de 1 a 10 horas, dependendo do volume da peça, não

esquecendo os procedimentos de limpeza e acabamento que podem demorar

mais ou menos tempo dependendo do grau de complexidade geométrica da

peça produzida [9].

Outra desvantagem é que as resinas apresentam propriedades mecânicas

limitadas levando à afirmação de que os protótipos produzidos por SL se

limitam no uso à mera avaliação visual e funcional, não podendo ser utilizados

nas condições de trabalho [13]. No entanto, existem diferentes resinas de

estereolitografia disponíveis comercialmente que tentam reproduzir as

características de alguns dos materiais plásticos mais utilizados [14].

Na produção direta de moldes para injeção de termoplásticos podem-se

utilizar moldes sólidos ou em casca, Figura 4, onde posteriormente se coloca

material de preenchimento. A grande vantagem dos moldes em casca é a

diminuição dos custos. Um fato a levar em conta é que resinas fotopoliméricas

apresentam baixas temperaturas de transição vítrea (Tg<90ºC) e condutividade

térmica. Por esse motivo é necessário implementar sistemas de resfriamento e

assim evitar-se a falha do molde pela diminuição abrupta da sua resistência

Page 26: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

26

mecânica. A quantidade de peças produzidas depende da sua complexidade

geométrica, parâmetros de injeção, material a ser injetado e o material com que

os moldes foram fabricados. A injeção de termoplásticos apolares com menor

ponto de fusão, tais como o PP e o PE, apresentam bons resultados quando

injetados em moldes SL [15]. A injeção de PET e PA 6,6 em moldes SL

apresenta problemas de adesividade entre o material injetado e o molde,

devido a afinidade química [2].

Figura 4 – Representação de moldes sólidos e em casca [8].

2.3.2. Sinterização seletiva a laser (SLS)

A sinterização seletiva a laser é um processo de prototipagem rápida que

também se baseia na construção por camadas e que permite a utilização de

uma grande variedade de materiais metálicos, cerâmicos e poliméricos. Tal

como está esquematizado na Figura 5, é espalhada uma fina camada de

material sobre uma plataforma e em seguida um feixe de laser de CO2 percorre

essa camada de forma a construir uma seção do protótipo. Enquanto na

estereolitografia o laser fornece energia para a polimerização da resina, na SLS

o laser fornece energia para promover o aquecimento e fusão do material em

pó, promovendo a sinterização do material.

Após a construção de uma camada, a plataforma desce o suficiente para

se espalhar uma nova camada de pó sobre a parte em construção e assim

sinterizar-se uma nova camada.

Page 27: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

27

Figura 5 – Esquema básico da sinterização seletiva a laser [3].

Um aspecto importante no controle dimensional da peça é a regulação da

quantidade de energia transferida para o pó durante a passagem do laser, de

modo a evitar uma excessiva fluidez do material ou até a sua decomposição,

nesse caso a contração fica imprevisível. A câmara deve ser aquecida a uma

temperatura pouco abaixo da temperatura de fusão de forma a que apenas

uma pequena quantidade de energia seja suficiente para sinterizar as

partículas. Desta forma também se reduz a contração térmica das camadas

durante a fabricação. Este é um processo em que não é necessário o uso de

suportes uma vez que o próprio pó não sinterizado atua como suporte [16].

Comparando este processo com o processo de SL, a rugosidade

superficial em moldes SLS é maior, sendo assim necessário lixar a superfície

do molde caso se deseje melhorar o acabamento superficial.

O processo de fabricação SLS apresenta um tempo de fabricação

semelhante ao da SL, que depende da temperatura de fusão do material e da

espessura das camadas. Um problema comum é a porosidade dos moldes,

resultante da forma, tamanho e distribuição das partículas de pó utilizadas,

obtendo-se uma menor resistência mecânica [17].

No trabalho desenvolvido por Santos [18] utilizou-se poliamida na

fabricação de um molde por SLS, com o objetivo de se verificar o seu

comportamento durante a injeção de PP. A superfície desse molde foi

necessariamente polida devido à rugosidade inerente ao processo SLS, com o

Page 28: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

28

objetivo de se garantir um bom desempenho na extração das peças injetadas.

Foram injetadas 50 peças até aparecerem as primeiras falhas no molde.

Posteriormente foi estudado o comportamento de um molde com a cavidade

recoberta com uma resina, que atuava no sentido de diminuir a rugosidade do

molde após o seu polimento. Concluiu-se que o recobrimento melhora o

desempenho do molde durante a injeção de PP.

2.3.3. Modelagem por fusão e deposição (FDM)

A modelagem por fusão e deposição também tem como fundamento a

produção de objetos a partir da construção por camadas, neste caso são

construídas camadas de termoplástico fundido extrudado. Tal como se pode

ver no esquema da Figura 6, as camadas são adicionadas por um cabeçote

extrusor, que funde um filamento de material e que se move nas direções x e y.

Além do material de construção, o cabeçote apresenta ainda um bico

secundário que extruda o material de suporte, que pode ser cera ou um

material solúvel em água, nos lugares necessários. O material fundido é assim

depositado sobre a camada anterior e solidifica, aderindo à camada anterior.

Tal como nos dois processos descritos anteriormente, após a deposição de

uma camada, a plataforma de suporte desce o suficiente para permitir a

construção de uma nova camada e dar-se a repetição do processo [19, 20].

Figura 6 – Esquema exemplificativo do funcionamento da técnica de FDM [18].

Page 29: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

29

A distância entre os filamentos é determinada pelo diâmetro do bico

extrusor, bico esse que não pode ser trocado durante o processo de

fabricação, devendo ser escolhido com cuidado para que a viscosidade do

material não altere o espaçamento desejado entre os filamentos a depositar.

Assim como na SLS, a temperatura no interior da câmara, onde é construído o

protótipo, deve ser mantida apenas um pouco abaixo da temperatura de fusão

do material a depositar para que apenas seja necessário um pouco de energia

para fundir o filamento, evitando-se assim a deformação do protótipo [19, 20].

O tempo de fabricação através deste processo depende do tamanho da

peça, espessura da camada, diâmetro do bico, bem como da quantidade e

complexidade de suportes necessários. Os objetos produzidos por FDM

apresentam um acabamento superficial inferior aos produzidos por SL,

comparável ao acabamento superficial oferecido pela SLS. Além disso, objetos

produzidos por FDM apresentam precisão dimensional inferior à da SL e SLS.

Os materiais mais utilizados neste processo são ABS, policarbonato, poliéster,

cera, poliamida e polifenilsulfona [19, 20].

Existem poucos trabalhos publicados onde se aplica ferramental rápido

por FDM na moldagem por injeção provavelmente devido às dificuldades

relacionadas com o fato que os materiais utilizados na fabricação do molde são

termoplásticos que podem amolecer e fundir, ou ainda apresentarem adesão

quando injetadas peças em termoplásticos com polaridade semelhante. No

entanto, Foggiatto [20] utilizou moldes FDM na moldagem por injeção de

termoplásticos, evitando problemas de adesividade baseado na seleção de

materiais por propriedades químicas. Na seleção dos materiais deve-se

também considerar a temperatura de injeção e resistência mecânica. Podem

utilizar-se moldes em ABS para injetar materiais como PP, PEBD e PEAD, e

moldes de PC e PPSF podem ser usados na injeção desses mesmos

materiais, bem como POM e PA 6,6. Uma desvantagem neste processo é a

rugosidade das peças injetadas [20-22].

Page 30: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

30

2.3.4. Moldes em silicone fabricados por vazamento

Esta é uma técnica muito utilizada na produção de pequenas quantidades

de peças, por vazamento ou injeção a baixa pressão, uma vez que este tipo de

molde não resiste às pressões e temperaturas utilizadas na moldagem por

injeção convencional. Existe uma grande variedade de materiais poliméricos

que são moldados por esta técnica, tais como poliuretanos, resinas poliéster e

epóxi, que possibilitam a fabricação de peças com uma boa qualidade

dimensional [3, 9].

A fabricação de moldes em silicone está esquematizada na Figura 7.

Primeiro é definido o modelo da peça a produzir e, em seguida, esse modelo é

colocado na caixa onde será posteriormente vazado o silicone e onde é

colocada fita adesiva para se definir a linha de partição do molde. Utiliza-se

uma câmara de vácuo, durante o tempo de cura do silicone, para se eliminar a

presença indesejável de bolhas. Essas bolhas são inseridas durante a mistura

do silicone com o agente de cura e durante o vazamento, podendo originar

defeitos nas características geométricas do modelo. Após a solidificação do

silicone, o molde é separado seguindo-se a linha de partição e o modelo é

retirado. Unindo-se novamente as partes, o molde está preparado para ser

utilizado na fabricação de peças [3, 9].

Figura 7 – Esquema da fabricação de moldes em silicone [8].

Page 31: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

31

2.3.5. Vazamento de resina epóxi com carga metálica

Este é um método indireto simples, rápido e econômico, para produzir

ferramentas para moldagem por injeção de pequenas séries de peças

funcionais [23].

Na Figura 8 está esquematizado o processo de fabricação de moldes por

vazamento de resina epóxi. Primeiro fabrica-se um modelo, que pode ser

construído por uma técnica de prototipagem rápida, que é colocado numa caixa

de moldagem. Após o modelo ser coberto com agente desmoldante, é definida

uma linha de partição. A resina é então vazada para a caixa de moldagem até

que complete metade do molde. Após a cura, o mesmo procedimento é

seguido na fabricação da outra metade do molde. Posteriormente ao

vazamento da resina com o seu endurecedor, o conjunto é colocado em uma

câmara de vácuo de forma a se minimizar a presença de bolhas no interior da

resina. Em seguida, efetua-se a sequência de cura, normalmente indicada pelo

fornecedor da resina.

Após completar estas fases, é feito o acabamento dos moldes que depois

são instalados no porta moldes. Esse acabamento pode ser o polimento e a

inserção de canais de resfriamento, no caso de não terem sido inseridos

durante a preparação por vazamento dos moldes [7, 24].

Figura 8 – Principais etapas de fabricação de um molde de resina [3].

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32

Normalmente é utilizado resina epóxi como matriz e com algum tipo de

carga, de forma a reduzir o desgaste da ferramenta e melhorar a transferência

de calor, além de se reduzir o custo da resina [23].

Dependendo do tipo de material injetado no molde de resina, o número de

peças injetadas pode variar de 100 a 200 até cerca de 1000 [25]. Tendo em

conta esta capacidade de produção de peças injetadas, é possível utilizar-se

este método na fabricação comercial de pequenos lotes de peças. É um

método rápido, relativamente simples, e que pode ser utilizado na moldagem

por injeção de termoplásticos comuns, utilizando-se técnicas de injeção

convencionais.

Como desvantagens este processo apresenta o fato do molde possuir

menor resistência mecânica, especialmente quando possui pequenos detalhes,

e menor condutividade térmica, o que provoca o alongamento dos tempos de

ciclo [25] e microestruturas diferenciadas das peças moldadas em aço [3].

Outro fator que prejudica o rendimento de um molde produzido por vazamento

é a presença de bolhas. A quantidade e tamanho das bolhas diminui a

resistência do molde, além de que a presença de bolhas superficiais irá

introduzir defeitos geométricos nas peças a injetar [3].

2.4. Resinas epóxi

Os sistemas de resina epóxi têm ganho aceitação como adesivos,

componentes de moldagem e como matrizes para compósitos usados em

aplicações estruturais. No papel de matrizes em compósitos com cargas, as

resinas epóxi apresentam várias vantagens sobre outros tipos de polímeros,

tais como [26]:

- Natureza polar que confere excelente adesão a uma grande variedade de

cargas;

- Contração na cura relativamente baixa, facilitando assim a obtenção de

precisão dimensional na fabricação de estruturas;

- Ausência de produtos voláteis resultantes da reação de cura, o que evita a

formação indesejada de bolhas;

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33

- Estrutura reticulada que confere uma excelente resistência em ambientes

quimicamente agressivos, tanto aquosos como não aquosos.

Uma outra grande vantagem que leva as resinas epóxi a serem tão

largamente utilizadas é que estas apresentam versatilidade bastante grande,

pois é possível efetuar formulações que permitem fazer face a uma larga gama

de requisitos, tanto de processo como de desempenho.

2.4.1. Definições e principais formulações

Uma resina epóxi é um polímero que contém dois ou mais grupos epóxi,

representado na Figura 9. Esses grupos podem ser terminais, internos ou em

estruturas cíclicas. O termo resina epóxi é utilizado para designar tanto a resina

curada como a não curada [27].

Figura 9 – Grupo epóxi [25].

As resinas epóxi são um tipo especial de poliéter primeiramente

sintetizados como oligômeros [28]. Na prática, são adicionados outros tipos de

moléculas de maneira a formular um sistema termofixo, ou seja, um sistema

que irá sofrer uma reação de cura. O termo de resina epóxi designa assim o

sistema formulado que pode já ter passado por um processo de cura ou não.

Os oligômeros são preparados através de uma reação de polimerização por

etapas de um difenol, normalmente bisfenol A, e um composto que contenha

epóxi, na presença de uma base. O co-monômero normalmente utilizado é a

epicloridrina.

Page 34: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

34

Figura 10 – Reação de formação de resina epóxi derivada do bisfenol A.

O tamanho da cadeia depende da relação, entre epicloridrina e bisfenol A,

na mistura. A reação termina ao esgotar-se o bisfenol A e vai obter-se um

grupo epóxi em cada extremo. Além do bisfenol A, também têm sido utilizados

difenois como hidroquinona e resorcinol em formulações de epóxi. Existem

outras estruturas epóxi utilizadas comercialmente, tais como compostos

cicloalifáticos, glicidil aminas, dienos epoxidados e óleos epoxidados [28].

2.4.2. Reação de cura

A reação de cura é a junção de pequenas moléculas através de uma

reação química, de modo a produzir uma estrutura reticulada. A reação de cura

unifica todos os constituintes monoméricos numa única grande molécula que

se estende até às fronteiras do material. As moléculas epóxi no estado puro à

temperatura ambiente, normalmente não reagem umas com as outras e podem

ficar armazenadas durante anos num recipiente seco sem que haja reação

entre elas. Os tipos de produtos químicos adicionados para promoverem a

reticulação são enquadrados em duas categorias, agentes de cura e

catalisadores. Os agentes de cura, por vezes chamados de endurecedores,

são adicionados em quantidades significativas para reagirem com o epóxi e se

tornarem parte da rede. Estes agentes podem ser aminas alifáticas, aminas

aromáticas ou anidridos. Por outro lado, os catalisadores são adicionados em

quantidades extremamente pequenas para diminuir a energia de ativação da

reação de cura, aumentando a velocidade de reação.

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35

A resistência química depende da densidade de ligações cruzadas,

quanto maior essa densidade, maior será a resistência química da resina epóxi,

pois o produto potencialmente agressivo terá uma maior dificuldade em

penetrar a superfície. Além da resistência química, uma maior densidade de

ligações cruzadas leva a um aumento da Tg e da resistência mecânica [29].

2.5. Materiais compósitos

Os materiais compósitos apresentam propriedades que resultam da

combinação das propriedades de cada componente. Um material compósito de

matriz polimérica pode ser reforçado com partículas ou fibras. As cargas

disponíveis variam bastante consoante a sua finalidade, podendo ser obtidos

de diferentes formas, desde as mais sofisticadas às mais simples. As cargas

podem ser utilizadas para modificar praticamente qualquer propriedade do

material, o que permitiu a expansão do uso de materiais poliméricos [30]. Num

material compósito temos assim uma fase contínua, matriz, e uma fase

dispersa, que são as cargas. Essas cargas podem ser fibras ou partículas,

orgânicas ou não e naturais ou sintéticas [31], tal como se pode ver no

esquema seguinte:

COMPÓSITO (Matriz polimérica)

Matriz Cargas (Fase contínua) (Fase dispersa)

Fibras ou Orgânica ou Natural ou Termofixa ou partículas inorgânica sintética termoplástica

A quantidade de carga vai influenciar diretamente as propriedades

mecânicas do compósito, pois a utilização de partículas ou fibras rígidas vai

originar a presença indesejada de tensões residuais internas, resultantes das

diferenças nas características de expansão térmica dos diferentes materiais. A

presença de carga aumenta a viscosidade, dificultando o processamento,

Page 36: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

36

melhora a estabilidade dimensional, diminuindo a contração no resfriamento ou

cura.

É necessário fazer-se um balanceamento cuidadoso entre a quantidade

de carga incorporada e as propriedades mecânicas e térmicas resultantes

dessa incorporação. Deve-se atingir um compromisso para que se obtenham

as propriedades mais indicadas para o uso do material compósito. No trabalho

de Chung [23], definiu-se a quantidade máxima de carga através da análise

das características físicas do material compósito obtido. Na maior parte dos

trabalhos verifica-se que a quantidade de partículas adicionada não ultrapassa

os 40% em volume [23, 32-36], obtendo-se resultados interessantes com

incorporações de aproximadamente 30% em volume de carga.

2.5.1. Carga particulada

As partículas apresentam uma grande variedade de características que

definem a sua utilização. Apresentam-se com diferentes propriedades e em

diferentes formas, variando desde partículas esféricas, cúbicas, irregulares,

flocos, e até uma mistura entre as diferentes formas. O seu tamanho varia

bastante, sendo o seu tamanho mínimo de apenas alguns nanômetros.

A distribuição de tamanho de partículas pode ser monodispersa,

apresentar uma dispersão Gaussiana, distribuição bimodal ou pode apresentar

uma distribuição irregular. As características principais das partículas são

composição química, área superficial, densidade, tipo de associação entre

partículas e propriedades térmicas e mecânicas. Outras características das

partículas que influenciam as propriedades de um material compósito são a sua

cor, índice de refração, e propriedades elétricas e magnéticas [30].

A forma das partículas influencia diretamente as propriedades do

compósito. As partículas esféricas apresentam a menor razão possível entre

superfície e volume. Este fato limita a área de adsorção de resina, permitindo

um maior carga de partículas numa matriz polimérica fluida, quando comparado

com partículas de outro formato, modificando menos a viscosidade da resina.

Além disso, o formato esférico das partículas promove uma distribuição

uniforme de tensões [37].

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37

As partículas com um formato flocular, quando comparadas com

partículas esféricas, apresentam melhores resultados de transferência de

tensões da matriz polimérica para a partícula de carga. Este fato deve-se à

razão entre o diâmetro médio do floco e a sua espessura. Quanto maior essa

razão, mais efetiva será essa transferência de tensões.

Partículas de formas irregulares apresentam arestas afiadas e pontos que

levam à concentração de tensões, que podem originar a falha prematura do

compósito [26]. No entanto, partículas de forma irregular ou lamelar

apresentam melhor resultado quando o material é sujeito a forças de tração

[38].

Nos estudos de Nakamura [39, 40] comparou-se a influência do tamanho

de partícula rígida na tenacidade de resina epóxi reforçada com partículas de

sílica. Nesses estudos verificou-se uma maior tenacidade nas resinas

reforçadas por partículas maiores (50 µm), para sistemas com a mesma

quantidade de partículas. Concluiu-se que o tamanho de partícula influencia a

nucleação de trincas e sua progressão. Nas partículas maiores existe uma

maior absorção de energia devido ao aparecimento de trincas divergentes em

relação à trinca inicial e consequente formação do que é chamada pelos

autores de região danificada, além de que as partículas maiores obstruem a

progressão das trincas.

No trabalho de Weidenfeller [33], foi efetuada uma comparação entre

diferentes cargas e diferentes frações de carga, numa matriz polimérica, e

verificou-se que a interconectividade entre as partículas tem um papel

primordial na condutividade térmica. Apesar de alguns tipos de partículas

apresentarem maior condutividade térmica, esta pode não resultar em uma

maior condutividade do material compósito devido a uma pequena área de

contato entre as partículas e conseqüente baixa transferência de calor. Além

disso, a condutividade térmica também depende da geometria e orientação das

partículas de carga na matriz, fatores que dificultam a previsão da

condutividade térmica de um determinado material compósito reforçado por

partículas [35].

Vários trabalhos [23, 36, 41] estudaram especificamente a influência de

cargas metálicas nas propriedades térmicas e mecânicas de compósitos de

matriz epóxi. Verifica-se uma melhoria na precisão dimensional do compósito e

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38

uma significativa melhoria da condutividade térmica com o aumento da

quantidade de carga metálica. A condutividade térmica chegou a aumentar em

mais de 6 vezes com o uso de fibras metálicas. Outro dado interessante é que

a diminuição da condutividade térmica em função do aumento da temperatura,

é menor para compósitos com a presença de partículas metálicas [41].

Grande parte dos trabalhos realizados na preparação de compósitos, de

matriz polimérica com carga metálica, centra a sua atenção no estudo de tipos

e quantidade de carga, buscando obter a maior condutividade térmica possível

[32-34, 42-44]. Poucos trabalhos abordam conjuntamente a melhoria da

condutividade térmica e das propriedades mecânicas pela adição de carga [23,

35, 36]. No entanto, essa é uma questão importante na fabricação de

ferramentas que utilizem esse tipo de material, pois qualquer que seja o tipo de

carga adicionada, este irá também alterar as propriedades mecânicas do

material compósito.

Page 39: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

CAPÍTULO 3 – MATERIAIS E METODOLOGIA

3.1. Materiais

Para a preparação das formulações utilizou-se a resina epóxi TCR 550,

fornecida pela CENTRAL FIBER GLASS juntamente com o respectivo

endurecedor (XR - 435), e pó de ferro HD 177, fabricado pela BELGO

BRASILEIRA. Os fatores que regeram a escolha da resina foram os seguintes:

- Resina epóxi bisfenol A;

- Translúcida para permitir a observação do comportamento da carga no seu

interior, ou seja, para permitir verificar visualmente a sua distribuição espacial;

- Temperatura de transição vítrea acima dos 100ºC de forma a permitir o seu

uso em moldes para injeção de polímeros.

Uma vez que esse pó metálico é composto por partículas de ferro com

muito poucas impurezas, considera-se a densidade desse pó como sendo a

própria densidade do ferro (7,8 g/cm3).

Para efeitos de comparação do comportamento do material compósito

produzido, utilizaram-se resinas epóxi comerciais, a RenCast 436 com

endurecedor Ren HY 150 BR (Huntsman) com 30% em volume de carga de

alumínio, e a resina epóxi sem carga RenLam 414 com endurecedor Ren HY

150 BR (Huntsman). A resina RenCast é utilizada na fabricação de moldes

rápidos e a resina epóxi RenLam 414 foi utilizada para comparar o

comportamento mecânico da matriz do compósito.

Para a avaliação dos moldes foram injetados polipropileno (PP) e

poliamida 6.6 (PA 6,6). O polipropileno utilizado foi o XM 6150K da Polibrasil

que apresenta alta fluidez, estreita distribuição de peso molecular e uma

temperatura de fusão de 140-170ºC. A poliamida utilizada foi a TECHNYL A

216, da Rhodia, que apresenta uma temperatura de fusão de 255ºC. Uma vez

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40

que a poliamida apresenta uma alta absorção de água, foi necessário secá-la

numa estufa a vácuo durante 8 horas a 80ºC.

3.2. Metodologia experimental

3.2.1. Espectroscopia de infravermelho

A técnica de espectroscopia na região do infravermelho permite avaliar

vibrações entre átomos, caracterizando os grupos funcionais das unidades

monoméricas. Torna-se assim possível observar a ocorrência de reações de

degradação, formação de ligações cruzadas, variações na cristalinidade, bem

como indicar a miscibilidade de misturas de polímeros. As análises foram

realizadas em um espectrômetro Perkin-Elmer de 4000 cm-1 a 500 cm-1, à

temperatura ambiente, usando célula de KBr, aparelho esse da Central de

Análises Químicas do departamento de Química da Universidade Federal de

Santa Catarina, UFSC.

3.2.2. Espectroscopia de ressonância magnética nuclear (RMN)

A técnica de ressonância magnética nuclear é extremamente importante

para a investigação a nível molecular, permitindo obter informação estrutural e

dinâmica para qualquer estado da matéria. Esta técnica aproveita a

propriedade de alguns núcleos apresentarem momentos magnéticos não nulos,

consequentemente os spins também não serão nulos.

A amostra da resina comercial foi diluída em clorofórmio deuterado, já a

amostra de endurecedor foi diluída em acetona, e obteve-se o espectro em um

aparelho Brucker de 400 MHz da Central de Análises Químicas do

departamento de Química da Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC.

Page 41: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

41

3.2.3. Calorimetria diferencial de varredura (DSC)

A calorimetria diferencial de varredura pode ser utilizada para estudar

quantitativamente as transições térmicas de polímeros. O princípio do método

consiste em aquecer uma pequena quantidade da amostra e uma referência,

sob atmosfera inerte. À medida que as transições ocorrem, que absorvam ou

liberem uma determinada quantidade de calor, o equipamento irá atuar de

forma a igualar a quantidade de calor da amostra e da referência. Esta ação do

equipamento é quantificada, fornecendo os valores correspondentes à variação

de entalpia das transições, bem como as temperaturas de fusão, cristalização,

degradação ou transição vítrea [48].

As análises de DSC foram realizadas em um aparelho Shimadzu DSC 50,

calibrado com índio, com uma taxa de aquecimento de 10 ºC/min e um fluxo de

N2 de 50 mL/min. As análises foram realizadas a partir da temperatura

ambiente até 200ºC, tanto a primeira como a segunda corrida. Foi utilizado o

aparelho de DSC do Grupo de Estudo em Materiais Poliméricos, POLIMAT, do

Departamento de Química da UFSC.

3.2.4. Microscopia de varredura (MEV)

A técnica de microscopia eletrônica de varredura é extremamente versátil

e permite efetuar uma análise superficial bastante pormenorizada. Um feixe de

elétrons é direcionado sobre a amostra e a imagem é formada coletando-se um

sinal em função da posição do feixe sobre a amostra. Esse sinal resulta da

emissão de elétrons secundários, elétrons retroespalhados e raios-X [48].

Neste trabalho utilizou-se um microscópio eletrônico Phillips, modelo XL

30, com fonte de elétrons de tungstênio e detector de elétrons secundários. De

forma a tornar as amostras eletronicamente condutoras (exceto as partículas

de carga metálica), estas foram recobertas com uma fina camada de ouro num

metalizador, modelo D2 Diod sputtering system, fabricado pela ISI (international

scientific instruments). Ambos os equipamentos, microscópio eletrônico de

varredura e metalizador, localizados no Laboratório de Materiais da UFSC.

Page 42: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

42

3.2.5. Preparação e vazamento das formulações

Através da pesquisa bibliográfica conclui-se que não seria viável

trabalhar-se com porcentagens, em volume, de carga superior a 40% devido à

grande viscosidade apresentada. Assim sendo, considerou-se como limite

máximo uma formulação com 40% em volume de carga particulada,

porcentagem essa que já dificultava a mistura e vazamento uma vez que a

viscosidade aumentava bastante [23, 32-36].

Para se fazer a mistura utilizou-se um misturador a vácuo, Figura 11, de

forma a se minimizar a formação de bolhas durante a mistura. Após colocar

resina, endurecedor e carga no interior do misturador, foi realizado um vácuo

de aproximadamente -700 mmHg, bomba de vácuo J/B Industries - modelo DV-

200N-250, e iniciou-se a mistura com o um agitador mecânico, Fisatom -

Modelo 713A.

Figura 11 – Misturador a vácuo.

O vazamento foi efetuado com o cuidado de se minimizar o número de

bolhas. Além disso, pincelava-se a superfície onde o material era vazado de

forma a evitar que bolhas ficassem ancoradas nessa mesma superfície e,

assim, serem provocados defeitos geométricos.

Page 43: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

43

Quando se utilizava a resina RenCast 436 era necessário proceder-se a

uma homogeneização, através de agitação, uma vez que as partículas de

carga decantam durante a armazenagem.

3.2.6. Ensaios de tração

Através da aplicação de uma força de tração ao corpo de prova, em

função da sua área da seção transversal, é avaliada a resistência à tração de

um determinado material. A aplicação dessa força ao material tende a alongá-

lo até que se dê a ruptura, permitindo assim que se conheça o comportamento

do material aos esforços de tração, qual a carga máxima suportada pelo

material e o seu comportamento elástico e plástico.

Os corpos de prova para os ensaios mecânicos de tração uniaxial foram

preparados seguindo-se a norma ASTM D638m I. Para a sua preparação,

construiu-se um molde em silicone (RenCast 4644 com respectivo

endurecedor), apresentado na Figura 12.

Figura 12 – Molde de silicone para preparação de corpos de prova de tração e

dureza.

Esse molde foi colocado sobre uma mesa nivelada com o propósito de se

garantir uma boa estabilidade dimensional dos corpos de prova produzidos.

Antes do vazamento do material compósito no molde era aplicado o

desmoldante Renlease QZ 5100, da RenShape, para se facilitar a extração

posterior dos corpos de prova. No início do vazamento pincelavam-se as

cavidades com o material compósito de forma a evitar o alojamento de bolhas

que iriam prejudicar seriamente os resultados dos ensaios de tração. Após o

Page 44: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

44

vazamento era passada uma espátula, Figura 13, pela superfície do molde

para uniformizar a superfície dos corpos e evitar a formação de um menisco

pronunciado.

Figura 13 – Procedimento de uniformização da superfície dos corpos de prova.

Após 24h, os corpos eram retirados do molde e procedia-se à sua pós-

cura de 1 hora a 100ºC.

Os ensaios de tração foram realizados à temperatura ambiente,

aproximadamente 25ºC, numa máquina universal de ensaios de tração EMIC

DL 2000, utilizando-se a célula de carga trd 24 e uma velocidade de

deformação de 10 mm/min. A máquina de ensaios utilizada foi a do Grupo de

Estudo em Materiais Poliméricos, POLIMAT, do Departamento de Química da

UFSC.

Page 45: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

45

3.2.7. Ensaios de dureza

Os ensaios de dureza Shore são utilizados para a medição da resistência

à penetração ou ao risco. O ensaio consiste em carregar um indentador contra

a superfície de um corpo de prova e a profundidade de penetração é lida em

uma escala calibrada.

Os ensaios de dureza Shore são divididos de acordo com a carga

utilizada, no caso do ensaio Shore A utiliza-se uma carga de 1 kg, no Shore D

a carga utilizada é de 5 kg, ensaio mais indicado para materiais rígidos e

alguns semi-rígidos [45].

Assim sendo, realizaram-se ensaios de dureza Shore D em corpos de

prova preparados no mesmo molde de silicone utilizado na preparação dos

corpos de prova para ensaios de tração, Figura 12. As medidas foram

efetuadas utilizando-se o durômetro Wultest SD 300 com resolução de um

dígito, disponibilizado pelo Laboratório de Materiais do departamento de

Engenharia Mecânica da UFSC.

3.2.8. Medidas de condutividade térmica

A transferência de calor do material constituinte do molde é de extrema

importância uma vez que influencia diretamente as propriedades do

termoplástico injetado e os tempos de ciclo. O resfriamento do molde dá-se

pela transferência de calor que ocorre por condução entre o termoplástico

injetado e o molde, entre o molde e os canais de resfriamento e por convecção

forçada do líquido de resfriamento nos canais. A taxa de retirada de calor do

termoplástico depende das propriedades térmicas, mais especificamente a

condutividade térmica, difusidade térmica e calor específico do termoplástico e

do molde e das condições do fluido de resfriamento [46].

De forma a se avaliar preliminarmente a condutividade térmica do material

compósito, desenvolveu-se um aparato experimental com esse fim. Utilizou-se

uma placa de aquecimento, como fonte de calor, onde se colocou uma placa

de ferro que funciona como base, Figura 14. Colocou-se um termopar nessa

placa de ferro e um termopar no topo de cada corpo de prova para se medir a

Page 46: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

46

evolução da temperatura ao longo do tempo. De forma a se melhorar o contato

térmico entre a placa de aquecimento e a placa de ferro, bem como entre essa

mesma placa com os corpos de prova, utilizou-se uma pasta térmica.

Figura 14 – Aparato experimental para análise térmica qualitativa.

A temperatura da placa ficou estabelecida em aproximadamente 80ºC de

forma a se aproximar da temperatura de trabalho a que o material compósito

ficará sujeito. Foram fabricados corpos de prova cilindricos, por vazamento,

com altura e diâmetro de 2 cm.

Para se determinar a condutividade térmica dos compósitos, com

diferentes porcentagens em volume de carga metálica particulada, foram

realizados ensaios no Laboratório de Meios Porosos e Propriedades

Termofísicas de Materiais do Departamento de Engenharia Mecânica da

Universidade Federal de Santa Catarina, no equipamento Condutivímetro

Fluximétrico, seguindo os procedimentos descritos na Norma Técnica NBR

12094, mostrado esquematicamente na Figura 15, e realizado a uma

temperatura média de 30ºC.

isolante térmico

aquecedor

fluxímetro superioranel de guarda

dissipadorfluxímetro inferior

diferença de temperatura

Figura 15 – Princípio do método de medição da resistência térmica.

Page 47: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

47

As amostras foram fabricadas com as dimensões de 10 x 10 x 1 cm.

Sobre uma mesa nivelada foram vazadas as misturas, numa esquadria de 10 x

10 cm, de forma a fabricar uma placa quadrada com um pouco mas de 1 cm de

altura (cerca de 1,3 cm) para que, após a pós-cura de 1 hora a 100ºC, se

usinar a placa e garantir a sua planicidade e espessura de 1 cm.

3.2.9. Fabricação dos moldes

Para se avaliar o comportamento dos moldes rápidos, fabricados com

resina epóxi carregada com diferentes quantidades de carga metálica, utilizou-

se uma geometria simples do tipo macho-fêmea, Figura 16.

Figura 16 – Molde com geometria do tipo macho-fêmea.

Esta geometria já foi utilizada anteriormente no CIMJECT, para avaliar

moldes rápidos construídos por outros processos, tais como estereolitografia,

FDM e por vazamento da resina epóxi / alumínio RenCast 436 [3, 20, 47]. Na

Figura 17 é apresentada uma peça fabricada em PP nesse tipo de molde, peça

essa que serviu como modelo na fabricação do molde.

Page 48: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

48

Figura 17 – Peça produzida pela geometria do tipo macho-fêmea.

Os dois moldes são fabricados individualmente em etapas separadas.

Para se fabricar o molde da cavidade seguiu-se o procedimento esquematizado

na Figura 18.

Figura 18 – Esquema da fabricação da cavidade (adaptado) [3].

Sobre uma mesa nivelada, começa-se por colar, com silicone, o modelo

numa chapa de vidro, fixar uma moldura quadrada (7 x 7 cm) nessa mesma

chapa, aplicar desmoldante ao modelo, chapa de vidro e moldura, e vazar a

mistura. O material compósito foi vazado até uma altura de 4,5 cm, dimensões

escolhidas em função do porta moldes e tendo em conta as operações

Page 49: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

49

posteriores na finalização do molde. Após 24 horas o molde já podia ser

retirado da esquadria, obtendo-se assim a cavidade, Figura 19 (modelo já

retirado).

Figura 19 – Molde da cavidade depois de retirada a moldura.

Na fabricação do macho, utiliza-se o molde da cavidade com o modelo no seu

interior, tal como se pode ver no esquema da Figura 20.

Figura 20 – Esquema fabricação do macho (adaptado) [3].

Page 50: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

50

Na moldura e na linha de partição entre os moldes foi colocado

desmoldante para facilitar a separação das partes. Foi então vazada a resina

com as diferentes quantidades de carga e esperou-se 24 horas para se retirar a

moldura e separar-se as diferentes partes. Na Figura 21 está o macho após a

separação das metades do molde.

Figura 21 – Macho após a separação das metades do molde.

Em seguida procedeu-se à pós cura dos moldes. Uma vez que neste

trabalho não se iria proceder a um estudo aprofundado da cura do material,

aproveitou-se a experiência adquirida no CIMJECT em vários trabalhos

anteriores com resina epóxi e decidiu-se curar todos os moldes 4 horas a 80ºC

e 4 horas a 100ºC. Com este ciclo de pós-cura garantiu-se que os moldes

estariam na mesma condição de cura e evitou-se a degradação da resina.

Após a pós-cura, os moldes foram usinados para poderem ser

acomodados no porta moldes, mais especificamente foi necessário chanfrar os

cantos dos moldes e fresar a face posterior para garantir planicidade e as

dimensões necessárias para garantir um bom fechamento do molde.

Posteriormente foram feitos os canais de resfriamento no molde da

cavidade. Esses canais foram realizados por furação numa furadeira de

bancada, utilizando-se uma broca de 5mm. Os canais de resfriamento ficaram

com a configuração que se pode observar na Figura 22. Foi ainda realizado um

furo para se colocar um termopar, do tipo K, a cerca de 2 mm da superfície da

cavidade e assim se medir a temperatura do molde durante a injeção.

Page 51: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

51

Figura 22 – Esquema do posicionamento dos canais de resfriamento.

Assim que foram colocados tubos de cobre, para a entrada e saída da

água de refrigeração, os moldes das cavidades ficaram prontos para serem

montados no porta moldes. Já nos moldes dos machos apenas foi feito o furo

para a passagem do pino extrator, Figura 23.

Figura 23 – Posicionamento do furo para o pino extrator no molde do macho.

3.2.10. Injeção

Para se testar o comportamento dos moldes fabricados com diferentes

quantidades de carga metálica particulada, utilizou-se uma máquina injetora

Arburg 320S 500-150, Figura 24, localizada no Laboratório de Materiais da

UFSC. Foram fabricados 5 moldes com 0, 10, 20, 30 e 40% em volume de

carga metálica particulada.

Page 52: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

52

Figura 24 – Injetora Arburg 320S 500-150 [6].

Os parâmetros de processo na injeção de PP estão apresentados na

Tabela 1 e basearam-se nos parâmetros utilizados por Villamizar [3]. No seu

trabalho foi utilizada a resina comercial RenCast 436 para fabricar moldes

rápidos com a mesma geometria do tipo macho-fêmea. O resfriamento do

molde era feito com a circulação de água a 15ºC. Foram injetadas 30 peças de

PP em cada molde.

Tabela 1 – Parâmetros de injeção de PP.

Parâmetros Unidade Valor

Temperatura de injeção ºC 200

Pressão de injeção bar 150

Pressão de recalque bar 60

Fluido de resfriamento ºC 15

Tempo de resfriamento S 25

Temperatura da cavidade ºC 26

Já na injeção de poliamida (PA 6,6) foram usados os parâmetros

indicados na Tabela 2. A água de refrigeração circulava a uma temperatura de

Page 53: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

53

40ºC uma vez que para a injeção de poliamida utiliza-se o molde quente e

assim evitar a solidificação do material antes da injeção propriamente dita.

Tabela 2 – Parâmetros de injeção de poliamida.

Parâmetros Unidade Valor

Temperatura de injeção ºC 285

Pressão de injeção bar 160

Pressão de recalque bar 120

Fluido de resfriamento ºC 40

Tempo de resfriamento S 25

3.2.11. Análises de difração de raios X (DRX)

A técnica de difração de raios X utiliza o fato de que estruturas

organizadas promovem o espalhamento coerente da radiação, permitindo

assim determinar a estrutura e fração cristalina de materiais. O

bombardeamento de elétrons de alta energia a uma fonte provoca a emissão

de fótons de radiação X. Dependendo da fonte utilizada, a radiação X irá

apresentar diferente intensidade e comprimento de onda. A lei de Bragg dá-nos

a equação que define a condição para o máximo de intensidade de difração:

nλ = 2d senθ

onde n é o a ordem de difração, λ o comprimento de onda da radiação

incidente, d o espaço interplanar do cristal e θ o ângulo de difração. Assim, um

detector capta o sinal da difração e é realizada a representação gráfica com a

intensidade do sinal na ordenada e o ângulo de espalhamento (2θ) na abscissa

[48].

Utilizou-se um difratômetro de raios X da Philips, modelo X’PERT MPD

com radiação Kα do cobre, localizado no Laboratório de Materiais da UFSC. As

Page 54: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

54

amostras foram retiradas da parte superior das peças injetadas, Figura 25.

Utilizou-se uma faixa de análise de 5<2θ<35.

Figura 25 – Indicação do local onde foi retirada a mostra para os ensaios de

DRX.

Page 55: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

CAPÍTULO 4 – CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL DOS MATERIAIS

4.1. Caracterização da resina e do endurecedor

A escolha da resina TCR 550 baseou-se, principalmente, no critério de

“disponibilidade” da resina a ser utilizada para a fabricação de moldes, em

virtude da dificuldade de obter resinas epóxi sem cargas ou aditivos.

Tendo em conta que se tratam de resina e endurecedor comerciais, sem

que o seu fornecedor tenha disponibilizado informações detalhadas sobre as

composições químicas, tornou-se necessário a confirmação de que estes

materiais vão ao encontro das necessidades específicas do trabalho

desenvolvido.

4.1.1. Espectroscopia de infravermelho

O espectro de infravermelho (Figura 26) da resina apresentou em 3506

cm-1 a banda de absorção da vibração da hidroxila (-O-H), a banda de

absorção do estiramento da ligação C-H de anel aromático em 3058 cm-1, e as

bandas de absorção da vibração de deformação de C-H alifático em 2966,

2928 e 2871 cm-1.

Em 1602 e 1518 cm-1 observou-se o estiramento da ligação C-C de anel

aromático e em 1375 cm-1, a absorção do grupo metila (-CH3). O grupo éter foi

caracterizado pelas absorções em 1253 cm-1, (O – C6H5 e C-O

respectivamente). A absorção em 833 cm-1 é referente à flexão das ligações C-

H para fora do plano característico do anel p-dissubstituído.

Através das atribuições das bandas de absorção na região do

infravermelho, sugere-se que a estrutura da resina pode ser correlacionada a

resinas epóxi típicas, derivadas de compostos aromáticos.

Page 56: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

56

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 5000

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Tran

smitâ

ncia

Número de onda / cm-1

Resina

3506

3058

-C-H

1602

1518 83

3

1253

1375

Figura 26 – Espectro de infravermelho da resina.

No espectro de infravermelho do endurecedor (Figura 27) verificam-se

bandas de absorção características do grupo amina secundária, em 3357, 1594

e 1030 cm-1, relacionadas a vibração do grupo amino, flexão N-H e estiramento

C-N de amina alifática, respectivamente. As absorções da deformação da

vibração de C-H alifático em 2951, 2905 e 2860 cm-1 e as absorções do grupo

metila –CH3 em 1450 e 1375 cm-1. Em 740 cm-1 observa-se a banda metileno

(CH2).

O espectro de infravermelho do endurecedor apresentou bandas de

absorção que sugerem tratar-se de um endurecedor à base de aminas,

normalmente utilizado neste tipo de sistema.

Page 57: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

57

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 5000

10

20

30

40

50

60

70

80

1375

Tran

smitâ

ncia

Número de onda / cm-1

Endurecedor

3357

C-H 1030

1594 1450

740

Figura 27 – Espectro de infravermelho do endurecedor.

4.1.2. Espectroscopia de ressonância magnética nuclear (RMN)

Nas análises por RMN de 1H e 13C, utilizando as técnicas de cosy, dept e

hetcor, verificaram-se os deslocamentos químicos para a amostra de resina,

descritos na Tabela 3, ilustrados na Figura 28.

Tabela 3 – Deslocamentos químicos de RMN de 1H e 13C da resina TCR 550.

RMN 13C

Sinais (ppm)

Atribuição RMN 1H

Sinais (ppm)

128 H – C (aromático) 7,2

114 H – C (aromático,

posição para

substituídos)

6,8

80 Carbono quaternário

69 O – CH2 (epóxi) 4

50 O – CH (epóxi) 3,5

45 O – CH2 3

42 Carbono quaternário

22 - CH3 1,6

Page 58: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

58

Figura 28 – Espectro de RMN hetcor da resina TCR 550.

Através dos deslocamentos químicos, sugere-se a seguinte estrutura

química:

Page 59: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

59

Através dos espectros de RMN 1H, 13C, cosy, dept e hetcor, Figura 29, foi

possível levantar os sinais e atribuições referentes à amostra de endurecedor

(Tabela 4).

Tabela 4 – Deslocamentos químicos de RMN de 1H e 13C do endurecedor.

RMN 13C

Sinal (ppm)

Atribuição RMN 1H

Sinal (ppm)

129 CH (aromático) 7,2

127 CH (aromático) 7,3

68 N – CH 3 e 4

59 – 66 N – CH2 4,6

53 N – CH 3,5

40 – 48 CH2 1,2

35 CH3 0,9

30 CH 2,0

28 CH 2,0

24 CH3 1,4

21 CH3 1,4

Page 60: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

60

Figura 29 – Espectro de RMN hetcor do endurecedor.

Em conjunto com o espectro de infravermelho verifica-se que o

endurecedor é à base de amina com agrupamentos aromáticos e alifáticos.

4.2. Determinação da Tg em função da quantidade de endurecedor

Foram feitas análises de DSC para amostras de resina com diferentes

quantidades de endurecedor, curada durante 7 dias à temperatura ambiente.

Analisando-se as curvas de DSC da 1ª corrida (Figura 30), verificou-se que a

resina com diferentes quantidades de endurecedor apresentava pico

exotérmico característico de processo de cura, ou seja, ao fim de 7 dias de

cura à temperatura ambiente a resina ainda não se encontrava devidamente

Page 61: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

61

curada. Confirmando-se assim a necessidade de se proceder a uma cura

térmica para se obter uma extensa reticulação num tempo aceitável.

75 100 125 150 175

45

40

35

End

o/E

xoté

rmic

o

Temperatura / ºC

% m. de endurecedor

30

Figura 30 – Sobreposição das curvas de DSC (1ª corrida) para amostras com 7

dias de cura à temperatura ambiente da resina TCR 550 com diferentes

porcentagens em massa (%m) de endurecedor.

Na Figura 31 tem-se a sobreposição das curvas de DSC, da 2ª corrida,

para as diferentes formulações. Na segunda corrida o pico exotérmico de cura

já não está presente e é então possível determinar-se a temperatura de

transição vítrea (Tg) para cada formulação.

Page 62: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

62

50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180

Endo

térm

ico

Temperatura / oC

30

35

40

45

% m. de endurecedor

Figura 31 – Sobreposição das curvas de DSC (2ª corrida) para as amostras

com 7 dias de cura à temperatura ambiente.

Observou-se o aumento da Tg, Tabela 5, para formulações com maior

quantidade de endurecedor, comportamento característico do uso de agente

reticulante.

Tabela 5 – Valores de Tg em função da quantidade de endurecedor.

% de endurecedor Temperatura de transição vítrea (ºC)

30 73

35 86

40 117

45 127

Verificados os valores de Tg, optou-se pela utilização de resina com 45%

de endurecedor por ser a formulação que apresenta maior valor, 127ºC, o que

indica uma resistência térmica mais elevada, uma vez que o material compósito

final será sujeito a elevadas temperaturas durante o processo de injeção de

Page 63: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

63

termoplásticos. Não se optou por formulações com maiores quantidades de

endurecedor uma vez que isso não seria o indicado pelo fornecedor e levaria à

obtenção de um material mais rígido e mais frágil. Além disso, a futura adição

de carga fará com que aumente a rigidez do compósito.

4.3. Estudo da cinética de pós-cura

Tendo sido definido o uso de uma concentração de endurecedor de 45%,

passou-se a estudar a cinética de cura da resina. O objetivo deste estudo é

verificar o estado de cura em função do tempo em que a resina é submetida a

uma determinada temperatura. Colocaram-se 5 amostras, curadas à

temperatura ambiente durante 24 horas, em um forno, a 100 ºC, que eram

retiradas em diferentes tempos e feita a respectiva análise de DSC, obtendo-se

o gráfico de sobreposição das diferentes amostras, Figura 32.

75 100 125 150 175

Temperatura / ºC

Endo

/Exo

térm

ico

0 min

60 min

90 min

120 min

300 min

Figura 32 – Sobreposição de curvas de DSC (1ª corrida) para amostras sujeitas

a diferentes tempos de forno a 100 ºC.

Verifica-se que amostras com mais tempo de forno apresentam picos

exotérmicos de cura menores. Essa diminuição na área das curvas revela a

Page 64: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

64

progressão da cura ao longo do tempo. Na Figura 33 verifica-se facilmente que

a partir dos 60 minutos se dá uma redução significativa na energia associada

ao processo de cura, tendendo à estabilidade.

0 50 100 150 200 250 3000

10

20

30

40

50

60En

ergi

a / J

g-1

Tempo (minutos)

Isotermas em 100ºC

Figura 33 – Energia do pico exotérmico de cura para diferentes tempos de

forno a 100 ºC.

4.4. Carga metálica particulada

A escolha da carga metálica baseou-se na sua disponibilidade imediata e

sem custo, uma vez que foi gentilmente cedida pelo Laboratório de Materiais

da UFSC, e por apresentar uma condutividade térmica interessante, permitindo

assim trabalhar o compósito, no sentido de controlar seu comportamento

térmico e mecânico em função da quantidade de carga metálica utilizada.

Outro fato é que esta carga possui propriedades magnéticas que

permitem uma eventual orientação ou aglomeração quando da aplicação de um

campo magnético controlado [49].

A distribuição granulométrica do pó de ferro HD 177 (Belgo Brasileira),

determinada seguindo-se as normas MPIF 05, ASTM B 214 ou ISO 4497,

mostra uma distribuição de tamanho de partícula relativamente larga. O pó

apresenta uma grande quantidade de aglomerados, Figura 34.

Page 65: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

65

Figura 34 – Imagem das partículas do pó de ferro HD 177.

Os resultados obtidos para a análise de distribuição granulométrica são

apresentados na Tabela 6 e na Figura 35, onde se vê a curva de frequência do

diâmetro médio de partícula para cada faixa [50].

Tabela 6 – Distribuição granulométrica do pó HD 177 [48].

Massa inicial: 100.20g mR (g) m% daPeneira

(µm) Faixa (µm) 1 2 1 2 (µm)

250 >250 0,18 0,16 0,2 0,2 250 180 <250; >180 7,83 8,72 7,8 8,7 215 149 <180; >149 13,60 11,99 13,6 12,0 164,5 125 <149; >125 8,72 9,78 8,7 9,8 137 75 <125; >75 35,46 36,38 35,4 36,4 100 63 <75; >63 9,44 9,19 9,4 9,2 69 45 <63; >45 12,91 12,53 12,9 12,5 54 Prato <45 12,01 11,19 12,0 11,2 22,5

TOTAL 100,15 99,94 100,0 100,0 PERDA 0,05 0,26 da – diâmetro médio

Page 66: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

66

05

1015

2025

3035

40

0 50 100 150 200 250

Diâmetro médio (µm)

Por

cent

agem

(%)

Figura 35 – Distribuição por frequência de tamanho das partículas [48].

Observa-se que a maior parte das partículas tem um tamanho de

aproximadamente de 100 µm, um tamanho de partícula utilizado em trabalhos

onde se estuda a influência de partículas metálicas em polímeros [32, 36, 37,

41]. No entanto, não seria desejada uma presença tão grande de aglomerados

de diâmetro superior a 150 µm para a fabricação de moldes rápidos, pois

poderia causar problemas relacionados com a qualidade superficial.

Page 67: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

CAPÍTULO 5 – CARACTERIZAÇÃO MECÂNICA DA RESINA COM DIFERENTES QUANTIDADES DE CARGA

5.1. Ensaios de tração

Nos ensaios de tração foram obtidos os valores médios de tensão máxima

e módulo de elasticidade em função da quantidade de carga adicionada à

resina epóxi (Tabela 7). Para fins de comparação, também são apresentados

os valores das resinas comerciais RenCast 436, com carga de 30% de

alumínio, e RenLan 414 com 30% de carga de pó de ferro HD 177.

Tabela 7 – Valores médios de tensão máxima e módulo de elasticidade.

Formulações Tensão máxima (MPa)

Módulo de elasticidade (GPa)

Sem carga 58,99 ± 0,72 2,88 ± 0,09

10% 47,06 ± 2,80 4,48 ± 0,52

15% 44,92 ± 2,52 4,85 ± 0,33

20% 35,72 ± 0,76 6,30 ± 0,10

30% 35,20 ± 1,68 6,12 ± 0,50

35% 36,41 ± 1,49 6,71 ± 0,54

40% 33,06 ± 2,11 10,37 ± 0,66

RenCast 436 45±4 [3] 6,6±0,5 [3]

RenLam 414 (30% de carga)

51,87 ± 0,88 7,93 ± 0,33

Observa-se um aumento contínuo do módulo de elasticidade em função

da adição de carga metálica, ou seja, dá-se um aumento da rigidez do material

compósito. É também possível verificar uma diminuição da tensão máxima,

comportamento esperado uma vez que as partículas concentram tensões no

interior de material compósito que não contem agente acoplante

(compatibilizante). Estes comportamentos encontram-se ilustrados pelas Figura

Page 68: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

68

36 e Figura 37, gráficos de módulo de elasticidade e de tensão máxima em

função da quantidade de carga, respectivamente.

0% 10% 15% 20% 30% 35% 40%2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12M

ódul

o El

astic

idad

e (G

Pa)

Formulações

Figura 36 – Gráfico do módulo de elasticidade em função da quantidade de

carga.

0% 10% 15% 20% 30% 35% 40%20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

Tens

ão m

áxim

a (M

Pa)

Formulações

Figura 37 – Gráfico da tensão máxima em função da quantidade de carga.

Page 69: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

69

Aparentemente, o valor do módulo elástico, para o material compósito

preparado, tem um comportamento quase linear com o aumento de carga

adicionado na resina. A tensão máxima do compósito apresenta um

decaimento acentuado (59 MPa para 36 MPa) em função da adição de carga,

até à quantidade de 20% de carga metálica. A partir de 20% de quantidade de

carga, observa-se uma menor variação na tensão máxima em função do

aumento da quantidade de carga. Os comportamentos podem ser

caracterizados e representados matematicamente através de equações.

Comparando-se os valores obtidos nas diferentes formulações com a

resina comercial RenCast 436 (especialmente desenvolvida para moldes

rápidos), tem-se um módulo de elasticidade semelhante e uma tensão máxima

cerca de 20% menor para a mesma quantidade de carga metálica, 30%

(lembrando que são cargas diferentes).

Nos ensaios de tração da resina RenLam 414, com adição de 30% de pó

de ferro HD177 (mesma carga utilizada no desenvolvimento dos compósitos)

obteve-se uma tensão máxima superior, 51,87 MPa. Comparando-se a tensão

máxima do compósito (TCR 550) e da resina RenLam 414, com os mesmos

30% de carga, observa-se que a resina RenLam 414 apresenta uma tensão

máxima 49% superior à da resina TCR 550.

Apesar de se obter melhores resultados com a resina RenLam 414, o

trabalho foi desenvolvido com a resina TCR 550 uma vez que esta é

translúcida, permitindo observar o seu interior enquanto que a resina RenLam

414 é corada, não permitindo observar-se o comportamento das partículas de

carga no seu interior, durante o desenvolvimento do compósito e a fabricação

de corpos de prova e moldes.

5.2. Fractografia

Foram realizadas análises em microscópio eletrônico de varredura (MEV)

das superfícies de fratura dos corpos de prova das diferentes formulações

sujeitas a ensaios de tração. São apresentadas as imagens das superfícies de

fratura dos corpos de prova das formulações com 0%, 15% e 40% de carga.

Esses materiais estão sujeitos a tensões residuais tridimensionais causadas

Page 70: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

70

pelo fato de que a resina e a carga metálica apresentam diferenças no

coeficiente de expansão linear e no coeficiente de Poisson.

Na Figura 38 é apresentada a micrografia de toda a superfície de fratura

de um corpo de prova sem carga. Verifica-se o comportamento típico de uma

fratura frágil, com aspecto vítreo, uma vez que a resina curada apresenta uma

estrutura rígida sem orientação. A origem da fratura é apresentada na Figura

39, com ampliação de 15x (a) e 50x (b), facilmente identificável devido à

formação de um espelho de fratura em volta da origem, comportamento

normalmente apresentado por resinas epóxi [51], semelhante à fratura típica de

compósitos reforçados com partículas.

Figura 38 – Micrografia da superfície de fratura da resina sem carga.

(a) (b) Figura 39 – Micrografias da origem da fratura para a formulação sem carga.

Na Figura 40 e Figura 41 são mostradas as micrografias de uma

formulação com 15% de carga. Com apenas 15% de carga já se torna um

pouco mais difícil identificar a origem da fratura, apresentada na Figura 41.

Page 71: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

71

Nessa micrografia, com ampliação de 50x, verifica-se os locais onde se deu o

arrancamento das partículas. Observa-se uma boa dispersão das partículas de

carga pela matriz.

Figura 40 – Micrografia da superfície de fratura da resina com 15% em volume

de carga.

Figura 41 – Micrografia da origem da fratura para a formulação com 15% de

carga.

Para o corpo de prova com 40% de carga a origem da fratura não é

visível, a superfície de fratura assemelha-se a um cerâmico, Figura 42. É

possível ainda observar-se a existência de uma camada de resina na parte

superior da imagem, resultante da decantação das partículas após o

vazamento no molde.

Page 72: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

72

Na Figura 43 é apresentada uma bolha de grandes dimensões,

aproximadamente 480 µm de diâmetro, resultante do processo de vazamento

durante a fabricação do corpo de prova. Na mesma imagem é possível

observar pequenas bolhas, com menos de 20 µm de diâmetro, criadas durante

a mistura da resina com o endurecedor e a carga. Considerando a grande

quantidade de carga e o pequeno diâmetro das bolhas, é possível atestar a

eficiência do procedimento de mistura adotado e concluir que as bolhas de

diâmetro significativo são criadas durante o vazamento, como já observado por

Yañez [3].

Figura 42 – Micrografia da superfície de fratura da resina com 40% de carga.

Figura 43 – Micrografia da superfície de fratura da resina com 40% de carga.

Page 73: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

73

5.3. Ensaios de dureza

Os valores dos ensaios de dureza Shore D, realizados em diferentes

formulações, são apresentados na Figura 44. Para quantidades de carga acima

de 10%, os valores de dureza formam um patamar onde apenas a formulação

com 20% de carga destoa por apresentar um valor um pouco baixo. Vale a

pena ressaltar que o desvio padrão foi mais elevado para as medidas em

corpos de prova com esta formulação.

0% 5% 10% 15% 20% 30% 35% 40%70

75

80

85

90

95

Dur

eza

(Sho

re D

)

Formulações

Figura 44 – Valores de dureza Shore D em função da quantidade de carga.

Page 74: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

CAPÍTULO 6 - CARACTERIZAÇÃO TÉRMICA DA RESINA COM DIFERENTES QUANTIDADES DE CARGA

6.1. Ensaios preliminares

Buscando-se simular preliminarmente as transferências térmicas durante

um processo de moldagem por injeção, utilizou-se uma placa de aquecimento,

como fonte de calor constante e mediu-se a evolução da temperatura ao longo

do tempo para os compósitos desenvolvidos. A temperatura da placa ficou

estabelecida em aproximadamente 80ºC de forma a se aproximar da

temperatura de trabalho a que o material compósito ficará sujeito e também

para se induzir um gradiente de temperatura significativo entre os dois lados do

corpo de prova.

Através deste ensaio simples foi possível verificar, Figura 45, diferenças

nas velocidades de aquecimento do material compósito (transferências

térmicas no interior do material), em função da porcentagem em volume de

carga metálica, e obter assim um bom indicativo na capacidade que o material

tem de conduzir calor.

0 200 400 600 800 1000

30

40

50

60

70

80

Tem

pera

tura

(ºC

)

Tempo (s)

0%

10%

20%30%

40%

Figura 45 – Gráfico da evolução da temperatura em função do tempo, na parte

superior de corpos de prova com diferentes quantidades de carga, colocados

em uma superfície metálica a 80 ºC.

Page 75: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

75

Foram realizadas 10 medidas para cada amostra das quais resultou o

gráfico da Figura 46, onde são apresentados os valores médios das taxas de

aquecimento em função das diferentes formulações na faixa de 0 a 300

segundos.

0% 10% 20% 30% 40% RC4360,01

0,02

0,03

0,04

0,05

0,06

Taxa

de

aque

cim

ento

(ºC

/s)

Formulações

Figura 46 – Gráfico da taxa de aquecimento da resina RenCast (RC436) e do

compósito desenvolvido com diferentes formulações (%).

Verificou-se um comportamento aparentemente linear com o aumento da

quantidade de carga metálica. Um dado bastante interessante é verificar que a

resina comercial RenCast 436, com 30% de carga de alumínio, apresenta

valores situados entre as resinas com 30% e 40% de carga. Este método

apresenta-se como uma forma simples e rápida de se poder comparar o

comportamento térmico de diferentes formulações.

6.2. Medidas de condutividade térmica

Na Tabela 8 são apresentados os valores de condutividade térmica para

as diferentes formulações e para a resina RenCast 436. Comparando-se os

diferentes valores é possível observar-se um aumento da condutividade

Page 76: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

76

térmica em função do aumento da quantidade de carga metálica adicionada,

como observado anteriormente. No entanto, a resina comercial RenCast 436

apresenta um valor mais baixo do que seria de esperar, ficando situada entre

as formulações com 20% e 30% de carga.

Tabela 8 – Valores de condutividade térmica medida para as diferentes

formulações.

Amostra

Espessura

(mm)

Condutividade Térmica

(W/mK)

0 % 10.0 0.157

10 % 10.3 0.218

20 % 10.3 0.321

30 % 10.2 0.368

40 % 10.2 0.394

RC 436 10.0 0.347

Incerteza de Medição: 3 %

Passando estes valores para a forma de gráfico, verifica-se que se obtém

um gráfico com um comportamento muito semelhante ao obtido através do

método de análise preliminar apresentado anteriormente (Figura 47),

comprovando-se a sua utilidade para a avaliação preliminar comparativa de

materiais com diferentes comportamentos a nível térmico.

Page 77: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

77

0 % 10 % 20 % 30 % 40 % RC 436

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

0,45

Con

dutiv

idad

e té

rmic

a(W

/mK)

Formulações

Figura 47 – Condutividade térmica para as diferentes formulações.

Page 78: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

CAPÍTULO 7 – FABRICAÇÃO E USO DOS MOLDES RÁPIDOS DURANTE O PROCESSO DE INJEÇÃO DE PP E PA 6,6

7.1. Moldagem por Injeção de PP e PA 6,6

Inicialmente injetaram-se 25, sendo 18 de boa qualidade, no molde sem

carga, e avaliou-se a integridade física dos moldes. Tal como se pode ver na

Figura 48, a cavidade (a) e o macho (b) não apresentaram nenhuma falha.

(a)

(b) Figura 48 – Cavidade (a) e macho (b), dos moldes sem carga, após injeção de

25 peças de PP.

No entanto, apareceu uma trinca no molde do macho a partir da peça 18,

tal como se pode observar na Figura 49. Uma vez que essa trinca aparece

numa região que não é das mais solicitadas durante a injeção, presume-se que

seja resultante da força de fechamento do molde e/ou devido a algum

desalinhamento dos moldes, em conjunto com uma diminuição na resistência

mecânica causada pelo aumento da temperatura do molde.

Page 79: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

79

Figura 49 – Imagem do molde do macho com uma trinca no seu interior.

Em seguida, procedeu-se à injeção de poliamida. Neste caso deu-se a

falha do molde ao fim de apenas 3 peças, Figura 50. Verificou-se que a

temperatura na superfície da cavidade, após a abertura do molde, atingia os

110ºC. Gonçalves [52] observou a falha catastrófica de moldes de

estereolitografia construídos com a resina Somos 7110 e Vantico 5260, já nos

primeiros ciclos de injeção. Este autor identificou ainda a adesão química da

PA 6,6 com as resinas de estereolitografia usadas na fabricação dos moldes, e

atribui esse fato à afinidade química e facilidade de difusão de PA 6,6 em

resinas epóxi com baixa densidade de ligações cruzadas, consequentemente

baixa temperatura de transição vítrea (Tg<80ºC).

(a)

(b)

Figura 50 – Imagem do macho (a) e cavidade (b) após injeção de poliamida.

Page 80: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

80

Durante a injeção de PA 6,6 no molde fabricado com resina epóxi TCR

550 (Tg=127ºC) sem carga, já na peça 3 o material dos moldes era arrancado

e ficava colado na peça injetada, provocando a falha prematura do molde. Na

peça 5 e 6 verificou-se que ficava colado uma grande quantidade de material

dos moldes, ficando destruídos, tanto o macho como a cavidade. Este

fenómeno pode ser também resultante da existência de afinidade química, nas

condições de injeção, entre a resina epóxi TCR 550 e a PA 6,6 injetada.

Foram injetadas 30 peças de PP no molde com 10% de carga. Trincas na

cavidade começaram a aparecer após a injeção da peça 10, enquanto que uma

trinca no molde macho apareceu na injeção da peça número 14, Figura 51 (a) e

(b).

Essas trincas devem ter sido originadas pelo fechamento do molde, uma

vez que aparecem em regiões que não são as mais solicitadas durante a

injeção, assim como ocorreu para o molde sem carga.

(a)

(b)

Figura 51 – Imagens do molde do macho (a) e da cavidade (b) com 10% de

carga, após injeção de PP.

Foi ainda observado a existência de um grande número de bolhas (vazios)

na superfície do macho, como pode ser visto na Figura 52. A ocorrência destas

bolhas pode estar relacionada com o processo de vazamento durante a

Page 81: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

81

fabricação do molde com a resina com 10% de carga, uma vez que existe uma

maior ocorrência destes defeitos nas arestas do macho.

Figura 52 – Imagem do macho com 10% de carga após a injeção de PP.

Seguidamente, injetou-se PA 6,6 no molde com 10% de carga. A parte do

macho do molde apenas resistiu à injeção de 5 peças antes de falhar, Figura

53. Vale lembrar que o molde fabricado com resina sem carga apenas resistiu

à injeção de 3 peças antes da falha.

Figura 53 – Imagem do macho com 10% de carga após a injeção de 5 peças

de PA 6,6.

Page 82: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

82

No molde com 20% de carga foram injetadas 30 peças em PP, de boa

qualidade, e decidiu-se interromper o experimento. Nos experimentos de

injeção utilizando o molde com 20% de carga, não foi observada a falha por

fechamento do molde, como observado para os moldes com 0% e 10% de

carga. Este fato pode estar relacionado com um possível aumento na

resistência à compressão do molde pela presença de 20% de carga.

Verificou-se o mesmo problema em relação à existência de bolhas

imediatamente abaixo da superfície do macho, mas com muito menos

intensidade do que no caso do molde com 10% de carga, tal como se pode ver

na Figura 54.

Figura 54 – Imagem do macho com 20% de carga após a injeção de PP.

Durante a moldagem por injeção de PA 6,6, verificou-se a falha do macho,

Figura 55, após a injeção de 5 peças.

Page 83: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

83

Figura 55 – Imagem do macho com 20% de carga após injeção de PA 6,6.

No molde com 30% de carga foram injetadas 30 peças de PP, sem falhas

no molde. No macho não se verificou a presença de bolhas na sua superfície,

ao contrário do que aconteceu nos moldes com 10% e 20% de carga. No

entanto, apresentou um outro problema relacionado com a sua fabricação, o

furo do pino extrator ficou deslocado do centro, Figura 56.

Figura 56 – Imagem do macho com 30% de carga após a injeção de PP.

Na injeção de PA 6,6, no molde com 30% de carga, foi observada a falha

do molde após 15 ciclos de injeção. Na peça 15 ocorreu falha do macho,

verificando-se o arrancamento de uma parte significativa do mesmo, Figura 57.

Page 84: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

84

Nos experimentos de injeção de PA 6,6, no molde com 30% de carga, a

resistência foi superior à verificada na injeção nos moldes com 0%, 10% e 20%

de carga e a cavidade também não apresentou nenhuma falha.

Figura 57 – Imagem da falha do molde após a injeção da peça número 15.

O molde com 40% de carga não apresentou qualquer problema após a

injeção de 30 peças de PP, tanto o macho como a cavidade permaneceram

sem falhas. Na Figura 58 observa-se a ausência de defeitos superficiais no

macho e que o pino extrator se apresenta apenas ligeiramente deslocado do

centro.

Figura 58 – Imagem do macho com 40% de carga após injeção de PP.

Page 85: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

85

Quando se procedeu à moldagem por injeção de PA 6,6, no molde com

40% de carga, deu-se uma falha na cavidade, na posição onde se encontrava o

termopar, Figura 59. Problemas logísticos impossibilitaram a continuação do

uso do molde de 40% de carga, o que prejudicou o andamento dos

experimentos e a verificação mais apurada do seu comportamento durante a

injeção de PA 6,6.

Figura 59 – Imagem da cavidade com 40% de carga após injeção de PA 6,6.

Na Figura 60 são apresentados os gráficos da evolução da temperatura

medida pelo termopar (2mm da superfície), durante a injeção de PP, para os

moldes fabricados com diferentes quantidades de carga (formulações). Como

podemos ver, para os moldes com 0%, 10%, 20% e 30% de carga, as

temperaturas inicial e final foram aproximadamente 26 ºC e 35 ºC,

respectivamente. O molde de 40% de carga apresentou temperatura inicial de

26 ºC e final de 43 ºC. Essa diferença na temperatura final pode estar

relacionada com o fato do termopar, instalado no molde com 40% de carga,

estar mais próximo da superfície da cavidade, como evidenciado na falha

durante a injeção de PA 6,6.

Page 86: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

86

0 10 20 30 40

40%

30%

20%

10%

Aum

ento

da

carg

a

Tempo (min)

0%

Figura 60 – Ciclo de injeção de PP para moldes com diferentes quantidades de

carga (formulações).

Os tempos médios de ciclo para os diferentes moldes são apresentados

na Figura 61. Estes tempos de ciclo foram observados entre a injeção das

peças 19 e 20, nos diferentes moldes.

0% 10% 20% 30% 40%2

4

6

8

10

12

14

Tem

po d

e ci

clo

(min

)

Formulações

Figura 61 – Gráfico dos tempos de ciclo em função da quantidade de carga

(formulações).

Page 87: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

87

Através dos gráficos (Figura 60 e Figura 61) verifica-se uma clara

diminuição no tempo de ciclo, em função do aumento da quantidade de carga

adicionada à resina. Comprova-se assim, que a adição de carga metálica

aumentou a capacidade de se retirar calor do molde. Comparando o molde

com 30% de carga com o molde com 40% de carga, o aumento não foi tão

acentuado. Verifica-se uma estabilização na eficiência da retirada de calor do

molde, mas há um maior aumento na temperatura atingida pelo molde,

provavelmente devido à maior proximidade do termopar em relação à

superfície da cavidade.

Uma vez que não foi colocado nenhum sistema de refrigeração no molde

macho sem carga, o calor foi sendo retido e a sua temperatura foi aumentando

gradualmente, ficando entre 70ºC a 80ºC nas últimas 5 peças. Isto apesar da

injeção se iniciar quando a temperatura da cavidade baixava até aos 26ºC. O

molde da cavidade também foi retendo calor ao longo dos ciclos de injeção.

Entre a peça 10 e a 11 o tempo de ciclo foi de 9,75 minutos, já entre a peça 24

e a 25 o tempo foi de 18,4 minutos, ou seja, a resina sem carga apresenta uma

grande dificuldade em transferir calor para os canais de resfriamento.

As peças injetadas em PP e PA 6,6 foram analisadas por difração de raios

X. Foi realizada a desconvolução dos difratogramas de raios X, obtidos a partir

das amostras de peças injetadas em PP e PA 6,6, obtendo-se o

desmembramento dos picos. Com esse desmembramento é possível analisar-

se a presença de fase amorfa e fase cristalina.

O grau de cristalinidade total, X BcB, foi determinado a partir do cálculo das

áreas dos picos cristalinos e do halo amorfo, através da seguinte equação [53]:

AaAcAcXc+

=

ABc B – Soma das áreas dos picos cristalinos

ABa B – Área do halo amorfo

De acordo com a bibliografia [53], os picos principais relativos aos planos

cristalinos do PP são apresentados na Tabela 9.

Page 88: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

88

Tabela 9 – Ângulos de difração da fase cristalina do PP.

Plano Cristalino Ângulo Fase cristalina

(300) 16,1º β (hexagonal)

(110) 14,1º α (monoclinico)

(040) 16,8º α (monoclinico)

(130) 18,5º α (monoclinico)

Na Figura 62 e Figura 63 apresenta-se a desconvolução dos

difratogramas de 2 amostras de PP.

5 10 15 20 25 30 35

0

2000

4000

6000

8000

10000

Inte

nsid

ade

(110)

(040)

(130)

Halo amorfo

Figura 62 – Difratograma da amostra de PP injetada no molde em resina epóxi

com 0% de carga.

Page 89: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

89

5 10 15 20 25 30 35

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

Inte

nsid

ade

Figura 63 – Difratograma da amostra de PP injetada no molde em resina epóxi

com 40% de carga.

Quantificou-se apenas os 3 primeiros picos e o halo amorfo no PP uma

vez que a desconvolução dos difratogramas apresentou dificuldades,

principalmente no cálculo da área do halo amorfo.

Foi possível obter o grau de cristalinidade proporcional para as diferentes

amostras, permitindo uma análise comparativa do comportamento térmico dos

diferentes moldes. Na Tabela 10 são apresentados os diferentes graus de

cristalinidade das amostras (PP) injetadas nos diferentes moldes. É facilmente

visível o aumento da área do halo amorfo para uma maior quantidade de carga

no molde.

Page 90: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

90

Tabela 10 – Grau de cristalinidade do PP, em função da quantidade de carga

no molde.

Quantidade de carga no molde

Grau de cristalinidade

0% 39%

10% 37%

20% 33%

30% 32%

40% 34%

O aumento da quantidade de carga nos moldes promove uma maior

difusidade térmica. Assim sendo, era de esperar que o aumento da quantidade

de carga seja inversamente proporcional ao grau de cristalinidade, devido à

maior taxa de resfriamento do molde.

De acordo com a bibliografia [54, 55], os picos principais relativos aos

planos cristalinos da PA 6,6 são apresentados na Tabela 11.

Tabela 11 – Ângulos de difração da fase cristalina da PA 6,6

Plano Cristalino Ângulo Fase cristalina

(100) 20º α (triclinico)

(010)/(110) 24º α (triclinico)

(200) 22º g (hexagonal)

Nas figuras Figura 64 e Figura 65, apresenta-se a desconvolução dos

difratogramas, onde se distingue facilmente os picos da fase cristalina e o halo

da fase amorfa.

Page 91: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

91

5 10 15 20 25 30 35

0

200

400

600

800

1000

Inte

nsid

ade

(100)(010)/(110)

Halo amorfo

Figura 64 – Difratograma da amostra de PA 6,6 injetada no molde em resina

epóxi com 0% de carga.

5 10 15 20 25 30 35

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

Inte

nsid

ade

Figura 65 – Difratograma da amostra de PA 6,6 injetada no molde em resina

epóxi com 40% de carga.

Os resultados dos graus de cristalinidade da PA 6,6 são apresentados na

Tabela 12.

Page 92: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

92

Tabela 12 – Grau de cristalinidade da PA 6,6, em função da quantidade de

carga no molde.

Quantidade de carga no molde

Grau de cristalinidade

0% 63%

10% 67%

20% 68%

30% 67%

40% 64%

Não foi verificado uma tendência clara de variação do grau de

cristalinidade, em função da quantidade de carga nos moldes. Pode ter sido

causado pelo fato de que poucas peças foram injetadas e o processo não

entrou em regime, estabilizando assim o comportamento térmico do molde.

Neste caso não foi possível utilizar a PA 6,6 como sensor para aferir as

variações de transferência de calor dos diferentes moldes.

Nos experimentos de injeção de PP e de PA 6,6, nos moldes fabricados

com resina epóxi e diferentes quantidades de carga metálica, apesar dos

problemas durante a fabricação dos moldes (defeitos durante vazamento e

orientação do pino extrator), ficou evidenciado o aumento na resistência

mecânica e na condutividade térmica dos moldes, além da diminuição da

adesividade, da PA 6,6 com o molde, em função do aumento da quantidade de

carga.

Page 93: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

CAPÍTULO 8 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

8.1. Conclusões

Os estudos relacionados com a resistência mecânica do material

compósito, de matriz polimérica e com carga de partículas metálicas,

demonstraram que há um aumento contínuo da rigidez do material compósito

(módulo de elasticidade) em função da adição de carga metálica. Em sentido

contrário, verificou-se uma diminuição na tensão máxima em função desse

aumento de carga. Ao efetuar-se uma comparação com os resultados obtidos

para a resina comercial RenCast 436 (especialmente desenvolvida para

moldes rápidos), verificou-se que o módulo de elasticidade é semelhante e que

a tensão máxima da resina comercial é aproximadamente 20% maior para a

mesma quantidade de carga, não esquecendo que tratam-se de cargas

diferentes. O compósito atingiu uma tensão máxima 49% maior ao utilizar-se a

resina RenLam 414 (51,87 MPa para os mesmos 30% de carga com HD 177),

quando comparada com a resina TCR 550 aqui processada. As micrografias

das superfícies de fratura mostraram uma mudança em função do aumento da

quantidade de carga metálica. Nos ensaios de dureza verificou-se que a partir

de 10% de quantidade de carga é atingido um patamar no qual não se

verificaram variações significativas nos valores de dureza.

Os experimentos preliminares de análise de comportamento térmico

permitiram verificar diferenças nas transferências térmicas no interior do

material compósito, em função da quantidade de carga metálica. Esse

experimento preliminar apresentou-se assim como uma forma simples e rápida

de comparar o comportamento térmico de diferentes formulações. As medidas

de condutividade térmica validaram os resultados obtidos pelo ensaio

preliminar, uma vez que se observou uma tendência semelhante, ou seja, um

aumento na condutividade térmica em função do aumento da quantidade de

carga metálica adicionada.

Page 94: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

94

Durante a injeção, o aumento da condutividade térmica, em função de

uma maior quantidade de carga metálica particulada, foi comprovado pela

diminuição do tempo de ciclo de injeção. Ao comparar-se o molde com 30% de

carga com o molde com 40% de carga, o aumento não foi tão acentuado, pois

verificou-se uma estabilização na eficiência da retirada de calor do molde. Já a

resina sem qualquer tipo de carga apresentou uma grande dificuldade em

transferir calor para os canais de resfriamento, comportamento verificado pelos

longos tempos de ciclo de injeção.

Na injeção de PA 6,6 nos moldes de resina e com 10% de carga metálica

observaram-se falhas resultantes da existência de adesão entre a PA 6,6 e o

material do molde. Esse fenômeno pode ser resultante da existência de

afinidade, nas condições de injeção, entre a resina epóxi TCR 550 e a PA 6,6

injetada, e que diminui com o uso de maiores quantidades de carga na

fabricação dos moldes. Com o aumento da quantidade de carga, os moldes

apresentaram-se mais resistentes e permitiram a injeção de um maior número

de peças de PA 6,6. As falhas centraram-se principalmente nos machos, sendo

que nos moldes com 20% e 30% de carga metálica particulada as cavidades

não apresentaram qualquer tipo de falha, demonstrando uma boa resistência

durante a injeção de PP e PA 6,6.

Na avaliação por DRX das amostras de peças injetadas em PP, observou-

se que o grau de cristalinidade diminuiu com o aumento da quantidade de

carga metálica. Isto deveu-se ao fato de que o aumento da quantidade de

carga nos moldes promove uma maior difusidade térmica e,

consequentemente, um menor grau de cristalinidade. Já no caso das amostras

de PA 6,6 não se verificaram variações significativas. Esse fato pode ser

devido a terem sido injetadas poucas peças e o processo não ter entrado em

regime ou ainda devido à poliamida apresentar baixa sensibilidade do processo

de cristalização, frente às diferentes taxas de resfriamento apresentadas pelos

moldes investigados. Apesar de se terem verificados alguns problemas durante

a fabricação dos moldes, causados pela formação de bolhas no vazamento e

pela orientação do pino extrator, ficou evidenciado o aumento da condutividade

Page 95: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

95

térmica dos moldes e o aumento da sua vida útil, em função do aumento da

quantidade de carga metálica incorporada.

Face aos resultados obtidos durante o desenvolvimento do material

compósito e durante a injeção de polipropileno e poliamida, conclui-se que os

critérios definidos para a escolha dos materiais e processos de fabricação (de

corpos de prova e moldes) se apresentaram como corretos para atender aos

objetivos propostos neste trabalho.

8.2. Propostas de trabalhos futuros

- Utilizar resinas com uma temperatura de transição vítrea maior, obtendo-se

assim uma maior resistência mecânica a temperaturas mais altas.

- Estudar a influência do tamanho de partícula de pó metálico no acabamento

superficial e nas propriedades térmicas e mecânicas.

- Estudar o uso de cargas auto lubrificantes de modo a se tentarem minimizar

os esforços a que o molde está sujeito durante a extração das peças.

- Investigar o uso de agentes compatibilizantes que melhorem a interação entre

as partículas de carga e a matriz polimérica.

Page 96: Desenvolvimento de um compósito polímero-metal à base de resina ...

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