Design de interfaces e Geração Y

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Especial - Edição de Maio de 2010 - Revista Webdesign // Textos: Luis Rocha - Ilustrações: Camila Oliveira

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77Di re ção GeralAdriana Melo

Direção de RedaçãoLuis Rocha

Direção de CriaçãoCamila Oliveira

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ONLINE

Conteúdo sobre design

O mês de maio também estará recheado de bom conteúdo no

www.revistawebdesign.com.br. Acesse e confira mais um projeto

exclusivo desconstruído, bate-papo com Felipe Memória sobre

parâmetros de qualidade de interfaces e dicas de leitura sobre

bibliotecas de padrões.

EDITORIAL

O valor da interface“As homepages são o patrimônio mais valioso do mundo. São

investidos milhões de dólares em um espaço com menos de um

metro quadrado.”

Sábias e proféticas palavras publicadas logo na introdução do livro

“Homepage: Usabilidade”, escrito pelos especialistas Jakob Nielsen

e Marie Tahir. Quase dez anos após a sua publicação, a obra se

tornou um clássico do segmento web.

Guardadas as devidas proporções " nanceiras, eles estavam no

caminho certo ao fazer tal a" rmação. Só para se ter uma ideia, a

verba alocada na criação e no desenvolvimento do Portal Brasil,

que durou cerca de um ano para " car pronto, foi de 11 milhões de

reais (http://tinyurl.com/77-editorial-1).

Por falar neste projeto, ele é um dos 12 cases analisados na matéria

“Desconstruindo interfaces” (páginas 32 a 45). Nossa fonte de

inspiração acabou surgindo através de algumas consultas feitas

justamente à obra de Nielsen e Tahir. Assim, decidimos criar uma

versão adaptada ao mundo do design de interfaces.

Por falar em livros, biblioteca é um termo que vem logo à cabeça.

E também, porque não, remete a edição deste mês! Isso porque

preparamos uma reportagem apontando as vantagens no uso de

bibliotecas de padrões de interfaces (páginas 52 a 57).

Com isso, nossa esperança é que o conteúdo desta edição

enriqueça ainda mais o seu cotidiano de produção e estimule a

formação de um discurso crítico na área. Boa leitura!

Grande abraço,

Luis Rocha

[email protected]

E-mail etc. 06E-mails, Twitter, Direito na web

Fique por dentro 08

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PORTFÓLIOS

Portfólio Agência 12fullDesign

Portfólio Freelancer 16Rafael Curi

Portfólio Ilustrador 18Raphael Sonsino

Portfólio Lente Digital 20

Freddy Thorvaldsen

Portfólio Fontes de Inspiração 22

Pedro Moura

Tecnologia em foco

CONCEITUAL 62

Design de interfaces

para CMS’s

TUTORIAL 64Papervision 3D no Flash

- Parte 3/3

CAPA

Desconstruindo interfaces 32Inspirados no livro “Homepage: Usabilidade”, de Jakob Nielsen e Marie Tahir,

preparamos um especial adaptado ao universo do design de interfaces,

através da análise conceitual de 12 projetos lançados recentemente

OPINIÃO

Ágil sem perder a qualidade 46Na correria de prazos curtos e a necessidade de atender a todas as

demandas, como garantir um fluxo ágil de produção sem perder a qualidade

da execução criativa?

REPORTAGEM

Biblioteca de padrões de interfaces 52Conheça algumas das principais vantagens de sua aplicação no processo de

produção de interfaces digitais e interativas

ESTUDO DE CASO

O acervo lúdico de Niemeyer 58Diretores do estúdio carioca Caos! Vídeo&Design destacam as principais

etapas na criação da nova versão do site deste renomado arquiteto

COLUNAS

Ilustração 66Carolina Vigna-Marú

Marketing 68René de Paula Jr.

Internacional 70Julius Wiedemann

Webdesign 72Luli Radfahrer

ENTREVISTA

Sob o impacto da geração YO consultor Sidnei Oliveira

apresenta as principais

características e influências nas

estratégias de comunicação

24

Os links citados nesta edição estão reunidos na página principal do site da

revista. Acesse www.revistawebdesign.com.br.

24 | webdesign | 77 > 05/10

ENTREVISTA

Busca constante e

ousada por novas

experiências, domínio

tecnológico, per� l

questionador e

realização simultânea

de tarefas. Essas são

algumas das principais

características dessa

geração nascida entre

1980 e 1999.

Sob o impacto da

geração Y

77 > 05/10 | webdesign | 25

Sidnei Oliveira

Consultor, autor e palestrante, expert em con� itos de gerações, geração Y, desenvolvimento de novos talentos e redes sociais.Site: www.sidneioliveira.com.br

Twitter: @sidneioliveira

Para entendermos melhor todas as transformações vividas por

estes jovens e o seu impacto na concepção de estratégias de comu-

nicação, conversamos com o consultor Sidnei Oliveira, que é autor

dos livros “Geração Y: era das conexões, tempo dos relacionamen-

tos” e “Geração Y: o nascimento de uma nova versão de líderes”.

Con# ra o resultado a seguir.

WD Dentre as principais características desta geração nascida

a partir de 1980, você destaca a simultaneidade na realização de

tarefas e o perfil questionador. Além destas, quais seriam as outras

características fundamentais na hora de se definir um perfil resu-

mido desta geração?

SIDNEI É possível observar também a grande intimidade com tec-

nologia. Mesmo em jovens que têm menos acesso aos equipamen-

tos, observamos uma rápida assimilação e aprendizagem quando

recebem um equipamento moderno. Na linguagem popular, é como

se estes jovens já nasceram “sabendo”. Além destas características,

gosto de ressaltar que a geração Y tem “sede” por experiências e

ousadia para experimentar.

WD Você dedicou um capítulo exclusivo do livro “Geração Y: era

das conexões, tempo dos relacionamentos” para apontar os princi-

pais grupos, tribos e tipos pertencentes à geração Y. Em termos de

relacionamento, quais são os maiores obstáculos para se garantir

um bom diálogo com e entre esses diferentes grupos? É comum

vermos jovens inseridos em mais de um determinado grupo?

SIDNEI Diferente de jovens de outras gerações, a Y é composta

por jovens “mutantes” que pertencem à diversas tribos simulta-

neamente. A chave está em entender o grupo de relacionamento

em que eles estão envolvidos no momento ou na experiência que

deseja realizar.

Dependendo do grupo e do cenário, não há abertura para diá-

logo, pois alguns grupos são absolutamente antagônicos (exemplo:

pagodeiros e emos). Contudo, é possível localizar, com facilidade,

jovens que frequentam ambos os grupos. O paradoxo é uma grande

marca desta geração.

WD No post “Saladão do Baguete e o Y das agências” (http://tinyurl.

com/77-ent-1), Jonatas Abbott apresenta algumas argumentações

críticas sobre as possíveis classificações existentes sobre a geração

Y e ressalta que elas são “totalmente iguais aos jovens de poder

aquisitivo de qualquer tempo”. Diante de sua experiência na área, o

que podemos classificar de “verdades” e de “mitos” quando falamos

desta geração?

SIDNEI Sempre vejo alguns artigos céticos sobre a existência ou não

de uma geração realmente diferente. Quero esclarecer que exis-

tem inúmeros estudos que comprovam que os jovens nascidos a

partir de 1980 têm um comportamento muito mais dinâmico que

os jovens de outras gerações, principalmente por conta de todo o

contexto tecnológico, social e cultural criado e desenvolvido inten-

samente nos últimos 20 anos.

Este fenômeno atinge todas as classes sociais e não apenas os

de poder aquisitivo. No Brasil, o conceito de poder aquisitivo está se

transformando juntamente com a ampliação do crédito ao consu-

midor, por isso não representa mais alta renda.

Hoje, os desejos dos jovens são relativamente uniformes. O que

se altera é a marca, a qualidade e a forma de pagamento que um pro-

duto será adquirido pelo jovem consumidor. Se o jovem mais rico

irá comprar um iPhone de $ 1.500 à vista, o da classe D, que ganha

um salário mínimo, irá desejar e comprar o HIPHONE por 200 em

dez vezes no cartão no site ComprenaChina.com.

Isso signi# ca que ambos têm os mesmos desejos e características

e irão se comportar de formas muito semelhantes. Este fenômeno já

foi observado por grandes comerciantes que têm dedicado especial

atenção as chamadas classes C e D.

Recentemente, ouvi o depoimento de um diretor de RH de uma

grande empresa. Ele contou que o presidente havia decidido não

participar mais do encerramento dos programas de trainees (ativi-

dade que cumpriu nos últimos 15 anos).

Sua justificativa foi que antes ele podia cumprimentar os trai-

nees colocando-se à disposição e dizendo que “a porta de sua sala

estaria sempre aberta”. Agora, os trainees da geração Y estão indo

em sua sala de verdade e fazendo muitas sugestões de gestão da

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empresa. A conclusão do diretor de RH foi que jovens são iguais em

todas as gerações, mas que esta Y tem realmente algo diferente...

WD Em um dos seus últimos artigos, “A juventude é uma religião

a que todos acabam se convertendo” (http://tinyurl.com/77-ent-2),

você ressalta que “o adulto de hoje, que precisou fazer um curso de

pós-graduação para aprender ‘planejamento estratégico’, não pode

ficar omisso diante deste cenário. Não é mais o tempo de se sur-

preender por um menino estar aprendendo a fazer ‘planejamento

estratégico’ com nove anos de idade”. Pensando nisso, quais seriam

as consequências diretas que a geração Y trouxe para o planeja-

mento estratégico de comunicação de grandes marcas? E o que

mudou na forma como esta geração enxerga o consumo de pro-

dutos e serviços?

SIDNEI A geração Y é a primeira geração profundamente estimulada

ENTREVISTA

A geração Y quer

realmente um contato

verdadeiro com a empresa

que consome o produto

hiPhone

Dispositivo móvel fabricado na China, vendido

com o sugestivo slogan “Não é iPhone, é melhor

que iPhone”. Trata-se de uma cópia pirata do

popular iPhone, criado pela Apple.

Fonte: Wikipédia (http://tinyurl.com/77-ent-7) e

livro “Os chineses”

77 > 05/10 | webdesign | 27

por informações. Este fato transforma completamente a forma de

comunicação que pode produzir resultados satisfatórios.

O jovem dificilmente consome por marca nos dias de hoje. A

principal razão para o consumo está nas recomendações recebidas

através de suas redes de relacionamentos. Isto cria uma pressão

enorme para que as grandes marcas se posicionem nas redes de

relacionamentos também. Contudo, este ainda é um território com-

pletamente novo para todos (jovens e empresas) e as “verdades”

ainda estão sendo descobertas.

Esta geração valoriza a coerência e a transparência e, como

tem acesso irrestrito pela internet, espera que as grandes empresas

mantenham canais abertos de comunicação. E não estou falando

de canais como as centrais de relacionamentos feitas por URA’s e

contact centers terceirizados.

A geração Y quer realmente um contato verdadeiro com a

empresa que consome o produto. Ele valoriza a experiência de rela-

cionamento que, se não for satisfatória, pode determinar a ruptura

no canal de consumo com um depoimento negativo na rede que

pode atingir dimensões inacreditáveis. Veja o exemplo envolvendo

a UNITED AIRLINES com um passageiro, que resultou em um vídeo

com mais de oito milhões de acessos.

WD Na reportagem “Um quinto da geração Y já chefia equipes”

(http://tinyurl.com/77-ent-4), publicada pelo Estadão, ficamos

sabendo de alguns resultados de estudo da empresa de consulto-

ria Hay Group. Por exemplo: 18% dos entrevistados, entre cinco mil

jovens nascidos a partir dos anos 80, já possuem cargo de chefia.

Em relação às outras gerações (belle epoque, baby boomers e gera-

ção X), o que muda no perfil do chefe, até então representado pelas

figuras tradicionais, quando comparamos com os atuais jovens em

altos cargos na hierarquia das empresas?

SIDNEI Este é talvez o maior e mais visível aspecto da chegada da

geração Y no ambiente corporativo, pois o conflito está aconte-

cendo de forma totalmente aberta e direta.

Vivemos em um tempo de ampliação na expectativa de vida

das pessoas. Isso está alterando a dinâmica na vida pro# ssional des-

tas gerações. O jovem da geração Y chega às empresas e encontra

baby boomers e X ainda sentindo-se jovens e produtivos e pouco

dispostos a abrir espaço.

Quando esta realidade é alterada por circunstâncias quase

sempre ligadas a uma elevada quali# cação do jovem, que assume

uma posição de liderança na hierarquia, o que tenho encontrado é

um ambiente de profundos con� itos, muitas vezes silenciosos, mas

presentes e negativos para a empresa. Harmonizar estas relações

está entre os maiores desa# os que os departamentos de recursos

humanos das empresas estão encontrando atualmente.

WD Falando ainda sobre o choque de gerações, é possível apon-

tar as principais convergências e as diferenças em termos de ati-

tude, postura pessoal e profissional, visão de mundo entre outras

características?

SIDNEI A primeira impressão que se tem é de que as gerações estão

vivendo um tempo de ruptura total, onde os mais velhos não enten-

dem os jovens de hoje, que por sua vez consideram os mais velhos

como absolutamente lentos e desconectados da realidade atual.

Evidentemente estas divergências sempre aconteceram entre as

gerações. O fato novo é que os con� itos atuais estão mais potencializados,

principalmente pelo ritmo de vida que surgiu com as novas tecnologias.

Como mencionei em meu último artigo, todos desejam ser

jovens pelo maior tempo possível e até o aumento da expectativa

de vida, provocado também por avanços da ciência, contribui para

a intensidade nos conflitos, pois existem mais gerações lutando

por um lugar no mundo. Os mais velhos sentem-se produtivos em

seus postos atuais, por isso não abrem espaço para os mais jovens

ocuparem estas posições. Claro que esta situação não se sustenta

United Airlines

O músico canadense Dave Carroll (www.davecarrollmusic.

com/ubg/), da banda Sons of Maxwell, gravou um clipe cha-

mado “United Breaks Guitar” e o postou no YouTube (http://

tinyurl.com/77-ent-3). O objetivo era criticar, de forma bem-

humorada, os danos causados em sua guitarra no transporte

e no descarregamento realizado pela United Airlines, além

do posterior descaso da empresa. O protesto virtual acabou

virando um hit nos EUA.

Fonte: Blog ideavertising (http://tinyurl.com/77-ent-8)

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ENTREVISTA

por muito tempo.

O que é necessário é um novo modelo de relacionamento entre

as gerações, onde os mais velhos substituam o papel de executivos/

operadores, guardiães dos processos e zeladores dos resultados,

para assumir uma nova carreira - a de líder educador - conhecido

como mentor (mentoring), deixando todo o esforço executivo para

a geração mais jovem, que tem mais energia e mais habilidades para

o atual contexto tecnológico.

Esta conscientização também deve acontecer com os jovens da

geração Y, que mesmo tendo mais habilidades, precisam reconhecer

que isto é apenas fruto de um cenário de superestimulação a que foram

submetidos desde a primeira infância. E isso não os torna especiais.

Eles precisam entender que são e precisam ser mais preparados

para o novo ambiente hipercompetitivo e que, além de todo conhe-

cimento técnico e toda informação que conseguem absorver, preci-

sam acessar um tipo muito especial de conhecimento - o tácito -, que

apenas os mais velhos possuem, fruto de todas as experiências acu-

muladas em suas vidas.

O caminho é a negociação de interesse entre as gerações. E esta

negociação precisa acontecer com maior rapidez.

WD No artigo Cybertalentos (http://tinyurl.com/77-ent-5), Cesar Paz

afirma que, diante das novas ferramentas tecnológicas, os profissio-

nais das áreas de capital e recursos humanos foram beneficiados

na hora de se buscar novos talentos pelo mercado. Em sua opinião,

quais são os parâmetros fundamentais para que as empresas pos-

sam manter e motivar os talentos da geração Y?

A principal razão para

o consumo está nas

recomendações recebidas

através de suas redes de

relacionamentos

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SIDNEI A realidade de cada empresa dificulta a apresentação de

“fórmulas infalíveis” que deem resultados reais. O caminho é a ver-

dadeira atenção para o fenômeno (geração Y) e a abertura de canais

de comunicação de acordo com a realidade de cada empresa.

Primeiramente, as avaliações de clima precisaram ser analisa-

das com mais profundidade e levadas mais a sério nas empresas. A

geração Y está muito focada em sua rede de relacionamentos, o que

inclui os colegas com quem trabalha.

Outra questão muito importante para motivar e manter os talen-

tos é reavaliar a relação do jovem com seu líder/gestor imediato.

Este é o elo mais frágil atualmente e certamente um dos principais

motivos para que um jovem se desligue de uma empresa.

Este jovem valoriza muito, muito mesmo, a relação que tem com

seu chefe. Se for positiva, ele permanece e acredita que pode evo-

luir; se for negativa, ele se esforçará para se colocar em outra reali-

dade. E, neste caso, não se trata de estabelecer uma relação “pater-

nalista” ou “franciscana” entre o chefe e o jovem. O que a geração

busca é um mentor que se preocupe com seu desenvolvimento e

que apresente desa# os estimulantes, que levem este jovem a cres-

cer e alcançar rapidamente uma posição mais desa# adora na pró-

pria organização.

WD No post “A cartolina da geração Y” (http://tinyurl.com/77-ent-6),

publicado no blog A Quinta Onda, o autor destaca como as novas

tecnologias estão inseridas no processo de educação dos jovens.

Levando-se em consideração este novo cenário, o que é preciso

transformar nos modelos atuais de educação para atrair e estimular

a formação desses novos perfis de jovens?

SIDNEI É preciso promover uma ampla transformação na forma

como as aulas são realizadas. Hoje, o que vejo são professores

que acreditam que modernizaram suas aulas com a adoção de

“PowerPoint” e tarefas por e-mail. Isso não é nada mais que a auto-

matização da antiga lousa e das lições de casa no caderno.

É necessária uma real transformação, que contemple o jovem

superestimulado com total intimidade da tecnologia e completa

ENTREVISTA

exposição às informações. É preciso modificar os métodos de

ensino de modo a promover as habilidades de pesquisas e a cons-

trução de um raciocínio cognitivo mais re# nado.

Um exemplo: os erros gramaticais. No mundo atual e futuro,

cada vez mais os corretores ortográ# cos dos programas irão auxi-

liar na construção de textos, por isso os professores deveriam pro-

mover suas aulas de forma a privilegiar a interpretação cognitiva,

pois o entendimento e a construção do pensamento abstrato não

podem ser automatizados.

Evidentemente, a desconstrução de um modelo sedimentado

durante os últimos 100 anos não é simples e precisará do envolvi-

mento de muitos educadores, que devem buscar inspirações para

o novo modelo em experiências de autoaprendizado que muitos

jovens alcançam, principalmente, quando o tema é tecnologia. Este

é um dos grandes desa# os que a geração Y e a próxima, chamada de

Z, trazem para a sua própria formação.

WD Boa parte da geração Y estará atingindo os 30 anos de idade

em 2010 e iniciando uma nova etapa em suas vidas. Neste pro-

cesso evolutivo da sociedade, o que podemos esperar da próxima

geração que irá suceder a geração Y? E quais serão os principais

desafios em se manter um relacionamento ativo e saudável entre

essas gerações?

SIDNEI Em 2010, os primeiros jovens da geração Y estarão atingindo

os 30 anos de idade, o que significa que, nos próximos dez anos,

veremos cada vez mais as características desta geração determi-

nando os destinos da sociedade. Eles terão como desa# o lidar com

a geração Z, que possui as mesmas características, mas de forma

ainda mais intensa e profunda.

Os conflitos de gerações serão em menor intensidade do que

estamos observando atualmente, pois eles encontrarão um cená-

rio já alterado pela própria geração Y. No entanto, os desa# os edu-

cacionais e de comunicação se intensi# carão e, assim como hoje, a

comunicação e a negociação transparente de expectativas serão as

chaves para um bom relacionamento.

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CAPA

Desconstruindo

interfacesUma análise conceitual de 12 cases digitais

77 > 05/10 | webdesign | 33

A pesar de ter sido lançado em 2001,

o livro “Homepage: Usabilidade - 50

websites desconstruídos” (www.useit.

com/homepageusability), de Jakob

Nielsen e Marie Tahir, ainda é um

material útil nos estudos sobre as diretrizes de usabilidade na web.

Inspirados pelo modelo de análise feito por Nielsen e Tahir,

decidimos lançar uma versão adaptada ao universo do design de

interfaces, através da desconstrução de 12 projetos: 10 de agências

digitais do país; um internacional (mas com participação signi# ca-

tiva de brazucas); e outro desenvolvido no âmbito governamental.

Mas antes de revelarmos o resultado deste trabalho, vamos

conhecer os parâmetros utilizados ao se avaliar a qualidade de

uma interface. “Eles mudam de acordo com o método de avalia-

ção utilizado, com os objetivos do produto. O próprio conceito de

‘qualidade’ é muito di= cil de delimitar. Para um site de e-commerce,

por exemplo, qualidade pode ser medida pelo número de produtos

comprados, pela taxa de processos de compra que foram inicia-

dos e # nalizados sem abandono de carrinho. Isso não se aplicaria

a uma campanha de publicidade on-line, que busca apenas divul-

gar um produto ou uma marca”, explica Mauro Pinheiro (www.fei-

ramoderna.net), professor assistente do departamento de Desenho

Industrial da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

Apesar dessas limitações, o professor descreve alguns princí-

pios que podem ser levados sempre em consideração. “O primeiro

diz respeito à facilidade de uso. Com algumas exceções de produtos

muito segmentados, toda interface deve ser de fácil aprendizado,

fácil de usar. A interface visa a permitir a utilização de um sistema de

informação, seja ele voltado para: fazer compras, consumo de notí-

cias, jogos e passatempos ou mera exposição de uma marca. Deve

ser possível identi# car as opções de navegação, os mecanismos de

interação e poder - com pouco tempo de uso - prever resultados de

cada interação. Idealmente, mesmo quem nunca usou aquele tipo

de produto, deve ser capaz de aprender a usá-lo em pouco tempo.”

Em seguida, aparecem os aspectos referentes à universali-

dade de acesso. “Já não é mais tolerável que existam sistemas que

excluem pessoas com necessidades especiais. Temos tecnologia,

conhecimento e talento su# cientes para que isso não ocorra mais.

Sistemas que não tem acessibilidade para 100% dos usuários possí-

veis não podem ser considerados com boa qualidade. Ao contrário,

demonstram incompetência e falta de qualidade.”

O terceiro, e mais subjetivo, como ressalta Mauro, está relacio-

nado com a linguagem. “Cada produto tem um público especí# co,

que por mais abrangente que seja, demanda uma linguagem pró-

pria para uma comunicação efetiva. Isso é traduzido não só gra# -

camente, mas em cada elemento do discurso que é apresentado:

texto, imagem, som, todos os elementos trabalham no sentido de

construir essa linguagem. Mas nem sempre vemos produtos com

uma abordagem correta dessas questões. Muitas vezes seguem um

modismo, sem ter visão crítica, e pecam por não usar uma lingua-

gem adequada ao público ao qual se destinam.”

Já em relação aos erros mais comuns cometidos nesta área, Mauro

destaca, por exemplo, a falta de foco na ação pretendida. “Muitas

vezes, algumas interfaces pecam pelo excesso de elementos e opções

de navegação. Embora em alguns casos isso seja uma estratégia, na

maioria das vezes causa mais ruído do que ajuda. Isso ocorre mesmo

com grandes produtos: a Amazon é um caso exemplar de excesso

de opções na interface. Mas, não por acaso, uma vez iniciado efetiva-

mente o processo de compras, as opções de navegação são reduzidas

ao mínimo. Ali, eles voltam a ter um foco bem claro: # nalizar o processo

de compra. Mas nem sempre isso é levado em consideração nos pro-

dutos interativos. Apresentar muitas informações não é necessaria-

mente melhor. Em muitos casos, vale a máxima: less is more.”

Outro lapso muito comum envolve a aplicação de determinada

solução sem visão crítica sobre a sua adequação ao problema.

“Incomoda-me o uso indiscriminado do Flash, por exemplo. É uma

ferramenta muitas vezes mal utilizada, que gera mais problemas

do que bene= cios. Normalmente, os sites em Flash são mal imple-

mentados, ficando inacessíveis para pessoas com necessidades

especiais, alterando comportamentos que são padrão na web ou

substituindo elementos de navegação do browser por elementos

próprios, mais di= ceis ou mesmo impossíveis de usar. Costumo ser

avaliador de sites e é assustador ver a quantidade de sites inacessí-

veis, que ‘corrompem’ comportamentos que deveriam ser espera-

dos na web, sem necessidade. O mesmo tem acontecido com o uso

indiscriminado de AJAX, Javascript e DHTML. Repetem-se soluções

sem a menor crítica, para seguir um modismo”, argumenta.

Para # nalizar, o professor lembra que, atualmente, os sistemas

de informação demandam uma solução multiplataforma. “Não

basta funcionar neste ou naquele browser, tem que funcionar em

telefones celulares, sejam eles de tela de toque ou não. O iPad, da

Apple, é uma nova plataforma e outras virão. Esse é um dado que

não dá para ignorar. Apesar disso, é assustador ver quantos produ-

tos são dependentes de uma plataforma ou uma solução especí-

# ca. A não ser que a estratégia seja segmentar o produto, sistemas

de informação que não sejam multiplataforma demonstram falta

de qualidade. Têm que funcionar em diferentes condições de uso,

nem que seja sacri# cando determinadas características do sistema.

É possível trabalhar com versões, sem comprometer o acesso ao

conteúdo. A solução mais simples, muitas vezes, é a mais adequada,

mas muitos produtos ainda ignoram essa prática. Repito: temos tec-

nologia, conhecimento e competência su# cientes para fazer direito.

Desconsiderar essa questão atualmente é um erro grave.”

Conhecidas algumas das principais características envolvidas

na análise de interfaces, confira nas próximas páginas os conheci-

mentos compartilhados na descrição de cada case. Boa leitura!