Design de interfaces e Geração Y
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77Di re ção GeralAdriana Melo
Direção de RedaçãoLuis Rocha
Direção de CriaçãoCamila Oliveira
Projeto Grá" coTabaruba Design
PublicidadeLuanna Chacon
Thiago Nabuco
Atendimento Rebeca Emerick
TecnologiaNeilton Silva
Rafael Zuma
FinanceiroEduardo Costa
EventosCristiane Dalmati
Revista Webdesignwww.revistawebdesign.com.br
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ONLINE
Conteúdo sobre design
O mês de maio também estará recheado de bom conteúdo no
www.revistawebdesign.com.br. Acesse e confira mais um projeto
exclusivo desconstruído, bate-papo com Felipe Memória sobre
parâmetros de qualidade de interfaces e dicas de leitura sobre
bibliotecas de padrões.
EDITORIAL
O valor da interface“As homepages são o patrimônio mais valioso do mundo. São
investidos milhões de dólares em um espaço com menos de um
metro quadrado.”
Sábias e proféticas palavras publicadas logo na introdução do livro
“Homepage: Usabilidade”, escrito pelos especialistas Jakob Nielsen
e Marie Tahir. Quase dez anos após a sua publicação, a obra se
tornou um clássico do segmento web.
Guardadas as devidas proporções " nanceiras, eles estavam no
caminho certo ao fazer tal a" rmação. Só para se ter uma ideia, a
verba alocada na criação e no desenvolvimento do Portal Brasil,
que durou cerca de um ano para " car pronto, foi de 11 milhões de
reais (http://tinyurl.com/77-editorial-1).
Por falar neste projeto, ele é um dos 12 cases analisados na matéria
“Desconstruindo interfaces” (páginas 32 a 45). Nossa fonte de
inspiração acabou surgindo através de algumas consultas feitas
justamente à obra de Nielsen e Tahir. Assim, decidimos criar uma
versão adaptada ao mundo do design de interfaces.
Por falar em livros, biblioteca é um termo que vem logo à cabeça.
E também, porque não, remete a edição deste mês! Isso porque
preparamos uma reportagem apontando as vantagens no uso de
bibliotecas de padrões de interfaces (páginas 52 a 57).
Com isso, nossa esperança é que o conteúdo desta edição
enriqueça ainda mais o seu cotidiano de produção e estimule a
formação de um discurso crítico na área. Boa leitura!
Grande abraço,
Luis Rocha
E-mail etc. 06E-mails, Twitter, Direito na web
Fique por dentro 08
Notícias, Blog do mês, Métricas,
Internacional, Agenda, Livros
PORTFÓLIOS
Portfólio Agência 12fullDesign
Portfólio Freelancer 16Rafael Curi
Portfólio Ilustrador 18Raphael Sonsino
Portfólio Lente Digital 20
Freddy Thorvaldsen
Portfólio Fontes de Inspiração 22
Pedro Moura
Tecnologia em foco
CONCEITUAL 62
Design de interfaces
para CMS’s
TUTORIAL 64Papervision 3D no Flash
- Parte 3/3
CAPA
Desconstruindo interfaces 32Inspirados no livro “Homepage: Usabilidade”, de Jakob Nielsen e Marie Tahir,
preparamos um especial adaptado ao universo do design de interfaces,
através da análise conceitual de 12 projetos lançados recentemente
OPINIÃO
Ágil sem perder a qualidade 46Na correria de prazos curtos e a necessidade de atender a todas as
demandas, como garantir um fluxo ágil de produção sem perder a qualidade
da execução criativa?
REPORTAGEM
Biblioteca de padrões de interfaces 52Conheça algumas das principais vantagens de sua aplicação no processo de
produção de interfaces digitais e interativas
ESTUDO DE CASO
O acervo lúdico de Niemeyer 58Diretores do estúdio carioca Caos! Vídeo&Design destacam as principais
etapas na criação da nova versão do site deste renomado arquiteto
COLUNAS
Ilustração 66Carolina Vigna-Marú
Marketing 68René de Paula Jr.
Internacional 70Julius Wiedemann
Webdesign 72Luli Radfahrer
ENTREVISTA
Sob o impacto da geração YO consultor Sidnei Oliveira
apresenta as principais
características e influências nas
estratégias de comunicação
24
Os links citados nesta edição estão reunidos na página principal do site da
revista. Acesse www.revistawebdesign.com.br.
24 | webdesign | 77 > 05/10
ENTREVISTA
Busca constante e
ousada por novas
experiências, domínio
tecnológico, per� l
questionador e
realização simultânea
de tarefas. Essas são
algumas das principais
características dessa
geração nascida entre
1980 e 1999.
Sob o impacto da
geração Y
77 > 05/10 | webdesign | 25
Sidnei Oliveira
Consultor, autor e palestrante, expert em con� itos de gerações, geração Y, desenvolvimento de novos talentos e redes sociais.Site: www.sidneioliveira.com.br
Twitter: @sidneioliveira
Para entendermos melhor todas as transformações vividas por
estes jovens e o seu impacto na concepção de estratégias de comu-
nicação, conversamos com o consultor Sidnei Oliveira, que é autor
dos livros “Geração Y: era das conexões, tempo dos relacionamen-
tos” e “Geração Y: o nascimento de uma nova versão de líderes”.
Con# ra o resultado a seguir.
WD Dentre as principais características desta geração nascida
a partir de 1980, você destaca a simultaneidade na realização de
tarefas e o perfil questionador. Além destas, quais seriam as outras
características fundamentais na hora de se definir um perfil resu-
mido desta geração?
SIDNEI É possível observar também a grande intimidade com tec-
nologia. Mesmo em jovens que têm menos acesso aos equipamen-
tos, observamos uma rápida assimilação e aprendizagem quando
recebem um equipamento moderno. Na linguagem popular, é como
se estes jovens já nasceram “sabendo”. Além destas características,
gosto de ressaltar que a geração Y tem “sede” por experiências e
ousadia para experimentar.
WD Você dedicou um capítulo exclusivo do livro “Geração Y: era
das conexões, tempo dos relacionamentos” para apontar os princi-
pais grupos, tribos e tipos pertencentes à geração Y. Em termos de
relacionamento, quais são os maiores obstáculos para se garantir
um bom diálogo com e entre esses diferentes grupos? É comum
vermos jovens inseridos em mais de um determinado grupo?
SIDNEI Diferente de jovens de outras gerações, a Y é composta
por jovens “mutantes” que pertencem à diversas tribos simulta-
neamente. A chave está em entender o grupo de relacionamento
em que eles estão envolvidos no momento ou na experiência que
deseja realizar.
Dependendo do grupo e do cenário, não há abertura para diá-
logo, pois alguns grupos são absolutamente antagônicos (exemplo:
pagodeiros e emos). Contudo, é possível localizar, com facilidade,
jovens que frequentam ambos os grupos. O paradoxo é uma grande
marca desta geração.
WD No post “Saladão do Baguete e o Y das agências” (http://tinyurl.
com/77-ent-1), Jonatas Abbott apresenta algumas argumentações
críticas sobre as possíveis classificações existentes sobre a geração
Y e ressalta que elas são “totalmente iguais aos jovens de poder
aquisitivo de qualquer tempo”. Diante de sua experiência na área, o
que podemos classificar de “verdades” e de “mitos” quando falamos
desta geração?
SIDNEI Sempre vejo alguns artigos céticos sobre a existência ou não
de uma geração realmente diferente. Quero esclarecer que exis-
tem inúmeros estudos que comprovam que os jovens nascidos a
partir de 1980 têm um comportamento muito mais dinâmico que
os jovens de outras gerações, principalmente por conta de todo o
contexto tecnológico, social e cultural criado e desenvolvido inten-
samente nos últimos 20 anos.
Este fenômeno atinge todas as classes sociais e não apenas os
de poder aquisitivo. No Brasil, o conceito de poder aquisitivo está se
transformando juntamente com a ampliação do crédito ao consu-
midor, por isso não representa mais alta renda.
Hoje, os desejos dos jovens são relativamente uniformes. O que
se altera é a marca, a qualidade e a forma de pagamento que um pro-
duto será adquirido pelo jovem consumidor. Se o jovem mais rico
irá comprar um iPhone de $ 1.500 à vista, o da classe D, que ganha
um salário mínimo, irá desejar e comprar o HIPHONE por 200 em
dez vezes no cartão no site ComprenaChina.com.
Isso signi# ca que ambos têm os mesmos desejos e características
e irão se comportar de formas muito semelhantes. Este fenômeno já
foi observado por grandes comerciantes que têm dedicado especial
atenção as chamadas classes C e D.
Recentemente, ouvi o depoimento de um diretor de RH de uma
grande empresa. Ele contou que o presidente havia decidido não
participar mais do encerramento dos programas de trainees (ativi-
dade que cumpriu nos últimos 15 anos).
Sua justificativa foi que antes ele podia cumprimentar os trai-
nees colocando-se à disposição e dizendo que “a porta de sua sala
estaria sempre aberta”. Agora, os trainees da geração Y estão indo
em sua sala de verdade e fazendo muitas sugestões de gestão da
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empresa. A conclusão do diretor de RH foi que jovens são iguais em
todas as gerações, mas que esta Y tem realmente algo diferente...
WD Em um dos seus últimos artigos, “A juventude é uma religião
a que todos acabam se convertendo” (http://tinyurl.com/77-ent-2),
você ressalta que “o adulto de hoje, que precisou fazer um curso de
pós-graduação para aprender ‘planejamento estratégico’, não pode
ficar omisso diante deste cenário. Não é mais o tempo de se sur-
preender por um menino estar aprendendo a fazer ‘planejamento
estratégico’ com nove anos de idade”. Pensando nisso, quais seriam
as consequências diretas que a geração Y trouxe para o planeja-
mento estratégico de comunicação de grandes marcas? E o que
mudou na forma como esta geração enxerga o consumo de pro-
dutos e serviços?
SIDNEI A geração Y é a primeira geração profundamente estimulada
ENTREVISTA
A geração Y quer
realmente um contato
verdadeiro com a empresa
que consome o produto
hiPhone
Dispositivo móvel fabricado na China, vendido
com o sugestivo slogan “Não é iPhone, é melhor
que iPhone”. Trata-se de uma cópia pirata do
popular iPhone, criado pela Apple.
Fonte: Wikipédia (http://tinyurl.com/77-ent-7) e
livro “Os chineses”
77 > 05/10 | webdesign | 27
por informações. Este fato transforma completamente a forma de
comunicação que pode produzir resultados satisfatórios.
O jovem dificilmente consome por marca nos dias de hoje. A
principal razão para o consumo está nas recomendações recebidas
através de suas redes de relacionamentos. Isto cria uma pressão
enorme para que as grandes marcas se posicionem nas redes de
relacionamentos também. Contudo, este ainda é um território com-
pletamente novo para todos (jovens e empresas) e as “verdades”
ainda estão sendo descobertas.
Esta geração valoriza a coerência e a transparência e, como
tem acesso irrestrito pela internet, espera que as grandes empresas
mantenham canais abertos de comunicação. E não estou falando
de canais como as centrais de relacionamentos feitas por URA’s e
contact centers terceirizados.
A geração Y quer realmente um contato verdadeiro com a
empresa que consome o produto. Ele valoriza a experiência de rela-
cionamento que, se não for satisfatória, pode determinar a ruptura
no canal de consumo com um depoimento negativo na rede que
pode atingir dimensões inacreditáveis. Veja o exemplo envolvendo
a UNITED AIRLINES com um passageiro, que resultou em um vídeo
com mais de oito milhões de acessos.
WD Na reportagem “Um quinto da geração Y já chefia equipes”
(http://tinyurl.com/77-ent-4), publicada pelo Estadão, ficamos
sabendo de alguns resultados de estudo da empresa de consulto-
ria Hay Group. Por exemplo: 18% dos entrevistados, entre cinco mil
jovens nascidos a partir dos anos 80, já possuem cargo de chefia.
Em relação às outras gerações (belle epoque, baby boomers e gera-
ção X), o que muda no perfil do chefe, até então representado pelas
figuras tradicionais, quando comparamos com os atuais jovens em
altos cargos na hierarquia das empresas?
SIDNEI Este é talvez o maior e mais visível aspecto da chegada da
geração Y no ambiente corporativo, pois o conflito está aconte-
cendo de forma totalmente aberta e direta.
Vivemos em um tempo de ampliação na expectativa de vida
das pessoas. Isso está alterando a dinâmica na vida pro# ssional des-
tas gerações. O jovem da geração Y chega às empresas e encontra
baby boomers e X ainda sentindo-se jovens e produtivos e pouco
dispostos a abrir espaço.
Quando esta realidade é alterada por circunstâncias quase
sempre ligadas a uma elevada quali# cação do jovem, que assume
uma posição de liderança na hierarquia, o que tenho encontrado é
um ambiente de profundos con� itos, muitas vezes silenciosos, mas
presentes e negativos para a empresa. Harmonizar estas relações
está entre os maiores desa# os que os departamentos de recursos
humanos das empresas estão encontrando atualmente.
WD Falando ainda sobre o choque de gerações, é possível apon-
tar as principais convergências e as diferenças em termos de ati-
tude, postura pessoal e profissional, visão de mundo entre outras
características?
SIDNEI A primeira impressão que se tem é de que as gerações estão
vivendo um tempo de ruptura total, onde os mais velhos não enten-
dem os jovens de hoje, que por sua vez consideram os mais velhos
como absolutamente lentos e desconectados da realidade atual.
Evidentemente estas divergências sempre aconteceram entre as
gerações. O fato novo é que os con� itos atuais estão mais potencializados,
principalmente pelo ritmo de vida que surgiu com as novas tecnologias.
Como mencionei em meu último artigo, todos desejam ser
jovens pelo maior tempo possível e até o aumento da expectativa
de vida, provocado também por avanços da ciência, contribui para
a intensidade nos conflitos, pois existem mais gerações lutando
por um lugar no mundo. Os mais velhos sentem-se produtivos em
seus postos atuais, por isso não abrem espaço para os mais jovens
ocuparem estas posições. Claro que esta situação não se sustenta
United Airlines
O músico canadense Dave Carroll (www.davecarrollmusic.
com/ubg/), da banda Sons of Maxwell, gravou um clipe cha-
mado “United Breaks Guitar” e o postou no YouTube (http://
tinyurl.com/77-ent-3). O objetivo era criticar, de forma bem-
humorada, os danos causados em sua guitarra no transporte
e no descarregamento realizado pela United Airlines, além
do posterior descaso da empresa. O protesto virtual acabou
virando um hit nos EUA.
Fonte: Blog ideavertising (http://tinyurl.com/77-ent-8)
28 | webdesign | 77 > 05/10
ENTREVISTA
por muito tempo.
O que é necessário é um novo modelo de relacionamento entre
as gerações, onde os mais velhos substituam o papel de executivos/
operadores, guardiães dos processos e zeladores dos resultados,
para assumir uma nova carreira - a de líder educador - conhecido
como mentor (mentoring), deixando todo o esforço executivo para
a geração mais jovem, que tem mais energia e mais habilidades para
o atual contexto tecnológico.
Esta conscientização também deve acontecer com os jovens da
geração Y, que mesmo tendo mais habilidades, precisam reconhecer
que isto é apenas fruto de um cenário de superestimulação a que foram
submetidos desde a primeira infância. E isso não os torna especiais.
Eles precisam entender que são e precisam ser mais preparados
para o novo ambiente hipercompetitivo e que, além de todo conhe-
cimento técnico e toda informação que conseguem absorver, preci-
sam acessar um tipo muito especial de conhecimento - o tácito -, que
apenas os mais velhos possuem, fruto de todas as experiências acu-
muladas em suas vidas.
O caminho é a negociação de interesse entre as gerações. E esta
negociação precisa acontecer com maior rapidez.
WD No artigo Cybertalentos (http://tinyurl.com/77-ent-5), Cesar Paz
afirma que, diante das novas ferramentas tecnológicas, os profissio-
nais das áreas de capital e recursos humanos foram beneficiados
na hora de se buscar novos talentos pelo mercado. Em sua opinião,
quais são os parâmetros fundamentais para que as empresas pos-
sam manter e motivar os talentos da geração Y?
A principal razão para
o consumo está nas
recomendações recebidas
através de suas redes de
relacionamentos
30 | webdesign | 77 > 05/10
SIDNEI A realidade de cada empresa dificulta a apresentação de
“fórmulas infalíveis” que deem resultados reais. O caminho é a ver-
dadeira atenção para o fenômeno (geração Y) e a abertura de canais
de comunicação de acordo com a realidade de cada empresa.
Primeiramente, as avaliações de clima precisaram ser analisa-
das com mais profundidade e levadas mais a sério nas empresas. A
geração Y está muito focada em sua rede de relacionamentos, o que
inclui os colegas com quem trabalha.
Outra questão muito importante para motivar e manter os talen-
tos é reavaliar a relação do jovem com seu líder/gestor imediato.
Este é o elo mais frágil atualmente e certamente um dos principais
motivos para que um jovem se desligue de uma empresa.
Este jovem valoriza muito, muito mesmo, a relação que tem com
seu chefe. Se for positiva, ele permanece e acredita que pode evo-
luir; se for negativa, ele se esforçará para se colocar em outra reali-
dade. E, neste caso, não se trata de estabelecer uma relação “pater-
nalista” ou “franciscana” entre o chefe e o jovem. O que a geração
busca é um mentor que se preocupe com seu desenvolvimento e
que apresente desa# os estimulantes, que levem este jovem a cres-
cer e alcançar rapidamente uma posição mais desa# adora na pró-
pria organização.
WD No post “A cartolina da geração Y” (http://tinyurl.com/77-ent-6),
publicado no blog A Quinta Onda, o autor destaca como as novas
tecnologias estão inseridas no processo de educação dos jovens.
Levando-se em consideração este novo cenário, o que é preciso
transformar nos modelos atuais de educação para atrair e estimular
a formação desses novos perfis de jovens?
SIDNEI É preciso promover uma ampla transformação na forma
como as aulas são realizadas. Hoje, o que vejo são professores
que acreditam que modernizaram suas aulas com a adoção de
“PowerPoint” e tarefas por e-mail. Isso não é nada mais que a auto-
matização da antiga lousa e das lições de casa no caderno.
É necessária uma real transformação, que contemple o jovem
superestimulado com total intimidade da tecnologia e completa
ENTREVISTA
exposição às informações. É preciso modificar os métodos de
ensino de modo a promover as habilidades de pesquisas e a cons-
trução de um raciocínio cognitivo mais re# nado.
Um exemplo: os erros gramaticais. No mundo atual e futuro,
cada vez mais os corretores ortográ# cos dos programas irão auxi-
liar na construção de textos, por isso os professores deveriam pro-
mover suas aulas de forma a privilegiar a interpretação cognitiva,
pois o entendimento e a construção do pensamento abstrato não
podem ser automatizados.
Evidentemente, a desconstrução de um modelo sedimentado
durante os últimos 100 anos não é simples e precisará do envolvi-
mento de muitos educadores, que devem buscar inspirações para
o novo modelo em experiências de autoaprendizado que muitos
jovens alcançam, principalmente, quando o tema é tecnologia. Este
é um dos grandes desa# os que a geração Y e a próxima, chamada de
Z, trazem para a sua própria formação.
WD Boa parte da geração Y estará atingindo os 30 anos de idade
em 2010 e iniciando uma nova etapa em suas vidas. Neste pro-
cesso evolutivo da sociedade, o que podemos esperar da próxima
geração que irá suceder a geração Y? E quais serão os principais
desafios em se manter um relacionamento ativo e saudável entre
essas gerações?
SIDNEI Em 2010, os primeiros jovens da geração Y estarão atingindo
os 30 anos de idade, o que significa que, nos próximos dez anos,
veremos cada vez mais as características desta geração determi-
nando os destinos da sociedade. Eles terão como desa# o lidar com
a geração Z, que possui as mesmas características, mas de forma
ainda mais intensa e profunda.
Os conflitos de gerações serão em menor intensidade do que
estamos observando atualmente, pois eles encontrarão um cená-
rio já alterado pela própria geração Y. No entanto, os desa# os edu-
cacionais e de comunicação se intensi# carão e, assim como hoje, a
comunicação e a negociação transparente de expectativas serão as
chaves para um bom relacionamento.
32 | webdesign | 77 > 05/10
CAPA
Desconstruindo
interfacesUma análise conceitual de 12 cases digitais
77 > 05/10 | webdesign | 33
A pesar de ter sido lançado em 2001,
o livro “Homepage: Usabilidade - 50
websites desconstruídos” (www.useit.
com/homepageusability), de Jakob
Nielsen e Marie Tahir, ainda é um
material útil nos estudos sobre as diretrizes de usabilidade na web.
Inspirados pelo modelo de análise feito por Nielsen e Tahir,
decidimos lançar uma versão adaptada ao universo do design de
interfaces, através da desconstrução de 12 projetos: 10 de agências
digitais do país; um internacional (mas com participação signi# ca-
tiva de brazucas); e outro desenvolvido no âmbito governamental.
Mas antes de revelarmos o resultado deste trabalho, vamos
conhecer os parâmetros utilizados ao se avaliar a qualidade de
uma interface. “Eles mudam de acordo com o método de avalia-
ção utilizado, com os objetivos do produto. O próprio conceito de
‘qualidade’ é muito di= cil de delimitar. Para um site de e-commerce,
por exemplo, qualidade pode ser medida pelo número de produtos
comprados, pela taxa de processos de compra que foram inicia-
dos e # nalizados sem abandono de carrinho. Isso não se aplicaria
a uma campanha de publicidade on-line, que busca apenas divul-
gar um produto ou uma marca”, explica Mauro Pinheiro (www.fei-
ramoderna.net), professor assistente do departamento de Desenho
Industrial da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).
Apesar dessas limitações, o professor descreve alguns princí-
pios que podem ser levados sempre em consideração. “O primeiro
diz respeito à facilidade de uso. Com algumas exceções de produtos
muito segmentados, toda interface deve ser de fácil aprendizado,
fácil de usar. A interface visa a permitir a utilização de um sistema de
informação, seja ele voltado para: fazer compras, consumo de notí-
cias, jogos e passatempos ou mera exposição de uma marca. Deve
ser possível identi# car as opções de navegação, os mecanismos de
interação e poder - com pouco tempo de uso - prever resultados de
cada interação. Idealmente, mesmo quem nunca usou aquele tipo
de produto, deve ser capaz de aprender a usá-lo em pouco tempo.”
Em seguida, aparecem os aspectos referentes à universali-
dade de acesso. “Já não é mais tolerável que existam sistemas que
excluem pessoas com necessidades especiais. Temos tecnologia,
conhecimento e talento su# cientes para que isso não ocorra mais.
Sistemas que não tem acessibilidade para 100% dos usuários possí-
veis não podem ser considerados com boa qualidade. Ao contrário,
demonstram incompetência e falta de qualidade.”
O terceiro, e mais subjetivo, como ressalta Mauro, está relacio-
nado com a linguagem. “Cada produto tem um público especí# co,
que por mais abrangente que seja, demanda uma linguagem pró-
pria para uma comunicação efetiva. Isso é traduzido não só gra# -
camente, mas em cada elemento do discurso que é apresentado:
texto, imagem, som, todos os elementos trabalham no sentido de
construir essa linguagem. Mas nem sempre vemos produtos com
uma abordagem correta dessas questões. Muitas vezes seguem um
modismo, sem ter visão crítica, e pecam por não usar uma lingua-
gem adequada ao público ao qual se destinam.”
Já em relação aos erros mais comuns cometidos nesta área, Mauro
destaca, por exemplo, a falta de foco na ação pretendida. “Muitas
vezes, algumas interfaces pecam pelo excesso de elementos e opções
de navegação. Embora em alguns casos isso seja uma estratégia, na
maioria das vezes causa mais ruído do que ajuda. Isso ocorre mesmo
com grandes produtos: a Amazon é um caso exemplar de excesso
de opções na interface. Mas, não por acaso, uma vez iniciado efetiva-
mente o processo de compras, as opções de navegação são reduzidas
ao mínimo. Ali, eles voltam a ter um foco bem claro: # nalizar o processo
de compra. Mas nem sempre isso é levado em consideração nos pro-
dutos interativos. Apresentar muitas informações não é necessaria-
mente melhor. Em muitos casos, vale a máxima: less is more.”
Outro lapso muito comum envolve a aplicação de determinada
solução sem visão crítica sobre a sua adequação ao problema.
“Incomoda-me o uso indiscriminado do Flash, por exemplo. É uma
ferramenta muitas vezes mal utilizada, que gera mais problemas
do que bene= cios. Normalmente, os sites em Flash são mal imple-
mentados, ficando inacessíveis para pessoas com necessidades
especiais, alterando comportamentos que são padrão na web ou
substituindo elementos de navegação do browser por elementos
próprios, mais di= ceis ou mesmo impossíveis de usar. Costumo ser
avaliador de sites e é assustador ver a quantidade de sites inacessí-
veis, que ‘corrompem’ comportamentos que deveriam ser espera-
dos na web, sem necessidade. O mesmo tem acontecido com o uso
indiscriminado de AJAX, Javascript e DHTML. Repetem-se soluções
sem a menor crítica, para seguir um modismo”, argumenta.
Para # nalizar, o professor lembra que, atualmente, os sistemas
de informação demandam uma solução multiplataforma. “Não
basta funcionar neste ou naquele browser, tem que funcionar em
telefones celulares, sejam eles de tela de toque ou não. O iPad, da
Apple, é uma nova plataforma e outras virão. Esse é um dado que
não dá para ignorar. Apesar disso, é assustador ver quantos produ-
tos são dependentes de uma plataforma ou uma solução especí-
# ca. A não ser que a estratégia seja segmentar o produto, sistemas
de informação que não sejam multiplataforma demonstram falta
de qualidade. Têm que funcionar em diferentes condições de uso,
nem que seja sacri# cando determinadas características do sistema.
É possível trabalhar com versões, sem comprometer o acesso ao
conteúdo. A solução mais simples, muitas vezes, é a mais adequada,
mas muitos produtos ainda ignoram essa prática. Repito: temos tec-
nologia, conhecimento e competência su# cientes para fazer direito.
Desconsiderar essa questão atualmente é um erro grave.”
Conhecidas algumas das principais características envolvidas
na análise de interfaces, confira nas próximas páginas os conheci-
mentos compartilhados na descrição de cada case. Boa leitura!