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DETERMINAÇÃO DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO DA CULTURA DO AMENDOIM (ARACHIS HYPOGAEA L.) UTILIZANDO-SE EVAPOTRANSPIRÔMETROS DE DRENAGEM E DE LENÇOL FREÁTICO CONSTANTE. TALES MILER SOARES FRANCISCO ADRIANO DE CARVALHO PEREIRA RELATÓRIO FINAL DE ATIVIDADES BOLSISTA PIBIC-UFBA (1999-2000) Cruz das Almas- Bahia Agosto de 2000.

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DETERMINAÇÃO DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO DA CULTURA DO AMENDOIM (ARACHIS HYPOGAEA L.) UTILIZANDO-SE EVAPOTRANSPIRÔMETROS DE DRENAGEM E DE LENÇOL FREÁTICO CONSTANTE.

TALES MILER SOARES FRANCISCO ADRIANO DE CARVALHO PEREIRA

RELATÓRIO FINAL DE ATIVIDADES BOLSISTA PIBIC-UFBA (1999-2000)

Cruz das Almas- Bahia Agosto de 2000.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE AGRONOMIA

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA- PIBIC

RELATÓRIO FINAL DE ATIVIDADES

PROJETO: DETERMINAÇÃO DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO DA CULTURA DO AMENDOIM (ARACHIS HYPOGAEA L.), UTILIZANDO-SE EVAPOTRANSPIRÔMETROS DE DRENAGEM E EVAPOTRANSPIRÔMETROS DE LENÇOL FREÁTICO CONSTANTE.

Tales Miler Soares1

_______________________________

Francisco Adriano de Carvalho Pereira2

_______________________________

Cruz das Almas-BA, 25 de agosto de 2000. _____________ 1 Aluno do Curso de Graduação em Engenharia Agronômica da Universidade Federal da Bahia, bolsista PIBIC/UFBA. [email protected] 2 Doutor em Irrigação, professor adjunto I do Departamento de Engenharia Agrícola da Escola de Agronomia da UFBA, orientador do PIBIC/CNPq. Cruz das Almas-BA, CEP 44380-000. [email protected]

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OBJETO: O presente trabalho trata da avaliação da necessidade hídrica da

cultura do amendoim mediante a utilização de evapotranspirômetros de drenagem e de

lençol freático constante, associados ao balanço de água no solo.

FINALIDADE:

OBJETIVO GERAL - Determinar a evapotranspiração da cultura do amendoim

(Arachis hypogaea L.) ao longo de seu ciclo de desenvolvimento na região de Cruz das

Almas- Bahia.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Realizar uma análise comparativa da

evapotranspiração da cultura utilizando evapotranspirômetros de drenagem e de lençol

freático constante e o balanço hídrico, por meio da variação do armazenamento da água no

solo;

Determinar o coeficiente de cultivo (kc) da cultura do amendoim utilizando os

evaporímetros tanque classe A e atmômetro modificado SEEI, e os métodos de Hargreaves-

Samani e Penman-Monteith, visando compará-los quanto à sua precisão, tempo de resposta

e praticidade.

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1. INTRODUÇÃO

A produção agrícola é intensamente influenciada pelas condições climáticas e

edáficas, sendo a água e os nutrientes, elementos fundamentais para a obtenção de elevadas

produtividades. É fato reconhecido que a escassez de água por longos períodos,

principalmente pela distribuição irregular das chuvas, tem sido um dos principais fatores

limitantes à produção agrícola, tornando necessária a adoção da técnica de irrigação

visando suprir as deficiências hídricas das culturas.

Para que a irrigação possa ser um instrumento eficiente no aumento e ou manutenção

da produtividade, é necessário o conhecimento da demanda hídrica das culturas, nas suas

diferentes fases fenológicas.

A evapotranspiração tem sido, há muito, objeto de estudo de diversos pesquisadores

trabalhando nas mais diferentes localidades. Estas pesquisas têm procurado estudar o

consumo de água pelas plantas, lançando mão das mais variadas metodologias. Cada uma

delas apresenta vantagens e desvantagens quanto a sua utilização, bem como quanto aos

parâmetros necessários a sua quantificação.

Entre os pesquisadores, Thornthwaite (1948), foi o primeiro a introduzir o termo

evapotranspiração potencial, enquanto Penman (1956) definiu a evapotranspiração

potencial como sendo o processo de transferência de água para a atmosfera, por unidade de

tempo, de uma superfície totalmente coberta por vegetação rasteira, em pleno

desenvolvimento e sem restrições hídricas.

Segundo Tanner (1968), a evapotranspiração pode ser determinada por meio de três

métodos, classificados como: os de balanço hídrico, os micrometeorológicos e os

empíricos. Mais recentemente, Burman et al (1980) subdividiram a determinação da

evapotranspiração em dois grandes grupos: o grupo de medidas diretas, representado pelos

lisímetros e pelo balanço hídrico de campo que utiliza um volume de solo controlado e; o

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grupo de medidas indiretas, ou seja, aquele que utiliza equações empíricas, semi-empíricas

e evaporímetros para a estimativa da evapotranspiração.

Neste sentido, foram objetivos do presente trabalho: determinar a evapotranspiração

da cultura do amendoim (Arachis hypogaea L.) ao longo do seu ciclo de desenvolvimento

na região de Cruz das Almas- Bahia; realizar uma análise comparativa da

evapotranspiração da cultura, utilizando evapotranspirômetros de drenagem,

evapotranspirômetros de lençol freático constante e o modelo de Penman-Monteith e;

determinar o coeficiente da cultura (Kc) utilizando os evaporímetros tanque Classe A e

atmômetro modificado SEEI, visando compará-los quanto a sua precisão, tempo de

resposta e praticidade.

2. REVISÃO DE LITERATURA

A evapotranspiração pode ser definida como a quantidade de água evaporada e

transpirada por uma superfície vegetada, de maneira simultânea, durante um determinado

período de tempo. Thornthwaite & Holzeman (1944), conceituaram a evapotranspiração

como a perda de água de uma superfície completamente vegetada, em fase de

desenvolvimento ativo e com extensão suficiente para minimizar o efeito-oásis. Visando

padronizar a evapotranspiração, como elemento climatológico de uma dada região, surgiu a

necessidade de definir a evapotranspiração potencial para uma cultura de referência (ETo),

que segundo Doorenbos & Pruitt (1975), é conceituada como a quantidade de água perdida

por uma superfície de solo, totalmente coberta por grama, de altura uniforme entre oito a

quinze centímetros, em crescimento ativo e sem restrições hídricas.

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Desta maneira, quando as condições de contorno acima mencionadas não forem

atendidas, tem-se a evapotranspiração real (ETr), que é a que ocorre numa superfície

vegetada, independente de sua área, do seu porte e das condições de umidade do solo

(Pereira, 1992).

As plantas apresentam diferentes necessidades hídricas, em função do seu estádio de

desenvolvimento, sendo então introduzido o conceito de evapotranspiração da cultura

(ETc), que segundo Doorenbos & Pruitt (1975), caracteriza a evapotranspiração de uma

cultura qualquer, desenvolvendo-se em uma área sob ótimas condições de umidade e

fertilidade. Na prática, a determinação da ETc é difícil e sujeita a muitos erros.

Para contornar este problema, Jensen (1968) recomenda a estimativa da

evapotranspiração da cultura (ETc), a partir de evapotranspiração potencial de referência,

corrigida por um coeficiente de cultivo (Kc).

Ferreira (1988) ressalta que o coeficiente de cultura é a razão entre a ETc e a Eto, ou

a percentagem de demanda evapotranspirométrica das culturas, enquanto não existir

limitações de água no solo. Segundo Doorenbos & Pruitt (1975), o valor deste coeficiente é

afetado, principalmente, pelas características da cultura, época de plantio, estádio de

desenvolvimento, extensão do ciclo da cultura e condições climáticas.

A estimativa da evapotranspiração potencial de referência pode ser realizada de

diferentes maneiras. Berman et al (1980) classificam os métodos de estimativa da

evapotranspiração potencial em dois grupos: os de medida direta e os indiretos. Os métodos

diretos são representados pelos lisímetros e balanço hídrico de campo, enquanto que os

métodos indiretos são subdivididos em dois grupos: os evaporímetros e aqueles que

empregam equações empíricas.

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Os lisímetros ou evapotranspirômetros são equipamentos que consistem em uma

caixa impermeável contendo solo, e que permitem conhecer detalhadamente todos os

termos do balanço hídrico. Segundo Aboukhaled et al (1982), os lisímetros podem ser de

pesagem (mecânica, eletrônica, hidráulica e de flutuação) e volumétricos (drenagem e

compensação de lençol freático constante).

Angelocci & Minami (1992), citam que os de maior uso, pela sua simplicidade, são

os do grupo volumétrico, embora não se isentem de críticas e discussão sobre qual dos dois

representantes desse grupo seria o mais adequado.

Encarnação (1980), Barbieri (1981), Cury & Villa Nova (1987), e Encarnação et al

(1987), usando o evapotranspirômetro de lençol freático em nível constante na

determinação da evapotranspiração máxima das culturas do feijoeiro, cana-de-açúcar,

repolho e batatinha, respectivamente, têm dado preferência a esse, em detrimento ao de

drenagem, pela sua simplicidade e maior automação.

Entretanto, Aboukhaled (1982), chama a atenção para os lisímetros de pesagem,

como os que possuem maior precisão, ainda que seu uso fique restrito a instituições de

pesquisa, uma vez que apresentam custos elevados.

Apesar dos lisímetros serem considerados métodos padrões, no estudo de viabilidade

de outros métodos em uma região qualquer, eles não se isentam de críticas. Entre estas,

Sediyama (1985), afirma que os lisímetros não são representativos das condições de campo,

gerando uma inconsistência grande nas medições, quando as condições do meio ambiente

não são bem caracterizadas no manejo do lisímetro.

Como alternativa, para uma melhor representatividade das condições de campo,

pode-se lançar mão do método do balanço hídrico, que utiliza um determinado volume de

solo cultivado e não confinado para estimativa da evapotranspiração.

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Segundo Guandique (1993), o balanço hídrico realizado diretamente em condições de

campo, permite um acompanhamento das relações hídricas de uma cultura durante suas

distintas fases de desenvolvimento. Entretanto, segundo ainda o mesmo autor, alguns dos

seus componentes como a evapotranspiração e a drenagem profunda, são de difícil

determinação, levando a erros que prejudicam o valor final obtido.

O balanço hídrico no solo, determinado através de um volume controle, utiliza a

equação geral de conservação de massa na forma integral ou diferencial, para a

determinação dos seus componentes (precipitação, irrigação, escoamento superficial,

drenagem profunda, variação no armazenamento e evapotranspiração), sendo esta equação

utilizada em trabalhos como os de Luchiari Junior (1987), Reichardt et al. (1979), Sakai

(1989), Saad (1991), e que tem sido recomendada por Rose & Stern (1967), Barrada

(1971), e Reichardt (1985).

A determinação dos componentes do balanço hídrico é realizada por várias técnicas e

meios diferentes. Precipitação e irrigação são as componentes mais facilmente estimados,

por meio de pluviômetros e/ou pluviógrafos e pelo controle da água de irrigação

respectivamente (Rose, 1966; Slatyer, 1967; Reichardt, 1974).

O escoamento superficial, devido às suas características, de grandeza e volume de

água envolvido, declividade da superfície e tipo de solo, torna-se um parâmetro de difícil

determinação Rose (1966); Cruciane, (1972); Reichardt, (1985) e Mendes Et Al 1992.

Para a determinação do armazenamento da água no solo, utiliza-se a metodologia de

integração de perfis consecutivos de umidade do solo. Podendo ser a umidade determinada

por: gravimetria, sonda de nêutrons e tensiômetria (Libardi, 1995).

A drenagem profunda é uma das componentes do balanço hídrico cuja determinação

apresenta maiores dificuldades, sendo freqüentemente responsável por erros da ordem de

30 a 50 % do balanço hídrico total, influenciando assim a estimativa da evapotranspiração

da cultura (Rose, 1966). Atualmente, recomenda-se a utilização da equação de Darcy -

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Buchinghan, que é dada pelo produto da condutibilidade hidráulica, a umidade considerada

no perfil do solo e o gradiente de potencial total, num dado período de tempo Guandique

(1993).

Um outro fator que também deve ser considerado na determinação do balanço hídrico

é o intervalo de tempo utilizado. Jensen (1967), verificou que a utilização de períodos de 3

a 5 dias, provocaram erros na ordem de 15 a 30 % na evapotranspiração. Costa (1986),

aponta os períodos chuvosos como limitantes, dada a dificuldade de determinação na

variação da água armazenada no solo com precisão maior de 2,0 mm.

Os evaporímetros utilizados na estimativa da evapotranspiração são classificados em

dois tipos: um em que a superfície da água fica livremente exposta (tanques de evaporação)

e; outro em que a evaporação se dá através de uma superfície porosa (atmômetros) (Berlato

& Molion, 1981; Bernardo, 1989).

Pela simplicidade e baixo custo, o tanque classe A tem sido recomendado por

inúmeros autores para a estimativa da evapotranspiração de referência (Vieira, 1989;

Sediyama, 1987; Reichardt, 1987; Bernardo, 1989).

Entretanto, Pereira & Coelho (1992), relatam que o atmômetro modificado tem sido

um dos mais promissores aparelhos para o controle da irrigação, entre os agricultores

americanos, e que este foi, fisicamente, idealizado, objetivando medir a evapotranspiração

de referência na cultura da alfafa. Este aparelho consiste em uma cápsula porosa, coberta

com uma lona especial de cor verde, interligada a um reservatório de água destilada por um

tubo de sucção. O nível da água no reservatório é lido numa escala graduada em

milímetros, colocada sob tubo plástico transparente. A quantidade de água evaporada é

determinada pela variação do nível da água.

Pereira (1993), utilizando o tanque classe A e atmômetro modificado, para a

estimativa da evapotranspiração de referência, verificou que os dois evaporímetros

apresentaram um comportamento semelhante e uma pequena variação entre si.

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Erthal (1994), avaliando a utilização do atmômetro modificado na estimativa da

evapotranspiração de referência, na região de Viçosa - MG, constatou que o aparelho

simula com boa correlação a ETo, quando comparado ao tanque classe A e a equação de

Penmam, para períodos de sete dias ou mais longos, entretanto não apresentou uma boa

correlação com o evapotranspirômetro de drenagem.

Utilizando-se de dados obtidos no lisímetro de Davis, Califórnia, Hargreaves &

Samani (1985), propuseram uma equação para estimativa de ETo, sendo necessários apenas

os valores de temperaturas máxima e mínima.

Entre os diversos modelos existentes para estimativa da ETo, o de Penman (1948) é

considerado por muitos como o padrão. Para contornar algumas desvantagens deste

modelo, Monteith (1965) incorporou modificações no termo aerodinâmico da equação,

incluindo dois valores de resistência ao fluxo de vapor da água.

Silva (1996) verificou alta correlação do modelo combinado de Penman-Monteith,

parametrizado pela FAO, na estimativa da ETo, em relação a um lisímetro de pesagem,

recomendando sua utilização como método de avaliação do desempenho de outros

modelos, ou mesmo de dispositivos de determinação direta da ETo.

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1- MATERIAL

3.1.1- Localização da área experimental

O experimento vem sendo realizado na Estação Evapotranspirométrica do campo

experimental I da Escola de Agronomia da Universidade Federal da Bahia, localizada no

município de Cruz das Almas, zona do Recôncavo Baiano, a uma altitude de 225 m acima

do nível do mar, com coordenadas geográficas de 12o 48’ 38” de latitude Sul e 39o 06’ 26”

de longitude Oeste, durante o período de 19 de fevereiro de 2000 a 14 de setembro de 2000.

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3.1.2- Caracterização da área experimental

Segundo Martorano et al. (1997), a região está sob a influência da tipologia climática

Am de Köppen que se caracteriza por apresentar chuvas inferiores a 60 mm no mês mais

seco. Com base em Thornthwaite, o clima é do tipo C1sA’a’ que se enquadra na categoria

de sub-úmido com moderado excesso de água no inverno, megatérmico, onde 31% da

estação de crescimento das plantas, concentra-se no verão.

O solo da área experimental é classificado como latossolo amarelo álico coeso,

textura média, fase floresta estacional (semidecídua), com relevo plano. Este solo é

profundo, caracterizando-se pela baixa fertilidade química, onde se observa também

problemas físicos, com horizontes superficiais coesos .

3.1.3 - Instalação do Experimento

3.1.3.1 - Construção e Montagem dos Evapotranspirômetros

O experimento foi conduzido em quatro evapotranspirômetros instalados em uma

área de 750 m 2 (Figura 01).

Cada evapotranspirômetro foi constituído de uma caixa de cimento amianto com as

dimensões de 1,30 x 1,10 x 0,70 m, fornecendo uma área de cultivo de 1,43 m2.

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Quando da instalação dos evapotranspirômetros (Lordêllo Neto, 1998), procedeu-se a

abertura de quatro trincheiras com dimensões um pouco maiores do que as caixas de

cimento amianto, tendo-se o cuidado de separar as camadas do solo natural para que fossem

recolocadas dentro das caixas obedecendo a ordem dos horizontes, bem como manter o

perfil do solo dentro dos evapotranspirômetros com características semelhantes a área

externa.

Após o nivelamento das trincheiras, procedeu-se o assentamento das caixas de

cimento amianto a uma profundidade de 0,65 m, mantendo-se uma borda lateral de 5 cm

acima da superfície do solo, com a finalidade de evitar o escoamento da água de chuva para

o interior dos evapotranspirômetros.

Cada evapotranspirômetro possui, na sua parte inferior, uma camada de dois

centímetros de brita zero e outra de igual espessura de areia lavada. Entre estas camadas,

encontra-se instalada uma tubulação ramificada de PVC de 32 mm perfurada em toda a sua

extensão, constituindo o sistema de drenagem. O prolongamento desta tubulação leva a

água percolada para um poço de coleta, localizado ao fundo dos evapotranspirômetros,

(Figura 02).

Para o presente trabalho, aos tanques que constituiriam os evapotranspirômetros de

lençol freático constante foram ainda conectados, individualmente, dois reservatórios: um

reservatório intermediário (Figura 03), cuja função é manter constante a profundidade do

lençol, mediante utilização de uma bóia, e de um extravasador para drenagem da água

excedente e; um outro de abastecimento, responsável pela recarga do aqüífero, e que

permite a medição da água evapotranspirada.

A Estação Evapotranspirométrica acima descrita foi montada no ano de 1994,

apresentando um tempo de consolidação do solo de seis anos, período suficiente para

compensar o acamamento dos horizontes do perfil solo. Em 1997, foram retiradas amostras

indeformadas para a realização das análises físico-hídricas de: textura, densidade global,

densidade de partículas, macro e microporosidade, porosidade do solo e curva de retenção

de água no solo.

Os resultados destas análises, encontram-se apresentados na Tabela 1.

Os resultados da análise de fertilidade do solo para o presente trabalho encontram-se na tabela 2.

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Tabela 1 - Características físicas do solo na área experimental

Prof. Macroporosidade Microporosidade dr dg cm % % g.cm-3 g.cm-3

Evapotranspirômetro

0-20 20,70 16,90 2,75 1,72

20-40 16,60 20,70 2,63 1,63

Área tampão 0 -20 19,00 17,30 2,75 1,75 20-40 11,20 19,70 2,63 1,81

Tabela 2 - Características químicas do solo na área experimental

pH Ca+Mg++ Ca++ Mg++ Al+++ H+Al P K Em

água Meq/100g mg/dm3

10 Plantio 5,90 3,00 2,00 1,00 0,00 130 50 20 Plantio 5,10 1,5 1,00 0,50 0,30 36 12

3.1.3.2 - Preparo do solo e condução da cultura

O solo da área experimental foi preparado com auxílio de enxada, visando não afetar

a estrutura dos evapotranspirômetros. De acordo com as recomendações para a cultura do

amendoim no Estado da Bahia e em conformidade com os resultados da análise química do

solo (tabela 2), não foi necessário realizar a calagem e a adubação do solo no primeiro

plantio. Para o segundo plantio, entretanto, foi necessária a calagem e a adubação potássica.

Para limpeza da área foram efetuadas duas capinas manuais por ciclo. Para combater

o trips (Enneothrips flavens), pulverizou-se periodicamente a cultura com um inseticida

sistêmico do grupo das nitroguanidinas.

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3.2 - MÉTODOS

3.2.1 Acompanhamento e manutenção do potencial matricial do solo

Visando acompanhar e manter o potencial matricial da água no solo, numa faixa de

valores que possibilitasse a cultura evapotranspirar potencialmente, foram instalados

tensiômetros de câmara de ar, nas profundidades de 15, 30 e 45 cm da superfície do solo.

As leituras foram efetuadas por meio de um tensímetro digital, com valores pontuais

fornecidos diretamente em bar.

O potencial matricial da água no solo, fora dos lisímetros, também foi monitorado por

tensiômetros de câmara de ar. Desta maneira, toda vez que o potencial matricial da água no

solo a 0,15 m de profundidade atingiu o valor de 333 cm de coluna de água cca (0,033

MPa), foram realizadas irrigações, visando elevar a umidade do solo à capacidade de

campo. Para tanto, a área tampão foi irrigada com mangueiras Santeno, com 20 m de

comprimento, espaçadas a cada 1,5 m (Figura 04).

Para o primeiro plantio, a umidade do solo, em massa, foi obtida utilizando-se os

valores do potencial matricial do solo por meio da equação de Van Genucthten e

diretamente na curva característica de água no solo. Durante o segundo ciclo da cultura

foram coletadas, a cada dois dias, amostras de solo para determinação da variação no

armazenamento de água no solo.

Os parâmetros para determinação da umidade do solo mediante a utilização da

equação Van Guenuchten estão apresentados no anexo 01.

3.2.2 - Determinação da evapotranspiração da cultura (ETc) do amendoim

Considerando que os componentes do escoamento horizontal podem ser desprezados

pela interferência das paredes dos evapotranspirômetros, utilizou-se a equação simplificada

proposta por Reichardt (1987) para a determinação da evapotranspiração da cultura (ETc):

∆AL = P + I + RA ETc - Dr eq.1

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em que:

∆AL - variação do armazenamento de água nos evapotranspirômetros, mm;

P - precipitação pluviométrica, mm;

I - irrigação, mm;

AC - ascensão capilar, mm;

ETc - evapotranspiração da cultura, mm;

Dr - drenagem, mm.

Considerando que não ocorreu variação no armazenamento da água no solo

durante todo o ciclo da cultura, reduziu-se a equação 1 para ambos os tipos de

evapotranspirômetros. Deste modo tem-se que:

-Para os evapotranspirômetros de lençol freático constante:

ETc = P + I + AC -Dr eq.2

-Para os evapotranspirômetros de drenagem:

ETc = P + I -Dr eq.3

No caso dos evapotranspirômetros de drenagem, considera-se também desprezível a

entrada de água por ascensão capilar, daí a simplificação apresentada.

Desta maneira, o balanço hídrico para determinar a evapotranspiração da cultura, foi

realizado utilizando-se dados diários de precipitação, irrigação e drenagem.

As regas nos evapotranspirômetros foram realizadas com o uso de um regador

plástico de 10 litros, com crivo, sendo o volume medido em proveta de um ( 01) litro e

convertido para lâmina de irrigação. As percolações foram coletadas diariamente em

tanques conectados a tubulação de drenagem, sendo o seu volume medido em proveta

graduada e posteriormente convertidos em lâmina de drenagem.

A precipitação pluviométrica foi determinada utilizando-se um pluviômetro do tipo

Ville de Paris, instalado na área experimental.

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As variações do nível de água nos reservatórios abastecedores foram convertidas em

lâmina de ascensão capilar em milímetros, mediante fator de correção.

3.2.3 -Acompanhamento e definição da profundidade do lençol freático

Monitorou - se a profundidade do lençol freático por meio de uma sonda elétrica.

Para tanto, introduziu-se a sonda em um poço de observação, instalado em ambos os

evapotranspirômetros de lençol freático constante. Para construção dos poços de

observação utilizaram-se tubos plásticos com 60 cm de comprimento, perfurados em três

quartos desta sua dimensão para permitir um melhor fluxo da água.

3.2.4 - Estimativa da evapotranspiração de referência (ETo)

A evapotranspiração de referência foi estimada mediante a utilização dos

evaporímetros: tanque Classe A e atmômetro modificado SEEI, (Figuras 5 e 6), e pelos

métodos de Penman-Monteith e Hargreaves-Samani.

3.2.4.1 Tanque classe A

A evapotranspiração de referência estimada a partir da evaporação da água no tanque

Classe A foi mensurada diariamente com a utilização de um parafuso micrométrico

assentado sob um poço tranquilizador. A evaporação foi convertida em evapotranspiração

utilizando-se a seguinte equação:

EToT = Kp . Ev eq.4

Em que:

EToT- evapotranspiração de referência estimada pelo tanque Classe A, mm dia -1 ;

Kp - coeficiente do tanque, admensional;

EV - evaporação medida no tanque Classe A, mm. dia-1

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Figura 5 – Visão da estação meteorológica automática, tanque Classe A, atmômetro

modificado SEEI e pluviômetro Ville de Paris, instalados na área experimental.

Os valores do coeficiente do tanque (Kp), para as condições de estudo, foram

determinados pela equação de regressão ajustada por Snyder (1992) a partir dos dados

propostos por Doorenbos e Pruitt (1977):

Kp = 0,482 + 0,024 ln(F) - 0,000376*U+0,0045*UR eq.5

em que:

F = distância da área de bordadura em relação ao centro do tanque (m);

U = velocidade do vento (Km.h-1);

UR = umidade relativa do ar (%).

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Empregou-se também, para determinação do Kp, a equação proposta por Pereira et

al.(1995), visando estabelecer um significado físico ao coeficiente do tanque.

Kp = Kp max . s +γ eq. 6

s + γ (1 + rc/ra)

em que:

s = declividade da curva de pressão de vapor à temperatura do ar (Kpa oC-1);

γ = coeficiente psicrométrico (Kpa oC-1);

rc = resistência do dossel (s.m-1);

ra + resistência aerodinâmica (s.m-1).

3.2.4.2 Atmômetro modificado SEEI

A estimativa da evapotranspiração de referência utilizando o atmômetro modificado

SEEI (EToA), foi realizada pelas diferenças das leituras diárias do nível da água, em uma

escala graduada localizada na parte externa do aparelho (Figura 06).

3.2.4.3 Modelo de Penman-Monteith parametrizado pela FAO/91

A evapotranspiração de referência estimada com o modelo de Penman-Monteith foi

fornecida diretamente pela estação meteorológica automática (Figura 07), para o período de

24 horas, por meio do seguinte modelo:

λEToPM = s (Rn - G) + ρ . cp . [(es-ea) / ra] eq. 7

s + γ .(1 + rc / ra)

em que:

λETo = fluxo de calor latente de evaporação (MJ m-2 s-1);

Rn = radiação líquida (MJ m-2 s-1);

G = fluxo de calor no solo (MJ m-2 s-1);

ρ = massa específica do ar atmosférico (Kg. M-3);

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cp = calor específico do ar a pressão constante ( 1,013 x 10-3 MJ Kg-1 0C-1);

es = pressão de saturação de vapor d'água à temperatura do ar (Kpa);

ea = pressão atual de vapor da água (Kpa);

rc = resistência do dossel (s.m-1);

ra = resistência aerodinâmica (s.m-1);

s = declividade da curva de pressão de vapor à temperatura do ar (Kpa oC-1);

γ = coeficiente psicrométrico (Kpa oC-1);

λ = fluxo de calor latente de evaporação (MJ. Kg-1)

3.2.4.4 Método de Hargraeves-Samani

A partir de dados obtidos na estação meteorológica automática, estimou-se a

evapotranspiração de referência pela equação proposta por Hargraeves-Samani (1985):

EToHS = 0,0023 Qo (Tmax- Tmin)0,5 (T + 17,8)

em que:

Qo = radiação extraterrestre (mm.d-1)

T max = temperatura máxima (0C)

T mín = temperatura mínima (0C)

3.2.4.5 Evaporímetro de Piche

Durante o segundo plantio da cultura, estimou-se a evapotranspiração de referência

pelo evaporímetro de Piche mediante as diferenças registradas diariamente no nível da água

no aparelho.

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3.2.5- Determinação do Coeficiente de Cultivo (Kc)

Os coeficientes de cultivo (Kc) foram calculados utilizando-se as seguintes relações:

KcT = ETc/EToT eq.8

KcA = ETc/EToA eq.9

KcPM = ETc/EToPM eq.10

KcHS = ETc/EToHS eq.11

KcP = ETc/EToP eq.12

Em que:

KcT - coeficiente de cultura com base na evapotranspiração de referência estimada

pelo tanque Classe A,

KcA - coeficiente de cultura com base na evapotranspiração de referência estimada

pelo Atmômetro modificado SEEI.

KcPM - coeficiente de cultura com base na evapotranspiração de referência estimada

pelo modelo de Penman-Monteith.

KcHS - coeficiente de cultura com base na evapotranspiração de referência estimada

pelo método de Hargreaves-Samani.

KcP - coeficiente de cultura com base na evapotranspiração de referência estimada

pelo evaporímetro de Piche.

Delimitaram-se quatro estádios fenológicos para a determinação dos coeficientes de

cultivo da cultura do amendoim:

Estádio I: 15 dias de duração

Estádio II: 25 dias de duração

Estádio III: 35 dias de duração

Estádio IV: 15 dias de duração

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Acompanhamento e manutenção do potencial matricial do solo

De acordo com as tabelas 03 e 04, a amplitude do potencial matricial do solo foi

pequena, diminuindo com o aumento da profundidade em todos os evapotranspirômetros,

retratando, portanto, que as camadas inferiores do perfil do solo permaneceram mais

úmidas, aumentando a disponibilidade de água para as plantas. Nos evapotranspirômetros

de lençol freático constante, a amplitude de valores mostra-se ainda menos significativa,

revelando a eficiência do sistema de recarga do aqüífero e o efeito da franja capilar. Deste

modo, validou-se a simplificação da equação 01, desconsiderando-se a variação do

armazenamento da água no solo (∆ AL) para o cálculo da evapotranspiração da cultura.

Analisando-se os valores médios de tensão nas camadas mais superficiais do solo,

verificou-se que os potenciais matriciais tendem a apresentar valores mais negativos que

nas camadas mais profundas, revelando desta maneira a movimentação da água das

camadas inferiores para as superficiais por ascensão capilar. Ressalva-se, porém, que nos

evapotranspirômetros de drenagem, após a irrigação ou as chuvas, percebe-se uma

inversãao do fluxo hídrico para as camadas mais subsuperficiais do solo, em função das

diferenças de potencial matricial, demonstrando-se então a eficiência do sistema de

drenagem na imediata coleta da água percolada.

Tabela 3: Acompanhamento da variação da umidade do solo nos

evapotranspirômetros de drenagem.

Evapotranspirômetro

Média Amplitude da tensão

Variação da umidade

Profundidade do tensiômetro

(Nº) (bar) (bar) (%) (cm) 1 -0,07 (-0,11) - (-0,03) 7,16 15 -0,06 (-0,09) - (-0,04) 4,44 30 -0,05 (-0,07) - (-0,03) 5,02 45 2 -0,06 (-0,09) - (-0,03) 6,26 15 -0,05 (-0,07) - (-0,02) 7,64 30 -0,05 (-0,07) - (-0,03) 5,02 45

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Tabela 4: Acompanhamento da variação da umidade do solo nos

evapotranspirômetros de lençol freático constante.

Evapotranspirômetro

Média Amplitude da tensão

Variação da umidade

Profundidade do tensiômetro

(Nº) (bar) (bar) (%) (cm) 3 -0,06 (-0,08) - (-0,04) 3,88 15 -0,04 (-0,06) - (-0,03) 4,2 30 -0,03 (-0,05) - (-0,02) 5,78 45 4 -0,05 (-0,08) - (-0,03) 5,7 15 -0,04 (-0,07) - (-0,03) 5,02 30 -0,03 (-0,06) - (-0,02) 6,82 45

4.2-Acompanhamento e definição da profundidade do lençol freático

Como observado na tabela 05, o lisímetro três, durante o primeiro ciclo da cultura,

sempre mostrou menor profundidade de lençol freático até o dia 29 de fevereiro de 2000, o

que acabou provocando o surgimento de folhas necrosadas, as quais, após análise

fitopatológica, foram atribuídas ao excesso de umidade no solo. Tal prejuízo à área

fotossintetizante pode explicar o menor consumo de água que se verificou neste lisímetro

durante o primeiro plantio da cultura.

Explica-se a menor profundidade do lençol freático do evapotranspirômetro três em

relação ao evapotranspirômetro quatro pelo fato de haver um certo desnível entre os seus

tanques. Como estavam os reservatórios intermediários de ambos os evapotranspirômetros

assentados num único suporte, originava-se a diferença nas profundidades de lençol

freático. Contornou-se este problema segregando-se os reservatórios intermediários em

suportes independentes e, aumentando-se, em seguida, a profundidade do lençol freático no

evapotranspirômetro três. Optou-se em não diminuir a profundidade do lençol freático no

evapotranspirômetro quatro para evitar os problemas causados pelo excesso de umidade no

solo. Assim sendo, o lençol freático foi mantido a 37,50 cm da superfície do solo, em

ambos os tanques. Para o segundo plantio, o nível do lençol freático foi fixado a 45,00 cm

da superfície.

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Tabela 05: Acompanhamento da profundidade do lençol freático nos evapotranspirômetros

de lençol freático constante.

Profundidade do lençol freático (cm)

Data Lisímetro 03 Lisímetro 04

Primeiro Plantio

21.02.00 21,20 20,50

23.02.00 15,50 21,50

24.02.00 16,50 21,50

25.02.00 16,50 21,50

2 6.02.00 16,50 21,50

27.02.00 25,50 30,00

28.02.00 26,00 31,50

29.02.00 26,00 31,50

29.02.00 26,00 33,50

01.03.00 34,00 34,00

15.03.00 37,50 37,50

16.03.00 37,50 37,50

Segundo Plantio

13.06.00 43,00 41,50

14.06.00 43,00 40,50

15.06.00 40,00 41,00

16.06.00 38,50 37,00

17.06.00 40,00 37,50

19.06.00 45,00 42,50

22.06.00 45,00 45,00

26.06.00 45,00 45,50

01.06.00 45,00 45,50

02.06.00 45,00 45,0

03.06.00 45,00 45,00

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4.3 -Evapotranspiração de Referência (ETo)

Analisando-se as tabelas 6 e 7, observa-se que a evapotranspiração de referência,

estimada pelo modelo de Penman-Monteith foi de 2,47 mm.dia-1. Os métodos de

Hargraves-Samani e do atmômetro modificado SEEI superestimaram, respectivamente, a

ETo para 3,96 e 3,30 mm.dia-1, utilizando-se o modelo de Penman-Monteith como padrão.

O evaporímetro tanque classe A, com a adoção do Kp recomendado pela FAO,

superestimou a ETo a um valor médio de 3,65 mm.dia-1. Com o coeficiente do tanque

proposto por Pereira et al. (1997) encontrou-se um valor médio de 2,83 mm.dia-1.

Da análise das figuras 08, 09, 10, 11 e 12, verifica-se que o tanque Classe A, com o

Kp proposto por Pereira et al. (1997) foi o método que apresentou a menor variação, em

relação ao modelo de Penman-Monteith, revelando-se o mais indicado para as condições

locais.

Tabela 6: Valores estimados para a evapotranspiração de referência utilizando-se

diferentes metodologias.

Decêndio EToPM EToHS* EToHSm EToP EToFAO ETo A (mm.d-1) (mm.d-1) (mm.d-1) (mm.d-1) (mm.d-1) (mm.d-1)1 2,47 4,07 4,01 3,27 4,17 3,70 2 2,87 4,65 4,54 3,42 4,31 4,30 3 3,31 4,54 4,47 4,23 5,34 4,44 4 2,70 3,98 3,93 2,98 3,90 3,50 5 2,50 3,86 3,80 2,69 3,54 3,10 6 2,17 4,05 3,98 2,56 3,22 3,30 7 2,01 3,44 3,39 1,61 2,24 1,70 8 2,20 3,74 3,67 2,45 3,22 2,72 9 2,00 3,90 3,85 2,25 2,79 2,93 2,47 4,03 3,96 2,83 3,64 3,30 *EToHSm é a evapotranspiração de referência estimada pelo método de Hargreaves-Samani a partir

das médias diárias de temperatura.

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Tabela 7: Valores estimados de evapotranspiração de referência para as quatro fases

fenológicas do amendoim, utilizando-se diferentes metodologias.

Fase EToPM EToHS EToHSm EToTP EToTFAO ETo A (mm.d-1) (mm.d-1) (mm.d-1) (mm.d-1) (mm.d-1) (mm.d-1)

1 2,47 4,07 4,01 3,27 4,17 3,75 2 3,00 4,48 4,01 3,68 4,67 4,24 3 2,28 3,78 3,72 2,32 3,05 2,76 4 2,09 3,82 3,76 2,35 3,03 2,83 2,46 4,04 3,97 2,91 3,73 3,37

4.4 Necessidade Hídrica da Cultura do Amendoim

Devido aos ajustes no funcionamento dos evapotranspirômetros, computam-se na

tabela 8 os dados coletados a partir do dia 25 de fevereiro até o dia 19 de maio de 2000.

Como demonstrado nesta tabela, a necessidade hídrica da cultura do amendoim, na região

do Recôncavo Baiano situa-se em torno de 361,67 mm para um período de 85 dias.

Corrigindo-se a necessidade hídrica da cultura com a incorporação dos outros 05 dias,

mediante a utilização das médias diárias de evapotranspiração em cada

evapotranspirômetro, chega-se à tabela 9. Verifica-se nesta que a evapotranspiração

estimada para cultura do amendoim, com ciclo de 90 dias, é de 371,59 mm. Neste período,

a contribuição pluviométrica foi de 371,30 mm, o que não tornaria imprescindível a

irrigação da cultura. Analisando-se, porém, a precipitação total na região de Cruz das

Almas-BA, verifica-se que a mesma encontra-se concentrada no período compreendido

entre os meses de abril e agosto. Projeta-se, portanto, que em plantios efetivados fora

daquele período, torna-se a prática da irrigação indispensável para garantir a produção da

entressafra.

As tabelas 10 e 11 mostram que os valores determinados para a evapotranspiração da

cultura do amendoim, seja pelos lisímetros de drenagem, seja pelos lisímetros de lençol

freático constante, são pouco diferenciados. Entretanto, analisando-se as figuras 15 e 16,

percebe-se que os lisímetros de lençol freático constante permitem a determinação diária da

evapotranspiração da cultura, o mesmo não ocorrendo com os lisímetros de drenagem, cujo

comportamento depende da percolação da água no solo.

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Tabela 8: Valores totais de ascensão capilar (AC), precipitação (P), irrigação (I),

drenagem (D), evapotranspiração total (ETc Total) e evapotranspiração média diária (ETc

média) a partir do dia 25 de fevereiro de 2000.

A.C. P I D ETc Total ETc média Evapotranspirômetro (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm/dia)

1 0 321,50 344,37 276,93 388,94 4,58 2 0 321,50 344,37 292,81 373,06 4,39

Média Parcial 321,50 381,00 4,48 3 241,08 321,5 13,99 280,40 296,17 3,48 4 306,39 321,5 13,99 253,36 388,51 4,57

Média Parcial 321,5 342,34 4,03 Média 321,50 361,67 4,26

Tabela 9: Valores de precipitação (P) e evapotranspiração total (ETc Total)

estimados para o ciclo de desenvolvimento da cultura do amendoim.

P ETc Total ETc Fase 01 Evapotranspirômetro (mm) (mm) (mm.d-1)

1 371,30 398,88 1,98 2 371,30 385,62 2,51

Média Parcial 371,30 392,25 3 371,30 298,40 0,45 4 371,30 403,47 2,99

Média Parcial 371,30 350,94 Média 371,30 371,59 4,256

As tabelas 10 e 11 mostram os valores de evapotranspiração da cultura do amendoim

durante quatro fases fenológicas. Observa-se que em todos os estádios fenológicos a ETc

calculada, seja com os evapotranspirômetros de drenagem, seja com os de lençol freático

constante, sempre foi maior que a ETc estimada a partir do método de Penman-Monteith

associado a valores tabelados de coeficiente de cultivo. Mediante a ETo estimada pelo

método de Penman-Monteith projetou-se o consumo de 189,16 mm de água para o ciclo de

90 dias, valor este muito abaixo da necessidade hídrica reconhecida para o amendoimzeiro

por Doorenbos & Kassam (1979), a qual situa-se entre 500 a 700 mm.

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Tabela 10: Valores calculados para evapotranspiração média da cultura do amendoim

ao longo de seu ciclo de desenvolvimento, utilizando-se evapotranspirômetros de

drenagem.

Estádios ETc Esperada Lisímetro 1 Lisímetro 2 (mm.d-1) (mm.d-1) (mm.d-1) I 1,24 1,99 2,51 II 2,40 5,58 6,23 III 2,50 5,09 4,35 IV 1,53 3,43 2,66

Média 1,92 3,94 3,87 Total 189,16

Tabela 11: Valores calculados para evapotranspiração média da cultura do amendoim

ao longo de seu ciclo de desenvolvimento, utilizando-se evapotranspirômetros de lençol

freático constante.

FASES ETc Esperada Lisímetro 3 Lisímetro 4 (mm.d-1) (mm.d-1) (mm.d-1) I 1,24 0,45 2,99 II 2,40 4,59 5,54 III 2,50 3,92 4,79 IV 1,53 2,66 3,51

Média 1,92 2,88 4,18 Total 189,16

Tabela 12: Valores de ETc do amendoim, em mm, durante os decêndios. Período ETC-01 ETC-02 ETC-03 ETC-04

1 1,99 2,51 0,45 2,99 2 2,88 2,88 3,46 4,36 3 9,12 11,10 5,33 6,24 4 6,33 2,56 5,00 6,00 5 5,93 5,78 3,90 5,02 6 6,14 6,71 3,25 4,25 7 0,84 0,03 2,93 3,90 8 6,53 5,93 2,31 2,99

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4.5 Coeficiente de cultivo (Kc)

Analisando-se as tabelas 13 e 14, observa-se que o coeficiente de cultivo determinado

para o amendoim aumenta até a terceira fase fenológica, diminuindo desta para a quarta.

Este comportamento deve-se ao menor consumo de água pela cultura após seu completo

desenvolvimento vegetativo.

Constata-se também que os coeficientes de cultivo, estimados pela evapotranspiração

da cultura nos evapotranspirômetros de drenagem e de lençol freático constante, apesar de

diferentes daqueles indicados por Doorenbos & Kassam (1979), apresentam um

comportamento semelhante entre si (Figuras 13 e 14). O tanque classe A, com o Kp da

FAO, e o atmômetro modificado SEEI foram os métodos que apresentaram os valores de

coeficiente de cultivo mais próximos dos tabelados. Entretanto, devido à superestimativa da

ETo encontrada com estes métodos, é possível, que seus respectivos valores de Kc não

sejam os mais adequados às condições locais.

O modelo de Penman-Monteith, aqui tomado como padrão para estimativa da ETo,

implicou em elevados valores de Kc. A despeito da diferença de valores entre os Kc

calculados e os Kc indicados, sinaliza-se a possibilidade de serem os últimos pouco

adequados à correção da ETo, para as condições climáticas do Recôncavo Baiano.

Confirmar-se-á esta hipótese com os dados do segundo plantio.

Tabela 13: Coeficientes de cultivo calculados em função dos evapotranspirômetros de drenagem, utilizando-se diferentes métodos para estimativa da evapotranspiração de referência. Estádio Tabelado KcPM KcHS KcHS KcT(P) Kc(FAO) KcA

I 0,4-0,5 0,91 0,55 0,56 0,69 0,54 0,61 II 0,7-0,8 1,96 1,32 1,34 1,60 1,26 1,40 III 0,95-1,1 2,07 1,25 1,27 2,04 1,55 1,71 IV 0,85-0,55 1,29 0,72 0,73 1,17 0,91 0,90

Tabela 14:Coeficientes de cultivo calculados em função dos evapotranspirômetros de lençol freático constante, utilizando-se diferentes métodos para estimativa da evapotranspiração de referência. Estádio Tabelado KcPM KcHS KcHSMm KcT(P) Kc(FAO) KcA

I 0,4-0,5 0,70 0,42 0,43 0,53 0,41 0,46 II 0,7-0,8 1,69 1,13 1,15 1,38 1,08 1,21 III 0,95-1,1 1,91 1,15 1,17 1,88 1,43 1,58 IV 0,85-0,55 1,41 0,78 0,79 1,28 1,00 0,99

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Figura 12: VALORES DE Kc DETERMINADOS POR EVAPOTRANSPIRÔMETROS DE DRENAGEM A PARTIR DE DIFERENTES MÉTODOS DE ESTIMATIVA DA ETo.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

1 2 3 4

FASES FENOLÓGICAS

CO

EFIC

IEN

TES

DE

CU

LTIV

O

KCc TABELAKcPMKcHSMeKcHSMmKcPKcT(FAO)Kc A

Figura 13: VALORES DE Kc PARA O AMENDOIM, DETERMINADOS POR EVAPOTRANSPIRÔMETROS DE LENÇOL FREÁTICO CONSTANTE A PARTIR DE DIFERENTES MÉTODOS DE ESTIMATIVA DA ETo.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

1 2 3 4

FASES FENOLÓGICAS

CO

EFIC

IEN

TES

DE

CU

LTIV

O

KCc TABELAKcPMKcHSMeKcHSMmKcPKcT(FAO)Kc A

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Page 34: DETERMINAÇÃO DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO DA … · Pereira (1993), utilizando o tanque classe A e atmômetro modificado, para a estimativa da evapotranspiração de referência, verificou

Figura 15: Comportamento da evapotranspiração da cultura do amendoim ao longo de seu ciclo de desenvolvimento utilizando-se evapotranspirômetros de drenagem.

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

1 2 3 4 5 6 7 8

Períodos (decêndio)

ETc

(mm

.d-1

)

Lisímetro 01Lisímetro 02

Figura 16: Comportamento da evapotranspiração da cultura do amendoim ao longo do seu ciclo de desenvolvimento utilizando-se evapotraspirômetros de lençol freático constante.

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7,00

1 2 3 4 5 6 7 8

Períodos (decêndio)

ETc

(mm

.d-1

)

Lisímetro 03

Lisímetro 04

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ANEXO 01: Parâmetros da equação de Van Guenuchten.

Parâmetros

θr 0,091

θs 0,356

α 0,745

N 1,433

M 0,39

θ = θr + (θs - θr) /[1 + | α . ϕm |n ] m

θ = θr + (θs - θr)

[1 + | α . ϕm |n ] m

ϕm θ (cm3.cm-3) θ (%)

-0,02 0,2691 26,91

-0,03 0,2429 24,29

-0,04 0,2247 22,47

-0,05 0,2113 21,13

-0,06 0,2009 20,09

-0,07 0,1927 19,27

-0,08 0,1859 18,59

-0,09 0,1803 18,03

-0,11 0,1713 17,13

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5. CONCLUSÕES

Mediante os dados do primeiro plantio da cultura do amendoim foi possível concluir

que:

Os valores de coeficiente de cultivo (Kc) tabelados para a cultura do amendoim

parecem pouco representativos das condições climáticas do Recôncavo Baiano, em que

determinou-se valores muito elevados para a evapotranspiração da cultura, seja pelos

evapotranspirômetros de drenagem, seja pelos de lençol freático constante.

O evaporímetro atmômetro modificado SEEI e o método de Hargreaves-Samani

superestimaram a evapotranspiração de referência, tomando o modelo de Penman-Monteith

como padrão.

O evaporímetro tanque classe A foi o método que melhor estimou a

evapotranspiração de referência, correlacionando-se bem com o modelo de Penman-

Monteith, especialmente quando da utilização do Kp proposto por Pereira et al.

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PRODUTOS GERADOS COM A PESQUISA:

Utilizando-se dos dados do primeiro plantio da cultura do amendoim foram enviados

dois trabalhos para apresentação no XIX Seminário Estudantil de Pesquisa da UFBA, a

realizar-se nos dias 29 e 30 de novembro e 01 de dezembro do corrente ano. Os trabalhos

estão inscritos como:

"Determinação da evapotranspiração da cultura do amendoim (Arachis hypogaea L.)

utilizando-se evapotranspirômetros de drenagem e de lençol freático constante." N0 da

Inscrição: 30817-388.

"Comparação de métodos de estimativa da evapotranspiração de referência utilizando

dados de estação meteorológica automática e de dois evaporímetros" N0 da Inscrição:

30806-F2D.

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FIGURA 01: Vista dos quatro evapotranspirômetros, cultivados com amendoim 'vagem lisa'.

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FIGURA 03: Reservatórios intermediários dos lisímetros de lençol freático constante e tanques de coleta da água drenada.

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FIGURA 06: Atmômetro modificado SEEI.

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FIGURA 07: Estação meteorológica automática.

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Figura 12: Evapotranspiração de referência estimada pelo método do atmômetro modificado SEEI versus método de Penman-Monteith.

y = 0,1198x + 2,0841R2 = 0,0697

y = 0,6394xR2 = -1,5221

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00

EToPMLinear (EToPM)Linear (EToPM)

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F igura 1 0 : E va potranspiração de re fe rênc ia e s tima da pe lo méto do de Hargre aves-S amani,

utilizando a média diária de te mpera tura , versus o méto do de P enma n-M onte ith.

y = 0,9489x - 1 ,2784R2 = 0,6055

y = 0,6326xR2 = 0 ,5369

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00

ET oP MLinear (ET oP M )Linear (ET oP M )

F ig u ra 1 1 : E va p o tra n s p ira ç ã o d e re fe rê n c ia e s tim a d a p e lo m é to d o d e H a rg re a ve s - S a m a n i ve rs u s o m é to d o d e P e n m a n -M o n te ith .

y = 0 ,9 1 7 1 x - 1 ,2 1 3 6R 2 = 0 ,5 9 1 5

y = 0 ,6 2 1 9 xR 2 = 0 ,5 2 8 9

0 ,0 0

0 ,5 0

1 ,0 0

1 ,5 0

2 ,0 0

2 ,5 0

3 ,0 0

3 ,5 0

4 ,0 0

4 ,5 0

0 ,0 0 1 ,0 0 2 ,0 0 3 ,0 0 4 ,0 0 5 ,0 0 6 ,0 0

E To P ML ine a r (E To P M )L ine a r (E To P M )

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Figura 08: Evapotranspiração de referência estimada pelo método do tanque classe A, com o Kp pro´posto po Pereira et al., versus o método de Penman-Monteit.

y = 0,2121x + 1,8783R2 = 0,1225

y = 0,7818xR2 = -0,9046

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00

EToPMLinear (EToPM)

L inear (EToPM)

Figura 09: Evapotranspiração de referência estimada pelo tanque classe A, com o Kp adotado pela FAO, versus o método de Penman-Monteith.

y = 0,164x + 1,8812R2 = 0,113

y = 0,6115xR2 = -0,8561

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00

EToPMLinear (EToPM)Linear (EToPM)

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Figura 04: Visão da área experimental logo após a semeadura do amendoim.