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Density Functional Theory

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  • 2 Teoria do Funcional da Densidade

    A Mecnica Quntica teve seu incio com a equao de Schrdinger (1926).

    Esta equao determina a funo de onda quntica de um sistema, seja ele um

    tomo, uma molcula ou um slido, contendo toda a informao necessria para

    determinar o estado do sistema. Contudo, so poucos os sistemas fsicos que

    possuem soluo analtica e mesmo a soluo numrica aproximada pode ser

    computacionalmente invivel.

    Uma aproximao baseada somente na densidade eletrnica foi proposta por

    Thomas (1927) e Fermi (1927). Os dois pesquisadores, trabalhando de forma

    independente, empregaram um modelo estatstico para aproximar a distribuio

    dos eltrons nos tomos, o qual ficou conhecido como modelo de Thomas-Fermi.

    Apesar da baixa qualidade das previses para sistemas reais, este modelo o

    precursor da moderna Teoria do Funcional da Densidade.

    O formalismo da Teoria do Funcional da Densidade DFT (Density

    Functional Theory) foi estabelecido a partir dos dois teoremas de Hohenberg &

    Kohn (1964). Eles demonstraram que em princpio a densidade eletrnica contm

    toda a informao que pode ser obtida da funo de onda de muitos eltrons.

    O conhecimento da densidade do estado fundamental de um sistema de

    muitos eltrons permite deduzir, a menos de uma constante, o potencial externo

    no qual os eltrons residem (Hohenberg e Kohn, 1964). Utilizando este teorema e

    sabendo-se que todos os outros termos do hamiltoniano que representa um sistema

    de muitos eltrons podem ser escritos, em princpio, como um funcional nico da

    densidade eletrnica, conclui-se que o conhecimento da densidade eletrnica do

    estado fundamental determina completamente o problema de um sistema de

    muitos corpos. Enquanto a funo de onda necessita de 3Ne variveis (funo de

    onda para cada eltron) para a sua descrio, a densidade uma funo real de 3

    variveis (densidade em trs dimenses).

    A DFT usada para estudar a estrutura eletrnica (principalmente o estado

    fundamental) de sistemas de muitos corpos, em particular tomos, molculas e

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  • Teoria do Funcional da Densidade 20

    slidos. Com esta teoria, as propriedades de um sistema de muitos eltrons podem

    ser determinadas usando-se funcionais, isto , funes de outra funo, a qual

    neste caso a densidade eletrnica. A DFT est entre os mais populares e

    versteis mtodos disponveis para estudos de qumica computacional e fsica do

    estado slido.

    O programa SIESTA (Spanish Initiative for Electronic Simulations with

    Thousands of Atoms) faz uso da Teoria do Funcional da Densidade (Soler,

    Artacho, et al., 2002; Ordejn, Artacho e Soler, 1996). Ele foi utilizado para a

    realizao deste trabalho e neste Captulo sero detalhadas as aproximaes

    empregadas.

    2.1. Componentes da Energia Total

    A resoluo da equao de Schrdinger independente do tempo permite

    determinar a estrutura do estado fundamental de um sistema de muitos eltrons e

    ncleos:

    (2.1)

    O Hamiltoniano do sistema apresenta o seguinte formato:

    (2.2)

    A energia cintica dos M ncleos do sistema representada pelo termo:

    12

    1

    (2.3)

    Onde

    (2.4)

    A energia cintica dos N eltrons do sistema dada pelo termo:

    12

    (2.5)

    O terceiro termo do lado direito da eq. (2.2) a energia de atrao

    eltron-ncleo dada pela eq. (2.6):

    | |

    (2.6)

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  • Teoria do Funcional da Densidade 21

    Onde e representam, respectivamente, os raios nucleares e os raios

    eletrnicos.

    A energia de repulso eltron-eltron , quarto termo do lado direito da

    eq. (2.2), dada por:

    1

    (2.7)

    O quinto termo da eq. (2.2) representa a energia de repulso ncleo-ncleo , sendo dado por:

    (2.8)

    As unidades atmicas foram utilizadas para simplificar as frmulas. A

    Tabela 1, adaptada de Koch & Holthausen (2001), lista as unidades atmicas e

    seus valores correspondentes em unidades do sistema internacional (SI).

    Tabela 1 Unidades Atmicas.

    Quantidade Unidade Atmica Valor no SI Smbolo Massa Massa do Eltron 9.1094 x 1031 kg Carga Carga do Eltron 1.6022 x 1019 C Constante de Planck Reduzida 2 1.0546 x 1034 J s Comprimento 4 5.2918 x 10

    11 m Energia 4.3597 x 10

    18 J

    A resoluo exata da equao de Schrdinger, eq. (2.1), para o

    Hamiltoniano da eq. (2.2) apresenta um nvel de complexidade muito elevado.

    Assim, so necessrias aproximaes para viabilizar o seu emprego em sistemas

    reais. Uma das aproximaes mais importantes a de Born-Oppenheimer, descrita

    a seguir, que se baseia nos teoremas de Hohenberg e Kohn. Em seguida sero

    apresentadas as equaes de Kohn-Sham e as duas aproximaes que possibilitam

    suas solues: aproximaes dos potenciais de troca e correlao, e o

    pseudopotencial.

    2.2. Aproximao de Born-Oppenheimer

    O ncleo dos tomos tem uma massa muito superior massa dos eltrons.

    Portanto, a velocidade dos eltrons muito maior do que a velocidade dos

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  • Teoria do Funcional da Densidade 22

    ncleos, de forma que os eltrons reagem quase que instantaneamente ao

    movimento dos ncleos. Assim, a Aproximao de Born-Oppenheimer serve para

    desacoplar o movimento dos ncleos e dos eltrons, podendo-se considerar que o

    movimento eletrnico ocorre num campo nuclear fixo (Born e Oppenheimer,

    1927).

    Os eltrons so considerados os responsveis pela energia cintica do

    sistema e esto sujeitos energia potencial devido s interaes eltron-eltron e a

    energia potencial externa, devido aos ncleos. Assim, para a soluo do problema

    eletrnico, utiliza-se o Hamiltoniano eletrnico simplificado com o seguinte

    formato:

    (2.9)

    Uma vez que 0 e .

    A Aproximao de Born-Oppenheimer permite escrever a funo de onda

    total com sendo um produto da funo de onda dos ncleos, , e da funo de

    onda dos eltrons, :

    (2.10)

    A equao de Schrdinger para o problema eletrnico escrita como:

    , , ; , , , , , , ; , ,

    (2.11)

    Onde as coordenadas dos ncleos, , entram como parmetros da funo de

    onda eletrnica e no como variveis.

    Assim, a aproximao de Born-Oppenheimer reduz o problema de muitos

    corpos originalmente representado pelo Hamiltoniano da eq. (2.2). Porm, o

    problema representado pelo Hamiltoniano eletrnico da eq. (2.9) ainda de difcil

    soluo e entre os mtodos mais usados atualmente para torn-lo tratvel

    computacionalmente esto os mtodos baseados na Teoria do Funcional da

    Densidade, tais como o empregado no programa SIESTA.

    Como estamos usando a Teoria do Funcional da Densidade, a grandeza

    fundamental do sistema deixa de ser a funo de onda e passa a ser a densidade

    eletrnica do sistema. O problema de 3Ne variveis, envolvendo a funo de onda

    para cada eltron, passa a ser um funcional da densidade, a qual uma funo real

    das 3 variveis de dimenso. Assim, podemos escrever a energia como sendo:

    (2.12)

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  • Teoria do Funcional da Densidade 23

    Onde representa a energia cintica, o potencial de interao

    eltron-ncleo e representa a interao eltron-eltron.

    O estabelecimento formal da teoria DFT ocorreu em 1964 por meio de dois

    teoremas, devidos a Hohenberg & Kohn, descritos a seguir.

    2.3. Teoremas de Hohenberg e Kohn

    O trabalho de Hohenberg & Kohn (1964) mostra, atravs de dois teoremas,

    que a partir da densidade eletrnica do sistema no estado fundamental possvel

    obter a energia do estado fundamental de maneira exata.

    O primeiro teorema estabelece que a densidade de carga do estado

    fundamental de um sistema de muitos eltrons determinada de maneira unvoca,

    a menos de uma constante aditiva, a partir do potencial externo .

    Para provar este teorema necessrio supor o contrrio, que dois potencias

    externos e resultam na mesma densidade para o estado

    fundamental. Dois hamiltonianos e so definidos pelos dois potenciais

    e , associando-se a eles duas funes de onda e , respectivamente.

    Assim, temos:

    || || | | | |

    | |

    (2.13)

    De forma semelhante, podemos fazer:

    || || | | | |

    | |

    (2.14)

    Somando-se a eq. (2.13) com a eq. (2.14):

    (2.15)

    Portanto, a suposio inicial de que os potencias externos e

    resultavam na mesma densidade para o estado fundamental no verdadeira.

    Assim, existe uma correspondncia nica entre a densidade do estado

    fundamental e o potencial externo .

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  • Teoria do Funcional da Densidade 24

    O segundo Teorema diz que a energia do estado fundamental corresponde

    ao mnimo do funcional de energia , obtido a partir da densidade exata

    do estado fundamental . Qualquer densidade diferente

    conduzir a uma energia maior do que a energia do estado fundamental,

    .

    Este teorema torna possvel o uso do princpio variacional para encontrar a

    densidade do estado fundamental. Existem muitas possibilidades para a densidade

    eletrnica, porm o problema resolvido por minimizao. Ao encontrar a

    densidade para a qual a energia mnima, encontrou-se a densidade do estado

    fundamental.

    2.4. Equaes de Kohn-Sham

    A equao de Kohn-Sham pode ser vista como sendo a equao de

    Schrdinger para um sistema fictcio composto de partculas no interagentes, tal

    que a densidade eletrnica gerada seja a mesma do sistema real original composto

    pelas partculas reais interagentes. A equao de Kohn-Sham definida por um

    potencial externo efetivo no qual as partculas no interagentes se

    movem.

    12

    (2.16)

    Onde as funes so as autofunes da equao de Kohn-Sham e o

    potencial externo efetivo dado por:

    | | (2.17)

    A eq. (2.18) foi a soluo proposta por Kohn & Sham (1965) para

    representar a densidade de carga:

    ||

    (2.18)

    A energia total do estado fundamental da eq. (2.12) pode ser reescrita como:

    12

    | | (2.19)

    Na aproximao de Kohn-Sham, separada em duas componentes.

    Uma das componentes corresponde energia cintica de um gs de eltrons no

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  • Teoria do Funcional da Densidade 25

    interagentes , e a outra componente inclui as interaes eletrnicas e a

    correo da energia cintica no termo de troca e correlao . Assim, a

    eq. (2.19) se torna:

    12

    | | (2.20)

    Isolando da eq. (2.17) e substituindo na eq. (2.20), teremos:

    | |

    12

    | | (2.21)

    O somatrio dos autovalores da eq. (2.16) corresponde aos dois primeiros

    termos do lado direito da eq. (2.21).

    (2.22)

    Portanto, a forma final para a energia total do estado fundamental na

    aproximao de Kohn-Sham dada por:

    12

    | | (2.23)

    Onde o potencial de troca e correlao e sua definio formal vem

    da seguinte derivada funcional:

    (2.24)

    2.5. Aproximaes dos Potenciais de Troca e Correlao

    A expresso exata do funcional da energia de troca e correlao no

    conhecida. Assim, para que seja possvel utilizar as Equaes de Kohn-Sham

    necessrio determinar uma boa aproximao para o termo de troca e correlao,

    que o termo de interpretao fsica mais difcil da DFT. Entre as aproximaes

    mais utilizadas para este termo desconhecido esto a Aproximao da Densidade

    Local (LDA) e um aperfeioamento chamado de Aproximao do Gradiente

    Generalizado (GGA).

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  • Teoria do Funcional da Densidade 26

    2.5.1. Aproximao da Densidade Local

    A energia de troca e correlao na Aproximao da Densidade Local (LDA)

    escrita como:

    (2.25)

    Onde a densidade eletrnica no ponto e a energia de

    troca e correlao por partcula de um gs homogneo de eltrons com

    densidade .

    Na LDA o termo de troca e correlao subdivido em:

    (2.26)

    Onde a energia de troca por partcula dada por:

    0.458

    (2.27)

    E o termo referente correlao eletrnica foi estimado por Ceperley

    e Alder (1980):

    0.44

    7.8 (2.28)

    Onde o raio da esfera cujo volume igual ao volume por eltron de

    conduo:

    43

    (2.29)

    A LDA adequada para descrever bem sistemas onde a densidade

    eletrnica aproximadamente uniforme. Se a densidade eletrnica for fortemente

    no uniforme, ser necessrio utilizar a Aproximao do Gradiente Generalizado.

    2.5.2. Aproximao do Gradiente Generalizado

    A Aproximao do Gradiente Generalizado (GGA) considera, alm da

    densidade eletrnica no ponto , o gradiente da densidade eletrnica

    neste ponto, onde a densidade de energia de troca e correlao est sendo

    calculada. Assim, o termo de troca e correlao escrito como:

    , (2.30)

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  • Teoria do Funcional da Densidade 27

    Ao contrrio da aproximao LDA, onde existe um nico correto,

    na aproximao GGA existem diferentes parametrizaes para ,

    que originam funcionais diferentes. A parametrizao GGA mais usual a

    desenvolvida por Perdew, Burke & Ernzerhof (1996).

    2.6. Pseudopotencial

    Um tomo pode ser visto como sendo composto por um caroo interno e

    pelos eltrons de valncia. O caroo interno composto pelo ncleo atmico e

    pelos eltrons mais prximos do ncleo, os quais sentem um forte potencial

    atrativo e tem pouca participao nas ligaes qumicas. Os eltrons de valncia

    esto fracamente ligados ao ncleo e por isso apresentam grande participao nas

    ligaes qumicas, determinando a maior parte das propriedades fsicas de um

    slido ou molcula.

    O Pseudopotencial um potencial efetivo construdo pelo programa ATOM

    (Garca, 2006) e usado para substituir o potencial real gerado pelo conjunto dos

    prtons e eltrons prximos ao ncleo. Os estados eletrnicos de caroo so

    eliminados e os eltrons de valncia so descritos por uma pseudofuno de onda

    sem nodos. Isto reduz o custo computacional simplificando os clculos de

    estrutura eletrnica.

    Pseudopotenciais de norma-conservada so aqueles que satisfazem as

    seguintes condies (Hamann, Schlter e Chiang, 1979):

    1. O hamiltoniano real e o pseudo-hamiltoniano devem possuir os

    mesmos autovalores.

    2. A funo de onda de todos os eltrons normalizada (AE) e a

    pseudofuno de onda de valncia normalizada (PS) devem ser

    iguais para , onde o raio de corte.

    3. A integral da densidade de carga das funes de onda AE e PS

    devem ser iguais para .

    4. As derivadas logartmicas das funes de onda AE e PS devem

    coincidir para .

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  • Teoria do Funcional da Densidade 28

    A funo de onda de todos os eltrons normalizada (AE) deve coincidir com

    os valores da pseudofuno de onda de valncia normalizada (PS) para ,

    conforme o ilustrado na Figura 1.

    Figura 1 Funo de onda de todos os eltrons normalizada (AE) e a pseudofuno de onda de valncia normalizada (PS).

    Para construir um pseudopotencial capaz de representar a ao do caroo

    inico necessrio resolver autoconsistentemente a equao radial de Kohn-Sham

    para todos os eltrons do tomo isolado (Kohn e Sham, 1965):

    12

    12

    (2.31)

    Um pseudopotencial blindado definido para o tomo isolado e no estado

    neutro. Este pseudopotencial pode ser construdo usando-se a as solues

    encontradas para :

    ,

    12

    1

    2

    (2.32)

    Um potencial inico pode ser gerado removendo-se os potenciais e

    do potencial blindado , . Este potencial inico poder ser usado num

    procedimento autoconsistente para determinar a blindagem eletrnica dos eltrons

    de valncia em ambientes diferentes do considerado para calcular a pseudofuno

    de onda .

    , ,

    (2.33)

    O potencial da eq. (2.33) pode ser reescrito como sendo composto por um

    termo local e um termo semilocal:

    ,

    ,

    (2.34)

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  • Teoria do Funcional da Densidade 29

    Onde um operador de projeo da componente de momento angular

    || da funo de onda.

    O procedimento descrito por Kleinman & Bylander (1982) pode ser usado

    para reescrever o termo de potencial semilocal para uma forma no-local:

    ,

    ,

    ,

    ,

    (2.35)

    A forma final do pseudopotencial dada pela eq. (2.36):

    , ,

    (2.36)

    O pseudopotencial de Troullier & Martins (1991) um dos modelos mais

    usualmente empregados. considerado como sendo um pseudopotencial suave,

    pois a energia total do sistema e suas propriedades fsicas apresentam uma

    convergncia rpida com o aumento das funes de base (Fagan, 2003). A

    utilizao do programa ATOM uma forma prtica para gerao de

    pseudopotenciais do tipo Troullier-Martins (Garca, 2006).

    2.7. Hamiltoniano Empregado no SIESTA

    As aproximaes descritas para a Teoria do Funcional da Densidade

    permitem escrever o hamiltoniano de Kohn-Sham como sendo (Kohn e Sham,

    1965):

    12

    | | (2.37)

    Usando o procedimento de Kleinman & Bylander (1982) para separar o

    potencial em componentes local (longo alcance) e no-local (curto

    alcance):

    12

    , ,

    | |

    (2.38)

    Utilizando-se ndices atmicos, a eq. (2.38) pode ser reescrita na forma

    equivalente:

    I

    I

    (2.39)

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  • Teoria do Funcional da Densidade 30

    Onde o ndice atmico representado por I, I e I so,

    respectivamente, as contribuies locais e no-locais do pseudopotencial,

    o potencial de Hartree e o potencial de troca e correlao.

    O termo local do pseudopotencial um operador de longo alcance que pode

    ser custoso em termos computacionais. Assim, o mtodo empregado no SIESTA

    faz a substituio do potencial pelo potencial , que definido por

    (Soler, Artacho, et al., 2002; Ordejn, Artacho e Soler,

    1996). O termo o potencial eletrnico criado por uma distribuio de

    densidade eletrnica . Desta forma, a eq. (2.39) pode se escrita de forma

    equivalente:

    I

    I

    (2.40)

    O potencial de Hartree reescrito como sendo:

    (2.41)

    Assim, o hamiltoniano usado no SIESTA assume a sua forma final:

    I

    I

    (2.42)

    O termo nulo para . Desta forma, conseguiu-se uma formulao

    onde os termos de longo alcance foram eliminados. Os dois primeiros termos da

    eq. (2.42) envolvem integrais de dois centros dos orbitais atmicos calculados e

    armazenados em funo da distncia interatmica. Os trs ltimos termos so

    calculados atravs de somas discretas numa matriz de densidades tridimensional

    do espao real.

    2.7.1. Funes de Base

    Os orbitais da equao de Kohn-Sham, eq. (2.16), precisam ser

    expressos atravs de uma base para a realizao dos clculos. No programa

    SIESTA so empregadas funes de base atmicas localizadas, as quais possuem

    dois parmetros importantes, nmero de orbitais por tomo e o alcance destes

    orbitais (Soler, Artacho, et al., 2002; Anglada, Soler, et al., 2002). Com este tipo

    de base possvel obter boa preciso de clculos com baixo custo computacional.

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  • Teoria do Funcional da Densidade 31

    A base mnima SZ (single-), possui somente uma funo radial para cada

    canal de momento angular e somente para os estados de valncia do tomo

    isolado. Ela permite a realizao de clculos rpidos com um grande nmero de

    tomos para obteno de tendncias qualitativas das ligaes qumicas e uma boa

    descrio da banda de valncia.

    A base DZ (double-), possui duas funes radiais por canal de momento

    angular permitindo uma melhor descrio da parte radial. possvel adicionar

    flexibilizao angular atravs das chamadas funes de polarizao. Assim

    podemos ter as bases SZP e DZP, representadas a partir das duas anteriormente

    descritas (Artacho, Gale, et al., 2008).

    Os raios das funes de base confinadas so definidos de maneira

    sistemtica atravs de um nico parmetro, a correo de energia (energy shift). O

    seu significado a quantidade de energia incrementada a um orbital devido ao

    fato de estar confinado. Todos os raios de corte so escolhidos de maneira que o

    incremento de energia seja sempre o mesmo, gerando uma base equilibrada.

    2.7.2. Orbitais Atmicos Numricos

    O programa SIESTA utiliza Orbitais Atmicos Numricos (NAO), os quais

    so obtidos pela resoluo da equao de Kohn-Sham para os pseudo-tomos

    isolados (Junquera, Paz, et al., 2001; Artacho, Snchez-Portal, et al., 1999). O

    confinamento das funes de base obtido estabelecendo-se um raio de corte no

    ponto onde os valores so suficientemente pequenos para serem desprezados.

    Os orbitais atmicos confinados apresentam como vantagem o fato de que

    as interaes se estendem numa regio finita de tomos vizinhos. Desta forma,

    obtm-se melhor eficincia computacional, pois no necessrio calcular a

    interao de um tomo com os seus vizinhos que estejam alm do raio de corte

    dos seus orbitais. Isso tambm d origem a matrizes esparsas de hamiltoniano e de

    sobreposio, as quais podem ser mais eficientemente armazenadas na memria.

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