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BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI- AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA - ANO X N° 02- ABRIL_JUNHO_ 2017 NOSSO PODER DE CRIAÇÃO Foi criada uma página no facebook, [Nova Afago: Movimento Social e Cultural dos Filhos e Amigos de Gouveia ht t ps://www .f ac e book.c om/minha a f ag o/] com o propósito de receber propostas, sugestões, projetos e programas de todas as pessoas que jul- guem ter alguma coisa de interesse de nossa Gouveia e dos gouveianos e amigos de Gouveia residentes em qualquer parte do mundo. É uma página aberta à qual todos os internautas tem acesso. Foi também criado um grupo no facebook – Grupo Fechado – ao qual somente terão acesso filhos e amigos de Gouveia que manifestem interesse em fa- zer parte dele. Para fazer parte desse grupo fechado é suficiente posicionar a seta no ícone . Neste mo- mento inicial, apenas fazem parte desse grupo os membros da AFAGO que estiveram presentes na reu- nião do dia 23 de março. O objetivo é que todas as pessoas ligadas de alguma forma à Gouveia, por livre e espontânea vontade, manifestem interesse gratuito de pertencer ao grupo Nova Afago: Movimento So- cial e Cultural dos Filhos e Amigos da Gouveia cujo acesso se dá pelo end er eço https:// www.facebook.com/groups/401094703595312/ Por que tomamos esta iniciativa? Para que fixar que nascer ou viver em Gouveia é um fato que aconte- ceu muitas vezes sem nossa vontade, mas ESCO- LHER COM QUEM QUEREMOS CONVIVER DEPEN- DE DE NOSSA VONTADE E LIBERDADE. A AFAGO como movimento social e cultural preten- de reunir pessoas livres que compreendam plena- mente o que é SER AMIGO. AMIGO é a pessoa a quem QUEREMOS O BEM. Sem- pre o Bem e nada mais do que o Bem. Amigo se coloca acima de toda querela ou disputa inócua, tudo que divide as pessoas - times de futebol, partidos políticos, nacionalidades, aparências de cor, religiões, de enfer- midades Dia 06 de maio, Escola Estadual Aurélio Pires. Lançamento de “Camilinho Escola de Vida

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BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCI-AÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA -

ANO X N° 02- ABRIL_JUNHO_ 2017

NOSSO PODER DE CRIAÇÃO

Foi criada uma página no facebook, [Nova Afago:Movimento Social e Cultural dos Filhos e Amigos deGouveia https://www.facebook.com/minhaafago/]com o propósito de receber propostas, sugestões,projetos e programas de todas as pessoas que jul-guem ter alguma coisa de interesse de nossa Gouveiae dos gouveianos e amigos de Gouveia residentes emqualquer parte do mundo. É uma página aberta à qual todos os internautas temacesso. Foi também criado um grupo no facebook – GrupoFechado – ao qual somente terão acesso filhos eamigos de Gouveia que manifestem interesse em fa-zer parte dele. Para fazer parte desse grupo fechadoé suficiente posicionar a seta no ícone . Neste mo-mento inicial, apenas fazem parte desse grupo osmembros da AFAGO que estiveram presentes na reu-nião do dia 23 de março. O objetivo é que todas aspessoas ligadas de alguma forma à Gouveia, por livree espontânea vontade, manifestem interesse gratuitode pertencer ao grupo Nova Afago: Movimento So-

cial e Cultural dos Filhos e Amigos daGouveia cujo acesso se dá pelo endereço https://www.facebook.com/groups/401094703595312/Por que tomamos esta iniciativa? Para que fixar quenascer ou viver em Gouveia é um fato que aconte-ceu muitas vezes sem nossa vontade, mas ESCO-LHER COM QUEM QUEREMOS CONVIVER DEPEN-DE DE NOSSA VONTADE E LIBERDADE. A AFAGO como movimento social e cultural preten-de reunir pessoas livres que compreendam plena-mente o que é SER AMIGO. AMIGO é a pessoa a quem QUEREMOS O BEM. Sem-pre o Bem e nada mais do que o Bem. Amigo se colocaacima de toda querela ou disputa inócua, tudo quedivide as pessoas - times de futebol, partidos políticos,nacionalidades, aparências de cor, religiões, de enfer-midades

Dia 06 de maio, Escola EstadualAurélio Pires.

Lançamento de “Camilinho Escolade Vida

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Carta do Doutor Waldir RibasCarta do Doutor Waldir RibasCarta do Doutor Waldir RibasCarta do Doutor Waldir RibasCarta do Doutor Waldir Ribas

para os que aderirem à Novapara os que aderirem à Novapara os que aderirem à Novapara os que aderirem à Novapara os que aderirem à Nova

AFAGOAFAGOAFAGOAFAGOAFAGOAmigos e irmãos, soube que a Afago deu baixa noCartório Jero Oliva de Belo Horizonte e tambémdesistiu de ter Cnpj. Foi uma decisão inteligente devocês. Não tinha sentido manter obrigações que one-ravam todos os membros e que não traziam nenhumavantagem para ninguém. Fiquei muito feliz ao saberque a Nova Afago depende agora única e exclusiva-mente da vontade de cada pessoa que se considerarealmente filho e amigo de Gouveia.Vocês aí na terra são muito interesseiros. Pior aindaquando se trata de dinheiro. Quando alguém dá umdinheirinho para alguma coisa quer logo saber o queestá ganhando com isto. No caso de nossa Afago, ossócios contribuíam com quinze reais por mês e nãoviam nenhum resultado. Onde eu estou não tem di-nheiro, não se cobra nada de ninguém. E como é bomaqui. Vocês nem imaginam. Eu não quero que venhamse encontrar comigo fora da hora. Fiquem bem aí.Mas, eu gostaria muito que vocês fossem felizes sempreocupação com receber de volta o que oferecem.Lutem por isso para viverem o Céu na Terra.Quando cheguei aqui, fiquei espantado com a recep-ção que recebi dos gouveianos. Vocês nem imagi-nam. Foi muito difícil reunir os gouveianos aí na ter-ra. A maioria desconhecia como seria bom a genteestar juntos. Aqui foi diferente.Na hora em que cheguei, logo apareceu a folia dereis de João Pena. Ele, Toco do Rio Grande, João deSá Dica, Zé Caetano do Fagundes, Nicodemos deJuca de Celina, se puseram a cantar as profecias doNatal. Em seguida, a banda de música executou umdobrado para me saudar. Pensei que era só Zé Maria,Tiano Miranda, Zé Paulino, Zezé Paulino, GeraldoAbreu, Tião de Lizarda, Zé Vieira, Walmir de Mimi,Chico de Sá Bernardina, Sebastião Aguiar, Iraci e Irajá,já meus conhecidos. Não, Xisto, Modesto AntônioFerreira, Américo Victor, Joaquim de Quim e mui-tos outros compunham a banda. Pura alegria. Junta-mente com eles, apareceu um coral que entoou “É ati Flor do Céu” para mim, para mim. Vi Placidina,Lourdes Brasil, Eutália e centenas de belas vozes.Como num sonho, mas eu estava plenamente acor-dado, a Gouveia toda se reuniu na mesma roda. Des-filaram Sebastiana dos Santos, a primeira pessoa que

faleceu na casa dos pobres de São Vicente. – “Eusou Tana, mulher de Raimundo Moreira, lembra-se?Quando parti, deixei José com um ano e dez meses.Era quase véspera de Natal!”Em seguida, quem me saudou e abraçou disse: - “SouTereza Patrícia, uma das primeiras tecelãs da Fábri-ca de São Roberto. Quando Raimundo deixou a casaeu fui morar lá. Já era aposentada. Foi no ano de1944.” Ouvindo esta conversa, Zé de AugustoPaulino me abraçou: - “Doutor Waldir, você chegoumuito cedo. Lá na terra os gouveianos ainda precisa-vam muito de você. Lembra-se da luta para construiras casas dos pobres de São Vicente? Raimundo eraconfrade, mas mais pobre do que os pobres que as-sistíamos. Eu pedi para ele vir morar nas casas davila de São Vicente com a desculpa de ele vigiar”.Ao ouvir seu nome repetido mais de uma vez,Raimundo de Flosina me saudou efusivamente: “Zé,você falou para o doutor Waldir a pura verdade. Eu eTana morávamos com nossos cinco filhos numa cafuaao lado da casa de Rosária Cabrita.”E eu vi toda a Gouveia em desfile me abraçando e seabraçando. Da vila dos pobres, desci a rua e fui sau-dado por Sá Carlota, Padre José Machado, Florentinae Madalena, Virgínia Casaca, Dona Antônia e ManoelDuro, João Ribas, Ivone Ribas, Niquinho Abaeté,Aristides Liebrelon e sua esposa; Policarpo Gandrae dona Aurora; Juquinha Ribas e dona Lozinha; Ge-raldo Cordeiro e sua esposa; Aprígio Martins; Mariadas Dores e filhas; Dona Olga, dona Lica, GeraldoMartins e Lúcio; João Miranda, dona Adalgisa,Augusta e Tonico; Antônio de Tiano, Luiz Antônio,Cazilda e Zulma; Antônio Miranda e dona Romana eEdmar; Augusto Taioba e dona Inhazinha; LadulfoDornas. Não ficou só nesse lado da Rua da Frente.Cristiano, Raimundo de Carlota, Maria Eugênia, Ge-raldo Taraia; Naná Rocha, João Cassemiro, Veneranda,Raimundo Prudente, Zé Mané, Etelvina Moreira,Geraldo Pavão. João Pafúncio e Raimunda Tundá.Foi gente de todos os lados Da Rua do Carrapicho,até a Rua do Cruzeiro, do Sabão; da Rua das Dores,da Rua do Rosário, da Rua do Fogo, do Campo doCemitério, do Mato dos Quartéis e também do Ba-rão, do Lava-pés, do Ribeirão, do Córrego das Al-mas, da Lapinha, da Bucaina, do Cuiabá, do Tigre e da

Editorial

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Boletim Informativo da AFAGO página 3

EditorialOnça, da Mandaçaia, do Camilinho, do São Roberto,do Espinho, do Pedro Pereira.E eu que pensei ser muito difícil encontrargouveianos que deixaram Gouveia!Pois não é que logo, logo, fui abraçado por Zé deOdília e Odídia; Hermano Chaves e Dona Rita e suasfilhas, Conceição, Deca, Amália, Maria, Alice e atéAndré. Zé Brasil, logo chegou com seus filhosFigininho e Eli. Vi e abracei gente de todos os bair-ros de Belo Horizonte, Contagem, Betim, SantaLuzia, Sabará, Pedro Leopoldo, Sete Lagoas eMatozinhos. Raimundo de Elísio, Maria José deInocêncio, Antônio dos Santos e Gegênio deRaimunda de Zé Mané – grande goleiro nos anos de1940; Mimi, Nico e Walmir; Isaltina, Jason, Elgitae Rita; Baíta de dona Rute de Zé Nominato; doutorRaimundo – dentista -; Nilda de Doninha de LuluPonciano; Genilda e Zé Miranda; Armando e Dulcede Doninha de Lulu Ponciano; padre Maia, Danilode Guengué; , Jésu de Etelvina e sua irmã Geralda;Vivi Machado e uma de suas filhas; Eustáquio deChico Vieira; Antônio Sorriso; Conceição Pruden-te; João Galo e um de seus irmãos; GeraldoLeocádio e Beló; Tita de Paula, Irajá e Iraci de Se-bastião Aguiar; Juvenato da Coleteria, Zé do Bancoe seus filhos, Fernando e Cleusa; Gil e Sinhá dePedro de Gina e dois de seus filhos. Enfim, vi umamultidão de gente que nasceu ou passou pelaGouveia.Gente, gente, como foi fácil me encontrar com tan-tos gouveianos do lado de cá. Sobraram uns poucosque eu não vi. Não sei onde foram parar.Mas tenho certeza, foi mais fácil reunir osgouveianos deste lado. Muito mais fácil.

Vocês que ainda não vieram, cuidem de seencontrar com alegria aí mesmo. Eu tenhocerteza que as pessoas que me receberamaqui já me conheciam aí. O inferno é o des-conhecimento, a não lembrança! A morteeterna.

Agora é nossa vez

Na sessão do dia 23 de março de 2017, aAssembleia Geral da Afago deliberou extinguira AFAGO com entidade burocrática. Isto sig-nifica que os poucos membros restantes daAFAGO como entidade registrada em Cartó-rio com CNPJ e outras obrigações não têmmais compromisso para manutenção dessaentidade. Nessa mesma sessão deliberou-se que a AFA-GO existiria como movimento da sociedadecivil, sem ônus para os que aderissem. Desse modo, todas as ações do movimentopoderiam ser promovidas por qualquer umdos membros, mantendo-se apenas uma co-ordenação de apoio. A primeira ação da Nova AFAGO está progra-mada para o dia 6 de maio, em Gouveia, nasdependências da Escola Estadual “Aurélio Pi-res”. Nessa oportunidade será promovidauma mesa de conversa sobre o livro“Camilinho, Escola de Vida” de autoria do pro-fessor doutor Raimundo Nonato de MirandaChaves, seguido do lançamento com tarde deautógrafos dessa obra.No mesmo dia 6 de maio, a AFAGO estaráapresentando e entregando à Gouveia a obra“Dicionário da Religiosidade Popular” de FreiFrancisco van der Poel - Frei Chico - ofereci-do especialmente à Nova AFAGO, como reco-nhecimento pela gentileza do DoutorRaimundo ao apoio à Comissão Mineira deFolclore.Ficou garantido que, em outubro de 2017,haverá a Semana Literária, promovida pelaSecretaria Municipal de Educação e de Cultu-ra de Gouveia a qual será encerrada com a ce-rimônia do VII Prêmio Afago de Literatura,oportunidade em que serão homenageados asprofessoras e professores de Gouveia.

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ArtigosRenovação da Matriz de Gouveia

José Moreira de SouzaGouveia se animou no dia 3 de março de 2017. Nesta dataa população iria conhecer o espaço ampliado da Matriz deSanto Antônio da Gouveia. Era uma segunda feira. Nadaimpediu a grande acumulação dos moradores. Estimo quemais de 3.000 pessoas compareceram ao grande momentoem que o arcebispo metropolitano da Arquidiocese deDiamantina, Dom Darci, acompanhado do arcebispoemérito, Dom João Bosco, do pároco, padre Franciane, deinúmeros clérigos da arquidiocese, dos seminaristas e deilustres convidados subiram em procissão a partir da EscolaEstadual “Aurélio Pires” até o adro da igreja plenamentereformada.Acredito ser este o momento para acompanhar a formaçãodo arraial da Gouveia e a consolidação de nosso monumentomaior, a capela de Santo Antônio da Gouveia.Santo Antônio: do Arraial Velho aoArraial da Gouveia.No “Livro de Tombo da Paróquia de Santo Antônio daGouveia”, lê-se:

É ignorada a data de sua edificação suppõe-seter sido edificada em 1700 pelos encarregadosda exploração das lavras e por conta da coroaportuguesa.Gouvea 29 de dezembro de 1914.O Vigario José Clemente Machado

Note-se “suppõe-se ter sido edificada em 1700”. Aqui seiniciam as complicações. Documento que gerou inúmerosequívocos divulgado pelo historiador Augusto de Lima Júniordeu como data de fundação do Arraial de Gouveia o ano de1715, porém, para complicar um pouco mais, o historiadorCélio Hugo Alves Pereira publicou no ano de 2007, a obraEfemérides do Arraial do Tejuco a Diamantina. A obracontém uma miscelânea de registros históricos merecedoresde inúmeras críticas e amplas ponderações. Contudo, aatenção à Gouveia é uma das marcas do autor, JoãoHenrique da Costa, onde se incluem ponderações de leitoresdos cadernos do autor principal. Vejamos algumas:

Ano, 1702, dia 3 de julho: inaugura-se na Gouveiaa primeira casa comercial do luso JoaquimTeixeira Ramos. Eis alguns preços quando nósainda éramos governados por Dom Pedro II dePortugal, que reinou de 1683 a 1706: (...) 1 queijoda Conceição (Serro) 6 vinténs. [Ao originalsegue-se observação de um leitor: Em vez de 1702,aceitemos 1705, pois se o Serro foi descobertopor Sabará em 1702, não podia vender seusqueijos tão cedo.]

Minha observação é pior do que a do leitor que acrescentoudúvida sobre o queijo do Serro. A certeza de uma data de

inauguração de uma “casa comercial em Gouveia” aumentaquando o autor não diz nada sobre a primeira capela, ecresce mais ainda quando afirma como certeza a ereção nodia 29 de janeiro do ano de 1709 do “1º esteio da Capelano Cemitério do Tejuco”. Ora, a memória local guarda portradição que Maria Gouveia tinha uma capela domésticano Arraial Velho e que “Santo Antônio fugia todas as noitespara indicar o novo arraial onde queria ser venerado e daísurgiu a nova capela de Santo Antônio da Gouveia”. Ora,todos nós sabemos onde se situava o Arraial Velho edocumentos históricos confirmam a existência desse arraialcomo se vê nos registros do Censo Provincial de 1831:

Quanto à capela de Santo Antônio, sem sabermos a data,sabemos por documentos que é anterior ao ano de 1739 e,com certeza anterior ao ano de 1730, conforme se podeler no documento de Sesmaria concedida na parte quecompreende o Morro da Pistola, o Pé do Morro até o Riodo Chiqueiro. Leiam escritura de 13 de agosto de 1739:

Registro de hua carta de sesmaria passada aDomingos da Roza.Gomes Freyre de Andrade Faço saber aos queesta minha carta de sesmaria virem que tendorespeito arepresentarme Domingos da Roza,morador na Comarca do Serro Frio, dentro daDemarcação dos Diamantes, que elle possuíahum engenho na Gouvêa por compra feita aJoão Vaz de Oliveira que parte de Sima como oMorro da Pistola entrando o Capão do Regod’ágoa, buscando direito pella parte que de lesteo caminho vai da Cachoeira, e pella outra oCorgo q’ foi do Barreto, sahindo pela banda decima da Capella da Gouveia , ou Corgo quevem do Chiqueiro o que tudo pertence ao ditoEngenho, q’ será pouco mais ou menos meialégoa de terra em quadra ; e porque a queriapossuir na forma das ordens de S. Magestade

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Boletim Informativo da AFAGO página 05

Artigosme pedia lhemandasse passar Carta de Sesmaria[etc códice Arquivo Público Mineiro 72 sc p. 46 v.e 47 redação conforme o original]

A capela de Santo Antônio da Gouveia se tornou mais

importante a partir do ano de 1748, oportunidade em que,

no dia 27 de fevereiro, se fez o Termo de Abertura do

Primeiro Livro de Batizados. Nessa oportunidade, o

“Districto de Gouveia” passou a contar com outra capela,

situada na Lavra do Capão – atual povoado de Barão do

Guaicuí – onde residia Bernardo Fonseca Lobo, o

descobridor oficial dos Diamantes. A capela de Bernardo

Fonseca era dedicada a Nossa Senhora da Piedade.“Bebiana – Aos trinta e um do mês de janeirode mil setecentos e quarenta e seis anos,batizou e pôs os santos óleos o padre capelãoRodrigo Lopes Coelho na capela de SantoAntônio da Gouveia a Bebiana filha doCapitão-mor Bernardo Fonseca Lobo e suamulher dona Ana Mascarenhas, nascida noprimeiro de dezembro de setecentos e quarentae cinco foram padrinhos o Doutor Simão VazBorges Azevedo por seu procurador padreDomingos Correa Lacerda. O vigário SimãoPacheco (RAPM VIII, 1903, p. 344-345)

Notemos que a filha de Bernardo foi batizada na capela deGouveia dois anos antes de se abrir o primeiro livro debatismo em Gouveia. Os demais filhos o foram no oratórioparticular de Bernardo:

Martiniano – Aos dezassete dias do mês deNovembro de mil setecentos cincoenta e cincono oratório do Capitão-mor BernardoFonseca Lobo, por licença que do ReverendoDoutor Visitador com licença do ReverendoVigário da Freguesia, batizei e pus os óleos aMartiniano Carvalho. (RAPM, VIII, 1903, p.346)

Existe também uma informação preciosíssima para nossaeterna penitência. Trata-se da imagem de Nossa Senhorada Piedade. O Livro de Tombo escrito pelo padre JoséMachado, registra entre outras imagens entronizadas namatriz, quatro da maior importância para nossa memóriahistórica: Santo Antônio, São Sebastião, Nossa Senhorado Carmo e Nossa Senhora da Piedade. Pois bem, amemória local dava conta de que as três primeiras

pertenceram a Maria Gouveia e vieram do Arraial Velho daGouveia, quanto á de Nossa Senhora da Piedade foi dooratório da Lavra do Capão de Bernardo Fonseca Lobo.Foi, portanto um crime de lesa memória algum padre tervendido essas imagens para algum colecionador semescrúpulo com apoio de algum gouveiano sem consciência.Leiam este registro:

No dia onze de novembro de 1781 faleceu (...)Dona Maria da PurificaçãoMascarenhas e Mancelos filha de BernardoFonseca Lobo e de dona Ana Mascarenhas (...)nascida e batizada na capela de NossaSenhora da Piedade do Capão, do Distrito daGouveia e foi sepultada na capela de SãoFrancisco deste arraial do Tejuco. (RAPM,VIII, 1903, p. 349)

Ora, de todo este passado, somente nos resta a imagemde Santo Antônio da Gouveia, em cujo parte inferior dabase consta sua origem. Exame atento de peritos, sobencomenda do nosso ex-pároco Cônego Paulo Nicolau,consta que a procedência da imagem tem a ver com algumescultor de Pernambuco. Esta constatação reforça maisainda a suspeita de que Maria Gouveia chegou ao ArraialVelho procedente dos caminhos dos currais tendo descidopelo Rio de São Francisco e das Velhas, antes do iníciodas atividades de mineração. Esta hipótese se assenta eminúmeras sendas baseadas em topônimos com a que dá onome de Córrego da Paciência, Córrego das Almas eCórrego do Menino Diabo.Prossigamos ainda com Bernardo Fonseca Lobo.Bernardo ordenou em seu testamento:

Mando que da importância de todos os meusbens que possuo tirados primeiramente osgastos do meu funeral e o que eu dever e omais como tenho declarado neste meutestamento se tirará a terça que desta se darãologo cem oitavas de esmola para as obras doSantíssimo Sacramento daquela capela emque meu corpo for sepultado como dito He.

Leiam, agora, com atenção o que aconteceu:

Eu o padre Ignácio Pereira Ribeiro capelãoatual da capela de Santo Antônio do Arraialda Gouveia tendo assistido a bem morrer ocapitão-mor Bernardo Fonseca Lobo eespirando desta vida aos quatro dias do mês deAbril deste presente ano pelas onze horas do

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Boletim Informativo da AFAGO página 06

Artigosdia se me deu este testamento o qual acheifechado e lacrado com cinco pingos de lácarvermelho e cinco pontos de linha azul e abripara ver as disposições que deixava ondehavia de ser o seu corpo sepultado paraaonde determinei fosse o que tudo juro inverbo sacerdotis. Capão, quatro de abril de ummil e setecentos e sessenta e um ano.

A Demolição

Consequentemente, Bernardo foi sepultado na Capela deSanto Antônio do Arraial de Gouveia com todas as honrasde “Cavaleiro da Ordem de Cristo”. Como já registrei, naoportunidade de demolição dessa capela centenária, no anode 1959, nosso pároco, Luiz Barroso de Oliveira, encontroujunto ao altar-mór os restos mortais de uma pessoa ilustre,com todas as armas de cavaleiro. Segundo depoimentodesse sacerdote, nessa oportunidade, convocou autoridadesdo Patrimônio Histórico de Diamantina, as quais recolheramas referidas armas. Os restos mortais forma amontoadosjuntamente com outros e enterrados no cemitério de SãoMiguel em Gouveia.Inúmeras vezes encontrei-me com pessoas que ajudaramna demolição da velha Matriz de Santo Antôniooportunidade em que comentaram a descoberta, contudo,quando tentei gravar o depoimento de uma dessastestemunhas obtive como resposta uma das entrevistas maisfrustrantes. Vejam a transcrição em seguida:

Demolição da Matriz – Entrevista frustrada13 de janeiro de 2010José Moreira de Souza entrevista GeraldoCassemiro Oliveira – Filho de Sininha.Contexto: Em 1959, Flora Moreira de Souza,uma das minhas tias-mãe, me narrou que, coma demolição da Matriz, haviam sido encontradosrestos mortais de uma pessoa muito importante.Espadas e medalhas junto aos restos mortaisdenunciavam isso. O padre Luiz Barrosoconfirmou isto duas vezes. Primeiro quandoainda era pároco de Gouveia, frisou terconvocado gente do Patrimônio de Diamantinapara entregar aqueles registros históricos. Asegunda vez se deu quando o visitei, em janeirode 1999, em Santa Maria do Suaçuí, no final deuma tarde. Padre Luiz teve ainda o cuidado de

transladar solenemente os ossos encontrados nointerior da Matriz para o Cemitério de SãoMiguel. Isso contrasta com o que se deu quandoda demolição da Igreja do Rosário. Os restos dosnegros enterrados naquela capela foramremovidos como entulho e depositados junto aolado esquerdo sentido Norte-Sul da estrada daCruz das Almas. Sabe-se que nenhumtrabalhador de Gouveia se dispôs a participarda demolição daquele templo, temendocondenação divina. Foram os tratores daCompanhia Barbosa Melo que realizaram aproeza. Acontece que, naquela capela, estavamenterrados não apenas escravos forros, maspessoas de famílias importantes que constituíramo patrimônio da capela, entre elas a senhora RitaMargarida de Cortona, importante proprietária

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Boletim Informativo da AFAGO página 07

Artigosde terras lá pelos lados da Mandassia e doEngenho..Em outra oportunidade, eu já havia conversadocom Geraldo de Sininha, tendo ele relatado compormenores o encontro de armas e medalhasjunto ao referido corpo que eu interpreto ser deBernardo Fonseca Lobo, o descobridor oficialdos diamantes e personagem do RomanceAcaiaca de Joaquim Felício dos Santos. Geraldointerpretava no relato da primeira conversa quea pessoa encontrada com tantas armas emedalhas seria um figurão do Império.Mostrava, portanto, não ser um pedreiroqualquer, ao situar no passado a origem docorpo encontrado. Com efeito, datar o passadoexige esforço interpretativo. Dessa vez, resolvigravar a conversa. É um modelo para a pesquisaoral e acho que deveria ser reproduzida noscursos de história como paradigma.

JMS - Você, Sinval e outras pessoas trabalharamna demolição da matriz e depois ajudaram aconstruir, não é isso?GCO - É!JMS - Agora eu queria que você contasse umashistórias... Na hora em que vocês foramdemolir,... é, vocês acharam umas espadas, umasmedalhas...GCO - É!JMS - Fala disso.JMS - Você quer falar disso?GCO - Não.JMS _ Não?GCO - As medalhas que têm é pros povo num..até os padres vende...a pessoa mesmo tirou asorte, né?..JMS- Mas a história da demolição da matriz damatriz, como é que foi?GCO - ÉJMS - O tempo que você trabalhou lá, como éque foi?GCO - É... Eu trabalhei ali na matriz, não foimuito tempo não. Até acabar. João de Deustrabalhou ali, Sinval, Dedé, Efigênio. NozinhoCassimiro ficava olhando.JMS - É o... como é que ele chama? Aqui debaixo... Joaquim Marques.GCO - É... Joaquim Marques era carpinteiro,né?JMS - E vocês tiveram que... Vocês acharammuita sepultura lá ainda, não acharam?GCO - É.. aí no cemitério consertou um montede sepultura nova.

JMS - Mas, lá, lá, lá... na Matriz.GCO - Na Matriz, né? Já tapou elas.JMS - É. Mas ocês acharam é... um..Lá pertodo altar vocês acharam um corpo lá que tinhaespada, que tinha ... medalha..GCO - É... o povo tudo, né? O povo que vai lána missa ajuda, né?JMS - Naquele tempo.. [à parte para Serafim:“ele não tá lembrado não né, Serafim”][- Esqueceu, né?]GCO - Aquele povo de Juca de Celina mechelá, mas eu acho que não tem mais nenhum nãotem nada?JMS - Tem o Jésus.GCO - Jésus, casado com Mariinha. TemSantinha Também e Ceição. - Mãe de Zezé,não sei se ela mora...JMS - Em São Paulo.GCO - Em São Paulo, né? - Tinha o Zezé deLouro, mas morreu há pouco tempo...JMS - Mas você não lembra então do trabalhoque vocês fizeram lá na Matriz, não?GCO - É lá na matriz, tocou há pouco tempo...foi até o Zé Alcides que...JMS - Você se lembra do padre Luiz?GCO - Padre Luiz Barroso é um... bonito, né?Teve coragem de tocar ela também, né? Elesubia até lá em cima.JMS - Ele era muito animado. Ele é que mecontou que quando estavam cavando lá para...GCO - fazer o alicerce..né?JMS - Aí encontrou umas espadas, umasmedalhas..GCO - Às vezes ele guardou alguma né?JMS - Disse que chamou o pessoal lá deDiamantina e entregou para o pessoal doPatrimônio...Você lembra disso?GCO - Patrimônio, do povo de Diamantina...JMS - Você lembra disso?GCO - Padre Luiz Barroso? É ... padre bomné?JMS - Ele era uma pessoa muito boa, era umgrande amigo da gente, né?GCO - É... aquele dom Serafim esteve aquitambém, né?JMS - É dom Serafim teve antes do padre Luiz.FIM DA ENTREVISTA

Retornemos a Bernardo Fonseca Lobo. Uma dasconsequências do cumprimento de suas disposiçõestestamentárias aconteceu no ano de 1765 registrado noarquivo da Arquidiocese de Mariana:

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ArtigosPia batismal concedida à capela de SantoAntônio do Gouveia; Filial da Vila do Príncipe,por provisão de 11 de fevereiro de 1765.Patrimônio feito ao Santíssimo Sacramento daCapela de Santo Antônio de Gouveia, “paraefeito de poder conservar na dita capela, a favorde mais de mil e trezentas almas, de que constasua população.

Atenção para duas coisas: primeiro a “Pia Batismal”. Essapia resistiu ao tempo e às inúmeras reformas da matriz atéque, ao ser retirada para criar uma pequena sala – hojeutilizada para coleta do dízimo - na entrada do templo, sedecidiu removê-la. O oficial de serviços a quebrou semqualquer cuidado e ela foi recolhida a algum canto deGouveia. Em seguida, o “Patrimônio”. Esse patrimônio

constava de propriedades garantidas para se manter o quese chamava “fábrica” da igreja. Casas e sítios. Restou dessepatrimônio o sítio conhecido como “Mato do Santíssimo”localizado próximo à “Água Fria na confluência com o Morrodo Juá”. Isto se perdeu nos anos 1950.

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Artigos

Capela do Rosário e Capelinha dasDores

Notemos ainda que, nos anos de 1765, o Distrito de Gouveiacontava com pelo menos 1.300 almas e já nessa época sesonhava com a construção de uma nova igreja. Esta surgiuno ano de 1786 com o nome de Capela de Nossa Senhorado Rosário e São Benedito. A irmandade com esse nometeve início em 1758, mas a ideia de construção da novacapela apenas se concretizou 32 anos após. A construçãopropriamente da capela se deu no ano de 1791, e as festasde Nossa Senhora do Rosário nesse tempo se iniciaramnos primeiros anos de 1800.

Ainda no século XIX surgiu a ideia de construção de umnovo templo em Gouveia. Refiro-me a “Capelinha de NossaSenhora das Dores”, a qual seria réplica da velha capela deSanto Antônio com a diferença de contar com apenas umatorre, enquanto a de Santo Antônio exibia duas torres. Estacapela encontrava-se em fase de acabamento quando davisita do britânico Richard Burton à Gouveia no mês deagosto de 1867.

A Matriz de Gouveia foi visitada no ano de 1820 pelo bispoda, então, diocese de Mariana o qual recomendou arenovação de suas alfaias, ao contrário da capela doRosário que somente recebeu elogios.

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Boletim Informativo da AFAGO página 10

A velha capela e os novos tempos

Parece que a velha capela de Santo Antônio foi objeto dealgumas modificações desde sua possível construção porMaria Gouveia. Richard Burton estranhou a diferença entreo alinhamento do largo e a direção do portal da igreja.Acontece que a memória local registra que a falta dealinhamento se devia à disposição de um grande potentadodono da Lavra do Tatu, o qual determinou que a igreja fosseconstruída voltada em direção à sua lavra.

O Livro de Tomboregistra a modificaçãoda, então, matriz. Noano de 1878, a igrejapassou a contar comuma torre apenas e a tero espaço ampliadopela eliminação de doisaltares e dois púlpitos.Em 1899, o padre José

Alves Ferreira modificou o fundo da igreja acrescentadoduas portas de acesso ao altar mor. Em 1914, o padre JoséMachado modificou as capelas laterais e, em 1944, poriniciativa de Alexandre Mascarenhas, a Matriz tevereconstruídas as capelas laterais e ladrilhado os pisos.Também por iniciativa do padre José Clemente Machado,foram construídas as capelas do Barão do Guaicuí, do Tigre,do Pedro Pereira, do Camilinho e do Cuiabá.Em 1952, com a chegada do padre Serafim Fernandes deAraújo, esse ilustre pároco passou a pensar na substituiçãoda velha matriz por um templo novo e amplo, possivelmentecom capacidade para 2.500 fiéis.A remoção do padre Serafim para a paróquia de Curvelonão lhe deu tempo para concretizar o projeto. Desse modo,no ano de 1957, o novo pároco, padre Luiz Barroso,encontrou a planta ambiciosa encomendada pelo seuantecessor.Inicialmente, o padre Luiz imaginou executar o projeto.Imaginou mais. A construção do novo templo poderiaconsumir décadas. Seria necessário um templo provisório.Para tal, cuidou imediatamente da demolição da capela deSão Francisco, construída pelo padre José Machado noano de 1916. Obteve para a construção desse temploprovisório a garantia do doutor Alexandre Mascarenhas delhe oferecer a estrutura metálica que havia restado de umgalpão de indústria da Companhia Industrial de Estamparia.

No dia em que as peças metálicas da fábrica chegaram àsmãos do padre Luiz, ele se entusiasmou demais e disseemocionado para o doutor Alexandre:

- Com todo esse material eu vou fazer é a minhamatriz.

Assim, a planta do padre Serafim foi abandonada e a dogalpão elaborada pelo doutor Rômulo Franchini passou aolugar da velha matriz.Os anos se passaram, o padre Luiz Barroso foi removido

para a paróquia de SantaMaria do Suaçuí, láencontrou uma velhaigreja necessitando dereparos e... pensou comos próprios botões. “Já demoli duas igrejasem Gouveia para fazeruma só. Não vou repetiro mesmo erro.”Cuidou de encontrar em

Santa Maria, alguémcom o perfil deJoaquim Marcos emanteve a velhamatriz. Até que umfazendeiro muito ricolhe ofereceu amploterreno localizadonum dos pontos mais

elevados da cidade para a construção de um tempo sonhadopelo padre Serafim.

O padre Serafim já era cardeal, quando Luiz Barroso podeinaugurar a nova matriz, já quase cego. No dia da festa dapadroeira, a igreja cheia, a procissão conduziu, após aimagem o corpo inerte do Padre Luiz Barroso de Oliveira.

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Para manter fresca a memória

Boletim Informativo da AFAGO página 11

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Mensagem de Adilson do Nascimento

Na Assembleia Geral Extraordinária do dia 23 de marçoúltimo quando foi deliberada a dissolução da sociedade depersonalidade jurídica de direito privado AFAGO, transfor-mando-a em um Movimento Social e Cultural dos Filhos eAmigos de Gouveia, indiferente de qualquer desfecho tinhaeu, já tomada, a decisão de não me reeleger e, portanto,trazia uma carta de despedida, da qual fiz, durante aassembleia alguns ajustes, e pretendia apresenta-la. Porém,premido pelo longo tempo que durou as duas assembleiasnão o fiz e, por isso, a reproduzo aqui, para conhecimentode todos. MINHA DESPEDIDA Em 29 de março de 2014, aoser eleito e empossado, me lembro de haver dito as seguin-tes palavras: “se eu pudesse voltar no tempo, por algunsdias apenas que fossem, não me imaginaria, nem passariapela minha mente estar aqui hoje ocupando a cadeira dePresidente da AFAGO, considerada atualmente, sem qual-quer sombra de dúvida, a maior representatividade da so-ciedade civil gouveana”. Hoje posso repeti-las apenas fri-sando que não passaria pela minha mente estar aqui, dei-xando a honraria de presidi-la, com esse sentimento defrustração por imaginá-la carente de órgãos vitais à suasobrevivência. Já naquele momento eu tinha a nítida im-pressão, e sempre disse isso aos meus pares, que estáva-mos “malhando em ferro frio”. Esse sentimento me acom-panhou durante toda a minha gestão e se agravou com osinúmeros acontecimentos que se sucederam desde então,culminado com a minha decisão de comunicar aos demaisdirigentes, em 16 de fevereiro último, que não concorre-ria à reeleição para presidente, nem aceitaria ser eleito paraqualquer outro cargo, ainda que do Conselho Fiscal. Essadecisão, tomada por muitos como radical, era fruto demuitos e muitos meses de reflexão e de um consenso coma minha família. A criação da AFAGO, por meio do seuidealizador Doutor Waldir de Almeida Ribas, que se empe-nhava pessoalmente para angariar simpatizantes para asua causa, teve como premissa uma estatística muito bemdesenvolvida pelo sociólogo José Moreira de Souza queconcluiu haver na Região Metropolitana, de Belo Horizon-te, cerca de três mil gouveanos. Doutor Waldir, então, ima-ginava que a AFAGO viesse a contar com, pelo menos, 10%desse público, ou seja, trezentos sócios contribuintes. Essefoi, inclusive, um dos seus fortes argumentos que me con-venceram a aceitar meu ingresso na AFAGO e, além disso,assumir a Diretoria de Expansão e Projetos. Durante todaa minha gestão, naquela pasta, percebi que a AFAGO nãoapresentava qualquer possibilidade de expansão e muitomenos de novos projetos. Posteriormente fui eleito Tesou-reiro. Nova gestão e nova frustação. Na qualidade de tesou-reiro cabia-me, entre outras, a responsabilidade por anga-riar novos sócios, o que nunca se concretizou e, aindapior, perdíamos associado a cada mês que se passava. Ou-tras duas prerrogativas seriam suprir a AFAGO com umpúblico jovem, para assumi-la no futuro e, ainda de umpúblico feminino. Não nos foi possível concretizar ne-nhuma das duas. Tivemos outra eleição e naquela ocasiãoassumi a presidência, uma vez que o presidente RaimundoNonato não pretendia reeleger-se, por questões particula-res. Durante esses três anos de gestão nunca me senti con-fortável presidindo uma entidade civil, com personalidadejurídica, cujas atividades mais significativas: o Boletim In-formativo editado a cada dois meses ser durante toda a sua

existência subvencionado integralmente por um único di-retor, por falta de recursos financeiros da AFAGO, da mes-ma forma que o Prêmio AFAGO de Literatura, nosso carrochefe, que apenas na sexta edição, de 2016, teve uma partepatrocinada pela prefeitura, pela TRACOMAL, e pela SERTA,mantendo a parcela mais significativa, também, às custasdesse mesmo diretor. Entendia eu que a AFAGO não pode-ria, nem deveria se manter ser suportada pelo sacrifício deum único gouveano, no seu objetivo de beneficiar milha-res que não se moviam, que não se manifestavam, que nãose importavam com ela. Portanto a decisão foi tomada eestá consolidada. Hoje, 23 de março de 2017, quando aAssembleia Geral Extraordinária decidiu transformá-la emum Movimento Social e Cultural dos Filhos e Amigos deGouveia, desburocratizando-a, tornando-a sem uma dire-toria formal, apraz-me perceber que faz parte da lideran-ça desse novo Grupo uma mulher – Adélia Anis Raies deSouza, que promete trabalhar ombro a ombro com seumarido José Moreira de Souza, para que, principalmente,os jovens gouveanos do ensino básico (fundamental II emédio) não se sintam desprotegidos e abandonados. Gosta-ria de pedir desculpas a todos os afagueanos e os gouveanos,em geral, por eu não haver conseguido dar à AFAGO ostrilhos necessários à sua condução a um futuro condizen-te com os seus objetivos, muito embora tenha batalhadoarduamente para isso. Gostaria de agradecer muito a todosaqueles que se mantiveram firmes no apoio à nossa enti-dade, na condição de associados, aqui representados pelasenhora professora, contista, poetisa internacionalmenteconsagrada Maria Auxiliadora de Paula Ribeiro, que nosprestigia desde a primeira hora, inclusive arcando com suasdespesas de locomoção e hospedagem em Gouveia, paracolaborar conosco, durante todas as edições do PrêmioAFAGO de Literatura. Não poderia deixar de demonstrarpublicamente toda a minha gratidão aos meus colegas di-rigentes, que nunca me faltaram com o apoio, a colabora-ção e a boa vontade. Aqui necessário se faz mencionar osecretário Guido de Oliveira Araújo, o tesoureiro RaimundoNonato de Miranda Chaves, o diretor jurídico Manoel LuizFerreira de Miranda, o diretor social Geraldo Augusto Sil-va, o diretor de comunicação social José Moreira de Souza– nosso baluarte –, os conselheiros fiscais Milton MariaFerreira de Miranda, Geraldo da Consolação Miranda, Joãode Jesus Saraiva e Gil Martins de Oliveira. Faço votos paraque esse Movimento que hoje toma corpo tenha todo osucesso que buscamos e não conseguimos e me coloco, nacondição de associado e ex-presidente, inteiramente à dis-posição para auxiliá-lo naquilo que estiver ao alcance daminha capacidade. Muito obrigado a todos e que sejam fe-lizes.

ANO X N° 02- ABRIL_JUNHO_ 2017