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04 - Editorial: Cónego João Aguiar06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional12 - Opinião D. Pio Alves14 - A semana de Paulo Rocha16- Dossier Dia de Portugal36 - Espaço Ecclesia

38 - Internacional42- Cinema44 - Multimedia46 - Estante48 - Vaticano II50 - Agenda52 - Liturgia54 - Programação Religiosa55 - Por estes dias56 - Fundação AIS58 - Luso Fonias60 - Apps pastorais

Foto da capa: Lusa

Foto da contracapa: Agência Ecclesia

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Opinião

Dia de Portugal[ver+]

Encontro Ibéricodas ComissõesEpiscoais deComunicaçõesSociais[ver+]

Novo manual paraa Pastoral daMobilidadeHumana[ver+] D. Pio Alves, Padre Tony Neves

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Queria tanto acreditar

João Aguiar Campos

Às portas de qualquer importante comemoração,dessas que sempre celebramos com discursos econdecorações, não é de todo incomum que osanalistas antecipem o teor de algumasintervenções.Ora vem aí o Dia de Portugal, de Camões e dasComunidades Portuguesas. Ausente durante osúltimos dias, ignoro se a tradição se manteve; ou,pelo contrário, se as habituais pitonisas seabstiveram, desta vez, de adivinhar para quemvai falar o Presidente. Uma coisa sei, porém: osminutos imediatos à sessão solene de Elvas,esses serão todos eles mediaticamente preenchidos pelas vozes partidárias, avaliandopalavras, requebros da voz ou meros silêncios eomissões.Os jornalistas repetirão, para tanto eexaustivamente, a profunda questão: "quecomentário lhe merece o discurso que ouviu?"...Horas mais tarde, no serão televisivo, opresidencial pronunciamento será analisadopelos especialistas da ordem, que se tornaramsábios no momento seguinte a terem fracassadoem seu devido tempo.Ou seja, creio que o próximo 10 de Junho nosassegura o costume dos calendarizadosmassacres em que vêm redundando as nossasfestas nacionais; que de festa já só têm osarredores de algum bairro ou aldeia onde a boavizinhança foge à programação política...

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Podem julgar-me ácido e acusar-medesamor pátrio. O que acontece, noque me diz respeito, é que mevenho sentindo expropriado demomentos que cheguei a considerarsignificativos, nas suascomponentes de homenagem eprojecção. E de tal modo queapenas o respeito pelo Poeta, poresta terra que amo e pelos irmãosque escrevem o nome de Portugalem cada canto do mundo meproibem o completo alheamento daefeméride. Bom, em boa verdadeacrescento um outro motivo: orespeito pelos condecorados, cujosméritos bem dispensavam, contudo,a desconsideração de serem, nominuto seguinte, totalmenteignorados.Portugal vive um momento dedesertificação mental, a quecorresponde - como em qualquercampo inculto - a multiplicação doscodeçais e silvados. As vagens deuns e as raízes de outros encontram tradução em

decisões canhestras e propostasdesviadas; umas assumidas compresunção ofensiva e outras comum ar que nenhum anjo seria capazde apresentar.Entendo, por isso, que faria sentidoum 10 de Junho refrescado erefrescante. Nas fórmulas e nasintenções.E, claro, na direcção dosolhares - definitivamentedesconcentrados de umbigosideológicos, para se fixarem noexemplo de gente que, as mais dasvezes sem ruído, cava com a mesmaenxada o presente e o futuro.Pode ser que o facto de ascomemoraçoes deste ano serealizarem em Elvas -ou seja, pelasegunda vez no interior o país -queira dizer alguma coisa, para alémde coincidirem com os 500 anos dasua elevação a cidade e comemorara classificação, pela Unesco, deElvas Património Mundial.Gostava tanto de ser ajudado aacreditar... Quero tanto acreditar!...

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Inundações na Europa Central © LUSA

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Neste período concreto da históriado nosso país, em queatravessamos uma das piores criseseconómicas de sempre, e os níveisde pobreza, emigração edesemprego atingem númerosrecordes, é interessante notar comoeste grupo específico se servedeste cenário trágico para,tacitamente, conseguir a provaçãode uma lei que atenta contra adignidade das criançasD. Jorge Ortiga, arcebispo deBraga, sobre a aprovação nageneralidade da lei da coadoção,02.06.2013 Não tenho medo dos resultados dasautárquicas, nem das europeiasnem dos portugueses e do seujulgamentoPedro Passos Coelho, primeiro-ministro, 05.06.2013

Todo o país está preocupado, masnós vivemos desde o 25 de Abril [de1974] num sistema democrático e oque é de esperar é que todas asdificuldades sejam resolvidas emfunção dessa novidade para nós,que ainda não tem muitos anos depassado, chamada democraciaEduardo Lourenço, (Lusa),05.06.2013 Estamos numa das situações maisgraves que Portugal viveu ao longodos seus 900 anos de história. Sócomparo esta situação emgravidade, em perigo paraexistência de um país chamadoPortugal, à crise de 1383/85, quefelizmente acabamos por ganharcom a batalha de Aljubarrota, e aos60 anos [1580-1640] de ocupaçãocastelhana através dos FilipesFreitas do Amaral, (Antena 1),06.06.2013 Há um choque de gerações quevamos deixar como legado, Estadosendividados, sem emprego?Jacques Delors, (Público),05.06.2013

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Igreja atenta aos mediaem Portugal e EspanhaAs comissões episcopaisresponsáveis pelas ComunicaçõesSociais em Portugal e Espanhamostraram a sua solidariedade aosprofissionais do setor afetados pelacrise, num comunicado em quepedem maior aposta da Igreja nasredes sociais. “Ao contemplar omundo da Comunicação, nãopodemos esquecer o trabalho detantos profissionais comprometidosseriamente com a verdade eafetados por uma crise económicaque abalou seriamente estaprofissão”, refere o documento finaldo encontro ibérico, que decorreuentre segunda e quarta-feira emUrgell, na região catalã da Espanha.Os responsáveis da ComissãoEpiscopal da Cultura, Bens Culturaise Comunicações Sociais de Portugale a Comisión Episcopal de Médiosde Comunicación Social de Espanhadizem ser “justo agradecer o esforçodaqueles que dedicam a

sua vida à busca e ao anúncio daverdade, colocando mesmo em riscoas suas vidas”.Os participantes assinalam que“diante da grande variedade deprojetos existentes para tornarpresente a experiência cristã nomundo digital e ao constatar aimportância da qualidade e doprofissionalismo”, é necessário“convidar as pessoas e asinstituições da Igreja para umtrabalho em conjunto”.O encontro ibérico de 2013 tevecomo tema ‘Redes sociais, novosmeios para a nova evangelização’.“As redes sociais oferecem umanova oportunidade para acomunicação do Evangelho. A Igrejadeve esforçar-se por transmitir amensagem de Jesus Cristo com alinguagem da nova cultura dacomunicação que estas ferramentascriaram”, observam as conclusõesdo evento.A iniciativa visou partilhar projetos edebater temáticas relacionadas comos media, “com

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o desejo de enriquecer o debatesobre a presença da Igreja noambiente digital”.“É oportuno estabelecer estratégiasde colaboração que permitamtrabalhar eficazmente nestecontexto para tornar mais atrativa apresença de Cristo e do Evangelhonas redes sociais e aproveitarmutuamente os recursos comsentido de comunhão”, defendem osparticipantes.O padre Luís Miguel Rodrigues,

professor da Universidade CatólicaPortuguesa, falou na necessidadede incorporar a “cibercultura” navida da Igreja, onde as comunidadescristãs enfrentam o desafio da“virtualização”.“Eu estou inserido na comunidade,vou à internet colocar o que eu soue vivo, virtualizo, para me tornarpróximo de outros que ainda nãovivem numa comunidade como euvivo”, explicou o sacerdote daDiocese de Braga, no EncontroIbérico.

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Bispo português perto da beatificaçãoO Papa aprovou a publicação dodecreto que reconhece as ‘virtudesheroicas’ de D. João de OliveiraMatos (1879-1962), bispo auxiliar daGuarda, que recebe assim o títulode ‘venerável’. Esta é uma faseconclusiva do processo que leva àproclamação de um fiel católicocomo beato, penúltima etapa para adeclaração da santidade.O postulador da causa decanonização, monsenhor ArnaldoPinto Cardoso, declarou à AgênciaECCLESIA que este é um momento“muito importante”, de“reconhecimento” por todo otrabalho realizado na diocesedurante este processo. “Aimpressão que recolhi é que elesemeou o Evangelho e deixou umcunho tal que a Diocese Guarda foi,durante décadas, um alfobre devocações sacerdotais e religiosas.Através da imprensa, de visitaspastorais, da Liga dos Servos deJesus, foi realmente uma figuracarismática num período difícil, aseguir à I República”, recorda.D. João de Oliveira Matos foi

bispo auxiliar da Guarda entredezembro de 1922 e 29 de agostode 1962, dia da sua morte.D. António Moiteiro Ramos,atualmente bispo auxiliar de Braga evice-postulador da causa decanonização, disse à AgênciaECCLESIA que este momento é"uma graça muito grande",reconhecendo em D. João deOliveira Matos alguém que secomprometeu em particular na"formação dos leigos"."A figura deste homem é a de umverdadeiro pastor, dedicadototalmente ao Povo de Deus",sublinha, destacando o seu trabalhona "renovação do tecido eclesial".

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Música sacra ajuda a preservar«ruralidade»

O festival Terras Sem Sombra,organizado pela Diocese de Beja,passou este sábado e domingo porVila de Frades para apresentar àpopulação a música de FranzJoseph Haydn, numa parceria com oTeatro Nacional de S. Carlos. Emdestaque esteve a oratória 'AsEstações', que o compositoraustríaco estreou em 1801 – umaobra que, segundo o diretor geraldo certame, José António Falcão,não podia ter melhor cenário paraser escutada e apreciada.“As Estações, de Haydn são umapeça com uma grande ligação aomundo rural e aqui em Vila deFrades e no Concelho da Vidigueiranós encontramos um dos epicentrosdesse mesmo mundo, no que dizrespeito ao

Alentejo”, sublinha o professor einvestigador, em declarações àAgência ECCLESIA.Para o diretor do Departamento doPatrimónio Histórico e Artístico daDiocese de Beja, a passagem dofestival “Terras Sem Sombra” porVila de Frades marcou “umaaproximação, uma ponte entre aIgreja, a cultura contemporânea e aruralidade” que faz parte da“identidade profunda do país” e queé preciso “preservar a todo o custo”.No domingo, a organização dofestival levou cantores, músicos epopulação em geral para umainiciativa ligada à proteção epreservação da biodiversidade, umacomponente que já constitui imagemde marca do projeto.

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Consenso

+Pio Alves, Bispo Auxiliardo PortoPresidente da ComissãoEpiscopal da Cultura,Bens Culturais eComunicações Sociais

Costuma dizer-se, para explicar guerrasfamiliares, que “casa onde não há pão todosralham e ninguém tem razão”. Talvez isto sepudesse dizer de modo mais ajustado àrealidade. Por exemplo: nem todos ralham; unstêm mais razão do que outros … Mas fiquemospela síntese da sabedoria popular.Quando a algazarra é grande, além das pessoas(que devem ser sempre o mais importante),sofrem as palavras: que passam a significar oque não era suposto; que, em vez de pontes,passam a ser armas de arremesso; que mentem,quando deveriam estar sempre ao serviço daverdade das coisas e dos sentimentos.Fui conduzido a esta consideração introdutóriapela vozearia dos últimos tempos, clara erepetidamente ouvida no nosso País, comepicentro na palavra consenso. Parece quetodos o querem, mas … para os outros.Benevolamente, admito que nem todos saibam oque significa. Vou oferecer, por isso, o meucontributo. Sem explicações complicadas nemfontes inacessíveis transcrevo uma citação daWikipédia (29.04.2013):"O consenso leva em contapreocupações de todose visa a resolvê-los/

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esclarecê-los antes que a decisãoseja tomada. O mais importante,neste processo é incentivar umambiente em que todos sãorespeitados e todas ascontribuições são avaliadas. Oconsenso formal é um processo dedecisão mais democrático. Gruposque desejam envolver sempre maisvoluntários na participação têm anecessidade de utilizar um processoinclusivo. Para atrair e envolvercada vez mais pessoas é importanteque o processo incentive aparticipação, permita o acesso igualao poder, desenvolva a cooperaçãoe crie um sentido daresponsabilidade individual para asações do grupo. O objetivo doconsenso não é a seleção dediversas opções, mas odesenvolvimento de uma decisãoque seja a melhor para o

grupo como um todo. É em sínteseevolução, não competição nematrito”.Portanto, no consenso, não cabemjogos de poder, interesses de grupo,partidos únicos, caprichos pessoais,médias aritméticas de opinião,mentiras encapotadas de verdade,populismos baratos (deixem passaro pleonasmo: os populismos sãosempre baratos!).O consenso busca o bem de todos:tarefa difícil, que, por isso,necessita, o mais possível, acooperação de todos. Bem detodos: tarefa tanto mais urgentequanto – como é o nosso caso –estamos diante de um bem cada vezmais escasso.Talvez bastasse dizer que consensoé agir com senso, isto é, com normalsentido comum. Mas, infelizmente, osentido comum é, muitas vezes, omenos comum dos sentidos.

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Esta semana ofereceu-me apossibilidade de visitar a Basílica daSagrada Família, em Barcelona. Depassagem pela Catalunha, noâmbito do Encontro Ibérico dasComissões Episcopais de Meios deComunicação Social, fui com ogrupo participante percorrer ograndioso projeto arquitetónico deGaudí. Com obras de prossecuçãodo templo em diferentes frentes, oguia para a visita foi o arquitetoJordi Bonet i Armengol, filho de LluísBonet i Garí, também arquiteto quetrabalhou diretamente na SagradaFamília com o seu criador, Antoni Gaudí.Jordi foi responsável pelacontinuação da edificação daSagrada Família, em Barcelona, eainda hoje, com quase 90 anos, é oconsultor indispensável paraqualquer decisão acerca da obra.Claro que a Basílica éimpressionante! Claro que amensagem que inclui, a catequeseque proporciona em qualquerrecando, nos vitrais, nas fachadasdas várias entradas ou no cimo dascolunas, é de grande profundidadee pode ser “consultada” comoqualquer manual de teologia.Espanta sobretudo a criaçãoarquitetónica.

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Ainda mais quando explicada com oentusiasmo de Jordi: as linhasgeométricas, a inspiração nanatureza, as formas encontradaspara a iluminação do templo, ocálculo matemático para a definiçãoformas e desenhos de colunas,arcos e janelas… Tudo numacoerência tal que permite a umaequipa de arquitetos continuar umagrande criação artísticas. E sempregraças às ofertas que chegam dequalquer parte do mundo. São elasque possibilitam, desde a primeiraobra, a construção em curso… Pequenas ofertas que contrastamcom títulos de milhões que fazem asnotícias de transferências no mundoda bola. Diante do desequilíbriosocial que cada vez mais se agrava,são inqualificáveis esses negócioslunáticos. Neste, como em todos ossetores da sociedade, não bastaestabelecer tetos mínimos para adignidade da pessoa humana. Háque começar a definir tetos máximosacima dos quais estão também emcausa os direitos humanos.

Paulo Rocha

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Portugal:Somos mais herdeiros do queconstrutoresO Dia de Portugal é ocasião para recordar um patrimóniocultural, repensar a identidade, definir programas de ação. Éum dia em que o cidadão se procura compreender e revernuma comunidade, numa história. Também para equacionarlamentos diante de normas chegadas de centros de decisão,sobretudo internacionais. Questões analisadas por AntónioMatos Ferreira, diretor do Centro de Estudos de HistóriaReligiosa da Universidade Católica Portuguesa. Agência Ecclesia – As atuaiscircunstâncias em que Portugal seencontra coloca-o numa situação deprotetorado em relação à UniãoEuropeia?António Matos Ferreira – Não.Portugal sempre conheceumecanismos de dependência. Ogrande problema é saber até queponto os cidadãos portuguesesestão convencidos da relevânciahistórica da construção europeia. Aíreside uma das dificuldades: aEuropa foi explicada como umprojeto que só

trairia coisas boas. Agora estamosdiante de um problema económico,que não diz apenas respeito àEuropa…Há também o problema da inclusão.A Europa foi pensada a partir daarticulação de nacionalidades eEstados. Mas é necessário saberque capacidade o projeto tem de seafirmar e qual o grau de inclusão ede coesão.As questões que se põem aPortugal, a Espanha, a Itália, aGrécia, etc estão relacionadas comas limitações de

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cada uma destas sociedades,nomeadamente a portuguesa. Poroutro lado, há o problema dacredibilidade: que homens emulheres políticos são capazes decriar credibilidade, confiança? Aspessoas

banalizaram o que se diz, o que seanalisa, nomeadamente nacomunicação social onde há trêstemas que são recorrentes: apolítica “politiqueira”, a economia eo futebol. A mundividência daspessoas esgota-se aí.

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AE – Que possibilidade existe deconstrução da credibilidade daclasse política quando adependência externa,nomeadamente Europeia, éacentuada?AMF – Penso que temos de sercapazes de construir culturalmentediscursos positivos e propositivos. AE – E há essa possibilidade?AMF – É uma criatividade, comonoutras alturas da História dahumanidade. Não vale a pena dizerque as pessoas irão ser todas ricas.Não se pode governar na lógica doeuromilhões nem na lógica de retirarhorizontes de futuro às pessoas.A governação não pode sersimplesmente um exercício dopoder, quase sequestrado por umconjunto de elites que sãorotativamente as mesmas edistantes do quotidiano dos Não se pode governar nalógica do euromilhõesnem na lógica de retirarhorizontes de futuro àspessoas.

cidadãos, muitas vezes associado amodelos de vida que não têmconsistência. AE – Essa é uma circunstância demuitas épocas da História dePortugal? Como comenta aafirmação de D. Manuel Clemente:“Vivemos geralmente mal com nósmesmos, por nos acharmos sempreaquém do que teríamos sido ou doque poderíamos voltar a ser”?AMF – A realidade de Portugal émuito complexa. Hoje quandofalamos de Portugal não poderemosver Portugal como há 100 anosatrás, onde a coesão populacionalera feita com outras mediações. Anossa sociedade, não sendo muitogrande, é complexa. AE – Mas consolidada no tempo…AMF – Consolidada por umanarrativa. Sobre Portugal contam-secoisas… Há muitas gerações, emLisboa ou no Porto, por exemplo,que sabem que D. Afonso Henriquesexistiu e nada mais…Somos mais herdeiros do queconstrutores! Tendemos a darmenos valor ao passado. O grandeproblema

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Não basta voltara um passadolamurioso e quedesenvolva umaconsciênciadepressiva

é não saber o que fazer com opassado que herdamos.Não basta voltar a um passadolamurioso e que desenvolva umaconsciência depressiva: houve ummomento de glória e depois sófomos perdendo oportunidades…A grande mobilização tem de serbaseada na credibilidade: por umlado não se pode enganar aspessoas e, por outro, é necessáriopossibilitar-lhes, nas diferentesfaixas etárias, um protagonismo quelhes dê realização pessoal ecoletiva.Analisemos por exemplo o problemado desemprego, transversal a todaa Europa, dramático nalguns países.O desemprego não pode ser vistocomouma realidade que se tem deaceitar. Porque as pessoas não têm50 vidas nem sete! Têm uma vida! Aausência da capacidade deproporcionar o protagonismo a cadapessoa, sentindo-se aptas a fazeralguma coisa é um atraso coletivo.

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AE – Esse protagonismo dependesó de um posto de trabalho?AMF – Sim, porque houvealterações profundas na vida daspessoas que genericamentedependem dos rendimentos do seutrabalho. Se há umas décadasdizíamos “quem não trabalha nãocome”, hoje percebe-se que não hátrabalho para todos…É grave dizer às pessoas “trabalhonão falta” porque falta apossibilidade de reconhecimentopessoal pelo trabalho de modo quepossam sobreviver.O problema da sobrevivência estáligado também às expectativas quese criam do nível de sobrevivência.Promover uma sociedade como anossa, que pretende ser aberta eparticipativa, tem de ser o resultadode uma grande capacidade dedialogar com as pessoas. Se há umas décadasdizíamos “quem nãotrabalha não come”, hojepercebe-se que não hátrabalho para todos…

AE – José Matoso acentuou a ideiaque o progresso não é infinito. Associedades ocidentais estão refénsdessa falsa certeza?AMF – Estou convencido que tudoisso é um processo de consciênciasocial eindividual. As pessoas vãopercebendo que há coisas que nãose podem atingir. A política deveriater essa dimensão pedagógica, quenão pode ser remetida à escola ouàs famílias.Mas também penso que odesequilíbrio entre os níveis de vidadas pessoas não pode ser infinito… AE – Que se está a agravar emPortugal?AMF – Claro! Como noutros países.Analisando não a economia, mas asconsequências antropológicas eculturais que ela pode gerar, temosa consciência de não vivemosoficialmente não numa sociedade deescravatura associada a umadeterminada redução do serhumano ao objeto. Mas em muitas

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as instituições religiosas,qualquer uma delas, estãomais motivadas numadinâmica tradicional deenquadramento daspessoas do que empotenciar e valorizar aafirmação da consciênciados crentes.

circunstâncias atuais do mundo dotrabalho e do que diz respeito aohorizonte de vida das pessoassente-se alguma ausência deliberdade. Isso não significa fazer oque apetece, mas as pessoaspoderem sentir que se realizam! Papel da religiãoAE – Durante muitos séculos,Portugal caracterizou-se por umareligiosidade acentuada, tambémpelo peso institucional de umareligião, o catolicismo. Hoje, o que éque baliza a sociedade portuguesa?AMF – Provavelmente não será umainstitucionalização tão forte doreligioso, nomeadamente através daIgreja Católica. Mas na sociedadeportuguesa continuam a existirníveis elevados de coesãofornecidos pela identificaçãoreligiosa. Isto é, não estamos numasociedade onde o cidadão nãotenha recursos para dar sentido àsua vida a não ser pela diminuiçãodiante de um todo ou um totalitárioou num atomismo individualista.Seria um perigo muito grandemanter-se esse tipo de análise,porque não creio que corresponda àrealidade. Vivemos numa sociedade

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onde há mais referenciais do que seimagina da vivência e da cultura devárias tradições religiosas, entre asquais e de maneira relevante ocristianismo. Mas provavelmentenão está exatamente ondetradicionalmente estava.A religião hoje não está nassacristias nem nos lugares de culto.Está na possibilidade que aspessoas sentem de dar sentido àsua vida. O grande problema é queas instituições religiosas, qualqueruma delas, estão mais motivadasnuma dinâmica tradicional deenquadramento das pessoas doque em potenciar e valorizar aafirmação da consciência as instituições religiosas,qualquer uma delas, estãomais motivadas numadinâmica tradicional deenquadramento daspessoas do que empotenciar e valorizar aafirmação da consciênciados crentes

dos crentes. O que implicaria acapacidade de dialogar, integrandoo que as pessoas vivem e nãorejeitando-o à partida. AE – Isso implicaria reservar areligião para o espaço privado, daconsciência?AMF – Acho que a religião nuncaestá no espaço privado. AE – Basta que os crentes estejamno espaço público…AMF – Está no espaço públicoatravés dos cidadãos… Outra coisaé o poder das instituições religiosas,a capacidade que têm deinstitucionalização.Claro que é necessário que asreligiões nas suas formasinstitucionais tenham a plenaliberdade de se organizarem. Masnão vale a pena fugir a umaquestão: a religião e a crençaestarão sempre presentes atravésdos indivíduos. O que origina algunsproblemas na sociedadecontemporânea: quando se vivenuma sociedade de pluralidadereligiosa, temos por vezescomportamentos de cidadãos que,pelas suas motivações

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O anticlericalismo é umproblema da relação como poder. É um problemade reação às formas deexercício do poder. Háformas de anticlericalismono interior das Igrejas.

religiosas, levantam questões àsociedade. Como também háquestões da sociedade que serepercutem nos cidadãos,nomeadamente de ordem moral. AE – Marca a História de Portugalum certo anticlericalismo. Como éque ele se equaciona atualmente?AMF – Por obrigação de ofício tenhoestudado essa problemática. Pensoque o item “anticlericalismo”generalizou-se na historiografia,mas ele é insuficiente para umaanálise séria. Desde logo porquenão há um anticlericalismo, masvários. Não há ninguém melhor paraser anticlerical do que alguém cujoanticlericalismo parta do interior dainstituição.O anticlericalismo é um problema darelação com o poder. É um problemade reação às formas de exercício dopoder. Há formas de anticlericalismono interior das Igrejas.Se o anticlericalismo que é umaafirmação contra a Igreja e areligião, isso é outra coisa.

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AE – Há quem fale mesmo emanticlericalismo muito cristão…AMF – Sim, há vários estudos…Se quisermos o anticlericalismo é aexpressão de uma tendência socialmais ampla de natureza maniqueia,relacionada com a contestação dainstitucionalização das formas depoder. Portugal e o futuroAE – Como analisa o futuro próximode Portugal e dos portugueses?AMF – Portugal sempre afirmou umagrande unidade, mesmo recorrendoa inimigos. Por outro lado, tem aexperiência significativa dadiáspora. De tal modo que o dia dePortugal é da Camões, do poetalírico que cantou a ideia darealidade única dos lusitanos, e aomesmo tempo de dispersão, dascomunidades portuguesas.Nestas circunstâncias, Portugalenfrenta a questão de saber comoarticular a sua participação naconstrução de vários palcos ondese encontra: a União Europeia, osPaíses de Língua Oficial Portuguesae no espaço que ocupa, por váriasrazões,

no âmbito cultural e diplomático aonível internacional. O problema ésaber como é que isso épercecionado como oportunidadepara existir e não unicamente comorecurso do falhanço. AE - E a Igreja Católica, que papellhe cabe no Portugalcontemporâneo?AMF – Ajudar a integrar as pessoase a desenvolverem a suaconsciência de sentido para o quevivem. Essa é a experiência daIgreja…

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“Na Europa em geral e em Portugal em particular (tal como em mais doisou três países mediterrânicos), vivemos um tempo de crise e dificuldadeque tem levado a políticas de austeridade, de poupança e de contençãode despesas.A este propósito, convém perguntar: como administrar esse programa deausteridade? Que sectores devem ser mais atingidos e mais poupados?Quais? Com que critérios?Que se saiba, que seja conhecido e partilhado por muitos, osPortugueses não realizaram nem assistiram a um debate sobrealternativas e prioridades.Têm assistido, isso sim, a uma sucessão de decisões e medidasdestinadas a poupar e conter a despesa em todos os sectoresimagináveis, sem que haja, a meu ver, a perspetiva de preservar assituações que podem melhor permitir a recuperação ulterior.(António Barreto, Instituto Superior de Línguas e Administração – Lisboa,30 de Maio de 2012)

Portugal, mesmo nesta fasemoderna, ainda espera muito queseja de fora que lhe continuem asolucionar os problemas. Sempreà espera que as soluções caiamdo céu, o que é paradoxal numpaís que teve uma fase na suahistória, talvez muito mitificada, emque não ficava à espera que lhetrouxessem as coisas feitas, iabuscá-las. Fomos por esseAtlântico adiante e pelo Pacífico.Eduardo Lourenço, Diário deNotícias, 29 dezembro de 2003

Mas seja qual for a interpretaçãoideológica de Camões, não épossível, para ninguém, separar oseu canto épico da apologiahistórica de um povo enquantovanguarda de uma fé ameaçadana Europa do tempo e de umimpério igualmente guarda-avançada da expressão comerciale guerreira do Ocidente. É essa a«matéria» textual e moral doPoema.Eduardo Lourenço - «O Labirintoda Saudade», Gradiva, 2005

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O que calcula que seja o futuro daraça portuguesa? O QuintoImpério. O futuro de Portugal —que não calculo, mas sei — estáescrito já, para quem saiba lê-lo,nas trovas do Bandarra, e tambémnas quadras de Nostradamus.Esse futuro é sermos tudo.Fernando Pessoa, 'Portugal entrePassado e Futuro'

Os Portugueses vivem empermanente representação, tãoobsessivo é neles o sentimento defragilidade íntima inconsciente e acorrespondente vontade de acompensar com o desejo de fazerboa figura, a título pessoal oucoletivo.”Eduardo Lorenço - «O Labirintoda Saudade», Gradiva, 2005.

O perfil da nossa personalidadeprofunda, que é inconfundível,que é verdadeiro, não tem, porvariadas razões, a nitidez decontornos de que se podem gabarhomens doutros meridianos. Umespanhol, um francês, um alemão,um inglês, são incompreensíveisfora das suas raias. Umportuguês, apesar das fortesraízes nacionais que oindividualizam, entende-seperfeitamente longe de Portugal.Há nele uma fraqueza de eternadisponibilidade, de pronta econciliante aceitação do que selhe opõe, de amável adaptação aomeio hostil, que o fazem capaz emtodo o mundo, mas incapaz no seumundo. Daí não ter possivelmentegrandes coisas para exprimir, anão ser o lirismo de ser assim.Infelizmente, não é por intermédiodos seus poetas líricos que umpovo pode comunicar com osoutros.Miguel Torga, "Diário” (1941)

Só não estamos contentes com nós mesmos por causa deste fenómeno:os pobres chegam tarde à mesa dos ricos. Comparando, todavia, comoutros países de iguais tradições, estamos sentados à mesa dos ricos,talvez a um cantinho da mesa. Eduardo Lourenço, Diário de Notícias, 29dezembro de 2003.

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Portugal é exemplo de tolerânciae integraçãoA alta comissária para a Imigração eDiálogo Intercultural diz quePortugal tem sabido encarar adiversidade cultural e religiosa“como uma riqueza e não comoameaça”, mesmo numa altura decrise onde os “fundamentalismos”se poderiam fazer sentir.“Quando começaram a surgir osprimeiros imigrantes vindos deLeste, que são sobretudoortodoxos, as igrejas católicasabriram as suas portas para o culto,numa generosidade que noutrospaíses não acontece”, destacaRosário Farmhouse numa entrevistaà Agência ECCLESIA.Numa altura de crise económica aalta comissária destaca a ação de“outras religiões” com uma “fortecomponente de fé” que se foramabrindo socialmente para “ajudar osque mais precisam”.Reconhecendo haver “qualquercoisa de inato na sociedadeportuguesa” para bem receber,Rosário Farmhouse sublinha quetodos os dias se tem de incentivarboas práticas porque

“ninguém ama o que não conhece etodos, por natureza, somospreconceituosos e desconfiados”.Numa altura em que se registam 175nacionalidades em Portugal,constituindo-se como um país de“dupla faceta de partida e chegada”,Rosário Farmhouse afirma que setem de ir além da “tolerância e dorespeito” para uma relação“biunívoca de integração”.O Alto Comissariado para aImigração e Diálogo Intercultural(ACIDI) aposta num modelo “departicipação” e na “partilha deexperiências”, caminho que tempermitido passar de um “patamar detolerância e respeito para umpatamar de conhecimento mútuo”visível na presença de “líderes erepresentantes religiosos” emcerimónias de outras confissões.Questionada sobre as ferramentascriadas para potenciar estaintegração, a alta comissária explicaque proximidade, parcerias einformação são a base do seutrabalho.

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“Quase todo o trabalho que o ACIDIfaz é em parceria com a sociedadecivil e de outro modo não seriapossível”, admite anunciandoorganizações de sociedade civil, demunicípios e também de paróquiasque “estão a acompanhardiretamente a integração dosimigrantes”.O Estado “tem o dever de criarigualdade de oportunidades,mecanismos de informaçãofidedignos onde as pessoas possamsaber os seus direitos e deveres ecriar respostas para a integração”,mas admite, “a integração faz-sepela proximidade” e aqui “cadapessoa é muito importante naintegração do outro”.Celebrar as vitórias e potenciar “oscasos de sucesso” é outranecessidade que Rosário

Nunca tantas mercês se fizeramem Portugal, como neste tempo; esão mais os queixosos, que oscontentes. Porquê? Porque cadaum quer tudo. Nos outros reinoscom uma mercê ganha-se umhomem; em Portugal com umamercê, perdem-se muitos. SeCléofas fora português, mais sehavia de ofender da a metade dopão que Cristo deu aocompanheiro, do que se havia deobrigar da outra metade, que lhedeu a ele. Porque como cada umpresume que se lhe deve tudo,qualquer cousa que se dá aosoutros, cuida que se lhe rouba.Verdadeiramente, que não hámais dificultosa coroa que a dosreis de Portugal: por isto mais, doque por nenhum outro empenho.Padre António Vieira, 'Sermões'

Farmhouse assinala para que ainformação circule e as boaspráticas sejam assinaladas.

É habitual insistir-se na nossa infinita capacidade de adaptação, sejaaonde for. Pergunto-me se não se trata antes do contrário. Se nãodevíamos falar até da impossibilidade de deixarmos de ser quem somos,tal a densidade interior que acumulámos.D. Manuel Clemente, ‘Portugal e os Portugueses’ (2008)

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Jovens mudaram conceçãodas missões na Igreja

Os jovens são um dinamismotransformador na vida missionáriaem Portugal tendo alterado aconceção de como a sociedade olhapara as missões. “Há 50 anosquando falávamos de pessoasmissionárias falávamos de padresou irmãs religiosas que viviamgrande parte do seu tempo emmissões, sobretudo em África. Hojepela expressão que este movimentomissionário tem, podemos pensarnos leigos”, afirma Ana PatríciaFonseca, da Rede de VoluntariadoMissionário que congrega cerca de60 entidades.Numa dinâmica iniciada por “novejovens há 25 anos”, a responsáveladmite um crescimento sustentáveluma vez que “5000 pessoas jáfizeram missões fora mas milharesde outros participaram naformação”, criando assim umdinamismo missionário em Portugal.“Os jovens têm vontade, movem-sepor ideais e por isso são capazes de

transformar o seu mundo. Nasmissões não é diferente”, explicaAna Patrícia Fonseca, mostrando odesejo de “assumirem a suavocação de batizados” e uma “Igrejajovem e para os jovens”.Com o Ano Europeu do Voluntariadoe da Cidadania Ativa, em 2011,estas ações gratuitas edesinteressadas ganharam um“forte impulso”, mas a responsávelpela Rede de VoluntariadoMissionário alerta para umadinâmica que se pode tornar“perversa”.Mais do que promover as ações“interessa-nos o silêncio com que ovoluntariado missionário as realiza”,num cuidado para não “tornar napessoa um herói” e para “respeitaras comunidades locais”.“Essa massificação do voluntariadopode ter efeitos perversos”, por isso“importa preparar bem osvoluntários que partem pararespeitar o ritmo e a cultura” doslocais onde as missões se realizam.

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No regresso o voluntário tem “umarede de amigos, a família, mais oumenos próximos com quempartilham a sua experiência”, numalógica de contágio e potenciação dadinâmica mas de “equilíbrio navisibilidade e discrição”.Numa altura de “forte crise, em queo desemprego e o tempo livre levamas pessoas a voluntariar-se paraalguma ação” compete ao Estado“proteger

voluntários e comunidades” paranão permitir a “instrumentalizar ovoluntariado”.“Neste tempo que vivemos de fortecrise corremos o risco deinstrumentalizar o voluntariado, aoponto de o voluntariado ser umacoisa onde cabe tudo, inclusive asubstituição de postos de trabalho eisso é preciso acautelar, tanto porparte do Estado como de quemacolhe e envia os voluntários”.Ana Patrícia Fonseca apela a um“trabalho sério” na formação dequem parte, tanto por parte doEstado como das entidadesmissionárias para “servir melhorquem está do outro lado”.

Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista esonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacosde vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar dedentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz desacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrandonem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, queeu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da suainconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexode astro em silêncio escuro de lagoa morta.Guerra Junqueiro, 'Pátria (1896)'

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Portugueses são solidários masprecisamde criar laços fraternosO presidente da Comunidade Vida ePaz, Henrique Joaquim, diz que osportugueses são pessoas“solidárias” mas que os laços defraternidade “que implicam umarelação” poderiam ser “mais fortes”.“Sem a solidariedade de um grupomuito significativo de pessoas queregularmente trabalham connosco ede outros que pontualmente vaiajudando a comunidade, estetrabalho não seria possível. Essasolidariedade é real, diária e muitoconsistente”, explica à AgênciaECCLESIA o presidente destaInstituição Particular deSolidariedade Social (IPSS) quetrabalha na ajuda às pessoas sem-abrigo.A equipa de 600 voluntários que“garantem gratuitamente todas asnoites do ano as rondas quepropõem uma vida diferente àspessoas sem-abrigo” e “osdonativos de quem escreve a pedirdesculpa por não poder dar mais doque cinco ou 10 euros” são sinaisdessa solidariedade.

Para Henrique Joaquim “não senasce solidário”, mas pode-se“educar e trabalhar para asolidariedade” e dá como exemplouma criança de quatro anos, cujospais emigraram e perguntaram aoseu filho o que queria fazer com odinheiro que tinha no mealheiro eela responde que quer dar àspessoas que todas as noites a suaeducadora ajuda nas rondas quefaz.“Essa criança veio ter comigo àsede, à minha frente partiu omealheiro e deu o seu dinheiro, nãosei quanto, à instituição. Essamesma criança que com dois anos,pegou num cachecol e deu-o à suaeducadora para ela dar às pessoassem-abrigo que ajudava”.O presidente recorda sinais “reais”que fazem “alimentar a esperança”mas que poderiam ser mais“potenciados” apostando noestreitamento de laços com osvoluntários e benfeitores.A Comunidade Vida e Paz quer“desafiar positivamente” alguns

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colaborares para “assumirem outrasresponsabilidades dentro dainstituição” potenciando dessaforma um “maior envolvimento”. EstaIPSS que trabalha com pessoassem-abrigo está também a desafiaralgumas empresas a umaaproximação e ajuda.“Estamos a propor que um grupo deempregados venha ajudar napreparação das ceias, possa usar oespaço para um jantar convívio

promovido pela própria empresa eposteriormente integre as rondas danoite; nós apenas oferecemos aoportunidade de a empresa sergratuita com a sociedade”.A iniciativa já foi concretizada tendocomo resultado acrescido a“manutenção da relação doscolaboradores com a ComunidadeVida e Paz”, explica HenriqueJoaquim. Desta forma sociedadecivil e instituições sociais estão apromover “compromisso,envolvimento, solidariedade, quesão elementos de coesão social”que não podem ser esquecidos masantes “valorizados pelo Estado”.

O comum das gentes (de Portugal) que eu não chamo povo porque onome foi estragado, o seu fundo comum é bom. Mas é exatamente porqueé bom, que abusam dele. Os próprios vícios vêm da sua ingenuidade, queé onde a bondade também mergulha. Só que precisa sempre de lhedizerem onde aplicá-la. Nós somos por instinto, com intermitências deconsciência, com uma generosidade e delicadeza incontroláveis até aoridículo, astutos, comunicáveis até ao dislate, corajosos até à temeridade,orgulhosos até à petulância, humildes até à subserviência e ao complexode inferioridade. As nossas virtudes têm assim o seu lado negativo, ouseja, o seu vício. É o que normalmente se explora para o pitoresco, oruralismo edificante, o sorriso superior. Toda a nossa literatura popular édisso que vive.Vergílio Ferreira, 'Conta-Corrente 2' (1981)

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Congressos Empreendedores Locais eSociais querem potenciar boaspráticas e ideias inovadorasPartilhar boas práticas e potenciaruma cultura de inovação e deempreendedorismo é o principalobjetivo dos CongressosEmpreendedores Locais e Sociais(CELS) que querem percorrer opaís.“A cultura empreendedora é quesustentará a longo prazo ocrescimento económico, a coesãosocial, o sucesso das organizaçõese o nível de auto realizaçãopessoal”, explica à AgênciaECCLESIA Jacinto Jardim,coordenador nacional dos CELS.O responsável diz que oempreendedorismo “não é umacaracterística natural dosportugueses”, reconhecidos maispela capacidade de “superarsituações críticas”, mas admitehaver “apetência para criar essacultura” e prova disso são os váriosexemplos que já existem e importa“potenciar”.Esta iniciativa, da responsabilidade

do Instituto Europeu de Ciências daCultura Padre Manuel Antunes e doCentro de Literaturas e CulturasLusófonas e Europeias (CLEPUL)da Faculdade de Letras daUniversidade de Lisboa (FLUL), estáa envolver entidades sociais, civis ereligiosas na organização destesencontros.A organização afirma que parapromover uma culturaempreendedora “não basta umencontro”, mas sim vários queajudem a criar uma mentalidade alongo prazo.A aposta na referenciação local é acaracterística diferenciadora destainiciativa. “Temos um coordenadorlocal, uma comissão organizadora einstituições locais que vão dinamizaros empreendedores locais e outrospotenciais para que participemnestes congressos, partilhem eaprendam, criem laços localmentepara que, a partir daqui, se possamalargar as relações”.

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Jacinto Jardim sublinha aimportância de se “valorizar acultura de competência”.O programa apresenta um painel detestemunhos que junta famílias,técnicos sociais, políticos,voluntários, alunosempreendedores. “O objetivo é darexemplo concretos de projetos quejá se realizam nas regiões quemostrem a melhoria e investimentosocial para ajudar a comunidade”.Todos estão convocados paraparticipar neste projeto: agentespolíticos, sociais, religiosos, pois,

- “Em princípio, todo o portuguêsque sabe ler e escrever se achaapto para tudo, e o que é maisespantoso é que ninguém seespante com isso.”(In: Lourenço, Eduardo - «OLabirinto da Saudade», Gradiva,2005.)

explica o responsável, “parapromover uma culturaempreendedora temos de unir adiversidade e conjugar asdiferenças”.O primeiro CongressoEmpreendedor Local e Socialaconteceu em Paredes, em maio,mas durante os próximos meses vaipercorrer o país, envolvendoautarquias, movimentos eclesiais,sociais e civis.http://www.congressosempreende.pt

Que fazer? Que esperar? Portugal tem atravessado crises igualmentemás: - mas nelas nunca nos faltaram nem homens de valor e carácter,nem dinheiro ou crédito. Hoje crédito não temos, dinheiro também não -pelo menos o Estado não tem: - e homens não os há, ou os raros que hásão postos na sombra pela Política. De sorte que esta crise me parece apior - e sem cura.Eça de Queirós, 'Correspondência (1891)

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Em defesa do AmbienteO programa ECCLESIA na Antena 1da rádio pública apresenta estasemana uma série de depoimentossobre o Dia Mundial do Ambiente (5de junho), desde à experiência doescutismo ao meio rural, comdestaque para a entrevista aoarquiteto português Gonçalo RibeiroTelles, que alertou para a“destruição significativa e violenta”do sistema natural em Portugal.O especialista, recentementedistinguido com prémio Sir GeoffreyJellicoe, equivalente ao Nobel paraa arquitetura paisagista, não gostamuito de utilizar o termo ambiente eprefere falar em “eco-humano”,onde se “cria a casa do homem”,através da criatividade deste.A paisagem “ressente-se” quando ésubmetida à “ambição” e aomaterialismo do ser humano.Afirmando que a árvore é “umelemento fundamental” nestecontexto, o arquiteto realça:“Destruíram-se muitas paisagens”.“O problema é a harmonia entre ocampo e a

cidade e a maneira como, de facto,os dois elementos são fundamentaisno processo do eco-humano”,acrescenta.Com um percurso de vida ligado àárea do “eco do homem”, RibeiroTelles considera que a cidade“concilia tudo” o que é “próprio enecessário” para a vida do homem,mas deve colocar nesta conciliação“um objetivo estético”.Para o arquiteto, há uma “lutapermanente” e “desvios” do serhumano para com a paisagem que orodeia, o que o leva a combater,através das suas intervenções,esses “aspetos especulativos”.A “obra do homem” quando érealizada com os objetivosessenciais implica,necessariamente, “uma estética,funcionamento e criatividade”, disse.O arquiteto paisagista sublinha queo jardim é obra do homem e tem“não apenas uma função ambientale estética” mas uma “funçãosagrada”.Quando visualiza as paisagensportuguesas, não “sente desânimo”,mas lamenta “que a

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ambição e erros materialistas dohomem” possam destruir o espaço.Gonçalo Ribeiro Telles apela a umaharmonia entre o “campo e acidade” e acrescenta que muitaspaisagens de Portugal ainda contêmessas características: “Vale doDouro, charnecas e montados,socalcos das beiras”.O tema para as celebrações do Dia

Mundial do Meio Ambiente deste anofoi ‘Pensar.Comer.Conservar’. Deacordo com a organização dasNações Unidas para a Agricultura eAlimentação (FAO), 1,3 mil milhõesde toneladas de comida sãodesperdiçadas anualmente, númeroequivalente à quantidade dealimentos produzidos em toda aÁfrica subsariana; todos os diasmais de 20 mil crianças com menosde cinco anos morrem de fome.

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Igreja tem novas orientaçõespara a Mobilidade HumanaO Vaticano apelou hoje ao fim da“cultura de suspeita” perante aspessoas que saíram do seu país,lembrando em particular a"gravidade" da situação dos 100milhões de refugiados, deslocados eapátridas em todo o mundo. “Aconotação negativa dosrequerentes de asilo e dos própriosrefugiados aumentou a xenofobia,às vezes até o racismo, o medo e aintolerância a seu respeito, e umacultura de suspeita a partir daassunção generalizada de umapossível correlação entre o asilo e oterrorismo, que ainda temrepercussões sobre a situação dosrefugiados e de outras pessoasdeslocadas à força”, alerta o novodocumento de orientações pastorais“Acolher Cristo nos refugiados e naspessoas deslocadas à força”.O texto foi elaborado pelo ConselhoPontifício para os Migrantes eItinerantes (CPPMI) e o ConselhoPontifício ‘Cor Unum’, responsávelpela coordenação das organizações

caritativas na Igreja Católica.“Consciente da gravidade dasituação dos refugiados e dascondiçõesdesumanas nas quais muitos delesvivem, a Igreja, para além do seupróprio compromisso, considera suatarefa consciencializar a opiniãopública sobre este grave problema”,assumem das duas instituições daSanta Sé, que alertam para a“diminuição da hospitalidade e doacordo a receber um númeroconsiderável de refugiados por umperíodo de tempo indefinido”.O documento lembra que amigração mudou e vai a aumentarnas próximas décadas, tornandomais difícil o trabalho de distinguirentre migração voluntária e forçada.“Quando se aborda o problema dosrequerentes de asilo e dosrefugiados, o primeiro ponto dereferência não deve ser a razão deEstado ou a segurança nacional,mas a pessoa humana”, sustentamos Conselhos Pontifícios, num textodividido em quatro partes e

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124 pontos.O documento dá particularimportância ao tema do tráfico deseres humanos, que considera uma“ofensa ultrajante” à dignidade daspessoas.O presidente do CPPMI, cardealAntonio Maria Vegliò disse emconferência de imprensa que estetráfico é uma “chaga vergonhosa”para

a humanidade, recordando aspessoas “exploradas de formaignóbil”. O responsável elencou, emparticular, as situações ligadas àchamada “indústria do sexo”, otrabalho forçado em vários setores,o recrutamento de crianças paraconflitos armados e o “tráfico paratransplante de órgãos”.

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Ecologia ambiental e ecologiahumanaface a cultura do desperdícioO Papa Francisco apelou noVaticano à defesa do ambiente eda vida humana, que diz seremameaçados por uma cultura do“descartável” e do desperdício, porcausa do consumismo. “Aquilo quedomina são as dinâmicas de umaeconomia e de finanças carentesde ética: assim, homens emulheres são sacrificados aosídolos do lucro e do consumo, é acultura do descartável”, disse,perante dezenas de milhares depessoas reunidas para a audiênciapública semanal, na Praça de SãoPedro.O Papa lamentou que a pobreza eos “dramas de tantas pessoas”, emparticular as mais necessitadas,deixem de ser notícia e acabempor entrar na “normalidade”. "Senuma noite de inverno aqui, naPiazza Ottaviano, por exemplo,uma pessoa morre, isso não énovidade. Se em muitas partes do

mundo há crianças que não têm nadapara comer, isso não é novidade,parece normal. Isso não pode ser! Eestas coisas entram na normalidade:que sem-abrigo morram de frio na ruanão é notícia; pelo contrário, porexemplo, uma queda de 10 pontosem bolsas de algumas cidades é umatragédia. O que morre não é notícia,mas se as bolsas caem 10 pontos éuma tragédia. Assim, as pessoas sãodescartadas".Francisco recordou que as geraçõesdos “avós” tinham muita atenção paranão desperdiçar alimentos. “A comidaque deitamos fora é roubada damesa de quem é pobre, de quem temfome”, avisou.

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Síria: Papa apoia conferência de paz

O Papa Francisco apoiou osesforços da comunidadeinternacional para organizar umaconferência de paz sobre a Síria eapelou à ajuda humanitária para osrefugiados. “Nas últimas semanas, acomunidade internacional reafirmoua intenção de promover iniciativasconcretas para se dar início a umdiálogo frutuoso com o objetivo depôr fim à guerra; são tentativas quedevem ser apoiadas, na esperançaque possam levar à paz”, disse, aoreceber em audiência osparticipantes numa reunião decoordenação de instituiçõescatólicas que ajudam a populaçãosíria.O encontro decorreu esta quarta-feira no salão da Casa de SantaMarta e foi organizado peloConselho Pontifício ‘Cor Unum’ (umsó coração), da Santa Sé, porsugestão do Papa.“À comunidade internacional peçoque, juntamente com a busca deuma solução negociada para oconflito, se favoreça a ajudahumanitária aos deslocados erefugiados sírios, visando emprimeiro lugar o bem da pessoa e atutela da sua dignidade”, referiuFrancisco.

O Papa agradeceu “toda a atividadehumanitária” realizada pororganizações católica a Síria e nospaíses vizinhos em benefício daspopulações.“Face ao perdurar de violências eopressões, renovo vigorosamente omeu apelo à paz”, declarou,acrescentando que a preocupaçãoda Santa Sé “com a crise síria e, deforma mais específica, com apopulação frequentemente indefesaque sofre as consequências doconflito, é bem conhecida”.

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À procura de Sugar ManNo final da década de sessenta,Rodriguez (Sixto Rodriguez) é ummúsico incógnito, de origemmexicana, que deambula por entre onevoeiro das noites de Detroitdedilhando uma invulgarcombinação de melodias na suaguitarra. Descoberto por um notávelda indústria musical, que além daguitarra lhe adivinha um potencialde voz igualmente raro, acabacontratado pela então ascendenteMotown.O compositor e intérprete despertaas atenções dos conhecedores pelasua figura e postura enigmática,além da voz extraordinária, próximade Bob Dylan.Lançadas as primeirascomposições, a crítica mostra-sereservada na opinião e o público,nos concertos, pouco recetivo aoseu estilo: ar modesto, uma atitudede desprendimento...Dois álbuns e alguns singles maistarde, após mergulhar no mundo daindústria discográfica, é noticiada asua morte na imprensa e, segundoesta, em condições trágicas: empleno concerto, após vaias a queresponde

com um agradecimento franco egentil aos que se incomodaram a viraté ali, suicida-se ante umaassistência atónita. O motivo,obviado pelos jornais, o retumbantefalhanço como músico.Décadas mais tarde, a milhares dekilómetros de distância, um jornalistasul africano decide investigar a vidadeste homem. Tem um bom esurpreendente motivo: é queenquanto era vaiado edesprestigiado nos Estados Unidos,Rodriguez tornara-se, sem saber,um ícon da juventude e um ícon daluta anti-Apartheid.As incongruências entre o insucessoamericano e o êxito sul africano, quelevantam toda a sorte de questõessobre a forma como alguém terálucrado com a qualidade de ummúsico que o próprio não chegou aver reconhecida, são apenas oprincípio de uma viagem aoextraordinário mundo de uma anti-estrela, ‘Sugar Man’, implicando umaperspetiva menos doce sobre umacerta indústria...Curiosa e progressivamenteapaixonante, ‘À Procura de SugarMan’

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é a primeira longa metragem dosueco Malik Bendjelloul (realizador,produtor, jornalista), que com aexperiência arrecadada emdocumentários musicais para atelevisão sueca, atinge um invulgaresplendor nesta sua estreia emcinema: vencedor do BAFTA, doOscar para Melhor Documentário edo Cinema for Peace Awards,coleciona prémios e nomeações dopúblico e na especialidade do seugénero nos mais prestigiadosfestivais um pouco por todo omundo.O equilíbrio da obra, gerida comgrande sensibilidade eprofundidade, resulta dacapacidade de Bendjelloul conjugarnuma justíssima medida duascomponentes essenciais: a deinvestigação jornalística queclarificou

o percurso do músico e a sua (não)relação com a indústria discográfica;e a redescoberta, aprofundada, dapessoa em si, num registo narrativoque reata (mais do que reabilita ouhomenageia) a relação destehomem com o público –abrangendo-o agora, pela viacinematográfica, ao universo quesempre teria merecido.Uma perspetiva reconciliadora queem tudo cumpre a pessoa que SixtoRodriguez é (não que foi, como aimprensa sugerira), e que vale bema pena descobrir: na sua genuínapaixão pela música, no seudesapego à fama e na sua filosofiade vida que, mesmo ante aevocação de um estrelato quenunca conheceu, não sucumbe.

Margarida Ataíde

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Alimente esta ideiaDecorreu no passado fim-de-semana (1 e 2 de junho), emmilhares de supermercados ehipermercados de Portugal, maisuma campanha de recolha de bensalimentares por parte do BancoAlimentar Contra a Fome. Foramcerca de 40000 voluntários queestiveram espalhados por este paísfora a recolher donativosalimentares em mais umacampanha, num momento em quese verifica "um significativoagravamento das dificuldadesalimentares de muitas famíliasportuguesas".Apesar da recolha de bens nosespaços comerciais ter terminado,ainda é possível participar até aodia 9 de junho, seja através da"ajuda vale", em que osportugueses podem contribuir comum vale que representa seisprodutos básicos de alimentação,ou através do sítiowww.alimenteestaideia.net, no qualpodem fazer uma doação. É entãosobre este sítio que esta semanacolocamos o nosso olhar.Este portal de doação de

alimentos a favor do BancoAlimentar é um espaço virtual quepermite a realização de um donativoatravés da internet e que já seencontra online desde maio de2011.Ao entrarmos neste sítioencontramos um ambiente simples,com poucos conteúdos mas onde oobjetivo primordial é bastante claroe portanto, do nosso ponto de vista,uma

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plataforma muito bem conseguida.Muito resumidamente podemosdividir o ambiente nas seguintesáreas.Uma primeira área é a escolha doidioma. Estando disponíveis quatrolínguas (português, inglês, espanhole francês), ao clicarmos narespetiva bandeira todo o sítio seadapta automaticamente. A título deexemplo referimos que no anoanterior, este portal foi acedido porutilizadores de 95 diferentes países,onde naturalmente a comunidadeportuguesa espalhada por todo omundo quis dar o seu contributo.Outro espaço interessante éaquele que nos permite observar,em tempo real, a quantidade dealimentos que já foram oferecidosatravés desta plataforma.Ao clicarmos no botão “doar”,

acedemos à principal área destesítio, onde aparece uma página quenos permite escolher qual ou quaisos alimentos que pretendemosofertar. Além de podermosselecionar os bens, é permitidoainda escolher qual o BancoAlimentar onde queremos que osmesmos sejam entregues, além dométodo de pagamento.Por último referimos apenas queeste sítio poderá ser acedido apartir de qualquer dispositivo (PC,tablet ou smartphone) ou através deum widget nos canais ZON.Alimente esta ideia porque acomunidade que já doou benscontinua a ser pouca para tantas eurgentes solicitações.

Fernando Cassola [email protected]

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Evangelho da AlegriaEste livro nasce a partir domusical Alegria da Fé, quepretendeu responder ao apelo doPapa Bento XVI aquando da suamensagem do ano passado parao Dia Mundial da Juventude«Alegrai-vos sempre no Senhor»desafia os jovens a seremMissionários da Alegria.Além da estrutura e canções domusical, este livro contémdiversos textos reflexivos sobre otema do "evangelho da alegria",entre eles D. Manuel Clemente, D.António Couto, Pe. Eduardo Novo,entre outros.É também uma excelentepreparação para a JMJ do Rio,trazendo por isso a mensagem doPapa para esta ocasião. Autor: Eugénio Perregil(Coord.)N.º Páginas: 104Edição: 1.ªISBN: 9789723015621Dimensões: 135 x 21Preço: €6,90

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Papa FranciscoO diálogo ecuménico e o encontroentre pessoas de diferentesreligiões serão para FrancescaAmbrogetti, coautora do livro «PapaFrancisco: conversa com JorgeBergoglio» (Paulinas Editora),traços principais do atualpontificado.“Ele faz teologia a partir da suaprópria vida, do que faz eseguramente na Igreja na Argentina,que tinha também as suasdificuldades e problemas, eleconseguir superá-los com muitacapacidade de conciliação”, disse àAgência ECCLESIA, de passagempor Portugal. “Podemos esperar umgrande ecumenismo, uma grandeaproximação às outras religiões eum ecumenismo de uma forma quea sua mensagem vá ao encontrodas religiões, que promova oencontro entre todas as pessoas”.Francesca Ambrogetti recorda omomento em que num encontro coma imprensa estrangeira naArgentina, onde o cardeal Bergogliohavia sido convidado para falarsobre a crise, em 2001, todosficaram espantados com a suasimplicidade, profundidade e lucidezcom que enfrentou as perguntasdos jornalistas. “Era um

cardeal atípico e tivemos um grandeimpacto quando percebemos quechegou sozinho, sem nada, vestidocomo um simples padre e chegandode autocarro”.A jornalista italiana explica que omundo está a descobrir “um tesouroescondido” que “a pouco e pouco”ao longo das entrevistas para aedição do livro a própria e o seucolega Sergio Rubin puderamtambém conhecer.

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Depois da morte que todoo mundo chorou… apareceu PauloVI

Ao fim de quase quatro dias de agonia que comoveuo mundo inteiro, o Papa João XXIII – “o homem afávelque conquistou todos os homens” – morreu, dia 03de junho de 1963, no seu leito de dor. O homem queconvocou o II Concílio do Vaticano teve comosucessor o Papa Paulo VI, um candidato natural aotrono de Pedro.Paulo VI foi eleito Papa a 21 de junho de 1963 edecidiu continuar os trabalhos conciliares dopredecessor. Ao longo do seu pontificado promoveuencontros e relações ecuménicas com anglicanos,ortodoxos e protestantes, o que resultou em diversos“(des)encontros e (des)acordos históricos” (In:Carvalho, José. Salazar e Paulo VI – A relaçãoconturbada do ditador com o primeiro Papa a visitarPortugal. Lisboa: Zebra Publicações, 2013 )O pontificado do sucessor de João XXIII estáenraizado no II Concílio do Vaticano, de modo “tãoprofundo como indissociável” e concluiu-o a 08 dedezembro de 1965, “e tudo fez para que as suasdirectivas fossem postas em prática”. Por outro lado,foi o primeiro Papa a viajar para fora da Europa ePortugal recebeu a sua visita em 1967.A 21 de junho de 1963, o quadrante do velho relógioda Basílica de São Pedro (Vaticano) anunciava11h22m e no telhado, por cima da Capela Sistina, apequena chaminé deitava fumata branca que “tardouem

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extinguir-se” (In: Lazzarini, André.Paulo VI. Perfil de Montini . Lisboa:União Gráfica, 1965). As cerca de50 mil pessoas que estavam naPraça de São Pedro (Vaticano)estavam ansiosas para saber quemiria a assomar na varanda.Pelo meio dia, os peregrinos ouvem,em latim, do cardeal protodiáconoas seguintes palavras: “Dou-vosuma grande e alegre notícia: TemosPapa! Ele é o eminentíssimo cardealGiovanni Battista Montini, queescolheu para si o nome de PauloVI”. Os presentes foram colhidos desurpresa pela escolha daquelenome.De qualquer forma, e mesmo antesde ser cardeal, durante o conclaveque elegeu o Papa João XXIII(cardeal Roncalli), em 1958,Giovanni Montini acabou porreceber alguns votos. João XXIII,aproveitando o consistório dessemesmo ano, elevou GiovanniMontini à condição de cardeal.Após a sua elevação a cardeal, o«Bom Papa João» outorgou-lhe um“importante mandato” - apreparação do II Concílio doVaticano - e acaba por nomeá-locomo seu assistente. Para Montini,que colaborou de forma intensa napreparação da assembleia

magna, o Papa João XXIII reservouum apartamento no Vaticano.O tempo do concílio foi de grandemovimento e trabalho no Vaticano eno mundo. João XXIII ao falecerdeixou os labores conciliares aindano início (cerca de um ano após ocomeço), mas a eleição de Montinifoi a “melhor garantia dacontinuação do concílio”. GiovanniMontini marcará uma página naHistória da Igreja.

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junho 2013

Dia 07* Évora - Sé - Festa do SagradoCoração de Jesus organizada peloMovimento do Apostolado da Oração* Bragança - Sé (18h30m) - D. JoséCordeiro dá a bênção aosperegrinos que na modalidade acavalo começam a peregrinaçãodiocesana a Santiago deCompostela.* Jornada mundial de oração pelasantificação dos sacerdotes.* Aveiro - Inauguração da casasacerdotal para os padres idosos edoentes da diocese. * Lisboa - UCP - Conselho Superiorda Universidade CatólicaPortuguesa.* Porto - Ermesinde (Igreja Matriz deSão Lourenço de Ermesinde) -Celebração diocesana dasolenidade do Sagrado Coração deJesus presidida por D. ManuelClemente.

* Lisboa - Estoril (Salão paroquial daIgreja de Santo Antonio) (21h15m) -Conferência sobre «Motivações dosPeregrinos não Católicos» por JoséLuis Sanches e integrada no ciclode Conferências «Caminhos deSantiago».* Açores - Ponta Delgada (MuseuCarlos Machado) - Conferênciasobre «A Bíblia na cançãoamericana: dois casos inspirados noLivro de Job» por Carlos CravoVentura e integrada no ciclo «ABíblia na literatura e nas artes».* Braga - Vila do Conde (AuditórioMunicipal de Vila do Conde) - Exposição solidária para angariarfundos para o restauro do CentroParoquial Padre Porfírio Alves. (07 e08)* Porto - Vila Nova de Gaia - IVFórum de Arquitetura Religiosa. (07e 08)*Fátima - Casa das Dores - Cursosobre «a Mensagem de Fátima» e«as suas implicações para a vidacristã». (07 a 09)* Braga - Auditório Vita - Exibição domusical «Wojtyla - um musical sobreJoão Paulo II». (07 a 13)

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Dia 08* Santarém - Almeirim - 3º EncontroVicarial de Jovens de Almeirim«Firmes Na Fé». * Fátima - Encontro da FamíliaClaretiana.* Itália - Roma (Igreja de SantoAntónio dos Portugueses) -Concerto pelo organista JakobLorentzen.* Fátima - Peregrinação anual dasServas da Santa Igreja.* Beja - Igreja do Carmo (21h30m) -Concerto de homenagem ao padreAntónio Cartageno.* Porto - Espaço CACE cultural doPorto - Encerramento (início a 31 demaio) da feira solidária promovidapela Associação Emaús Caminho eVida.* Lisboa - Mafra (Quinta dosRouxinóis) (21h30m) - Festivalvicarial da canção jovem de Mafra.* Lisboa - Igreja de São Vicente deFora (18h00m) - III Concerto de umciclo de órgão com Kate Pearson eFumi Nagato e promovido pelaIgreja de São Vicente de Fora.* Braga - Conselho diocesano daPastoral Catequética.

* Lisboa - Mosteiro dos Jerónimos - Iniciativa «Música nos MosteirosPortugueses Património daHumanidade» com Orquestra deCâmara Portuguesa.* Coimbra - Penela (PavilhãoMultiusos) - Homenagem ao padreAdriano Santo, da diocese deCoimbra, pelo jornal «Região doCastelo».* Lisboa - Mosteiro de Santa Maria(Monjas Dominicanas) - Conferência«Por vezes luto com Deus, porvezes danço» por José TolentinoMendonça * Lisboa - Seminário de Alfragide(Dehonianos) - 15.º CongressoNacional da LOC/MTC. (08 e 09) Dia 09* Vila Real - Chaves - Dia daDiocese de Vila Real. * Porto - Concerto do Coro doMosteiro de Grijó no dia dadedicação da nova igreja de SantoOvídio de Jancido (Paróquia da Fozdo Sousa). * Setúbal - Almada (Santuário deCristo Rei) - Peregrinação Nacionalao Santuário de Cristo Rei paracelebrar os 150 anos de nascimentoda Beata Maria do Divino Coração.

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Ano C – 10º Domingo do TempoComum Um grandeprofetaapareceu!Como serprofetas deDeus?

A dimensão profética percorre a liturgia da Palavradeste 10º domingo do tempo comum: em Elias, oprofeta da esperança e da vida, em Paulo, o profetado Evangelho recebido de Deus, e particularmente emJesus, o grande profeta que visita o seu povo ematitude de total oblação.A primeira leitura apresenta-nos a figura da mulher deSarepta, que significa a perda da esperança, e afigura do profeta Elias, que acredita no Deus da vida,que não abandona o homem ao poder da morte,ressuscitando o filho da viúva.Na segunda leitura, acolhemos a absoluta gratuidadeda conversão de Paulo, para quem o Evangelho éuma força vital e criadora, uma dinâmica profética queele recebeu diretamente de Deus.No Evangelho, temos a revelação de Deus expressana atitude de piedade e compaixão de Jesus nomilagre da ressurreição do filho da viúva. Deus visita oseu povo em Jesus, “um grande profeta”, que oferecea sua vida, a alegria de uma vida aberta com todo osentido.Percebemos ainda todo o carácter de sinal presenteno milagre. A ressurreição do filho da viúvatestemunha Jesus que há de vir, cuja vida triunfaplenamente sobre a morte. Significa que, para nós,Deus Se encontra onde há sentido da piedade, doamor vivificante. Seguindo Jesus, só podemos tambémsuscitar vida, ter piedade dos que sofrem, oferecer anossa ajuda, ter uma atitude de oblação. Podemosoptar: ou fazemos da nossa vida um cortejo de morte,dos sem esperança, que

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acompanham o cadáver, em atitudede choro, de luto, de desespero; oufazemos do nosso peregrinar umcaminho de esperança, deressurreição, de transformação dochoro e da morte em sentido devida. Podemos escolher, é certo.Mas se somos seguidores de Cristoe nos deixamos visitar por estegrande profeta, não temosalternativa!A partir da liturgia de hoje,continuemos a interrogar-nos sobreo sentido da profecia para ostempos atuais. Como ser profeta àluz da Palavra de Deus que iluminaos acontecimentos das nossasvidas, da Igreja e do mundo?

O profeta é uma pessoa do seutempo, marcado pelas descobertas,conquistas, contradições eesperanças do ser humano. Étambém alguém com uma féprofunda, com uma consciênciamuito forte da presença de Deus naprópria vida. A vida de união e decomunhão com Deus deveimpregnar a vida do profeta,levando-o a interpretar todos osacontecimentos políticos, sociais ereligiosos à luz de Deus.Profetas de Deus, somos desafiadosa descobrir, acolher e propor oprojeto de Deus. É a nossa vocaçãoe missão.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h30Domingo, dia 09 - Portugal eos portugueses na perspetivade Joana Carneiro, maestrina. RTP2, 18h00Segunda-feira, dia 10 -Entrevista a António MatosFerreira sobre o Dia dePortugal.Terça-feira, dia 11 -Informação e rubrica sobre oConcílio Vaticano II comManuel Braga da Cruz;Quarta-feira, dia 12 - Informação e rubrica sobreDoutrina Social da Igreja, com Eugénio Fonseca;Quinta-feira, dia 13 - Frei Daniel Teixeira apresenta asfestas populares a Santo António. Rubrica "O Passadodo Presente", com D. Manuel ClementeSexta-feira, dia 14 - Apresentação da liturgia dominicalpelo padre João Lourenço e Juan Ambrosio. Antena 1Domingo, dia 9 de junho, 06h00 - Portugal positivo: oque de bom acontece no nosso país. Segunda a sexta-feira, dias 10 a 14 de junho, 22h45 -O dia de Portugal. Festejo dos santos populares noarraial.

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Entre os dias 7 e 13 os jovens do Musical Wojtylaprometem contagiar o público que aceitar o convitepara homenagear João Paulo II no Auditório Vita.Depois do Coliseu do Porto, o espetáculo volta à cenaem Braga e regressa ao Teatro Tivoli, em Lisboa, apartir do dia 18. Dia 8 o padre e poeta José Tolentino Mendonçaencerra o ciclo «Viver a Fé, aqui e agora», com umaconferência «Por vezes luto com Deus, por vezesdanço». É às 15h30 no Mosteiro das MonjasDominicanas, no Lumiar, em Lisboa. A Liga Operária Católica organiza a 8 e 9 o 15ºCongresso para a eleição de novos coordenadores eassistentes nacionais, onde se prevê a aprovação dodocumento de Linhas de Orientação para o próximotriénio, com a temática ‘Sociedade justa e sustentável,com trabalho para todos’. Acontece no Seminário deAlfragide, nos arredores de Lisboa. Os portugueses assinalam a 10 o dia de Portugal, deCamões e das Comunidades Portuguesas. Com maisou menos otimismo no futuro, este é um dia de orgulhoe celebração de uma identidade, mas também umaoportunidade de reflexão sobre como deveremos ser. Na noite de 12 os lisboetas saem à rua para festejar oSanto António, abrindo oficialmente o ciclo de febras,sardinhas assadas e manjericos no nosso país. Esta éuma oportunidade de encontro e convívio, paraesquecer tristezas e celebrar a vida.

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RDC: A história de Jean-Pierre Kilosho

Uma lição de santidade

Uma criança, com menos de trêsanos de idade, foi vítima de umabala traiçoeira. Jean-Pierre seriaapenas mais uma vítima do caosque se vive no Leste da RepúblicaDemocrática do Congo, se nãotivesse previsto a sua própriamorte e não a encarasse comtotal serenidade. Leste da República Democrática doCongo. 20 de Novembro de 2012.São três horas da tarde. Em frenteda Capela da Beata Isabel daTrindade, o pequeno Jean-RobertKilosho, de apenas dois anos e oitomeses, acaba de fechar os olhos.Serenamente. Toda a família está alià sua volta. Há um silêncioprofundo. Lágrimas escorrem nosrostos, mas ninguém se atreve adizer palavra. Só o choro se fazouvir. Jean-Robert Kilosho acaboude morrer vítima de uma bala quefoi disparada ao acaso, numa rajadade metralhadora num dos muitosconfrontos entre as tropas doExército e os homens do

movimento rebelde M23. Não háideologia nestes combates, apenasganância, cobiça, roubo. No Lesteda República Democrática do Congoo solo esconde uma riqueza imensaque é saqueada por gruposarmados, que fazem desse tráfico arazão de ser da sua existência. Umtráfico que é alimentado tambémpelos países da região dos GrandesLagos, como o

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Ruanda, o Uganda e o Burundi.. Aguerra não é ideológica, mas sim deconveniência. É roubo disfarçado. Uma morte anunciadaNesse dia 20 de Novembro, acidade de Goma assistiu àensurdecedora troca de tiros entresoldados e rebeldes. Os combatessão vulgares na região, masninguém se habitua à sombra damorte. Nesse dia, quando o cheiro apólvora chegou à cidade, as ruasficaram desertas, com todas aspessoas refugiadas em casa,. Ospais de Jean-Robert só recordam osom do silvo de uma bala

que entrou casa de Jean-Robert sórecordam o som do silvo de umabala que entrou casa dentro, queprojectou o menino ao chão, e o fiode sangue que começou a jorrar dasua cabeça. Nesse instante em quecorreram para ele, para oampararem, recordaram de imediatoas suas palavras, horas antesquando disse, como se fosse umaprofecia, que uma bala entraria emcasa e que todos deveriam manter acalma. Jean-Robert não chorou.Pediu aos pais que o abençoassem,um de cada vez: “Papá, abençoa-me; mamã, abençoa-me”. Depois,rezou em silêncio, fez o sinal dacruz, rezou o Pai Nosso e disse:“Faça-se a Tua vontade!”. Voltou apedir a bênção aos pais, pediu-lhesdesculpa e morreu algum tempodepois. Lá fora continuavam osdisparos, mas já ninguém ouvia asbombas. Hoje, em Goma, todossabem como ele, profeticamente,falou do que lhe ia acontecer e dassuas últimas orações. Hoje, emGoma, o menino Jean-Pierre é jáconsiderado santo. Afinal, aquelabala não matou ninguém. Jean-Pierre está vivo no coração de todose basta falar dele para derrubar osargumentos dos que usam comoretórica o poder das armas.

Saiba mais em www.fundacao-ais.pt

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Lusofonias

Oceanos ‘pacíficos’?

Tony Neves

Não resisti! Antes de falar de oceanos, tenho quecitar Fernando Pessoa: ‘Ó mar salgado, quantodo teu sal / São lágrimas de Portugal! /Por tecruzarmos, quantas mães choraram, /Quantosfilhos em vão rezaram! / …Quantas noivasficaram por casar / Para que fosses nosso, ómar! /Valeu a pena? Tudo vale a pena /Se aalma não é pequena….Quem quer passar alémdo Bojador / Tem que passar além da dor. /Deusao mar o perigo e o abismo deu, /Mas nele é queespelhou o céu’.Portugal e o mar são inseparáveis, antes demais, por uma questão geográfica. Mas a nossarelação com os oceanos vai mais longe e maisfundo, pois boa parte da nossa história foipassada a enfrentar as ondas. Se hoje temos umespaço lusófono, o ‘culpado’ foi o mar que nospermitiu enfrentar vagas, passar o cabo Bojadore chegar à Índia, a Macau, a Timor, aMoçambique. No que ao Atlântico diz respeito,proporcionamos um encontro de povos eculturas em Angola, Guiné, Cabo Verde, S. Tomée Brasil, não esquecendo que no meio do martemos as Ilhas da Madeira e dos Açores.Os Oceanos hoje voltam a estar na agenda dospolíticos, umas vezes por razões meramenteestratégicas, outras mais económicas, outrasmais ecológicas. É enorme a riqueza dos mares,em peixes e

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crustáceos de qualidades sem fim. Asobrevivência de muita gente poresse mundo além vai continuar adepender dos oceanos.Também se discute hoje muito aquestão ecológica. Durante séculos,o fundo do mar aguentou toda aespécie de poluição, desde asfossas com resíduos orgânicos atéaos produtos químicos saídos defábricas altamente poluentes e aténucleares. Há fundos de certosmares, sobretudo em paísespobres, que têm toneladas etoneladas de produtos perigososque lá foram colocados a troco dedinheiro. Fazer do fundo dos

oceanos um imenso contentor delixo é uma opção de risco para asgerações futuras e há que inverteresta situação.O mar é ainda o paraíso azul quebanha praias onde as pessoasdescansam e passam férias, ondemilhares e milhares de crianças ejovens jogam á bola, onde o turismoarrecada umas das receitas maissubstanciais.Por estas e por outras boas razões,temos a obrigação de olhar paraonde ‘Deus espelhou o céu’ e ajudara criar condições para que o marseja riqueza e beleza para todos,sem hipotecar o futuro de quem virádepois de nós.

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ouem www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC –Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

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Apps Pastorais

widget vatican.va

Por ocasião do 7º aniversário daeleição do papa emérito Bento XVI[19 de abril de 2012], foi lançado o"widget vatican.va", pelos Serviçode Internet do Vaticano."Será possível transportar ao siteparticular e de maneira automáticae dinâmica alguns dos principaisconteúdos presentes no siteinstitucional do Vaticano:www.vatican.va", segundo informouLucio Adrián Ruiz, responsável pelos Serviço de Internet doVaticano. O que são widget?Os "widgets" são pequenasaplicações que os internautaspodem instalar em sites, blogues ouredes sociais. Segundo a nota dedivulgação à imprensa a quando dasua publicação ficamos a saber que:“o widget permitirá exportar – aossites -, as principais novidadescomo o Ângelus dominical, asAudiências e o Boletim da Salade Imprensa da Santa Sé".??"OMagistério Pontifício enriquece-seassim de um ulterior instrumento decomunicação para a difusão dosconteúdos do site institucional,

aproveitando toda oportunidadetecnológica para difundir a palavrado Santo Padre".?? Como obter?É necessário enviar um email [email protected] e solicitar ocódigo para posterior instalação. Éfundamental enviar no e-mail:endereço da página Web quedeseja instalar o widget e o e-mailde referência do webmaster.??Caso não pretendam um widgetsmas sim uma aplicação, estádisponível para descarga tanto paraiOS como para Android.Esta aplicações contem: Focus – asmeditações do Santo Padre nasmissas matutinas celebradas nacapela da Domus Sanctae Marthae;Atualidade: toda a atualidade(discursos, Ângelus dominical,Audiências); boletim de Sala deimprensa; Vídeo ao Vivo, comtransmissão da praça de São Pedro;Audiências, ligação para o site. LinksiPhone | iPad | Androide

Bento Oliveira @iMissiohttp://www.imissio.net

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- “Citar um autor nacional, um contemporâneo, um amigo ou inimigo,porque nele se aprendeu ou nos revimos com entusiasmo, é, entre nós,uma raridade ou uma excentricidade como usar capote alentejano. Areferência nobre é a estrangeira por mais banal que seja, e quem sepoderá considerar isento de um reflexo que é, por assim dizer, nacional?”.Eduardo Lourenço - «O Labirinto da Saudade», Gradiva, 2005.)

A Europa foi um excesso de aspirações. É hoje um desapontamentodesmesurado. Mas nem tudo se deve à Europa. Nem tudo o que deprogresso se verificou nos anos sessenta a oitenta se ficou a dever àEuropa.Nem tudo o que de crítico ocorreu nos anos noventa e nos primeiros doséculo XXI foi por causa da Europa. Os nossos erros, as nossas políticasdesajustadas e os nossos defeitos são seguramente os principaisresponsáveis.Na crise, procuramos as origens. Insuficiência estrutural? Deficiênciaspolíticas? Fragilidade inultrapassável? Estudar o que se passou éindispensável para corrigir e preparar os próximos ciclos. Nas nossasdificuldades, será sempre indispensável saber onde estão as reaisresponsabilidades”.(António Barreto, apresentação do estudo “25 anos de Portugal Europeu”,Lisboa, 30/05/13, Fundação Francisco Manuel dos Santos)

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"O país não precisa de quem diga o que estáerrado;precisa de quem saiba o que está certo."Agustina Bessa-Luis

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