diagnóstico polidimensional

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Diagnóstico Polidimensional Toda e qualquer pessoa nasce com um potencial e tem direito de desenvolvê-lo, esta é uma premissa ética bastante importante, mas, não somente, pois, uma vez tendo sido acolhida pelo SINASE põe implicações jurídicas. Dar concretude à premissa é responsabilidade do executor da medida socioeducativa. Pois bem, temos de agir para que os adolescentes internados tenham o direito efetivo de se desenvolverem. Ora, mas, o termo adolescente é uma abstração generalizante e que não dá conta de abranger a singularidade de cada adolescente, pois, cada um é único, integral e complexo. Então, o primeiro passo de nossa intervenção não pode ser outro que não o de conhecer cada adolescente individualmente, uma vez que para cada adolescente, necessidades pedagógicas específicas. Este é o fundamento para a elaboração do PIA. Acerca do PIA, diz o SINASE: “... A elaboração do Plano Individual de Atendimento constitui-se numa importante ferramenta no acompanhamento da evolução pessoal e social do adolescente e na conquista de metas e compromissos pactuados com esse adolescente e sua família durante o cumprimento da medida socioeducativa. A elaboração do PIA se inicia na acolhida do adolescente no programa de atendimento e o requisito básico para sua elaboração é a realização do diagnóstico polidimensional por meio de intervenções técnicas junto ao adolescente e sua família, nas áreas: Jurídica, Saúde, Psicológica, Social e Pedagógica”. 1 Para a área pedagógica, exemplifica o SINASE, “estabelecem-se metas relativas à: escolarização, profissionalização, cultura, lazer e esporte. Oficinas e autocuidado. Enfoca os interesses, potencialidades, dificuldades, necessidades, avanços e retrocessos. Registra as alterações (avanços e retrocessos) que orientarão na pactuação de novas metas” 2 . A partir da premissa de que individualmente o adolescente é um ser singular, integral e complexo, o ponto de partida da construção do PIA necessariamente não pode ser outro que não o conhecimento da individualidade integral e complexa de um adolescente específico. Este é o diagnóstico polidimensional . Este diagnóstico inicial deverá integrar todas as áreas de atendimento, conforme apontado acima, de maneira dialogada através dos representantes destas áreas que atuam em cada Unidade. Porém, para que a discussão entre as áreas aconteça é fundamental a atenção às especificidades e dimensão de cada uma delas. 1 SINASE. subcapítulo 6.2.2. Desenvolvimento pessoal e social do adolescente. (p.52) Os itálicos são nossos. 2 Ibidem.

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Diagnóstico polidimnensional -PIA -SINASE- Medidas socioeducativas

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Diagnóstico Polidimensional

Toda e qualquer pessoa nasce com um potencial e tem direito de desenvolvê-lo, esta é uma premissa ética bastante importante, mas, não somente, pois, uma vez tendo sido acolhida pelo SINASE põe implicações jurídicas. Dar concretude à premissa é responsabilidade do executor da medida socioeducativa.

Pois bem, temos de agir para que os adolescentes internados tenham o direito efetivo de se desenvolverem. Ora, mas, o termo adolescente é uma abstração generalizante e que não dá conta de abranger a singularidade de cada adolescente, pois, cada um é único, integral e complexo. Então, o primeiro passo de nossa intervenção não pode ser outro que não o de conhecer cada adolescente individualmente, uma vez que para cada adolescente, necessidades pedagógicas específicas. Este é o fundamento para a elaboração do PIA. Acerca do PIA, diz o SINASE:

“... A elaboração do Plano Individual de Atendimento constitui-se numa importante ferramenta no acompanhamento da evolução pessoal e social do adolescente e na conquista de metas e compromissos pactuados com esse adolescente e sua família durante o cumprimento da medida socioeducativa. A elaboração do PIA se inicia na acolhida do adolescente no programa de atendimento e o requisito básico para sua elaboração é a realização do diagnóstico polidimensional por meio de intervenções técnicas junto ao adolescente e sua família, nas áreas: Jurídica, Saúde, Psicológica, Social e Pedagógica”.1

Para a área pedagógica, exemplifica o SINASE, “estabelecem-se metas relativas à: escolarização, profissionalização, cultura, lazer e esporte. Oficinas e autocuidado. Enfoca os interesses, potencialidades, dificuldades, necessidades, avanços e retrocessos. Registra as alterações (avanços e retrocessos) que orientarão na pactuação de novas metas”2.

A partir da premissa de que individualmente o adolescente é um ser singular, integral e complexo, o ponto de partida da construção do PIA necessariamente não pode ser outro que não o conhecimento da individualidade integral e complexa de um adolescente específico. Este é o diagnóstico polidimensional.

Este diagnóstico inicial deverá integrar todas as áreas de atendimento, conforme apontado acima, de maneira dialogada através dos representantes destas áreas que atuam em cada Unidade. Porém, para que a discussão entre as áreas aconteça é fundamental a atenção às especificidades e dimensão de cada uma delas.

1 SINASE. subcapítulo 6.2.2. Desenvolvimento pessoal e social do adolescente. (p.52) Os itálicos são nossos. 2 Ibidem.

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Na área pedagógica o diagnóstico polidimensional deve procurar entender o percurso educacional do adolescente em todas as modalidades educativas desenvolvidas, buscando entender, por exemplo, como ocorreu a escolarização, se existe defasagem de aprendizagem, o que pode ter motivado esta defasagem; quais as experiências culturais e esportivas, quais suas habilidades e preferências, qual a expectativa profissional do adolescente etc.

Deve-se considerar que qualquer que seja a dinâmica encontrada para que este reconhecimento inicial do adolescente aconteça, ela passará pela relação entre pessoas, o educador e o adolescente, não sendo possível ignorar que estas pessoas são dotadas de emoções e histórias pessoais. Assim, não existe a possibilidade de ignorar a subjetividade, ao contrário, é através desta dimensão humana e do estabelecimento da relação empática com o adolescente, que o profissional pode entender aquela pessoa à sua frente. Se houver disponibilidade e empatia na relação, o roteiro de questões da Avaliação Diagnóstica Inicial 3 será importante, mas apenas para organização do entendimento sobre a pessoa entrevistada, não ficando este entendimento limitado a meras respostas de um questionário.

A organização das reflexões sobre a vida do adolescente ajudará nas discussões com os demais profissionais que acompanham o atendimento.

Assim como não pode ser desprezada a dimensão humana do vínculo, também não é possível prescindir do compromisso profissional do educador com a metodologia e fundamentos do seu papel profissional. O educando estabelecerá um vinculo legítimo de confiança com o profissional que atender suas demandas através de um discurso claro fundado no conhecimento de sua área de atuação e nos limites de seu papel profissional.

O Diagnóstico Polidimensional deve ser um instrumento de conhecimento da história, características, demandas de cada adolescente por parte dos profissionais que o atendem. No entanto, é fundamental o entendimento de que o diagnóstico deve possibilitar o diálogo, favorecendo a reflexão do adolescente sobre si mesmo e sua participação na construção do PIA que orientará o atendimento que é iniciado na internação provisória e prossegue na medida socioeducativa determinada com a sentença judicial.4

3 Avaliação Diagnóstica inicial – Trajetória de vida (SQL 31076) e Roteiro orientador da Entrevista (SQL 31084) 4 Neste momento deverá ser aplicada a Avaliação Diagnóstica inicial – Trajetória de vida, entrevista semi-dirigida (SQL 31076) a Avaliação de Leitura, Escrita e Matemática (anexo GESC) e Avaliação inicial em psicomotricidade (SQL31078) conforme material orientador específico. Os dados da entrevista devem possibilitar o entendimento dos resultados encontrados com a aplicação das atividades da Avaliação de Leitura, Escrita e Matemática, e vice e versa. É a reflexão sobre todo este conjunto de dados que orientará a elaboração do PIA.

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A entrevista semidirigida com o adolescente, a discussão com os demais profissionais de referência, o diálogo com o adolescente e seus familiares compõem as diversas etapas para elaboração do PIA.