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DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE DE QUEIMADOS: análise estrutural dos enunados Maria Célia Barceos Oalr/ Lídia Aparecida RossF TeIma Ribei Garcia3 Emia Campos de Carvalho4 RESUMO: Com o objetivo de avaliar a estrutura dos enunciados dos diagnósticos de enfermagem de pacientes portadores de queimaduras, foi realizada uma análise retrospectiva em 24 prontuários de pacientes internados em uma Unidade de Queimados. Foram encontrados 258 diagnósticos de enfermagem, com um total de 31 diferentes diagnósticos . Dos 258 diagnósticos, 0,8% não foram enquadrados como diagnósticos de enfermagem; 2,3% continham apenas o título da categoria diagnóstico; 92% continham título e fator relacionado; 8% continham título e característica definidora, o que não é recomendável; 34,1% continham título, fator relacionado e característica definidora. Observou-se a utilização de expressões inadequadas na união do título com o fator relacionado e desses com as características definidoras. As autoras recomendam que algumas orientações sejam consideradas na redação dos diagnósticos de enfermagem. UNITERMOS: Diagnósticos de enfermagem - pacientes queimados INTRODUÇÃO No Brasil, a prática de enfermagem tem sido guiada, na maiOria das inst ituições, por normas e rotinas pré-estabelecidas e apenas poucos hospitais utilizam alguma metodolog ia mais elaborada na organ ização da assistência de enfermagem. Quando o processo de enfermagem é aplicado, muitas vezes a fase diagnóstica é omitida, deixando uma lacuna que torna sem sentido a coleta de dados, assim como as fases subseqüentes. Recentemente, têm surgido na literatura nacional de enfermagem publicações que abordam os diagnósticos de enfermagem propostos pela North 1 Enfeeira, Diretora Técnica do Serviço de Centro Cirúrgico e material do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. 2 Enfeeira, Assistente do Depaamento de Enfeagem Geral e Especializada da Escola de Enfeagem de beirão Preto, Universidade de São Paulo (EE-USP). 3 Enfenneira, Professora Adjunto IV do Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal da Paraíba, aluna do Programa Interunidades de Doutoramento em Enfeagem da EERP-USP/ EE-USP. 4 Professora Titular do Departamento de Enfeagem Geral e Especializada da EERP-USP. 7 R. Bras. Ee. Brasília, v. 49, n. 1 p. 7-1 6, j an.lmar. 1 996

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DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE DE QUEIMADOS: análise estrutural dos enunciados

Maria Célia Barcellos Oalr/ Lídia Aparecida RossF TeIma Ribeiro Garcia3 Emília Campos de Carvalho4

RESUMO: Com o objetivo de avaliar a estrutura dos enunciados dos diagnósticos de enfermagem de pacientes portadores de queimaduras, foi realizada uma análise retrospectiva em 24 prontuários de pacientes internados em uma Unidade de Queimados. Foram encontrados 258 diagnósticos de enfermagem, com um total de 31 diferentes diagnósticos. Dos 258 diagnósticos, 0,8% não foram enquadrados como diagnósticos de enfermagem; 2,3% continham apenas o título da categoria diagnóstico; 92% continham título e fator relacionado; 8% continham título e característica definidora, o que não é recomendável; 34,1% continham título, fator relacionado e característica definidora. Observou-se a utilização de expressões inadequadas na união do título com o fator relacionado e desses com as características definidoras. As autoras recomendam que algumas orientações sejam consideradas na redação dos diagnósticos de enfermagem.

UNITERMOS: Diagnósticos de enfermagem - pacientes queimados

INTRODUÇÃO

No Bras i l , a prática de enfermagem tem sido gu iada, na maiOria das institu ições, por normas e rot inas pré-estabelecidas e apenas poucos hospita is uti l izam a lguma metodolog ia mais e laborada na organ ização da ass istência de enfermagem . Quando o processo de enfermagem é apl icado, mu itas vezes a fase d iag nóstica é omitida, deixando uma lacuna que torna sem sentido a coleta de dados, assim como as fases subseqüentes.

Recentemente, têm surg ido na l iteratura naciona l de enfermagem publ icações q ue abordam os d iagnósticos de enfermagem propostos pela North

1 Enfenneira, Diretora Técnica do Serviço de Centro Cirúrgico e material do Hospital das

Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

2 Enfenneira, Assistente do Departamento de Enfennagem Geral e Especializada da Escola de

Enfennagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo (EERP-USP).

3 Enfenneira, Professora Adjunto IV do Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal

da Paraíba, aluna do Programa Interunidades de Doutoramento em Enfennagem da EERP-USP/

EE-USP.

4 Professora Titular do Departamento de Enfennagem Geral e Especializada da EERP-USP.

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American N u rs ing Diagnosis Association (Nanda), como os estudos de CruZ', Maria3, Nóbrega's, Jesus", Rossi'6', Oalr;S, Garcias, Santos/s, Bachion et a!. 2

Tem sido afi rmado que os d iagnósticos de enfermagem auxi l iam a enfermeira a defin i r prioridades de ações, faci l itam os reg istros de enfermagem e a comun icação entre os enfermeiros, e propiciam o foco para a aval iação das ações a serem implementadas 19. Entretanto , para que os d iagnósticos de enfermagem atendam esses propósitos , considera-se necessário que em sua redação sejam levados em conta alguns critérios . Autores como A lfaro­LeFevre', Carpenito3, Gordón9 e Iyer et a l .10 apresentam a lgumas recomendações que , q uando ut i l izadas, evitam erros na elaboração da afi rmativa d iag nóstica . Alg umas dessas recomendações referem-se á estrutu ra dos enunciados d iagnósticos , a q ua l varia conforme o tipo do d iagnóstico : atual,

de risco, possível, síndrome e de bem estar. Os enunciados dos d iag nósticos do t ipo atual devem ser escritos compondo-se de d uas ou três partes, ordenadas da segu inte forma : título, fator relacionado e características

definidoras. Os enunciados dos d iagnósticos considerados de risco devem conter d uas partes escritas na seg u inte seq üência: título e fator de risco . .As síndromes de enfermagem, no contexto aq u i empregado, referem-se a um agrupamento de d iagnósticos atuais ou de risco , decorrentes de ,um determ inado evento ou s ituação. Os d iagnósticos do t ipo bem estar i nd icam um potencial de uma fam í l ia , u m ind ivíduo ou comun idade para e levação de seus n íve is de saúde. Se, por a lguma razão, suspeita-se de um problema, mas os dados do paciente não revelam as características defin idoras ou os fatores re lacionados , pode-se l istar o problema como um d iag nóstico possível. Os enunciados d iagnósticos do t ipo síndrome e bem estar são descritos compondo-se apenas do título; já os enunciados dos d iagnósticos do tipo possível devem inclu i r o possível título e o possível fator relacionad03. Outras recomendações incluem que os d iagnósticos sejam escritos referindo-se às reações do cl iente e não às necessidades de enfermagem; q ue seja ut i l izada a expressão relacionado a ou associado a para un i r o títu lo e fator re lacionado e a expressão evidenciado por ou caracterizado por para un i r fator re lacionado e característica defi n idora; q ue as partes que compõem o enunciado não tenham o mesmo s ign ificado; e , també m , q ue não contenham d iagnósticos méd icos e elementos eticamente desaconselháveis .

A estrutura dos d iagnósticos de enfermagem foi objeto de estudo de autores que buscaram identificar a sua acurácia , como Luney/2 , Minton & Creason14 e Oobrzyn6•

I nsp irando-nos nesses estudos, t ivemos como objetivo aval iar a estrutura dos enunciados dos d iagnósticos de enfermagem estabelec idos para pacientes portadores de queimaduras, i nternados na Unidade de Queimados do Hospital das Clínicas da Faculdade de Med icina de Ribeirão Preto (HCFMRP).

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METODOLOGIA

O estudo foi desenvolvido na Unidade de Queimados do Hospital das C l ín icas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP, que possui 1 0 le itos ativados, atendendo a crianças e adultos.

Desde 1 99 1 , tem sido implementado nessa Unidade o modelo de processo de enfermagem descrito por Rossi & Da/r;' 7 , para cuja fase d iag nóstica foi proposta uma adaptação da Taxonomia I dos D iagnósticos de Enfermagem da NAN DA às categorias de necessidades humanas adotadas por Horta.

Neste estudo foi rea l izada uma anál ise retrospectiva em 24 prontuários de pacientes portadores de q ue imaduras, selecionados seg undo os segu intes critérios: tempo de i nternação igua l ou i nferior a 72 horas após o acidente, extensão da superfície corporal queimada igual ou superior a 1 5% e reg istros de d iagnósticos de enfermagem.

Para coleta e anál ise dos dados, foi uti l izado um instrumento d ividido em três partes pr incipais : a parte A refere-se aos enunciados d iagnósticos que se apresentavam apenas com o t ítulo ; nesse item consideramos importante verificar se o t ítulo d iag nóstico, como descrito pelo enfermei ro, correspondia à taxonomia da NAN DA, com base na tradução de Farias et a1.7 ; a parte B refere­se aos d iag nósticos que continham duas partes: título e fator relacionado; na parte C foram reg istrados os enunciados que continham três partes: título, fator relacionado e características definidoras. Os critérios uti l izados para a aval iação dos enunciados nos dois ú ltimos casos estão descritos no instrumento de coleta de dados (AN EXO I).

RESULTADOS

Nos 24 prontuários selecionados foram firmados 258 d iagnósticos, dos quais 6 (2,3%) continham apenas o título da categoria diag nóstica, 1 62 (62,8%) continham duas partes, 88 (34,1 %) continham três partes ; e 2 (0,8%) não permiti ram a categorização pois não havia a poss ib i l idade de enquadrá-los como d iagnósticos de enfermagem. Todos os d iagnósticos que cont inham apenas uma parte seguiam a Taxonomia I da NAN DA.

Quad ro I - Resultados referentes aos enunciados d iagnósticos que continham duas partes.

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Situações / Critérios SIM NAOI Fi F% Fi F%

1. O titulo diagnóstico segue a Taxonomia I da NANDA. 154 95,1 8 4,9 2. O enunciado contém titulo e fator relacionado. 149 92,0 13 8,0 3. O titulo e o fator relacionado estão unidos pela expressão

relacionado a ou associado a . 72 44,4 77 51,7 4. A primeira parte do enunciado contém apenas uma categoria

diagnóstica. 162 100,0 O 0,0 5. No enunciado diagnóstico, os componentes seguem uma

ordenação lógica: titulo e fator relacionado, sem inversão dos seus componentes. 162 100,0 O 0,0

6. O enunciado diagnóstico é assimétrico, não circular. 161 99,4 1 0,6 7. O enunciado diagnóstico não inclui diagnóstico médico. 162 100,0 O 0,0 8 O enunciado diagnóstico não contém elementos eticamente

desaconselháveis. 162 100,0 O 0,0

No Quadro I, pode-se observar que foram identificados 162 (62,8%)

enunciados diagnósticos com duas partes, dos quais 149 (92%) apresentavam­se corretamente descritos, com título e fator relacionado e 13 (8%)

apresentavam titulo e características definidoras, o que, segundo Carpenito' ,

não é recomendável. Para essa autora, quando o enunciado diagnóstico contém duas partes, deve incluir título e fator relacionado pois são esses elementos que orientam o planejamento das intervenções. O exemplo a seguir ilustra essa situação, podendo-se, também, verificar a ligação entre os elementos do enunciado através da expressão incorreta:

Dor relacionada a comportamento protetor e receoso, expressão facial de dor (careta)

Título Características Definidoras

Analisando os diagnósticos que continham título e fator relacionado, observou-se que em 72 (48,3%) esses componentes estavam corretamente unidos pela expressão relacionado a; em 77 (51,7%), unidos de forma não recomendada pela expressão evidenciado por, que deve ser utilizada para unir as características definidoras aos outros elementos. Esta situação pode ser observada no exemplo a seguir:

Mobilidade física prejudicada evidenciada pela

Titulo

dor e desconforto em áreas queimadas.

fator relacionado Vale ressaltar que, dos 77 diagnósticos com título e fator relacionado unidos

incorretamente pela expressão evidenciado por, 30 (39%) eram diagnósticos de alto risco, cuja estrutura básica deve compreender título e fator de risco, unidos

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pela expressão relacionado a. É possível que isto se deva ao fato de que a NAN DA, em suas pub l icações , apresenta d iagnósticos onde os fatores de risco são l istados no e lemento características defi n idoras . Como exemplo dessa situação podemos citar:

Potencial para infecção evidenciado pelo trauma térmico. Título fator de risco

Quadro 11 - Resultados referentes aos enunciados d iagnósticos que continham três partes.

1" Q título dil:lgnóstibo seguE!'á:2ra�()nomia I da NANDA.

2. 0 enunciado contém título. fator relacionado e característica definidora.

3, 0 título e o. fator relacionado. estã,o unido.s pela expressão. relacio.nado. a ou asso.ciado.a., ," , 4,. Ascaractêrístícas �eflnido.ras esfão.unidas ao. título., efáto.r relacionadq,pela' eXPfe$são.e\ii?�nciado po.r.

5. A primeira parte do. erí'unciadp ç()iítémapéhasuma catego.ria diagnóstica.

" ,

6. No. enunciado. diagnóstico., ps' co.mpo.nelites seguemuma , o.rdenação.lógica: título. e: fatbr�elacio.nado., sElm inver;:;ão. do.sseus cornponentes; "

7, 0 enuliciadodiagnóstico. é assiinétrico.; não. circular; 8. ,,0 enunciaâodiaghÓstico.,[lão,'iiicluidiagn'6s�icO, mê.dico. , 9 QenunciadQdiaghó�tiéo.n�óco. " elernantos'eticamehte .

desaconsélháveis: '" "

Sim Fk L F%

88 100;0

88· 100,0

86 97,7

55 62,5,

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77 87,5 83 9.4;3 87 98i9

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0:0 0,0

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2 2,3

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11 1'2,5 5 5,7 1 1,1

o 0;0

No Quadro 11, pode-se observar q ue, dos 258 d iagnósticos anal isados , 88 (34,1 %) continham título, fator relacionado e características definidoras. Destes d iagnósticos q ue continham três partes , em 55 (62,5%) as características definidoras estavam u nidas ao título e fator relacionado pela expressão evidenciado por e em 33 (37,5%) estavam incorretarJlente u n idas por outras expressões tais como relacionado a, devido a, associado a. Em 23% dos casos o título e o fator relacionado estavam l igados pela expressão evidenciado por. Entre os critérios recomendados para o enunciado d iagnóstico contendo três partes destaca-se a ordenação lóg ica dos componentes da segu inte forma : títu lo , fator relacionado e característica defin idora . Os exemplos apresentados a segu ir i l ustram essas s ituações.

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a) uso incorreto da expressão para un i r a característica defin idora ao título e fator relacionado:

Ansiedade relacionada a separação dos pais Titulo fator relacionado

associada a verbalização de querer a presença da mãe. característica definidora

b) os componentes não seguem a ordenação lóg ica recomendada:

Integridade da pele prejudicada evidenciada pela destruição das camadas da pele.

Título' característica defin idora

relacionada a queimadura e a fatores internos como alterações no estado nutricional ... fatores relacionados

c) inclusão de d iagnóstico médico:

Padrão respiratório ineficaz relacionado a Título

fadiga ou energia diminuída e broncopneumonia fator relacionado

evidenciado por gases do sangue arterial alterado. tosse e frêmitos características definidoras

d) as partes componentes do diagnóstico têm o mesmo significado, ou seja, o enunciado diagnóstico é circular:

mobilidade física prejudicada relacionada ao trauma térmico associada a Título . fator relacionado

movimentos de membros superiores prejudicados devido às queimaduras característica def in idora fator relacionado

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resu ltados deste estudo parecem indicar que quanto menor o número de componentes no enunciado diagnóstico menor a possibi l idade de erros . Entretanto, é importante ressaltar que, em alguns casos, a descrição do enunciado compondo-se apenas do título diagnóstico pode não ser suficiente

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para gerar intervenções de enfermagem específicas . De qualquer forma, mesmo q uando se uti l iza apenas o título, é importante un iformizar a tradução a ser adotada no país .

Quando os enunciados diagnósticos contêm duas partes - título e fator re lacionado - é possível que as intervenções de enfermagem possam ser propostas com maior precisão, principalmente quando tiverem como objetivo el iminar a situação que está provocando a presença desse d iagnóstico, ou seja , o fator relacionado. Em alguns casos, entretanto, o fator relacionado não pode ser e l iminado através de intervenções de enfermagem, mas seus efeitos poderão ser min imizados. Essa é uma das razões , entre outras, pelas quais acred itamos que as características defin idoras devem fazer parte do enunciado d iagnóstico.

Observou-se, no entanto, que o enunciado dos diagnósticos composto por três partes pareceu aumentar a possib i l idade de erros na ordenação dos seus componentes , o que pode s ign ificar desde a falta de compreensão dos enfermeiros para d iferenciar os fatores relacionados das características defin idoras até o recebimento de informações inadequadas . Nos dois casos, deve-se levar em conta que, à época em que foram estabelecidos os diagnósticos estudados, a Taxonomia dos Diagnósticos de Enfermagem da NANDA estava sendo introduzida no Brasil. Quando os diagnósticos de enfermagem estavam escritos com duas partes não foi observada a falta de ordenação dos componentes (título e fator relacionado), o que ocorreu em 11 (12,5%) dos diagnósticos que continham três partes; entretanto, neste caso, observou-se que houve um maior índice de acertos na união do título e fator relacionado.

Os d iag nósticos de enfermagem podem fornecer uma linguagem comum para os enfermeiros em qualquer dos cam pos em que exerçam sua prática profissional - ensino, assistência, pesquisa - desde que algumas orientações gerais sejam levadas em conta. Como exemplo, consideramos que deva existir u ma uniformidade no emprego das expressões de ligação dos elementos estruturais dos diagnósticos de enfermagem. Sugerimos o emprego da expressão relacionado a (ou associado a) para unir título e fator relacionado; e da expressão evidenciado por (ou caracterizado por) para un i r as características defin idoras aos demais com ponentes do enunciado diagnóstico.

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09. GORDON, M Nursing Diagnosis: process and application 3. ed., St. Louis, Mosby Co., 1 994

1 0 . IYER, P. W. ; TAPTICH, B .J. ; BERNNOCCHI-LOSEY, D. Nursing process and nursing diagnosis. Philadelphia, W. B. Saunders Co., 1 986.

1 1 . JESUS, C. A. C. de Assistência de enfermagem a clientes hematológicos: uma visão sistêmica. Ribeirão Preto, 1 992. 279 p. Dissertação (Mestrado). Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

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12. LUNNEY, M. Accuracy of nursing diagnoses: concept development Nursing Diagnosis, v. 01, n. 01, p. 12-17, 1990.

13. MARIA, V. L. R. Preparo de enfermagem para a utilização diagnóstico de enfermeiros: relato de experiência. São Paulo, 1990. 130p. Dissertação (Mestrado) Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo.

14. MINTON, J. A. ; CREASON, N. S. Evaluation of admission nursing diagnoses. Nursing Diagnosis, v. 02, n. 03, p. 119- 125, 1991.

15. NÓBREGA, M. M .L. Diagnóstico de Enfermagem da NANDA e Teoria das Necessidades Humanas Básicas de Horta. João Pessoa, 1991. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal da Paraíba.

16. ROSSI, L. A. O processo de enfermagem em uma Unidade de Queimados: análise e reformulação fundamentadas na pedagofia da problematização. Ribeirão Preto, 1992. Dissertação (Mestrado). Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

17. . DALRI, M. C. B. Proposta para reformulação da prática do processo de enfermagem junto ao modelo conceitual de Horta, numa unidade de queimados. Trabalho apresentado à disciplina Processo de Enfermagem: Análise e Etapas Operacionais, do Curso de mestrado em Enfermagem Fundamental, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto -use, Ribeirão Preto, 1991. (datilografado)

18. SANTOS, W. D. F. dos Distúrbios da comunicação humana e diagnósticos de enfermagem do padrão comunicar. incidência e identificação em pacientes hospitalizados. Ribeirão Preto, 1992. Dissertação (Mestrado). Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

19. WARREN, J. J. ; HOSKINS, L. M. The development of NANDA's Nursing Diagnosis Taxonomy. Nursing Diagnosis, v. 1, n . 4, 1990

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ANEXO - I

N° de Ordem__ N° Pront. __ Tempo de I nternação__ I dade Extensão da Queimadura Enfermeira : A ( ) B ( ) C ( ) D () E ( )

DIAGNOSTICOS SITUAÇÕES/CRITÉRIOS A. CONTÉM UMA PARTE (título):

1. O título diagnóstico segue a Taxonomia da NANDA

B. CONTÉM DUAS PARTES: 1. O título diagnóstico segue a Taxonomia da NANDA 2. O enunciado diagnóstico contém o T e o FR 3. O T e o FR estão unidos pela expressão relacionado

a ou associado a. 4. A primeira parte do enunciado (T) contém apenas

uma categoria diagnóstica. 5. No enunciado diagnóstico, os componentes seguem

uma ordenação lógica: T +FR (Ou seja, não há inversão das partes do diagnóstico).

6. O enunciado diagnóstico é assimétrico, não circular (Ou seja, as partes componentes do enunciado não têm o mesmo significado).

7. O enunciado não inclui diagnóstico médico. 8. O enunciado diagnóstico não contém elementos

eticamente desaconselháveis.

DIAGNOSTICOS SITUAÇÕES/CRITÉRIOS

C. CONTÉM TRÊS PARTES: 1. O título diagnóstico segue a Taxonomia da NANDA 2. O enunciado contém o T, o FR e a(s) característica(s)

definidora(s) (CD). 3.0 T e o FR estão unidos pela expressão relacionado

a ou associado a . 4. A(s) CD está(ão) unida(s) ao T e FR pela expressão

evidenciado por ou caracterizado por. 5. A primeira parte do enunciado (T) contém apenas

uma categoria diagnóstica. 6. No enunciado diagnóstico, os componentes seguem

uma ordenação lógica: T +FR+CD (Ou seja, não há inversão das partes do diagnóstico).

7. O enunciado diagnóstico é assimétrico, não circular (Ou seja, as partes componentes do enunciado não têm o mesmo significado).

8. O enunciado não inclui diagnóstico médico. 9. O enunciado diagnóstico não contém elementos

eticamente desaconselháveis.

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